quinta-feira, 31 de outubro de 2024

MÃOS OCUPADAS

Em um grande shopping center, uma criança resolveu fazer uma brincadeira singela com as pessoas que passavam.
Sentada em um carrinho de passeio, esticava um dos braços tentando alcançar as mãos de quem vinha no outro sentido, propondo um cumprimento rápido. 
Bastaria que o estranho tocasse numa das palmas que ela estaria satisfeita. 
E lá foi ela, mergulhada na multidão, no andar de baixo das pessoas, alegre e empolgada. 
Começou a ver que alguns desviavam, outros tinham receio, outros nem sequer a enxergavam, pois estavam numa espécie de andar de cima do mundo. 
E a maioria deles estava com as mãos ocupadas. 
-Não sobraram mãos para mim! – Deve ter pensado. 
As mãos estavam nas muitas sacolas, nas bolsas, nos smartphones, mas nunca livres... 
Levou quase cinco minutos para ela conseguir seu primeiro cumprimento cordial. 
Ali, do andar de baixo do mundo, ela percebia, desde cedo, como o pessoal do andar de cima, andava ocupado demais...
* * * 
E nossas mãos, como estão? 
Ainda existe algum momento em que estejam livres para alguém mais? 
Ainda existe disposição para uma tarefa extra, descomprometida, voluntária, quem sabe? 
Mesmo dentro de casa, nos afazeres diários, como temos usado nossas mãos? 
Ainda lembramos da sensação dos cabelos dos nossos filhos escorrendo pelos dedos? 
Lembramos da delicadeza e da maciez dos fios? 
Ainda lembramos da temperatura ou da textura da pele do nosso amor, sentida pela parte superior dos dedos? 
Ainda nos recordamos do aperto de mão firme ou frágil daqueles que não estão mais por perto? 
Benditas sejam as mãos... 
Quantas energias fluem através delas! 
Quantos fluidos benéficos podem ser canalizados através de sua ação dignificante. 
As mãos de Jesus estavam sempre livres e disponíveis para quem quer que chegasse até Ele. 
Os episódios de imposição de mãos são incontáveis, quando, através de uma transmissão fluídica poderosa, Ele curava, despertava, enfim, alterava o curso da existência daquela alma que O buscava com fé. 
Em alguns casos, Ele apenas erguia alguém que estava caído, num ato simbólico que representava o que realmente estava ocorrendo com o Espírito até então em situação deplorável. 
Teve olhos inclusive para as criancinhas que, na época, nem mesmo eram contadas nos censos, assim como as mulheres:
-Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.
Jesus tinha sempre as mãos livres. 
E nós? 
Será que não poderíamos nos doar um pouco mais? 
Será que não poderíamos atender, de alguma forma, os que estão ao nosso lado? 
Será que, se passássemos por aquela menina com a mãozinha espalmada, aguardando um toque humano, nós a teríamos visto? 
Ou andaremos olhando muito para cima, nunca para nosso entorno? 
Às vezes estamos vivendo essa ilusão de mundo, numa espécie de andar de cima, deixando de perceber o que ocorre nos outros andares da vida. 
Passam por nós diversas mãos, pedindo auxílio, carinho, atenção, mas as nossas estão sempre ocupadas, sempre segurando coisas que, talvez, não sejam tão importantes assim... 
Pensemos a respeito. 
E nos observemos um pouco mais. 
Quem sabe, até mudemos as nossas atitudes... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 7.3.2019.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

MÃOS ESTENDIDAS

CHICO XAVIER
Quando caminhamos pelas estreitas passarelas da vida, observamos, com pesar, milhares de mãos estendidas em nossa direção. 
São mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...
Mãos que pedem carinho... 
Mãos distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar as trevas da consciência culpada... 
Mãos que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as lágrimas amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que a morte arrebatou... 
São tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos fazem sentir impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do bem, diante de tanta necessidade... 
Todavia, vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos renovem o ânimo e mudem nossa maneira de pensar. 
O fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública, não passa de objeto insignificante. 
Mas, ligado ao poder da usina, é transmissor de luz e força. 
O pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.
Contudo, se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura. 
A argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.
Todavia, entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre. 
A pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido. 
Mas, se unida à construção, é alicerce do lar. 
A lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.
No entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.
A tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo desprezível. 
Quando transformada na corda do violino, é meio eficaz para que a música possa surgir. 
Entretanto, para servir é preciso esforço e disciplina. 
O fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica. 
O cano necessita ajustar-se para ser útil. 
A argila experimenta a alta temperatura do fogo. 
A pedra aceita o anonimato para se tornar sustentáculo. 
A lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro passa por longo processo renovador a fim de responder, com segurança, aos sonhos do musicista. 
* * * 
Em verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e Espíritos endividados, diante das Leis Divinas. 
Mas, ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos ser instrumentos do eterno bem. 
Não basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta de capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção. 
É preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime, será possível modificar a triste realidade do nosso planeta. 
* * * 
É sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, cheios de tranqüilidade e de sol. 
Cabe-nos aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo das sendas repletas de dores e dificuldades de toda sorte. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro Vozes do grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb, e no verbete Servir, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 22.07.2008.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

