quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A CONTRIBUIÇÃO INDISPENSÁVEL

Conta-se que, em determinada região da Europa, existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo de uvas para produção de suco. Uma vez por ano, lá ocorria uma grande festa para comemorar o sucesso da colheita. A tradição exigia que, naquela festa, cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa do seu melhor suco, para colocar dentro de um grande recipiente que ficava na praça central. Entretanto, um dos moradores pensou:
-Por que deverei levar uma garrafa do meu mais puro suco? Levarei uma cheia de água, pois no meio de tanto suco de primeira qualidade o meu não fará falta nem alterará o seu sabor.
Assim pensou e assim fez. No auge dos acontecimentos, como era de costume, todos se reuniram na praça, cada um com seu copo, para pegar uma porção daquele líquido precioso, cuja fama se estendia além das fronteiras do país. Contudo, ao abrir a torneira, um silêncio tomou conta da multidão. Daquele enorme recipiente saiu apenas água. E como isto pôde ocorrer? Acontece que todos pensaram como aquele morador: 
-A ausência da minha parte não fará falta. 
* * * 
E nós, será que muitas vezes não temos agido como os moradores daquele vilarejo com relação às circunstâncias que nos dizem respeito? Alguns até dizem diante das dificuldades: Existem tantas pessoas neste mundo que se eu não fizer a minha parte isto não terá importância. Mas afinal de contas, o que aconteceria com o mundo se todos pensassem assim? Todos temos uma missão a cumprir. Todos temos que colocar na obra da Criação o nosso tijolo de amor. Portanto, devemos fazer a parte que nos cabe. E tenhamos a certeza de que se não a fizermos, quando e como deveríamos, o espaço ficará vazio. Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, não dispensa nem mesmo a colaboração dos vermes, que fazem a sua parte afofando a terra para torná-la mais produtiva. Não despreza a ação dos abutres, que se encarregam de consumir os animais mortos para que o mundo não se transforme numa grande imundície. Não abre mão dos serviços da abelha, na polinização das flores. Não dispensa a colaboração de nenhuma das Suas criaturas, pois a cada uma delas cabe uma pequena parcela para que a obra fique concluída.
 * * * 
Se você está encarregado de alguma atividade, cumpra-a da melhor maneira possível e no prazo certo. Não imagine que alguém a fará melhor nem pior que você, pois só a você cabe executá-la. Ademais, se cada um fizer a parte que lhe cabe com empenho e dedicação, em todas as situações, em breve tempo construiremos um mundo justo e bem mais feliz para se viver. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Em 28.6.2016.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

CONTRADIÇÕES

Na extensa praia, em plena manhã de primavera, um caranguejo corria na areia em companhia de sua mãe. Observando o filho, a mãe logo o corrigiu: 
-Não corra de lado! Andar para frente é muito mais adequado. 
O jovem caranguejo respondeu sem demora: 
-Claro, mamãe, quero aprender. Mostre como se anda para a frente e eu ando atrás de você. 
* * * 
A fábula é simples mas nos oferece motivos de profundas reflexões a respeito da educação das novas gerações. Movidos pelo desejo de preparar os filhos para que sejam os cidadãos responsáveis da sociedade de amanhã, muitas vezes não nos damos conta de que estamos tentando educar só com teorias, sem o exemplo nobre. As palavras, sem dúvida alguma, são importantes, mas o exemplo vale mais. Nesse contexto, é comum observarmos muitas contradições por parte dos adultos de hoje. Enquanto se fala sobre a ecologia, enfatizando-se que é importante que os animais silvestres sejam mantidos em liberdade no meio em que nasceram, vemos filmes e novelas mostrando esses animais mantidos em cativeiros como bichos de estimação. Enquanto faz-se campanha para que a população não faça uso da automedicação, tomando remédios por conta própria, vemos uma grande quantidade de propagandas de remédios que prometem curas instantâneas para quase todos os males, incentivando o consumidor a comprá-los. Enquanto se fala em inibir a prostituição, mais se apela para a exposição de corpos seminus como apelo ao comércio, na divulgação de qualquer produto. E, embora a população fale da necessidade de conter a onda de violência que invade o mundo, os jogos, desenhos e filmes infantis violentos chegam facilmente às nossas crianças. Enquanto falamos da corrupção e da ganância, ensinamos aos nossos filhos, pelo exemplo, que o que importa é ter coisas ao invés de cultivar as virtudes do ser, numa inversão incontestável de valores. E assim, de contradição em contradição, vamos teorizando acerca de um mundo melhor, sem nos darmos conta de que é preciso ensinar na prática. A exemplo do filhote de caranguejo, os nossos filhos também desejam andar para frente, mas é preciso que caminhemos adiante deles, mostrando-lhes o rumo certo que devem seguir. De nada vale dizer-lhes que sigam por determinado lugar, enquanto insistimos em tomar caminhos escusos. Eles, por nos amarem e confiarem em nós, seguirão sempre os nossos passos. 
 * * * 
Jesus, o Mestre dos mestres, não Se contradisse em nenhuma circunstância. Suas lições foram vividas e exemplificadas por Ele mesmo, em todos os momentos. Ele, que era conhecedor das Leis maiores da vida, sabia que a teoria convence, mas o exemplo arrasta. 
Redação do Momento Espírita com base na fábula O caranguejo e sua mãe, de Esopo, de O livro das virtudes, v. II, de William J. Bennett, ed. Nova fronteira. Em 21.06.2010.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

CORAGEM DE AMAR

Será que, para amar, é necessário ter coragem? A pergunta, a princípio, parece sem propósito. Afinal, é tão natural amarmos aos nossos filhos, ao companheiro, à esposa, que longe está a necessidade de se ter coragem para isso. Porém, e se mudarmos a pergunta: para aprender a amar, é necessário ter coragem? Será que precisamos de coragem para aprender a amar aqueles que ainda não amamos? 
Conta-se que Madre Teresa de Calcutá, ao abandonar o convento, onde atuava como professora de jovens de famílias ricas, levou consigo apenas o hábito e as sandálias de religiosa, deixando tudo para trás. Ao final de sua existência, tinha mais de quatrocentas casas erguidas pelo mundo, em nome do seu amor ao próximo, entre asilos, orfanatos, hospitais, escolas. Certa feita, ao ser homenageada em uma solenidade, um dos convidados interpelou-a dizendo não saber como ela dispunha de coragem para fazer tudo o que fazia. E ela, tranquilamente, respondeu que não entendia como tantas cabeças coroadas tinham coragem de não fazer nada, frente a tanta miséria no mundo. 
Albert Schweitzer era um jovem músico, consagrado nas mais famosas salas de concerto europeias, quando decidiu abandonar a carreira musical e cursar medicina. Sonhava ele ajudar o próximo e elegeu a carreira médica como ferramenta de auxílio. Deixou o conforto da fama e do reconhecimento ao seu talento musical para começar uma nova vida. Ao se formar, foi trabalhar no coração da África, numa região isolada e sem recursos. Ao final de sua existência, havia sido reconhecido com um prêmio Nobel da Paz, e, em uma região onde nada havia, construiu um hospital que se expandira para mais de setenta prédios, com quinhentos leitos para internamento. Não são poucos os exemplos que encontramos de pessoas que, com coragem, optam por amar àqueles que ainda não amam. Jesus nos alerta que amar àqueles que nos são caros, até os maus o fazem. Porém é necessário ir além. É necessário aprender a amar àqueles que ainda temos dificuldades em amar, que ainda não aprendemos a amar. Para esses, é necessário armar-se de coragem. Pois o amor ao próximo exige dedicação, esquecimento do orgulho, da vaidade, da presunção. Podemos não ter a estrutura moral ou a coragem de Madre Teresa e de Albert Schweitzer, que deixaram marcas permanentes na História da Humanidade. Mas já podemos deixar marcada a nossa presença, se nos decidirmos a amar ao próximo. Podemos começar com o parente difícil, sempre disposto a fazer comentários e insinuações maldosas. Ou ainda com aquele vizinho sempre pronto a uma nova provocação. Outras tantas vezes aprender a amar pode vir através da paciência que desenvolvemos diante das limitações de quem ainda não tem as mesmas capacidades que nós. Ou que se mostra arrogante e pretensioso, com falsas capacidades que não possui. Não há verdadeiramente um dia em nossa vida, onde não surja a oportunidade de aprender a amar. Aprendamos com Jesus, Mestre Maior de todos nós, que não devemos nos contentar com o amor na intimidade do lar ou no relacionamento a dois. Que possamos, a cada dia, armarmo-nos de coragem e exercitar o sentimento do amor ao próximo, na oportunidade que a vida nos oferecer. 
Redação do Momento Espírita. Em 28.11.2016.

