quarta-feira, 31 de outubro de 2018

QUANDO AMADURECEMOS...

Quando os meses se multiplicam, acrescentando anos à nossa vida física, vamos modificando nossa forma de ver o mundo, de sentir o que acontece conosco. Os anos vão nos proporcionando experiências, em que se somam conquistas e derrotas, alegrias e dores, sucessos e fracassos. Isso, aliado à perda de afetos, que realizaram a grande viagem ou tomaram rumos diferentes dos nossos, colabora para que amadureçamos. Com esse amadurecimento, passamos a considerar mais o tempo que possamos desfrutar com as pessoas. Então, a festa passa a ter importância pelas pessoas com as quais nos encontraremos, que poderemos rever, arrefecendo as saudades, do que com o traje que usaremos. Daremos mais importância aos abraços, aos diálogos, à convivência, do que ao cardápio servido. Olharemos mais nos olhos das pessoas do que no seu penteado, nos cabelos longos ou curtos, lisos ou cacheados. Estaremos mais atentos às palavras que nos forem dirigidas, às indagações que demonstrem interesse por nós do que à maquiagem mais suave ou mais forte de quem se nos aproxime. Ficaremos mais focados nas expressões das pessoas do que preocupados em verificar as mensagens no celular. Desfrutaremos cada minuto em totalidade, vivendo a festa integralmente. Quando nos perguntarem, depois, se ela foi boa, diremos entusiasmados que foi excelente; que falamos com Fulano; reencontramos Beltrano; abraçamos a Cicrano. De certa forma, é como se retornássemos aos dias da infância, quando o mais importante era estar presente no aniversário do amigo, brincar, se divertir do que os doces, o bolo, as guloseimas ofertadas. Tanto que quase sempre, ao retornarmos para casa, surpreendíamos nossa mãe pedindo algo para comer. Época em que, embora nossa mãe se preocupasse em que fôssemos bem vestidos, era mais do que comum chegarmos em casa com a roupa amarrotada. Por vezes, o calçado meio estragado pelas tantas disputas de corridas com os amigos ou os muitos chutes na bola, no jogo de futebol. Anos passados fazem bem a todos que lhes saibamos extrair a sabedoria, o que tenham de melhor. Anos somados nos amadurecem e nos propiciam descobrir o real sentido das coisas, o que nos permite conferir a cada uma o devido valor. Nem mais, nem menos. A festa de formatura do filho nos deixará felizes, sem preocupações exageradas pelo traje, pelo buffet. Afinal, o que estamos comemorando é a vitória de anos de estudo. Uma vitória da qual participamos, a cada dia, desde os primeiros anos escolares, ao vestibular, aos bancos universitários. Preocupações com as notas, as noites mal dormidas, pelo estudo intenso. Sim, padecemos juntos. Agora, é o momento de nos alegrarmos com ele, com os amigos, com os familiares. Enfim, a cada dia, a vida nos dirá que as horas devem ser usufruídas para as coisas verdadeiramente importantes: para os sorrisos das alegrias, para as lágrimas de frustração ou tristeza. Porque tudo tem seu valor, se as sabemos viver de forma total. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita.
Em 31.10.2018.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

CONTEMPLANDO A SABEDORIA DIVINA

Tudo na natureza nos oferece extraordinárias lições. E nos remete a pensarmos em quem a delineou de forma tão perfeita, tão harmônica. Por exemplo, quando olhamos para o reino animal e observamos o amor materno presente. Mesmo em se falando de animais ferozes, constatamos que todos têm por seus filhotes o mais terno afeto. As mães animais são criaturas preocupadas com suas crias. Elas dedicam tempo para lhes ensinar as coisas da vida e fazem de tudo para protegê-los. A fêmea do urso polar é um exemplo de mãe apegada aos filhotes. Antes deles nascerem, ela prepara uma espécie de berço, cavando na neve um local protegido. Os bebês costumam ser gêmeos e nascem entre dezembro e janeiro, quando é inverno no hemisfério norte e ela os aquece com seu corpo e a amamentação. Entre março e abril, eles deixam o abrigo na neve para se acostumarem com as temperaturas externas. Depois de se aclimatarem, têm início os aprendizados da caça. Ela os prepara para o mundo que deverão enfrentar, embora eles fiquem com ela até por volta dos dois anos. Na família dos elefantes africanos, por sua vez, encontramos a mãe do tipo exigente. Como ela, toda a manada deve dar atenção aos filhotes. Por outro lado, os elefantes mais velhos diminuem o passo, estabelecendo o ritmo da manada, nas suas andanças, a fim de que os pequenos os possam acompanhar. Quanto cuidado. Quanta atenção. Em se falando da mãe guepardo, descobrimos nela a marca da independência. Ela cria seus bebês sozinha, isolada de outros animais de sua espécie. Ela costuma mover a ninhada, que varia entre dois a cinco filhotes, a cada quatro dias, para evitar que o odor dos animais deixe rastros e atraia predadores. Depois de dezoito meses treinando técnicas como as de caça, os filhotes de guepardo finalmente deixam suas mães. Então, eles formam um grupo de irmãos que permanece unido por cerca de mais uns seis meses. 
De todas as espécies animais, no entanto, é a mãe orangotango que demonstra manter um vínculo com seus filhos, por mais largo tempo. Algo que se assemelha ao ser humano. O bebê orangotango depende da mãe para tudo nos dois primeiros anos de vida. É ela que o transporta e que o alimenta. Ele fica com a mãe até os seis ou sete anos de vida. Nesse período, ela o ensina onde encontrar comida, como comer e até mesmo como fazer um abrigo para dormir. As fêmeas de orangotango continuam visitando suas mães até por volta dos quinze anos. Não há como não contemplar toda essa maravilha do amor materno, entre os animais, e não encontrar a Presença Divina. Presença que significa a conservação da espécie. Mas com algo muito forte, que se traduz por cuidados, carinho, atenção. Quem de nós já não observou uma cachorra com seus filhotes a lhe puxarem as orelhas, a saltarem sobre ela, mordendo-a levemente, em brincadeira. E ela se mantém, ali, calma, como se estivesse a pensar: São apenas crianças. Gostam de brincar. Logo crescerão. Quanta paciência. Com certeza, em tudo isso, além da grande lição da Sabedoria Divina que tudo dispôs de forma magistral, a lição maior do amor, que devemos desenvolver em nós. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 30.10.2018.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

DÚVIDA E FÉ

Viktor Frankl
Até onde pode nos levar a fé? Se esta pergunta fosse feita a Viktor Frankl, psiquiatra judeu, ele responderia que a fé seria a ferramenta para a sobrevivência e superação da sordidez de um campo de concentração, a fim de, posteriormente, sair divulgando ao mundo essa fé no futuro e a confiança em si. 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Se fosse perguntado a Divaldo Pereira Franco, sua resposta seria: Mais de trinta mil crianças amparadas, quinhentos filhos adotados, centenas de livros psicografados, dando voz à espiritualidade para esclarecer e consolar milhões de criaturas. 
Se fosse dirigida a Albert Schweitzer, ele responderia: Um hospital construído e mantido no coração da África, levando saúde e informação a milhares de cidadãos. 
E se a pergunta nos fosse feita? Nenhum de nós caminha pelas estradas da vida sem carregar suas dúvidas e seus temores. Todos trafegamos pelo mundo enfrentando dias difíceis e tormentosos. Mesmo os mais experimentados, enfrentamos as noites escuras da alma, como escreveu São João da Cruz. Cartas póstumas de Tereza de Calcutá mostram seus anseios, dúvidas e questionamentos. Porém, nada disso refreou seu ímpeto, aplacou seus ideais, ou foram empecilhos para a realização de sua missão. Dúvidas, sempre as teremos. Não raro questionaremos os desígnios de Deus. Com frequência, nossos olhos se voltarão aos céus como a indagar ao Pai celestial: 
-Por que comigo? 
Nos embates da vida, muitas vezes, teremos profundas dúvidas se daremos conta de tantas dores e desafios. Porém, a fé sempre nos conduzirá adiante. Quando a razão não puder mais explicar, quando a lógica parecer não fazer sentido, a fé será a melhor condutora pelos caminhos desconhecidos que a vida nos oferecer. Entretanto, a fé é instrumento a se construir nos dias de bonança, para ser utilizado quando as tormentas chegarem. Somente a fé raciocinada e lúcida nos oferecerá o melhor amparo para dissipar nossas dúvidas. Essa fé que parte das premissas de que Deus é infinitamente bom e justo, amoroso e compassivo. Essa fé nos dará a certeza de que, não importa quando e como, Ele sempre agirá com justiça e misericórdia. Ela nos permitirá entender que as dores hoje vivenciadas são somente consequências de causas pregressas, ora adormecidas em nossas lembranças. Essa fé nos fará ter a certeza de que Deus sempre nos coloca nos lugares onde colheremos os aprendizados de que necessitamos. E que essa colheita é apenas o resultado de um plantio anteriormente realizado. Por isso, Francisco de Assis, o pobrezinho da Úmbria, entendia que ser instrumento da paz é também levar a fé onde haja dúvidas. A dúvida considerada como esse desentendimento ou ignorância a respeito da bondade Divina, que gera perturbações na alma. Assim, antes mesmo que dias desafiadores nos cheguem, construamos nossa fortaleza de fé. Ela nos dará guarida quando as brumas da dúvida insistirem em nos assaltar o coração. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 4.7.2015.

