Antônio Carlos Jobim |
Você já imaginou se todas as pessoas fossem idênticas a você, neste mundo?
Todos tivessem pensamentos iguais, sentimentos iguais, gostos iguais aos seus?
Ninguém para lhe contrapor uma ideia, ninguém que contrariasse seus desejos, e muitos que agissem exatamente como você.
E se todas as pessoas gostassem dos mesmos filmes, dos mesmos alimentos, das mesmas festas, dos mesmos times de futebol, dos mesmos carros, e de frequentar os mesmos lugares?
Será que a vida teria graça?
Ou será que isso seria um real motivo para a infelicidade?
Imagine se todos vestissem roupas das mesmas cores, dos mesmos modelos, da mesma marca. Isso causaria tédio.
Se todos fôssemos idênticos não haveria graça nem crescimento.
Nós precisamos uns dos outros para sermos felizes. Precisamos de pessoas que pensem diferente, que sintam diferente, que ajam diferente, porque é a soma das diferenças que produz a felicidade.
Precisamos trocar experiências, discutir idéias, concordar e discordar.
É essa dinâmica da vida que nos dá motivos para viver e crescer realmente.
Por isso as diferenças são salutares, são incentivo e estímulo para o nosso progresso.
A felicidade é uma propriedade do Espírito, mas só é conquistada na vida de relação.
As emoções que sentimos só são possíveis porque existe o outro.
Se não houvesse o outro não teríamos como avaliar nossos sentimentos.
Sem o inter-relacionamento seríamos ilhas, isoladas, e a vida não teria sentido.
Podemos afirmar, então, que a felicidade é uma conquista social.
Por tudo isso, vale a pena pensar na importância das pessoas em nossa vida, por mais problemáticas que elas sejam.
São elas que dão significado à vida e nos permitem a felicidade. Portanto, as pessoas são mais importantes que os bens materiais e o dinheiro.
Imagine que você tivesse muito dinheiro, a casa de seus sonhos, com a mobília mais sofisticada possível, roupas maravilhosas e comida abundante.
Mas tudo isso ao preço de nunca mais ver ou ser visto por qualquer ser humano. Você ficaria contente? Ou será que enlouqueceria?
Só se é feliz em sociedade.
Como disse o poeta Antônio Carlos Jobim, é impossível ser feliz sozinho.
De que adianta ter beleza, dinheiro, bens, se não tiver olhos para contemplar a beleza, companhia para gastar o dinheiro e alguém para admirar nossos bens?
Assim também acontece no campo dos sentimentos.
De que adianta ter a mente mais brilhante, o coração mais afetuoso sem ninguém para dividir esses tesouros?
E somente podemos interagir dessa forma com outras pessoas. Não podemos trocar idéias com coisas ou animais.
As coisas não interagem e os animais não trocam idéias... Restam os seres humanos.
É com eles que construímos e dividimos a nossa felicidade.
Por isso é importante que o outro seja diferente. Não há crescimento sem antagonismos. Se todos fôssemos iguais não haveria progresso.
É na harmonia dessas diferenças que está a beleza da relação entre os seres racionais. Do homo sapiens.
Pense nisso. Analise sua vida de relação. Observe como o contato com as outras pessoas lhe possibilita ser feliz.
E lembre-se sempre: as pessoas não são e nem podem ser idênticas a você.
* * *
A felicidade não é um lugar aonde chegaremos um dia, é uma forma de vida, é uma maneira de caminhar.
Redação do Momento Espírita, com base em Seminário coordenado por
Cosme Massi, realizado na Federação Espírita do Paraná, em 19/04/2004.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep.
Em 11.05.2009.
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