HONESTIDADE VAI BEM

Ivan Fernandez Anaya
Abel Mutai
Uma cena inusitada e inspiradora no esporte. 
O atleta queniano, Abel Mutai, Medalha de Ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava prestes a ganhar mais uma corrida. 
Entrou em um novo setor da prova, e achando que já havia cruzado a linha de chegada, começou a cumprimentar o público, reduzindo o passo. 
O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava equivocado e parava dez metros antes da bandeira de chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer. 
Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação, quase o empurrando, levou-o até o fim, deixando que ele conquistasse, então, a merecida vitória – como já iria acontecer se ele não tivesse se enganado sobre o percurso. 
Ivan Fernandez Anaya, um jovem corredor de 24 anos, que é considerado um atleta de muito futuro, ao terminar a prova, disse: 
-Ainda que tivessem me dito que ganharia uma vaga na seleção espanhola para disputar o campeonato europeu, eu não teria me aproveitado. Acho que é melhor o que eu fiz do que se tivesse vencido nessas circunstâncias. 
* * * 
Quando começaremos a agir assim, em todas as situações de nossas vidas? 
Quando deixaremos de enganar os outros e de enganar a nossa própria consciência? 
Teríamos agido dessa forma, em situação semelhante, ou não? 
Valerá a pena tudo por uma medalha, por um resultado, por ser proclamado melhor, o número um, nisso ou naquilo?
Valerá tudo para conseguir um emprego, um dinheiro extra, um bom negócio fechado? 
Será? 
A virtude da honestidade diz que não, não vale a pena.
Atuando assim, poderemos ter pequenas e falsas vitórias aqui e ali, mas continuaremos sendo almas derrotadas, pois não vencemos o mundo e suas destemperanças, não vencemos o homem velho e vicioso em nós. 
O importante é vencer-se, estando em paz com nossa consciência. 
Não basta viver e sobreviver. 
Citando o grande Sócrates e sua honestidade, quando lhe propuseram a fuga da prisão onde ficou até a morte: 
-O importante não é viver. O importante é bem viver. 
Estamos aqui para aprender a bem viver, para vencer quando estivermos preparados para vencer, quando merecermos a vitória. 
Participar desses jogos baixos do mundo, dessas manipulações de mentes, de esquemas etc., é permanecer pequeno, é congelar a evolução moral do Espírito. 
Ser honesto é vivenciar a verdade em todas as circunstâncias, a verdade que, segundo o Mestre, nos libertará – libertará da ignorância e do sofrimento.
* * * 
Um gesto de honestidade vai muito bem. 
Vai muito bem em casa, quando confessamos o que vai em nosso coração, quando não desejamos esconder nada de ninguém. 
Vai muito bem nas relações sociais, quando atuamos com justiça, com probidade, dando a cada um o que é seu de direito, nunca admitindo passar alguém para trás. 
Vai muito bem no casamento, toda vez que honramos o compromisso com o outro, jamais praticando algo que não gostaríamos que praticassem conosco. 
Vai muito bem sempre. 
Haverá dia em que honestidade não precisará mais ser considerada virtude a ser conquistada, pois seremos todos honestos por natureza. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.10.2024

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

AS MÃOS DO TRABALHO

William J. Bennett
Eram quatro jovens que aproveitavam o sol da primavera à beira de um maravilhoso lago. 
Em certo momento, passaram a discutir a respeito de qual delas teria as mãos mais lindas. 
A primeira mergulhou as suas nas águas claras e erguendo-as depois, em direção ao sol, falou: 
-Vejam como são lindas as minhas mãos. Brancas e macias, as gotículas d'agua parecem brilhantes raros entre os dedos finos e longos. 
Eram verdadeiramente lindas pois ela nada mais fazia do que as lavar, constantemente, em água cristalina. 
A segunda tomou alguns morangos e os esmagou entre as palmas das mãos, tornando-as rosadas. 
-Não mais bonitas do que as minhas, exclamou essa, que reproduzem a cor do céu no nascer da manhã. 
Suas mãos eram bonitas pois a única coisa com que se ocupava era lavá-las em suco de frutas todas as manhãs, a fim de que conservassem a frescura e o tom rosado. 
A terceira jovem colheu algumas violetas, esmagou-as entre as suas mãos, até ficarem muito perfumadas. 
-Vejam as minhas mãos como são belas, falou então. Além disso são perfumadas como as violetas dos bosques em plena estação primaveril. 
Eram sim muito macias, brancas e perfumadas. 
Tudo o que fazia essa jovem era lavá-las com violetas todos os dias. 
A quarta jovem não mostrou as mãos. 
Parecia envergonhada, escondendo-as no próprio colo. 
Então as moças perguntaram a uma mulher que se encontrava um pouco além, deliciando-se com o dia, qual a sua opinião. 
Seu julgamento deveria decidir qual delas detinha as mãos mais belas. 
A senhora se aproximou e examinou as mãos da primeira, da segunda e da terceira, balançando a cabeça como que em sinal de desaprovação. 
Finalmente, chegou perto da quarta jovem e lhe pediu que levantasse as mãos. 
A mulher tomou as mãos dela entre as suas e as apalpou com vagar. 
Depois falou: 
-Estas mãos estão bem limpas, mas se apresentam muito endurecidas. Existem traços de muito trabalho em suas linhas rijas. Estas mãos mostram que ajudam seus pais no trabalho doméstico, que lavam louça, varrem o chão, limpam janelas e semeiam horta e jardim. Guardam o perfume das flores e o cheiro de limpeza e dedicação. Nota-se que são mãos que tomam conta do bebê, ensinam o irmão menor a fazer a lição e erguer castelos de areia, em plena praia. Estas mãos são mãos muito ocupadas, que tudo fazem para transformar uma casa em um lar de aconchego e felicidade. São mãos de carinho e de amor. Sim, finalizou a desconhecida julgadora, estas mãos merecem o prêmio pelas mais belas mãos, pois são as mais úteis. 
* * * 
O serviço ao semelhante e a dedicação ao trabalho foram ensinados por Jesus. 
Ele mesmo exemplificou servindo a todos durante a Sua passagem pela Terra e, na Última Ceia, tomou uma jarra com água, uma toalha e lavou os pés de todos os Seus Apóstolos.
Não foi por outra razão que afirmou: 
-Meu Pai trabalha sem cessar e eu trabalho também.
Redação do Momento Espírita, com base no texto Lindas mãos, de Lawton B. Evans, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova Fronteira. 
Em 27.7.2015.

domingo, 27 de outubro de 2024

ISSO SE CHAMA AMOR

Você surgiu como suave melodia trazida pela brisa; dilatou-se no silêncio de minha alma e fez-se moldura em meu viver.
Isso se chama ventura. 
Há algo em você que transparece num olhar, como estrela no céu atapetado de astros e exterioriza-se num sorriso como canção tocada na harpa dos ventos. Isso se chama ternura...
Sem olhar, você me percebe; sem falar, você me diz; sem me tocar, você me abraça... 
Isso se chama sensibilidade. 
Quando me perco em labirintos escuros, você me mostra o caminho de volta... 
Quando exponho meus tantos defeitos, você faz de conta que não nota... 
Se enlouqueço, você me devolve a razão... 
Isso se chama compaixão. 
Nos dias em que as horas passam lentas, sem graça e sem luz, nos seus braços eu encontro alento. 
Quando os dias alegres de verão partem e em seu lugar chega o outono, cobrindo o chão com folhas secas, e o verde exuberante cede lugar ao cinza, nos seus braços encontro harmonia. Isso se chama aconchego. 
Quando você está longe, no espelho da saudade eu vejo refletida a certeza do reencontro. 
Nas noites sem estrelas, quando a escuridão envolve tudo em seu manto negro, você me aponta a carruagem da madrugada, que vem despertar o dia com suas carícias de luz... Isso se chama esperança. 
Quando as marés dos problemas parecem tragar em suas ondas as minhas forças, em seus braços encontro reconforto.
Se as amarguras pairam sobre meus dias, trazendo desgosto e dor, sua presença me traz tranquilidade. 
Você é um raio de sol, nos dias escuros... 
É ave graciosa que enfeita a amplidão azul... Você é alma e é coração. 
É poema e é canção... 
É ternura e dedicação... 
Nada impõe, tudo compreende, tudo perdoa... 
Sua companhia é doce melodia, é convite a viver... ... 
E tudo isso se chama amor! 
Surge depois que as nuvens ilusórias da paixão se desvanecem. 
Que a alma se mostra nua, sem enfeites, sem fantasias, sem máscaras... 
Enfim, o amor é esse sentimento que brota todos os dias, como a flor que explode de um botão, ao mais sutil beijo do sol... 
Isso, sim, se chama amor... 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 26.10.2024

