Quando imaginaríamos que o estabelecimento inicial de quinze dias de isolamento se prolongaria de tal forma, engolindo meses?
Quando pensaríamos que a pandemia fosse tão terrível, tão ameaçadora, retirando do nosso lado os nossos amores, de forma repentina?
Quando poderíamos imaginar que tantos morreriam, que faltariam leitos hospitalares, que não haveria equipamentos suficientes para a todos atender?
Ouvimos falar de epidemias e pandemias do passado.
Da peste negra, no Século XIV, que levou cem milhões de vida.
Dos relatos históricos consta que pessoas de posse saíram das cidades, rumo a suas propriedades isoladas, nos campos, longe dos doentes.
As famílias deixaram de se reunir à beira daqueles que estavam doentes.
Reuniões para funerais foram abandonadas. Os que tratavam dos contaminados adotaram roupas feitas de couro, para impedir que as secreções penetrassem no tecido.
Os médicos se serviam de uma máscara em forma de bico de pássaro, preenchido com ervas aromáticas.
No Século XX, por quase dois anos, a pandemia do vírus Influenza infectou cerca de um quarto da população mundial da época.
Foi a gripe espanhola, cujo número de mortos calcula-se tenha chegado aos cinquenta milhões.
Mas nós, vivendo o Século XXI, com melhores condições de higiene e saúde, jamais pensamos que uma nova pandemia poderia nos atingir.
Dizemos que ninguém nos preveniu que algo assim poderia vir a acontecer.
No entanto, há muito tempo, um homem que andou pelas terras da Galileia e da Judeia asseverou:
-Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. E haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.
São esses tempos que vivemos.
Tempos de peste, de fome.
Tempos de dor.
Tempos de provação.
No entanto, Ele também nos afirmou que não nos deixaria órfãos.
Portanto, Ele está conosco.
Nada está à matroca, sem eira nem beira.
Há um plano maior em execução e somente esperamos, conforme escreveu o cubano Alexis Valdés que quando a tempestade passar, as estradas se amansarem, e formos sobreviventes de um naufrágio coletivo.
Com o coração choroso e o destino abençoado, nos sintamos bem-aventurados só por estarmos vivos.
E aí nós lembremos de tudo aquilo que perdemos e de uma vez aprendamos tudo o que não aprendemos.
Não tenhamos mais inveja pois todos sofreram.
Não tenhamos mais o coração endurecido.
Sejamos todos mais compassivos.
Sejamos mais generosos e muito mais comprometidos.
Entendamos o quão frágeis somos, e o que significa estarmos vivos!
Vamos sentir empatia por quem está e por quem se foi.
Tudo seja milagre!
Tudo seja um legado.
E a vida que ganhamos seja respeitada!
Quando a tempestade passar, permita Deus que estejamos melhores, como Ele nos sonhou.
Redação do Momento Espírita, com transcrição do
Evangelho de Mateus, cap. XXIV, versículo
6 a 8, 10 e 12 e versos do poema Esperança,
de Alexis Valdés, publicado no site
Periodico Cubano, em 28.3.2020.
Em 1º.6.2021.
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