domingo, 27 de novembro de 2016

CONTRA A VIOLÊNCIA

Como epidemia social, a violência vem tomando lugar na sociedade, de maneira generalizada. Muitos vêm deixando de lado o trato social, abrindo mão das pequenas gentilezas cotidianas, como algo fora de moda ou de contexto. Homens e mulheres, com honrosas exceções, vêm se permitindo extravasar a própria violência em ações e comportamentos. Se estão no trânsito, a sua pressa justifica ultrapassagens ilegais e desrespeitosas, não cedendo passagem a quem pede, transformando-se, não raro, em uma verdadeira máquina de guerra, dentro de seu carro. No trato cotidiano, a impaciência não lhe permite compreensão com algum idoso à sua frente, em um passo mais lento, natural da idade. Com alguém que lhe pede breve informação, não oferece parcos minutos para a resposta valiosa. E se alguém desavisado lhe ocasiona algum contratempo, transborda sua fúria em tratamento desrespeitoso, pautado por vocabulário vulgar e ofensivo. A imprensa veicula notícias que se sucedem e impressionam pela violência, desequilíbrio e rudeza das pessoas. Mata-se por motivos banais, corrompe-se vidas com justificativas levianas, agride-se física e moralmente como se fosse direito irrefutável. Assim agem muitos, na atualidade. Aturdido pelas conquistas tecnológicas, maravilhado pelas possibilidades do mundo moderno, o homem se deixa perturbar, por não dar conta de tantas possibilidades e novidades. Ganha o mundo na velocidade dos cliques do computador, sabendo de tudo e de todos, nas mais variadas redes sociais. Ao mesmo tempo, se desorienta por encontrar seus processos intelectuais e emocionais com as velocidades de sempre. Em um único dia, é capaz de assimilar infindas informações, saber do que acontece em qualquer parte do globo, em tempo real, e de enviar dezenas de e-mails para todas as partes do mundo. A sua intimidade, no entanto, ainda apresenta um imenso universo a ser descoberto e explorado. Aparelhado de todos os recursos tecnológicos, não consegue buscar ferramentas no seu mundo interno para enfrentar com equilíbrio os desafios da sociedade moderna. Por isso, aturde-se. Aturdido, agride. Torna-se violento, como mecanismo de defesa, para esconder a própria fragilidade. Quanto mais violento, mais frágil, mais precisando de amparo. Esses violentos são, na verdade almas enfermas, com dificuldades para dar conta de si e do mundo. Para conviver com eles, importa armar-se de paz, a fim de agir de maneira sensível, gentil e sensata diante da palavra rude. Para o comportamento bruto, o trato amável. Para a impaciência, a calma. Para a grosseria, a compreensão. Somente assim, armados de paz, é que conseguiremos combater a violência. Sejam os nossos os instrumentos da paz, em todas as circunstâncias. Na análise do nosso comportamento, na oração e meditação cotidianas, invistamos no hábito das ações serenas e ponderadas. Dessa forma, munidos de paz, finalmente teremos o antídoto eficiente para agir nestes dias de violência. 
Redação do Momento Espírita. Em 23.8.2014.

sábado, 26 de novembro de 2016

A SURPREENDENTE MORTE

Ela sempre chega em momento inoportuno. Não a convidamos mas ela comparece, quando e onde bem entende. Ela estabelece o seu calendário de visitas, totalmente aleatório aos nossos olhos mortais. Mas preciso, totalmente concorde com a Lei Divina, em cada detalhe. Somente os que não estejam em equilíbrio mental é que a evocam, desejando-lhe a presença. Todos os demais preferimos deixar para mais tarde, mais tarde... É a morte, essa não desejada presença. Ela dilacera corações plenos de esperança e nos leva a perguntar: 
-Por quê? Por que agora? Por que com minha família? 
Assim foi com a família Camargos. Na cidade de Natal, no Nordeste brasileiro, no dia doze de janeiro, a pequena Giovanna fazia seis anos. Festa de aniversário. Tudo pronto para a comemoração. Pouco antes das oito horas da noite, a família só aguardava o telefonema do pai da menina, para a comemoração. Ele integrava a missão de paz do exército brasileiro no Haiti. E ele adorava seu trabalho. O único senão eram as saudades da família: a mulher e dois filhos. Seu retorno ao Brasil estava marcado para o dia vinte e oito. E ele dizia para a esposa que ela acabaria ficando enjoada dele, porque passariam o tempo todo juntos. Veio o telefonema, ele falou com Giovanna. E a esposa pediu que ele ficasse um pouco mais na linha para cantar o Parabéns pra você. Mas, de repente, a conexão do skype caiu. Ela tentou ligar de volta. Sem êxito. A festa continuou. No dia seguinte, o cunhado ligou para saber notícias de Raniel. 
-Está bem, informou Heloísa. Conversamos ontem à noite. 
Ela não sabia do terremoto e, ao tomar conhecimento, se deu conta que fora a hora em que conversara com seu marido. Na mesma tarde, um telefonema do batalhão onde Raniel servia, confirmou para a família que ele fora uma das vítimas do terremoto no Haiti. Embora a tristeza, Heloísa diria mais tarde: 
-O que me consola é que Raniel morreu fazendo o que sempre quis: ajudar os necessitados e servir ao seu país. Ele morreu como um herói. 
As palavras da esposa traduzem o sentimento sublimado do amor. Ela sabia que o marido amava o seu trabalho, no exército brasileiro. A saudade é grande. Os filhos perguntam pelo pai e terão que se habituar à sua ausência física. Mas, eles terão a presença do ser amado em suas vidas nas doces lembranças, no telefonema de aniversário, nos sonhos... Para essa família, como para todos os que cremos na Imortalidade, existe a certeza de que o subtenente Raniel somente abandonou o casulo de carne. Ele prossegue vivendo e amando, na Espiritualidade. Que esse exemplo de serenidade nos possa servir. Preparemo-nos. Quando a morte chegar, de inopino, rompendo nossos mais acalentados planos, pensemos: Foi só um adiamento de tudo que planejamos. Logo mais tornaremos a estar juntos. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Heróis no Haiti (O soldado), da Revista Seleções Reader’s Digest, de abril de 2010. Em 25.11.2016.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

LIÇÃO DE FELICIDADE

Foi num dia desses. Eram dois irmãos vindos da favela. Um deles deveria ter cinco anos e o outro dez. Pés descalços, braços nus. Batiam de porta em porta, pedindo comida. Estavam famintos. Mas as portas não se abriam. A indiferença lhes atirava ao rosto expressões rudes, em que palavras como moleque, trabalho e filhos de ninguém se misturavam. Finalmente, em uma casa singela, uma senhora atenta lhes disse: 
-Vou ver se tenho alguma coisa para lhes dar. Coitadinhos. 
E voltou com uma caixinha de leite. Que alegria! Os garotos se sentaram na calçada. O menor disse para o irmão: 
-Você é mais velho, tome primeiro... 
Estendeu a caixa e ficou olhando-o, com a boca semiaberta, mexendo a ponta da língua, parecendo sentir o gosto do líquido entre seus dentes brancos. O menino de dez anos levou a caixa à boca, no gesto de beber. Mas, apertou fortemente os lábios para que nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a caixinha ao irmãozinho: 
-Agora é a sua vez. Só um pouco, recomendou. 
O pequeno deu um grande gole e exclamou: 
-Como está gostoso. 
-Agora eu, disse o mais velho. 
Tornou a levar a caixinha, já meio vazia, à boca e repetiu o gesto de beber, sem beber nada. 
-Agora você. 
-Agora eu. 
-Agora você. 
Depois de quatro ou cinco goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, esgotou o leite todo. Sozinho. Foi nesse momento que o extraordinário aconteceu. O menino maior começou a cantar e a jogar futebol com a caixinha. Estava radiante, todo felicidade. De estômago vazio. De coração transbordando de alegria. Pulava com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar importância. Observando aqueles dois irmãos e o Agora você, Agora eu, nossos olhos se encheram de lágrimas. Que lição de felicidade. Que demonstração de altruísmo. O maior, em verdade, demonstrou, pelo seu gesto, que é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe. Este é o segredo do amor. Sacrificar-se a criatura com tal naturalidade, de forma tão discreta, que o amado nem possa agradecer pelo que está recebendo. Enquanto os dois irmãos desciam a rua, cantarolando, abraçados, em nossa mente vários ensinos de Jesus foram sendo recordados. Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito. O óbolo da viúva. Amai-vos uns aos outros... 
 * * * 
Coloca, nas janelas da tua alma, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura para que alcances a felicidade. Amando, ampliarás o círculo dos teus afetos e serás, para os teus amigos, uma bênção. Faze o bem, sempre que possas. E, se a ocasião não aparecer, cria a oportunidade de servir. Deste modo, a felicidade estará esperando por ti. 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada. Em 24.11.2016.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CONTRA A CORRENTE