sábado, 26 de outubro de 2024

AS MÃOS DO CRISTO

JOANNA DE ÂNGELIS(espírito)
E
DIVALDO PEREIRA FRANC
O
A paisagem era desoladora. 
A guerra havia terminado mas deixara marcas de morte e destruição por toda parte. 
Dos escombros que restaram da pequena cidade, as pessoas buscavam reconstruir suas moradas. 
Os dias passavam e o trabalho árduo dos moradores ia transformando as ruínas em novos edifícios. 
Restava agora restabelecer a igreja local para que os crentes pudessem agradecer a Deus a bênção da vida, já que muitos sucumbiram ante os terrores da guerra. 
Mais algum tempo e a igrejinha estava novamente em pé.
Havia, antes das explosões, uma imagem do Cristo, considerada verdadeira obra de arte. 
Era preciso restabelecê-la. 
Vários artistas unidos conseguiram resgatar, em meio aos escombros, os pedaços da imagem e a colocaram novamente em pé. 
Todavia, apesar de todos os esforços, não encontraram as mãos, que talvez tivessem se transformado em pó. 
O tempo passou, e chegou o dia da inauguração do templo reconstruído. 
A população foi convidada para a festa e lá se fez presente na hora certa. 
Todos estavam curiosos para saber se as mãos do Cristo haviam sido encontradas. 
A expectativa era grande. 
No altar estava a obra coberta com um enorme pano branco, esperando o momento oportuno para desvelar-se aos fiéis. 
E, por fim, chegou a hora tão esperada. 
O lençol foi retirado e lá estava ela... 
Para surpresa geral a imagem estava sem mãos. 
Mas a criatividade do artista a todos surpreendeu. 
No lugar das mãos havia uma frase-súplica de grande efeito:
"Eu não possuo mãos, só posso contar com as suas." 
* * * 
Não sabemos ao certo o que o artista pretendia no momento em que escreveu aquela frase, mas certamente podemos retirar dela grandes reflexões. 
Sabendo que o Cristo é o caminho que nos conduzirá ao Pai e o grande Consolador da Humanidade deduzimos que Ele necessita da nossa ajuda para ajudar os que sofrem mais do que nós. 
Podemos colocar nossas mãos no trabalho nobre, fazendo com que sejam extensões das mãos generosas do Cristo, sempre dispostas às boas tarefas. 
Nossas mãos, movidas pelo coração e a mente, são abençoados instrumentos na construção de um mundo melhor. 
Mãos que afagam com carinho os filhos do infortúnio. 
Mãos que seguram outras mãos, ensinando e consolando.
Mãos que limpam feridas... 
Mãos que se sustentam na lida... 
Mãos calosas dos que não temem o desafio do trabalho...
Mãos delicadas que dedilham canções, alegrando corações...
Mãos que assinam leis justas... 
Mãos que socorrem... 
Mãos que amparam... 
Mãos que não param... 
As mãos invisíveis dos amigos espirituais que nos sustentam em nome do Cristo. 
* * * 
Mesmo que nunca venhas a necessitar de duas mãos transformadas em alavancas socorristas, podes e deves distender as tuas, porque a dor dos outros não permitirá, mesmo que o queiras, a propagação dos teus sorrisos.
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete Mãos, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 16.12.2013.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

MÃOS CONSTRUTORAS

Nada há oculto que não venha a ser revelado. 
E nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. 
As anotações, feitas pelo Evangelista Marcos, reproduzem a fala do Messias para os dias futuros. 
As afirmativas se confirmam, em nossos dias. 
As leis da natureza vão sendo descobertas pelos homens, a pouco e pouco. 
O desenvolvimento da física, da química, da astronomia descerrou véus anteriormente tidos como mistérios insondáveis. 
Produto dos deuses. 
Na cultura nórdica, Thor é o deus consagrado ao trovão e às tempestades. 
É a divindade mais forte de todos os deuses. 
Entre os celtas, Taranis era um dos deuses mais populares.
Deus do fogo e das tempestades. 
A lenda conta que o barulho do trovão era causado pelas rodas de sua carruagem e a luz dos relâmpagos pelas fagulhas que saltavam dos cascos de seus cavalos. 
Para os romanos, os raios eram lanças poderosas que Júpiter, o rei dos deuses, lançava contra os homens. 
As ciências nos aclaram o entendimento e fomos encontrando as razoáveis explicações para os fenômenos naturais.
Deixamos de considerar maremotos e tsunamis como manifestações da ira de Netuno, o deus dos mares. 
No entanto, existem detalhes que somente a sensibilidade de nossas almas consegue detetar, surgindo-nos como intuições.
É assim que compomos canções que se referem a um par de mãos que construiu as montanhas. 
Um par de mãos que formou o mar. 
Um par de mãos que fez o sol e a lua, cada pássaro, cada flor, cada árvore. 
Um par de mãos que formou os vales, os rios, os oceanos e a areia. 
Esses versos representam uma grande verdade. 
Foi às mãos generosas do Senhor Jesus que Deus Pai confiou a bola de fogo, desprendida da nebulosa solar. 
Foram as mãos dEsse Governador Planetário que operaram a escultura geológica e grandiosa de nossa morada. 
Será por isso que as grandes montanhas com seus bordados extraordinários nos encantam? 
As cores do solo, das rochas, das milhares de espécies da fauna, da flora. 
Sob Sua direção, legiões de trabalhadores divinos organizaram o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres que a viriam habitar. 
A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do globo.
No entanto, as almas sensíveis lhe detetaram o trabalho paciente, ao longo dos milênios. 
Por isso, criaram versos e exaltam Suas mãos fortes. 
Mãos que nos protegem quando a vida dá errado. 
As mãos de Jesus, o Divino Escultor. 
Pastor das nossas almas. 
A Ele nos devemos entregar quando as dificuldades nos pareçam difíceis de contornar. 
Quem melhor pode nos acolher, nos atender senão quem conhece, em detalhes, as leis que regem todos os fenômenos da nossa Terra-lar? 
As mãos de Jesus. 
Mãos construtoras, mãos protetoras, mãos que traduzem o amor na beleza dos detalhes de uma Terra que já foi planeta primitivo. 
Que estagia entre os mundos de provas e expiações e se encaminha para a regeneração. 
Beleza no fogo, na água, nos ares. 
Produto das Celestes mãos. 
Invisíveis. 
Sempre protetoras. 
Mãos de um Divino Escultor. 
Redação do Momento Espírita, com versos da canção One pair of hands, de Billie Campbell e Mann Curtis; no Evangelho de Marcos, cap. 4, vers. 22 e no cap. I do livro A caminho da luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEP. 
Em 23.2.2022.

