quarta-feira, 30 de junho de 2021

CHICO XAVIER - DESENCARNAÇÃO - 30 DE JUNHO

Chico Xavier (1910-2002) foi um médium brasileiro, reconhecido como o maior psicógrafo de todos os tempos. Com 4 anos de idade já via e ouvia os espíritos e conversava com eles. 
Chico Xavier (1910-2002) nasceu em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, no dia 2 de abril de 1910. Filho do operário humilde e da lavadeira Maria João de Deus ficou órfão de mãe quando tinha cinco anos de idade. Seu pai se viu obrigado a entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas e Chico Xavier ficou aos cuidados de sua madrinha, mulher nervosa que o maltratava cruelmente. Várias vezes ouvia sua falecida mãe dizer que enviaria um anjo para reunir toda a família. A segunda esposa de seu pai reuniu todos os seus irmãos e ainda teve mais cinco filhos. Chico Xavier passou a ter sonhos. Durante a noite se levantava agitado e conversava com os espíritos. De manhã, contava seus sonhos a sua família. O pai resolveu levá-lo ao vigário de Matozinhos que depois de ouvi-lo recomendou que o garoto não lesse mais jornais, revistas e livros. Disse-lhe que ninguém volta a conversar depois da morte. Ao conversar com sua mãe, triste por não ser compreendido por ninguém, escutou dela que precisava modificar seus pensamentos, que não deveria ser uma criança indisciplinada, para não ganhar antipatia dos outros. Deveria aprender a se calar e que, quando se lembrasse de alguma lição ou experiência recebida em sonho, que a seguisse. Precisava aprender a obediência para que Deus um dia lhe concedesse a confiança dos outros. Durante 7 anos consecutivos, de 1920 a 1927, ele não teve mais qualquer contato com sua mãe. Integrado na comunidade católica, obedecia às obrigações que lhe eram indicadas pela Igreja. Se confessava, comungava, comparecia pontualmente a missa e acompanhava as procissões. Levantava cedo para começar as tarefas escolares e em seguida seguia para o serviço da fábrica onde trabalhava de três da tarde, para sair as onze da noite. Em 1925 deixou a fábrica indo trabalhar na venda do Sr. José Felizardo. As perturbações noturnas continuaram, depois de dormir, caia em transe profundo. Em 1927 uma de suas irmãs ficou doente. Um casal de espíritas, reunido com sua família realizaram a primeira sessão espírita que teve lugar em sua casa. Na mesa, dois livros, "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. Ouviu da mãe: "Meu filho, eis que nos achamos juntos novamente. Os livros a nossa frente são dois tesouros de luz. Estude-os, cumpra com seus deveres e em breve a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos". A primeira e única professora de Chico que descobriu sua mediunidade psicográfica foi D. Rosália. Fazia passeios campestres com os alunos que deveriam no dia seguinte levar uma composição descrevendo o passeio. A de Chico tirava sempre o primeiro lugar. Ao entrar para o funcionalismo público, como datilógrafo, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, começa a demonstrar sua admiração pela natureza. Em 7 maio de 1927 foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo. Em junho do mesmo ano foi cogitada a fundação de um núcleo doutrinário. Em fins de 1927 o Centro Espírita Luiz Gonzaga, sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez presidente da instituição, estava bem frequentado. A nova sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga foi construída no local onde se erguia, antigamente, a casa de Maria João de Deus, mãe de Chico Xavier. Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier fez a primeira atuação do serviço mediúnico, em público. Seu primeiro livro psicografado foi publicado em 1931. Nesse mesmo ano Chico passou a receber as primeiras poesias e escreveu "Parnaso de Além-Túmulo", que foi lançado em julho de 1932. Em 1950, Chico Xavier já havia psicografado mais de 50 livros. Em 5 de janeiro de 1959 mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando nessa mesma data as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã. Deu início a famosa peregrinação. Aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita-Cristã", o médium visitava alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de pessoas. A cidade de Uberaba, transformou-se num polo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil e até mesmo do exterior. Os direitos autorais de seus livros publicados são cedidos gratuitamente às editoras espíritas ou a quaisquer outras entidades. Chico psicografou 451 livros, reproduzia o que os espíritos lhe transmitiam. Seus livros foram traduzidos para vários países. Psicografou várias cartas de mortos para suas famílias. Chico Xavier faleceu em Uberaba, Minas Gerais, no dia 30 de junho de 2002.

PARA VOCÊ, IRMÃO, AMIGO!

Este é um momento de dor. 
Acompanhamos o número crescente de mortes, de contaminados, de pessoas aguardando em hospitais uma vaga para o tratamento devido. Podemos aquilatar a dor de quem vê partir, de forma repentina, o ser amado, seja ele o cônjuge, o filho, o amigo, o namorado, o noivo. 
Não importa. 
São afeições cuja separação dilacera a alma. 
Por isso, as nossas palavras desejam alcançar você, que padece essa dor que somente é conhecida em sua profundidade, por quem já a sofreu. 
Por quem viu o ser querido realizar a viagem final, deixando um grande vazio em sua vida, pela sua ausência física. 
Sim, todos sabemos que a morte nos chegará, mais dia, menos dia.
Contudo, ainda somos, apesar de tantos anos de Cristianismo, apesar da mensagem da Imortalidade que nos legou Jesus, seres que não nos convencemos de que a permanência na Terra é transitória. 
Não poderia ser de outra forma. 
Se pensássemos que amanhã vamos morrer, não lutaríamos para conseguir o sustento honesto de cada dia, não pensaríamos em nos entregar a exaustivos estudos para contribuir positivamente para o mundo.
Se pensássemos que a morte nos aguarda ao virar a próxima esquina, não cogitaríamos em ter um filho, porque somente para o ver nascer, precisamos aguardar nove meses. 
É da natureza humana, e está contido na lei de conservação, esse amor à vida. 
Igualmente, está inserido na lei de progresso, estabelecida por Deus, o desejar crescer, produzir melhor. 
Está na lei de trabalho estipulada essa força que nos move para buscar o cargo, a função, a profissão que nos permita não somente o nosso bem-estar, mas o de outros, nossos irmãos. 
O que ocorre é que esta vida é tão extraordinária, maravilhosa, cheia de luz, de cor, de esperança, que vamos nos esquecendo de que não somos daqui. 
De que estamos somente de passagem. 
Então, quando a morte chega é sempre uma surpresa. 
Dizemos isso com nossas palavras: 
-Por essa eu não esperava. Morreu? Como? Falei com ele ontem. Almocei com ele. 
E nos vestimos de crepe. 
Por isso, ouvinte amigo, desejamos neste dia, chegar especialmente ao seu coração para lhe dizer que o desejamos abraçar. 
Sinta-se aconchegado ao nosso coração. 
Sinta as vibrações do nosso carinho o alcançando. 
Esteja você no hospital, enfermo ou aguardando a melhoria de alguém; esteja você acompanhando o corpo do seu afeto para o que chamamos a última morada, na carne, sinta as vibrações da nossa ternura. 
Estamos orando por você, pelos seus amores, encarnados ou desencarnados. 
Muitos nos reunimos, todos os dias, para orar ao bom Deus por toda esta Humanidade sofrida. 
Pedimos que as dores sejam abreviadas, que a pandemia se vá, que novos dias, de sol, de felicidade, surjam para todos. 
Confie, leitor amigo. 
O amanhã surgirá com o sol raiando nos céus. 
Os ventos virão nos acariciar a face e tornarão a nos segredar aos ouvidos: 
-Você não está sozinho. Deus está com você. Jesus nos governa. Tudo passa. Isso também passará. 
Somos todos viajores da mesma nau Terra. 
Permaneçamos unidos, na esperança, na fé. 
Redação do Momento Espírita
Em 30.6.2021.

terça-feira, 29 de junho de 2021

SE EU FOSSE DEUS...