WALDO VIEIRA
Lá vai o homem descendo o rio caudaloso. Nenhum esforço faz para seguir à frente. As águas o levam no influxo impetuoso, poupando-o das pedras e outros obstáculos. Com facilidade, ele avança sempre, impelido rapidamente pelo bojo da massa líquida. Força, situação e movimento a seu favor. Nada lhe é contrário. No entanto, outro homem vai subindo o rio. Em luta constante, movimenta os braços. Bate os pés. Respira fundo. Desgasta-se agoniado. Esforça-se para não afundar. Fadiga-se para sobreviver. E avança contra o impulso das águas e os obstáculos. Com dificuldade, ele nada, nada sempre, varando, pouco a pouco, a torrente poderosa. Tudo lhe é contrário. 
 * * * 
Esta é a vida do homem na Terra. Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar. Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria. Jamais se dispondo contra o erro, o equívoco. Só dizendo sim para tudo e para todos. Seguindo despreocupadamente, sem o exame dos próprios atos. Boiando sempre, em menor esforço. Mas, subir contra a corrente do mundo, é mais difícil. É preciso valor para enfrentar a adversidade. É necessário paciência para fugir aos erros de tradição. É indispensável ser forte para tornar-se exceção no esforço maior. 
 * * * 
Pense nisso! Antes da reencarnação, necessária ao progresso, a alma roga a porta estreita das dificuldades, como oportunidade gloriosa nos círculos carnais. Reconhece a necessidade do sofrimento purificador. Anseia pelo sacrifício que redime. Exalta o obstáculo que ensina. Compreende a dificuldade que enriquece a mente e não pede outra coisa que não seja a lição, nem espera senão a luz do entendimento que a elevará nos caminhos infinitos da vida. E, graças à misericórdia Divina, obtém o vaso frágil de carne, em que se mergulha para o serviço de retificação e aperfeiçoamento. Reconquistando, porém, a oportunidade da existência terrestre, volta a procurar as portas largas por onde transitam as multidões. Fugindo das dificuldades, empenha-se no menor esforço. Temendo o sacrifício, exige a vantagem pessoal. Longe de servir aos semelhantes, reclama os serviços dos outros para si. Lembremo-nos de que, como cristãos, em muitas ocasiões devemos estar contra a corrente dos preconceitos e prejuízos das convenções. E que, conforme ensinou o Cristo, devemos nos esforçar por entrar pela porta estreita, a porta que dará acesso à felicidade almejada por todos nós. O caminho normal é viver com todos. No entanto, vez por outra é imperioso nadar em sentido contrário... Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 39 do livro Bem-aventurados os simples, pelo Espírito Valerium, psicografia de Waldo Vieira, ed. Feb e no cap. 20 do livro Vinha de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândid o Xavier, ed. Feb. Em 06.06.2008

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

DEUS ABENÇOE A JUVENTUDE

Os jovens são as primeiras luzes do amanhecer do futuro. Cuidar de os preservar para os graves compromissos que lhes estão destinados constitui o inadiável desafio da educação. Criar-se condições apropriadas para o seu desenvolvimento intelecto-moral e espiritual, é o dever da geração moderna, de modo que venham a dispor dos recursos valiosos para o desempenho dos deveres para os quais renasceram. Os jovens de hoje são, portanto, a sociedade de amanhã, e essa, evidentemente, se apresentará portadora dos tesouros que lhes sejam fornecidos desde hoje para a vitória desses navegadores do porvir. Numa sociedade permissiva e utilitarista como esta são muitos os convites para o consumismo e a irresponsabilidade. Enquanto as esquinas do prazer multiplicam-se em toda parte, a austeridade moral banaliza-se, conforme as situações e circunstâncias que são oferecidas como objetivos a alcançar. À medida que a promiscuidade torna-se a palavra de ordem, os corpos jovens, ansiosos de prazer afogam-se no pântano do gozo para o qual ainda não dispõem das resistências morais e do discernimento emocional. Os apelos a que se encontram expostos desgastam-nos antes do amadurecimento psicológico para os enfrentamentos, dando lugar, primeiro, à contaminação doentia, em desperdício da própria existência. Todo jovem deseja um lugar ao sol, a fim de alcançar o que supõe ser a felicidade. Informados equivocadamente sobre o que é ser feliz, ora por questões religiosas, familiares, sociológicas, outras vezes, liberados excessivamente, não sabem escolher o comportamento que pode proporcionar a plenitude, derrapando em comportamentos infelizes… Na fase juvenil o organismo explode de energia que deverá ser canalizada para o estudo, as disciplinas morais, os exercícios de equilíbrio, a fim de que se transforme em vigor capaz de resistir aos contratempos do processo evolutivo. Não é fácil manter-se jovem e saudável num grupo social viciado e sem objetivo dignificante… Não desistam os jovens de exigir os seus direitos de cidadania, de clamar pela justiça social, de insistir pelos recursos que lhes são destinados pela vida. Direcionando o pensamento para a harmonia, embora os desastres de vário porte que acontecem continuamente, trabalhar pela preservação da paz, do apoio aos fracos e oprimidos, aos esfaimados e enfermos, às crianças e às mulheres, aos idosos e aos excluídos, é um programa desafiador que aguarda a ação vigorosa. Buscar a autenticidade e o sentido da existência é parte fundamental do seu compromisso de desenvolvimento ético. 
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Juventude formosa e sonhadora! Necessário que pares na correria alucinada pelos tóxicos da ilusão e reflexiones, pois que estes são os teus dias de preparação, a fim de que não repitas, mais tarde, tudo quanto agora censuras ou te permites em fuga emocional, evitando o enfrentamento indispensável ao triunfo pessoal. O alvorecer borda de cores a noite sombria na qual se esconde o crime. Faze luz desde agora, não te comprometendo com o mal, não te asfixiando nos vapores que embriagam os sentidos e menosprezam a criatura humana. És o amanhecer!
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em sessão mediúnica da noite de 22.7.2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, a propósito da chegada ao Brasil do Papa Francisco que iniciaria a 28ª Jornada Mundial da Juventude. Em 22.11.2016.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

DO OUTRO LADO.....

No consultório, o homem muito doente perguntou ao médico:
-Doutor, o que existe do outro lado da vida? 
O médico olhou seu paciente nos olhos, repousou a caneta sobre a mesa, cruzou os braços e respondeu calmamente: 
-Eu não sei! 
-Como não sabe? – Falou exasperado o paciente. Eu vou morrer, não sei o que existe do outro lado e o senhor me fala com esta tranquilidade? 
Neste momento, ganidos se fizeram ouvir do lado de fora da porta. Logo em seguida, arranhões na madeira. O médico se levantou, foi até a porta e a abriu. Um belo cão saltou feliz, nos braços do dono. Agitava a cauda, lambia o médico, manifestando a sua alegria. Então, o profissional atencioso olhou para o homem desolado e lhe disse: 
-Você viu o que fez este cão? Ele nunca estivera aqui, antes. No entanto, ele entrou na sala confiante, alegre, tão logo lhe foi aberta a porta. E sabe por quê? Porque ele sabia que nesta sala estava seu dono. Eu também. Não sei o que existe do outro lado da vida. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o meu Senhor estará lá! Então, não há o que temer. 
 * * * 
Ao longo das eras, o homem tem se indagado o que existe para além da tumba, como será a outra vida. Em torno disso, teólogos e religiosos se têm posto a pensar e têm até estabelecido discussões acerca das ideias que fazem do que seja essa outra vida para onde todos iremos. No século XIX, na França, um pedagogo francês indagou dos imortais a respeito e o véu começou a ser levantado, revelando um mundo cheio de vida. Vida abundante como falou o Mestre de Nazaré. Livros foram escritos dizendo de como essa vida prossegue para os Espíritos imortais que somos todos nós. Mas nem todos creem nos Espíritos, nessas vozes dos céus. Nem todos creem na mediunidade e nos fenômenos da comunicação dos chamados mortos. Contudo, todos os que nos dizemos cristãos, com certeza recordamos das palavras do Mestre Jesus, em Seu discurso de despedida, naquela noite de quinta-feira, precedendo a Sua prisão: Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus. Crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito. Eu vou para vos preparar o lugar. Portanto, tem razão o médico. Se nosso Senhor estará lá, se disse que iria à frente para nos preparar o lugar, é que nos aguarda. Dessa forma, não importa o que mais exista lá. Não importa se temos ideias mais nítidas ou não do que exista para além da vida física. Uma certeza temos: Jesus estará lá. Ele nos aguarda, Pastor de todas as ovelhas deste planeta e, como bom Pastor, nos receberá. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em texto que circula pela Internet, sem título e sem autoria e dos versículos 1 a 3 do cap. XIV do Evangelho de João. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, Imortalidade e no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. Em 14.11.2016.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

