sexta-feira, 31 de maio de 2024

A MADRUGADA DE UM NOVO TEMPO

A madrugada se vestiu de luzes e saiu a caminhar, para receber o dia.
Um dia diferente. 
Um dia em que a Humanidade comemora a entrada de um novo ano.
Sim, o tempo, em verdade, é somente a sucessão das coisas transitórias. 
Uma convenção. 
Tivemos tantos calendários, ao longo das eras. 
O calendário maia, que se acredita datar do século VI a.C. 
O calendário islâmico, criado em 633 depois do nascimento de Cristo, quando o profeta Maomé fugiu da cidade de Meca para Medina. 
O calendário judaico, surgido na época do êxodo, por volta de 1447 antes de Jesus. 
O calendário juliano, em homenagem ao imperador romano Caio Júlio César. 
Agosto era, então, o sexto mês do ano. 
Por isso chamado sextilis. 
A história da mudança vem de longe, do império romano. 
Tem ingredientes de poder e de inveja. 
O imperador Otávio Augusto conquistou três vitórias nesse mês.
Como auto-homenagem, nomeou-o com o próprio nome, Augustus.
Mas, havia um senão. Sextilis só tinha trinta dias. 
Julho, cujo nome reverencia Júlio César, tinha trinta e um. 
Para não ficar atrás, o imperador apoderou-se de um dia de outro mês. 
É por isso que julho e agosto são os únicos meses consecutivos com trinta e um dias. 
Finalmente, o nosso atual calendário, o gregoriano, de origem europeia, que é o utilizado, oficialmente, pela maioria dos países.
Promulgado pelo papa Gregório XIII, substituiu o juliano, entrando em vigor em 15 de outubro de 1582, depois de cinco anos de estudos.
Isso nos dá uma pálida ideia de quanto o tempo é realmente uma convenção. 
Contudo, para a grande maioria da Humanidade, que o adota, o dia 1º de janeiro assinala o início de um novo ciclo. 
Um ciclo de doze meses, basicamente com trezentos e sessenta e cinco dias. 
Exceção única dos anos bissextos, que ocorrem a cada quatro anos, com o objetivo de manter o calendário anual ajustado com a translação da Terra e com os eventos relacionados às estações do ano.
De toda forma, o que importa é que esse novo início se reveste de muita comemoração. 
É momento de se fazer propósitos para os próximos doze meses. Propósitos pessoais e coletivos. 
É momento de se planejar coisas importantes para as nossas vidas: a colação de grau universitário, a entrada no mercado de trabalho, o casamento, a geração de um filho... 
Ou um aniversário especial em nossas vidas. 
Aqueles que costumamos destacar, ainda e sempre por convenção social ou decisão pessoal: quinze anos, cinquenta anos, noventa anos.
Datas significativas. 
Neste ano, que apenas esboça a sua presença, que está amanhecendo agora, nos ofertando o céu azul de novas possibilidades de progresso e crescimento, agradeçamos a Deus. 
Agradeçamos pela vida, pela saúde, pelo lar, pelos familiares, pelos amigos. 
Pelo que tivermos. 
Mesmo que seja somente a presença dedicada de um cão. 
Novo ano. 
Tempo de agradecer. 
Tempo de começar a executar o nosso novo plano de vida. 
Um plano que contenha aquisição de títulos de nobreza, de melhoria pessoal, moral, intelectual. 
Um plano que nos diga que, a partir de agora, colocaremos em prática a nossa mais especial qualidade: ser humano. 
Humano, de humanidade, de amante da paz, da fraterna convivência, do auxílio solidário. 
Ano Novo! 
Novo ano! 
Sejamos felizes. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 01º.01.2021.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

MADRASTA REAL

DOM PEDRO E DONA AMÉLIA
(madrasta)
Quase sempre, quando se fala em madrasta, a conotação é pejorativa.
Associa-se a palavra a pessoa maldosa, má. 
No entanto, madrastas são, por vezes, anjos que Deus envia para plenificarem de amor a vida dos órfãos. 
Quando a Imperatriz Dona Amélia precisou acompanhar o esposo para Portugal, aqui deixando o menino Pedro, com apenas seis anos, escreveu uma carta de despedida, deixando registrado o seu mais profundo afeto. 
Nela demonstra o amor que tinha pelo filho que não gerara: 
-Meu filho do coração e meu Imperador. Adeus, menino querido, delícias de minha alma, alegria de meus olhos, filho que meu coração tinha adotado! Adeus para sempre! Quanto és formoso nesse teu repouso! Meus olhos chorosos não se puderam furtar de te contemplar. És o espetáculo mais tocante que a Terra pode oferecer! Quanta grandeza e quanta fraqueza a Humanidade encerra, representadas por ti, criança idolatrada: uma coroa, um trono e um berço. Ah, querido menino, se eu fosse tua verdadeira mãe, se meu ventre te tivesse concebido, nenhuma força te arrancaria de meus braços! Prostrada aos pés daqueles que abandonaram meu esposo, eu lhes diria entre lágrimas: "Não sou mais Imperatriz, e sim a mãe amantíssima... Permiti que vigie o nosso tesouro, esta criança, que é meu filho e vosso Imperador. Vós o quereis seguro e bem tratado, e quem o haveria de guardar e cuidar com maior devoção senão eu, sua mãe? Se não posso ficar a título de mãe, ficarei como sua criada ou escrava para o servir e acalentar. Mas tu, anjo de inocência e de formosura, não me pertences senão pelo amor que dediquei a teu augusto pai. Apenas sou tua madrasta, embora te queira como se fosses o sangue do meu sangue. Um dever sagrado me obriga a acompanhar o ex-Imperador no seu exílio, através dos mares, em terras estranhas... Adeus, pois, para sempre!" Mães brasileiras, vós que sois meigas e carinhosas para com vossos filhinhos, supri minhas vezes: adotai o órfão coroado. Dai-lhe, todas vós um lugar na vossa família e no vosso coração. Se a maldade e a traição lhe prepararem ciladas, ensinai, com voz terna, as palavras de misericórdia que consolam o infortúnio; as palavras de patriotismo que exaltam as almas generosas, e de vez em quando sussurrai aos seus ouvidos o nome de sua mãe de adoção. Mães brasileiras, eu vos confio este preciosíssimo penhor da felicidade de vosso país, de vosso povo. Eu vo-lo entrego. Agora sinto minhas lágrimas correrem com menor amargura. Dorme, criança querida, enquanto nós, teu pai e tua mãe de adoção, partimos para o exílio, sem esperança de nunca mais te vermos... senão em sonhos. Brasileiros! Eu vos conjuro que o não acordeis antes que me retire. A sua boquinha, molhada pelo meu pranto, ri-se à semelhança do botão de rosa com o orvalho matutino. Ele se ri, e o pai e a mãe o abandonam para sempre... Adeus, órfão-Imperador, vítima de tua grandeza antes que a saibas conhecer. Adeus... Toma um beijo... Ainda outro... Mais um último. Adeus para sempre. Amélia. 
* * * 
Poderá alguém, em sã consciência, afirmar que o amor dessa mulher não foi de verdadeira mãe? 
Redação do Momento Espírita, com base em dados colhidos no livro História do Brasil, v. II, Bloch Editores. 
Em 04.05.2023.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