João Manuel Simões
Certo dia, lemos uma poesia, cujos versos se referiam à hipótese de um ser humano ser Deus por uma semana. 
Se eu fosse Deus, escreveu o poeta, um minuto seria suficiente para tomar uma única decisão. Na qualidade de Deus, chamaria o meu anjo-secretário e ditaria os dois artigos singelos da minha lei: 
Artigo primeiro – A partir deste instante, ficam abolidos, em todos os quadrantes do terceiro planeta do Sistema Solar, na periferia da Via Láctea, a miséria, o desamor, a injustiça, a doença, a ignorância, a guerra e a morte. 
Artigo segundo – Revogam-se as disposições em contrário. 
* * * 
Certamente muitos de nós, como o poeta, faríamos a mesma determinação, eliminando, para sempre, a miséria, o desamor, a injustiça, a doença, a ignorância, a guerra e a morte. Mas, se observarmos bem, veremos que Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, já decretou isso nas Suas soberanas leis. É só uma questão de tempo para que essa situação se torne realidade. Isso porque o Criador, que é a Sabedoria Suprema, não pode violentar o livre-arbítrio de Seus filhos, impondo uma perfeição que ainda estamos longe de alcançar. Se Deus nos houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teríamos para gozar dos benefícios dessa perfeição. 
Onde estaria o merecimento sem a luta? 
Além disso, a desigualdade existente entre as criaturas é necessária às suas personalidades. Tudo isso colaborando com a harmonia do Universo.
Se todos os homens podem chegar às mais altas funções, seria o caso de perguntarmos por que o governante de um país não faz de cada um de seus soldados um general? 
Por que todos os empregados subalternos não são funcionários superiores? 
Por que todos os colegiais não são mestres? 
Isso não é possível porque cada um dos seres humanos é único, tem suas próprias qualidades. 
Por isso mesmo, cada um de nós tem missões diferentes sobre a Terra, conforme os graus de evolução em que nos encontramos. 
Se todos os Espíritos encarnados na Terra estivessem no nível de Ghandi, Chico Xavier, Madre Teresa, Irmã Dulce, não haveria necessidade de nenhum decreto proibindo a miséria, o desamor, a injustiça, a doença, a ignorância e a guerra. 
Somos filhos do Senhor do Universo e somente nos cabe fazermos a nossa parte para que, um dia, a Terra seja um planeta ideal, onde reinem a paz e a felicidade. 
Todos fomos criados simples e sem nenhum conhecimento, mas todos, sem exceção, temos como destino final a perfeição. 
Portanto, todos nós seremos anjos um dia, só depende da nossa vontade.
E essa vontade também inclui a busca das verdades que regem a vida, ou seja, as leis divinas. 
* * * 
A miséria, o desamor, a injustiça, a doença, a ignorância e a guerra, são problemas criados por nós mesmos. 
Portanto, não precisamos ser Deus para abolir todas as misérias que nos causam dor e sofrimento. 
Basta que queiramos, que nos empenhemos para isso, que estabeleçamos uma corrente firme, dando-nos as mãos, todos nós, com esse único propósito. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com frases iniciais de artigo de João Manuel Simões, publicado no Jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, Paraná, em 11 de março de 2003 e na questão 119 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 29.6.2021.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

A GAVETA DA IDENTIDADE

Hoje, pela manhã, exatamente como um raio de sol, você entrou em meu quarto. 
Seu olá teve o som de uma sinfonia imortal para os meus ouvidos. 
Esperei que você se aproximasse de mim, porque minhas pernas já não são tão firmes e tenho dificuldades para me manter em pé. 
Você ficou à distância. 
Reclamou do cheiro de mofo e abriu amplamente a janela. 
Fiquei feliz porque sempre dependo de que alguém chegue e faça isso por mim. 
Amo os dias de sol. 
Eles me recordam os dias felizes em que a memória não me traía tanto e eu podia me sentir útil, realizando pequenas tarefas no lar. Com a voz fraca, tentei conversar. 
Mas acho que você deve estar com muitos problemas, porque traz a face enrugada e parece muito contrariado. 
Suas respostas foram curtas e secas e resolvi me calar, respeitando as suas preocupações. 
Foi aí que você abriu a minha gaveta, aquela pequena da minha cômoda.
-Quanto lixo!, foi o que você disse. 
Meu coração começou a saltar. 
Você estava mexendo no meu tesouro. 
Alegrei-me porque agora, pensei, poderia lhe falar do significado de cada uma daquelas pequenas joias. 
A foto amarelada de seu avô e eu. 
Foi tirada durante nossa lua de mel. 
É em preto e branco. 
Mas eu recordo que o cravo na lapela do seu avô era vermelho e o meu vestido era estampado com flores miúdas coloridas. 
-Mas, o que você está fazendo? Não revire deste jeito as coisas da gaveta. Você poderá amassar a fita azul que eu usava nos meus longos cabelos. Ou então o papel de bombom que está aí. São tantas preciosidades. Não, não é lixo! É minha vida. Não jogue fora. Como não tenho com quem trocar ideias, nem quem me ajude a relembrar os dias vividos, que teimam em escapar da memória, sirvo-me dessas coisas antigas para avivar as recordações. Elas são o diário da minha vida. A flor seca me foi dada por sua mãe, em criança, num feliz dia do meu aniversário. Ela perdeu o viço, o perfume mas encerra lembranças dos dias venturosos em que aguardava as crianças virem da escola, esperava meu eterno noivo retornar da fábrica. Você estabelece o horário para eu comer, dormir, acordar. Não posso ter vontades, nem desejos atendidos. Os meus sonhos, as minhas melhores realizações estão encerradas nesta gaveta. Os objetos que guardo me ajudam a lembrar que eu existo. Não jogue fora minha identidade. Ela é feita de todas essas pequenas coisas que você chama de lixo e eu chamo Meu tesouro. 
 * * * 
Aprendamos a ver nos olhos da criança a mensagem da esperança e nos cabelos brancos a lição da experiência. 
Não nos esqueçamos que os que hoje vivem a velhice, foram homens e mulheres que deram o seu valioso contributo ao Mundo. 
Foram eles que nos geraram, permitindo-nos a vida na Terra. 
Foram eles que nos educaram. 
Foram eles que prepararam as bases para que pudéssemos desfrutar na atualidade esse mundo de conforto, de tantas e proveitosas oportunidades. 
Tratemos muito bem os nossos idosos, hoje, enquanto estão conosco.
Amanhã, poderá ser tarde demais. 
Redação do Momento Espírita. 
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. Fep. 
Em 4.1.2013.

