sexta-feira, 30 de abril de 2021

REPENSANDO PROPÓSITOS

Alguém escreveu que a Astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina a humildade. 
Certamente, não há melhor demonstração da tolice das vaidades humanas do que se observar um mapa astronômico em que o nosso planeta aparece como um minúsculo ponto. 
E basta se estudar um pouco a História da Humanidade para se ter ainda mais a dimensão da tolice das nossas ambições. 
Lemos a respeito dos grandes conquistadores e nos perguntamos: 
-De que lhes valeu tantos crimes, em nome de conquistas de territórios e submissão de povos? 
Lembramos de Temujin, que comandou a Mongólia, sucedendo ao pai. Bastou uma vitória militar e o povo o declarou Gêngis Khan, que quer dizer Imperador Universal. Para fazer jus à homenagem, ele saiu em uma campanha militar, que durou vinte e cinco anos. Conquistou os tártaros e a China. Depois, as hordas mongóis varreram a Rússia, detonaram o império Persa, engoliram a Polônia, a Hungria e ameaçaram a Europa como um todo. Temujin morreu aos sessenta e cinco anos. Foi sucedido por seu filho Ogedei e, por algum tempo, as conquistas continuaram. Mas, depois, o império começou a se esfacelar e as hordas mongóis tomaram o rumo de casa. 
Recordamos de Alexandre, o Grande, o mais célebre conquistador do mundo antigo. Tornou-se rei aos vinte anos, após o assassinato de seu pai. Sua carreira é muito conhecida. Conquistou um império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo o Egito e o atual Afeganistão. Foi o maior e mais rico império que já existiu. Morreu antes de completar trinta e três anos, não se sabe se por envenenamento, malária, febre tifoide ou alcoolismo.
Não se discutem os benefícios das campanhas, pois Gêngis Khan uniu as tribos mongóis e tornou conhecidos do Ocidente os povos do Oriente, enquanto Alexandre, admirador das ciências e das artes, transformou Alexandria em centro cultural, científico e econômico por trezentos anos.
No entanto, de que lhes valeu tanto sangue derramado, tantas terras conquistadas? 
A morte lhes encerrou as carreiras e seus impérios bem cedo se esfacelaram. 
Isso nos remete a reflexionarmos a respeito de nós mesmos: 
-O que estamos fazendo para alcançar nossa realização pessoal?
-Estamos agindo de forma ética, correta, ou buscamos destruir quem esteja à frente, exatamente como faziam os grandes conquistadores?
-Certo, não nos servimos do assassinato físico, mas quantos sonhos alheios teremos destruído, em nosso propósito de ascensão? 
Os verdadeiros valores são morais. 
Esses não são destruídos pelo tempo e nem são amaldiçoados pela memória dos que foram derrotados, no decorrer da nossa jornada de conquistas. 
Pensemos nisso: os verdadeiros objetivos da vida são transcendentais.
Afinal, a vida neste planeta é transitória. 
Rapidamente se esvai. 
O importante é o que levaremos em nossa bagagem individual, dentro d’alma. 
Pensemos nisso e, aproveitando os dias que se nos oferecem à frente, estabeleçamos um planejamento estribado no amor. 
Assim, por curta ou longa que seja nossa existência, sempre seremos lembrados como quem semeou a boa semente, em algum canteiro do mundo. 
E, um dia, conforme a promessa de Jesus, transitaremos do planeta Terra para uma outra abençoada mansão do Pai, neste imenso Universo em expansão. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 30.4.2021.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

FORTALEZA NO IDEAL

O quero-quero é uma ave muito popular no Brasil. 
Rui Barbosa o chamou de chanceler dos potreiros. 
É um pássaro curioso. 
A natureza lhe deu o penacho da garça real, o voo do corvo e a laringe do gato. Os fazendeiros o apreciam porque ele faz uma enorme bagunça, quando há invasores no território. Ele enche os descampados e as planícies com seu grito estridente, profundo. Costuma fazer seus ninhos ao ar livre, no chão. Por isso está sempre alerta para qualquer movimento estranho. Para defender o ninho de predadores ele grita, tenta despistar o intruso indo para um local oposto de onde se encontram seus ovos ou seus filhotes ou dá voos rasantes, chegando a dar bicadas no invasor. O que se pode, com certeza, admirar nessa ave, que foi escolhida como símbolo do vizinho país, o Uruguai e do Estado do Rio Grande do Sul, é sua coragem. Tivemos a oportunidade de ver uma dessas aves, em pleno campo. Quando ela percebeu que uma colheitadeira rumou na sua direção, abriu as asas, no exato sentido de proteção aos seus preciosos bebês, ainda escondidos nas cascas. A enorme máquina veio em sua direção, barulhenta, sem que a pequena ave sequer alterasse a sua posição de total defesa do ninho. Ficou ali, imóvel, com seu corpo e as asas abertas, cobrindo os ovos. A máquina se aproximou, as rodas enormes passaram ao lado dela, sem que ela se movesse um milímetro. 
Inacreditável. 
Indômita coragem. 
Olhando essa pequenina ave que desafia uma máquina pesando toneladas, que a poderia simplesmente esmagar e ao seu ninho, exaltamos, naturalmente, o instinto do animal que preserva a sua futura prole. 
Mesmo que isso lhe custe a própria vida. 
Mas, recordamos também de homens e mulheres, de igual coragem.
Como aquele rapaz que, em 1989, durante os protestos na praça da Paz Celestial, em Pequim, ficou em pé em frente a uma coluna de tanques chineses, forçando-os a parar. O homem segurava duas sacolas, uma em cada mão. À medida que os tanques paravam, o homem parecia tentar mandá-los embora. Nunca se soube o nome do personagem, embora sua foto tenha corrido o mundo, graças às objetivas de quatro fotógrafos. Não se sabe qual foi o seu destino. As histórias a respeito são conflitantes. Algumas afirmam que ele foi preso, posteriormente e executado. Outras narram que ainda está vivo e escondido no interior da China. 
De verdade, o que importa foi a sua atitude de coragem, de não violência.
A quantos terá contagiado o seu exemplo? 
Porque as fotos e a filmagem da sua atitude alcançaram audiência internacional quase instantaneamente. 
Foi capa das principais revistas e a principal matéria de incontáveis jornais ao redor do mundo. 
A revista Time o incluiu, com o título de O Rebelde Desconhecido, na lista das cem pessoas mais influentes do Século XX. 
Uma ave contra a máquina. 
Um homem contra a violência. 
Ambos, em síntese, defendendo a vida. 
É de nos indagarmos o que nós, individualmente, fazemos em prol da vida. 
Afinal, uma única pessoa, uma única atitude pode ter grandes e nobres repercussões. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.3.2019.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