domingo, 28 de outubro de 2018

TRÊS VERBOS

CHICO XAVIER
Três verbos existem que, bem conjugados, serão lâmpadas luminosas em nosso caminho:
Aprender, Servir e Cooperar. 
Três atitudes exigem muita atenção: 
Analisar, Reprovar e Reclamar. 
De três normas de conduta jamais nos arrependeremos: 
Auxiliar com a intenção do bem, Silenciar e Pronunciar frases de bondade e estímulo. 
Três diretrizes manter-nos-ão, invariavelmente, em rumo certo: 
Ajudar sem distinção, Esquecer todo mal e Trabalhar sempre. 
Três posições devemos evitar em todas as circunstâncias: 
Maldizer, Condenar e Destruir. 
Possuímos três valores que, depois de perdidos, jamais serão recuperados: 
A hora que passa, A oportunidade e A palavra falada. 
Três programas sublimes se desdobram à nossa frente, revelando-nos a glória da Vida Superior: 
Amor, Humildade e Bom ânimo
Que o Senhor nos ajude, pois, em nossas necessidades, a seguir sempre três abençoadas regras de salvação: 
Corrigir em nós o que nos desagrada em outras pessoas, Amparar-nos mutuamente, Amar-nos uns aos outros. 
Chico Xavier

sábado, 27 de outubro de 2018

DURADOURO AMOR

Quando se é adolescente acredita-se que ninguém melhor do que nós saiba amar. Temos a capacidade de esquecer do mundo que nos rodeia para somente pensar no ser amado. É um tempo quase mágico. Nada mais no mundo tem importância senão aquele a quem se ama. Para ele nos enfeitamos, mudamos a cor do cabelo, ficamos horas frente ao espelho. Poderemos chorar durante horas por causa da espinha que saiu bem na ponta do nariz, que nos faz sentir horríveis e, na nossa cabeça, não mais amados pelo outro. Temos a capacidade de ficar um tempo sem conta parados em uma esquina pelo simples fato de aguardar que a amada passe por ali. E ao vê-la, talvez, somente um tímido olá será dito. Mas a chama que arde na intimidade fará com que o coração salte descompassado, que o rosto fique vermelho, que as mãos fiquem suadas de forma incomum. As margaridas, vez ou outra, sentem a intensidade do amor que nos toma porque ficamos a tirar-lhes as pétalas uma a uma, falando: ela me ama, ela não me ama... E é natural que torcemos muito para que a última pétala nos diga que ela nos ama. É um tempo feito de sonhos, onde cada ato, cada pensamento tem a duração da eternidade. Ao mesmo tempo, com uma incrível capacidade de se mudar de ideia no dia seguinte. Muitos de nós, nessa fase, encontramos o verdadeiro amor. Aquele que conosco haverá de viver e conviver, formar um lar, constituir uma família. Outros, no entanto, lembraremos do primeiro amor como algo bom, saudável. Algo que nos parecerá doce, mas passageiro. Porque o verdadeiro amor tem um gosto de continuidade. É aquela pessoa a quem permitimos penetrar nos recessos secretos em que guardamos as nossas feridas. Ela as tocará com delicadeza e, quando um revelar ao outro os próprios receios e desejos, descobriremos o que é o amor verdadeiro. O primeiro amor pode marcar profundamente. Mas quando o amor cresce é porque une e alimenta o que há de mais belo e nobre em duas pessoas. O primeiro amor pode invadir o nosso sangue com o efeito de uma bomba. O amor duradouro toma conta da alma. É algo bem mais poderoso do que carne e ossos. Transcende a matéria. É o amor que nos completa. Ele nos faz sentir unidos e completos como os mares. Um porto contra todas as tempestades. Um abrigo, um refúgio. 
 * * * 
O amor verdadeiro é aquele que consegue atravessar os anos e crescer. É aquele que nos faz descobrir novidades no ser amado, a cada época que vivemos juntos. É aquele que nos confere a possibilidade de seguirmos de mãos dadas e encontrarmos prazer na contemplação de um amanhecer. É aquele que nos torna capazes de ficarmos um tempo interminável a observar os gestos do ser amado. É o que nos permite recordar os tempos do namoro, os primeiros tempos juntos e desejar reprisar aquela magia. É o sentimento que nos remete, vez ou outra, ao passado para nos lembrar porque decidimos passar a vida um ao lado do outro. 
Redação do Momento Espírita com base no texto Meu único e verdadeiro amor, publicado na Revista Seleções Reader´s Digest, de março/2000. 
Em 25.09.2009

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A POSTURA DO PAI

Jesus tinha o hábito de ministrar ensinamentos por parábolas. São pequenas histórias que contêm grandes lições. O povo rude da época não possuía condições de compreender a amplitude das ideias do Mestre Divino. Por isso, Ele sabiamente vestiu Suas ideias com uma capa de alegoria. Cada qual identifica nessas histórias um ensinamento de acordo com seu nível de entendimento. O Espiritismo lança luzes sobre uma série de questões que, por muito tempo, permaneceram incompreensíveis. É interessante refletir sobre as parábolas tendo em mente princípios espíritas, como a reencarnação e as leis de liberdade e de causa e efeito. A parábola do filho pródigo é emblemática, pelas graves reflexões que suscita. Dentre elas, chama a atenção a postura do pai. Ele é instado por um dos filhos a lhe fornecer recursos para sair pelo mundo. Generosamente, atende o pedido do filho. Quando esse retorna, em triste estado, não o recrimina. Ao contrário, recebe-o com festas e presentes. Perante o outro filho, que se revela ciumento, também sua conduta é generosa e compreensiva. Vai até o mancebo e o exorta a se alegrar pelo retorno do irmão que estivera perdido. Ele compreende as fraquezas de seus rebentos e não se agasta, não recrimina e nem afasta nenhum deles. É possível vislumbrar na figura desse pai sábio e amoroso a representação da Divindade. Deus fornece recursos para que Seus filhos se lancem no mundo. Ele dota todos os Espíritos de variados talentos e permite que façam o que desejam. Essa postura atesta a lei de liberdade que vigora no Universo. Todos são livres para escolher o modo como desejam viver. Entretanto, é necessário arcar com as consequências das opções feitas. Deus não pune ninguém, pois não se ofende com os erros de Suas criaturas. Ele fornece tantas oportunidades quantas sejam necessárias para que cada Espírito aprenda suas lições. As reencarnações se sucedem, enquanto o Espírito constrói em si o respeito às leis divinas e se pacifica. O pai de braços abertos ao filho pródigo simboliza a eterna boa vontade de Deus para com todos os Espíritos. Ele não se cansa de esperar e jamais deixa de amar, por longas que sejam a rebeldia ou a ilusão. Afinal, sabe que sempre chegará o momento de glória da paz conquistada e da harmonia construída no íntimo do ser. A conduta do pai perante o filho enciumado contém o ensinamento da lei de fraternidade que deve reger as relações humanas. Ele exorta o rapaz a se alegrar pelo resgate do irmão. Tem-se aí a lição de que não é suficiente obedecer regras e viver retamente. A plenitude da evolução só se dá quando o Espírito lança um olhar generoso ao seu próximo e lhe estende as mãos. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 19, ed. FEP. 
Em 26.10.2018.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

