quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ELE, O CRISTO!

Fez-se humano, Ele que é luz estelar, para que pudesse entre nós trafegar e cantar o Seu verbo de luz. Fez-se simples, Ele que conhece e compreende toda a complexa e grandiosa estrutura do Universo e as Leis do Criador. Exemplificou a humildade, mesmo tendo em Suas mãos o destino de todo o planeta. Quando tantos esperavam o conquistador, Ele veio ser servo de todos, amparando as mazelas humanas, curando as feridas da alma, sustentando as necessidades do Espírito. Quando muitos queriam o Messias Rei, Ele se fez operário, filho de carpinteiro, vindo de um vilarejo simples, quase desconhecido, para que Seu verbo de luz conquistasse os corações. Quando outros anelavam pelas conquistas terrenas, pelos tesouros que brilham aos olhos, Ele apontava para as riquezas da alma. Quando muitos elegiam a beleza, a fama, as ilusões do mundo, Ele estava com os coxos, leprosos, cegos e estropiados, do corpo e da alma, mostrando a transitoriedade da vida física. Quando tantos se perdiam em tradições e regras vazias, Ele dava novo significado às coisas e aos atos, ensinando que o exterior nada significa se não reflete o mundo interior, esse sim, de grande importância. Trafegava entre poderosos, ricos e intelectuais, mas também entre os simples, os analfabetos e os pobres, pois via a todos como almas em evolução, Seus irmãos, filhos de Deus. Se tantos elegiam as armas, a guerra e a morte como ferramentas de conquista e usurpação, Ele veio conquistar o mundo, sem nada usurpar, falando e vivenciando o amor, na sua mais alta expressão. Se à época foi incompreendido, preterido ou ignorado por muitos, não foram poucos aqueles que se deixaram tocar pela Sua presença, e nunca mais voltaram a ser os mesmos. Naqueles dias, grassava a violência, a barbárie e as injustiças. Não muito diferente dos dias de hoje. Naqueles dias, o poder, o dinheiro e as glórias externas eram o desejo e ambição dos homens. Tal e qual nos dias que hoje transcorrem. Se a tecnologia, filha do intelecto, transformou o mundo, nós ainda continuamos praticamente os mesmos. O amor, filho do coração, ainda aguarda espaço para surgir em nós e nos transformar intimamente, para que o mundo então se transforme efetivamente. Somos todos nós ainda, os cansados e aflitos que Ele aguarda, pacientemente, para nos amparar. Somos ainda os estropiados, não do corpo, mas da alma, necessitados dEle para a nossa cura definitiva. Somos aqueles, de alma sofrida, pelas opções infelizes que fizemos, agora sedentos da Sua paz. E ainda hoje Ele nos aguarda, para que, cansados das ilusões da vida, possamos tê-lO efetivamente, como o Caminho, a Verdade e a Vida.
 * * * 
Jesus Cristo é sempre a melhor resposta para todas as nossas necessidades, anseios e carências. Como há mais de dois mil anos, Ele prossegue como o pastor fiel, o jardineiro das almas, nosso Mestre e Senhor. Não nos percamos nos labirintos do mundo, entre a incerteza e a solidão. Entreguemos nossas vidas ao amor não amado e sintamos os benefícios da Sua presença em nós. Façamos isso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.12.2012.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O BEM VALE O QUE CUSTA

Na passagem evangélica conhecida como o óbolo da viúva, é enunciado o princípio, segundo o qual, o bem vale o que custa. Nela, Jesus estava sentado em frente ao local das oferendas e observava o modo pelo qual o povo lançava ali suas dádivas, fazendo seus pedidos de bênçãos, como era prática comum para eles. Algumas pessoas ricas deitavam dinheiro em abundância. Uma pobre viúva doou duas pequenas moedas, no valor de dez centavos cada uma. Jesus imediatamente afirmou a Seus discípulos que ela havia doado mais do que todos os outros. Afinal, doara do que lhe faria falta, enquanto os ricos haviam dado do que lhes sobrava. Algumas pessoas afirmam que gostariam de ficar ricas, a fim de poderem fazer o bem em larga escala. Chegam a esperar auxílio divino em mirabolantes projetos, em nome da nobreza do fim que almejam. Contudo, se fossem honestas consigo mesmas, admitiriam que pretenderiam, antes de tudo, viver luxuosamente. Sem dúvida, se enriquecessem, fariam caridade material, talvez até de forma abundante. Mas, primeiro, realizariam suas fantasias, comprariam coisas caras e bonitas para si próprias. O enunciado evangélico evidencia que a realização do sumo bem não depende de vastas posses materiais. O cumprimento das leis cósmicas, que traz harmonia e felicidade, é possível em qualquer condição econômica. Basta fazer o que estiver ao próprio alcance. O valor não reside na riqueza da doação. O mérito é proporcional ao sacrifício necessário à prática do ato. Quanto mais difícil, mais meritória é a ação e mais ela repercute perante a consciência cósmica. Sem dúvida o ideal é fazer o bem sem sequer refletir a respeito de eventuais benefícios. Nessa linha, Jesus afirmou que a mão direita não deve saber o que a esquerda faz. É sinal de que os atos nobres não devem ser alardeados e nem envoltos em criteriosas análises a respeito de seus reflexos. Entretanto, ninguém surge sublime em um piscar de olhos. O correto é mesmo praticar o bem por impulso natural do coração e rejubilar-se nele. Mas, enquanto esse estado ideal não é atingido, o bem deve ser praticado como for possível. Mesmo que seja a título da educação do próprio caráter, convém habituar-se a prestar serviços ao próximo. O Espiritismo ensina que a felicidade de um Espírito é proporcional ao seu cabedal de virtudes. Também diz que a sublimidade da virtude reside no sacrifício do interesse pessoal pelo bem do próximo, sem segundas intenções. Essa conclusão está em total harmonia com a lição extraída do óbolo da viúva. Apenas um Espírito de bom coração é capaz de sacrificar-se pelo bem alheio, sem esperar nada em troca. Fazer doações que pouco exigem de sacrifício está ao alcance de todos. Doar do que sobra, embora desejável, não é algo difícil. Entretanto, sacrificar-se em prol de um ideal ou de outro ser humano pressupõe uma boa dose de maturidade espiritual. Atos desprendidos e custosos pressupõem assimilação da lei de fraternidade que rege a vida. Para ser generoso, até às últimas consequências, é preciso compreender as superiores finalidades da existência. A suprema virtude repercute na ordem cósmica e traz suprema felicidade. Como ela não é uma dádiva, mas uma conquista, deve ser desenvolvida. Assim, esforce-se em fazer o bem ao seu alcance. Um dia, à custa de seu esforço, você será sublime. Então, mundos de paz e bem-aventurança abrirão suas portas para você. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 30.1.2019.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ELDAD e MEDAD