domingo, 27 de junho de 2021

O GATO E A MEDITAÇÃO

Um grande mestre religioso, responsável por um dos mais importantes mosteiros de sua região, tinha um gato que era sua verdadeira paixão na vida. Assim, durante as aulas de meditação, mantinha o gato ao seu lado para desfrutar o máximo possível de sua companhia. Certa manhã, o mestre – que já estava bastante idoso – apareceu morto. O discípulo mais graduado ocupou seu lugar. Os monges começaram a pensar no que fariam com o gato. Então, numa homenagem à lembrança de seu antigo instrutor, o novo mestre decidiu permitir que o gato continuasse frequentando as aulas. Alguns discípulos dos mosteiros vizinhos, que viajavam muito pela região, descobriram que, num dos mais afamados templos do local, um gato participava das meditações. A história começou a correr. Muitos anos se passaram. O gato morreu, mas os alunos do mosteiro estavam tão acostumados com aquela presença que arranjaram outro gato. Enquanto isso, os outros templos começaram a introduzir gatos em suas meditações: acreditavam que o gato era o verdadeiro responsável pela fama e qualidade do ensino daquele mestre que já havia partido, e esqueciam-se de que o antigo mestre era um excelente instrutor. Uma geração se passou. E começaram a surgir tratados técnicos sobre a importância do gato nas meditações propostas por aquela doutrina. Um professor universitário desenvolveu a tese - aceita pela comunidade acadêmica – de que o felino tinha a capacidade de aumentar a concentração humana e eliminar as energias negativas. E assim, durante um século, o gato foi considerado parte essencial no estudo daqueles princípios religiosos naquela região. Até que apareceu um mestre que tinha alergia a pelos de animais domésticos e resolveu tirar o gato de suas práticas diárias com os alunos. Houve uma grande reação negativa, mas o mestre insistiu na decisão. Como era um excelente instrutor, os alunos continuaram com o mesmo rendimento escolar, apesar da ausência do gato. Pouco a pouco, os mosteiros – sempre em busca de ideias novas, e já cansados de alimentar tantos gatos – foram retirando os animais das aulas. Em vinte anos, surgiram novas teses revolucionárias com títulos convincentes como: A importância da meditação sem o gato. Mais um século se passou, e o gato saiu por completo do ritual de meditação naquela região. Mas, foram precisos duzentos anos para que tudo voltasse ao normal, desde que nunca alguém havia se perguntado, durante todo esse tempo, o porquê do gato estar ali. Um escritor, que depois de séculos tomou conhecimento dessa história, deixou registrado em seu diário a seguinte observação: 
-E quantos de nós, em nossas vidas, ousam perguntar: por que tenho de agir desta forma? Até que ponto, naquilo que fazemos, estamos usando coisas ou ações inúteis, que não temos a coragem de eliminar ou questionar, porque nos disseram que essas coisas ou ações eram importantes para que tudo funcionasse bem?
* * * 
Há muito a refletir com esta narrativa. Lembremos de nossas manias, rituais, de nossas crenças arraigadas que nunca foram por nós questionadas, e pensemos se não são como o gato da história. O homem novo precisa rever tudo aquilo em que acredita, e permitir que a razão lhe ilumine os passos, deixando as sombras da ignorância para trás. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A importância do gato na meditação, do livro Histórias para pais, filhos e netos, de Paulo Coelho, ed. Globo. 
Em 7.12.2013.

sábado, 26 de junho de 2021

O GAROTO DO TERMINAL

Terminal de ônibus. 
Manhã de frio e neblina forte. 
Muitos se acotovelam, aguardando a condução que os haverá de conduzir ao trabalho ou à escola. 
Entre tantos, alguém chama a atenção da jovem que também aguarda. 
É um menino de uns dez anos, não mais. Pele morena, blusa de lã, cabelos cortados rente. Olhos pequenos, infinitamente pretos, agitando-se nas órbitas. Vez ou outra, de forma quase contínua, ele levava a mão esquerda à boca e ela percebia que ele estava cheirando cola. Era um viciado. Tão pequeno, tão indefeso e penetrando já por vielas tão obscuras. 
-Poderia ser meu filho, pensou a jovem. Não fosse eu a mãe dedicada e que tem a possibilidade de deixar o próprio rebento aos cuidados de pessoa nobre, enquanto trabalho. Poderia ser meu filho, continua a pensar ela. Não estivesse eu, aqui na Terra, ao lado do filho de minhas entranhas. Poderia ser meu filho se eu não desfrutasse dos valores dignificantes que o cristianismo propõe e que repasso a cada dia, para meu filho. 
Sentiu que as lágrimas lhe chegavam aos olhos. 
Onde estaria a mãe daquela criança? 
Saberia o que seu filho estava fazendo àquela hora da manhã? 
Seu olhar encontrou o do pequeno, que logo desviou os seus dos olhos dela, incomodado. Ela cedeu ao impulso e se aproximou. Ele se retraiu.
Estranha cena. Ela estendeu a mão e lhe acariciou a face, depois a orelha. Achegou-se bem perto e começou a lhe falar ao ouvido. Falava tão baixo e de forma tão doce, que chamou a atenção do companheiro do garoto que também se aproximou, desejando ouvir. Ela lhe falou dos perigos da droga, dos problemas que ela lhe causaria ao cérebro tão novo.
-Problemas para o restante da sua vida. 
Depois foram palavras de afago, de ternura que brotaram daqueles lábios jovens. Palavras que lhes acenavam com esperança e reconforto. 
Os meninos ouviram nos primeiros instantes. Depois se tornaram desconfiados e pulando a amurada, debandaram. O carinho dela os havia afugentado. 
Pequenas aves assustadas, sem ninho. 
Acostumadas a pedradas, a olhares de reprovação e impiedade, não podiam imaginar que aquela pessoa falasse a verdade. 
Assustaram-se como aves que fogem aos passos apressados dos caminhantes nas calçadas. 
A jovem ainda ficou ali um tanto mais, acompanhando-os com o olhar, até os ver sumirem no mar da multidão. 
-Poderia ser meu filho, falou para si mesma, não estivesse ele protegido em meu lar, sob os afagos do carinho e os cuidados da maternidade e paternidade responsáveis. 
* * * 
Enquanto prosseguimos nos digladiando em nome de ideias diferentes a respeito desse ou daquele ponto de vista, sobre esta ou aquela forma de interpretação das passagens evangélicas, a morte ronda os passos dos filhos de ninguém. 
Muitos deles não chegarão à juventude, porque têm a infância agredida e os anos roubados pela droga. 
Enquanto isso, o apelo de Jesus prossegue: 
-Deixai que venham a mim os pequeninos, e não os impeçais... E qualquer dessas coisas que fizerdes a um desses pequeninos, a mim mesmo o fazeis... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.12.2010.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