MUITAS VIDAS

Quantas vidas vivemos em uma única vida? 
A pergunta parece um tanto sem sentido, se analisada rapidamente.
Afinal, esta vida de que dispomos parece ser única até o momento em que a concluirmos, ao morrermos. 
Porém, analisando mais detidamente, ao percebermos como a vida se mostra tão rica e diversa, talvez ela se multiplique em várias vidas.
A riqueza de uma existência, para nossa evolução, é de tal importância que a Providência Divina estabelece etapas que vão se apresentando, de forma gradativa, no transcorrer dos anos. 
Dessa maneira, seja pelo nosso caminhar ou pelos desafios que surgem de tempos em tempos, a vida vai se transformando. 
Por quantos períodos, fases ou etapas já passamos? 
Algumas surgem naturalmente, no decorrer dos anos. 
A adolescência nos provoca desafios. 
É uma etapa, normalmente, de sonhos, de busca de si mesmo, de conquistas. 
Embrenhamo-nos no estudo, no alcançar os bancos universitários. 
E quando estamos acostumados com a rotina, atingimos a madureza.
Tornamo-nos o profissional que precisa demonstrar capacidade, especializar-se, dominar o mercado. 
Formar a família, receber os filhos. 
Nova etapa. 
É, realmente, como se fosse outra vida. 
Situações nos levam a transferir residência, ao menos por alguns anos, para outro país, onde deveremos absorver a cultura, nos adaptarmos aos seus costumes, dominar o seu idioma. 
Os filhos, com suas necessidades de toda ordem, nos convidam, de igual forma, a alterações em nossa vida. 
E não é que parece que adentramos outra vida, em que tudo é diferente? 
Já não somos um casal, deliberando. 
São os filhos exigindo, com suas necessidades de educação, instrução. 
Assim, vão se sucedendo as etapas, as mudanças quase radicais.
Algumas são programadas e definidas por nós. 
Outras surgem como solavancos da vida, nos apanhando de surpresa.
Pode ser uma demissão ou uma enfermidade. 
A gravidez sem programação prévia ou a desencarnação de alguém que amamos. 
Então, rolam os anos e sorrateiramente a velhice se aproxima. 
Por vezes, com limitações físicas ou mentais, estabelecendo um novo panorama, um novo ciclo. 
Todas essas situações são convites para exercitarmos aprendizados.
Quando o aprendizado em determinada área se concluiu, a vida nos oferece outras possibilidades de crescimento. 
Afinal, reencarnar é ato de grande significado para o Espírito imortal e merece ser bem aproveitado. 
Aproveitemos cada fase. 
Se forem momentos de alegria, conquista e vitórias, vivamo-los sem nos embriagarmos pela vaidade e arrogância. 
Se as horas são de dor, de dificuldades e perdas, enfrentemo-las com fé e resignação. 
Tudo passa nesta vida. 
Passa a alegria, passa a dor, passa a dificuldade. 
Vivamos cada momento da vida com intensidade e jovialidade, sabendo que Deus nos guia sempre, pelos caminhos de nossa existência. 
As fases, são fases. 
Passam. 
Por vezes, podem ser mais demoradas, parecendo que nunca terão fim. 
Mas, tudo na Terra é passageiro. 
Somente o Espírito não terá fim. 
Somos imortais. 
Redação do Momento Espírita 
Em 28.05.2024.

terça-feira, 28 de maio de 2024

MADALENA

SANTA MARIA MADALENA
Segundo a narrativa evangélica, a primeira pessoa a ver Jesus redivivo foi Maria Madalena. 
Dentre os fatos mais significativos do Evangelho, esse é daqueles que convidam à meditação mais detida. 
Por qual razão Jesus elegeu justamente Madalena para vivenciar essa experiência? 
Havia inúmeras figuras mais próximas de Sua vida, às quais seria mais lógico que aparecesse em primeiro lugar. 
Naturalmente surge a indagação: 
-Por que não escolheu aparecer antes para Sua mãe, Maria Santíssima? Ou então para Seus amados apóstolos? 
Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico em sua essência Divina. 
Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém precisou se modificar tanto para seguir Jesus. 
A convertida de Magdala necessitou tomar as medidas mais drásticas, dentre todos os que se transformaram ao contato do Mestre. 
Paulo de Tarso também experimentou uma substancial modificação.
Mas ele era apaixonado pela lei antiga, não pelos vícios e prazeres do mundo. 
Madalena, porém, conhecera o fundo amargo dos hábitos difíceis de serem extirpados. 
Fizera-se rica prostituta, por entre luxos e deboches. 
Amolentara-se ao contato de entidades perversas, que a subjugavam.
Permanecia moralmente morta nas sensações que operam a paralisia da alma. 
Contudo, bastou um encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-Lhe os passos. 
Não se imagine que tal se deu como em um passe de mágica.
Certamente, ela precisou lutar bravamente contra seus hábitos infelizes. 
Foi perseguida, tentada de todos os modos a retomar a antiga vida.
Mas foi fiel até o fim nos atos de negação a si mesma. 
Resoluta, tomou a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa. 
Quando muitos abandonaram o Mestre, permaneceu com Ele ao pé da cruz. 
Segundo informes do plano espiritual, terminou sua vida física a cuidar de leprosos. 
Encaminhou-se com alguns deles para o vale em que viviam, a fim de instruí-los sobre a mensagem cristã. 
Ao contato do sublime amor do Mestre, encontrou forças para se retificar de modo definitivo.
É compreensível que muitos indaguem a razão pela qual Jesus não apareceu primeiro a outras pessoas. 
Todavia, é igualmente razoável reconhecer que Seu gesto foi pleno de simbolismo. 
Ele ratificou que a Sua doutrina deve ser o código de ouro das vidas transformadas. 
Aprendizes e seguidores necessitam nela encontrar forças para romper com hábitos infelizes e se modificarem. 
* * * 
CHICO XAVIER E EMMANUEL
Evangelho significa Boa Nova. 
Ao contato dele, a felicidade deve surgir nos caminhos humanos. Não a felicidade falsa e ruidosa que o mundo propicia. 
A felicidade em questão é a da consciência tranquila. 
A de quem vive sereno por saber que dá o melhor de si. 
E ninguém, como Maria Madalena, deu tanto de si, para se transformar, à luz do Evangelho. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 92, do ivro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 24.08.2012.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