PAULO ALVES GODOY
Ao se falar a respeito de comunicação com os mortos, lembram alguns da proibição feita por Moisés. No entanto, o que Moisés proibiu foram os abusos reinantes em sua época. Estabeleceu exatamente a mesma norma que o Espiritismo recomenda: evitar a invocação de Espíritos para fins menos elevados, para consultas frívolas ou para obter informações do terra-a-terra. O que Moisés combatia era o uso da mediunidade sem objetivos sérios. Por outro lado, aplaudia toda vez que reconhecia a seriedade com que médiuns idôneos falavam com os Espíritos. A prova do que afirmamos se encontra no livro bíblico de Números, capítulo onze. Um moço foi denunciar a Moisés que dois médiuns, de nome Eldad e Medad, estavam recebendo comunicações mediúnicas. Imediatamente, seu assessor mais direto, Josué, falou: 
-Moisés, proibe-lhes. 
Contudo, o libertador do povo hebreu disse: 
-Tens tu ciúme por mim? Quisera eu que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhe desse o seu Espírito! 
Essa atitude deixa bem claro que a sua proibição não atingia os médiuns sérios e conscientes dos seus deveres. Somente aqueles que não se preocupavam com a verdade e, por isso mesmo, se tornavam levianos porta-vozes dos Espíritos mentirosos e enganadores. Ele mesmo, Moisés, entrava em contato com o Espírito Jeová, o Espírito protetor da nação israelita. Não existe lógica, portanto, em se afirmar que a proibição de Moisés fosse irrestrita. As páginas do Velho e do Novo Testamento estão cheias de demonstrações do intercâmbio dos homens com o mundo invisível. No dia de Pentecostes, todos os Apóstolos foram inspirados pelos Espíritos. Ocorreu aí a maior sessão coletiva de mediunidade, na história religiosa do mundo. Paulo de Tarso, o Apóstolo dos gentios, recebeu em seu quarto a visita de um Espírito que lhe pede que vá à Macedônia, para esclarecer o seu povo a respeito dos ensinos da Boa Nova. E, na sua Primeira Epístola aos Coríntios, afirma que a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. A cada um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria. E a outro, pelo mesmo Espírito, é dada a palavra da ciência. E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé. E a outro, o dom de curar. Finalmente, diz o Apóstolo tarsense: 
-Todos podeis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam, e todos sejam consolados. 
O fato ocorrido com os médiuns Eldad e Medad é suficiente para provar que Moisés proibia somente a mediunidade sem escrúpulos, a que visa atender a própria vaidade ou aos interesses terrenos. Nada tem a ver com a mediunidade que se torna sublime atendimento ao irmão, no consolo, no esclarecimento, no arrefecer das dores. Na atualidade, não é mais possível se fazer silenciar as vozes dos Espíritos, porque estamos vivendo os tempos de que o profeta hebreu Joel falou: 
-O Espírito será derramado sobre toda a carne. Época em que as pedras falarão. 
As pedras, se referindo aqui às lápides dos túmulos. No sentido alegórico, os Espíritos que, um dia, habitaram os corpos que se encontram enterrados debaixo delas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. I, item os médiuns Eldad e Medad, do livro O evangelho pede licença, de Paulo Alves Godoy, ed. FEESP. 
Em 4.3.2014.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A IMENSA ALEGRIA DE SERVIR

GABRIELA MISTRAL
Toda natureza é um desejo de serviço. Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco. Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu. Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu. Onde houver uma tarefa que todos recusem, aceita-a tu. Sê quem tira: a pedra do caminho, o ódio dos corações e as dificuldades dos problemas. Há a alegria de ser sincero e de ser justo. Há, porém, mais do que isso, a imensa alegria de servir. Como seria triste o mundo se tudo já estivesse feito, se não houvesse uma roseira para plantar, uma iniciativa para lutar! Não te seduzam as obras fáceis. É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar. Não cometas, porém, o erro de pensar que só tem merecimento executar as grandes obras. Há pequenos préstimos que são bons serviços: enfeitar uma mesa. Arrumar uns livros. Pentear uma criança. Aquele é quem critica, este é quem destrói; sê tu quem serve. Servir não é próprio dos seres inferiores: Deus, que nos dá fruto e luz, serve. Poderia chamar-se: O Servidor. E tem os Seus olhos fixos nas nossas mãos e pergunta-nos todos os dias: Serviste hoje?
*   *   *
Gabriela Mistral, poetisa chilena, em seu belíssimo poema nos emociona com uma proposta de vida maravilhosa.
O poeta dos poetas, certa vez também afirmou que quem desejasse ser o primeiro, fosse o servo de todos.
Servir é a receita infalível da felicidade presente e futura.
Presente, pois quem serve, quem se doa, quem ajuda, já recebe no coração a paz que tal ato propicia. Uma paz sem igual: a paz da consciência tranquila.
Futura, pois quem serve semeia concórdia, fraternidade – merecendo colher o mesmo nos passos seguintes da existência imortal do Espírito.
Todo dia nos apresenta diversas oportunidades de servir. Que possamos estar atentos a elas, e não desperdiçar nenhuma chance, nenhuma dessas experiências enriquecedoras.
Parafraseando a poetisa, perguntamos: Você já serviu hoje?
Redação do Momento Espírita, com base no poema

A imensa alegria de servir, de Gabriela Mistral.

domingo, 27 de janeiro de 2019

É JÁ ANO NOVO OUTRA VEZ

Quando chega, é sempre pleno de esperanças. Espera-se o Ano Novo para começar vida nova, para estabelecer novas metas de vida, propósitos renovados para tantas coisas... É comum as pessoas elaborarem suas listas de bons propósitos para o Novo Ano. Mesmo sabendo que o tempo somente existe em função dos movimentos estabelecidos pelo planeta em que nos encontramos, é interessante essa movimentação individual, toda vez que o novo período convencional de um ano reinicia. Mas, falando de lista de bons propósitos, já se deu conta que, quase sempre, esquecemos o que listamos? Alguns até esquecemos onde guardamos a tal lista, o que atesta da pouca disposição em perseguir os itens elencados. Ano Novo deve ter um significado especial. Embora o tempo seja sempre o mesmo, essa convenção se reveste de importância na medida em que, nos condicionando ao início de uma etapa diferente, renovada, sintamo-nos emulados a uma renovação. Renovação de hábitos, de atitudes, como estar mais com a família, reorganizando as horas do trabalho profissional. Importar-se mais com os filhos, lembrando-se de não somente indagar se já fizeram a lição, mas participar, olhando, lendo as observações feitas pelos professores nos cadernos, interessando-se pelos conteúdos disciplinares. Sair mais com as crianças, não somente para passeios como a praia, a viagem de férias. Mas, no dia a dia, um momento para um lanche e uma conversa, uma saída para deliciar-se com um sorvete. Outros, para só ficar olhando a carinha lambuzada de chocolate, literalmente afundando-se na taça de sorvete. Outros, mais longos, para acompanhar o passo vacilante de quem está aprendendo a andar. Uma tarde para um papo com os que já estão preparando a mochila para se retirar do cenário desta vida, quem sabe, nos próximos meses? Isto é viver Ano Novo. Sair com amigos, abraçar amigos, sorrir pelo simples prazer de sorrir. Trocar e-mails afetuosos, não somente os corriqueiros que envolvam decisões e finanças. Usar o telefone para dar um Olá, desejar Boa viagem, Feliz aniversário! Bom, você também pode fazer propósitos de comer menos doces ou diminuir os carboidratos da sua dieta, visando melhor condição de vida ou simplesmente adequar seu peso. Também pode pensar em mudar o visual. Quem sabe modificar o corte de cabelo, tentar pentear para outro lado, fazer uma visita ao dentista. E é claro, um bom check-up. Porque cuidar da saúde é essencial. Bom mesmo é não esquecer de formular propósitos para sua alma. Assim, acrescente na lista: estudar mais, ler mais, entender mais o outro, devotar-se a um trabalho voluntário, servir a alguém com alegria e bom ânimo. Com certeza, cada um terá outros muitos itens a serem acrescentados à lista. Até mesmo coisas simples como alterar os roteiros de idas e vindas do trabalho-lar-escola. Ou coisas mais complicadas, como se dispor a pensar um pouco no outro e não exclusivamente em si, no relacionamento a dois. Imprescindível, no entanto, é que você coloque a lista à vista, para olhar muitas vezes, durante todo o Novo Ano. Importante que se lembre de lê-la, para ir acompanhando o que já conseguiu e onde ou em que ainda precisa investir mais, insistindo, até a vitória. Seja este Ano Novo o ano de concretas realizações na sua vida!
Redação do Momento Espírita. 
Em 31.12.2018.