FEITO REVOADA

Você já observou uma dessas árvores comuns, altaneiras, quando estão repletas de pássaros em seus galhos?
As aves pousadas preenchem os espaços, e mesmo os ramos mais secos parecem ganhar vida com a visita animada dos pequenos seres alados. 
O vegetal erguido em direção ao Alto ganha movimentos que não possuía. Ganha sons que não era capaz de emitir. 
A vida se soma à vida. 
A árvore nunca foi tão exuberante. 
No entanto, sem avisar, sem aparente razão, subitamente todos eles resolvem bater em revoada ao mesmo tempo. 
Outro belíssimo espetáculo de se ver. 
Coordenados, sem medo, obedecendo a um comando interno que lhes faz desafiar os ares a todo instante, eles voam... 
Eles voam, buscando seus destinos, continuando a desempenhar seu importante papel na Criação. 
Mas e a árvore? 
Normalmente nem mais a notamos. 
A árvore permanece, agora, aparentando estar vazia, incompleta, sem vida... sem beleza. 
Ela sente falta dos passarinhos, dos ruídos, da festa, daquela alegria toda em torno de si. 
* * * 
Há épocas da vida que parece que as pessoas começam a partir assim, feito revoada, todas quase ao mesmo tempo. 
As redes sociais possibilitam que saibamos desse tipo de notícia instantaneamente. 
Lá se foi aquele amigo distante. 
Agora aquele outro, pai de fulano, mãe de beltrana... 
E quando chega a vez dos nossos próximos mais próximos nos damos conta de que todos teremos que partir um dia. 
Sentimo-nos, então, como a árvore que perdeu todos os pássaros que cantavam e brincavam em seus braços. 
Sentimo-nos minguados, desfolhados, silenciosos... 
É de se compreender a tristeza da árvore, ela é autêntica. 
Necessário lembrar, vez ou outra, que os pássaros não pertencem às árvores, que não fazem parte dela, como o tronco, a galhada ou as folhas.
São visitantes passageiros, que fizeram breve morada ali, em seu aconchego verdejante, antes de seguir suas jornadas pelo espaço sem fim. 
Assim, poderíamos perguntar: deve a árvore sofrer com as revoadas frequentes da existência, ou rejubilar-se com os belos voos de seus novos amigos passarinhos? 
A resposta é admirável: ela precisa das duas coisas. 
Não há mal algum em sofrer. 
As almas mais sensíveis sofrem a ausência e a despedida. 
Choram as lágrimas da gratidão, das boas lembranças e da falta das energias do outro no campo das suas próprias. 
Mas, também porque amam, choram de alegria pela libertação, pela beleza de um voo que é certo para todos, pois é voo de final de uma etapa e início de uma nova. 
É um voo de renovação. 
Curioso é que somos, ao mesmo tempo, árvore e passarinho. 
E conhecemos a história a partir dos dois pontos de vista. 
Bate em nós, vez ou outra, essa melancolia das revoadas, quando o olhar se detém apenas nas árvores esvaziadas que ficaram. 
Juntemos a esse sentir um outro: o deslumbre pelo céu repleto de asas, pelo bailar seguro e bem desenhado dos pequenos seres que partem daqui para ali, que continuam existindo, que logo mais pousarão em outras florestas, numa continuada e esplêndida celebração à vida que não cessa jamais. 
Redação do Momento Espírita 
Em 25.6.2021.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

À SEMELHANÇA DO CRIADOR

No livro bíblico de Gênesis, no seu primeiro capítulo, encontramos a descrição sintética da criação do homem: 
-Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.
Nesse versículo está o atestado inconteste da grandeza de um Criador refletida na grandiosidade de Sua mais elaborada criação. 
E toda vez que descobrimos a engenhosidade do ser humano, sua capacidade de inventividade, esse versículo nos retorna à mente. 
Simon Beck
Um cartógrafo britânico, que passa o inverno em sua casa, na estação de esqui Les Arcs, na França, é um desses exemplos. Precisando se exercitar, decidiu caminhar até completar, com seus passos, o desenho de uma estrela e de alguns círculos. A neve caiu e cobriu a sua obra. Ele voltou e realizou um desenho mais complexo. Inicialmente, não nutria a intenção de criar uma snow art, mas, cinco anos depois, quando começou a compartilhar as fotos das suas criações nas redes sociais, transformou o passatempo em algo verdadeiramente sério. A maioria dos desenhos são variações de outros que já foram feitos e podem alcançar as dimensões de um campo de futebol. Em dias de condições favoráveis, ou seja, um dia de sol, com vento fraco, solo uniforme, neve com cerca de vinte e três centímetros de espessura, chega a trabalhar doze horas, sem se cansar. Tudo é planejado com uma bússola, as distâncias medidas com fita métrica ou contando os passos. E se acontece de errar, ele altera o desenho.
Algumas das suas obras são efêmeras, embora outras possam durar até duas estações. Por isso, o importante é fotografar, registros que renderam um livro, lançado em 2014. Fascinado pelo seu trabalho, se encanta ao ver a textura da neve e seu aspecto quando iluminada. Tendo ultrapassado trezentas criações, inclusive nos Estados Unidos, Japão, Canadá, ele prossegue, incansável. 
 * * * 
Deus semeia estrelas no Universo sem fim. 
Astros que nos encantam com seu brilho e sua grandeza. 
O homem as reproduz, gravando-as na neve, com seus pés. 
Tudo medido, pensado, elaborado. 
Quanto podemos, nós, simples seres humanos, quando desejamos criar o belo para este mundo. 
Imaginemos quando todos resolvermos investir nossos esforços, nossa criatividade somente no bom e no belo. 
Quantas maravilhas ainda mais extraordinárias haveremos de oferecer ao mundo, na arquitetura, na pintura, na escultura. 
Focados na beleza, cada milímetro de terra, de areia, de pedra, de floresta ou deserto que olharmos, transformaremos em um oásis de criações minúsculas ou gigantescas. 
Quando deixarmos de nos considerar competidores, quando decidirmos nos dar as mãos, unindo inteligências e criatividade, que mais haveremos de produzir? 
Com certeza, tudo o que as mais extraordinárias ficções até hoje nos ofereceram se tornarão pequenas, porque, imagem e semelhança do Criador, demonstraremos o ilimitado das nossas potencialidades. 
E tudo reside em nossa vontade, em nossa ação para colocar em prática o mais grandioso, fenomenal e inventivo produto de nossas capacidades unidas. 
Hoje ainda, agora, enquanto os minutos se espreguiçam nas horas e as horas decidiram não fechar o dia. 
Redação do Momento Espírita, com fatos da vida de Simon Beck, colhidos em noticiários variados. 
Em 24.6.2021.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

O GAROTO DAS MEIAS VERMELHAS

Ele era um garoto triste. 
Procurava estudar muito. 
Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa. Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas. Um dia, o cercaram e lhe perguntaram por que ele só usava meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade: 
-No ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela.
-Ora, disseram os garotos, mas você não está num circo. Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora? 
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: 
-É que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso, eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela. 
* * * 
Carlos Heitor Cony
Muitas almas existem, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi. Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique, em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração. São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto eles mesmos se lançaram à procura de tesouros, nem sempre reais. Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue. Têm sede de carinho e fome de afeto. Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura. São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas. Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as meias vermelhas. Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas. Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversário, da festividade especial. Aguardam... São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre à espera de que alguém que partiu, retorne. Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu, nem deu notícia alguma, volte ao lar. São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa, um dia, e esperam o retorno. Almas solitárias. Lesadas na afetividade. Carentes. 
 * * * 
CHICO XAVIER
O amor, sem dúvida, é lei da vida. Ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro. E nem pode aquilatar da qualidade das reações que virão daqueles que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida. Todos devemos respeito uns aos outros. Somos responsáveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações. Se alguém estiver usando meias vermelhas, por nossa causa, pensemos se este não é o momento de recompor o que se encontra destroçado, trabalhando a terra do nosso coração. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em crônica de Carlos Heitor Cony, da agenda Renascer 2004 e no cap. 31, do livro Momentos de ouro, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM.
Em 20.8.2015.