UMA LUZ QUE BRILHA

Thomas Alva Edison
Quando pensamos na vida de homens que revolucionaram o mundo, sempre fantasiamos que seus dias foram cheios de fama e de êxito.
Isso é ilusão. 
Por mais fantástica que seja a existência de alguém, há muito de comum na vida de todos os seres. 
Os grandes feitos e invenções dependem de pessoas comuns que se destacam pela sua perseverança e pelo seu trabalho. 
Exemplo disso é Thomas Alva Edison. 
Quem o visse andando em seu laboratório, em Nova Jersey, com uma mecha de cabelo caída sobre a fronte, com manchas e queimaduras químicas na roupa desalinhada, não poderia supor de quem se tratava. 
Patenteou mais de mil invenções.
No entanto, não foram apenas seus inventos que marcaram sua vida, mas sim o exemplo de imaginação e de determinação que deixou.
Não era um cientista que vivia segregado em um laboratório.
Costumava trabalhar em equipe e tinha grande habilidade para motivar seus colaboradores, estimulando-os com o próprio exemplo.
Trabalhava dezoito ou mais horas por dia, mas encontrava tempo para conviver com a família, passeando e brincando com os filhos.
Seus êxitos são bem conhecidos: o fonógrafo, a lâmpada elétrica, o microfone, entre outros tantos. 
Tornou comercialmente práticas as invenções de outros, como o telefone, o telégrafo e a máquina de escrever. 
Além disso, concebeu um eficiente sistema de distribuição de eletricidade. 
É natural que nos perguntemos: 
-Terá ele, um gênio de tamanha capacidade, falhado algum dia?
Sim. 
Ele conheceu o fracasso repetidamente, mas isso jamais foi motivo de desestímulo. 
-Bobagens. 
Disse ele a um colaborador desencorajado durante uma série de experiências. 
-Ainda não falhamos. Como conhecemos mil coisas que não dão certo, estamos tantas vezes mais perto de encontrar uma que dê.
Nunca permitiu que a fama mudasse seu modo de viver, ou que o dinheiro ditasse seu destino. 
Quando tinha capital o investia em novas pesquisas, e quando se via em dificuldades financeiras não se abatia, empenhando-se ainda mais no trabalho árduo. 
Jamais parou de trabalhar. 
Aos oitenta anos, dispôs-se a estudar botânica, uma ciência nova para ele, objetivando encontrar uma forma diversa de obtenção de látex.
Morreu aos oitenta e quatro anos, deixando no mundo um rastro de luz, decorrente de seu exemplo inquestionável de perseverança e de trabalho. 
* * *
As grandes obras exigem sempre grandes esforços. 
Os grandes êxitos são precedidos, inevitavelmente, de fracassos e de incontáveis tentativas. 
Perseverar é insistir no bem, naquilo que vale a pena e que faz sentido. 
Desistir ante as dificuldades é fácil. 
Culpar os outros, a sorte, o destino, também. 
Persistir no que se acredita é que diferencia os homens que realizam daqueles que apenas sonham. 
Há muitos exemplos positivos no mundo. 
Pessoas como eu, como você, que acordamos todos os dias, iluminados pelo mesmo sol e amados pelo mesmo Pai Criador. 
A diferença entre o êxito e a acomodação, é resultado de nossas próprias atitudes perante a vida. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Thomas Edison, do livro Grandes vidas, grandes obras, ed. Seleções Reader’s Digest. 
Em 09.05.2016.

domingo, 26 de maio de 2024

SUAVE DESPEDIDA

Sally pulou da cadeira quando viu o cirurgião chegar. 
-Como está meu filho? 
O olhar desolado do cirurgião falou mais alto do que as próprias palavras que pronunciou: 
-Sinto muito, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. 
Como um desabafo, Sally chorou e ergueu sua voz aos céus: 
-Deus, você não se importa com as crianças? Por que meu filho teve câncer? Onde você estava, quando meu filho precisou de você? 
Uma das enfermeiras a acompanhou até onde estava o filho, a fim de que se despedisse. 
Ela não retiraria o corpo do hospital, porque Jimmy decidira doá-lo para a Universidade, a fim de ser estudado. 
Ele insistira: 
-Eu não o usarei depois de morrer e talvez ajude uma criança a desfrutar de um dia mais ao lado de sua mãe. 
Ela passou a mão pelos cabelos do filho e a enfermeira cortou uma pequena mecha, colocou numa bolsinha e lhe entregou. 
Com o coração aos pedaços, Sally saiu do hospital infantil, depois de ter permanecido ali, com o seu tesouro, nos últimos seis meses. 
Foi difícil dirigir de volta para casa. 
Mais difícil ainda entrar na casa vazia. 
Levou a bolsa ao quarto de Jimmy, arrumou os carrinhos de miniatura e todas as demais coisas dele, do jeito que ele gostava.
Sentou-se na cama e chorou, até dormir, abraçando o seu pequeno travesseiro. 
Sonhou que despertou e encontrou, ao lado da cama, uma folha de papel dobrada. 
Abriu e leu. 
Era uma carta de seu filho, onde ele escrevera com uma tinta especial: 
"Querida mãe, sei que deve sentir muito a minha falta. Mas não pense que a esqueci, ou que deixei de amar, só porque não estou aí para dizer que a adoro. Pensarei em você, mamãe, todos os dias. E, algum dia, voltaremos a nos ver. Mamãe, se você quiser adotar um menino para não ficar tão sozinha, ele poderá ficar no meu quarto e brincar com todas as minhas coisas. Se você preferir adotar uma menina, provavelmente ela não gostará das mesmas coisas que os meninos e você terá que lhe comprar bonecas e coisas de meninas. Não fique triste quando pensar em mim. Estou num lugar grandioso. Meus avós me vieram receber quando cheguei. Mostraram-me um pouco daqui, mas, com certeza, vou levar muito tempo para ver tudo. Eles me pediram para responder a uma pergunta sua: Onde estava Deus quando eu precisei dEle. Estava aí mesmo, onde sempre está, com todos os Seus filhos. Ah! Quase esquecia de dizer. Não sinto mais nenhum desconforto. Estou feliz porque eu já não conseguia suportar tanta dor. Foi por isso que Deus enviou o anjo da misericórdia para me libertar. Assinado: Com amor, do seu Jimmy." 
* * * 
Quando Sally despertou, pareceu sentir, no quarto, a presença do filho amado. 
A madrugada avançava... 
* * * 
Nunca pensemos na morte como o fim de tudo. 
Não pensemos que os amados que partem serão tragados pela noite da amargura. 
Eles apenas seguem antes. 
Deixemo-nos abraçar por eles e lhes enviemos nossas vibrações de carinho, para que o grande afeto que nos une seja alimentado todos os dias, enquanto a fronteira do mais Além ainda coloca linhas divisórias para o encontro final. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Isto chega ao coração, de autoria ignorada. 
Em 25.5.2024.

sábado, 25 de maio de 2024

LUZ NA ESCURIDÃO

Louis Braille
Um dia, um menino de três anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e selas. 
Quando crescesse, queria ser igual ao pai. 
Tentando imitá-lo, tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. 
O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. 
Logo mais, uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego. 
Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava mais das cores. 
Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. 
Ia para a escola e todos se admiravam da sua memória. 
Em verdade, ele não estava feliz com seus estudos. 
Queria ler livros. 
Escrever cartas, como os seus colegas. 
Um dia, ouviu falar de uma escola para cegos. 
Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai e se matriculou no Instituto Nacional para crianças cegas. 
Ali havia livros com letras grandes em relevo. 
Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. 
Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. 
As letras eram muito grandes. 
Uma história curta enchia muitas páginas. 
O processo de leitura era muito demorado. 
A impressão de tais volumes era muito cara. 
Em pouco tempo o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca.
Queria mais. 
Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. 
O amor à música aguçou seu desejo pela leitura. 
Queria ler também notas musicais. 
Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema.
Ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. 
A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. 
Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz. 
Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto. 
Procurou o Capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. 
Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que cegara o pequeno. 
Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência. 
Os donos do Instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. 
Não queriam que tudo fosse por água abaixo. 
Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. 
Os meninos do Instituto se interessavam. 
À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. 
Finalmente, aos vinte anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. 
O método Braille estava pronto. 
O sistema permitia também ler e escrever música. 
A ideia acabou por encontrar aceitação. 
Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo: 
- Tenho certeza de que minha missão na Terra terminou. 
Dois dias depois de completar quarenta e três anos, Louis Braille faleceu. 
Nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países. 
Finalmente, foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não enxergam. 
Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. 
Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física. 
* * * 
Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir. 
No entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente, em superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O menino que trouxe luz ao mundo da escuridão, de O livro das virtudes, de Willian J. Bennett, v. II, ed. Nova Fronteira. 
Em 10.10.2011.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