DUELO

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Você já participou de algum duelo? 
A pergunta parece um tanto fora de época, considerando-se como duelo a luta entre duas pessoas, com armas iguais, com o propósito de lavar a alma com o sangue do semelhante. Sabemos que esse tipo de prática teve seu tempo, mas atualmente já foi banido da legislação dos países civilizados. Todavia, se considerarmos o duelo como qualquer forma de combate, de desafio, duelo de idéias e entre tendências opostas, nossa pergunta tem muita atualidade. Dizemos isto porque se fizermos uma análise mais profunda dos nossos pensamentos e atos, perceberemos que o duelo ainda faz parte do nosso dia-a-dia. Quando queremos impor nossas idéias a qualquer custo, não respeitando a opinião dos outros, somos o protótipo do duelista, que quer vencer por força, mesmo que a arma empregada sejam as suas idéias. Nas ocasiões em que nos reunimos para discutir e resolver problemas nem sempre estamos desarmados, e a maioria das vezes, fazemos do momento um campo de batalha. Ao invés de haver harmonia com vistas a solucionar problemas, somando forças, colocamo-nos em posição de defesa e nos prevenimos para o ataque a qualquer momento. Isso acontece até mesmo portas adentro dos lares. Quando o diálogo entre os familiares deveria ser fraterno e caloroso, os ânimos se inflamam e quase sempre acontece o enfrentamento, a disputa. Uma outra forma de duelo é o da sonegação de informações, quando vemos no companheiro um adversário que poderá roubar o nosso cargo, a nossa posição, que julgamos mais importante para a empresa. Ao invés de somarmos esforços para o bem geral, queremos deter mais cartas na manga para, no caso de uma avaliação do patrão, sejamos nós os escolhidos. No duelo das aparências, então, as pessoas compram o que não precisam com o dinheiro que não têm, para exibir uma posição de aparente vantagem sobre quem consideram um concorrente. Analisando sob esses e outros tantos aspectos, se nos perguntassem se já participamos de algum duelo, certamente a maioria de nós responderia que vive um duelo constante. E o que impede a mudança dessa situação desastrosa é a cortina do eu, que se interpõe entre nós e a comunidade da qual fazemos parte. É o alto muro do egoísmo que se coloca entre o egoísta e os interesses comuns. É o espelho do orgulho que reflete somente a vontade do orgulhoso, mantendo-o numa atitude narcisista e caprichosa, pensando em ser sempre o melhor dos melhores, aquele que sempre leva vantagem, diz a última palavra. Enfim, é o primeiro a sacar a arma e a abater seu adversário que, em realidade, é seu irmão, desejoso de uma oportunidade de crescer para Deus. 
 * * * 
Em todos os passos da luta humana, encontramos a virtude rodeada de vícios e o conhecimento dignificante sufocado pelos espinhos da ignorância, porque, infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive a procura do "eu mesmo". 
Redação do Momento Espírita, com pensamento final extraído do cap. 101, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 17.10.2008.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

TRABALHO E AMOR

O poeta das delicadezas, Khalil Gibran, assim escreve a respeito do trabalho: 
Todo trabalho é vazio exceto se houver amor. E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus. E o que é trabalhar com amor? É tecer o pano com fios arrancados do vosso coração, como se os vossos bem amados fossem usar esse pano. É semear sementes com ternura e fazer a colheita com alegria, como se os vossos bem amados fossem comer a fruta. O trabalho é o amor tornado visível.
 * * * 
Com alegria, a doce professora adentrava à classe. Seu sorriso contagiante, sua bondade, a paciência para explicar os difíceis conteúdos da matemática faziam com que sua aula fosse uma das mais esperadas. Entre números, sorrisos. Entre equações, incentivo. Entre fórmulas, a alegria do ensinar, que se convertia na alegria do aprender. Por escolha popular, tornou-se diretora da escola na qual lecionava. Em sua sala, recebia alunos e pais dos mais diversos matizes. Tantas histórias, tantas dificuldades. Para cada um deles, uma palavra de estímulo, um voto de confiança. O auxílio abnegado em nome da educação e também em nome da fé em Deus que, otimista, cultivava em seu coração. Tudo transcorria bem até que, um dia, recebeu a chocante notícia: um câncer de difícil tratamento tomava-lhe o organismo. Ela não contava nem quarenta anos e, contra a doença, por meses, embrenhou-se em profunda batalha. Por vezes, sentiu o coração temeroso. Por vezes, sentiu-se só. Em alguns instantes, revoltou-se: três filhos pequenos esperavam-lhe os cuidados. Em momento algum, porém, deixou de sorrir, deixou de ser otimista, deixou de oferecer palavras gentis àqueles que a procuravam. Por mais rude que fosse o tratamento, enquanto tinha forças, trabalhou alegremente. Preocupava-se com o bem-estar de seus alunos e da escola sob sua gestão. Quando os cabelos lhe caíram, durante os jogos escolares, todos os alunos, de forma solidária, utilizaram lenços em sua homenagem. Todavia, a doença avançou a passos rápidos e a professora alegre e festiva, que gostava de ensinar tanto quanto gostava de dançar, retornou às moradas celestes. Após o falecimento, pais, alunos e colegas de trabalho solicitaram ao núcleo de educação a mudança do nome da escola. Numa cerimônia emocionante, em 1º de setembro, dia do aniversário da professora, o colégio ganhou nova denominação: Colégio Estadual Professora Kamilla Pivovar da Cruz. 
* * * 
Ao longo de nossas jornadas, Deus nos confia missões as mais diversas, de acordo com nossas aptidões: ensinar, curar, projetar, construir. De que maneira temos nos portado diante do trabalho? Trata-se apenas de meio para adquirirmos os recursos financeiros necessários à sobrevivência ou nele encontramos possibilidades de ajudarmos a transformar o mundo? Em todas as coisas percebemos o agir do Criador. Em tudo encontramos a divina assinatura. O trabalho realizado com amor é forma de deixarmos nossa assinatura no curso da evolução. É forma de participarmos ativamente da atuação divina que, a todo instante, por inesgotável amor, cria e trabalha, sempre e sem cessar. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da professora Kamilla Pivovar da Cruz e com citações iniciais do cap. Sobre o trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran, tradução de Mansour Challita, ed. Acigi. 
Em 24.10.2018.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

