sábado, 12 de fevereiro de 2022

HOMEM, CORPO DE ALMA

Gibran Khalil Gibran
No transcorrer dos séculos, muitos foram os filósofos que refletiram a respeito de nossa essência: 
Existe verdadeiramente uma alma que prossegue no além-túmulo? 
O que nos aguarda no pós-morte? 
Em um de seus livros, de genial beleza e delicadeza, o autor libanês Gibran Khalil Gibran escreveu, metaforicamente, a respeito da criação da alma e da sua união com o corpo: 
"E o Deus dos deuses separou de Si mesmo uma alma e a dotou de beleza. E deu-lhe a suavidade da brisa matinal. E o perfume das flores do campo e a doçura do luar. E entregou-lhe a taça da alegria, dizendo-lhe: 
-"Só poderás beber desta taça se esqueceres o passado e não te preocupares com o futuro." 
E entregou-lhe a taça da tristeza, dizendo: 
-"Bebe dela, e compreenderás a essência da alegria da vida."
E soprou nela um amor que a abandonaria ao primeiro suspiro de saciedade. E uma meiguice que a abandonaria à primeira manifestação de orgulho. E fez descer sobre ela, do céu, um instinto que lhe revelaria os caminhos da verdade. E depositou nas suas profundezas uma visão que vê o que não se vê. E criou nela sentimentos que deslizam com as sombras e caminham com os fantasmas. E vestiu-a de um vestido de paixão que os anjos teceram com as ondulações do arco-íris. E colocou nela as trevas da dúvida, que são as sombras da luz. E tomou fogo da forja do ódio, e ventos do deserto da ignorância, e areia do mar do egoísmo, e terra pisada pelos pés dos séculos e amassou todos esses elementos e fez o homem. E deu-lhe uma força cega que se inflama nas horas de loucura e se apaga diante das tentações. Depois, depositou nele a vida, que é o reflexo da morte. E sorriu o Deus dos deuses. E chorou. E sentiu um amor enorme e infinito. E uniu o homem e a alma."
 * * * 
Corpo e alma são os elementos constituintes de todos os seres humanos. Imortal, o Espírito em progresso une-se à matéria a fim de experienciar situações as mais diversas, que lhe permitem conquistar virtudes, ajustando-se paulatinamente às imutáveis Leis Divinas. 
Quando encarnado, o Espírito se esquece, provisoriamente, de suas experiências passadas, de forma tal que possa escrever nova História no livro da vida. 
Assim, reflitamos por um instante: 
Que registros temos feito? 
Que valor temos dado à abençoada oportunidade de regressarmos a este planeta-escola? 
Permitimo-nos sentir o revigorante soprar do perdão diante do mal que nos fizeram? 
Soubemos nos perdoar em face do mal que também causamos? 
Quanto ao bem recebido: 
Conservamos gravada a lembrança dele em nossos corações, de forma que vivamos em estado de gratidão? 
E finalmente, sobre os bons atos que praticamos: 
Soubemos fazê-los humildemente, de maneira a não torná-los fonte de elogios vazios que nos engrandecem o orgulho e nos empobrecem o Espírito? 
* * * 
Dia virá, a todos nós, em que a vida material se encerrará. A maré alta apagará nossas pegadas. 
Porém, o céu infinito e luzidio do perdão concedido, do bem distribuído, do amor ofertado, esse permanecerá e brilhará por toda a Eternidade. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em texto do livro O Mensageiro, de Gibran Khalil Gibran, ed. ACIGI. 
Em 26.9.2020.

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