A SABEDORIA DO SAMURAI

Conta-se que, perto de Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai. 
Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. 
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. 
Certa tarde, apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. 
Era famoso por usar a técnica da provocação. 
Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante. 
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama. 
Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. 
Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. 
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. 
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível. 
No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se. 
Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: 
-Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós? 
O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou: 
-Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente? 
-Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo. 
-Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir. 
* * * 
Sempre que alguém tentar tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho samurai. 
Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. 
Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz. 
Só você, e mais ninguém, pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua tranquilidade. 
Foi por essa razão que Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos. 
Assim, aceitar provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 24.10.2024

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

MÃOS AVELUDADAS DE DEUS

Ele estava no ônibus urbano. 
Jovem, vestia a camisa dez da seleção de futebol. 
O amarelo se destacava na condução lotada. 
Chamou atenção a criança que ele trazia ao colo, pelos gritos estranhos que emitia, a espaços regulares. 
Denotava ser portadora de deficiência, algum problema que, na qualidade de leigos, não identificamos. 
O menino demonstrava, ademais, ter problemas neurológicos graves, pois se mantinha um tanto relaxado, no colo paterno, os braços ao longo do corpo, a cabeça pendendo para um lado. 
Vez ou outra, o corpo projetava-se para a frente, num movimento de queda, como se a gravidade lhe lançasse um apelo, ao qual ele acedia, sem resistência.
O pai, sem alterar-se ou demonstrar inquietação, tornava a acomodar o filho, secando-lhe a baba, com delicadeza, preocupando-se, com seu conforto. 
Nenhum sinal de enfado. 
Ao contrário, infinita ternura, em cada gesto. 
Chegado ao destino, ergueu-se do banco onde se assentava, tomou seu fardo precioso nos braços, acomodou-lhe a cabeça em seu ombro direito, sob as reclamações insistentes do garoto. 
E lá se foram os dois, parecendo um só, ambos de camisa amarela. 
Um ereto, caminhando firme, debaixo do sol de inverno, gargalhando luzes douradas. 
O outro, utilizando-o como apoio para seu frágil e desengonçado corpo. 
Quanto amor em poucos gestos. 
Quanta ternura em cada ação. 
O menino, exteriormente, não denotava perceber os cuidados de que era alvo. 
No entanto, ao olhar mais atento não escapava o fato de que as expressões dos sentimentos amorosos o acalmavam. 
É como se a ternura tecesse uma rede, para nele embalar o ser deficiente e indefeso. 
Lembramos de quantos pais e mães existem, na Terra, bordando carinho na vida de filhos dependentes. 
Filhos portadores de deficiências físicas e mentais. 
Pais e mães que abraçam filhos, de tal sorte alienados que jamais, nesta vida, lhes manifestarão gratidão por qualquer forma. 
Filhos com problemas. 
Seres amados. 
Almas que se reencontram sob o pulsar do amor e a grandeza das renúncias. 
À noite, quando deixam os corpos, em desprendimento parcial pelo sono, pais e filhos se encontram em jardins espirituais, entre abundância de flores, perfumes e cores. 
É ali que o Espírito do filho abraça e chora de emoção:
-Obrigado, pais queridos, por me ampararem, botão de flor defeituoso, na primavera da vida. 
E os pais, entre carinhos, respondem: 
-Filho amado, conta conosco. Seremos na Terra, nesta vida, tuas pernas, teus braços, tua mente. O amor que nos une supera toda dificuldade. 
Depois, retornam aos corpos físicos e, quando a manhã se espreguiça, e o sol estende sua colcha dourada sobre o dia nascente, eles abrem os olhos na carne e reiniciam suas lutas. 
* * * 
Benditos sejam os que amam, os que agasalham outras vidas renunciando às suas próprias. 
Benditos sejam, pais e mães da Terra, mãos aveludadas de Deus, no planeta, sustentando vidas débeis. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. 
Em 9.9.2015.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