CONTRA-SENSOS

Você já observou alguma vez, que o nosso comportamento nem sempre está embasado na coerência? É comum percebermos alguns contra-sensos sobressaindo nas nossas ações. Um deles é o fato de pedirmos a Deus que nos dê saúde, e nos entregarmos a vícios geradores de enfermidades. Há contra-senso quando reclamamos os nossos direitos, desrespeitando os dos outros. Gostamos de ouvir a música de nossa preferência, e ligamos o som num volume que obriga os vizinhos a ouvi­-la também, esquecendo-nos de que, se temos direitos, os outros igualmente os têm. Às vezes, em nome da justiça que dizemos defender, cometemos outras tantas injustiças. Alguns de nós lutamos por defender a natureza, o verde, os animais, enquanto crianças morrem, vítimas da fome e da falta de atendimento médico, ao nosso lado. E, enquanto se divulga a intenção de conter a prostituição infantil, o dito turismo sexual, a pedofilia, os mesmos meios de comunicação que criticam essas barbaridades, promovem concursos nos quais são mostradas meninas de apenas 5 anos de idade com roupas coladas ao corpo, maquiadas como adultas, dançando freneticamente, de forma sensual. Dizemos lutar contra esses abusos, mas criamos todas as condições favoráveis para que proliferem. É um contra-senso. Outro aspecto está na luta pela paz. Os países, para preservar a paz, promovem o armamento. A paz não se conquista nos campos de batalha, nem virá por decreto. É luz íntima. Se não atentarmos para esses contra-sensos, estaremos passando aos nossos filhos a imagem de um mundo no qual não se pode confiar. Um mundo em que não se sabe o que é verdade e o que é mera ilusão, jogo de interesses, mentiras. É importante que decidamos quais são os nossos verdadeiros valores e lutemos por eles com fidelidade. Seja nosso falar: Sim, sim, não, não, conforme adverte o Cristo. Se nos agrada lutar pelos direitos, que o façamos integralmente, defendendo tanto os nossos, quanto os dos outros. Se quisermos defender a natureza, que a nossa defesa seja abrangente, defendendo tudo o que respira na face da Terra. Se desejamos que Deus nos dê saúde, lutemos por preservá-la. Agindo com coerência em todos os momentos, é que poderemos intitular-nos como verdadeiros idealistas. 
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A paz construída sobre os escombros dos povos vencidos é vitória passageira. A felicidade conseguida à custa das lágrimas alheias, é mera ilusão. Os direitos que soterram os direitos alheios, são construção de desequilíbrios futuros. Só o respeito mútuo é capaz de efetivar o ideal no bem duradouro, para toda a eternidade.
Redação do Momento Espírita. Em 14.01.2008.

domingo, 20 de novembro de 2016

UM CONTO DE NATAL

A história é simples, mas comovedora. Tudo começou porque Mike odiava o Natal. Claro que não era o verdadeiro sentido do Natal, mas seus aspectos comerciais. Os gastos excessivos, a corrida frenética na última hora para comprar presentes para alguém da parentela de que se houvesse esquecido. Sabendo como ele se sentia, certo ano a esposa decidiu deixar de lado as tradicionais camisetas, casacos, gravatas e coisas do gênero. Procurou algo especial só para Mike. A inspiração veio de uma forma um tanto incomum. O filho Kevin, que tinha doze anos na época, fazia parte da equipe de luta livre da sua escola. Pouco antes do Natal, houve uma disputa especial contra uma equipe patrocinada por uma Associação da parte mais pobre da cidade. Esses jovens usavam tênis tão velhos que a impressão que passavam é de que a única coisa que os segurava eram os cadarços. Contrastavam de forma gritante com os outros jovens, vestidos com impecáveis uniformes azuis e dourados e tênis especiais novinhos em folha. Quando a competição acabou, a equipe da escola de Kevin tinha arrasado com eles. Foi então que Mike balançou a cabeça triste e falou: 
-Queria que pelo menos um deles tivesse ganho. Eles têm muito potencial, mas uma derrota dessas pode acabar com o ânimo deles. 
Mike adorava crianças. Todas as crianças. E as conhecia bem, pois tinha sido técnico de times mirins de futebol, basquete e vôlei. Foi aí que a esposa teve a ideia. Naquela tarde, foi a uma loja de artigos esportivos e comprou capacetes de proteção e tênis especiais que enviou, sem se identificar, para a Associação que patrocinava aquela equipe. Na véspera de Natal, deu ao marido um envelope com um bilhete dentro, contando o que tinha feito e que esse era o seu presente para ele. O mais belo sorriso iluminou o seu rosto naquele Natal. No ano seguinte, ela comprou ingressos para um jogo de futebol para um grupo de jovens com problemas mentais. No outro, enviou um cheque para dois irmãos que tinham perdido a casa em um incêndio, na semana anterior ao Natal. O envelope passou a ser o ponto alto do Natal daquela família. Os filhos deixavam de lado seus brinquedos e ficavam esperando o pai pegar o envelope e revelar o que tinha dentro. As crianças foram crescendo. Os brinquedos foram sendo substituídos por presentes mais práticos, mas o envelope nunca perdeu o seu encanto. Até que Mike morreu. Chegou a época do Natal e a esposa estava se sentindo muito só. Triste. Quase sem esperanças. Mas, na véspera do Natal, ela preparou o envelope como sempre. Para sua surpresa, na manhã seguinte, havia mais três envelopes junto dele. Cada um dos filhos, sem um saber do outro, havia colocado um envelope para o pai. 
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O verdadeiro espírito do Natal se chama amor e no momento especial em que se reprisa, nos quadros da Terra, nos possibilita o exercício da nossa capacidade maior de doação. Muito além dos presentes, da ceia, do encontro familiar, comemorar o Natal significa viver a mensagem do Divino Aniversariante, lançada há mais de dois mil anos e que até hoje prossegue ecoando nos corações... 
Redação do Momento Espírita, a partir de história de autor desconhecido. Em 21.12.2012.

sábado, 19 de novembro de 2016

UM CONTO DE AMOR

Lorri Benedik
O rapaz passava pelo empório da cidade, quando o proprietário o chamou. Tinha 19 anos e tinha boa aparência. O dono lhe ofereceu um bandolim para comprar e lhe disse que tocar um instrumento era uma ótima forma de atrair garotas. O rapaz achou interessante a ideia e depois de uma negociação, comprou o instrumento. Ele já ouvira falar de uma orquestra de bandolins que praticava todas as semanas no porão de uma sinagoga. Eram filhos de imigrantes judeus, vindos da Europa Oriental. Foi lá, aprendeu a tocar e a ler partituras musicais. A jovem Dora já tocava na orquestra. Foi olhar o rapaz e ir se encantando aos poucos. Um dia, ela criou coragem e o convidou para ser seu par numa festa de formatura da escola. Começaram a namorar. Quando andavam lado a lado, Kelly segurava o braço de Dora gentilmente. A vizinhança dizia que eles pareciam Cinderela e o Príncipe Encantado. O jovem par se casou. Era o ano de 1944 e Dora acabara de completar 20 anos. Três anos mais tarde, nasceu o primeiro filho e depois o segundo e o terceiro. Preocupações sempre havia. Orçamento familiar. Comportamentos na escola. Momentos sérios de conversas ao redor da mesa da cozinha, depois de colocar as crianças na cama. E elas ouviam, de seus quartos, as vozes suaves dos pais flutuarem pelo corredor. Risos eram constantes naquele lar. Contavam histórias bobas, só para rir. Criavam danças malucas, ouviam e tornavam a ouvir os mesmos discos. Quando as crianças ficaram maiores, Dora manifestou desejo de trabalhar meio período. E, se isso a faria feliz, tudo estava bem para Kelly. Logo, ela chegaria à conclusão que, sem um diploma universitário, não teria promoções, não cresceria. E nem seu salário. Reuniu marido e filhos ao redor da mesa da cozinha e expôs seu plano. Precisava e desejava obter um diploma universitário. Queria ser professora de verdade. No entanto, o marido teria de cuidar das crianças, durante a noite. O filho maior teria que colaborar, chegando em casa cedo o suficiente para ajudar o pai com o jantar. A filha do meio deveria auxiliar a menor nos deveres de casa. Kelly respirou fundo e disse: 
-Dora, não se preocupe. Ficaremos bem. Sei o que isso representa para você. Serei o homem mais feliz desta cidade porque terei a mulher mais feliz ao meu lado. 
Aos 50 anos, Dora recebeu o grau de bacharel em educação pré-escolar. Kelly enxugou lágrimas de alegria, irradiando orgulho. Ele não conseguiu terminar os estudos, pois precisava trabalhar para ajudar no sustento da família. Dia desses, Dora precisou viajar para ir ao casamento de um parente. Kelly ficou em casa, porque não gosta de viajar. A filha, preocupada com o pai sozinho em casa, telefonou. Achou a voz dele muito estranha. 
- Algum problema?- Perguntou. 
- Promete que não vai rir? - Disse ele.-Sinto falta de sua mãe.
- Mas, pai, ela viajou há poucas horas. Eu sei, mas depois de 60 anos de casamento... 
Na história de amor desse casal, nada de extraordinário. O seu conto de amor não tem mágica, castelo, fada madrinha, varinha de condão. Como eles conseguem viver juntos há tanto tempo? Eles nunca brigam. Não são abertamente carinhosos mas têm uma união muito profunda. Importam-se um com o outro. Relevam pequenas falhas. Exaltam as virtudes de um e de outro. Sobretudo, entre carinho, ternura e afeto, uma grande dose de respeito mútuo. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Uma história de amor à moda antiga, de Lorri Benedik, de Seleções Reader´s Digest, outubro de 2005. Em 08.02.2010.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CONTENTAR-SE