sábado, 26 de janeiro de 2019

A GRANDE DIFERENÇA

Elisabeth Klüber-Ross
Os alunos residentes estavam reunidos discutindo suas dificuldades. Todos eram unânimes em afirmar que o maior problema no hospital era o Dr. M. Ninguém gostava daquele médico que tinha aos seus cuidados pacientes portadores de câncer. Ele era brilhante em seu trabalho, mas intolerável no trato pessoal. Era áspero, arrogante e nunca admitia que alguém falasse que um de seus pacientes iria morrer. A médica psiquiatra que a tudo escutava, inesperadamente falou: 
-Não se pode ajudar uma outra pessoa sem gostar um pouquinho dela. Há alguém aqui que goste dele? 
Depois de muitas caretas, risos e gestos hostis, uma moça ergueu a mão hesitante. Era uma enfermeira. 
-Vocês não conhecem esse homem, ela começou. Não conhecem a pessoa que ele é. Todas as noites, depois que todos os médicos já se retiraram, ele visita os pacientes. Começa no quarto mais distante do posto de enfermagem e vem seguindo, entrando de quarto em quarto. Quando entra no primeiro, parece seguro, confiante, de cabeça alta. Mas, de cada quarto que sai, suas costas vão se curvando mais. Quando sai do último quarto, está arrasado. Sem alegria, esperança ou satisfação por seu trabalho. O que eu mais desejaria é quando ele está assim triste, pousar minha mão no seu ombro, como uma amiga. Mas nunca o fiz porque sou só uma enfermeira e ele é o chefe do departamento de Oncologia. 
Nos momentos seguintes, todos se uniram e insistiram para que ela se esforçasse e seguisse o impulso do seu coração. Aquele homem precisava de ajuda. Uma semana depois, reunidos novamente, a enfermeira entrou sorridente e disse: 
-Consegui. 
Na sexta-feira anterior, ela vira o médico sair arrasado do plantão. Dois dos seus pacientes haviam morrido naquele dia. Aproximou-se dele e, inesperadamente, ele a levou para o seu consultório e desabafou. Ele falou como sonhava curar seus pacientes, enquanto os seus amigos, da mesma idade que ele, estavam constituindo família. Sua vida tinha sido aprender uma especialidade. Agora, ele ocupava uma posição que podia fazer a diferença para a vida dos enfermos. E, no entanto, todos eles morriam. Um após outro, todos morriam. Ele era um homem acabado, vencido. Quando ouviram essa história, os residentes se deram conta de como todos somos frágeis e necessitados de afeto. Também de como uma pessoa tem o poder extraordinário de curar outras, apenas tomando coragem e agindo sob o impulso do coração. Um ano depois, o Dr. M. era outro homem. Abriu o seu coração às pessoas e redescobriu as maravilhosas qualidades que possuía, o afeto e a compreensão que o haviam motivado a se tornar um médico. 
 * * * 
Um gesto, uma atitude, um olhar podem mudar a vida de uma criatura. Pessoas ásperas, de trato rude, quase sempre estão ocultando as suas mágoas e pesares profundos. Por vezes, basta um pequeno toque para que elas abram o coração e demonstrem toda a sua fragilidade. E o que faz a grande diferença na vida de tais pessoas é a demonstração de afeto, que pode ser de um grande amor, de um amigo, de um irmão ou de um colega de trabalho. Por tudo isso, esteja atento. Olhe ao redor e descubra se você, com sua atitude, não pode fazer a grande diferença na vida de alguém. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro A roda da vida, de Elisabeth Klüber-Ross, ed. Sextante. 
Em 25.1.2019.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO

Antônio Carlos Jobim
Você já imaginou se todas as pessoas fossem idênticas a você, neste mundo? Todos tivessem pensamentos iguais, sentimentos iguais, gostos iguais aos seus? Ninguém para lhe contrapor uma ideia, ninguém que contrariasse seus desejos, e muitos que agissem exatamente como você. E se todas as pessoas gostassem dos mesmos filmes, dos mesmos alimentos, das mesmas festas, dos mesmos times de futebol, dos mesmos carros, e de frequentar os mesmos lugares? Será que a vida teria graça? Ou será que isso seria um real motivo para a infelicidade? Imagine se todos vestissem roupas das mesmas cores, dos mesmos modelos, da mesma marca. Isso causaria tédio. Se todos fôssemos idênticos não haveria graça nem crescimento. Nós precisamos uns dos outros para sermos felizes. Precisamos de pessoas que pensem diferente, que sintam diferente, que ajam diferente, porque é a soma das diferenças que produz a felicidade. Precisamos trocar experiências, discutir idéias, concordar e discordar. É essa dinâmica da vida que nos dá motivos para viver e crescer realmente. Por isso as diferenças são salutares, são incentivo e estímulo para o nosso progresso. A felicidade é uma propriedade do Espírito, mas só é conquistada na vida de relação. As emoções que sentimos só são possíveis porque existe o outro. Se não houvesse o outro não teríamos como avaliar nossos sentimentos. Sem o inter-relacionamento seríamos ilhas, isoladas, e a vida não teria sentido. Podemos afirmar, então, que a felicidade é uma conquista social. Por tudo isso, vale a pena pensar na importância das pessoas em nossa vida, por mais problemáticas que elas sejam. São elas que dão significado à vida e nos permitem a felicidade. Portanto, as pessoas são mais importantes que os bens materiais e o dinheiro. Imagine que você tivesse muito dinheiro, a casa de seus sonhos, com a mobília mais sofisticada possível, roupas maravilhosas e comida abundante. Mas tudo isso ao preço de nunca mais ver ou ser visto por qualquer ser humano. Você ficaria contente? Ou será que enlouqueceria? Só se é feliz em sociedade. Como disse o poeta Antônio Carlos Jobim, é impossível ser feliz sozinho. De que adianta ter beleza, dinheiro, bens, se não tiver olhos para contemplar a beleza, companhia para gastar o dinheiro e alguém para admirar nossos bens? Assim também acontece no campo dos sentimentos. De que adianta ter a mente mais brilhante, o coração mais afetuoso sem ninguém para dividir esses tesouros? E somente podemos interagir dessa forma com outras pessoas. Não podemos trocar idéias com coisas ou animais. As coisas não interagem e os animais não trocam idéias... Restam os seres humanos. É com eles que construímos e dividimos a nossa felicidade. Por isso é importante que o outro seja diferente. Não há crescimento sem antagonismos. Se todos fôssemos iguais não haveria progresso. É na harmonia dessas diferenças que está a beleza da relação entre os seres racionais. Do homo sapiens. Pense nisso. Analise sua vida de relação. Observe como o contato com as outras pessoas lhe possibilita ser feliz. E lembre-se sempre: as pessoas não são e nem podem ser idênticas a você. 
 * * * 
A felicidade não é um lugar aonde chegaremos um dia, é uma forma de vida, é uma maneira de caminhar. 
Redação do Momento Espírita, com base em Seminário coordenado por Cosme Massi, realizado na Federação Espírita do Paraná, em 19/04/2004. Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep. 
Em 11.05.2009.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A HISTÓRIA DAS MÃES FELIZES