DUBIEDADE DE VALORES

"A quem mais foi dado, mais será pedido."
Muitos homens vivem segundo um sistema dúbio de valores. Constituem-se em severos críticos dos semelhantes, mas se permitem muitas baixezas. Reclamam dos políticos desonestos. Falam mal do colega preguiçoso. Criticam a família do vizinho. Entretanto, não guardam grande honestidade em seu atuar. Se a oportunidade se apresenta, procuram o lucro fácil. Se o caixa do mercado erra no troco, silenciam. Na ausência do chefe, trabalham mais lentamente. Usam o telefone da empresa para tratar de assuntos particulares. Esse gênero de comportamento revela um caráter preguiçoso e hipócrita. A criatura tem discernimento suficiente para identificar o comportamento ético ideal. Tanto é assim que sabe quando seus conhecidos se desviam dele. Entretanto, não se anima a viver com correção. A pessoa que opta por ser leviana, sempre encontra desculpas para seu proceder. Algumas frases permitem identificar alguém ocupado em justificar seus equívocos: Não sou de ferro! Sou apenas um homem! A vida é curta! Não sou santo! Todo mundo faz isso! Quem conhece o certo, mas age errado, vive dissociado de sua consciência. Ocorre que a Lei Divina encontra-se inscrita na consciência de cada Espírito. Chegará um momento em que contas terão de ser prestadas a esse severíssimo juiz. Por mais que a criatura procure retardar o encontro com sua consciência, ele ocorrerá. Então, não haverá desculpas possíveis. A um estranho é possível enganar. Mas a si mesmo ninguém consegue ludibriar. Segundo a máxima bíblica, "A quem mais foi dado, mais será pedido." Quem erra por ignorância recompõe-se facilmente com as Leis Divinas. Mas quem erra, quando conhece o caminho correto, complica-se grandemente. Mesmo o processo de retardar o acertamento de contas tem um preço severo. Esse constante violar da própria essência gera enfermidades inumeráveis. Fobias, neuroses e distúrbios os mais variados surgem na vida de quem tenta fugir de sua realidade íntima. Agir conscientemente errado implica violar o próprio estado evolutivo e viver uma mentira. Assim, pare de se enganar. Como deseja ser feliz, preserve a integridade de seu ser. Não viole sua essência, não se permita agir errado. Pouco importa se os outros são levianos. O seu compromisso é com a sua consciência. Se o vizinho é desonesto, ele está semeando dores para o futuro. Mais cedo ou mais tarde, terá de devolver o que não lhe pertence. O homem que rouba, prepara um amanhã terrível para si mesmo. Quem desonra os lares alheios estabelece vínculos que só romperá a custo de muitas lágrimas. Como você não deseja miséria e dor em seu destino, viva segundo um padrão ilibado de conduta. Seja rigorosamente leal, trabalhador e generoso. Examine diariamente seus atos. O que não é admirável no próximo também não é bom para você. Retifique constantemente seu proceder. Estabeleça um sistema elevado de valores para nortear sua vida e guarde fidelidade a ele. Ao término da experiência terrena, todos fazem um balanço do que viveram. Cuide para que este seja um momento de glória, em que se reconheça como um ser humano digno e bom. 
Equipe de Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O BRASIL PRECISA DE VOCÊ

O Brasil precisa de você, mãe dedicada, que tem feito tantas boas escolhas na vida de seus filhos, proporcionando-lhes o melhor alimento, a melhor escola, os mais adequados conteúdos educativos e seu mais sincero amor. Precisa de você, pai atencioso, que tem se esmerado em estar presente no lar, que tem sido bom exemplo, que tem escolhido as palavras, as histórias e os melhores sentimentos para cultivar em família. De você, jovem idealista, que escolheu enxergar na palavra crise oportunidades de mudança; que se envolve na comunidade que é sua, que se vê como agente transformador e que acredita no outro e em si mesmo. Precisa de você, cidadão que ama sua pátria e acompanha atento seus passos, por vezes cambaleantes. Você que vez ou outra desanima, mas logo volta a crer com alegria e disposição, sempre dando a volta por cima. O Brasil precisa de você, homem e mulher que já viveu de tudo nesta vida, poço de experiências valiosas; você das décadas e mais décadas de trabalho honesto e que tem tanto a oferecer aos que estão chegando agora. Sim, o Brasil precisa de você para arrumar a casa. Uma pátria é também um lar. Assim, precisamos muito do esforço e dedicação de todos neste momento, para que esta casa de todos os que aqui habitam, esta nação, esteja bem. Não podemos transferir para outros o trabalho que é nosso, de todos nós. O trabalho de preservar a harmonia, a dignidade e a paz. Fala-se muito em ecologia, desta relação harmônica entre os seres e o meio ambiente. Ecologia se inicia na limpeza e educação dos pensamentos de um povo, pois a ideia de meio ambiente vai muito além do que apenas nossos olhos limitados podem enxergar. Se apenas falamos mal de nosso país, por exemplo, se insistimos em dizer que nada dá certo, que ninguém presta, estamos como que atirando barris de óleo viscoso nas águas límpidas das mais belas praias que possuímos. Palavras negativas não constroem, não resolvem. Apenas pioram. Pensamentos pessimistas, cruéis, acusadores, atraem outros similares, de Espíritos infelizes que ainda se comprazem na desavença, no ódio, e assim, temos um ciclo vicioso, em que uns envenenam os outros. Por isso o importante alerta: cuidado com o que lemos, cuidado com o que divulgamos, cuidado com os assuntos que dominam nossas conversações corriqueiras. Tudo precisa passar pelo crivo do bom senso, do razoável, do construtivo. Só assim a calúnia, as agressões à ética, a injustiça podem ganhar um basta definitivo. 
* * * 
O Brasil precisa de todos nós. Não sejamos nós porta-vozes da ira, dos ataques desrespeitosos, por vezes disfarçados na pele de ovelha do humor barato, que ainda seduz tanto as massas. O Brasil precisa de todos nós. Nós que saibamos escolher representantes, mas que também saibamos ser bons modelos onde quer que estejamos. O Brasil precisa de braços que trabalhem e não que apenas apontem e acusem. Façamos a nossa parte em todas as esferas. Sejamos corretos em todos os ambientes em que atuamos e veremos a transformação do país chegando definitiva. O mal não pode ser regra e nem recebido com naturalidade. Preservemos a beleza de nosso país: beleza que passa pela conservação da natureza exuberante e chega até o compromisso perene da ética em todas as ações e pensamentos. O Brasil precisa de todos nós. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.10.2018.

domingo, 21 de outubro de 2018

DUAS MÃES

Narra o Evangelista Lucas que um anjo do Senhor foi enviado a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. Sua missão era transmitir um recado muito importante. Entrou em casa de uma jovem chamada Maria e a saudou, apresentando-se: Sou Gabriel, um dos mensageiros de Yaweh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há muito. Teu seio abrigará a glória de Israel. Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo e o Seu reino não terá fim. O mensageiro celeste ainda lhe disse que sua prima Isabel se encontrava grávida, alcançando já o sexto mês de gestação. E Maria foi ao encontro dela, que habitava uma cidade da Judeia. O encontro de ambas é comovente. Isabel, ao ver sua prima à porta do jardim, corre-lhe ao encontro e a saúda. 
- Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? 
E explica que, tão logo a voz de Maria cumprimentando-a, à distância, chegou aos seus ouvidos, o menino exultou de alegria em seu ventre. Duas mulheres. Duas mães. Isabel deu a luz a João, o arauto do Senhor. Depois de lhe ter acompanhado a infância, a adolescência, a juventude, o viu buscar as estradas do mundo. Ela sabia, desde o anúncio espiritual a seu marido, no templo, que seu filho nasceria para ser aquele que aplainaria as veredas do Senhor. Ele iria à frente, anunciando a chegada do Reino de Deus e que o Rei já se encontrava entre os homens. Terá sabido das tantas coisas que se diziam a respeito dele? 
Louco, lunático, ermitão. 
Quantos lhe terão rido nas ruas, apontando-a como a mãe do estranho homem que se vestia com pele de animal e trazia cabelos e barba crescidos... Terá sabido da sua prisão, da morte por degola? Terá sabido de que aquela cabeça, que ela tantas vezes acarinhara, retendo-a tão próxima do seu colo, foi oferecida, em uma salva de prata, como prêmio a uma mulher alucinada pela vingança? E Maria? Ao afirmar ao mensageiro celeste que tudo nela se cumprisse, conforme ele anunciava, tinha plena consciência de todas as dores que a alcançariam. Viúva, ela viu o filho sair de casa para cumprir a Sua missão. Um filho sempre contestado, perseguido e, por fim, supliciado da forma mais torpe. Crucificado como um celerado, quando Ele nada mais fizera que semear estrelas de amor nos corações. Maria e Isabel. Duas mães que bem souberam cumprir sua missão. Deram à luz a filhos cujas missões não desconheciam elas, desde o princípio. E, despojadas de egoísmo, os viram partir, sofrendo à distância, pelas notícias inquietantes. Duas mães que nos levam a meditar profundamente na missão da maternidade. Gerar filhos, educá-los, entregá-los ao mundo para realizarem as grandes reformas do pensamento, da ciência, das artes. Pensemos nisso nesses tempos de transição do mundo. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.08.2011.