SÃO PAULO DE TARSO
Em sua Epístola aos filipenses, Paulo de Tarso afirmou já ter aprendido a se contentar com o que tinha. Trata-se de uma reflexão interessante e muito atual. A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas da Terra. Homens e mulheres perdem a paz e, muitas vezes, a dignidade, na busca de riquezas. Multiplicam suas atividades, para muito além do necessário, a fim de possuir muitas coisas. Com tal proceder, deixam de prestar atenção em questões graves da existência humana. Para ter mais e mais, abdicam do convívio com amigos e familiares e se deixam tomar pelo egoísmo. A vida simples constitui uma condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer. Contudo, ela foi esquecida por grande parte dos homens. A Espiritualidade informa que a esmagadora maioria das súplicas que partem da Terra não se alça a planos superiores. Elas não conseguem avançar além de seu acanhado âmbito de origem. Isso porque os pleitos dirigidos à Divindade costumam conter estranhos absurdos. Raras pessoas se contentam com o material recebido para a solução de suas necessidades. Raríssimas pedem apenas o pão de cada dia, como símbolo das aquisições materiais indispensáveis. O homem incoerente não procura saber se possui o menos para a vida terrena. Ele costuma andar ansioso pelo mais nas possibilidades transitórias. Geralmente, permanece absorvido pelos interesses perecíveis. Insaciado, inquieto, vive sob o tormento angustioso de desmedida ambição. Na corrida louca para o imediatismo, esquece a oportunidade que lhe pertence. Desvaloriza e considera pouco o que a Sabedoria Divina lhe depositou nas mãos. Olvida que renasceu para se pacificar e tornar virtuoso, e não para amontoar coisas que deixará ao morrer. Com isso, atira-se em aventuras de consequências imprevisíveis, em face de seu futuro infinito. Quem já entende a finalidade superior da existência terrena, precisa se esforçar para sair desse círculo vicioso. De nada adianta gastar todas as energias em questões transitórias, com esquecimento do objetivo essencial da vida humana. Cedo ou tarde, a morte de forma simples e clara revela a cada um o que é de fato importante. Para não se arrepender amargamente, importa analisar a essência dos próprios desejos. Faz sentido arder de cobiça pelo que ficará em suas mãos por reduzidos instantes? Não é melhor libertar-se de tanto apego e prestar atenção em questões mais importantes, como a família, os amigos e as dores que pode amenizar? Há muitos séculos, Paulo de Tarso iluminou-se ao aprender a contentar-se com o que tinha. Ninguém fará essa lição por você. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 18.04.2012.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

ANTE OS QUE NOS SERVEM

JOSÉ RAUL TEIXEIRA
É comum que, em nossas preces, peçamos a Deus, entre tantas coisas, que nos ajude a encontrar alguém de confiança. Alguém que nos possa auxiliar nos trabalhos repetitivos e multiplicados do nosso lar. Assim procedemos porque reconhecemos necessitar de ajuda, bem como desejamos empregar nosso tempo em outras coisas úteis que pretendemos fazer. O Criador, em Sua bondade, normalmente dirige uma boa alma para o caminho da nossa casa, de modo que mais despreocupados, consigamos realizar tudo quanto almejamos. Dessa maneira, surgem bons cozinheiros, faxineiras caprichosas, atenciosas babás para nossas crianças, cuidadoras para os nossos idosos. Também enfermeiros devotados e jardineiros sensíveis, dentre outros tipos de profissionais. Isso nos permite, em retornando ao lar, provenientes das ocupações comuns, encontrarmos tudo organizado: casa limpa, os idosos e os pequenos bem atendidos, a alimentação esmerada, mesmo que simples. Tudo, enfim, para o nosso conforto e tranquilidade. Felizes, agradecemos a Deus por nos haver atendido as rogativas. É cabível, no entanto, que tenhamos um olhar generoso para quem trabalha em nosso lar atendendo as nossas necessidades. Precisamos pensar que esses servidores domésticos têm também a sua própria casa. Certamente têm filhos, esposo ou esposa, como também compromissos com a vida como nós os temos. Em vista disso, procuremos evitar qualquer espírito de exploração, retendo-os até altas horas, presos aos serviços, que começaram no início do dia. Não os obriguemos a expedientes desgastantes. Possivelmente, tais servidores têm ainda que realizar os deveres da própria casa, quando deixam o nosso lar. Com certeza, sentem dores e malestares, além do cansaço geral. Coloquemo-nos no lugar deles e, tanto quanto possível, tratemos de lhes facilitar a vida, a fim de que o trabalho em nossa casa não seja para eles um tormento suportado por conta do salário. Pelo contrário, que possa ser um motivo de justa alegria por poderem somar ao que ganham o gosto em desfrutar do nosso convívio, bem como dos nossos sentimentos de humanidade. Por vezes, o nosso auxiliar não trabalha bem. Verificamos que se queimam comidas e roupas, ou a casa não foi cuidada como seria desejado. Quem sabe tudo seja por conta de um filho que precisa ser levado ao médico, e não há tempo. Não seria por causa de uma dor de dentes violenta sem atendimento? Não terá ficado em casa o cônjuge acamado e a sós? Se contratamos alguém, temos o direito de cobrar pelos serviços bem executados, bem atendidos, naturalmente. Contudo, não podemos esquecer do nosso dever de ter por ele a consideração humana, como desejamos merecer dos nossos patrões ou da sociedade. Importante que o ensinemos com paciência como desejamos que as coisas sejam feitas; que o ajudemos com bondade a superar limitações indesejadas. Que o olhemos nos olhos, façamos comentários gentis a respeito dos serviços executados, para que ele saiba que apreciamos o que bem realiza. Que saibamos lhe agradecer a colaboração, a boa vontade, evitando transformar a sua condição subalterna numa via de indiferença e de exploração desumana. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 49, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de José Raul Teixeira, ed. FRÁTER. Em 16.11.2016.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

CONTAR AS BÊNÇÃOS

A natureza, caprichosa artesã, jamais repete um alvorecer ou um pôr de sol. A cada amanhecer o céu se veste com cores e tons diferentes. Há manhãs de sol e de muita luz, que nos convidam a despertar sorrindo. Há manhãs cinzentas, em que nuvens escuras e densas cobrem sem piedade os raios dourados do sol. Há tardes em que o poente assume cores que nem mesmo os mais criativos pintores jamais arriscaram usar em seus trabalhos. Há poentes em que a garoa fina domina a paisagem, ocultando, em meio à bruma, até mesmo as árvores mais próximas. Há noites sem luar, quando as sombras invadem nosso olhar e as estrelas distantes parecem senhoras de um brilho ainda mais intenso. Há dias de sol e há dias de chuva. Assim também são os momentos de nossas vidas. Nenhum minuto repete minutos anteriores. Nenhum dia é igual a outro que já vivemos, tampouco será idêntico a algum que ainda vamos viver. A vida é feita de experiências únicas que, somadas, criam o arcabouço de nossa história. Há momentos de alegria e momentos de dor. Há conquistas que nos felicitam. Há perdas que nos dilaceram. Tudo que vivemos e aprendemos integra nossas existências e forma o ser que somos ou que um dia seremos. É evidente que nem todos os momentos são fáceis. Há dificuldades que nos parecem intransponíveis e dores infinitas. Nesses momentos o desalento deita sobre nós o peso do sofrimento e da angústia. Curvamo-nos, incapazes de olhar o horizonte, e só vislumbramos as pedras do caminho. Não somos capazes de perceber a luz do sol que brilha acima das nuvens. Tampouco notamos a beleza das flores que emolduram a nossa estrada. Nessas ocasiões, lembremo-nos de contar as bênçãos recebidas. Enumeremos as dádivas que iluminam nossos dias. São tantas! O corpo físico, instrumento bendito que nos possibilita mais essa jornada terrestre; a família, composta por amores do passado e do presente, oportunizando-nos reconciliação e crescimento conjunto; os amigos, presenças que nos fortalecem e animam nas mais variadas situações; o trabalho, fonte de recursos materiais a sustentar-nos e engrandecer-nos; a mensagem do Cristo, guiando nossos passos por trilhas de luz, consolando-nos sempre; a natureza exuberante, prova inequívoca da existência e da presença de Deus em nossos dias.
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Não deixe que as adversidades ocultem dos seus olhos as bênçãos que a vida lhe concede. Se a saúde lhe falta, se os amores se afastaram ou se os recursos materiais se mostram escassos, não se entregue ao desespero. São apenas dias de chuva a preceder manhãs de sol. São situações passageiras e necessárias para o aprendizado do Espírito. Valorize o que de bom você já conquistou. As verdadeiras riquezas não são consumíveis pelo tempo, nem podem ser corroídas pela inveja alheia. Ao contrário, elas integram e integrarão, para sempre, a essência de cada ser, completando-o. Conte as bênçãos que já lhe chegaram às mãos e que hão de fazer eternamente parte da sua existência imortal. Levante os olhos, seque as lágrimas e prossiga sempre. 
Redação do Momento Espírita. Em 31.01.2010.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