AS MÃOS

Cristian Macedo
Naquela manhã o jovem professor chegou à escola um tanto cabisbaixo. 
Problemas se somavam e pesavam sobre sua sensibilidade de jovem idealista. 
Estava difícil suportar. 
Foi então que, durante uma reunião de trabalho, ele não pode controlar as lágrimas que lhe escorreram pelo rosto, em abundância. 
Uma amiga, que o observava, em silêncio, estendeu as mãos e segurou as dele, num gesto de ternura. 
Foi uma atitude simples, mas significou muito para aquele jovem, pois ele sabia que a amiga tinha uma vida super atarefada, muitas atividades e preocupações, filhos, marido, empresa, mas, mesmo assim, tinha tempo para dedicar ao amigo, para estender-lhe as mãos. 
Aquele gesto simples levou o jovem a escrever sobre a importância das mãos. 
O texto diz mais ou menos assim: 
As mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo, estender-se para consolar, segurar firme para amparar.
Mas o que mais podem as mãos? 
As mãos saúdam, as mãos sinalizam. 
As mãos envolvem, dão carinho. 
As mãos estabelecem limites. 
Escrevem. Abençoam. 
As mãos desenham no ar o adeus, o até logo. 
As mãos agasalham. 
Curam feridas. 
Para o mudo a mão é o verbo. 
Para o idoso é a segurança. 
Para o irascível a mão erguida é ameaça. 
Para o pedinte a mão estendida é súplica. 
Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade. 
Para quem chora, a mão alheia é conforto. 
Há mãos que agarram, perturbadas. 
Há mãos que tocam, suaves. 
Há mãos que ferem. 
Há mãos que acariciam. 
Há mãos que amaldiçoam. 
Há mãos que abençoam. 
Há mãos que destroem. 
Há mãos que edificam, trabalham, realizam. 
Jacó estendeu as mãos para abençoar Efraim e Manassés. 
Moisés estendeu as mãos para transmitir a Josué a autoridade para conduzir o povo de Israel, em seu lugar.
Jesus impôs as mãos sobre as crianças para abençoá-las.
Também impôs as mãos para curar a filha de Jairo, o surdo-mudo, o cego de Betsaida, e tantos outros. 
Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela de amor. 
As mãos de Chico Xavier amparavam o pobre, o sofredor, o desesperançado. 
Mãos luminosas das psicografias que traziam dos altiplanos mensagens edificantes da mais sublime beleza, que confortam, enlevam, esclarecem. 
Mãos benditas desse arauto da Boa Nova, que não se cansavam de consolar a todos aqueles que as procurassem.
Nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas; fabricando vacinas e equipamentos médicos; alimentando famintos, medicando enfermos...
Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços... 
Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia, estendendo-as a um irmão que, num dia difícil, põe-se a chorar.
* * * 
Suas mãos são abençoadas ferramentas para a construção de um mundo melhor. 
Use-as sempre para edificar, elevar, dignificar, apoiar, acenar com a esperança de melhores dias... 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9 do livro Cartas à mocidade espírita, de Cristian Macedo. 
Em 29.08.2011

terça-feira, 22 de outubro de 2024

MÃO PROTETORA

Brian L. Weiss
Quando pequena, ela era insegura e medrosa. 
Chorava muito. 
Para dormir, era imprescindível que alguém estivesse ao seu lado, segurando sua mão. 
Certa noite, em que despertou e se descobriu sozinha, antes que o medo a dominasse, percebeu que quando sua mão caiu ao lado da cama, outra mão segurou a sua, carinhosamente.
Ficou tranquila, mesmo que a ansiedade quisesse atrapalhar.
Naturalmente, nenhuma presença física existia ali. 
E ela se habituou a buscar aquela mão protetora. 
Ela cresceu, buscando a presença da outra mão para segurar a sua, com aquele carinho que lhe confortava o coração.
Mesmo depois de adulta, a presença dessa mão amiga continuou a lhe oferecer apoio, calma. 
Quando se casou, nada falou a esse respeito, com seu marido, com receio de que ele achasse aquilo uma criancice.
Quando engravidou, sentiu a falta daquela mão familiar, sua carinhosa companheira. 
A mão simplesmente desaparecera. 
Em todos os meses que se sucederam, ninguém invisível segurou sua mão. 
Então, nasceu sua primeira filhinha. 
Poucos meses depois, deitada na cama com a pequena, a bebê lhe segurou a mão. 
De imediato, ela reconheceu aquela sensação familiar que percorreu seu corpo e sua mente. 
Chorou de felicidade, se sentindo dentro de uma onda de imenso amor. 
Percebeu que aquele toque era uma conexão que existia para muito além do mundo físico. 
Sua filhinha estivera muitos anos, com ela, em espírito. 
E agora, ali estava e, juntas seguiriam a atual caminhada no mundo físico. 
Almas amigas, almas que se amavam, desde muito tempo. 
* * * 
Jamais estamos abandonados pelos olhares e as atenções daqueles que nos amam.
Na Terra, como na Espiritualidade, eles nos acompanham os passos. 
Nem sempre registramos essas presenças amigas porque nos envolvemos nas tramas materiais que, por vezes, nos perturbam ou tomam a maioria dos nossos pensamentos.
Somos Espíritos imortais que passamos por várias experiências na face da Terra. 
Contudo, nossas raízes estão fixas na pátria espiritual. 
Dessa forma, temos muito mais amigos do que imaginamos.
Amigos que fizemos, em outras oportunidades vividas, e que permanecem fiéis ao mesmo sentimento. 
Temos muito mais parentes e amores do que supomos. 
Seres com os quais convivemos em muitas e distintas situações. 
Nosso contato se faz através do pensamento e, mais especialmente, durante nosso sono. 
Dependendo do que pensamos e fazemos, atraímos aqueles que nos são simpáticos para junto de nós. 
Assim é que formamos parcerias onde estivermos. 
Nunca estamos a sós. 
Em sua Infinita Bondade, estabeleceu a Divindade que o amor fosse um elo indissolúvel. 
Por isso, na esfera física, enquanto ocupando um corpo de carne, ou na Espiritualidade, os que nos amamos, trocamos vibrações de ternura. 
Tenhamos sempre em mente essa Divina Bênção e não haveremos de nos sentir solitários, abandonados e tristes, em qualquer circunstância. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com adaptação de narrativa do cap. 6, do livro Só o amor é real. A história do reencontro de almas gêmeas, de Brian L. Weiss, ed. Pergaminho. 
Em 12.03.2022