sábado, 20 de outubro de 2018

AS DUAS JANELAS

A cada dia que despertamos, abrimos duas janelas para o mundo. São os nossos olhos que se abrem para a poesia que se renova a cada manhã. As janelas, no entanto, não são todas iguais. E não falamos da cor da íris, do tamanho dos olhos, mas sim, da capacidade de ver. Existem pessoas dotadas de acurada visão, sem, contudo, conseguirem perceber detalhes de importância. Existem outras, desprovidas da visão física, que abrem suas janelas com atilada percepção. Cada um pode e vê o que deseja, aquilo para o que se interessa. Há os que veem, no céu azul, as aves que parecem pousar no ar. Acompanham seu voo, sua faina no sentido de buscar alimento, água, repouso. Desconsertam-se com a capacidade desses pequenos alados que, sem consultarem o relógio, conseguem despertar ao alvorecer e se recolher ao anoitecer. Alguns abrem suas janelas e encontram águas cantantes, onde a vida se move, desenvolve e reproduz. Veem o desabrochar das rosas nos canteiros e nos vasos bem dispostos, que recebem diariamente o cuidado de mãos atenciosas. Outros veem o trabalho dos que se desdobram pelo seu semelhante. Ali, uma jovem conta histórias para ilustrar a infância. E veem as expressões dos rostos, alternando-se da surpresa ao deslumbramento. Adiante, um jovem se esmera em ensinar a sua arte de domínio da bola, da técnica da natação. No palco, ao ar livre, uma bailarina clássica toma de meninas da periferia e as inicia na arte da dança, permitindo que expressem a poesia que lhes vibra na alma. Crianças vão para a escola. Com suas mochilas às costas, elas passam sorridentes, alegres, e correm, gritando felicidade. Nos muros, os pardais pulam e de lá se lançam, equilibrando-se nos ramos das árvores próximas. Na primavera que tece versos, eles constroem ninhos, preparando o lar para os filhotes que virão, logo mais. Gatos sonolentos ficam abrindo e fechando seus olhos, sonhando com os pássaros que poderão abocanhar. Borboletas coloridas dançam no ar. Jasmineiros exalam perfumes. Às vezes, ouve-se o cantar de um galo. Será meio-dia? Um avião passa, conduzindo pessoas a lugares distantes. Cada uma leva um sonho, cada uma cumpre uma tarefa. E tudo, tudo está certo. No lugar exato, no momento preciso. 
 * * * 
Quando as minhas janelas veem tudo isso, sinto-me feliz. Feliz por participar deste magnífico concerto. De ser uma parte atuante. Sei que, em alguns dias, sou como as delicadas cordas do violino, emitindo notas suaves. Em outros, pareço mais instrumento de percussão, com barulho quase ensurdecedor. É minha alma que se emociona com o que presencia através das minhas janelas. E, então, desejo me adestrar um tanto mais nessa magnífica arte de aprender a olhar para poder descobrir maiores tesouros, nesse imenso e maravilhoso mundo de Deus. 
 * * * 
O mundo se encontra repleto de belezas. O que nos falta ainda é a exata percepção de tudo que nos cerca. A nos adestrar nessa capacidade de ver com profundidade, é que nos devemos esmerar. Daí, olharemos para o arco-íris e não veremos somente as sete cores que nossa visão física detecta. Encontraremos todas as gradações que a alma sonha, o poeta idealiza, o Espírito vê. E tudo nos falará de Deus, suprema bondade, suprema perfeição, que a cada alvorecer supera todas as nossas expectativas, apresentando-nos outras maravilhas para nosso deleite. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível nos livros Momento Espírita, v. 7 e 11 e no CD Momento Espírita, v. 24, ed. FEP.
Em 12.4.2017

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

APRENDIZADO

Todos os dias temos aprendizados preciosos. Ter notícias do que outros aprenderam, de suas experiências é também uma forma de aprendizado. Algumas respostas a uma enquete nacional, que encontramos em determinada revista, nos levou a reflexões muito interessantes. Uma delas dizia: 
-Aprendi a nunca me despedir de uma pessoa antes de fazer as pazes. Um dia, em visita aos meus pais, discuti com minha mãe justo na hora de pegar o carro e voltar à minha cidade. Zangado, não telefonei para dizer que cheguei bem, como sempre fazia. No dia seguinte, meu cunhado ligou: ela tinha falecido. Não tive tempo de me desculpar. 
Eis um sofrimento enorme, um aperto no coração, que pode sempre ser evitado, se soubermos resolver nossas desavenças logo, sem deixar que o tempo passe e a mágoa crie raízes. Quantos de nós não daríamos tudo por uma despedida decente, por um pedido de desculpas como esse? Outra pessoa inquirida, dizia: 
--Sempre adorei ficar sozinha, desde criança. Não precisava de ninguém para nada. Por isso, nem chorei na despedida da família e dos amigos quando fui morar no exterior. Porém, bastou um mês longe de casa para eu ver que a certeza de estar rodeada pelos que me amavam, é que me tornava tão independente. Solitária de verdade, eu não era nada! 
Quantos de nós apenas damos valor à presença, quando somos obrigados a conviver com a ausência. Ninguém nasceu para ser só. Somos seres sociais, e precisamos dos outros para crescer, para nos desenvolver. Momentos a sós são necessários, fundamentais. Uma vida de solidão é desnecessária, perigosa. Outro entrevistado, ainda, afirmava: O mais importante da vida é a família, nosso verdadeiro porto seguro. O mundo novo, o da regeneração das almas, aponta com segurança para a célula familiar. É na família que tudo se resolve, que tudo renasce, que tudo recomeça. Não se faz necessário que viajemos para longe, para buscar o sentido da vida. Ele está conosco, sob o mesmo teto, na figura da família. Gostemos ou não da família que temos, saibamos que é a família que necessitamos. Deus não erra. Nascemos onde precisávamos nascer. Com quem precisávamos estar.
 * * * 
De tempos em tempos, precisamos nos perguntar: O que de importante aprendi? Ficar muito tempo sem realizar aprendizado algum é preocupante, e nenhum de nós, sem exceção, pode prescindir de aprender. Levar uma vida de aprendizado é fundamental para ser feliz. Viemos para a Terra para sair maiores, maiores que nós mesmos quando entramos na esfera de uma nova existência. Vida e aprendizado precisam ser sinônimos em nossos pensamentos e atos. Quem coleciona aprendizados deixa a si mesmo, e ao mundo, melhor. 
Redação do Momento Espírita, com base em matéria da revista Sorria, de março/abril 2009, ed. Mol. 
Em 19.10.2018.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