Narra famoso escritor árabe que uma jovem mãe iniciou a grande jornada pela estrada incerta da vida. Trazia no peito apreensões pois não tinha certeza se teria condições de educar bem os seus filhos. A existência lhe transcorria feliz, em companhia de seus pequenos. Brincava com eles, colhia para eles as mais lindas flores. O sol brilhava, inundando a Terra com torrentes de luz. Ela agradecia a Deus, acreditando que jamais poderia ser mais feliz do que era. No entanto, veio a noite com seu manto pesado e sombrio. Desabou o temporal. O vento gritava alto. A natureza toda parecia enfurecida, num concerto desesperador. Os pequenos se encolhiam, trêmulos de medo e choravam. A jovem mãe os aconchegou contra o peito e os agasalhou com sua própria túnica. As crianças se acalmaram, sentindo-se seguras no regaço materno. A mãe, sorridente, ergueu uma prece aos céus, por ter podido proteger os seus filhos e lhes lançar nos corações a lição da confiança e da coragem. Os dias se sucederam, cada qual com sua lição preciosa de vida. Finalmente, um grande cataclismo aconteceu. Fez-se noite em pleno dia. A morte começou a visitar todos os lares, rondando por toda parte. As crianças se apavoraram e começaram a chorar. Mas a mãe lhes dizia: 
-Confiai em Deus, confiai. Ele não nos abandonará. 
Os pequenos confiaram em Deus. Oraram e se acalmaram. Nesse dia, a mãe teve muito a agradecer a Deus. Agradeceu pela grande oportunidade de ter ensinado aos seus filhos a respeito da confiança em Deus, na Sua misericórdia. E acreditou que aquele sim era o dia mais feliz de sua vida. Os anos se sucederam. A jovem mãe nevou os cabelos e traçou rugas no rosto. O passo foi se tornando cansado, mais lento e dificultoso. Mas os filhos eram bons e dedicados. Um dia, a boa velhinha partiu para o mundo espiritual. Despediu-se e com serenidade abandonou o corpo. Os filhos tiveram a nítida impressão de que largos portões se abriram para lhe receber o Espírito. E, enquanto ela ingressava feliz na Espiritualidade, olharam-se, dizendo: A lembrança de nossa mãe viverá para sempre em nossos corações. Eduquemos os nossos filhos como ela nos educou: na bondade, na obediência, no amor, na confiança em Deus. 
* * *
Será que temos aproveitado todos os momentos de dificuldades para ensinar valores positivos aos nossos filhos? Será que temos lembrado de, ante o desemprego que a tantos atinge, ensinar aos nossos filhos o valor do esforço para viver honestamente, enfrentando a adversidade? Temos lhes falado a respeito do valor moral do dinheiro? De como o devemos empregar, sem abusos ou excessos? Temos lhes ensinado o valor da oração? Temos lhes falado da fé que remove as montanhas, vence os abismos e nos permite superar os desafios da vida? Pais e mães: lembremo-nos da nossa missão que é conduzir para o Criador os Espíritos dos filhos que foram confiados por Ele, à nossa guarda. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto A parábola das mães felizes, de Malba Tahan. 
Em 24.1.2019.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

A IMPORTÂNCIA DA INFÂNCIA

ALAN KARDEC
Qual a utilidade da infância para o Espírito que retorna à Terra através da reencarnação? Por que, como seres humanos, temos uma infância tão longa, comparada a todos os animais irracionais? A resposta a estas perguntas tem nuances muito interessantes e importantes para nossa vida. Primeiramente precisamos compreender que esse ser pequenino, que os genitores conduzem em seus braços carinhosos, não passa de milenário viajor da evolução para o Criador. Sim, exatamente: um Espírito imortal que volta ao orbe terrestre com objetivos muito claros, envolvendo a auto-superação, a reestruturação do caráter moral e abrilhantamento intelectual. Este ser passa sempre por um processo de esquecimento do passado, recebendo a nova existência como uma nova oportunidade. É um verdadeiro começar de novo. Renasce desprotegido, totalmente dependente, inspirando cuidados e amor a todos que estão ao seu redor. Para não lhe impor uma severidade muito grande, Deus lhe dá todo o toque da inocência. Essa inocência não é uma superioridade real sobre o que era antes. Não, é a imagem do que deveria ser. E a bondade e beleza dos desígnios divinos não param por aí, pois não é apenas por esse ser que o Criador lhe dá esse aspecto. É também e, principalmente, por seus pais, cujo amor é necessário para sua fragilidade. Esse amor seria notoriamente enfraquecido frente a um caráter impertinente e rude, ao passo que, ao acreditar que seus filhos são bons e dóceis, os pais lhes dão toda afeição e os rodeiam com os mais atenciosos cuidados. Ainda há uma segunda razão, uma segunda utilidade para o período conhecido como infância. O Espírito, encarnado para se aperfeiçoar, é mais acessível, durante esse tempo, às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento. A criança é verdadeira esponja a sorver tudo o que acontece à sua volta. Através dos exemplos que recebe, molda sua nova personalidade com características saudáveis ou não. O que virem como usual no comportamento dos progenitores e tutores, tomarão para si com facilidade muito grande. Imitarão o palavreado, os gestos e as atitudes frente a esta ou aquela situação. É desta forma que aqueles que estão encarregados de sua educação desempenham um papel fundamental. Assim, eis a séria advertência do Espiritismo aos pais e educadores: Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus, que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios, e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os brotos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. 
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 383 e 385 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB; no cap. XIV, item 9, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e na pt. 1, do livro Desafios da educação, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 23.1.2019.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

EGOÍSMO

O egoísmo é a fonte da maioria absoluta dos males que assolam a Humanidade. A exagerada preocupação com os próprios interesses faz com que qualquer coisa que os contrarie tome desmedida importância. Essa forma equivocada e rasteira de perceber a vida a todos prejudica. Primeiro, tira a paz do próprio egoísta, que se angustia em suas tentativas de submeter o mundo aos seus interesses. Segundo, causa danos à sociedade, que não pode ser harmônica enquanto seus integrantes se digladiam. Já a solidariedade e a preocupação com o bem-estar coletivo disseminam a felicidade. Tome-se como exemplo a questão da segurança. Os habitantes das grandes cidades vivem em estado de alerta, com medo de serem molestados. Quem pode contrata serviço de vigilância para sua residência. Há preocupação constante com os filhos e os parentes em geral. Teme-se um assalto, um sequestro relâmpago, um golpe de qualquer ordem. Tal situação é típica de uma sociedade egoísta. Se a preocupação com os próprios interesses fosse menor, poderiam ser encontradas formas de resolver o problema. Mas, para isso, o objetivo das criaturas não poderia ser fazer crescer a qualquer custo o próprio patrimônio. É bom e natural que os homens se preocupem em conquistar bens que lhes garantam uma vida digna, e fomentem o progresso. Mas quando a busca das coisas materiais é exacerbada, ela causa grandes problemas. Numa sociedade em que a grande maioria está despreocupada com o bem-estar coletivo, as disparidades crescem. É impossível que todos conquistem exatamente o mesmo nível de conforto. Os homens são diferentes em talentos e habilidades. Mas é necessário assegurar condições para que todos conquistem o mínimo indispensável a um viver digno. Quando o homem consegue ver o próximo como um semelhante, torna-se solidário. A dor do outro dói tanto quanto a sua. A miséria e o desemprego na casa do vizinho são tão trágicos como se fossem na sua residência. Imagine como seria bom viver em uma sociedade segura. Sair tranqüilo na rua, mesmo à noite. Mandar seus filhos para a escola, certo de que ninguém os molestaria. Está nas mãos de todos adotar as providências iniciais para uma reforma social. Essa reforma principia pela modificação do próprio comportamento. A reforma íntima é uma dura batalha. É mais fácil vencer os outros do que a si mesmo. Mas não há equívocos no Universo, que é regido pela Sabedoria Divina. Cada qual vive no meio que lhe é mais adequado. Se você deseja viver em paz, comece a burilar o seu interior. Preste atenção em todas as suas atitudes que revelam egoísmo. Esse egoísmo pode ser pessoal, familiar ou de classe. Analise o que você deseja para você, para sua família ou para sua classe profissional. Há como estender tais vantagens para os outros? O custo de suas regalias não é excessivamente alto para os semelhantes? Certamente vale a pena moderar um pouco os próprios anseios, em prol de uma vida harmoniosa. De nada adianta enriquecer causando o empobrecimento alheio. Não é possível viver em paz em meio à miséria e a dor dos semelhantes. A genuína felicidade surge quando se aprende a compartilhar. Quem experimenta a ventura da solidariedade jamais volta atrás. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.11.2008.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

O NOSSO EGOÍSMO DE CADA DIA!