terça-feira, 22 de junho de 2021

SER CRIANÇA

Férias escolares. 
Momentos imperdíveis junto de nossas crianças. Tudo parece mais colorido, mais musicado e mais vívido junto delas. Quando se reúnem nas brincadeiras descontraídas, podemos ouvir suas risadas. Elas manifestam pureza de sentimentos e alegria sadia, no convívio feliz. Primos que se encontram na casa dos avós, amigos que se reencontram matando saudades, fazem o ar parecer diferente. 
O que dizer então daqueles que moram nas grandes cidades, que passam o ano entre o apartamento e o recinto da escola, e que vão gozar suas férias em local livre, amplo. Tudo para eles se torna, então, motivo de festejos. A novidade do local onde se hospedam, o clima diferente, as horas livres. O cheiro gostoso de um bolo, da pipoca, um suco natural podem se tornar motivo para uma festa especial. 
Ser criança é ser muito especial, é correr até cansar, é rolar no chão, é rir de qualquer brincadeira. 
Importante sabermos aproveitar o período das férias de nossas crianças para apertarmos os laços de afeto entre nós e eles, recém-chegados para mais uma experiência na Terra. 
* * * 
Jesus, ao pedir que deixassem ir até ele as criancinhas, tomou-as como símbolo da pureza de coração, de simplicidade e de humildade. 
Queria o Mestre de Nazaré que os homens aceitassem Seus ensinos, se entregassem a Ele, com a confiança das crianças. 
E temos muito a aprender com elas. 
Crescemos e parece que esquecemos de nosso período de infância. 
Por vezes, nos tornamos desconfiados, intolerantes. 
Necessitamos deixar viver a criança que existe em nós, buscando ser alegres e simples, manifestando confiança e descontração. 
Ser criança, na Terra, é se preparar para a nova jornada de lutas e de aprendizados. 
Lembramos que quando tomamos um novo corpo para viver neste mundo, apenas o corpo é novo. 
Nós, Espíritos imortais, somos milenários. 
Fazemos uso deste corpo, onde o cérebro virgem começa a registrar as novas experiências. Por isso, o período da infância constitui como que um repouso para o Espírito. 
Tudo parece novidade porque as lembranças do ontem, de um modo geral, estão arquivadas no inconsciente. Este um dos motivos que nos deve estimular a agirmos o mais corretamente possível com nossos pequenos, a fim de lhes proporcionar um novo e produtivo aprendizado.
Obedecendo ao convite de Jesus, levemos nossas crianças ao Seu encontro. 
Permitamos aos nossos pequenos a evangelização desde seus primeiros anos para que eles possam beber dos Seus ensinos.
Exemplifiquemos a vivência dos ensinamentos do Mestre para que se sintam seguros e confiantes. 
Oremos com eles, demonstrando-lhes que através da prece sincera e elevada, estabelecemos contato com as esferas de luz, donde usufruímos bênçãos, forças e coragem para enfrentar os desafios da vida. 
Com essa bagagem, mais fácil será sua caminhada. 
Facilitemos para que cresçam levando consigo a alegria de viver, e que possam continuar nos presenteando com suas gargalhadas cristalinas.
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.3.2018.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

PROJETO PARA HOJE

Hoje é o dia especialmente criado por Deus para a realização de um sonho. 
O seu sonho. 
Afinal, que ideias você anda guardando secretamente? 
Qual o projeto ao qual você tem, nos últimos tempos, dedicado mais horas dos seus pensamentos? 
Pois hoje é o dia de, pelo menos, dar início às obras. 
Este dia está para você, hoje, como esteve uma manhã para Beethoven, quando acordou com as notas básicas da Quinta Sinfonia na cabeça. Apesar de já se dedicar ao seu talento, ele certamente não imaginava que mais de duzentos anos depois, quase todos os habitantes do planeta, mesmo crianças, conheceriam aquelas poucas notas que iriam se repetir durante toda a sua sinfonia. 
O dia de hoje está para você exatamente como esteve para Chopin, na tarde em que, escutando o tamborilar de uma goteira na sacada de sua casa, correu ao piano e compôs uma valsa. 
É um dia com todas as horas semelhantes àquelas que levaram Michelangelo a esboçar o projeto de pintura da Capela Sistina, em Roma. Projeto que levaria quatro anos para ficar pronto. Projeto que lhe valeu quase a perda da visão e o deixou doente, pelas condições precárias de trabalho, tanto quanto pela posição incômoda que a pintura da abóbada exigia. 
Pense que todos os gênios e pessoas importantes da História da Humanidade tiveram o mesmo tempo que você tem para colocar suas ideias em prática. 
Mesmo grandes pessoas de sucesso, que não estão nos livros de História da Humanidade, vêm fazendo as coisas com o mesmo número de horas disponíveis que você tem. 
Naturalmente, cada pessoa vive dentro de uma circunstância. 
Mas, a partir de sua realidade, o que você vai fazer, hoje, para realizar o seu projeto pessoal? 
Ele pode ser grandioso e ser dirigido para muitas pessoas. 
Ele pode ser especial e ser dedicado a alguém em particular ou até a você mesmo. 
O seu projeto pode ser ter a coragem de apanhar o celular e digitar o número daquele amigo com o qual você se desentendeu e pedir-lhe desculpas. 
O seu projeto pode ser reatar um namoro, retornar para o lar, que você acabou de descobrir ser um ninho de aconchego. 
O seu projeto pode ser se matricular no curso de culinária, jardinagem ou de pós-graduação, de mestrado ou doutorado. 
O seu projeto pode ser uma viagem para o Oriente ou a velha Europa, ou simplesmente até a casa de sua mãe, para lhe dizer, sorrindo: 
-Oi, como vai a velhinha mais amada do meu coração? 
* * * 
Está no ar um novo dia. 
Programe já o que você vai fazer. 
O tempo está a seu favor. 
Use bem a sua inteligência, o seu talento, a sua força de vontade, a sua emoção. 
Este será um dia para você subir um degrau a mais na escada do progresso. 
Exatamente hoje, você pode criar as condições para chegar lá. 
Por isso, escolha bem os seus pensamentos. 
Não perca tempo com o que lhe traz aborrecimentos. 
Não perca tempo com maus pressentimentos. 
Entregue-se a Deus. 
Confie nEle, na sua capacidade, e vá em frente. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. 
Em 21.6.2021.