ESCRAVOS DA PALAVRA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Você já percebeu o quanto nos tornamos escravos das palavras que falamos? 
De como nos conduzimos por situações difíceis pela nossa própria fala?
Os pensamentos, enquanto guardados na intimidade da casa mental, são propriedade única e exclusivamente de quem os idealiza. Porém, o pensamento que se converte em verbo falado, passa a ser de domínio público e deveremos responder pelos reflexos dos mesmos. A palavra que edifica, enobrece, auxilia, é tesouro que dispensamos ao caminhar. Porém, o verbo ácido da crítica destrutiva, do comentário maledicente buscando a desmoralização alheia, ou a acusação injusta do julgamento insensato, são dificuldades que amealhamos e das quais teremos que dar conta, uma a uma. 
Assim, é atitude de sabedoria vigiarmos as palavras que saem de nossa boca. 
Pensar antes do falar é atitude sensata que nos poupa de muitos dissabores. 
Para tanto, é imperioso cultivarmos a reflexão e autoanálise do que se passa em nosso mundo íntimo, pois que a boca fala daquilo que está cheio o coração, conforme nos alerta Jesus. 
Alguns pesquisadores chegam a afirmar que circulam em nossa casa mental cerca de 95.000 ideias ao dia, das quais 85.000 são repetitivas, doentias, monotemáticas. 
Para que o verbo se faça construtivo, é necessário o exercício da faxina mental, para que da mente possamos exteriorizar aquilo que não nos escravize negativamente. 
O exercício do silêncio interior, do isolar-se alguns instantes diariamente do mundo para se encontrar consigo mesmo é fundamental. 
Ao mergulharmos no silêncio de nossa casa mental, vamos conhecendo e entendendo qual o mundo íntimo que carregamos e que, muitas das vezes, ainda se mostra totalmente desconhecido para nós mesmos. 
* * * 
Vigiemos nossas palavras, para que elas sejam úteis, proveitosas e edificantes. 
Evitemos o comentário maldoso, o julgamento precipitado ou a acusação indevida. 
Ainda, preservemos o nosso falar das expressões chulas, das comparações grotescas ou das piadas vulgares. 
O clima emocional e psíquico, com o qual nos envolvemos, é fruto do que pensamos e do que falamos. 
Se a mente ainda traz dificuldades, se os pensamentos infelizes ainda tomam nossa casa mental, muitas vezes nos perturbando, façamos o silêncio interior, deixando que lentamente aqueles pensamentos cedam espaço para outros, mais nobres e enriquecedores. 
Cultivemos o verbo elegante, a palavra de consolo, os temas edificantes para que nossa boca não seja quem nos condene, fazendo-nos escravos daquilo que, de forma invigilante, expressamos com a palavra não refletida. 
Redação do Momento Espírita, a partir de Seminário ministrado por Divaldo Pereira Franco, no Encontro Fraterno, na Praia de Guarajuba, Bahia, em 5.9.2009. 
Em 28.4.2021.

terça-feira, 27 de abril de 2021

UM MUNDO SÓ

LÉON DENIS
Irmãos de jornada na Terra: 
Desde o início dos tempos estivemos ao seu lado. 
Somos a brisa discreta que se mostra presente, fazendo dançar as folhas verdes na árvore que lhes dá sombra. 
Somos a nuvem que se dissipa ou se aglomera no alto, prevendo tempo aberto ou momento de lutas. 
Somos a coincidência do encontro e do desencontro, quando desejamos, de alguma forma, que nos ouçam com clareza. 
Somos a lembrança fora de hora. 
Somos a intuição repentina. 
Somos a canção de conforto que ecoa na alma, sem aparente razão.
Somos as ideias que se somam às suas. Somos as letras das suas músicas. 
Somos as músicas das suas letras. 
Enfim, somos um mundo só. 
Sim... 
Nossos mundos sempre foram apenas um. 
Foram vocês que aprenderam a se referir a nós como seres do outro mundo, seres de outra esfera. 
Foram vocês que aprenderam a chamar este lado da vida de lá, de além...
Fronteiras são apenas desenhos acanhados de transições, de passagens. Desaparecerão, tão logo compreendam com mais profundidade as leis universais. 
Tudo é apenas uma questão de perspectiva. 
Escutem: a vida é uma só, a vida do Espírito, de todos nós, independente se estamos vestindo um corpo físico neste instante ou não. 
A vida é uma só e ela nos interconecta a todos, criaturas da criação: desde o átomo até o mais perfeito ser. 
E as almas... as almas são todas irmãs. 
Vindas de Deus, todas as filhas da raça humana são unidas por laços estreitos de fraternidade e solidariedade. 
Todos os seres estão ligados uns aos outros e se influenciam reciprocamente. 
O Universo inteiro está submetido à lei da solidariedade. 
Os mundos nas profundezas do éter, os astros que, a milhares de léguas de distância, entrecruzam seus raios de prata, conhecem-se, chamam-se e respondem-se. 
Uma força, que denominamos atração, os reúne através dos abismos do espaço. 
Esta mesma força, que é apenas uma das mil nuances do amor do Criador, sempre propiciou também que as almas, em todos os graus de sua ascensão, fossem atraídas e socorridas pelas entidades superiores.
Todos os Espíritos em marcha são auxiliados por seus irmãos mais adiantados e devem auxiliar, por sua vez, todos os que lhes estão abaixo.
É maravilhosa essa fecundação constante dos corações mais áridos, necessitados, pelas almas mais esclarecidas e nobres. 
Daí vêm todas as intuições geniais, as inspirações profundas, as revelações grandiosas. 
Em todos os tempos, o pensamento elevado irradiou no cérebro humano.
Deus, na Sua equidade, nunca recusou seu socorro nem Sua luz para raça alguma, para povo algum. 
A todos tem enviado guias, missionários, profetas. 
A verdade é uma e eterna, ela penetra na Humanidade através de irradiações sucessivas, à medida que seu entendimento se torna mais apto para assimilá-la. 
Um mundo só. 
Sempre fomos um mundo só, interligados pelas sutilezas da vida exultante, entrelaçados em Deus, Espírito e matéria. 
O Espírito sopra onde quer, e eis que aqui estamos, onde desejamos estar, ao seu lado, num mundo só. 
Redação do Momento Espírita, com citação do cap. III, do livro O Grande Enigma, de Léon Denis, ed. FEB. 
Em 27.4.2021.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

FÓRMULAS DA FELICIDADE

Um homem foi informado, aos vinte anos, de que teria poucos anos de vida. Mas, como novos medicamentos foram surgindo, ele chegou aos setenta anos, saudável e cheio de energia. Apesar da expectativa de uma vida curta, ele se casou, teve filhos e uma carreira de sucesso. Também percorreu toda a Europa num trailer, pintou quadros, praticou esportes e manteve fortes laços afetivos com parentes e amigos pelo mundo todo. Teve, possivelmente, uma vida mais intensa do que muitos dos seus amigos e conhecidos. 
A sua vida demonstra que é possível ser feliz na Terra. 
A vida é cheia de altos e baixos, mas a felicidade tem de ser conquistada, cultivada e valorizada. 
Eis algumas reflexões para nos lembrar de como é bom viver e de como se pode ser feliz. 
Mude sua forma de pensar – é importante viver cada dia como se fosse o último. As pessoas que sobreviveram a uma doença terminal, a um desastre, assistiram a morte de um ser querido ou a uma tragédia, transmitem o ensinamento de que não se deve deixar para depois o que é importante. E importante é procurar um amigo agora, aprender algo de novo agora, viajar agora. 
Esqueça a competição – se o seu vizinho comprou um carro novo, foi passear na Europa ou tem o som mais moderno, que importa? O que importa é ter uma vida melhor, ver os amigos, poder estar com a família nos finais de semana. 
Trabalhar um pouco menos significa ganhar menos dinheiro, mas proporciona o prazer do aconchego familiar, uma hora devotada a um trabalho voluntário, a oportunidade de ouvir boa música ou ler uma página edificante. 
Diga eu te amo ao seu cônjuge, à família e aos amigos. 
Diga o que admira em cada um deles. 
Cumprimente-os quando fizerem algo de bom. Elogios são sempre bem-vindos. 
Aprenda a dizer não – você não é obrigado a fazer tudo que lhe pedem.
Não precisa se colocar à disposição dos outros o tempo todo. 
Reserve algum tempo e espaço para pensar e fazer algo por você mesmo.
Faça uma limpeza geral – livre-se de tudo que você não usa. Roupas que não veste há um ano, utensílios de cozinha que somente estão atravancando o armário, brinquedos, livros, mobília. Dê tudo para instituições de caridade. Você terá ajudado famílias a começar a vida, crianças, estudantes e pobres. 
Telefone ou escreva para os amigos – não importa que vocês tenham perdido o contato. Eles adorarão ter notícias suas. 
Alegre-se com plantas. 
Colha flores no jardim. Elas enchem a casa de vida e energia. 
Sorria – o sorriso é contagioso. 
Experimente. 
Comprove. 
Crie alguma coisa. 
Pinte. 
Borde. 
Cozinhe. 
Plante. 
Ofereça algo seu para tornar melhor o lugar onde você vive. 
E, finalmente, torne mais feliz a vida de alguém. 
Pratique uma boa ação. 
Ceda um pouco do seu tempo para uma instituição. 
* * * 
Alegria e tristeza fazem parte da vida humana. 
Dificuldades, perdas, também. 
O ideal é não cultivar a erva daninha da tristeza e esmerar-se no trato das flores perfumadas da alegria. 
A propósito, para não esquecer das coisas boas que diariamente acontecem, que tal anotar? 
Como é mesmo aquela palavra engraçada que sua filha disse hoje? 
A frase bonita que emocionou você? Anote, para reprisar esse momento outra vez, quando a tristeza quiser fazer ninho em seu coração. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Vinte maneiras de ser feliz, de Wendy MacReady, de Seleções Reader's Digest, de fevereiro/2003. 
Em 18.11.2014. 