Diariamente, há inúmeras demonstrações de egoísmo partindo de nós ou à nossa volta. É o motorista que para o carro em fila dupla, só por um minutinho. O torcedor que, para festejar a vitória do seu time esportivo, sai com seu carro buzinando pelas ruas, independente da hora e do local. É o religioso que, a pretexto de atender os seus fiéis, transmite seu ato litúrgico através de auto-falantes. O passageiro que entra no transporte coletivo e corre para pegar o lugar vazio, sem olhar se tem algum idoso, alguma senhora grávida, ou uma mãe com criança, que precisaria trafegar melhor acomodado. São as comemorações com fogos de artifício, sem se cogitar de enfermos nos hospitais, crianças dormindo nas casas. É aquele que procura furar a fila, tentando um jeitinho, desconsiderando os que chegaram antes dele. São os pais que se portam com intolerância e irritação, quando o filho pequenino não se porta adequadamente no restaurante, exigindo-lhe atenção e ocasionando demora à sua refeição. Dificultar a circulação de veículos, por não dar a vez ao motorista que está saindo da garagem, de estacionamento ou tentando entrar numa via preferencial. Com o pretexto de estar com pressa, tratar os familiares com grosseria e estupidez. Prender a porta do elevador enquanto conclui a conversa ou se despede demoradamente. Estacionar o seu veículo, sem observar se está ocupando mais de uma vaga, ou se não vai trancar ou dificultar a movimentação dos demais veículos. Infelizmente, há muitos exemplos a serem dados de egoísmo explícito. O egoísmo é um dos grandes males da Humanidade, também por ser fonte geratriz de orgulho, de prepotência, de ingratidão, de desordem, de rebeldia, de violência, de sovinice, de indiferença. A primeira providência para combater esse mal em nós é examinar-nos com atenção e intenção, identificando as atitudes egoístas de cada dia, desde as mais pequeninas até às mais relevantes. Depois, começar a dobrar essa personalidade equivocada, impondo-se medidas corretivas, intencionalmente corretivas. 
Eis algumas dicas bem singelas: em casa, não se apressar ou atropelar tudo e todos, para ter tempo de assistir a telenovela ou ao telejornal; não deixar as crianças com fome, esperando que você termine de assistir a esse ou aquele programa na televisão, ou que você conclua a longa conversa ao telefone; se o seu filho lhe pedir para brincarem juntos, deixe a leitura do jornal ou da revista para depois, e vá diverti-lo, com toda a atenção e boa vontade; se estiver cuidando do seu filho, busque atividades que digam respeito à idade e à vontade dele, e não insistir para que ele faça o que você quer. Não fique ao lado dele, somente, enquanto ele brinca. Brinque com ele, role no chão, viva o mundo dele; sentado à mesa para a refeição, procure servir aos demais, em primeiro lugar, com paciência e zelo; quando for tomar banho, faça-o adequadamente, mas com rapidez. Tem gente na fila; ao terminar seu banho, deixe o banheiro em condições de uso para os outros, para que esses não tenham que fazer uma faxina antes de usar; ao invés de ficar pedindo pelas coisas em casa, antecipe-se e providencie o que você quer, por conta própria; ajude na arrumação da casa, cuidando para não bagunçá-la; ao se levantar pela manhã, faça-o sem pressa, arrume sua cama, ajude no atendimento dos menores, providencie o café da manhã, trate a todos com cortesia e simpatia; ao sair de casa, seja cortês no trânsito, no transporte coletivo, nas ruas, nos elevadores, para com os atendentes, para com os colegas de trabalho. O egoísmo deve ser sobreposto pelo altruísmo. No egoísmo você é o único e o primeiro. No altruísmo, o próximo existe e merece toda a sua dedicação. Amar ao próximo como a si mesmo, já ensinou Jesus há mais de dois mil anos. Está mais do que na hora de modificar o egoísmo nosso de cada dia, para o altruísmo nosso de todos os dias. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 07.06.2010.

domingo, 20 de janeiro de 2019

O EGOÍSMO DAS NOSSAS VIDAS

LÉON DENIS
Egoísmo é descrito como das mais terríveis enfermidades da alma e o maior obstáculo ao melhoramento social. É a persistência em nós desse individualismo feroz que caracteriza o animal, como vestígio do estado de inferioridade. Quase sempre, quando se menciona o egoísmo, nos vêm à mente os que acumulam grandes riquezas e a quem nada de material falta. São vistos em manchetes constantes, em viagens internacionais, festas elegantes, banquetes luxuosos, iates e aviões particulares. Ou então cogita-se das nações civilizadas, excessivamente ricas que tanto têm e não repartem com as nações pobres. Essa é a nossa visão. Mas, convenhamos, um tanto distorcida. Se pensarmos bem, acabaremos por descobrir que todos somos um pouco ou um tanto egoístas. Observemos no lar como funcionam as coisas. Levantamo-nos da mesa e não nos preocupamos em retirar o nosso prato e talheres, ou sequer recolocar a cadeira no lugar. Quando nos vamos servir, não pensamos em divisão, mas em encher e muito o nosso prato. Quando nos dispomos a assistir televisão, é tal o egoísmo que sequer cogitamos de combinar uma espécie de escala para que cada componente da família escolha, em um dia, a programação de sua eleição e juntos assistamos ora um, ora outro programa, a todos satisfazendo. Nosso egoísmo é tamanho que preferimos logo ter uma televisão para cada um, em seu próprio quarto, para nunca ter que ceder ou deixar de ter atendida a sua vontade. Quando andamos pelas ruas, em dias de chuva, somos tão egoístas que, mesmo estando com o guarda-chuva, desejamos andar debaixo das marquises, em vez de deixá-las para aqueles que foram apanhados desprevenidos pela intempérie. Quando tomamos o coletivo para os deslocamentos urbanos, nosso egoísmo é tão grande que nem olhamos para o lado, a fim de não descobrirmos que alguém idoso, ou com criança ao colo ou deficiente, precisaria muito mais do que nós do assento em que nos acomodamos. E pensamos tanto em nós mesmos, que nem esperamos que os passageiros desçam do ônibus e já vamos entrando, empurrando. Que importa se os demais precisam sair? Nós desejamos entrar e logo, às pressas, para conseguirmos um lugar para sentar. No ambiente de trabalho, fala alto também o egoísmo. Quando alguém nos deve substituir durante um período de férias, preferimos não ensinar tudo ao substituto, para que ele, por sua dedicação e competência, não venha a suplantar-nos e nós acabemos sobrando. Em matéria religiosa, não somos diferentes. Cada qual deseja ter a exclusividade da verdade, do conhecimento e merecer, por isso, o reino dos céus. Quantos nos afirmamos os exclusivos filhos de Deus, esquecidos de que Deus é um só. O único Criador. De todos. De tudo. E com o mesmo amor que nos ama, ama a todos os demais. 
 * * * 
Aquele que não simplesmente aproveita o trabalho já encetado por outros mas, ao contrário, sabe cooperar, espalha ao redor de si tudo que tem de bom e se sente mais feliz. Está consciente de ser um membro útil à sociedade. Interessa-lhe tudo o que se realiza no mundo, tudo o que é grande e belo sensibiliza-o e comove. Sua alma vibra em harmonia com todos os Espíritos esclarecidos e generosos e em pé, como campeão ou como soldado, está pronto a participar de todos os grandes trabalhos, a penetrar em novos caminhos, a fecundar o patrimônio comum da Humanidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XLVI do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. Feb. 
Em 02.01.2009.