domingo, 20 de junho de 2021

O GARFO E A MORTE

Jack Canfield e Mark Victor Hansen
O anúncio da chegada de Martha sempre trazia um sorriso para o rosto do Padre Jim. Tia Martie, como todas as crianças a chamavam, parecia espalhar fé, esperança e amor onde quer que fosse. Mas, dessa vez, havia algo diferente em sua expressão. Com o rosto sério, ela contou ao padre que o médico acabara de lhe dar a notícia de que ela estava com câncer em estágio avançado. 
-Ele disse que eu tenho, na melhor das hipóteses, três meses de vida. 
As palavras de Martha eram graves, embora estivesse bastante calma. 
-Eu lamento muito..., foi o que Padre Jim começou a dizer mas, antes que ele terminasse a frase, Martha o interrompeu: 
-Não lamente. Deus tem sido bom comigo. Tive uma vida longa e feliz e estou pronta para ir. O senhor sabe disso. Mas, o que desejo mesmo falar com o senhor é sobre meu funeral. Tenho pensado nisso e há coisas que vou querer. 
Os dois conversaram por um bom tempo. Falaram sobre os cânticos e as passagens bíblicas preferidas de Martha, e as muitas lembranças que dividiram, nos cinco anos, em que o Padre Jim esteve na paróquia. Quando parecia que tinham visto todos os detalhes, Tia Martha parou, olhou para o padre com um brilho nos olhos e acrescentou: 
-Há mais uma coisa. Quando me enterrarem, quero minha velha bíblia em uma das mãos e um garfo na outra. 
O pedido surpreendeu o Padre Jim: 
-Por que a senhora quer ser enterrada com um garfo? 
E ela explicou: 
-Estive pensando em todos os jantares e banquetes da comunidade a que compareci ao longo dos anos. Uma coisa sempre me chamava atenção. Em todas aquelas reuniões tão agradáveis, quando a refeição estava quase no final, alguém vinha recolher o prato sujo. Posso até ouvir as palavras agora. A pessoa se inclinava sobre o meu ombro e dizia baixinho: “Pode ficar com seu garfo!” O senhor sabe o que isso queria dizer? Que a sobremesa estava vindo! E não se tratava de um pote de gelatina, um pudim ou uma taça de sorvete, porque nada disso se come com garfo. Significava que era algo realmente gostoso: um bolo de chocolate ou uma torta de cereja! Quando me diziam que eu podia ficar com o garfo, eu sabia que o melhor ia chegar. É exatamente sobre isso que quero que as pessoas falem no meu funeral. Elas podem lembrar todos os bons momentos que tivemos. Isso será ótimo. Mas, quando passarem pelo meu caixão, quero que se espantem e perguntem: “Para que o garfo?” E quero que o senhor lhes diga que eu fiquei com o garfo porque o melhor ainda vai chegar. 
* * * 
Vivei bem e bem sabereis morrer, diz o ditado oriental. 
Nosso comportamento, nossas atitudes e conquistas, durante a vida, irão determinar o que encontraremos no mundo espiritual quando partirmos.
Sejamos, assim, homens e mulheres de bem, e tenhamos a plena certeza de que a felicidade e a alegria da vitória estarão nos aguardando. 
A melhor preparação para esse acontecimento certo em nossas existências é a vida no bem, é o desapego dos bens materiais, e o amor que cultivarmos por todos aqueles que nos cercam. 
Dessa forma, poderemos ter a certeza de que o melhor ainda vai chegar.
Redação do Momento Espírita, com base no texto O garfo e a morte, de Roger William Thomas, do livro Histórias para aquecer o coração, v.2, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante. 
Em 18.11.2013.

sábado, 19 de junho de 2021

GANHANDO NA LOTERIA

Jack Canfield, Mark Victor Hansen
Jennifer Read
Hawthprne 
Quantas vezes você já disse: 
-Se eu ganhasse na loteria...? 
E já fez planos, organizou viagens e passeios... em sua mente? 
Somos muitos os que aguardamos uma mudança radical: ganhar na loto, ser sorteados no supermercado, ganhar um super carrão do shopping. Ficamos aguardando o dia em que somas de dinheiro nos chegarão e nossas dificuldades financeiras desaparecerão. 
Jane era assim. 
-Se eu ficar rica, dizia, vou me mudar para um apartamento maior e renovar meu guarda-roupa. 
-Vai sonhando, lhe dizia uma amiga. Suas chances de ficar rica são tantas quanto as minhas. 
Marci Shimoff
Mas, de repente, Jane ganhou uma herança considerável. No princípio, nada disse a ninguém. Depois, confidenciou para a amiga. E começou a fazer listas para gastar sua riqueza recém-conquistada. Cada dia, as anotações mudavam. O que estava em cima, como prioridade, ia para baixo e ela colocava no alto outras prioridades. A amiga a viu atormentar-se e um dia lhe falou: 
-Jane, por que tanta preocupação? Você não precisa gastar toda a sua herança de uma só vez. Pense um pouco. Ore, peça orientação a Deus.
Embora concordando, Jane ficou um pouco irritada com a observação. O tempo foi passando e as listas foram sendo substituídas, dia após dia. Apartamento, guarda-roupa, viagens, carro... Finalmente, certa manhã, Jane chamou sua amiga. 
- Quero ouvir sua opinião, falou ao telefone. Já decidi como vou usar minha herança. 
A amiga não estava nem um pouco ansiosa para ler mais uma daquelas listas. No entanto, foi à casa de Jane. Para sua surpresa, enquanto lhe era servido um delicioso café, uma única folha de papel foi colocada sob seus olhos. Não era uma lista enorme. Havia somente três itens, escritos em letra de forma: igreja, caridade, netos. 
-Segui seu conselho, explicou Jane. Orei a Deus, não uma, mas muitas vezes. E dei-me conta de que a comunidade religiosa é muito importante para mim. Desse modo, uma boa parte irá para ela, a fim de que possa servir à divulgação do bem. Depois, eu sempre quis ajudar as crianças. Por isso, outra parte irá para as instituições que trabalham com crianças necessitadas. Quanto aos netos, dividirão a terceira parte da herança. Claro que não a vou entregar assim, de mão beijada. Eles terão que provar que a merecem, trabalhando, guardando o seu próprio dinheiro. Mas a receberão, de forma paulatina. 
Jane disse, por fim, que o apartamento maior com que sempre sonhara não era tão importante. Bom, ela somente não desistiu do novo guarda-roupa. Esse, ela o adquiriu, para se sentir renovada, por fora também. 
* * * 
Tudo que nos chega é talento que a Divindade nos concede. 
Ter a sabedoria de multiplicar cada um deles, utilizando-o a bem de outros, constitui felicidade. 
E como dizia Emmanuel Kant: 
-Não somos ricos pelo que temos, mas sim pelo que não precisamos ter.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A lista, de Agnes Moench, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthprne e Marci Shimoff, ed. Sextante. Em 20.5.2017.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