SEMEANDO NOSSO AMANHÃ

Conta-se que, um dia, Sócrates acompanhou sua mãe para ajudar em um parto complicado. 
Vendo-a realizar o trabalho, filosofou: 
-Minha mãe não irá criar o bebê. Apenas o ajudará a nascer e tentará diminuir a dor do parto. Se ela não tirar o bebê, logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá! 
Dessa forma, concluiu que ele também era um parteiro. 
O conhecimento está dentro das pessoas que são capazes de aprender por si mesmas. 
-Porém, dizia, eu posso ajudar no nascimento deste conhecimento. 
É por isso que criou o método de ensino, conhecido como maiêutica, que significa dar à luz, parir. 
Acreditava o filósofo que a verdade está latente em todo ser humano, podendo aflorar aos poucos, à medida que este responde a uma série de perguntas simples, porém inteligentes. 
Assim, o seu método buscava, num primeiro momento, levar o interlocutor a duvidar do seu próprio saber sobre determinado assunto, revelando as contradições presentes em sua forma de pensar, normalmente baseadas em valores e preconceitos sociais. 
Depois, conduzia a pessoa a vislumbrar novos conceitos, novas opiniões, estimulando-a a pensar por si mesma. 
* * * 
Como precisamos disso na atualidade! 
Despojarmo-nos de preconceitos, de certos modismos que propõem como se deve pensar, como se deve entender a Humanidade em geral. 
Muito importante que tenhamos humildade para assumir que o que sabemos não é o todo, sobre qualquer assunto. 
Importante nos abrirmos para ideias renovadas, para conceitos mais elevados do que o simples terra a terra. 
Enquanto ficamos discutindo se devemos nos servir deste ou aquele vocábulo para designar uma raça, por exemplo, alguém, ao nosso lado, padece de fome e dor. 
Enquanto nos preocupamos com a cor que devemos vestir porque pode revelar ou significar nossa adesão a um ou outro partido político, alguém chora sozinho, na casa ao lado da nossa. 
Enquanto estacionamos ouvindo as reclamações dos que não simpatizam com nossas ideias, com nossa vontade de fazer, a necessidade avança nas calçadas do nosso bairro. 
Permitamo-nos encharcar por ideias positivas. 
Ante os acontecimentos lamentáveis que são descritos pela mídia, todos os dias, não acreditemos que o futuro da Humanidade será sombrio. 
Jamais houve tantas manifestações de solidariedade, de amor ao próximo quantas descobrimos na atualidade. 
Somente não se tornam manchete de última hora porque quem está envolvido na semeadura das bênçãos não está preocupado em aparecer no noticiário. 
Disciplinemo-nos para ouvir e ver menos, em número de horas, o material deprimente do rádio, da TV, das redes sociais. 
Ele nos deprime e promove angústias. 
Diluamos as camadas de negatividade que nos atormentam.
Cultivemos ideias generosas, vibrações positivas, vontade de fazer algo para o bem comum, que pode ser simplesmente manter o asseio do nosso terreno, evitando a proliferação de pragas que atacam a coletividade. 
Façamos o bem por menos significativo que nos possa parecer. 
Ele é bom para todos. 
Reservemos campo mental para o que desejamos ser amanhã, começando hoje, no agora. 
Redação do Momento Espírita 
Em 24.5.2024

quinta-feira, 23 de maio de 2024

UMA POSSIBILIDADE DE SERVIR

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Desde que o homem se encontra na Terra, estabeleceu comunicações com seres da dimensão espiritual. 
Dialogava com os Espíritos dos antepassados, que o vinham orientar.
Os portadores dessa possibilidade eram tidos como seres especiais, privilegiados. 
Porém, ser esse intermediário entre o mundo visível e invisível, que chamamos médium, é, antes e acima de tudo, uma possibilidade de servir. 
O portador dessa faculdade precisa ser um bom servidor. 
Precisa encontrar a melhor forma de ser útil com a faculdade que recebeu. 
Trata-se de um talento. 
Quantos talentos cada um de nós recebeu? 
Quantos talentos devolveremos ao Nosso Senhor ao final da jornada?
Se observarmos a natureza, veremos que a terra é médium da flor que se materializa, tanto quanto a flor é medianeira do perfume que embalsama a atmosfera. 
O sol é o médium da luz que sustenta o homem, tanto quanto o homem é o instrumento do progresso planetário. 
Todos os aprendizes da fé podem converter-se em médiuns da caridade através da qual opera o Espírito de Jesus, de mil modos diferentes, em cada setor de nossa marcha evolutiva. 
* * * 
Eis o convite da vida para que amparemos o nosso semelhante, encontrando nessa ação a melhor fórmula para o seguro desenvolvimento mediúnico. 
Não esperemos, no entanto, o toque de inteligências estranhas à nossa, para nos transformarmos no canal da alegria e da fraternidade a benefício dos outros e de nós mesmos. 
Sirvamos hoje. 
Sirvamos agora. 
Entendamos de que forma podemos ser, em cada situação da vida, médiuns da Boa Nova, médiuns da compreensão, médiuns da paz.
Somos instrumentos do progresso do mundo, ao mesmo tempo que realizamos o nosso próprio aperfeiçoamento. 
Sirvamos onde quer que estejamos. 
Principalmente longe dos holofotes do mundo, longe do reconhecimento das pessoas, longe de tudo aquilo que possa nos iludir, afirmando que somos mais do que realmente somos.
Tenhamos cuidados e atenção com a vaidade, com o exibicionismo.
Divulguemos o bem que façamos, apenas se isso servir como incentivo para que se multipliquem novas iniciativas. 
Não tenhamos medo de pedir ajuda ou de dizer que não conhecemos isso ou aquilo. 
Não temamos a ignorância das coisas. 
Melhor uma ignorância assumida, contornada de humildade, do que uma sabedoria falsa, com máscara de vaidade. 
Sejamos médiuns do amor maior onde quer que estejamos. 
E nos momentos em que possamos servir como intermediários entre os Espíritos e o mundo corporal, sejamos humildes, simples, respeitosos. 
Busquemos ajudar. 
Busquemos aprender. 
Cada Espírito que bate à porta da mente, desejando se manifestar, tem um objetivo.
Traz uma lição, um recado, um sinal. Nada na natureza é fruto do acaso. 
Há lições jorrando em abundância para todos. 
Dessa forma, tenhamos em mente que ser médium não é simplesmente fazer-se veículo de fenômenos que, de um modo geral, transcendem a compreensão do comum dos homens. 
Acima de tudo, é indispensável entendamos na faculdade mediúnica a possibilidade de servir. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. X, do livro Mediunidade e Sintonia, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. CEU. 
Em 23.5.2024.