domingo, 25 de abril de 2021

FÓRMULA ESPECIAL

Maurice Druon
Maurice Druon, que foi Ministro da Cultura da França e pertenceu à Academia Francesa, em sua obra O menino do dedo verde apresenta o jardineiro Bigode como uma personalidade muito especial. Ele descobre que o filho do patrão, Tistu possui o polegar verde. É uma qualidade maravilhosa. Um verdadeiro dom do céu, explica ele para a criança. 
- Você sabe: há semente por toda parte não só no chão, mas nos telhados das casas, no parapeito das janelas, nas calçadas das ruas, nas cercas e nos muros. Milhares e milhares de sementes estão ali esperando que um vento as carregue para um jardim ou para um campo. Muitas vezes elas morrem entre duas pedras, sem ter podido transformar-se em flor. Mas, se um polegar verde encosta numa delas, esteja onde estiver, ela brota no mesmo instante. 
Então, um dia, Tistu, em seus oito anos, foi conhecer a cadeia da cidade. Viu uma enorme parede cinzenta sem uma única janela. Depois, outras paredes com janelas cheias de grades pretas. Alguém lhe explicou que os pedreiros haviam colocado horríveis pontas de ferro por toda parte para que os prisioneiros não fugissem. Explicaram também que os prisioneiros eram homens maus e que os colocavam naquele lugar para curar a sua maldade. Quer dizer, tentavam ensinar-lhes a viver sem matar e roubar. Tistu viu, atrás das grades, prisioneiros caminhando em roda, de cabeça baixa e sem dizer uma palavra. Pareciam infelizes, com a cabeça raspada, as roupas listradas e os sapatos grosseiros. 
-O que estão fazendo? Perguntou. 
E lhe responderam que eles estavam em recreio. Imagine, pensou o menino, se o recreio deles é assim, o que não serão as horas de aula. Esta prisão é muito triste, por isso é que eles querem fugir. Naquela noite, às escondidas, Tistu foi até a cadeia e colocou o seu polegar verde por toda a parede da prisão. Colocou no chão, no ponto em que a parede se encontrava com a calçada, nos buracos entre as pedras, ao pé de cada haste das grades. No dia seguinte, quando os habitantes da cidade se levantaram, descobriram que a cadeia da cidade se transformara em um castelo de flores. O muro estava coberto de rosas. As trepadeiras subiam pelas grades e caíam de novo. As pontas de ferro foram substituídas por cactos. Os prisioneiros, como já não viam grades em suas celas, nem pontas de ferro nos muros, se esqueceram de fugir. Os resmungões pararam de reclamar, entusiasmados com a beleza do lugar. Os maus perderam o costume de brigar e todos tomaram gosto pela jardinagem. Logo, logo, a cadeia da cidade era apontada como modelo no mundo todo. Nenhuma fuga. Trabalho e disciplina, ordem e educação era o que nela se via. Os habitantes da cidade descobriram, enfim, que as flores não deixam o mal ir adiante. 
* * * 
Os malfeitores, aqueles que nos roubam a paz, são credores do perdão e da misericórdia de Deus, tanto quanto nós mesmos. 
São, também, nossos irmãos, como o melhor dos homens. 
Suas almas, transviadas e revoltadas, foram criadas, como nós, para se aperfeiçoar. 
A caridade prescreve que os devemos auxiliar a sair do lameiro e, se não podemos transformar as grades em trepadeiras e as pontas de ferro em roseirais, podemos lhes dirigir as nossas preces, a fim de que o arrependimento lhes chegue e eles desejem se melhorar. 
Filhos de Deus, como nós, são credores da nossa compaixão e merecem tratamento humanitário e condições para que possam se reabilitar. 
Afinal, poderiam ser nosso pai, nossos irmãos, nossos amigos, se esses tivessem, em algum momento, transgredido as leis. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 6, 7 e 9 do livro O menino do dedo verde, de Maurice Druon, ed. José Olympio e no item 14, do cap. XI do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 14.03.2012.

sábado, 24 de abril de 2021

FORMANDO CIDADÃOS CONSCIENTES

O garoto de não mais de cinco anos entrava na igreja, puxado pela mãe. Percebia-se que ele estava contrariado. E demonstrando a razão da sua contrariedade, o ouvimos perguntar: 
-Se Deus me aceita como eu sou, então, me diga: por que eu precisei tomar banho para vir à igreja? 
Pode-se levar a indagação à conta dessas coisas de criança. Ou podemos realizar uma profunda reflexão, a respeito dos nossos métodos de educação que, diga-se, insistimos em afirmar não dão os resultados excelentes que desejamos. A criança pensa e faz perguntas inteligentes, coerentes. O que, de um modo geral, ocorre é que, sem argumentos na hora da indagação, respondemos de forma autoritária ou sem fundamento. Isso, naturalmente, vai levar nosso pequeno a concluir que não temos razão, ou que somos tolos. Quase sempre, quando a criança nos pergunta por que deve fazer alguma coisa, desejando nos vermos livres, de imediato, da questão, utilizamos a tradicional frase: 
-Eu estou mandando. Ponto final. 
Isso não educa, nem estimula nossa criança a voltar a indagar, em outras situações. É possível que, no futuro, ela se torne uma pessoa que simplesmente aguarda e obedece ordens. Afinal, foi assim que a educamos na infância. Melhor seria, embora nos exija investir um certo tempo, sempre explicar os porquês. 
-Por que deve tomar banho, escovar os dentes? 
-É uma questão de higiene, de saúde. 
-Por que deve guardar os brinquedos? 
-Para cooperar com a organização do lar, para não ter a desagradável possibilidade de alguém pisar em um deles e quebrá-lo, ou se machucar.
-Por que deve dormir cedo? 
-Porque ele deve também se levantar cedo para ir para a creche, para a escola. 
Mas, convenhamos, para isso, é preciso que, ao exigirmos ou pedirmos que algo seja feito, tenhamos a consciência do porquê assim procedemos. Necessitamos de decisões conscientes, não mecânicas. 
Nem disposições como: 
-Eu fui criado assim e tem que ser assim, o que não é resposta aceitável.
Se fui criado assim e deu certo para mim, então a indagação deve ser: por que deu certo? 
Porque era a forma acertada de orientar, de disciplinar ou porque eu simplesmente me resignei, aceitei, sem maiores questionamentos?
Pensemos nisso e invistamos na educação dos nossos filhos, se os desejamos cidadãos conscientes, ativos. Assim, eles irão à escola e não serão joguetes de ninguém. Conquistarão seu espaço, estabelecerão os seus limites e exigirão o respeito dos demais. Porque isso eles aprenderam no lar. Saberão perguntar, questionar, indagar, conscientes de que é o seu direito serem informados do porquê as coisas devam ocorrer dessa ou daquela maneira. E saberão respeitar normas, diretrizes, disciplinados que os educamos. 
Pensemos nisso e iniciemos o investimento de luz nesse patrimônio excelente que são as jóias celestes que o Pai nos confiou, para guarda, crescimento e progresso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.07.2009.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