sábado, 19 de janeiro de 2019

EFICIENTES FÍSICOS

CLODOALDO SILVA
Em 2004, após as olimpíadas em Atenas, aconteceram as pára-olimpíadas, que reuniram 136 países. As 55 mil pessoas que lotavam o estádio puderam se emocionar com a garra desses atletas muito especiais. O Brasil foi representado por 98 atletas. No desfile, Caco, o nadador brasileiro, que teve paralisia infantil, entrou sentado na cadeira de rodas com a bandeira brasileira na mão e um sorriso no rosto. Outro atleta, mesmo com uma perna mecânica, entrou sambando. A recordista mundial de arremesso de peso, Rosinha, que teve uma perna amputada aos 14 anos após ser atropelada por um caminhão, desfilou feliz. Segundo ela, a alegria estava em poder estar ali, representando o seu país, como uma atleta campeã. O judoca Antônio Tenório esteve lá para tentar a sua terceira medalha de ouro. Aos 13 anos, numa brincadeira com estilingue, um de seus olhos foi atingido por uma mamona. Perdeu a vista. Aos 19 anos ficou completamente cego, após deslocamento de retina do outro olho. E lá estavam também países pobres. Como Ruanda, cujos atletas, ao invés de bengalas, entraram utilizando pedaços de madeira. Uganda foi representada por apenas cinco integrantes. Um deles era uma mulher com dificuldade de locomoção. Ela foi, literalmente, empurrada pelo estádio inteiro, que celebrou cada passo dessa atleta, que já começou os jogos sendo uma vencedora. Também estiveram lá países como Iraque e Afeganistão. Nada de guerra. A paz reinava no coração daquela gente. Os atletas para-olímpicos trouxeram muitas medalhas para o Brasil. Cada vez que a bandeira brasileira era içada e o hino nacional executado era a demonstração de que tudo é possível àquele que crê. Os deficientes físicos nos ensinam o verdadeiro valor que tem a força de vontade. Eles restauram a sua saúde ao afirmarem que nada vai lhes impedir de ver o mundo, mesmo sendo cegos. Eles podem ver a vida de outras formas. Podem contar com alguém que será seus olhos. E os deficientes auditivos podem ouvir o som da vida na canção do amor ao próximo que os trata com carinho. Os deficientes não estão presos a cadeiras de rodas. Estão livres para sonhar que cada dia é uma dádiva, que cada dia vão conquistar algo novo. Eles nunca desistem, porque têm sempre algo novo para ser conquistado, para melhorar e aperfeiçoar em si. Enfim, eles nos mostram que podem ser mais lentos, mas já chegaram na nossa frente, porque estão vencendo a si próprios. A montanha deles é mais alta do que a nossa. A conquista deles pode demorar um pouco mais, mas será a maior das conquistas. 
-Você sabia? 
-Você sabia que o Brasil tem 26 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência? 
-E que, a cada ano, surgem 10 mil novos deficientes? 
São pessoas que se envolveram em acidentes de carro ou arma de fogo, principalmente. Cada deficiente físico pode ser considerado como uma rocha onde as ondas das dificuldades se chocam e são transformadas em combustível. Tudo em busca de um objetivo maior, que é se superar a cada dia de suas vidas. Aprendamos com eles. 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base nos artigos Eficientes físicos, de Joil Menezes Guimarães e minha primeira Pára-olimpíada, de Reinaldo Gottino, inseridas na revista Kardebraile.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

EFETIVAMENTE NECESSÁRIO

Ricardo Darin
A entrevista era dada pelo ator argentino Ricardo Darin, um dos maiores nomes do cinema e teatro de seu país. Entre vários assuntos, o repórter indagou se nunca lhe haviam feito um convite para atuar em Hollywood. Ricardo respondeu afirmativamente mas que, à época do convite, ele estava filmando na Espanha, em uma temporada de seis meses, e que desejava voltar para casa. O entrevistador desejou saber o nome do norte-americano que havia recebido sua negativa. O ator, ao declinar o nome do famoso profissional, observou o espanto do repórter. 
-Bem, diz Ricardo Darin, deixe-me dizer-lhe porque não aceitei o convite. 
Para o repórter era totalmente despropositado abrir mão de tal possibilidade profissional, que iria levá-lo a um outro patamar de estrelato. Continuou o ator: 
-Primeiramente, não concordei, ideologicamente, com o papel oferecido. Em segundo lugar, eu estava com saudades de minha casa, da esposa, dos filhos, e o que mais queria naquele momento, era terminar a temporada na Espanha para voltar para minha família.
Talvez achando os argumentos um pouco ingênuos, o repórter redarguiu, quase exaltado, perguntando se ele sabia quanto dinheiro teria ganho com aquele convite. E o que faria eu com tanto dinheiro? 
- Poderia viver melhor. Acentuou o entrevistador. 
-Melhor do que eu vivo? Indagou Ricardo. Veja bem: tomo dois banhos quentes por dia, sou reconhecido pelo meu trabalho no teatro, as pessoas me cumprimentam na rua, me tratam carinhosamente. O que mais posso querer? A ambição pode nos levar a um lugar muito escuro, desolador. Eu sou um cara feliz, completou. Sou o máximo feliz que pode ser uma pessoa que vive em um mundo e em uma sociedade como a de hoje. Tenho uma família feliz, as pessoas gostam de mim, me abraçam, me beijam na rua... O que mais posso querer?
 * * * 
A argumentação do ator argentino nos leva a concluir de sua sabedoria no tocante ao conceito da felicidade e do ser feliz. E nos remete a reflexões sobre as reais definições do necessário e supérfluo para cada um de nós. Muitas vezes lutamos para ter bens que não irão fazer sentido ao longo do tempo. Investimos nossas horas na busca de fama, glória ou dinheiro, sem entender que tudo isso, efetivamente, não tem verdadeiro significado para nossas necessidades emocionais. Muito embora tenhamos inúmeras exigências profissionais, financeiras, devemos ter claro e lúcido o que queremos e o quanto nos basta para sermos felizes. Para o ator argentino era claro que estar em seu lar, conviver com a família era muito melhor do que ser famoso em Hollywood. Vale a pena nos questionarmos a respeito do que é efetivamente necessário em nossa vida. E analisarmos do quanto não estamos a despender nossos valores de tempo, capacidades e competências, em torno de coisas supérfluas. Afinal, como nos alerta Jesus, onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 11.5.2016.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