quarta-feira, 22 de maio de 2024

LUZ INIGUALÁVEL

A História da Humanidade é cheia de grandes vultos. 
À frente de seu tempo, eles se sobressaíram por suas teorias e feitos progressistas. 
Dentre todos os homens e mulheres notáveis que já pisaram o solo do planeta, Jesus é o maior. 
Por vezes se afirma que Seus ensinamentos foram uma espécie de resumo da sabedoria então existente. 
Diz-se que outros sábios já haviam sinalizado o que Jesus concluiu.
Ocorre que ninguém jamais enunciou tais verdades da forma como Ele o fez. 
Ele soube apresentar com simplicidade e beleza as maiores lições de vida equilibrada e profícua. 
E sempre falou com grande autoridade, na medida em que também vivia o que pregava. 
Esse é o grande diferencial. 
Muitos dissertam lindamente sobre pureza e igualdade. 
Mas seu viver deslustra o que pregam, pois envolto em incontáveis vícios. 
Jesus falou sobre o amor e a humildade e não receou vivê-los.
Ombreou com os mais sábios do Seu tempo e chegou a confundi-los, pela argúcia das Suas observações. 
Mas nem por isso deixou de amar ternamente as crianças e de amparar os pobres enfermos. 
Sua palavra se revestia de estranho poder, oriundo de Sua extrema pureza. Ensinou, viveu e exemplificou o bem. 
Nada há em Sua vida que comporte críticas ou pareça impróprio.
Justamente por isso, Jesus é a Luz do mundo. 
Enquanto viveu na Terra, ao influxo da Sua presença, vários se converteram e modificaram o próprio comportamento. 
Por exemplo, Maria de Magdala. Inicialmente, uma jovem linda e perturbada, que comercializava sua beleza. 
Após o contato com Jesus, retificou completamente seu modo de ser.
Tão radical foi a mudança que coube a ela a glória de anunciar ao mundo a ressurreição do Mestre. 
Segundo relatos que merecem fé, concluiu sua vida a cuidar de leprosos, em exemplar dedicação. 
Tem-se aí o poder iluminativo e transformador da mensagem cristã. Essa mensagem não perdeu nada de sua força. 
Ela resiste ao tempo, às inovações tecnológicas, ao progresso civilizatório. 
Suas verdades simples e profundas continuam com o poder de trazer paz a quem decide vivê-las. 
Trata-se de uma opção pela bondade e pela pureza. 
Acima de tudo, colocar o respeito à Vontade Divina. 
Compreender que Deus é amor e deseja que Seus filhos se amem ternamente. 
Essas verdades parecem singelas, mas sua vivência confere uma especial dignidade. 
Jesus é a Luz do mundo. 
São inúmeros os caminhos que o homem pode trilhar, em seu viver terreno. 
Entretanto, somente o indicado pelo Cristo o ornará de luzes para a eternidade. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 21 e no livro Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 13.7.2023.

terça-feira, 21 de maio de 2024

LUZES DO MUNDO

Jesus nos disse que somos a luz do mundo e deixou a orientação de que devemos compartilhar nossa luz com quem estiver ao redor. 
Muitas vezes acreditamos que não temos nada a oferecer ao nosso próximo. 
Fazemos planos de ajuda para um provável dia em que ganharmos a loteria, ou quando nos aposentarmos e tivermos tempo. 
Ser um ponto de luz no caminho de alguém é mais simples do que pensamos. Quantas vezes encontramos um colega triste, vivendo um momento de angústia, precisando desabafar.
Paramos para ouvir o que oprime seu coração e ele se sente melhor. Isso é ajudar. 
Quando damos um sorriso e estendemos a mão para uma pessoa que acaba de chegar a um ambiente desconhecido e está se sentindo insegura, receosa de não ser bem-vinda, fazemos com que ela se sinta acolhida. Isso também é uma forma de ajudar. 
Ao dirigirmos àqueles que se sentem desanimados e solitários palavras de afeto, impregnadas de vibrações de carinho, envolvemos quem as recebe em um campo de amor, que lhes renova as forças, traz ânimo e esperança. 
Quando o Cristo disse que somos a luz do mundo, nos apontou um caminho para a caridade e deixou um convite para trabalharmos para o bem comum, ajudando o próximo com o que temos dentro de nós. 
Com isso, nos faz perceber que, para iluminar, temos de cuidar da luz que emitimos. 
Uma lâmpada clara e brilhante oferece uma luz igualmente clara e brilhante. 
Nossa luz está relacionada à nossa capacidade de compartilhar os melhores sentimentos que nutrimos e nosso conhecimento para o bem de todos. 
Não é preciso ser doutor para ofertar ao próximo palavras amorosas e consoladoras. 
Basta ter amor e desejar oferecê-lo. 
Não é preciso ser especialista em línguas para escutar o desabafo de alguém e dar um conselho. 
Basta saber ouvir, se colocar no lugar de quem sofre e ajudá-lo com palavras de conforto e encorajamento. 
Quando aprendemos algo novo, que nos auxilia a compreender sensações e sentimentos, por que não dividir com outras pessoas para que elas também possam se sentir como nós? 
Compartilhar as palavras do Cristo é uma excelente forma de espalhar luz pelo mundo. 
Aplicar em nosso dia a dia o que essas palavras ensinam nos torna exemplos vivos da mensagem cristã. 
Também podemos ser luzes que aquecem e iluminam mesmo sem dizer nada. 
Apenas praticando o que o Mestre demonstrou. 
Perdoar, amar, acolher, consolar, orar, agradecer são algumas das ações que podemos realizar e inspirar, positivamente, àqueles que nos cercam. 
Exercitar a tolerância, a paciência, a humildade, a resignação ajudará a fazer de nossa luz interior um foco mais límpido, mais puro, mais forte. 
Que nossa vontade de sermos luzes no mundo nos dê a coragem necessária para vencermos a escuridão provocada pela ignorância, intolerância, egoísmo e orgulho. 
Que sejamos capazes de nos tornar pontos de luz nas vidas de nossos semelhantes, mesmo que nos achemos pequeninos e fracos. 
Que a cada dia consigamos ficar um pouco mais brilhantes, prosseguindo perseverantes, até que consigamos alcançar a imensidão das estrelas. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.5.2015.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