AMORTERAPIA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
David é um americano, aposentado, que, há uns dez anos, precisou ir a um hospital devido a uma lesão em uma das suas pernas. Sensibilizou-se com os bebês internados. Naquele exato momento, decidiu perguntar se poderia realizar um trabalho voluntário e, a partir de então, dedica-se duas vezes por semana junto a eles. O seu trabalho consiste em lhes oferecer colo e carinho. Afaga-os delicadamente, conversando, para que sintam uma presença protetora. Aconchego, delicadeza, doçura fazem parte de sua relação com esses pequeninos. Pode parecer um gesto simples, no entanto, tem consequências profundas, com efeitos de longo prazo no seu desenvolvimento. Esse transbordar de amor cria um vínculo especial entre David e cada bebê atendido. Um verdadeiro vínculo de amor. Um amor sem interesse pessoal. Um amor que simplesmente ama... 
* * * 
A identificação dessa força poderosa, que é o amor, faculta a sua utilização de maneira consciente em favor de si mesmo como de todas as formas vivas. 
O amor é profundamente transformador. 
Podemos desenvolver essa força poderosa, descobrindo esse hálito do amor, que alterará o curso das nossas vidas. 
Também podemos contribuir com a transformação de outras vidas. Ao descobrirmos essa potência íntima, trabalhando-a em nós, podemos canalizá-la de forma terapêutica a benefício do próximo. 
A isso podemos chamar de terapia do amor. 
Amorterapia é o processo mediante o qual se pode contribuir conscientemente em favor de uma sociedade mais saudável, mais justa e nobre. 
Essa terapia decorre do autoamor, quando o ser se enriquece de estima por si mesmo, descobrindo o seu lugar de importância sob o sol da vida e, esplendente de alegria reparte com as demais pessoas esse sentimento. 
A conquista do amor começa pela prática da solidariedade, da afetividade sem interesse, da participação social em prol do outro. 
Todos podemos conquistá-lo e todos podemos oferecê-lo aos que nos cercam, a quem desejarmos. 
O mundo necessita muito de amor para melhorar as relações entre as criaturas, para nos reconhecermos como irmãos, para sermos mais gentis e interessados pelo bem-estar dos outros. 
Suas manifestações melhoram qualquer ambiente em que se manifeste.
Sua presença ameniza os quadros de desespero. 
Quando alguém sofre intensamente e encontra quem lhe ofereça amor, poderá desabafar o que lhe vai na alma, sem medo de ser julgado fraco ou tolo. 
O amor tem o poder de emitir ondas de paz. 
Não foi por outro motivo que o Celeste Amigo recomendou que nos amássemos uns aos outros. 
Porque o amor é uma grande potência que oferece segurança e sustenta o ânimo de quem está quase a perecer pelo peso que carrega nos próprios ombros. 
O amor transmite segurança, gera bem-estar, proporciona alegria de viver e saúde, como efeito da fonte de onde se origina. 
Podemos nos tornar um dínamo produtor dessa força, que irradia ondas harmoniosas. 
Todos os que se aproximem se beneficiarão e onde nos encontrarmos, faremos a diferença. 
Pensemos nisso e coloquemos em prática o convite do Mestre Jesus:
-Amai-vos como Eu vos amei. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato, e no cap. 13, item Amorterapia, do livro Amor, imbatível amor, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 23.4.2021.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

FORMAÇÃO PARA A VIDA

RAUL TEIXEIRA
Reinaldo era um jovem príncipe, herdeiro de um grande reino. Toda manhã, ao despertar, recebia uma lista de tarefas que devia cumprir. Tarefas que o deixavam muito zangado, porque iam desde limpar os seus sapatos e vestes reais, organizar brinquedos e jogos, até lavar e escovar seu cavalo e organizar o seu quarto. Embora não gostasse, em respeito a seu pai, o rei, ele obedecia. Mas não deixava de ficar olhando as terras e os campos infindáveis que pertenciam à sua família. Também os rebanhos, palácios e os súditos. No palácio, onde vivia, existiam muitos criados prontos para executar todas as tarefas. Por isso mesmo é que o príncipe não entendia porque ele mesmo tinha que limpar os seus sapatos. Certo dia, ele foi convidado a visitar um pequeno reino para conhecer um príncipe de sua idade, com o intuito de estreitar amizade. O contato com o herdeiro daquele reino fez Reinaldo pensar ainda mais em como ele era injustiçado. É que aquele príncipe tinha a seu serviço três servos. Até o banho era preparado por um deles. Nada de tarefas a cumprir. Era só dar ordens. Quando regressou para sua casa, Reinaldo foi logo falar com seu pai: 
-Não entendo, disse ele, porque o senhor faz isso comigo. Sou seu único filho e herdeiro. Por que devo cumprir tarefas? Devo ser motivo de risos entre todo o povo. Vi hoje, no reino vizinho, o que um verdadeiro herdeiro deve fazer: somente dar ordens. 
O rei, paciente, perguntou ao filho: 
-Como era o reino que você visitou? Era grande como o nosso? 
-É claro que não, pai. É muito menor que o nosso, mais pobre, tem menos súditos e o castelo real é dez vezes menor que o nosso. Veja bem, pai: se num reino pobre, o príncipe pode ter três criados para servi-lo, por que eu, num reino tão rico, devo fazer trabalho de criado? 
-Pois é, meu filho. Saiba que há anos atrás, o reino vizinho era vinte vezes maior do que o nosso. Nós crescemos, fomos ampliando e o reinado vizinho foi perdendo território. Seu avô sempre me dizia: "Se você não pode sequer limpar os próprios sapatos, como poderá cuidar de todo um reino? Se você não é capaz de organizar seu próprio quarto, como irá governar todo um povo?"  As tarefas simples, Reinaldo, nos educam, nos preparam para executar as maiores. Para comandar é preciso saber fazer. Até mesmo para exigir qualidade. Se você nunca lavou as próprias vestes, como saberá se o outro as lavou bem? Apenas aceitará o que lhe entregam, da forma que vier. Os seus antepassados foram comprando as terras do reino vizinho, que as perdeu por não saber administrar. Talvez falte ensinar aos príncipes herdeiros lições de humildade, da importância do trabalho simples, diário. O que me diz, filho amado? 
O menino pensou um pouco, e declarou: 
-Digo que tenho uma lista de tarefas para executar agora e começarei limpando os sapatos que se sujaram de lama pelo caminho. 
* * *
Não permita que seu filho se torne um incapaz, em razão do descaso em sua educação. 
Não o prepare para os tempos de facilidade e abastança, mas para os dias de necessidade e carência, de modo que a incapacidade não o mutile. 
Prepare-o na arte de auxiliar, de prestar colaboração, todos os dias. 
Logo mais, ele andará sem você pelos caminhos do mundo. 
Ensine-o a andar com seus próprios pés, seguro e confiante. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. O rei e seu reinado, do livro Grãos de mostarda - v. 3, de autoria de Leila Fernandes, ed. Grupo de Estudos Espíritas Os mensageiros e cap. 18, do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. 
Em 09.03.2012.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