CONTANDO TESOUROS

Após a aula de Educação Física, o professor Jorge pediu aos seus alunos que se reunissem em torno dele. Como hoje é nosso último dia de aula, eu vou lhes propor um desafio, falou ele. Aquele que me trouxer o objeto mais caro, seja qual for, ganhará esta bola de futebol. Os alunos ficaram afoitos. Assim, ao sinal do professor, saíram correndo pela escola, a fim de buscarem o objeto mais caro que pudessem encontrar. Alguns entraram nas salas de aula, pedindo aos outros professores que lhes emprestassem seus relógios, anéis, colares. Outros foram conferir os enfeites que ornamentavam a mesa da diretora, buscando por aqueles que, julgavam, seriam os mais caros. Meia hora depois, conforme o combinado, reuniram-se novamente na quadra esportiva, com o intuito de apresentar seus objetos ao professor. Um a um, cada aluno foi apresentando ao educador e aos colegas o objeto coletado. Alguns haviam trazido joias. Outros, artigos preciosos de decoração. Houve até mesmo quem trouxesse equipamentos eletrônicos. E, então, chegou a vez de João. Ele se postou à frente dos colegas e retirou do seu bolso uma pequena fotografia, na qual estavam retratados sua mãe, seu pai, seu irmão mais velho e sua irmã caçula. Os colegas, vendo objeto tão simples e comum, começaram a caçoar. As risadas que começaram meio tímidas logo cresceram em volume. O professor repreendeu aquele comportamento e disse que cada qual era livre para apresentar aquilo que mais lhe aprouvesse. Esperou, então, que todos os estudantes terminassem de apresentar suas conquistas e, pedindo silêncio, apontou o vencedor: João. A turma não se conteve. Como poderia o professor ter escolhido a fotografia de João quando tantos objetos caros haviam sido apresentados? Jorge, observando o alvoroço da turma, esperou pacientemente que eles se acalmassem e, dando voz a João, perguntou o motivo pelo qual ele apresentara aquele retrato de família. 
-Meus pais e meus irmãos são meu grande tesouro, respondeu o menino. Não há nada no mundo que, para mim, valha mais do que eles. 
O professor, como que já esperando aquela resposta, sorriu para o garoto e o abraçou, lhe entregando o prêmio. Depois, se dirigindo a toda turma, explicou: 
-Recebemos da vida muitos tesouros: bens materiais, amizades, nossas famílias e muitos mais. Porém, alguns são mais valiosos do que outros. O verdadeiro sábio,prosseguiu, é aquele que sabe dar o valor correto para cada um deles. 
Sorrindo, finalizou: 
-E, por acaso, existe bem mais precioso, mais caro e mais importante no mundo do que nossas famílias? Parabéns por nos lembrar disso, João! 
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O Criador, em toda Sua sabedoria, nos reúne em famílias a fim de que elas nos sejam laboratório de experiências. Afinal de contas, como podemos almejar o amor ao próximo, o perdão, a caridade, a paciência e todas as outras virtudes, quando não as colocamos em prática nem ao menos com aqueles que são nosso próximo mais próximo? Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em conto de autoria ignorada. Em 4.4.2014.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A CONTAMINAÇÃO

Ananda era uma garota indiana, que vivia a vida miserável dos párias. Desde os primeiros dias da infância aprendera a não erguer o olhar para encarar outra pessoa. Oito mil anos de cultura lhe diziam que ela era indigna, por ser pária. Exímia nadadora, vivia de mergulhar no rio Ganges a retirar peças de vestuário, jóias e calçados dos cadáveres. Certo dia, descobrindo-a enferma, a família a vendeu a um prostíbulo, onde ela conheceu a lama fétida da imoralidade. Exausta, fugiu para outra cidade, sendo recolhida pelas mãos caridosas das monjas lideradas por Madre Teresa de Calcutá. Conheceu a mensagem de Jesus e optou por se tornar uma das servidoras da Ordem de Madre Teresa. Anos mais tarde, foi servir aos aidéticos em uma penitenciária masculina americana. Foi ali que a sua beleza amorenada, de olhos amendoados, despertou a paixão de um dos internos. Ele a desejou e passou a assediá-la, enquanto ela se esquivava com habilidade. Como as almas corrompidas não acreditam na dignidade de ninguém, entendeu o enfermo que ela o rejeitava por ser aidético. Em certa data em que a dedicada Ananda atendia um doente terminal, ele tomou de uma seringa, encheu-a com o próprio sangue e, traiçoeiro, injetou grande quantidade na freira.
-Agora somos iguais! gritou, vitorioso. 
Estranhamente, a missionária não contraiu a Síndrome da Imunodeficiência adquirida - a AIDS. Mesmo anos depois, continuou a mostrar que era soro-negativa. 
- Mas por quê? 
Perguntaram-se os médicos. Afinal, ela recebera uma quantidade concentrada de vírus. Estudiosos haveriam de constatar que quem comanda o cérebro é a mente, não sendo ele senão uma máquina que obedece aos comandos daquela. Pesquisando mais atestaram que, quando amamos, sorrimos, adquirimos resistências às viroses, baciloses e toda sorte de doenças. Constatou-se que uma substância enzimática que existe na saliva diminui, sob certas circunstâncias, como seja a de se assistir a filmes violentos, com predominância de ódio, sexo e agressões. Isto torna o indivíduo vulnerável a contrair, a partir de um simples resfriado, enfermidades graves. Essa substância aumenta o seu potencial ante mensagens de amor, de beleza, de altruísmo, conferindo possibilidades de saúde. Ananda não se contaminou pois estava em paz, em harmonia. O seu era o desejo de servir no bem. Adoecer, enfermar, contrair moléstias é decisão pessoal. Não foi por outro motivo que as exortações de Jesus se referem à paz de consciência: Vigiai e orai, para que não venhais a sucumbir. 
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O primeiro caso de AIDS foi diagnosticado no ano de 1980, em Los Angeles. À época ainda não se havia dado uma denominação à enfermidade, que seria confirmada como um grande flagelo, a partir do surgimento de outros tantos casos em Nova York, Miami, Paris, Taiti, Rio de Janeiro. O vírus da AIDS chama-se HIV e foi descoberto em Paris. 
Redação do Momento Espírita, com base na palestra A AIDS e o sexo na visão espírita, de Divaldo Pereira Franco. Em 20.01.2010.

domingo, 13 de novembro de 2016

CONTÁGIO DO BEM

DIVALDO PEREIRA FRANCO
A jovem era muito linda. Entrou no avião e começou a buscar com os olhos um lugar especial. Poucos passageiros haviam adentrado e havia muitos lugares vagos. Ela parecia não estar satisfeita com a poltrona que lhe fora previamente marcada. Finalmente, olhou para um senhor de cerca de quarenta anos, aproximou-se e se sentou na poltrona ao seu lado. Ela trazia a amargura estampada na face e a solidão de sua alma parecia extravasar por todos os poros. Não se passaram muitos minutos e ela tentou entabular uma conversa com o companheiro de viagem. De início, ele se fez arredio mas, como ela insistisse, ele aquiesceu e começaram uma conversa que se prolongaria pelas duas horas de vôo. Ela se mostrava ansiosa por encontrar alguém a quem pudesse dizer das suas dificuldades. Era uma alma desejosa de orientação, de socorro. E aquele senhor, por sua formação moral e religiosa, ofereceu-lhe, naqueles 120 minutos, material suficiente para que ela pudesse refazer a sua vida. Ela se corrompera aos 14 anos. Dizia ter perdido tudo o que uma pessoa tem de bom, de lindo e de digno. Tudo para ostentar jóias caras, essas coisas que convencionamos ser de valor. Ele lhe falou de solidariedade e espancou as nuvens densas em que ela se envolvia, apresentando-lhe o sol da boa vontade. Falou-lhe de dignidade, de melhoria. Convidou-a a uma nova vida. Ao final da viagem, ela lhe disse que não sabia, exatamente, se poderia colocar em prática tudo o que ele lhe falara. Mas que tentaria começar uma vida nova. Ao se despedirem, ela o olhou e afirmou: O senhor tem o rosto tão alegre. Desde que me sentei ao seu lado, vi que o senhor estava sorrindo. Não sorrindo com os lábios, não. Era algo especial, que vinha do senhor. Por isso escolhi me sentar ao seu lado. Estava imensamente triste e desejava me contaminar.
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Achamos muito interessante a afirmativa da jovem atormentada. Desejava contaminar-se. Porque todos falam em contágio da doença e ninguém se recorda do contágio da saúde. Esquecemo-nos de que a alegria, o bem e o amor também contagiam. Dessa forma, é preciso se ligar às pessoas boas e ser uma delas. Deixar-se contagiar pelo bem. E mais importante ainda: permitir-se ser uma pessoa alegre, otimista, dinâmica. Alguém que possa contaminar muitas pessoas, especialmente nesses dias em que impera a tristeza, o pessimismo e as criaturas se entregam tanto ao desânimo e ao rol das incertezas.
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Em toda parte, onde transites, faze o bem com as tuas mãos e com o coração. Utiliza a oração e esclarece com tua palavra fraterna, a fim de que te tornes um pequeno sol, iluminando alheias vidas. Deixa que as tuas mãos se transformem em estrelas brilhantes alcançando o infortúnio e iluminando as estradas do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A jovem do avião, do livro O jovem que escolheu o amor, pt. II, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Pierre-Paul Didier e no verbete Bem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 22.12.2008.