A FUNDAMENTAL COMPREENSÃO

Edgar Morin
O filósofo contemporâneo Edgar Morin afirma que a compreensão é fundamental para vivermos no século XXI. Como as interdependências se multiplicam, como a comunicação se intensifica, o problema da compreensão se tornou crucial, segundo ele. E, ao tratar do tema, Morin propõe uma ética da compreensão. Essa ética parte do princípio que devemos compreender desinteressadamente, sem esperar reciprocidade. Exige muito mais do que só compreender aquele mais próximo. O grande desafio será compreender o que consideramos diferente, o distante. 
Assim nos perguntamos, como compreender o inimigo, aquele que nos deseja o mal e quer nos prejudicar? 
Como compreender o assassino, o déspota, o mau? 
Esse exercício de compreensão é muito mais desafiador. 
É o desafio de se analisar, de se argumentar, ao invés de anatematizar, excomungar, diz Edgar Morin. 
Compreender o próximo é exercitar a aproximação, a empatia, muitas vezes, a solidariedade. 
Compreender não significa aceitar, concordar, ser conivente. 
É o exercício de mergulhar no universo do outro, entender seus valores, suas motivações, para identificar a causa de suas ações. 
No dizer de Morin, a compreensão não desculpa nem acusa. 
Pede apenas que se evite a condenação definitiva, irremediável, como se nós mesmos nunca tivéssemos conhecido a fraqueza, nem houvéssemos cometido erros. 
Compreender é humanizar o próximo, entendendo que tantas vezes também teremos necessidade de sermos compreendidos. 
Assim, antes de julgar, avaliar, analisar, buscar compreender. 
* * * 
Afrontado pela turba prestes a apedrejar a mulher adúltera, Jesus usou da compreensão. E conclamou aquelas pessoas a imitá-lO, mostrando que todos nós estamos sujeitos a erros e tropeços. 
Foi por esse motivo, compreendendo suas próprias fragilidades, que um a um, os homens foram deixando a praça pública, deitando as pedras ao solo, como descrevem os Evangelhos. 
-Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou?
Perguntou-lhe o Mestre. 
-Eu também não te condeno. 
Era o exercício da compreensão, não da conivência. 
Por isso, conclui o diálogo aconselhando-a: 
-Vai e não tornes a pecar. 
Deixa claro que o erro existia, porém ensinando que a compreensão é a grande lição a ser aprendida. 
Assim, antes de julgarmos outra pessoa, busquemos a compreensão.
Talvez sua grosseria seja apenas a dificuldade em lidar com os problemas profundos que traz em seu cotidiano. 
Ainda, a agressividade de outrem pode ter-se originado em raízes profundas de desestruturação familiar e social. 
Afinal, logo mais seremos nós os necessitados da compreensão alheia, frente aos prováveis deslizes que surgirão. 
Como bem analisa Edgar Morin, se soubermos compreender antes de condenar, estaremos no caminho da humanização das relações humanas.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VI, do livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, de Edgar Morin, Cortez Editora. 
Em 7.10.2015.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

IMENSIDÕES SIDERAIS

ANDREY CECHEIRO
Como alguém pode postar-se diante de tudo isso e não se sentir grande?
Como pode não perceber sua própria imensidão? 
Como alguém pode postar-se diante do Universo e não se sentir parte?
Somos astros em inevitável ascendência. 
Luzes que se acendem conforme vão desvendando sua própria essência e conhecendo seu amor nuclear. 
Não importa onde estejamos no Universo. 
Mesmo a imensidão não nos define – impossível definir o infinito. 
A imensidão é apenas nosso profundo reconhecimento de grandeza, filiação e gratidão. 
* * * 
Camille Flammarion
Que nosso Espírito se lance ao espaço e veja rolar diante de si o mecanismo gigantesco – mundos e mundos, sistemas após sistemas, na infinita sucessão de Universos estrelados. 
Ouçamos, como Pitágoras, as harmonias siderais nas amplas e rápidas revoluções das esferas. 
Contemplemos, na sua realidade, os movimentos simultaneamente acelerados e regulares que realizam. 
Observemos que uma Lei suprema, universal, dirige esses mundos. 
A Via Láctea desenrola, como uma faixa imensa, suas milhares de estrelas, tão comprimidas, tão longínquas que parecem formar uma massa contínua. 
Por toda a parte, à medida que a noite se torna mais negra, outras estrelas aparecem, outras chamas se acendem como lâmpadas suspensas no santuário divino. 
Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam seus raios prateados. Eles nos impressionam à distância e nos falam uma linguagem muda. Eles não brilham com o mesmo esplendor, e a potente Sírius não pode ser comparada à longínqua Capela. Suas vibrações levam séculos para chegar até nós, e cada um de seus raios é como um canto, uma melodia, uma voz penetrante. 
Esses cantos se resumem assim: 
-Nós, também, somos focos de vida, de sofrimento e de evolução. 
Almas, aos milhares, efetuam em nós destinos semelhantes aos vossos.
Entretanto, nem todos possuem a mesma linguagem, pois uns são estadas de paz e de felicidade, e outros, mundos de luta, de expiação, de reparação pela dor. 
Alguns, como que sussurram: 
-Já te conhecemos, alma da imensidão, já estiveste gravitando nestas paragens... 
Outros ainda proclamam: 
-Te aguardamos, habitante sideral, de braços abertos, quando puderes aqui estar... 
Assim, todas as estrelas nos cantam seu poema de vida e de amor, todas nos fazem ouvir uma evocação poderosa do passado ou do porvir. Elas são as moradas da Casa de nosso Pai, as etapas, as soberbas balizas das estradas do infinito, e nós por aí passaremos, aí viveremos todos para, um dia, entrarmos na luz eterna e divina. 
LÉON DENIS
Um livro grandioso está aberto aos nossos olhos, e todo observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida eterna.
Espaços e mundos! 
Que maravilhas nos reservais? 
Imensidões siderais, profundezas sem limites, dais a impressão da majestade divina. 
Em vós, por toda a parte e sempre, estão a harmonia, o esplendor, a beleza! 
Diante de vós, todos os orgulhos caem, todas as glórias tolas se desfazem, desaparecem. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Imensidões siderais, de Andrey Cechelero, no cap. II do livro Deus na Natureza, de Camille Flammarion e no cap. X, do livro O Grande Enigma, de Léon Denis, ed. FEB. 
Em 17.6.2021

quarta-feira, 16 de junho de 2021

FUNÇÃO EDUCATIVA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Em geral, vivendo sempre ansiosos, entre sucessos e fracassos, esperamos tudo alcançar pela graça divina. Quando isso não acontece, reclamamos de abandono celestial. 
Com o velho hábito de colocar a culpa pelos nossos fracassos nos outros, demoramos a compreender que a vida exige ação correta, e que somente nos esforçando alcançaremos os resultados desejados. 
Quantas vezes imaginamos que a proteção divina apenas se faz para os outros, lhes proporcionando sucesso, êxito nas empreitadas. 
Esquecemos de que a Terra é um educandário, uma escola onde não apenas aprendemos, mas também corrigimos e aperfeiçoamos nossas qualidades. 
Na maioria das vezes, imaginamos Deus ao nosso lado somente quando estamos festejando, sorrindo e gozando felicidade. 
Não entendemos, ainda, que as aparentes negativas divinas aos nossos pedidos são, na verdade, em nosso próprio benefício, proporcionando a experiência de que necessitamos. 
Desafios que, quase sempre, se apresentam através de dificuldades, sofrimentos, lágrimas e dor. 
Lições que as leis de Deus nos oferecem para nos reeducarmos, corrigirmos o que nos impede as verdadeiras conquistas. 
Normalmente o que pedimos não é o de que mais necessitamos, nem o melhor para nossa felicidade. 
Pedimos riqueza e Ele nos proporciona uma vida difícil a exigir muito trabalho. 
Pedimos amor e Ele nos envia familiares com dependências a nos pedir atenção e cuidados. 
Queremos descanso e observamos longo caminho à espera de nosso esforço. 
E não compreendemos que todas as nossas dificuldades aparentemente intransponíveis, trazem a função educativa para nossas almas. 
Desejamos o êxito, sem analisarmos as responsabilidades que ele traz consigo. 
Sequer imaginamos que para ter saúde integral, além de cuidar do nosso físico, é essencial mantermos nossa mente sadia. 
Buscamos o poder, esquecidos de que sendo uma dádiva divina, deve ser corretamente exercido, pelas graves responsabilidades que acarreta.
Quanto mais bens materiais reunimos, maiores e mais severos os testes que a vida nos oferece, pela oportunidade de aprendermos desapego a benefício do próximo. 
Os momentos de glória como os de alegrias são, igualmente, desafios para que mantenhamos os pés no chão. 
Não devemos nos esquecer de que a Terra é feliz educandário, no qual as lições iluminativas não se apresentam somente em clima de festa, entre sorrisos e sonhos de felicidade próxima. 
Sendo assim, quando parece que falta a presença divina em nossas vidas é porque Deus, através das Suas leis, está nos permitindo o crescimento moral. 
Dessa forma, os considerados insucessos e aflições devem merecer enfoques mais profundos do que aqueles usualmente identificados sob a ótica dos interesses imediatos. 
 * * * 
Jesus, o Mestre Divino, trilhou por caminhos difíceis, para alcançar em plenitude o Seu ministério, exemplificando a função educativa da vida, sempre amparado pelo Pai. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 28, do livro Luz viva, pelos Espíritos Joanna de Ângelis e Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 8.12.2018.