NOSSA VIAGEM

Constam como de Charles Chaplin as seguintes declarações: 
-Os seis melhores médicos do mundo são a luz do sol, o descanso, o exercício, a dieta, a autoestima, os amigos. 
E recomenda: 
-Mantenha-os em todas as fases da sua vida e você vai desfrutar de uma vida saudável... Se você vir a lua, você verá a beleza de Deus. Se você vir o sol, você verá o poder de Deus. Se você vir o espelho, você verá a melhor criação de Deus. Então, acredite nEle. Somos todos turistas, Deus é o nosso agente de viagens, que já fixou as nossas rotas, reservas e destinos. Confie nEle e desfrute da viagem chamada vida. 
* * * 
São declarações de sabedoria. Somos, sim, a melhor criação de Deus, portadores da Sua Essência Imortal. Criados à Sua imagem e semelhança, somos perenes. Estamos encerrados em um corpo, de forma temporária, realizando uma viagem. A viagem da vida, cujas rotas foram definidas antes de embarcarmos no navio, no barco, no avião de que nos serviremos. O tipo de embarcação tem a ver com nossa escolha, definindo se desejamos ir mais ou menos rápido, pela jornada. Alguns de nós realizamos a viagem de forma sofrida, enfrentando reveses contínuos. Outros, temos bilhetes que nos garantem algo parecido a lugares de primeira classe, em camarotes confortáveis. Uns precisamos lutar bastante para nos mantermos, para conseguirmos uma pequena casa, para nos abrigar e aos nossos amados. Talvez, consigamos alguns bens materiais... Outros, angariamos muitos bens, que nos garantem conforto e o desfrutar de amenidades. Alguns aproveitamos a viagem para estudar, para nos ilustrarmos, para aprendermos tudo que nos permitam os anos. E, em nossas rotas, incluímos a escola, a biblioteca, o museu. Exatamente como um turista que visita um país e dele deseja extrair o melhor, em termos culturais e científicos. Outros, preferimos trabalhar menos, repousar mais. Cada um de nós desfruta da viagem como melhor lhe pareça. Entretanto, o porto de chegada é igual para todos. E lá chegaremos, alguns com uma bagagem embelezada, recheada de saber, de virtudes conquistadas. Outros chegaremos com uma bagagem modesta, dentro do que conseguimos acumular durante a viagem. Esforçamo-nos e melhoramos o nosso padrão. Infelizmente, alguns chegaremos com malas rotas, amassadas, quase destruídas, sem valores reais. Preferimos mais gozar do que trabalhar e crescer. Por isso, é importante pensarmos como estamos viajando, como estamos aproveitando nosso percurso. 
Estamos tratando como um simples lazer? 
Ou temos horas bem distribuídas para o estudo, o trabalho, a realização de boas coisas, a construção de afetos sinceros? 
Recebemos o bilhete para a viagem, as reservas para muitas rotas, mas o livre-arbítrio nos permite ir aonde quisermos. 
A cada um de nós cabe essa escolha e como nos comportaremos em cada localidade. 
Todos chegaremos ao porto de destino. 
Alguns, depois de viajarmos poucos quilômetros. 
Outros, depois de percorrer milhas e milhas, que representam nossos anos de vida. 
A viagem é nossa. 
O investimento é nosso. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com declarações de Charles Chaplin, apresentadas pela jornalista Viviane Becker, em comercial@jornalminuano.com.br 
Em 21.4.2021.

terça-feira, 20 de abril de 2021

AS FORÇAS DO AMANHÃ

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Ninguém vive só. 
Nossa alma é sempre núcleo de influência para os demais. 
Nossos atos possuem linguagem positiva. 
Nossas palavras influenciam à distância. 
Achamo-nos magneticamente associados uns aos outros. 
Ações e reações caracterizam-nos a marcha. 
Assim, é necessário saber que espécie de forças projetamos naqueles que nos cercam. Nossa conduta é um livro aberto que denuncia nossa condição interior. Muitos de nossos gestos insignificantes alcançam o próximo, gerando inesperadas resoluções. Quantas frases, aparentemente inexpressivas, que saem da nossa boca e estabelecem grandes acontecimentos. A cada dia emitimos sugestões para o bem ou para o mal. Dirigentes arrastam dirigidos. Administrados inspiram administradores.
Qual caminho nossa atitude está indicando? 
Um pouco de fermento leveda toda a massa. 
Não dispomos de recursos para analisar a extensão de nossa influência, mas podemos examinar-lhe a qualidade essencial. 
Cuidado, pois, com o alimento invisível que você fornece às vidas que o rodeiam. Em momentos de indignação, uma palavra mal colocada pode ser o estopim para induzir o próximo ao cometimento de desatinos de conseqüências irreversíveis. Um comentário maldoso talvez se multiplique ao infinito, causando na vida alheia dores e humilhações intensas. O pai que não cumpre os compromissos assumidos com os filhos pode suscitar neles a idéia de que não é importante manter a palavra dada. Esse exemplo negativo pode multiplicar-se por gerações. O chefe que não assume a responsabilidade pela orientação que dá aos subordinados instala a desconfiança em sua equipe. Em momentos de crise, a ausência de coesão no ambiente de trabalho pode levar uma empresa à falência, em prejuízo de toda a coletividade. 
Por outro lado, comentar as virtudes de alguém que cometeu um pequeno deslize talvez faça cessar a maledicência. Em momentos de distúrbio, quem consegue manter o equilíbrio e a paz, exteriorizando isso mediante atos e palavras, faz murchar a insânia dos demais. 
Não raro tal conduta provoca um generalizado constrangimento, pela imediata e coletiva percepção do equívoco em que se incidia. Não há nada como a grandeza alheia para fazer o homem perceber sua própria pequenez. Defender corajosamente os mais fracos quiçá tenha o condão de motivar outras pessoas a também protegerem os desvalidos. Manter-se honesto e íntegro, mesmo em face das maiores tentações, talvez seduza outros para a causa do bem. A visão da generosidade em franca atividade é um grande consolo, em um mundo onde o egoísmo grassa. Por se afigurar admirável a prática de virtudes, há tendência de alguém genuinamente virtuoso ser admirado e imitado. 
Nosso destino se desdobra em correntes de fluxo e refluxo. As forças que exteriorizamos hoje, potencializadas pelos atos que inspiramos, voltarão a nossa vida amanhã. 
Desse modo, nunca é demais prestar atenção no testemunho que damos.
Será nossa presença um fator de equilíbrio no mundo? 
Por força da Lei de Causa e Efeito, que opera no Universo, recebemos o que damos. 
Se desejamos paz, compreensão e conforto, devemos oferecê-los ao próximo, por meio de nossos sentimentos, atos e palavras. 
Pensemos nisso. 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo XIII do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O Clarim.