REMORSO E AUTOPUNIÇÃO

Não posso me perdoar. 
Se eu tivesse chegado antes, teria evitado a tragédia. 
Se eu não tivesse falado, isso não teria acontecido. 
Essas são expressões que se ouvem, vez ou outra, ante mortes acidentais ou provocadas. 
A promotora pública se questiona se foi dura demais ao denunciar as ações equivocadas do colega de trabalho, quando recebe a notícia de que ele optara por fugir da vida, a fim de evitar as consequências dos seus atos. 
O marido, que prometera à esposa ir para casa após o show que faria, entra num processo de autopunição porque preferiu ficar com os amigos e fãs até mais tarde, em festa que lhe foi oferecida. 
Ela, sozinha no rancho, aproveitou a lua cheia para uma cavalgada noturna, pela propriedade. 
Indo além de certos limites, foi surpreendida por terreno lamacento e escorregadio, provocado pelas chuvas intensas do dia anterior. 
Sem jamais se saber com exatidão o que aconteceu, a cavalgadura retornara sozinha ao celeiro, enquanto o corpo da senhora foi descoberto, horas depois. 
A partir daí, o marido deixou literalmente de viver. 
Não dá atenção aos três filhos. 
Em verdade, como desabafa a menina adolescente: 
-Naquela noite, perdemos nossa mãe e nosso pai. Você deixou de existir para nós, pai, desde então. E não nos permite viver. Proibiu que cantássemos, que nos divertíssemos, que comemorássemos o Natal. Há dois anos, papai, você morreu com a mamãe. Mas nós precisamos de você, dos seus cuidados, do seu amor. Precisamos que nos ajude a continuar a viver. 
* * * 
O remorso é um atestado de desenvolvimento moral do ser.
No entanto, deve ser somente a constatação de um ato que deve ser corrigido, tanto quanto possível. 
Alimentado, pode ser comparado a uma serpente de mil voltas, que circula em torno do coração e o destrói. 
É o remorso que nos acusa, de forma constante, nos fazendo reviver o dito, o feito ou não feito. 
Não alimentemos esse sentimento destrutivo. 
Se algo fizemos errado, que tenhamos a consciência e nos arrependamos. 
Se for possível corrigir a falta cometida, o façamos. 
Mas não nos eternizemos na culpa, mesmo porque, em alguns casos, fazemos muito mal não somente a nós mesmos. 
Também àqueles que dependem de nós, que nos aguardam o socorro, o arrimo. 
Quanto a denúncias ou comentários que venhamos a tecer a respeito de outros, lembremos que se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá em divulgá-las. 
Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número.
Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. 
Exemplos históricos nos levam a pensar em como a autopunição e o remorso inconsequente somente nos podem infelicitar. 
O infeliz Judas, após a traição, busca sua autopunição, retirando-se da vida, infelicitando-se ainda mais. 
Pedro, no entanto, tão próximo de Jesus, que O nega por três vezes, redime-se, entregando-se ao próximo, à divulgação da Boa Nova, sem tréguas. 
Aprendamos com os bons exemplos. 
Redação do Momento Espírita, a partir de cenas do Filme Guiado pelo luar e no cap. X, item 21, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 20.5.2024

domingo, 19 de maio de 2024

LUZES DO MILÊNIO

Periodicamente a bondade de Deus remete à Terra focos de luz, que banham a Humanidade com suas presenças. 
Não falamos de Jesus, desde que Ele é o próprio centro da História, dividindo as águas do pretérito de desacertos humanos da época das luzes dos Seus ensinos. 
Mas nos recordamos do jovem de Tarso, de nome Paulo.
Jovem e ardoroso pregador da lei de Moisés que, após o encontro com Jesus, na estrada de Damasco, torna-se o evangelizador dos gentios. 
Graças às suas viagens, seu destemor, tornou o Evangelho conhecido em larga parte do mundo de então, chegando até à Macedônia, pregando na Roma dos Césares, colaborando eficazmente na propagação dos ensinos do Cristo. 
Agostinho de Hipona que, após os anos desorientados da sua juventude, em que cometeu tolices, abraça o Evangelho e dá testemunho de sua fé, em um período de convulsão histórica.
Ele chegou a afirmar que estava convencido de que sua mãe, desencarnada, o viria visitar e revelar o que aguarda os homens para além dos portais do túmulo, numa antevisão do que viria mais tarde ensinar a Doutrina Espírita. 
Francisco de Assis, na Idade Média, vem falar ao povo da doutrina clara e simples do Cristo, remetendo os homens de retorno às fontes primitivas do Cristianismo. 
Ao seu lado, o suave vulto de Clara, jovem filha da nobreza de Assis, que se volta para os seus irmãos hansenianos, paupérrimos e abandonados pelo preconceito da ignorância então vigente. 
No terreno da música, Mozart traduz as vozes dos céus em melodias de cristalina sonoridade, enquanto Leonardo da Vinci e Michelangelo imortalizam a beleza na pintura, na escultura, em versos de cores e formas perfeitas. 
Na ciência e na filosofia despontam missionários da têmpera de Einstein, Pasteur, Voltaire. 
Dos mais recentes recordamos Gandhi, o apóstolo da não­-violência, que provou com o sacrifício de sua vida o que demonstrou Jesus há mais de dois mil anos, ou seja, que o amor triunfa sobre a guerra e a morte. 
Ante tantas bênçãos, é bom nos questionemos o que estamos delas fazendo e de que maneira temos retribuído o amor e a compaixão de Nosso Pai. 
Permita Deus que saibamos merecer tantas dádivas, mostrando-nos dignos da Sua imensa bondade e sabedoria.
* * * 
Você sabia? 
Você sabia que Michelangelo, ao acabar de talhar no mármore a figura de Moisés, contemplou emocionado o trabalho e, ante a perfeição das linhas que o faziam parecer vivo, bateu com seu instrumento de trabalho no joelho da estátua, ordenando:
-Parla, que quer dizer, no idioma italiano: Fala?
E que Mozart jamais fazia rascunhos das pautas das suas composições? 
É como se nelas traduzisse algo que sua alma captava nos arcanos do invisível, surgindo a obra, desde o primeiro momento, primorosa, limpa, sem necessidade de rasuras ou emendas posteriores. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo As luzes do milênio, publicado no boletim informativo SEI nº 1549, de 6.12.1997. 
Em 11.11.2020.

sábado, 18 de maio de 2024

EU OS AMEI O SUFICIENTE

Carlos Hecktheuer
Meus filhos, um dia, quando vocês forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de lhes dizer: 
Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão. 
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia. 
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram da mercearia e os fazer dizer ao dono: “Nós roubamos isto ontem e queríamos pagar.” 
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês por uma hora, enquanto limpavam o seu quarto; tarefa que eu teria realizado em quinze minutos. 
Eu os amei o suficiente para os deixar ver, além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos. 
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as consequências eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso.
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. 
Estou contente... 
Venci... porque no final vocês venceram também! 
E, qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, meus filhos vão lhes dizer quando eles lhes perguntarem se a sua mãe era má: “Sim... nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo. "
As outras crianças comiam doces no café da manhã e nós tínhamos de comer pão, queijo, leite. 
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos de comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. 
Ela nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães, que deixavam os filhos comer vendo televisão. 
Ela insistia em saber onde nós estávamos a toda hora. 
Era quase uma prisão. 
Mamãe tinha que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos quando íamos sair, mesmo que demorássemos só uma hora ou menos. 
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela violou as leis de trabalho infantil. 
Nós tínhamos de lavar a louça, fazer as camas, lavar a roupa, aprender a cozinhar, aspirar o pó do chão, esvaziar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis. 
Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. 
Ela insistia sempre conosco para lhe dizer a verdade, e apenas a verdade. 
E quando éramos adolescentes, ela até conseguia ler os nossos pensamentos. 
A nossa vida era mesmo chata. 
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que nós saíssemos. 
Tinham de subir, bater na porta para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam sair à noite com doze, treze anos, nós tivemos de esperar pelos dezesseis. 
Nossos amigos dirigiam o carro dos pais, mesmo sem ter habilitação, mas nós tivemos que esperar os dezoito anos para aprender, como pede a lei. 
Por causa da nossa mãe, nós perdemos muitas experiências da adolescência. 
Nenhum de nós esteve envolvido em roubos, atos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. 
Foi tudo por causa dela. 
Agora já saímos de casa. 
Somos adultos, honestos e educados, e estamos fazendo o possível para ser, também, ‘pais maus’, tal como a nossa mãe. 
Achamos que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes mães más como a nossa mãe o foi... 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria de Carlos Hecktheuer. Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8 e 9 e no livro Momento Espírita, v. 4, ambos ed. FEP. 
Em 18.5.2024