terça-feira, 15 de junho de 2021

FUMO

As pesquisas vêm alertando, de algum tempo, acerca do número crescente de fumantes. E o mais delicado: entre adolescentes e jovens. O ato de fumar implica a autoexposição deliberada e repetida que leva à inalação de uma mistura de ar e fumaça. Mistura que contém mais de quatro mil componentes químicos diferentes. Desses, pelo menos trinta são reconhecidamente lesivos para a saúde. 
Essa moderna forma de escravidão, socialmente aceita como costume distinto, inverte a escala de valores. Considera o tóxico como ingrediente principal da vida. 
O hábito de fumar conduz à doença e morte prematura. 
É um problema especial de saúde, e, em boa parte, é autoagressão. 
No entanto, a maioria dos fumantes adere ao vício antes de ter capacidade legal de decisão. São estimulados pela imitação, o acesso fácil e a tolerância social. Não são esclarecidos sobre os problemas relacionados a esse hábito. 
Os fumantes têm muitas formas de expressar o direito a autodestruir-se, segundo seu agrado. Recentemente vimos estampas de uma camiseta a expressão: 
O fumo mata! E daí? 
Eu não tenho pressa mesmo. 
A fumaça do cigarro ajuda a diminuir a agucidade do processo cerebral. Complica e dificulta as manobras de condução de veículos. Favorece a produção de acidentes de trânsito. Às vezes, a brasa é responsável por incêndios florestais e pelo desaparecimento de fábricas, que são fontes de trabalho comunitário. 
O consumo do tabaco é uma das causas mais importantes de doença e morte, na sociedade contemporânea. Reduz a vida média de um fumante em cinco a oito anos. O câncer de faringe e de esôfago é seis a dez vezes mais frequente em fumantes. Os fumantes são mais suscetíveis às infecções respiratórias, aos problemas alérgicos. 
O tabaco é comprovadamente tóxico. 
Produz dependência. 
Não traz benefícios para a saúde. 
É fator de risco importante, na reprodução humana. 
O feto, esse pequeno e involuntário fumante passivo, pode ser morto pelo cigarro. O risco de morte fetal ou neonatal aumenta, na exata medida em que a gestante utiliza o fumo. O alto consumo de cigarros na gravidez tem sido associado a abortos espontâneos, partos prematuros. Recém-nascidos de menor peso. Diminuição de quantidade e qualidade do leite materno. 
No mundo, ainda persistem imagens confusas, pré-fabricadas por aqueles que desejam vender. São destinadas a defender o uso do fumo como bandeira de igualdade e libertação, em especial entre as mulheres e adolescentes. 
Não nos enganemos. 
O tabagismo é, na verdade, submissão, escravidão e doença. 
Você sabia? 
...que o fumante pode ser considerado um suicida indireto? 
Desde que joga fora horas e até dias preciosos de sua vida, agredindo a máquina física, virá a morrer antes do previsto. 
E que os filhos de fumantes tendem a apresentar menor crescimento, menos peso – altura, menor rendimento escolar e maiores possibilidades de terem doenças pulmonares? 
E que os filhos de mulheres fumantes pesam, ao nascer, até quatrocentos e vinte gramas menos que os filhos de não fumantes? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.11.2013.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

A VIDA PULSA NO PLANETA

Você tem ideia de quantas pessoas estão nascendo no mundo neste exato instante? 
Arriscaria dizer? Arriscaria dizer o número de seres que chegam no planeta por dia? 
A quantidade é impressionante. 
Estima-se que cerca de trezentos e oitenta mil Espíritos reencarnam na Terra por dia, atualmente, segundo os dados oficiais da ONU e UNICEF. Isso significa por volta de duzentos e sessenta bebês por minuto, ou um pouco mais de quatro crianças por segundo. 
Ao final destes cinco minutos de Momento Espírita, por exemplo, terão retornado ao cenário terrestre cerca de mil e trezentos irmãos nossos. Mil e trezentas almas recebendo nova chance de crescer e aprender aqui.
Que movimento fabuloso! 
Que planejamento complexo e extremamente bem organizado, pois nenhum desses nascimentos escapa à atenção da Espiritualidade Superior, dos setores responsáveis pelo processo grandioso da reencarnação. 
Em todos os casos há programação. 
Em todos os casos há um acompanhamento, cuidado extremo para que a nova investida seja bem sucedida. 
Isso mesmo. 
Ninguém vem à Terra destinado ao mal, destinado a fracassar. 
Todos trazemos planos, objetivos e compromissos. 
Todos vêm para a escola para aprender, para daqui saírem melhores do que chegaram. 
Nem todos conseguem, infelizmente. 
Alguns desistem antes da hora. 
Alguns saem do mesmo jeito que chegaram. 
Alguns esquecem o valor que tem essa incomparável morada passageira de aprendizagem. 
Curiosamente, por mais que nos assustemos com os flagelos, com as doenças, com as catástrofes, o número de chegados ao planeta por minuto ainda supera em muito o número dos que partem. 
Somos um mundo de nascidos, um mundo de velhas almas recebendo roupagens novas sempre. 
Com cada criança que nasce, independente de onde, independente das condições socioeconômicas, nasce um plano, uma estratégia, um caminho. 
Mas, por que umas com tantas oportunidades e outras com tão poucas? – Questiona a visão materialista. 
Oportunidade é uma palavra mais ampla e bela do que imaginamos. 
Ela não se limita à esfera dos recursos e possibilidades materiais e emocionais que estarão disponíveis em nossas vidas. 
Assim, a falta de algo, a ausência de estrutura emocional nos que compõem o entorno, o ambiente hostil, tudo é oportunidade, por mais estranho que nos possa parecer. 
Cada um desses duzentos e sessenta nascimentos por minuto se dá no momento certo, no lugar certo e seguindo as Leis maiores do Universo.
Todos chegam para progredir. 
Todos trazem na bagagem o que já foram e nos planos o que desejam se tornar. 
O planeta Terra é a escola dos renascimentos. 
O planeta Terra é a escola das provas e das expiações, que logo mais irá evoluir para uma instituição de regeneração. 
Renascemos da água e do Espírito. 
Renascemos todos os dias nos tornando mais fortes e mais próximos de nossa essência. 
* * * 
Segundo os especialistas, o coração de um feto, de um bebê, dentro da barriga da mãe, pode chegar a cerca de duzentas batidas por minuto em determinada fase da gestação. 
O coração do planeta também bate forte. 
A vida canta exultante a mais de duzentos nascimentos por minuto.
 Redação do Momento Espírita.
 Em 14.6.2021.