195. FÉ INABALÁVEL.

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO
REDENTORISTA
VICE-POSTULADOR DA CAUSA
VENERÁVEL PADRE PELÁGIO SAUTER
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
Aquela mulher era pobre, mas tinha uma fé inabalável. 
Um dia pediu a Deus para colocar um saco de arroz na sua porta. 
Seu vizinho, que era ateu, ouviu a prece. 
Para zombar, foi e colocou lá um saco de arroz. 
A mulher ficou feliz e contou para suas vizinhas. 
Mas o ateu, rindo e caçoando disse: 
- Boba, fui eu que coloquei o arroz na porta de sua casa. 
Ela respondeu com simplicidade: 
- Está vendo? Jesus se utiliza até dos ateus para fazer milagre. 
Lição para a vida: Para quem ama a Deus, tudo se converte em bem (Rm 8,18)

REFLETINDO A PALAVRA - São Geraldo Majella

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Era um inútil.
 
Há muitos tipos de santos. Uns são mais populares. Geraldo é santo do povo porque sua vida foi sempre no meio do povo sofrido, socorrendo suas necessidades. Sua vida maravilhosa tornou-se lenda no meio do povo que soube enriquecê-la com fatos fantásticos para mostrar seu grande afeto por este homem tão simples e ao mesmo tempo tão grande. Geraldo, moço muito piedoso, tentou ser religiosos capuchinho. Mas seu tio, padre capuchinho, disse: “Você é muito fraco de saúde, não suportará nossa vida que é muito dura”. Quando os redentoristas pregaram missão na sua cidade, Muro Lucano, pediu para ser redentorista. Negaram pelo mesmo motivo. Na despedida dos missionários, sua mãe, conhecendo o filho que tinha, trancou-o no quarto. Ele fez uma corda de lençol, fugiu e correu atrás dos missionários implorando para ser aceito. Após tanta insistência, o Pe. Paulo Cafaro aceita-o e manda para a casa de Deliceto com este bilhete: “Aí vai um inútil. Mais uma boca para encher! Mas, na cidade, é considerado um jovem virtuoso”. Um inútil! Belo relatório! Feito o seu noviciado e profissão, vive 4 anos na Congregação Redentorista como irmão. Morre, depois de muitos sofrimentos, atingido pela tuberculose. Toda sua vida foi um contínuo amor a Jesus, com quem quis se igualar no sofrimento. 
Milagres não lhe faltaram. 
No santuário de Materdomini (Caposele – Itália), onde repousa, vemos o mesmo povo simples que vem pedir e agradecer seus benefícios. Há lá uma sala com ex-votos de crianças. Por ali podemos ver a beleza do carinho que demonstrou e demonstra para com os pequeninos. Mães agradecem a gravidez que parecia impossível ou o parto bem sucedido em um momento difícil. Seus milagres não podem ser vistos só como a solução de um problema. São eles a expressão muito clara de seu desejo de que cada um vivesse bem, e isso, porque aprendera o amor de Deus no qual estava imerso. Este homem frágil tem uma ânsia em sua vida: em tudo agradar a Deus e fazer sua vontade. Quanto estava para morrer, escreveu uma tabuleta na porta do quarto, onde sofria: “Aqui se faz a vontade de Deus como Ele quer e por quanto tempo Ele quiser”. 
Em tudo semelhante a seu Redentor. 
Conhecemos S. Geraldo mais por seus milagres. Mas o verdadeiro Geraldo encontra-se em suas cartas e em seus escritos. Poucos, mas de uma sabedoria invejável. Tinha uma sabedoria que era um dom de Deus, pois não tinha estudos. Em uma carta à Irmã Maria de Jesus, sua jovem e santa amiga, escreve no leito de dor: “Bendito seja sempre Aquele que me dá tantas graças. Em lugar de fazer-me morrer sob seus santos golpes. Esta é a vontade de meu celeste Redentor: estar pregado nesta amarga cruz. Inclino a cabeça e digo: esta é a vontade de meu querido Deus". A própria liturgia proclama esta raiz da espiritualidade de Geraldo: “O Deus que atraístes S.Geraldo desde a sua infância, tornando-o conforme à imagem do vosso Filho crucificado...”. Imagem de Cristo sofredor, que faz a vontade do Pai no amor aos mais abandonados. Modelo e intercessor de todo cristão que se dispõe a amar a Deus e aos necessitados.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM OUTUBRO DE 2003

EVANGELHO DO DIA 20 DE ABRIL

Evangelho segundo São João 6,30-35. 
Naquele tempo, disse a multidão a Jesus: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: "Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu"». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede». 
Tradução litúrgica da Bíblia 
São Narsés Snorhali(1102-1173) 
Patriarca arménio 
Jesus, Filho único do Pai,§§150-161

«Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu»

Abriste o mar em dois aos hebreus (cf Ex 14) e a mim, abriste-me as trevas profundas. Naquela altura, derrotaste o Faraó,  agora, derrotas o príncipe deste mundo e autor da morte (cf Jo 12,31; 8,44). Foste para eles uma nuvem protetora durante o dia e de noite, uma coluna de fogo (cf Ex 13,21). Para mim, a luz é o conhecimento do teu Filho, o Verbo, e a minha proteção é o Espírito Santo. Nesse tempo, deste-lhes o maná perecível, e os que dele comeram estão mortos; hoje, é o teu corpo celeste que dá a vida aos que O comem. Eles beberam a água que jorrou do rochedo (cf Ex 17), e eu bebi o sangue do teu lado, meu rochedo (cf Jo 16,34; Sl 18,3). Eles viram suspensa a serpente de bronze (cf Nm 21,9), e eu vi-Te na cruz, a Ti que és a vida. Deste-lhes a lei de Moisés, escrita em tábuas de pedra; a mim, deste a sabedoria do teu Espírito, o teu divino Evangelho. Por isso, muito mais se me pedirá a mim do que a eles. [...] Mas Tu expiaste os seus pecados, meu Senhor cheio de piedade, Filho único do Pai. [...] Não me impeças, como a muitos deles, de entrar na Terra Prometida, Mas, com os dois que nela entraram (cf Dt 1,36; 31,3), introduz-me na tua pátria celeste.

https://www.evangelhoquotidiano.org/PT/gospel

Santa Sara - PADROEIRA DO POVO CIGANO, SÉC.

Existem diversas lendas a respeito da origem de Santa Sara.
 
Algumas falam que ela seria serva e parteira de Maria, e que Jesus a teria em alta estima por tê-lo trazido ao mundo. Outras, que era serva de Maria Madalena. Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries-sur-Mer, na França, onde ela teria chegado junto com a irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria madalena, Marta, Lázaro e Maximino. Eles teriam sido jogados no mar em um barco sem remos nem provisões, e Sara teria rezado e prometido que se chegassem a salvo em algum lugar ela passaria o resto de seus dias com a cabeça coberta por um lenço. Eles depois disso chegaram a Saintes-Maries, onde algumas lendas dizem que foram amparadas por um grupo de ciganos. 

SANTO ANICETO, PAPA

Natural da Síria, Aniceto, Papa desde o ano 155, se preocupava com a data da Páscoa, comemorada, em dias diferentes, no Oriente e Ocidente. 
Por isso, convocou o Bispo de Esmirna, São Policarpo, a Roma. Ambos mantiveram relações amigáveis, mas a questão permaneceu em aberto. Aniceto faleceu em 166.