sábado, 12 de novembro de 2016

NOS CAMINHOS DA FÉ E DA ESPERANÇA

Para enfrentar os embates perante a vida, temos fé ou temos esperança? Não raras vezes, fé e esperança são palavras que caminham juntas em nossas rogativas, em nossos sentimentos e apelos. Utilizadas, de forma comum, quase como sinônimos, ou como causa e consequência, indissociáveis mesmo, não raro se confundem, nos dizeres populares. Porém, sempre haveremos de ter fé quando temos esperança? Ou será a esperança a mãe da fé? A esperança é pautada no desejo, na vontade de que algo aconteça, de que determinada situação efetivamente ocorra. Para termos esperança, não se faz necessária a fé. A esperança nasce dos nossos corações confiantes, alegres, quando acreditamos que o melhor pode acontecer, e que há sempre a possibilidade de buscar aquilo que desejamos. Origina-se de um estado de espírito otimista, de uma vontade de que as coisas aconteçam, conforme desejamos, de que tudo se arranje da melhor forma. Quando afirmamos que a esperança é a última que morre, é que temos o conceito de que ela é a mola propulsora, o combustível a guiar nossos sonhos e nossos ideais. Por sua vez, a fé nasce do entendimento de que em tudo na vida existe um porquê e um motivo preestabelecido. Quando pautada pela lucidez da reflexão, oferece-nos a capacidade de encarar os problemas da vida, a qualquer tempo, com clareza e entendimento. Construir nossa fé à luz da razão, evitando posições dogmáticas e inquestionáveis, com lucidez a respeito das leis de Deus, nos irá oferecer sustento e coragem em qualquer momento da caminhada. A fé é esse sentimento, essa certeza que se pauta e se instaura a partir do conhecido e constrói pontes para o campo do desconhecido. Ela se sustenta naquilo que sabemos, para nos conduzir frente ao incerto, ao ainda ignorado. Assim, a esperança nasce de um sentimento e uma vontade de que tudo se encaminhe e se concretize da melhor forma, mesmo nas circunstâncias mais desfavoráveis. A fé, contudo, nasce do entendimento de que não há efeito sem causa, e de que Deus é a causa maior de tudo. Nasce também da compreensão de que, sendo Deus amor e justiça, tudo que dEle provém é amorosidade e cuidados, para nós, os Seus filhos. Assim entendendo, não seremos apenas crentes em Deus. Guardaremos a certeza de que o Pai e Criador estará sempre a zelar por nós. Se hoje ainda não compreendemos alguns dos rumos de nossa vida é porque nos faltam informações, subsídios para isso. No entanto, Deus, tudo sabendo e nos conhecendo, nos oferece sempre as melhores lições, as oportunidades para o bom combate e aquisição das experiências mais necessárias para nosso progresso e felicidade futura. Dessa forma, a chama da esperança será duradoura, na medida em que ela se alimentar do combustível da fé. E ganhará raízes sólidas, sustentada por nossa fé raciocinada. E será essa fé, a fé lúcida, que sempre nos indicará rumo e roteiro frente a qualquer embate que a vida nos apresentar. 
Redação do Momento Espírita. Em 11.11.2016.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

CONTÁGIO DO AMOR

Agnes Gonxha Bojaxhiu é uma pessoa desconhecida do mundo. Isso porque, ao ingressar na Congregação Irmãs de Loreto, ela adotou o nome de Tereza, e assim ficou conhecida. Falamos de Madre Tereza de Calcutá,santa, nascida na Albânia e que foi aureolada no ano de 1979, com o Prêmio Nobel da Paz, por ter se dedicado quase cinquenta anos aos desamparados. Foi ao presenciar, durante uma viagem de trem, a mistura de homens e animais amontoados nos vagões, extremamente sujos e com odor desagradável, que decidiu fundar a Ordem das Missionárias da Caridade. Ante as dificuldades que se apresentavam, que incluíam perseguições dos que não lhe entendiam a nobreza dos gestos e seu amor pelos párias, chegou a pensar em desistir. Em uma das oportunidades, assim se expressou: Meu Deus, por livre escolha e por Teu amor, desejo permanecer aqui e fazer o que a Tua vontade exige de mim. Não! Não voltarei atrás. A minha comunidade são os pobres. A Tua segurança é a minha. A Tua saúde é a minha. A minha casa é a casa dos pobres. Não apenas dos pobres, mas dos mais pobres dos pobres. Daqueles de quem as pessoas já não querem se aproximar, com medo do contágio e da sujeira, porque estão cobertos de micróbios e vermes. Daqueles que não vão rezar nos templos, porque não podem sair nus de casa. Daqueles que já não comem porque não têm forças para comer. Daqueles que se deixam cair pelas ruas, conscientes de que vão morrer e ao lado dos quais os vivos passam, sem lhes prestar atenção. Daqueles que já não choram, porque se lhes esgotaram as lágrimas. Dos intocáveis. E ela ficou ao lado dos miseráveis. Encontrou um bebê semimorto, num lixão. Fez respiração boca a boca. Disseram que a criança estava morta. Ela insistiu e quando o bebê deu sinal de vida, ela o apertou contra o peito e gritou: Está vivo! E o levou para casa. Muitas criaturas foram contagiadas pelo seu amor. Um casal a procurou e lhe entregou uma grande quantia em dinheiro. Disseram-lhe que tinham se casado há dois dias. Tinham resolvido não usar trajes nupciais, nem realizar celebração e lhe trouxeram o dinheiro. Amavam-se tanto que desejavam compartilhar a alegria de seu amor com os pobres. Um senhor chegou com seu filho pequeno. Disse-lhe que o menino gostava tanto dela que resolveu guardar a mesada para dar de presente aos pobres. Ele ficara tão sensibilizado com a atitude do filho, que decidira deixar de fumar e beber há um mês e a economia se destinava a ela. Quando alguns budistas japoneses souberam que a Congregação de Madre Tereza jejuava toda primeira sexta-feira do mês, para destinar aquela economia aos pobres, fizeram o mesmo. Enviaram para ela o resultado da sua arrecadação. Com esse dinheiro, foi construído o primeiro andar da casa que tinha por objetivo abrigar meninas libertas do cárcere. Madre Tereza morreu aos oitenta e sete anos. O contágio do seu amor prossegue a dar frutos. Suas casas de atendimento se espalham por mais de cem países. Treze delas, no Brasil. O que conta não é o que fazemos, mas o amor que colocamos no que fazemos, lecionava Madre Tereza.
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Madre Teresa de Calcutá. Em 27.10.2015.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

APRENDENDO COM O PROFETA DAS SELVAS

Albert Schweitzer
Albert Schweitzer, que encantou o mundo com sua vida exemplar, demonstrou, dentre tantas coisas, que os ensinos superiores da vida podem e devem ser levados a todas as gentes, em todos os lugares e a qualquer tempo. Para os nativos de Lambaréné, na África Equatorial francesa, pregava aos domingos. Dizia ele: 
-Os meus sermões têm de ser muito simples. Tenho de falar de maneira concreta para ser compreendido. Tenho de utilizar exemplos tirados da vida deles. 
A respeito do perdão, falava assim: 
-Uma pessoa insulta você. Mas Jesus diz que se deve perdoar, e você fica calado. Mais tarde, a cabra do vizinho come as bananas do seu almoço. Em vez de puxar discussão, você diz apenas que a culpa é da cabra dele e que é justo que ele lhe dê outras bananas. Se ele não concordar, você sai em silêncio, pensando que Deus faz as bananas crescerem com tal abundância no seu sítio, que você não tem necessidade de brigar por tão poucas. Depois, um homem que levou as suas quatro cargas de bananas para vender, só lhe dá o dinheiro correspondente a três, dizendo que foi só isso o que você lhe entregou. Você tem vontade de dizer que ele é um mentiroso. Mas pensa que há muitas mentiras de que só você sabe e que Deus tem de perdoar, e volta para a sua cabana sem nada dizer. Quando vai acender o fogo, percebe que alguém levou parte da lenha que você foi buscar ontem no mato. Mais uma vez você força o coração a perdoar e deixa de procurar o ladrão para entregá-lo ao chefe. À tarde, você vai sair para trabalhar na roça, quando descobre que alguém apanhou a sua boa faca de mato, deixando em lugar dela uma velha, cheia de dentes, que você reconhece. Você pensa que já perdoou quatro vezes e pode perdoar a quinta. Embora seja um dia com muitas coisas desagradáveis, você se sente feliz. Por quê? Porque o seu coração está alegre, tendo obedecido a vontade de Jesus. À noite, você vai pescar. Não encontra o seu facho. Fica furioso e chega à conclusão de que perdoou demais. De novo Jesus, o Senhor, domina o seu coração. Você pede um facho emprestado e desce para o rio. Chegando lá, não encontra a sua canoa. Alguém foi pescar com ela. Você se esconde, furioso, atrás de uma árvore, com a ideia de tomar todo o peixe do intruso quando ele voltar. E depois entregá-lo ao comandante do distrito.
Mas, enquanto espera, o seu coração repete muitas vezes o que Jesus disse. Quando o homem volta, você lhe diz que Jesus força você a deixá-lo ir em paz. Não exige nem o peixe. Acredito que ele o dê, espantado com o fato de você não querer brigar. Você vai para casa, feliz e orgulhoso de ter conseguido perdoar sete vezes. Mas, se nesse mesmo dia Jesus chegasse à sua aldeia e você pensasse que Ele iria elogiá-lo, Ele lhe diria que é preciso perdoar mais sete vezes e mais sete e muitas mais, até que Deus possa perdoar os seus muitos pecados. Ao fim do sermão, faço-os juntarem as mãos e muito lentamente faço uma breve oração. Quando me retiro, meu povo se levanta. 
Retira-se com a palavra viva de Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Albert Schweitzer, o profeta das selvas ensina, da coluna Revivendo ensinos..., do Jornal Mundo Espírita, de outubro de 2016. Em 9.11.2016.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A CONTA DA VIDA