sexta-feira, 17 de maio de 2024

LUZES DO ENTARDECER

Conserva contigo os companheiros idosos, com a alegria de quem recebeu da vida o honroso encargo de reter, junto ao coração, as luzes do próprio grupo familiar. 
Pensa naqueles que te preservaram, quando jovens, a existência frágil, nos panos do berço. 
Naqueles que atravessaram noites em claro, simplesmente para te velar o sono febril. 
Reflete nos que te equilibraram os primeiros passos, enquanto tentavas andar sozinho. 
Todas as vezes que caíste, eles te ergueram, sem reclamar de dores nas costas, por terem que se agachar quase até o chão, porque eras tão pequenino... 
Recorda os que te afagaram os sonhos da meninice, que sorriram com as tuas primeiras conquistas, que sempre estiveram presentes nas festas de aniversário, nos encerramentos escolares, nas peças de teatro em que figuravas. 
Quando chegavas em casa tristonho, insatisfeito com o resultado da disputa do jogo de futebol entre colegas, sempre tiveram uma palavra de consolo e um colo amigo. 
Já que eles atravessaram o caminho de muitos janeiros, pensa no heroísmo silencioso com que te ensinaram a valorizar os tesouros do tempo. 
Medita nas dificuldades que terão vencido para serem quem são. 
Também foram adolescentes, jovens. 
Tiveram sonhos... 
Pensa no suor que lhes alterou as linhas da face. 
Suor das tantas tarefas profissionais e no lar. 
Tantas tarefas para que não te faltasse o teto, o pão, o abrigo e o carinho. 
Pensa nas lágrimas que lhes alvejaram os cabelos. 
Muitas delas ocasionadas por tua rebeldia de criança que teimava em não amadurecer. 
Quando, hoje, porventura, te mostrem azedume ou desencanto, escuta-lhes a palavra com bondade e paciência.
Não estarão te ferindo. 
Provavelmente estão murmurando contra dolorosas recordações de ofensas recebidas, que trancam no peito, a fim de não complicarem os dias dos seres que lhes são tão especialmente queridos. 
Ama e respeita os companheiros idosos! 
Eles são as vigas que te escoram o teto da experiência para seres o que és. 
Auxilia os idosos, quanto puderes, porquanto é possível que, no dia-a-dia da existência humana, venhas igualmente a conhecer o brilho e a sombra que assinalam no mundo, a hora do entardecer. 
* * * 
Exercita a gentileza e a gratidão para com todas as pessoas, especialmente os idosos. 
A velhice é uma fase que alcançarás, com certeza, caso a morte não te arrebate o corpo antes. 
Pode parecer cansativa a presença do idoso. 
Ele, porém, é rico da experiência que te pode brindar, mas também é carente dos recursos que lhe podes oferecer.
Redação do Momento Espírita, a partir da mensagem Luzes do entardecer, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier e do cap. XXIX, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 6.8.2012.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

OLHEMOS OS PÉS

É comum quando nos deparamos com alguém, pela primeira vez, fazermos um julgamento apressado. 
Pode ser alguém que nos é apresentado num evento social, no templo religioso ou no ambiente de trabalho. 
Analisamos sua roupa, sua expressão corporal, sua maneira de se comunicar, o vocabulário de que se utiliza. 
Em poucos minutos, concluímos nossa análise e temos pronto o julgamento. 
Por vezes, na fila do supermercado ou enquanto aguardamos o atendimento em uma loja, observamos as pessoas e emitimos nosso juízo. 
Julgamos seu modo de vestir, a forma como prendem ou mantêm soltos os cabelos. 
Até mesmo o estilo de seus acessórios.
O olhar rápido nos é suficiente para efetuarmos nossa análise e tirarmos conclusões.
Não raro, julgamos de maneira severa, rigorosa, quando não desrespeitosa e irônica. 
Temos essa capacidade de fazer isso com poucos minutos de contato superficial e pontual. 
Porém, ao analisarmos alguém, prestamos atenção, alguma vez, nos pés dessa pessoa? 
Não nos referimos ao seu calçado, se está na moda, se nos agrada ou não, se está bem conservado ou já gasto.
Referimo-nos aos pés que a sustentam, que a mantêm ereta.
Seria interessante olhar para eles e tentar avaliar quantos caminhos já percorreram. 
Quantas estradas difíceis foram vencidas, quantos milhares de passos foram dados para o trabalho, para a instituição de ensino, para o lar.
Observamos alguém não nos lembrando que essa criatura tem uma história de vida, que pode ser complexa e desafiadora. 
Portanto, antes de tirarmos conclusões sobre qualquer pessoa, atentemos para seus pés, descalços ou calçados.
Talvez esses pés tenham percorrido caminhos inseguros de um lar desestruturado na infância, ou podem ter andado pelas estradas difíceis da dependência alcoólica ou química. 
Antes de julgar o colega de trabalho, que se mostra intransigente e irritadiço, imaginemos por quais estradas terá ele transitado, quais dificuldades terá enfrentado para se colocar nessa situação. 
É possível que o lar lhe exija demasiado nos compromissos com o cônjuge difícil, ou com filhos indiferentes e viciosos.
Pode ser que os caminhos que o trouxeram até este momento o tenham levado a assumir compromissos financeiros elevados, que lhe corroem o humor e a paciência. 
Todos temos uma história que construímos no tempo. 
É o resultado dos caminhos bons ou ruins que percorremos.
Bem verdade que algumas das nossas opções podem ter sido equivocadas e imaturas. 
De qualquer forma, antes de julgarmos, pensemos que os caminhos do outro podem ter sido pedregosos ou lamacentos.
Lembremos que nós também temos nossas dificuldades e limitações que se refletem em nossa maneira de ser. 
Nossos pés podem ter percorrido caminhos errados e tortuosos. 
Portanto, antes de julgarmos, olhemos os pés de quem observamos e tenhamos compaixão. 
Talvez, eles estejam sangrando, pelo longo percurso entre espinhos. 
Menos julgamentos e mais vontade de compreender, auxiliar e aceitar nosso próximo. 
Redação do Momento Espírita
Em 16.5.2024.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