AS DUAS FACES DA MOEDA

Você sabe quem é esse senhor capaz de provocar tantas alterações na vida de algumas pessoas que com ele tomam contato mais estreito? Pois bem, vamos dar algumas dicas. Ele é capaz de mudar completamente a filosofia de vida de alguém. Faz com que um homem inverta totalmente sua postura perante as demais pessoas. Quando ele chega, para alguns, muda-lhes a maneira de ser, de sentir, de pensar. Há pessoas que, quando o recebem, se tornam arrogantes, prepotentes, despóticas. Há, ainda, aqueles que se tornam, de bom grado, seus escravos. Noutros ele altera radicalmente o senso de justiça. Pessoas simples, aparentemente humildes, tornam-se soberbas e orgulhosas, ao seu contato. Esse senhor é realmente muito poderoso. Consegue, mesmo, fazer com que o mundo gire em torno dele. Guerras cruéis, disputas sangrentas, infanticídios, homicídios de toda ordem são cometidos em sua honra. Filhos se voltam contra pais, pais contra filhos, irmão contra irmão, por causa dele. Ele é capaz de triturar os mais sagrados laços de amizade e de solidariedade. Em cada país veste-se com roupagem diferente e atende sob diversas denominações, mas em todo lugar tem seus adoradores. Você já deve ter concluído: mas então esse senhor é muito mau e deve ser banido da face da Terra. Não, ele não é mau e nem deve ser banido da face da Terra. Ele apenas deverá servir ao fim a que se destina: meio de progresso. Aqueles que entendem o seu verdadeiro objetivo, o utilizam para promover a paz, a cultura, o bem-estar social. Nas mãos de pessoas nobres, ele tem gerado empregos, permitido pesquisas científicas importantes, impulsionado a tecnologia, fomentado a educação e a saúde de muita gente. E agora, você já sabe quem é esse inquietante senhor? Sim, é isso mesmo. É o dinheiro. O dinheiro, por si só, é neutro. O que faz a diferença, é o valor que cada um de nós lhe atribui. Sem dúvida, é um valioso recurso que Deus deposita nas mãos do homem para servir de alavanca ao progresso da Humanidade. E não há nada de errado possuí-lo em abundância. O que ocorre é que, às vezes, o colocamos acima do verdadeiro tesouro do Criador, que é o ser humano. Salvo as honrosas exceções, o homem, que deveria ser o senhor, a ele se submete totalmente, tornando-se escravo por opção. Dispõe-se a servi-lo a qualquer custo. E muitas vezes esse custo é a honra, a dignidade, a fidelidade, a sensatez e até a própria vida. O homem verdadeiramente sábio faz dos recursos financeiros um meio de progresso para si mesmo e para todos aqueles que Deus lhe coloca sob a responsabilidade. Já o homem medíocre faz-se mesquinho e arrogante, negando até mesmo a existência de Deus e elegendo o dinheiro como o todo poderoso, ao qual reverencia. Assim, o dinheiro é, sem contestação, um excelente recurso, mas, como toda moeda, tem duas faces. Uma é a face que permite a conquista do passaporte para a liberdade, a outra serve para adquirir cadeias de sofrimentos para muitos séculos. Como usar esse recurso, é apenas uma questão de escolha. 
 * * * 
Se você está triste porque lhe faltam os mínimos recursos financeiros, considere que talvez seu crédito no banco celeste não esteja muito bom. E se você tem dinheiro sobrando, lembre-se de que é apenas um empréstimo que o Criador lhe concede para fomentar o progresso geral. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.12.2010

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

APOIOS ESQUECIDOS

Charles Plumb
Charles Plumb era piloto e, certa vez, seu avião foi derrubado, durante uma missão de combate. Ele saltou de paraquedas, salvando a vida. Caiu em campo inimigo, foi capturado e passou seis anos como prisioneiro. Sobreviveu e ao retornar ao seu país, começou a fazer palestras, relatando a sua odisseia e o que a prisão lhe ensinara. Certo dia, em um restaurante, foi saudado por um homem: 
-Olá, você é Charles Plumb, o piloto que teve seu avião derrubado, não é mesmo? 
-Sim, respondeu. Como você sabe? 
-Ora, era eu quem dobrava o seu paraquedas. Parece que funcionou bem, não é verdade?
O piloto ficou boquiaberto. 
-Muito grato, afirmou: Claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje. 
Naquela noite, ele não conseguiu dormir, pensando e pensando. 
-Quantas vezes vi esse homem no porta-aviões e nunca lhe disse “Bom dia”? Eu era um piloto arrogante e ele, um simples marinheiro. 
Pensou nas horas que o marinheiro passou humildemente no barco, em meio a tantos outros pilotos, tão senhores de si, como ele próprio se considerava. Pensou que o marinheiro teve em suas mãos habilidosas, que enrolavam os fios de seda dos paraquedas, as vidas de tantos que nem conhecia. Mas a sua tarefa bem realizada era a responsável por vários deles continuarem a viver. Todos os que haviam precisado de um paraquedas, um dia. Hoje, quando Plumb inicia as suas palestras, o faz perguntando à plateia: 
-Quem dobrou o seu paraquedas hoje? 
Porque a vida é assim. Todos temos alguém cujo trabalho é importante para que possamos seguir adiante. Precisamos de muitos paraquedas durante o dia: físicos, emocionais, mentais, espirituais. Precisamos do coletivo e o motorista nos conduz, tendo nas suas mãos as nossas vidas. Mas nem o olhamos. Na repartição, aguardamos o cafezinho com quase ansiedade, desejando realizar a pausa entre as tarefas e saboreá-lo, com calma. No entanto, nos esquecemos de olhar nos olhos da funcionária que o serve, de a cumprimentar, de perguntar se está bem. Sequer lhe sabemos o nome. Entramos no elevador, dizemos o andar que desejamos, sem desejar um Bom dia ao ascensorista que passa horas, dentro daquela caixa, que sobe e desce, sem parar. Por vezes, perdemos de vista o que é verdadeiramente importante. Esquecemos das pessoas que nos salvam no momento oportuno sem que lhes tenhamos pedido. Dos que nos suportam, dos que nos oferecem o ombro amigo para chorar. Dos que ouvem as nossas lamúrias e as nossas alegrias. Deixamos de saudar, de agradecer, de dizer algo amável, de sorrir. E que dizer dos amigos espirituais? Nosso anjo de guarda que se desvela em cuidados? Deus, que todos os dias, pinta quadros novos de beleza para nosso deleite? Deus, cujo amor nos sustenta, cuja misericórdia nos alcança. Lembremos de mostrar nossa gratidão. Um telefonema, um sorriso às pessoas. Um pequeno cartão. Um mimo inesperado em invólucro delicado. Um instante de reflexão. Uma prece. Uma oração de gratidão. Obrigado, Senhor, por tudo que eu tenho. Por tudo que me dás. Pelo pão, pelo ar, pela paz. Por minha vida. Pela vida dos meus amores. Pelo dia de hoje, obrigado, Senhor. 
Redação do Momento Espírita, com base em palestra de Divaldo Pereira Franco. 
Em 17.10.2018.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

A ÚLTIMA BEM-AVENTURANÇA

AMÉLIA RODRIGUES
É muito conhecida a passagem bíblica nominada de Sermão da montanha. Nela, Jesus anuncia as bem-aventuranças. Ele enaltece a conduta dos mansos, dos humildes e dos sedentos de justiça, dentre outros, afirmando que são bem-aventurados. Entretanto, o Cristo anunciou mais uma bem-aventurança, que costuma passar despercebida. Após sua ressurreição, Ele apareceu a várias pessoas, mas o discípulo Tomé não estava entre elas. Ao saber do evento, Tomé afirmou que somente acreditaria se visse os sinais do martírio em Jesus e neles pudesse colocar a mão. A oportunidade não se fez tardar e o Mestre logo lhe apareceu. Após se mostrar, Jesus sentenciou: 
-Porque me viste, Tomé, creste. Bem-aventurados os que não viram e creram. 
É interessante observar que se tratava do momento em que os testemunhos dos apóstolos principiariam. Estava finda a época do aprendizado direto junto ao Messias divino. Ocorre que na luta pela implantação de um ideal nem sempre tudo corre à maravilha. Costuma haver resistências e vários incomodados se fazem adversários da obra. Para perseverar, nos momentos de dificuldade, é preciso ter fé. Sem uma crença firme de que o bem vencerá torna-se fácil desistir no meio do caminho. É necessário crer na efetivação do ideal antes de vê-lo concluído. Feliz de quem possui a força íntima necessária para lutar sem esmorecer. De quem acredita no bem, mesmo quando o mal aparentemente vence. Quem precisa ver para crer hesita e desfalece com frequência. Porque a corrupção parece crescer, duvida da vitória final da honestidade. Porque são muitos os cruéis, acha que a compaixão talvez nunca vença. Se o bem demora a se instalar, acredita que não compensa lutar por ele. Bem se vê o quanto a fé é necessária em um projeto de longo prazo. Sem essa certeza das coisas esperadas, a força esmorece e a luta é abandonada. Nesses tempos turbulentos, convém refletir a respeito da firmeza da própria fé. Acreditar firmemente na vitória do bem ajuda a jamais corromper a própria essência. Sem essa convicção, pode-se ficar tentado a levar vantagem e a dar um jeitinho, em prejuízo da própria dignidade. Ocorre que a dignidade e a fidelidade aos próprios valores são extremamente preciosas. Elas propiciam paz de consciência e tornam possível andar de cabeça erguida em qualquer ambiente. Bem-aventurado quem crê antes de ver e por isso tem a força de viver e construir o bem. 
Pense nisso. 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXI, do livro A mensagem do Amor Imortal, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 16.10.2018.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