A INIGUALÁVEL PALAVRA DE JESUS

Sempre importante lembrarmos das palavras de Jesus. A palavra do Cristo é a luz acesa para encontrarmos na sombra terrestre, em cada minuto da vida, o ensejo Divino de nossa construção espiritual. Erguendo-a, vemos o milagre do pão que, pela fraternidade, em nós se transforma, na boca faminta, em felicidade para nós mesmos. Irradiando-a, descobrimos que a tolerância por nós exercida se converte nos semelhantes em simpatia a nosso favor. Distribuindo-a, observamos que o consolo e a esperança, o carinho e a bondade, veiculados por nossas atitudes e por nossas mãos, no socorro aos companheiros mais ignorantes e mais fracos, neles se revelam por bênçãos de alegria, felicitando-nos a estrada. 
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Geme a terra, sob o pedregulho imenso que lhe atapeta os caminhos... Sofre o homem sob o fardo das provações que lhe aguilhoam a experiência. E assim como a fonte nasce para estender-se, desce o dom inefável de Jesus sobre nós para crescer e multiplicar-se. Levantemos, cada hora, essa luz sublime para reerguer os que caem, fortalecer os que vacilam, reconfortar os que choram e auxiliar os que padecem. O mundo está repleto de braços que agridem e de vozes que amaldiçoam. Seja a nossa presença junto aos outros algo do Senhor inspirando alegria e segurança. Não nos esqueçamos de que o tempo é um empréstimo sagrado, e quem se refere a tempo diz oportunidade de ajudar para ser ajudado; de suportar para ser suportado; de balsamizar as feridas alheias para que as próprias feridas encontrem remédio e de sacrificar-se pela vitória do bem, para que o bem nos conduza à definitiva libertação. Assim, pois, caminhemos com Jesus, aprendendo a amar sempre, repetindo com Ele, em nossas proveitosas dificuldades de cada dia: Pai nosso, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos céus.
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Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos lábios dos oradores. Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos ouvidos dos seguidores. Ante a lembrança dEle, pensemos nas nossas escolhas de vida. Reflitamos se estamos escolhendo o caminho mais cômodo, ou se já optamos pelo caminho mais seguro e certo. A palavra de Jesus nos orienta com clareza. Ouçamos todos os que tenhamos ouvidos de ouvir. Em algum momento todos teremos que despertar para o bem, e nada melhor do que despertar ao som dos ensinos deste Amigo tão querido e zeloso. Esqueçamos os fanatismos religiosos. Esqueçamos dogmas e mistérios. Lembremos apenas das lições do Mestre que nos apontam o amor como solução, como sentido para a vida. Toda palavra de Jesus poderá ser resumida em apenas uma: Amor. Amemos e estaremos no mais seguro dos caminhos para a felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Vozes do Grande Além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 21, ed. FEP. 
Em 17.1.2019.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A LIÇÃO DAS GAIVOTAS

Um enorme transatlântico partiu de movimentado porto rumo a outro continente. Do convés, os passageiros acenavam lenços e agitavam mãos, em manifestações de adeuses. No porto, muitas pessoas acenavam igualmente e lançavam beijos ao ar, num misto de antecipada saudade e carinho. Pouco depois, os que se encontravam no convés, ainda observando os que permaneciam em terra, puderam constatar uma nuvem de gaivotas prateadas acompanhando o imenso navio. O seu voo atraiu a atenção de quase todos, tanto pela algazarra que promoviam, quanto pelo capricho de suas voltas, ao redor da enorme máquina concebida pelo homem. Passada uma meia hora de viagem, o tempo se tornou ameaçador. Ondas de espuma se levantavam ao açoitar dos ventos violentos. Esboçou-se no firmamento uma tremenda tempestade. Com suas possantes máquinas, o navio cortava as vagas agitadas e parecia fazê-lo com dificuldade, dada a presença dos elementos da natureza em convulsão. Um dos poucos viajantes que até então permanecia no tombadilho, contemplou as aves a voejar e as lastimou. Como podiam elas, com suas asas tão débeis, lutar contra o tufão, desamparadas nos céus? Elas nada tinham além do próprio corpo para enfrentá-lo. Suas asas resistiriam ao vento implacável, se o possante navio, com suas máquinas que representam milhares de cavalos resistia com dificuldade ao tempo torrencial? De repente, aquele homem que estava tão compadecido das avezinhas do mar, ficou perplexo. É que as pequenas gaivotas, estendendo as asas que Deus lhes deu abandonaram o navio na tempestade e se ergueram acima da tormenta, passando a voar numa região serena dos ares. E a máquina, representando a ciência humana, prosseguiu na sua luta penosa para resistir à fúria dos elementos.
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Em nossas vidas ocorre de forma semelhante. Quando pretendemos lutar unicamente com nossos próprios meios, encontramos o fustigar dos ventos das dificuldades atrozes, que vergastam a alma e maceram o corpo. Contudo, se utilizarmos os recursos da oração alcançaremos as possibilidades das asas das gaivotas. Pelas asas poderosas da prece, o homem pode se elevar acima das tempestades do cotidiano e voar placidamente. Envolvidos pelas luzes da prece, alcançaremos regiões que o vendaval das paixões inferiores não alcança. Fortificados pela oração, enfrentaremos o mar agitado dos problemas, a fúria das vicissitudes, e chegaremos ao porto seguro que todos almejamos.
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DIVALDO PEREIRA FRANCO
Quando o triunfo nos alcançar ou quando sofrermos aparentes quedas, busquemos Jesus e falemos sem palavras ao Seu coração de Mestre e Amigo. Condutor vigilante de nossas almas, Ele assumirá o leme da frágil embarcação das nossas vidas, permitindo-nos singrar o mar agitado das nossas dores, com coragem e segurança. A medida ideal será sempre orar antes de agir, a fim de evitar que procedamos de forma imprevidente, o que nos conduziria ao desespero e a maior soma de dores. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A tempestade e as gaivotas, do livro Lendas do céu e da terra, de Malba Tahan,ed. Melhoramentos e no verbete Oração, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 16.1.2019.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

CONVITE À JUVENTUDE

Narra-se que, entre a Judeia e a Síria, na cidade de Sebastes, também chamada a Rainha do Ponto, pelos anos trezentos, quarenta jovens deram sua vida por amor à verdade. Eram todos legionários e cristãos. Recrutados pelas ordens romanas. Vestiam os uniformes, os capacetes e as capas vermelhas. Em seus corações, porém, serviam a Jesus, e somente a Ele. Muito antes que as vozes de Roma se fizessem ouvir, nas ordens de recrutamento, eles haviam acedido, vindos de variadas partes do globo, à doce voz do Rabi Galileu. Porque as perseguições se fizessem intensas, reuniam-se às escondidas em local ermo e abandonado. Após o recrutamento, raramente podiam estar todos juntos, ao mesmo tempo, pois que diferentes eram os dias das suas folgas. Mas não descuidavam do estudo dos ditos do Senhor e dos Atos dos Apóstolos, das Epístolas de Pedro e Paulo. Serviam na Décima Segunda Legião todos eles. Um dia, uma denúncia anônima os colocou frente a um teste terrível. Para salvar suas vidas deveriam oferecer sacrifícios ao deus Júpiter. Porque se recusassem, receberiam a pena máxima. Desejosos seus superiores que suas mortes servissem de lição a outros ou quem sabe, com o intuito de que fraquejassem e voltassem atrás em sua decisão, escolheram uma forma lenta de agonia para eles. Foram conduzidos até a beira de um lago, cujas águas frias tornavam-se geladas nas noites de inverno. Ao som dos tambores, os quarenta jovens perfilados, robustos na sua fé, avançaram para o lago. A água foi lhes chegando às virilhas, depois às cinturas, finalmente aos ombros. Foram horas e horas de imersão nas águas negras e salgadas. A chama da fé os aquecia ao ponto de cantarem. E o canto era como uma cascata de esperanças feita em sons de ternura e renúncia. Na madrugada, um a um, eles foram morrendo, hirtos de frio, congelados. 
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Lembrando os legionários, heróis da fé, recordamos da mocidade dos dias atuais. Observando tantos moços a descerem pelas ladeiras escuras do vício e da desesperança, pensamos na mensagem do Cristo que se dirige, esperançosa e viva a todos os homens. Muito poderiam esses jovens, se portassem Jesus em suas vidas, desde que dispõem da agilidade mental, do vigor físico, de energias! Crescer para a luz, e na sua ascensão, arrastar outros tantos, pois toda vez que um homem se ergue no mundo, centenas se erguem com ele. 
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Jovem! Ouve a mensagem de Jesus que te chega, límpida e pura e afeiçoa-te ao bem. Não permitas que passe o tempo e fujam as horas. Enquanto a juventude canta em teu corpo, estuda e trabalha. Executa tarefas no bem, semeia luzes em tuas veredas. Mais tarde, as haverás de perceber como estrelas luminescentes que aclararão os dias da tua madureza e da tua velhice. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVIII do livro Esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. 
Em 15.1.2019.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