SÃO CHEGADOS OS TEMPOS

São chegados os tempos em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade. 
Para os incrédulos, nenhuma importância têm essas palavras proféticas. 
Aos seus olhos, nada mais exprimem que uma crença sem fundamento. 
Para a maioria dos religiosos, elas apresentam qualquer coisa de místico e de sobrenatural, parecendo-lhes prenunciadoras da subversão das leis da natureza. 
Ambas as interpretações estão equivocadas. 
A primeira, porque envolve uma negação da Providência. 
A segunda, porque tais palavras não anunciam a perturbação das leis da natureza, mas o cumprimento dessas leis. 
Tudo na Criação é harmonia. 
Tudo revela uma previdência que não se desmente, nem nas menores, nem nas maiores coisas. 
Por isso, é equivocada toda ideia de capricho divino, por inconciliável com a Sua sabedoria infinita. 
Se a nossa época está designada para a realização de certas coisas, é que elas têm uma razão de ser na marcha do conjunto. 
O nosso globo, como tudo que existe, está submetido à lei do progresso. 
Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem. 
Moralmente, pelo aprimoramento dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. 
O primeiro aspecto é relativamente fácil de ser observado.
Basta perceber os fenômenos geológicos que continuam acontecendo em todos os cantos do planeta. 
O segundo aspecto, o que nos fala de uma evolução moral dos seres imortais que somos, talvez seja aquele que mais gere controvérsias. 
Ainda existe um grande número de observadores, de estudiosos que não acreditam no melhoramento da Humanidade. 
Alguns, inclusive, sequer admitem que o ser humano, em si, possa se transformar. 
Falta-lhes uma visão mais ampla, em termos de espiritualidade. 
Moralmente a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. 
A inteligência se desenvolve e esse desenvolvimento do intelecto proporciona um discernimento mais apurado, quando a razão madura nos faz optar pelas melhores escolhas.
Obviamente, isso não se dá de imediato. 
Continuamos a ter inteligências mal aproveitadas ou a serviço de nossos vícios morais. 
No entanto, tudo tem seu limite. 
As leis maiores promovem seu basta, o que nos permite ver, aqui e ali, brotarem as iniciativas do bem, da consciência, para se instalarem em definitivo. 
São os sinais dos tempos, que nos dizem que está absolutamente correta a expressão: São chegados os tempos. 
Vivemos o momento do despertar da consciência, do senso moral. 
Como toda revolução, essa também incomoda aqueles que desejam se manter onde estão, os que dominam pela força e cujas viciações os mantêm em condições comodistas. 
Toda mudança exige esforço e paciência. 
Não é uma mudança de fora para dentro. 
Não é um cataclismo que inaugurará o mundo novo. 
O mundo novo surgirá quando cada um de nós, em nossa família, em nossa comunidade, junto aos nossos, decidir que é o momento de mudar. 
São chegados os tempos. 
Vamos viver juntos um novo mundo? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVIII, item 1, do livro A Gênese, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 15.05.2024

terça-feira, 14 de maio de 2024

UM MINUTO APENAS

Suely Caldas Schubert
Lúcia era uma mulher feliz. 
Como poucas, acreditava. 
Casada com o homem por quem se apaixonara nos verdes anos da adolescência, vivia o sonho da mulher realizada. 
Um filho lhe viera coroar a felicidade. 
Que mais ela poderia desejar? 
Acordava pela manhã e saudava o dia cantarolando. 
Com alegria realizava as tarefas do lar, cuidava do filho, aguardava o marido. 
Tudo ia muito bem. 
Até o dia em que descobriu que o homem que tanto amava, a traía. 
E não era de agora. 
O problema vinha tomando corpo de algum tempo. 
Magoada, se dirigiu ao marido. 
Exigiu-lhe e falou-lhe de respeito. 
A resposta foi brutal, violenta. 
O homem encantador tornou-se raivoso, briguento. 
Chegou a bater-lhe. 
Foi nesse dia que Lúcia teve a certeza de que seu casamento acabara. 
Era o cúmulo. 
Não poderia prosseguir a viver com alguém que chegara à agressão física. 
Então, acordou na manhã de tristeza, depois de uma noite de angústia e tomou uma séria decisão. 
Iria se matar. 
Acabar com a própria vida. 
Mais do que isto. 
Ela desejava vingança. 
Por isto, tomou o filho de quatro anos pela mão e decidiu que o mataria. 
Queria que o marido ficasse com drama de consciência. 
Seu destino era o Farol da Barra, na cidade de Salvador, na Bahia, onde residia. 
Ela sabia que era um local onde o mar batia com violência no penhasco. 
A rua por onde transitava era movimentada. 
Muitos carros. 
Enquanto aguardava para atravessar a rua, a criança lhe escapou das mãos e correu, entre os carros. 
Ela se desesperou. 
Estranho paradoxo. 
Conduzia a criança pela mão e tencionava jogá-la do penhasco ao mar para que morresse. 
Mas, quando a vê correr perigo, esquecida de si mesma, vai-lhe ao encontro, agarra-o, até um pouco raivosa. 
Puxa-­o pela mão. 
Neste momento, a criança se abaixa, alheia a tudo que se passava, e recolhe do chão um papel. 
Lúcia o arranca das mãos do pequeno e um título, em letras grandes, lhe chama a atenção: Um minuto apenas.
Ela lê:
Num minuto apenas, a tormenta acalma, a dor passa, o ausente chega. O dinheiro muda de mão, o amor parte, a vida muda.
Vai andando, puxando a criança e lendo a página. 
Era uma página mediúnica que vinha assinada por um Espírito. 
Ela terminou de ler. 
Passou o ímpeto. 
Em um minuto. 
Parou, olhou ao redor e verificou que tinha chegado ao seu destino. 
O penhasco estava próximo. 
Sentou-se e teve uma crise de choro. 
O impulso de se matar havia desaparecido. 
Tornou a ler a mensagem. 
Ela se recordou de um senhor que era espírita e trabalhava no Banco, no mesmo onde seu marido trabalhava. 
Foi para casa. 
Lembrou que um dia, jantando em casa dele, ele falara algo sobre Espiritismo. 
Algo que ela e o marido, por terem outra formação religiosa, rechaçaram de imediato. 
Ela lhe telefonou, pediu-lhe orientação e ele a encaminhou a um Centro Espírita. 
Atendida por companheiro dedicado, que lhe ouviu os gritos da alma aflita, passou a buscar na oração sincera, na leitura nobre, no passe reconfortante, as necessárias forças para superar a crise.
O marido, notando-lhe a mudança, a calma, no transcorrer dos dias, a seguiu em uma das suas saídas do lar.
Desconfiado, adentrou ele também à Casa Espírita. 
Para descobrir uma fonte de consolo e esclarecimento. 
Hoje, ambos trabalham na seara espírita. 
Reconstituíram sua vida, refizeram-se. 
Os anos rolaram. 
O garoto é um adolescente e mais dois filhos se somaram a ele. 
* * * 
Mudança de rumo. 
A vida muda. 
Em um minuto apenas. 
Em um minuto apenas Deus providencia o socorro. 
Pode ser um coração atento, uma mão amiga ou um pedaço de papel impresso caído na calçada. 
Papel que o vento não levou para longe. 
Um minuto apenas e o amor volta. 
A esperança renasce. 
Um minuto apenas e o sol rompe as nuvens, clareando tudo.
Não se desespere. 
Espere. 
Um minuto apenas. 
O socorro chega. 
O panorama se modifica. 
A vida refloresce. 
Tenha paciência. 
Não se entregue à desesperança. 
Aguarde. 
Enquanto você sofre, Deus providencia o auxílio. 
Aguarde. 
Um minuto apenas. 
Sessenta segundos. 
Uma vida.
Um minuto a mais... 
* * * 
Em um minuto apenas, a Misericórdia Divina se derrama, cheia de bênçãos, nas vielas escuras dos passos humanos.
Corrige, saneia, repara, transformando-as em estradas luminosas no rumo da Vida Maior. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24, do livro O semeador de estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 1 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 14.5.2024.