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

QUANDO RENASCEM OS GÊNIOS

Fundação de Roma
Rômulo e Remo
A história de Roma é recheada de lendas, desde a sua fundação, que se reporta aos irmãos gêmeos, abandonados no rio Tibre, encontrados e amamentados por uma loba.
Depois, criados por um casal de pastores. 
Essa lenda se tornou um símbolo da identidade romana, representando a força, a coragem e a determinação de seu povo. 
Pela sua originalidade, que mexe com o mágico que existe no homem, inspirou inúmeras obras de arte, literatura e cinema, no transcorrer do tempo. 
Mergulhando em toda sua simbologia, damo-nos conta da importância da mitologia na construção da identidade de um povo e na explicação de suas origens. 
Não é diferente com respeito a personagens antigos, sobre os quais pouco se sabe, pela época em que viveram. 
Um dos exemplos é de um dos maiores poetas de Roma, Virgílio, expoente da literatura latina, nascido no ano 70 a.C.
Narra a lenda que sua mãe grávida sonhou, certa noite, com um loureiro, uma árvore nobre, aromática e sempre verde. 
Na Roma e na Grécia, o louro era símbolo de vitória. 
Os vencedores de competições eram coroados com folhas da planta e, quando um comandante ganhava uma batalha, enviava, para o senador, o pergaminho envolto em folhas de louro. 
Intrigada com o sonho, que lhe pareceu premonitório, anunciador de algo especial, procurou quem o pudesse decifrar. 
Um vidente, à época, lhe disse que ela iria dar à luz um poeta, que mereceria a coroa de louros. 
Mas fez uma importante ressalva: quando ele começasse a escrever, a manifestar a tendência poética, ela deveria mandá-lo para Roma porque lá viviam os grandes poetas. 
Ele precisaria aprender a escrever poesia. 
Por isso, o vemos ao lado de Horácio, poeta protegido por Mecenas. 
Era preciso respirar o ar da poesia, aprender, exercitar-se.
Graças a Mecenas, Virgílio foi apresentado ao imperador Augusto, quando retornava de campanha vitoriosa contra Marco Antônio. 
Tornou-se instrumento de propaganda do império. 
Por isso escreverá a Eneida, sua obra mais conhecida, considerada um épico nacional da antiga Roma. 
O que ressalta da sua genialidade é que não se deteve a produzir seus versos, sem buscar ilustração, conhecimentos, junto a quem já era consagrado poeta e escritor. 
Foi à fonte generosa que o acolheu. 
Bebeu à sua sombra, do seu primor, da sua estética, do seu entusiasmo e inspiração. 
Nos dias atuais, em que vemos eclodirem, pelo mundo, gênios em tenra idade, felicitamo-nos quando descobrimos que eles se dedicam a horas exaustivas de estudo. 
Que buscam grandes nomes da sua área, ciência ou arte, para aprenderem técnicas, detalhes precisos daquilo em que desejam se esmerar. 
Vemos um jovem pianista buscar aprimorar-se junto a uma virtuose russa; o jovem cientista buscar institutos de renome; o jovem literato treinar junto a grandes nomes a métrica, a linguagem, as metáforas e a sonoridade. 
Aprender, exercitar-se, jamais se considerar pronto. 
Quando assistimos aos voos olímpicos, quaisquer que sejam, a nota constante é sempre: treino, exercício, perseverança.
Isso vale para a vida de todos nós. 
Redação do Momento Espírita 
Em 21.10.2024

domingo, 20 de outubro de 2024

A MÃO DE DEUS

Genghis-Khan e o falcão
Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. 
Com ele saía a caçar. 
Era seu amigo inseparável. 
Certo dia, em uma das suas jornadas, com o falcão como companhia, sentiu muita sede. 
Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava. 
Tomou da sua taça, encheu até a borda e a levou aos lábios.
No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão. 
Genghis-Khan ficou muito irritado. 
Apanhou o recipiente e o tornou a encher. 
De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que a taça caísse e se perdesse a água. 
Dessa vez, o impiedoso conquistador olhou para a ave e gritou: 
-Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, perderá a vida. 
Na mão direita segurando a espada mongol, com a esquerda ele tornou a colocar a taça debaixo do filete de água e a encheu. 
No exato momento que a levava aos lábios, o falcão voou rápido e a derrubou. 
Ágil como ele só, Genghis-Khan utilizou a espada e em pleno ar, decepou a cabeça do falcão, que lhe caiu morto aos pés.
Ainda com raiva, ele chutou longe o corpo do animal. 
E porque a taça se tivesse quebrado na terceira queda, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo, no que imaginou fosse a nascente da fonte. 
Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma enorme cobra venenosa. 
O animal estava morto há tempo, com certeza, porque mostrava sinais de decomposição. 
O cheiro era insuportável. 
Nesse instante, e somente então, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, por três vezes, fora lhe salvar a vida, pois se bebesse daquela água contaminada, poderia adoecer e morrer. 
Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo. 
* * * 
Assim, muitas vezes, somos nós. 
A Providência Divina estabelece formas de auxílio para nós e não as entendemos. 
Pelo contrário, nos rebelamos. 
Por vezes, a presença de Deus em nossas vidas se faz através dos sábios conselhos de amigos. 
Contudo, quando eles vêm nos falar de como seria mais prudente agirmos nessa ou naquela circunstância, nos irritamos. 
E podemos chegar a romper velhas amizades. 
De outras vezes, Deus estabelece que algo que desejamos intensamente, não se concretize. 
Algo que almejamos: um concurso, uma viagem, um prêmio, uma festa, um determinado emprego. 
É o suficiente para que gritemos contra o Pai, nos dizendo abandonados, esquecidos do Seu apoio. 
Raras vezes paramos para pensar e analisar sobre o que nos está acontecendo. 
Quase nunca nos perguntamos: 
-Será a mão de Deus agindo, para dizer que este não é o melhor caminho para mim? 
Nada ocorre ao acaso. 
Tudo tem uma razão de ser. 
Estejamos atentos. 
Busquemos entender as pequenas mensagens que Deus nos envia, de forma constante. 
E não nos irritemos. 
Não nos alteremos. 
Agradeçamos. 
A Mão de Deus está agindo em nosso favor, em todos os momentos, todos os dias. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O rei e o falcão, adaptação de James Baldwin, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 14.3.2019.