EFEITOS DO MATERIALISMO

Dra. Helen Street
Crianças materialistas seriam mais propensas à depressão. Esse é o título de uma matéria que foi publicada, em certa oportunidade, pela rede CNN. Segundo o autor do artigo, as crianças que equiparam a felicidade ao dinheiro, a fama e à beleza são mais propensas a sofrer de depressão do que outras que não dão tanto valor à riqueza e à aparência, de acordo com um estudo realizado na Austrália. A Dra. Helen Street, do Queen Elizabeth Medical Centre, de Perth, disse, numa conferência sobre psicologia, na Grã-Bretanha, que o fenômeno pode ser notado até mesmo em crianças de quatro anos, acrescentando que até vinte por cento correm o risco de sofrer da doença no futuro. Ainda de acordo com Street, as crenças, em uma época da vida tão precoce, sobre felicidade e objetivos poderiam ser um indício, em crianças pequenas, de sua vulnerabilidade à depressão. 
- "As crianças que pensam que dinheiro suficiente e popularidade trazem a felicidade correm um risco maior de depressão do que aquelas que acreditam que o dinheiro pode ser uma coisa boa de ter, mas que sua felicidade vem de seu desenvolvimento pessoal", declarou a especialista. 
O estudo foi realizado com quatrocentas e duas crianças australianas, com idades entre nove e doze anos. A equipe da Dra. Street identificou dezesseis com sinais de depressão clínica e cento e doze com risco de sofrer de depressão no futuro. As crianças foram incentivadas a revelar seus principais objetivos na vida e o que as tornaria felizes. Boas relações com a família e os amigos e se sentir bem consigo mesmas apareceram entre os principais objetivos. As quase doze por cento disseram que ter muito dinheiro era a coisa mais importante. Essas crianças foram, também, as que apresentaram maior propensão a sofrer de depressão, de acordo com a especialista. Street aconselhou os pais a permanecer alertas para possíveis sintomas de depressão em crianças, que incluem mudanças nos hábitos de comer e de dormir, irritabilidade e perda de interesse na escola, nos amigos e nas atividades favoritas. Os pais devem também, segundo a especialista, ajudar seus filhos a compreender o que é mais provável que as faça mais felizes na vida e que nem tudo gira em torno de fama e dinheiro. 
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Tal é a gravidade desse problema que já mobilizou especialistas, preocupados com o assunto. Infelizmente, a ideia de que riqueza, beleza e fama são condições básicas da felicidade vem se alastrando de forma generalizada em nossa sociedade. E essa ideia distorcida da realidade não infelicita somente as crianças, que ainda não tem o discernimento necessário para entender as leis que regem a vida. A ideia de que valemos pelo que temos e não pelo que somos, também tem levado muitos adultos à depressão e ao suicídio. Isso tudo é resultado da falta de entendimento das Leis de Deus, ensinadas por Jesus Cristo. Os ensinamentos de Jesus são todos voltados para os valores espirituais. E as conquistas espirituais dependem exclusivamente de cada pessoa. A felicidade não está ligada à beleza física nem aos bens materiais, e sim à disposição íntima de conquistá-la. Na educação está a chave para solucionar esse problema. Se as crianças com ideias materialistas receberem dos pais e outros educadores, lições que enalteçam os verdadeiros valores da vida, certamente, ajustarão seus sentimentos e aquietarão seus corações aflitos. Você que é pai, mãe ou responsável por alguma criança, pense com carinho no que está fazendo com esse Espírito que o Criador lhe confiou para que o eduque e proteja. Lembre-se que o destino dessa criatura de Deus está basicamente em suas mãos. 
Redação do Momento Espírita com base em matéria publicada no site: 
http://www.cnnemportugues.com/2003/saude/03/17/criancas/index.htmL
no dia 17 de março de 2003. 
Em 03.11.2011.

domingo, 13 de janeiro de 2019

E ELE ANDOU PELA PRAIA!

AMÉLIA RODRIGUES
A região do mar da Galileia era uma paisagem sem igual naqueles dias abençoados. As aldeias apresentavam a movimentação própria daquela gente simples, que aguardava um Messias. E o ar puro contagiava as mentes e os corações. Foi nesse cenário que saíste, Jesus, a andar, naquela manhã, cheio de esperança e repleto de confiança. Andaste mansamente pelas margens e, ao cruzar com alguns pescadores, os convidaste a Te seguirem. Como que atraídos por um magnetismo insuperável, eles foram deixando as redes e objetos que tinham nas mãos e, sem olhar para trás, Te acompanharam. Não sabiam, naquele momento, quem verdadeiramente eras, nem para onde os levavas e o que farias com eles. Não mediram perigos, inconveniências, cuidados. Apenas Te seguiram mecanicamente, automaticamente... Seguiram-Te, tomados de uma confiança que não saberiam dizer de onde vinha. Pouco conheciam do mundo, além dos limites de seus afazeres rotineiros. Suas vidas se limitavam ao trabalho, suas famílias, seus amigos. Mas todos sabiam que seriam fiéis ao Teu chamado. Ao convocá-los, Tu lhes disseste que se Te acompanhassem farias deles pescadores de homens. De pesca conheciam muito bem, pois que viviam e sobreviviam graças à sua habilidade nas redes, desde seus pais e demais antepassados. Andavas, e eles Te seguiam. Agregaste outros mais e juntos continuaram... Mais tarde os reuniste na casa de Simão Pedro, o mais velho dentre todos. Ele teria, talvez, em torno de um pouco mais de trinta anos. E os tornaste Teus Discípulos, a quem ensinaste aquilo que jamais supunham aprender. Eram, desde então, Teus irmãos queridos a quem ensinavas com amor, carinho e paciência. E logo mais os chamavas amigos porque dizias lhes ter ensinado tudo que do Pai trazias como verdades. A eles transmitiste ensinamentos da Terra e outros do Além, ignorados das massas, naquela época. Foi a eles que descortinaste pela primeira vez, as Leis Naturais, Divinas e insuperáveis. Fizeste desses doze homens, que cativaste com amor e para o amor, a mola mestra dos Teus ensinamentos. Com eles saías constantemente, a caminhar e exemplificar as lições para uma vida melhor. Ensinamentos de amor para um amor sem limites e sem rejeição. Apresentaste os ensinamentos básicos para com eles estruturar um complexo de luzes, amor e paz que deveria alterar o cenário do mundo. Fizestes o convite, eles aceitaram, aprenderam. Estava formado o grupo que implantaria os alicerces do grande empreendimento. Todos estavam dominados pelo brilho de Teus olhos e pela ternura de Tua presença. Tornaram-se os construtores do novo mundo, dando-se integralmente à causa abraçada. Desde então, nunca mais a Humanidade seria a mesma. Jamais se repetiriam aqueles dias que se transformaram no marco definidor de um futuro, bem diferente do passado. 
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DIVALDO FRANCO
Bendita a manhã, Senhor Jesus, em que saístes a andar pela praia. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. IV, do livro Vivendo com Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 11.12.2018.