AS DUAS FACES

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Afirma-se que um famoso pintor do Renascimento, quando pintava um quadro sobre o Menino Jesus, após conceber e fazer os primeiros estudos, procurou uma criança que lhe servisse de modelo para a face do Mestre, na infância. Procurou em muitos lugares até encontrar um pequenino sujo, que brincava nas ruas. O menino retratava no olhar e na face toda a pureza, bondade, beleza e ternura que se podia conceber. Explicou-lhe o que desejava e, ante a autorização da família, levou-o para posar no seu atelier, retribuindo-lhe o trabalho com expressiva soma em moedas de ouro. Anos depois, o artista desejou pintar outro quadro. Dessa vez iria retratar Judas. E saiu em busca de alguém que pudesse lhe oferecer o rosto do traidor. Em mercados e praças públicas, tavernas e antros de costumes perniciosos por onde esteve à procura, não encontrou ninguém que se assemelhasse, em aparência, ao discípulo equivocado. Já havia desanimado de procurar e pensava em desistir, quando, visitando uma taberna de má qualidade, se deparou com um delinquente embriagado, em cujo olhar e semblante se encontravam os conflitos do traidor, conforme a concepção que dele fazia. A barba endurecida, a cabeleira mal cuidada eram a moldura para o olhar inquieto, desconfiado, num rosto contorcido pelo desconforto íntimo, formando um conjunto de dor e revolta, insegurança e arrependimento ímpares. Comovido com o fato, o artista convidou aquele homem para posar, ao que ele respondeu que só faria sob a condição de boa recompensa financeira. O pintor começou a obra e percebeu, após algumas sessões, que a face congestionada daquele homem se modificava a cada dia, perdendo a agressividade e a perturbação. Um dia resolveu perguntar ao modelo o porquê de tal transformação, ao que ele, um tanto melancólico, respondeu: 
-Posando nesta sala, recordo-me que há alguns anos, eu servi ao senhor de modelo para a face do Menino Jesus... Eu sou aquele garoto em cujo rosto o senhor encontrou a paz e a beleza do justo traído... O dinheiro que ganhei, em face da minha imaturidade, mais tarde pôs-me a perder e, de queda em queda, numa noite em que me embriaguei, por uma disputa insignificante matei outro homem. Condenado num julgamento arbitrário, envenenei-me de ódio... Agora, pisando neste lugar outra vez, recordo daquele tempo e retorno, emocionalmente, a ele, e me acalmo... 
 * * * 
Paradoxalmente, o mesmo indivíduo ficou retratado na face de Jesus Menino e de Judas, em duas fases diferentes da mesma vida. 
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Muitos de nós, simbolicamente, temos os nossos dias de traído e de traidor. Dias em que trazemos na face a expressão da bondade e da ternura. E dias em que somos o retrato vivo do desespero. É nesses dias difíceis que devemos buscar, emocionalmente, a serenidade dos dias de luz e seguir em frente, com vontade de imprimir, de vez por todas, a face justa e bela do nosso modelo maior, que é Jesus Cristo. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 28 do livro Seara do bem, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 07.12.2009.

domingo, 14 de outubro de 2018

TERRORISMO INTERNO

No ano de 1571, Michel de Montaigne, jurista e filósofo francês, escreveu: 
-Minha vida foi repleta de catástrofes. A maioria delas nunca aconteceu. Curiosamente, essa realidade sempre esteve presente na vida do homem: ele sofre antes do sofrimento, antecipa a dor e, muitas vezes, a provoca sem necessidade alguma. Conhecedor da alma humana em sua intimidade, Jesus fez preciso alerta, deixando ensinamento valioso. No Sermão da Montanha, fala a todos sobre este tema, utilizando inclusive uma palavra bastante atual: preocupação. 
- Portanto eu digo: não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa? Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai Celestial as alimenta. Não tem vocês muito mais valor do que elas? Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu digo que nem Salomão, em todo seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: que vamos comer? Ou que vamos beber? Ou que vamos vestir? Busquem, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal. 
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Se a preocupação fosse apenas uma preparação para o dia de amanhã, um planejamento, ela certamente seria benéfica. No entanto, sabemos que ela vai muito além disso. Sua tônica principal, aliás, está na antecipação do sofrimento, num terrorismo interno totalmente desnecessário. Há uma incoerência: quanto mais preocupados, mais incapazes vamos ficando para resolver aquilo que nos atemoriza. Sabemos que esse sentimento, por vezes, nos escapa à razão e é quase inevitável. No entanto, existem alguns auxílios com os quais podemos contar: As conversações salutares: contar nossa preocupação para quem confiamos. Evitar guardá-la para nós. Depois, ouvir o bom conselho, sempre salutar, considerando que, quase sempre criamos um monstro inexistente, supervalorizando questões, enxergando as coisas apenas através de um ponto de vista. A meditação: reservar alguns minutos diários para a prática da meditação, evitando que os pensamentos negativos se instalem. Além disso, boas leituras auxiliam a substituir ideias sufocantes por revigoradas. A oração: manter contato com o Criador e a Espiritualidade Superior através da prece é sempre importante. Esse hábito fortalece o Espírito diante das dificuldades e nos relembra dos objetivos maiores da vida. É imperioso lembrar da mensagem do Cristo, que não foi apenas para aqueles que O escutaram ao pé do monte, mas para todas as gerações: Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. Para cada dia basta o seu próprio mal. 
Redação do Momento Espírita, com base no Evangelho de Mateus, cap. 6, versículos 25 a 34. 
Em 9.10.2018.

sábado, 13 de outubro de 2018

DROGAS LÍCITAS

São alarmantes as notícias que chegam, diariamente, sobre os altos índices de mortes causadas pelas drogas, chamadas lícitas. Só no Brasil, as estatísticas mostram que cerca de oitenta mil pessoas morrem por ano, vitimadas por doenças relacionadas ao tabaco. Isso equivale a aproximadamente dez óbitos por hora. Outra droga que tem ceifado milhares de vidas é o álcool. Face a tudo isso nós nos questionamos o que pode ser feito para deter ou, pelo menos, para diminuir essa trágica realidade. Todavia, antes de encetar qualquer campanha de erradicação desses males, precisamos localizar as suas nascentes. E para tanto é necessário que voltemos o olhar para dentro dos nossos lares. É de dentro de um lar que todos saímos. E é dentro do lar que recebemos as primeiras lições, de vida ou de morte. Enquanto os pais não se conscientizarem de que são, a maioria das vezes, os responsáveis pelos hábitos infelizes dos seus filhos, não haverá campanha que resulte eficiente. Enquanto nós, pais, não deixarmos de jogar a culpa nos amigos, nas más companhias, nas indústrias de tabaco e de bebidas alcoólicas, não resolveremos o problema. Pesquisas mostram que grande parte dos adolescentes se iniciam nas chamadas drogas lícitas porque têm o exemplo dentro do próprio lar, levados pela curiosidade e provar o que os pais provam e aprovam. Quantas vezes não observamos os filhos pequenos juntar o toco de cigarro que um dos pais joga no chão e levá-lo à boca tentando imitar os adultos? A quem culpar, nesse caso? À criança, que é imitadora por excelência, ou aos adultos, que sabem o que estão fazendo? Mais tarde, quando o filho já sabe falar e os pais tentam reprimi-lo, ele simplesmente responde: Se você faz, por que é que eu não posso? Nessa situação, os pais não têm autoridade moral para evitar que o filho fume ou beba, pois são lições vivas dos vícios. Todavia, há pais que não fumam nem bebem e os filhos, apesar disso, se iniciam nessas drogas. Talvez seja porque percebem o vizinho ou os colegas que, por sua vez, exemplificam e despertam a curiosidade. Nesse caso, os pais podem e devem envidar esforços para esclarecer os filhos dos malefícios de tais hábitos, através do diálogo amigo e fraterno. Devido aos alarmantes índices de desgraça que essas drogas lícitas têm proporcionado aos nossos corações, vale a pena meditarmos, com sinceridade, sobre a campanha de erradicação efetiva desses males, e iniciá-la desde agora, começando por nós mesmos.
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Seu filho é um Espírito encarnado e, como tal, traz consigo hábitos adquiridos ao longo das existências. Hábitos felizes ou não, que você deverá perceber através do convívio e lutar por modificar os maus e fortalecer os bons. Isso é educação. Não duvidemos! As Leis Divinas, que estão escritas em nossa consciência perguntarão: O que fizestes dos filhos confiados à vossa guarda? Preparemo-nos para responder o melhor: Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.1.2014.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