sábado, 19 de outubro de 2024

VERDADEIRO AMOR

Martha Isabel Martinez Gómez
O que é amor verdadeiro? 
Será que existe esse sentimento na face da Terra? 
O amor é de essência divina e cada filho de Deus tem no íntimo a centelha dessa chama sagrada. 
E o amor tem várias maneiras de se manifestar. 
Existe amor de mãe, de pai, de esposa, de marido, de irmão, de tio, de avó, de avô, de neto, de amigo etc. 
Um dia desses, lemos, num periódico digital da Colômbia, uma história de amor das mais belas e significativas, contada por uma doutora colombiana. 
Numa tradução livre para o português, eis o que contou a médica: 
-Um homem de certa idade foi à clínica, onde trabalho, para tratar de uma ferida na mão. Estava apressado, e enquanto o atendia perguntei-lhe o que tinha de tão urgente para fazer. Ele me disse que precisava ir a um asilo de idosos para tomar o café da manhã com sua esposa, que estava internada lá. Disse-me que ela estava naquele lugar há algum tempo porque sofria do mal de Alzheimer, já bastante avançado. Enquanto acabava de fazer o curativo, perguntei-lhe se sua esposa se incomodaria caso ele chegasse atrasado naquela manhã. "Não", respondeu ele. "ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco anos que não me reconhece." Então lhe perguntei com certo espanto: "Mas se ela não sabe quem é o senhor, por que essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?" Ele sorriu, e com o olhar enternecido me disse: "É... Ela já não sabe quem eu sou, mas eu, entretanto, sei muito bem quem ela é." Tive que conter as lágrimas, enquanto ele saía, e pensei: "É esse tipo de amor que quero para minha vida." O verdadeiro amor não se reduz nem ao físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é... do que foi... do que será... e do que já não é... 
* * * 
Você sabia que o mal de Alzheimer é um transtorno neurológico que provoca a morte das células nervosas do cérebro, descrita pelo neuropsiquiatra alemão Alois Alzheimer, que é de onde vem seu nome? 
Pode se apresentar em pessoas a partir dos quarenta anos de idade, de maneira lenta e progressiva. 
Em estado avançado, provoca no paciente a incapacidade para se comunicar, reconhecer pessoas, lugares e coisas. 
O enfermo perde a capacidade de caminhar, de sorrir, de fazer a própria higiene, e passa a maior parte do tempo dormindo. 
No entanto, do ponto de vista espiritual, é uma bendita oportunidade de aprendizado para o Espírito imortal, que fica temporariamente encarcerado no corpo físico, sem poder se manifestar. 
Geralmente, o Espírito percebe tudo o que se passa com ele e ao seu redor, mas não consegue se expressar. 
Todavia, não fica insensível à atenção, ao afeto, ao carinho e à ternura que lhe dedicam. 
A pessoa sente o amor com que a envolvem. 
Por todas essas razões, vale a pena refletir com a médica, que ficou a pensar consigo mesma, depois que seu paciente foi ver sua amada: 
- É esse tipo de amor que quero para minha vida. 
O verdadeiro amor não se reduz nem ao físico nem ao romântico. 
O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é... do que foi... do que será... e do que já não é... 
Redação do Momento Espírita, com base em matéria assinada por Martha Isabel Martinez Gómez md, publicada no site http://www.lacolumna.cl/index.php?p=93 e traduzida por Terezinha Colle. Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 18.10.2024

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

MANTENDO A ALEGRIA DE VIVER

Eles sobreviveram a duas guerras mundiais. 
Assistiram aos cenários de mais de uma revolução. 
Ouviram as notícias do erguimento do muro de Berlim e assistiram à sua derrubada. 
Tiveram as noites da infância iluminadas por velas e lampiões e aderiram, de forma rápida, à invenção de Thomas Alva Edison. 
Viram os tostões darem lugar a uma nova moeda, que modificou sua denominação e seu valor várias vezes.
Viajaram em lombo de mulas, carroças, carruagens e se surpreenderam com o Ford Bigode de Henry Ford. 
Lembram de Yuri Gagarin, o russo solitário no espaço, e da emoção da chegada do homem à lua. 
Do radinho simples, que era o elo de comunicação com o mundo, receberam a televisão como a grande novidade e, ao mesmo tempo, uma companhia para as horas solitárias. 
Das rodas de amigos, em torno do mate, do chimarrão, do café da tarde ou do chá das cinco, migraram para o teclado do computador, até horas mortas da madrugada. 
Alguns os veem como quem já viveu tudo e nada mais aguardam. 
Contudo, essas pessoas que trazem o rosto coberto de rugas, que são depositárias da história e têm muitos causos para contar, são uma lição viva de alegria de viver. 
Eles mantêm a vontade de sorrir, acreditando que o bom humor faz bem para o corpo e para a alma. 
Encaram a vida de frente e enfrentam os problemas que surgem. 
Desejam viver, embora alguns já tenham ultrapassado o centenário. 
Num mundo onde a juventude é sinônimo de beleza, eles trazem brilho no olhar. 
As rugas, que tecem arabescos no rosto, são as marcas de uma vida bem vivida. 
Cada uma delas conta uma história de dor, de alegria, de superação. 
Uma história de quem sofreu o devastar dos ventos da adversidade, mas soube se reerguer depois da tormenta.
História de quem esteve inúmeras vezes nos aeroportos da vida, recebendo novas gerações e despedindo-se de amores, de amigos, de companheiros de jornada. 
Partidas e chegadas. 
E foram tantas... 
Uns se apresentam com a memória mais ágil que outros.
Alguns são portadores de certas limitações físicas. 
De um modo geral, apresentam dores nas articulações ou problemas de audição, de visão. 
Mas não permitem que se instale a depressão em seu estado de espírito. 
Agasalham entusiasmo pela vida. 
E tecem planos para os dias futuros. 
O pai do conhecido maestro João Carlos Martins iniciou sua vida como escritor aos oitenta e seis anos. 
Legou à posteridade sete livros. 
O último livro que escreveu, aos cento e um anos, causou tal impacto que o Guinness book o registrou na condição de escritor que iniciou a carreira com a idade mais avançada.
Desencarnou aos cento e dois anos. 
* * * 
Esses idosos de sorriso aberto, de esperanças ainda em flor, nos são exemplos. 
Esses idosos que não se permitem o staccato pelas décadas acumuladas nos ombros, nos dizem que somente é infeliz quem maldiz a própria idade e a culpa por todos os seus fracassos. 
Eles nos dizem que a vida é um bem extraordinário e deve ser vivida em toda sua essência e substância. 
Deve ser sorvida, até a última gota, até o último amanhecer...
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 2.9.2013.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