NÉIO LÚCIO
Quando André completou vinte e um anos, sua mãe lhe preparou uma festa. Ele recebeu os amigos e festejou a data com alegria. Quem estava entristecida era sua mãe. Apesar de estar completando a maioridade, André não aceitava qualquer disciplina. Com muito esforço, sua mãe conseguira que ele aprendesse as primeiras letras. Depois, não quis mais estudar. Trabalhar muito menos. Ao deitar-se naquela noite, o jovem foi arrebatado pelas asas do sono. Sonhou que era procurado por um Mensageiro Espiritual que trazia na mão um documento. E, ante a curiosidade de André, lhe disse que aquela era a conta dos seres sacrificados até aquele momento, em seu proveito. 
-Até hoje, falou o Mensageiro, para te sustentar a existência morreram aproximadamente duas mil aves, dez bovinos, cinquenta suínos, vinte carneiros e três mil peixes diversos. Nada menos de sessenta mil vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, incluindo-se as do arroz, milho, feijão, trigo, das várias raízes e legumes. Em média, bebeste três mil litros de leite, gastaste sete mil ovos e comeste dez mil frutas. Tens explorado fartamente as famílias do ar, das águas, do solo. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. E nem relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos benfeitores que te rodeiam. Em troca, o Senhor da vida manda te perguntar o que é que fizeste de útil. Nada deste de retorno à natureza. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Tudo é mensagem de serviço, de trabalho na natureza. Olha para tua mãe. Os anos já lhe pesam e ela prossegue em intensa atividade por ti e por teus irmãos, encontrando ainda tempo para se dedicar aos filhos de ninguém. Observa teu pai que atravessa os anos em labor digno, dando-te o exemplo de disciplina e vontade. Teus próprios amigos se encontram empenhados no estudo e na dedicação profissional. Não fiques ocioso. Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. 
O moço espantado passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e acordou assustado. Amanhecia. O sol de ouro cantava em toda parte um hino ao trabalho pacífico. André pulou da cama, foi até sua mãe e exclamou: 
-Mãe, desejo retornar aos estudos ainda hoje. 
 * * * 
CHICO XAVIER
Para nos assegurar a vida, Deus nos faculta o ar, o sol, a chuva, os ventos. Para nos sustentar o corpo, recebemos o leite materno e na sequência, seres vegetais e animais são sacrificados todos os dias. Com tanta preocupação de Deus pela nossa própria vida, é de indagarmos o que a nossa vida tão preciosa está oferecendo ao mundo em troca. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Néio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 28.01.2011.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

CONSUMISMO

Você já notou que, nos dias de hoje, os apelos são imensos para nos tornar cada vez mais consumistas? Nas revistas e jornais, no rádio, na televisão e na internet, os convites às compras parecem estar em toda parte. Nem mesmo nos elevadores e nas ruas estamos a salvo: outdoors, cartazes, painéis eletrônicos, folhetos e todo tipo de propaganda estão ao alcance de nossos olhos e mãos. É o excesso de nossos dias. Vivemos uma vida quase artificial, em que, aos poucos, a simplicidade e os valores reais vão sendo substituídos por coisas artificiais e passageiras. Em vez de nossas conversas com familiares e vizinhos, agora passamos horas em frente à televisão ou ao computador. Ficamos cegos para os que vivem ao nosso lado. Deixamos de ouvir o mundo, para nos isolar em fones de ouvido. E acabamos por nos tornar um pouco surdos para a realidade. E assim prossegue nossa vida, cada vez mais mecanizada, cada vez mais dirigida pelos produtos que compramos sem parar, estimulados pelos anúncios e propagandas. E isso não ocorre apenas com os adultos. As crianças são bombardeadas pela publicidade, já que se descobriu que elas influenciam poderosamente os pais, não só para comprar brinquedos, mas também para adquirir carros, eletrodomésticos e produtos alimentícios. Interessante lembrar que a publicidade nos faz acreditar que precisamos ter as coisas. Ela se infiltra em nós, comandando a vontade. Vale-se de conceitos importantes para o ser humano: aceitação, alegria, bem-estar. Por outro lado, a força da propaganda também nos atinge ao informar que, se não temos determinadas coisas ou serviços, somos infelizes ou excluídos de grupos sociais. Mas o problema não está nos publicitários ou nos anunciantes. Eles fazem o trabalho deles. O problema está em nós, que acreditamos e aceitamos, como verdades, os comerciais. É um caso de sintonia. Aceitamos passivamente a mensagem da publicidade e vamos além: nós nos identificamos com ela. Passamos a acreditar que seremos felizes somente se tivermos objetos caros ou de marcas famosas. Aos poucos, nos tornamos escravos da necessidade de comprar. Cosméticos, alimentos, aparelhos eletrônicos – tudo passa a ser objeto de desejo. É quando nos entregamos sem reservas à mensagem da publicidade. Para libertar-se dessa escravidão, temos a força de vontade, a capacidade de resistir e o livre-arbítrio. Por isso, Mestres Espirituais de todas as épocas, povos e religiões advertiram o homem para que combatesse os desejos desenfreados. Na Índia, Krishna e Buda alertaram sobre os desejos que comandam as ações humanas e recomendaram eliminá-los, a fim de alcançar a libertação. E Jesus de Nazaré advertiu que, onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Se pusermos nosso foco em coisas, pessoas ou situações que desejamos, é a isso que estaremos vinculados, mesmo após a morte do corpo. Ao contrário, se nossa atenção estiver voltada para Deus, para a vivência da ética e dos valores do Espírito, certamente superaremos os desejos que aprisionam e caminharemos em direção à pureza e à alegria permanentes. Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. Em 19.05.2008.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

FLORES NO JARDIM DA VIDA

Laércio Furlan
A lista de compras foi cuidadosamente elaborada. Somente o necessário, nada de supérfluos ou exageros nas quantidades. Em tempos de crise, a economia doméstica se faz em todos os detalhes. Laércio apanhou a lista e a transformou em três menores, dividindo os produtos entre elas, de forma mais ou menos equitativa. Aí, convidou os netos Beatriz, Marcus Vinicius e Gabriel, com as idades variando entre sete e onze anos e rumou para o supermercado. Descendo do carro, distribuiu as listas, incumbindo a cada um o compromisso de apanhar os produtos. Com a precisão de atletas, todos se puseram ao trabalho. Em poucos minutos, três carrinhos estavam com as compras acumuladas em seu interior. O avô deu uma olhada e constatou que algum exagero fora cometido. Por exemplo, havia dois potes de sorvete, de sabores diferentes, ao invés do único anotado. Criterioso, Laércio exigiu que fosse feita a devida devolução do excedente, no lugar certo. No entanto, algumas guloseimas deixou passar. Afinal, os três tinham realizado a mesma proeza de escolherem algo de que gostavam, para as horas de não fazer nada, a não ser saborear algo gostoso. Dirigiram-se ao caixa preferencial, desde que estavam assessorando o velho avô. Porém, em seguida, a equipe, notando a presença de um senhor idoso, logo atrás e com poucos itens, pediu que ele passasse à frente, o que fez, agradecido. Também uma senhora jovem, com um filhinho ao colo e grávida, recebeu o mesmo convite. Um sorriso brilhante se desenhou no rosto dela e, enquanto ia colocando os itens sobre o balcão, foi falando que estava no sexto mês de gravidez. E era mais um menino. Finalmente, começou o esvaziamento dos três carrinhos de um lado e o enchimento de outros dois, após passarem os itens pelo caixa e serem empacotados. Com a mesma disposição, as crianças levaram os carrinhos cheios pela calçada irregular, quase tombando um deles. Nada além de um susto. Tudo foi colocado no carro, com cuidado: coisas pesadas primeiro, frutas e verduras por último, por cima, para não serem amassadas. E o retorno para casa se fez entre risos e muita conversa dos três falando ao mesmo tempo, exigindo redobrada atenção do avô para dar conta de tantos verbos e substantivos que lhe chegavam aos ouvidos. 
 * * * 
Uma cena comum. Uma ida ao supermercado. Contudo, para um avô atento à educação dos pequenos, uma oportunidade de ensinar disciplina, economia, cooperação. E de registrar, feliz, a educação e a boa índole dos netos. Constatar que os seus filhos estão conduzindo muito bem os seus rebentos, preparando-os para a vida. Esse é, em essência, o verdadeiro papel dos pais: cuidar da educação dos seus pequenos como um jardineiro cuida das flores do seu jardim: podando aqui, enxertando ali, transplantando acolá. Finalmente, exatamente como nos dias de primavera, as flores se manifestam em profusão, as boas atitudes florescerão no jardim da vida, através de cidadãos conscientes e homens de bem. E o mundo, então, será melhor, bem melhor. 
Redação do Momento Espírita, com atos narrados por Laércio Furlan. Em 7.11.2016.