DIA DA CRIANÇA

Doze de outubro. Dia da criança. Muitas atividades se preparam para brindar essa joia incomparável que é a criança. É um excelente momento para falarmos a seu respeito. Alguns pensam que a criança é um ser virgem, recém-criado por Deus. Por isso acreditam que, sendo folha em branco, tudo começará a ser escrito pelos pais, iniciando-se todo o processo da individualidade. Muitos acreditam que as crianças sejam verdadeiros bibelôs, patrimônios dos seus pais. Por isso, deverão se tornar cópias dos modelos paternos. Outros pensam que as crianças herdam não somente os caracteres biológicos dos pais, mas também os traços morais. O que quer dizer que pais dignos teriam filhos nobres e celerados os teriam igualmente maus. O pensamento do Espiritismo é de que a carga preciosa que os pais carregam nos braços com carinho é um Espírito viajor no caminho para o Criador. Tem por meta se aprimorar. Está na Terra para o esforço de auto-superação, do aprimoramento do intelecto e do caráter. A aparente inocência da infância oculta uma bagagem de séculos, em que o Espírito adquiriu nobreza e virtudes e também se equivocou. Dessa forma se torna inadiável educá-la desde cedo. Trabalhar para podar ou inibir o que traga de pernicioso. Incentivar as conquistas felizes que demonstre. A tarefa não é tão difícil quanto possa parecer. Não exige o saber do Mundo. Podem desempenhá-la o sábio e o ignorante. Desde pequenina a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz das anteriores existências. Os pais devem se esmerar em estudá-los. Depois fazer como o bom jardineiro que corta os rebentos defeituosos à medida que aparecem na árvore. Durante a infância, o Espírito é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento. Primeiro dia de vida. Primeira aula do filho. E no currículo não poderá faltar a educação religiosa. Jesus na vida infantil significa formidável processo de vacinação preventiva, ao mesmo tempo curadora. Nas letras da Boa Nova, Jesus ensina, aclara, semeia nessa alma milenar tudo de útil e bom. A infância bem educada dará ensejo à juventude bem estruturada. Naturalmente tal juventude produzirá uma sociedade de adultos onde as tônicas serão o trabalho, a honestidade, a fraternidade, a honradez e a fé robusta. Não percamos a preciosidade da idade infantil. Se a criança é o futuro já presente, invistamos nela. Pais, professores, amigos, vizinhos, autoridades públicas, empenhemo-nos. As crianças são filhos de Deus. Vêm para nós e nos pedem orientação para o bem. O trabalho nos compete. Vamos agir. Amor, carinho, alegrias. Tudo providenciamos: o pão, o agasalho, o abrigo. Não percamos de vista a educação. 
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RAUL TEIXEIRA
 A tarefa dos pais é uma verdadeira missão. Deus põe a criança sob a tutela dos pais para que eles a dirijam no caminho do bem. Quanto piores forem as disposições da criança, mais a tarefa é pesada. O que quer dizer que maior será o mérito se a conseguirem desviar do mau caminho. 
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 582 e 583 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e no livro Desafios da educação, pt. 1, pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 26.9.2013.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

ESPALHANDO O BEM

Quanto bem existirá na Terra? Quando as manchetes nos enchem os olhos e os ouvidos com as histórias de violência e maldade que atingem tantas pessoas, nos indagamos se haverá alguém em quem possamos confiar. Quando ouvimos falar de pessoas simples, que se deixaram enganar, na tentativa de solucionar seus problemas; quando nos relatam tantas ações ruins que ocorrem, todos os dias, quase desacreditamos que haja pessoas boas nesta Terra. E, no entanto, o que falta é a imprensa escrita, falada, televisionada lançar sua atenção para outro lado e focar nas coisas boas deste mundo. E são muitas. Enquanto o mal alcança a mídia e as redes sociais, transmitido, postado e replicado, uma enorme rede de bondade silenciosamente se estende pelo mundo. Basta que uma dificuldade se apresente e muitas mãos, mentes e corações se voltam, na tentativa de auxiliar. E, conforme a exortação evangélica de a mão esquerda não saber o que oferece a direita, tudo fazem de forma anônima, sem alarde. Aquela adolescente, de apenas dezesseis anos, aprendeu isso, por experiência própria. Ela se entregara à prostituição porque entendera ser a forma mais rápida de obter os recursos de que sua família precisava. Assim, conseguia colocar comida à mesa, e medicamentos, e roupas. Ninguém a aconselhara, de forma diferente. Ou lhe sugerira outro caminho. Mesmo quando se descobriu grávida, continuou nas ruas. Embora o ventre fosse mostrando, paulatinamente, a gestação que avançava, ela não viu diminuírem seus clientes. Até o dia em que foi abordada por um policial. Estranhamente, ele a convidou para ir à sua casa. E ali lhe ofereceu abrigo, alimentação, todo o apoio de que precisasse, para ela e para o filho que estava a caminho. De imediato, lhe disse que estava abrindo as portas do seu lar, para que ela abandonasse a prostituição. Que a desejava amparada e ao filho. Deu-lhe as chaves da casa, comprou-lhe roupas, ajudou-a a preparar o enxoval para a criança. O que ele desejava com essa atitude? Somente que ela mudasse de vida. E Marília se deixou ficar ali. Desconfiada, de início, que algo ele exigisse, em troca. No entanto, os dias lhe mostrariam o contrário. O bebê nasceu e ela continuou no lar daquele homem que a vira nas ruas e tivera compaixão dela. Que a vira como uma filha que precisava ser amparada, cuidada. Mais tarde, ela conheceu um jovem, namoraram e ela se consorciou, formando o seu próprio lar, levando o filho consigo. Quando ela contava sua história, dizia que tudo devia àquele homem, àquele policial que a vira, na noite fria, ofertando o corpo a quem desejasse, a barriga saliente, demonstrando a gravidez de meses. Aquele homem fora o bom samaritano em sua vida. Não lhe pedira nada, não lhe exigira nada além de que abandonasse as ruas e se voltasse para o filho, a nascer, em breve. 
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Sim, existe muito bem espalhado pelo mundo. Pessoas anônimas que amparam aqui, aconselham adiante, sustentam além. Pessoas que reconhecem a necessidade quando a veem. E conseguem vislumbrar o ser humano, além da fachada externa. O ser humano que deseja atenção, apoio, abrigo. Que precisa de um teto sobre a cabeça, alimento à mesa, um aceno de esperança para os dias futuros. Quantos de nós somos dessas pessoas que realizam o bem? Quantos de nós desejamos aderir a esse bem, anônimo, eficiente, propagador de esperança? 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 11.10.2018.