MANSUETUDE E PRUDÊNCIA

Você tem se assustado com a violência na sociedade? 
Com essa violência cotidiana, quase que banalizada pelo suceder dos fatos? 
Sem sombra de dúvidas, os dias que se sucedem são desafiadores para todos nós. 
Nunca conquistamos tanto em tecnologia e bem-estar, nunca o desenvolvimento científico e tecnológico foi tão longe, porém, em nossa intimidade, ainda vige a violência.
Reclamamos que o mundo está tão violento, porém, a violência muitas vezes ganha morada em nosso mundo íntimo. 
Já reparou como somos violentos no trânsito? 
Basta alguém nos dar uma fechada, conduzir mais lentamente, cruzar nossa frente, e violentamos o próximo com nosso verbo truculento, intempestivo, ameaçador. 
Outras vezes, chegamos em casa com o peso do dia nos ombros, e aqueles que nos são mais caros ganham a violência de nossa indiferença ou da resposta seca e curta, sem envolvimento e interesse emocional nenhum.
Percebemos que a violência ganha morada em nossa intimidade quando alguém nos provoca ou toca em algum assunto que nos incomoda... 
O oposto da violência é a mansuetude. 
A capacidade de ser manso. 
Não por acaso foi uma das recomendações de Jesus no Sermão da Montanha, nos lembrando que Bem-aventurados os mansos, pois herdarão a Terra. 
Se hoje nos cansamos da violência, que seja iniciada em nós a proposta da mansuetude. 
Que comecemos por nós o exercício de troca da violência pela mansidão. 
Para ser manso, é necessário aprender a agir, ao invés de reagir. 
É necessário mudar a moeda no trato social. 
Oferecer sempre a moeda da mansuetude, seja qual for a que nos oferecerem. 
Quando nos ofertarem a violência, simplesmente não aceitemos, devolvendo paz, tranquilidade, mansuetude.
Parece difícil? 
É uma questão de exercício. 
Experimentemos só por hoje. 
Quando alguém nos oferecer a violência e devolvermos na mesma moeda, a violência será nossa, e permanecerá conosco. 
Como consequência, sofreremos os reflexos dela. 
Ao contrário, quando agirem violentamente contra nós, proponhamos uma ação de mansuetude. 
Ao grito, devolvamos a voz tranquila, ao desaforo, ofereçamos o elogio, e à ameaça, ofereçamos o entendimento. 
Para tanto, não se faz necessário nos colocarmos como vítima. 
Ao sermos mansos, não precisamos ser vítimas da violência, ou joguete das ações alheias. 
Para evitar isso, Jesus nos recomenda usarmos da mansuetude das pombas, mas da prudência das serpentes.
Armemo-nos de prudência, percebamos onde caminhamos, conheçamos as pessoas com quem convivemos. 
Tudo isso é necessário. 
Mas nada na vida justifica a necessidade de ser a violência a ferramenta de nosso trato social. 
Quando a paz e a mansuetude ganharem nosso mundo íntimo, certamente estará mais próximo o dia em que viveremos em um planeta de paz. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 13.07.2023.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

A SERENIDADE

SÃO JOÃO XXIII
Você já parou para observar, algum dia, como as pessoas andam pelas ruas apreensivas? 
O semblante sempre carregado e o cenho franzido traduzem a angústia íntima, a problemática em que se encontram mergulhados. 
Em alguns momentos, a impressão que se tem é que a maioria das gentes anda em batalha interior constante. 
E nos perguntamos: 
-Onde a serenidade? 
Em especial daqueles de nós que ostentamos o adjetivo de cristãos. 
Acaso teremos esquecido a exortação de Jesus: 
-A cada dia basta o seu cuidado? 
E aqueloutra: 
-Se pois Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé! 
É por essa razão que, com regularidade, a Providência Divina permite que Seus missionários visitem a Terra, travestidos em corpos humanos e nas mais variadas frentes de trabalho.
Recordamos que em 1958, o mundo assistiu à posse de mais um Papa. 
Os cardeais, em Roma, encontraram um sucessor para Pio XII, que morrera após dirigir os destinos da Igreja Católica por 19 anos. 
Aos 77 anos, Ângelo Giuseppe Roncalli assumiu o papado com o nome de João XXIII. 
Ângelo Roncalli era um homem que causava um impacto sempre favorável nas pessoas. 
Reconhecia claramente suas limitações e era dotado de um vivo senso de humor. 
Surpreendeu pela coragem de inaugurar debates sobre temas intocáveis até então. 
Em um documento asseverou que todos os homens têm direito de escolher a sua religião. 
Em 1960, num dos seus escritos, ele registrou uma página com notável sentimento de religiosidade universal. 
Chama-se O Decálogo da Serenidade e contém dez sugestões de conduta para o homem que deseja a paz. 
1ª Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, exclusivamente neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez. 
2ª Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência; cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo. 
3ª Hoje, apenas hoje, serei feliz, na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste. 
4ª Hoje, apenas hoje, adaptar­-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a se adaptarem aos meus desejos. 
5ª Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, recordando que, assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, assim a boa leitura é necessária para a vida da alma. 
6ª Hoje, apenas hoje, farei uma boa ação e não direi a ninguém. 
7ª Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba. 
8ª Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos escrevê-lo-ei. E fugirei de dois males: a pressa e a indecisão. 
9ª Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem o contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim como se não existisse mais ninguém no mundo. 
10ª Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor. De modo especial não terei medo de gozar o que é belo e de crer na bondade. 
* * * 
Pense nisso! 
O homem do futuro, que define as conquistas das virtudes nos esforços do presente, descobre o imenso prazer de ser bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus. 
Pense nisso! 
Mas, pense agora. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O decálogo da serenidade, da Revista Reformador de agosto de 1996, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 1, ed. FEP. 
Em 16.10.2024
https://momento.com.br/pt/index.php

terça-feira, 15 de outubro de 2024

MANSUETUDE E PODER

Huberto Rohden
A mansuetude é, por vezes, confundida com fraqueza espiritual, apatia ou indiferença. 
Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude está impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos. 
Acredita-se que a mansuetude não combina com o poder, pois este tem se confundido com prepotência, despotismo e violência. 
Contudo, mais uma vez vamos encontrar na natureza lições preciosas a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a mansuetude. 
Na natureza tudo acontece com poder e silêncio, com um silêncio poderoso. 
O sol nasce e se põe em profunda quietude. 
Move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar. 
As estrelas e galáxias descrevem as suas órbitas com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do Cosmo, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruído. 
O oxigênio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmões, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença. 
A luz, a vida e o Espírito, os maiores poderes do Universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausência. 
Como nos domínios da natureza, o verdadeiro poder do homem não consiste em atos de violência física, mas sim numa atitude de presença metafísica. 
Não se trata de fazer algo, mas de ser alguém. Quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violência acaba em benevolência. 
A violência é sinal de fraqueza, a benevolência é indício de poder.
Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mansuetude e a benevolência. 
O Criador, que é o Supremo Poder, age com tamanha mansuetude que a maioria dos homens nem percebe a Sua ação. 
Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o Universo em movimento, cria novos mundos a cada instante, faz pulsar o coração dos abutres e dos colibris, dos bandidos e dos homens de bem, na mais harmoniosa mansuetude. 
Até mesmo a morte, mensageira da liberdade, chega de mansinho e, como hábil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico. 
Assim se expressa o verdadeiro poder: sem ruído, sem alarde e sem violência... 
* * * 
Sempre que a palavra poder lhe vier à mente, lembre-se do sol e de sua incontestável mansuetude. 
O sol nasce e se põe em profunda quietude. 
Move gigantescos sistemas planetários, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
Acaricia as pétalas de uma flor sem a ferir e beija as faces de uma criança adormecida, sem a acordar. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Bem-aventurados os mansos porque eles possuirão a Terra, do livro Sabedoria das parábolas, de Huberto Rohden, ed. Alvorada. 
Em 10.03.2011.