Santa Sara Kali, Padroeira do Povo Cigano (Séc. I), 20 de Abril

Existem diversas lendas a respeito da origem de Santa Sara. Algumas falam que ela seria serva e parteira de Maria, e que Jesus a teria em alta estima por tê-Lo trazido ao mundo. Outras, que era serva de Maria Madalena. Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries-sur-Mer, na França, onde ela teria chegado junto com a irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria madalena, Marta, Lázaro e Maximino. Eles teriam sido jogados no mar em um barco sem remos nem provisões, e Sara teria rezado e prometido que se chegassem a salvo em algum lugar ela passaria o resto de seus dias com a cabeça coberta por um lenço. Eles depois disso chegaram a Saintes-Maries, onde algumas lendas dizem, foram amparadas por um grupo de ciganos. O epíteto Kali significa "negra", porque sua tez é escura. A sua imagem é coberta de lenços, sendo ela uma protetora da maternidade. Mulheres (romi) que não conseguem engravidar e mulheres que pedem por um bom parto, ao terem seus pedidos atendidos, depositam aos seus pés um lenço (diklô). Centenas de lenços se acumulam aos seus pés. As pessoas fazem todo tipo de pedido para Santa Sara, por sua fama de atender a todos os que depositam verdadeira fé nela. Mas perseguirá os opressores, os racistas, aqueles que vão contra os ciganos, que são seus protegidos. Santa Sara é a santa dos desesperados, dos ofendidos e dos desamparados.

TEODORO DE AMASEA Presbítero, Bispo, Santo † 613

A história em que a vida de Teodoro se insere é mergulhada num verdadeiro palco romântico, já iniciando pelo seu nome que quer dizer “dom de Deus”. O seu guia seria S. Jorge, o santo guerreiro, que era também o santo por excelência da sua mãe, que nele depositou a sua fé por ter salvado Teodoro no seu parto difícil. Ainda menino, procurava locais que pudessem dar-lhe a paz para a sua meditação e oração. Um pouco mais crescido, escavou acima da capela de S. Jorge uma gruta que o abrigava longe de todos e perto de Deus. Foi iniciando desta maneira a sua vida religiosa que conseguiu atrair a multidão que curiosa e desejosa dos seus actos. Não tardaria e Teodoro seria ordenado sacerdote por um bispo da vizinha cidade de Anastasiópolis, o que intensificaria a sua vida de penitências. O povo novamente tomou o seu partido e elegeu-o como bispo de Anastasiópolis. Nesse novo cargo permaneceu dez anos sempre pedindo para ser substituído, o que foi concedido pelo Imperador e pelo patriarca de Constantinopla que lhe restituíram a sua pequena condição – grande – de monge. Era querido e amado pelo povo que o perseguia a fim de pedir as orações e as intervenções do santo que tantos milagres fazia. Partiu para o Céu em 613 concretizando os seus ideais e espalhando a palavra de Deus por onde passava.

INÊS DE MONTEPULCIANO Religiosa, mística, santa 1268-1317

Ela nasceu em Gracchiano-Vecchio, Toscania, Itália em 1268.Inês era muito simples e alguns das mais conhecidas lendas aconteceram em sua infância. A começar pelo seu nascimento quando sua casa foi cercada por muitas luzes em um tempo onde não havia luz eléctrica. Em sua infância ela foi especialmente marcada por dedicação a Deus: ela passava horas recitando o Padre Nosso e Ave Marias no canto de seu quarto. Quando atingiu 6 anos ela já pedia aos seus pais que queria entrar em um convento. Quando eles disseram a ela que era muito jovem ela implorou que eles mudassem para Montepulciano de modo que ela pudesse fazer visitas mais frequentes ao convento de lá. Por causa da instabilidade política, seu pai estava com receio de mudar de um lugar seguro, mas permitiu que ela visitasse com mais frequência as freiras. Em uma de suas visitas um evento ocorreu que todos os autores dizem que teria sido profético. Inês estava em Montepulciano com sua mãe e com uma mulher da casa, quando elas passaram por uma colina onde havia um bordel e um bando de corvos, voando baixo, atacaram a garota. Bicando eles conseguiram arranhar a menina antes que as mulheres pudessem afasta-los. Surpresas com o ataque mas seguras de si elas disseram que o ataque devia ser coisa do demónio que ressentia a pureza da pequena Inês a qual um dia os afastaria daquela colina.

ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 20 DE ABRIL

Oração da manhã para todos os dias
 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se reno-va para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os peque-nos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor. Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bonda-de. Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém. 
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado. 
20 – Terça-feira – Santos: Antonino, Marcelino de Embrun 
Evangelho (Jo 6,30-35) “Jesus disse-lhes: – Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Fome e sede marcam nossa realidade humana na sua fragilidade e pobreza. Também a fome e a sede de bondade, justiça e amor. Jesus apresenta-se como resposta a essa nossa pobreza. É pão para nossa fome e água para nossa sede. Pode dar-nos a vida para sempre, a felicidade e a paz pela qual sempre ansiamos. Renovo minha fé em sua pessoa, entrego-me confiantes em suas mãos.
Oração Senhor Jesus, reconheço que preciso de vós. Tenho fome e sede de felicidade, paz, bondade, de salvação afinal, porque nada disso está a meu alcance. Somente vós, Filho de Deus encarnado, podeis dar sentido para minha vida, felicidade agora e para sempre. Confio em vosso poder e em vossa misericórdia. Salvai-me, guardai-me no caminho do bem, não permitais que vos deixe. Amém.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA

Meu avô, com suas sete décadas de vida, é um poço de histórias sem fim. Deveria ter sido escritor. Quando nos pomos a conversar sobre sua vida, ele aprecia recordar os anos da sua infância de menino pobre, no interior do Estado gaúcho. Conta como brincava na rua com outros meninos até a noite abocanhar totalmente o dia e as lâmpadas dos postes disputarem suas luzes com as das estrelas. Eram jogos com bolinhas de gude, de rolar barranco de terra abaixo, de apostar corrida para saber quem era o mais veloz. Recorda que uma das suas mais apreciadas brincadeiras era subir em uma pereira, nos fundos do quintal de sua casa e fingir ser um repórter da rádio local, informando as últimas notícias. Notícias do menino que ralou o joelho quando caiu da bicicleta nova, do outro que ganhou um carrinho, da vitória da sua turma no futebol do dia anterior. Terminadas as férias, quando a professora pedia uma redação do que cada um fizera no período, a sua era sempre a mais ousada. Chamavam-no mentiroso quando a lia frente à turma. Seguro, ele argumentava: 
-É tudo verdade. Vocês viajaram com seus pais, seus avós, de ônibus, de carro, de avião. Eu fiz as viagens mais longas e mais interessantes, mergulhando a mente nos livros da biblioteca pública. Viajei pela Europa. Fui até o Japão. Escalei o Kilimanjaro, subi o Everest e o nosso Pico da Bandeira. Viajei com minha imaginação e foram os percursos mais emocionantes. 
Dia desses, ele descobriu um vídeo, na internet, que mostra meninos angolanos se apresentando em um espetáculo. O palco é um terreno, com casas e árvores ao redor. Três deles cantam frente a microfones, feitos com bambu e garrafas. Dois guitarristas com seus potentes instrumentos dos mesmos materiais se empenham na execução da melodia. Outro garoto toca teclado, que mais não é do que um elaborado pedaço de madeira, que os dedos ágeis acionam como se teclas existissem. Usa óculos escuros e imita trejeitos de um grande artista. O baterista não é menos espetacular em sua performance. Dois paus imitam as baquetes que batem, no ritmo da música, em potes de plástico de diferentes tamanhos e altura. Meninas dançam, em interessante e bem ensaiada coreografia. E tudo está sendo gravado em uma câmara, que tem tripé e até uma alavanca para que possa ser movimentada, de um lado a outro, para apanhar os ângulos mais interessantes. O cameraman não se esmera pouco, fixando um ângulo aqui, outro ali. Dando zoom. 
 Impressionante! 
Os mínimos detalhes observados enquanto rola a canção que fala da chama que existe em cada alma. 
Fala de almas acesas e de almas apagadas, do Espírito que traz o fogo capaz de acender a chama. 
E convida a que cada um acenda a sua chama e a leve para a escuridão a procurar pelos perdidos, pelos feridos, pelos sem esperança. Exponha sua chama, ilumine o mundo. 
- É o convite, que a plateia, entusiasmada, sentada no chão de terra, aplaude e gesticula. 
Isso levou meu avô às lágrimas, que comentou: 
-Enquanto a infância sonhar tão alto, homens extraordinários continuarão a construir o mundo bom, de paz, que todos desejamos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.4.2021.

domingo, 18 de abril de 2021

FORÇA E CORAGEM

Você se considera uma pessoa de coragem? 
E, se tem coragem, também tem força o bastante para suportar os desafios da caminhada? 
Em muitas ocasiões da vida, não sabemos avaliar o que realmente necessitamos: se de força ou de coragem. E há momentos em que precisamos das duas virtudes conjugadas. Há situações que nos exigem muita força, mas existem horas em que a coragem se faz mais necessária.
Eis aqui alguns exemplos. 
É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil. 
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para não revidar. 
É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render. 
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para admitir a dúvida ou o erro. 
É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé. 
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores. 
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los. 
É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar. 
É preciso ter força para fazer tudo sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio. 
É preciso força para enfrentar os desafios que a vida oferece, mas é preciso coragem para admitir as próprias fraquezas. 
É preciso força para buscar o conhecimento, mas é preciso coragem para reconhecer a própria ignorância. 
É preciso força para lutar contra a desonestidade, mas é preciso coragem para resistir às suas investidas. 
É preciso força para enfrentar as tentações, e é preciso coragem para não cair nas suas armadilhas. 
É preciso ter força para gritar contra a injustiça, mas é preciso muita coragem para ser justo. 
É preciso força para pregar a verdade, mas é preciso coragem para ser verdadeiro. É preciso força para levantar a bandeira da paz, mas é preciso coragem para construí-la na própria intimidade. 
É preciso ter força para falar, mas é preciso coragem para se calar. É preciso força para lutar contra a insensatez, mas é preciso coragem para ser sensato. 
É preciso ter força para defender os bens materiais, mas é preciso coragem para preservar o patrimônio moral. 
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado. 
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para aprender a viver. 
Enfim, é preciso ter muita força para enfrentar as batalhas do dia-a-dia, mas é preciso muita coragem moral, para vencer a si mesmo. 
Força e coragem: duas virtudes com as quais podemos conquistar grandes vitórias. E a maior delas é a vitória sobre as próprias imperfeições. 
* * * 
A coragem de vencer-se antes que pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar ser desculpado e de amar, apesar das decepções e desencantos, revela o verdadeiro cristão, o legítimo homem de valor. 
Por essa razão a coragem é calma, segura, fonte geradora de equilíbrio que alimenta a vida e eleva o ser aos altos cumes da glória e da felicidade total. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.10.2010.

Beata Savina Petrilli, Fundadora – 18 de abril

Savina Petrilli nasceu em Sena, na Itália, no dia 29 de agosto de 1851, em uma família simples e autenticamente cristã. Era a segunda filha de Celso Petrilli e Matilde Venturini. Sua grande capacidade de amar teve origem na relação afetuosa e serena com seus pais. Aos 12 anos recebeu pela primeira vez a Santa Comunhão; já então revelava muito amadurecimento e grande força de vontade capaz de enfrentar os problemas, bem como muita intimidade com Nosso Senhor Jesus Cristo. Na belíssima Catedral de Sena, Savina sempre permanecia horas rezando diante do Santíssimo Sacramento. Frequentou a escola e o catecismo na igreja de São Jerônimo, com as Irmãs de São Vicente de Paulo. Aos 13 anos de idade deixou a escola para ajudar a mãe a cuidar dos irmãos. Em virtude de sua grande veneração pela Virgem Imaculada, aos 15 anos passou a fazer parte da Pia União das Filhas de Maria e é rapidamente eleita presidente. Dentro de um ano vez o seu primeiro voto de virgindade. Vivaz e dinâmica, Savina ensinava catecismo e sempre reunia em sua casa um grupo de amigas com as quais rezava, trabalhava e sonhava com o futuro.

sábado, 17 de abril de 2021

A FORÇA DOS NOSSOS PÉS

Desde o dia em que tu nasceste, eu criei a ilusão dentro de mim, que poderia caminhar por ti. Imaginei que colocaria teus pés sobre os meus e te levaria pelos caminhos que eu julgasse mais tranquilos e seguros. Dessa maneira, tu nunca feririas teus pés pisando em espinhos ou em cacos de vidro e jamais te cansarias da caminhada. Nem mesmo precisarias decidir qual estrada tomar. Isso seria eternamente minha responsabilidade. E foi assim durante um bom tempo. Caminhei por ti e para ti. Então, o tempo veio me avisar bruscamente que essa deliciosa tarefa não faria mais parte dos meus dias. Teus pés cresceram e eu já não conseguia mais equilibrá-los em cima dos meus e, quando eu menos esperava, eles escorregaram e alcançaram o solo. Hoje sou obrigado a vê-los trilhar caminhos nos quais os meus jamais os levariam e ainda tento detê-los insistentemente, mas só consigo raríssimas vezes. Agora só me é permitido correr com os meus junto aos teus e, em certos momentos, teus passos são tão largos que quase não posso acompanhá-los. Atualmente assisto aos teus tropeços sempre pronto a levantar-te das tuas quedas. Por vezes, tu me estendes as mãos em busca de socorro. Outras, mesmo estando estirado ao chão e ferido, insistes em levantares sozinho para me provar que já és capaz de te erguer, após teus tombos e curares as próprias feridas. Assim vamos vivendo e sinto uma saudade imensurável daquele tempo que precisavas de mim para te conduzir, pois era bem mais fácil suportar teu peso sobre meus pés do que sobre o meu coração. No entanto, já consigo compreender como a vida é sábia. Percebo, finalmente, que em algum momento tu precisarias mesmo desbravar teus caminhos independente de mim. Como eu, é provável que tenhas que fazê-lo com mais alguns pés sobre os teus, os dos teus filhos. Claro que não é uma tarefa fácil. Mas se eu consegui, tu também conseguirás porque plantei em teu coração o melhor e mais poderoso aditivo para que suportes tanto peso: o amor. 
* * * 
Os filhos são, sem dúvida, um empréstimo Divino. Com eles aprendemos a lição maior do amor incondicional. Tornamos-nos habilidosos em corrigir nossos piores defeitos e multiplicar os melhores sentimentos. Se hoje eles estão ao nosso lado, façamos por eles o melhor que pudermos pois, com certeza, logo chegará o tempo em que eles não mais estarão tão próximos. Quando pequenos, toda a felicidade deles depende dos pais e é realmente doloroso o momento em que constatamos que haverá o tempo em que não mais precisaremos carregá-los e nem guiar os seus passos. Então preparemos o seu caminho. Através do amor, ofereçamos a eles toda a bagagem necessária para que possam seguir em frente com força e segurança. Que eles carreguem a certeza de que, mesmo estando fisicamente distantes, estaremos sempre ao seu lado. 
Redação do Momento Espírita,com base em mensagem, de autoria desconhecida. 
Em 26.12.2011.