sábado, 30 de abril de 2016

CARTA A UM PRISIONEIRO

Jack Canfield
Ela havia sido uma mulher vitoriosa. Aos trinta e um anos de idade, com uma filha de dez anos, teve paralisia e perdeu os movimentos das pernas. Jamais se entregou ao desânimo, pelo contrário, conseguiu ser mais ativa ainda em sua vida. Diplomou-se em educação especial, e aprendeu tudo que podia sobre as pessoas com deficiência. Depois, fundou um grupo de amparo chamado Os incapacitados. Seu exemplo modificou a vida daqueles que a rodeavam, principalmente de sua filha que, anos mais tarde, dedicou-se ao Direito, na área penal. Apesar da paralisia, aquela mulher envolveu-se no auxílio aos detentos, levando-lhes mensagens de inestimável valor. Dentre essas, destaca-se uma carta escrita a um deles: 
Mark Victor Hansen
"Querido Waymon, quero que saiba que tenho pensado em você com frequência, desde que recebi sua carta. Você mencionou como é difícil estar preso, atrás das grades, e meu coração se une ao seu. Mas, quando você disse que eu não imagino o que é estar na prisão, senti-me compelida a dizer-lhe que está errado. Existem diferentes tipos de liberdade, Waymon, diferentes tipos de prisão. Às vezes, nossas prisões são autoimpostas. Quando, com trinta e um anos, levantei-me um dia para descobrir que estava completamente paralisada, senti-me em uma armadilha – dominada pela sensação de estar presa dentro de um corpo que não me permitia mais correr pelas campinas, dançar ou carregar minha filha nos braços. Fiquei ali deitada por muito tempo, lutando para chegar a um acordo com minha enfermidade, e buscando compreender o que a vida tentava me dizer. Certo dia, então, me ocorreu que, na realidade, ainda havia opções abertas para mim e que eu tinha a liberdade de escolher entre elas. Será que eu iria sorrir quando visse meus filhos de novo, ou iria chorar? Iria zangar—me com Deus, ou iria pedir a ele que fortalecesse minha fé? Em outras palavras, o que eu iria fazer com o livre-arbítrio que ele havia me dado, e que ainda era meu? Tomei a decisão de lutar, enquanto estivesse viva, para viver o mais plenamente possível, para procurar tornar minhas experiências, aparentemente negativas, em experiências positivas, procurar formas de transcender minhas limitações físicas, expandindo minhas fronteiras mentais e espirituais. Eu poderia escolher entre ser um exemplo para meus filhos, ou poderia murchar e morrer emocional e fisicamente. Existem muitos tipos de liberdade, Waymon. Quando perdemos um tipo de liberdade, temos que simplesmente procurar por outro. Você e eu somos abençoados com a liberdade de escolher entre bons livros que iremos ler, e quais deixaremos de lado. Você pode olhar para as suas grades ou pode olhar através delas. Você pode ser um exemplo para prisioneiros mais jovens, ou pode se misturar com os encrenqueiros. Você pode virar as costas para Deus, ou pode amá-lO e buscar conhecê-lO. Até certo ponto, Waymon, estamos nisso juntos".
Heather Mcnamara
 * * * 
Pensemos nisto: como estamos utilizando nosso livre-arbítrio?
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O grande dom de minha mãe, de Marie Raggianti, do livro Histórias para aquecer o coração, de , ed. Sextante. Em 20.11.2013.Mark Victor Hansen, Jack Canfield e Heather Mcnamara.
http://momento.com.br/

sexta-feira, 29 de abril de 2016

CARTA ÀS MÂES QUE PERDERAM SEUS FILHOS

Mãezinha querida... Seu coração está em pedaços... Não há dor maior do que a perda de um filho... Aprendemos a amá-los de uma forma tão grandiosa, tão completa, que não conseguimos mais enxergar o mundo sem a sua presença ao nosso lado. Descobrimos um tipo de amor que nos faz crescer e nos faz amar a vida como nunca antes havíamos amado. E subitamente são levados... Aos poucos meses, nos primeiros anos... Ou um pouco mais tarde. Levados de nosso regaço através da morte tão cruel. Mãezinha querida... Seu coração pede consolo, pede uma razão para continuar vivendo... E esta razão estará sempre em seu amor por eles. Primeiramente pelo amor aos que ficaram e respiram também o ar de seu amar: filhinhos, esposo, pais, amigos queridos. Mas também pelo amor aos que partiram porque, mãezinha querida, eles continuam a existir e a amá-la como antes o faziam. A morte não mata o Espírito e também não mata o amor. 
"Um pai, uma mãe, nunca deveriam enterrar seus filhos" - diz o pensamento popular, fazendo menção à ordem natural da vida para os que deveriam partir antes. Porém, a verdade é que você não enterrou seu filhinho, mãe: o que ali foi deixado sob a terra era apenas sua vestimenta corporal para esta breve encarnação. Seu filho, sua filha continuam existindo. E todo amor que construíram no aconchego de seu lar não foi perdido: será a semente de um novo amanhã, quando voltarão a se encontrar. Os planos maiores do Universo - ainda desconhecidos por nós - definiram que precisavam ir mais cedo, por razões especiais. Voltaram para a verdadeira vida, o mundo espiritual, onde estão recebendo todo auxílio necessário para que sejam bem recepcionados em sua nova realidade. Deus está com seus filhos nos braços, mãezinha. Segura-os através de seus tantos trabalhadores do bem, que estão encarregados de receber as almas após a desencarnação. Você não perdeu seus filhos, embora a realidade pareça mostrar isso diariamente, pelo buraco que suas ausências na Terra deixaram. Não... Você não perdeu seus filhos. A desencarnação é apenas o final de uma etapa e começo de outra. Não perdemos as pessoas, assim como não se perde o amor semeado no coração. Quando a saudade apertar e o ar parecer faltar, lembre, mãezinha, dos momentos felizes com eles, lembre de abraçá-los com carinho em suas orações aos céus. Eles receberão seu abraço e ficarão felizes por saber que em sua alma não há revolta, não há ódio ou rancor, há apenas a natural e saudável saudade. Através da oração você poderá manter um contato constante com eles, pois a prece une os "dois mundos". Diga que os ama muito, que sente falta, é certo, e que é este amor que lhe sustenta os dias na Terra, esperando o sonhado momento do reencontro. Mãezinha querida... Você não está sozinha neste momento difícil: Deus está com você. Conte com Ele. 
Redação do Momento Espírita. Em 22.06.2011

quinta-feira, 28 de abril de 2016

CARTA À MINHA MÃE

Rabindranath Tagore
Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade. As notícias, arrumadas como pérolas em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas lembranças. Vi-me criança orientada pela sua paciência. As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar. E todas as recordações, como um caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos tristes. Assumiu forma, no pensamento voador, a irmã que implicava comigo. Quantas teimas com ela. Pelo mesmo brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina. Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente. E você, lecionando calma, tolerância. Na hora do lanche, para a lição da honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o bolo. Quantas vezes seu olhar me alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso por mim escolhida. As lições da escola, feitas sob sua supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o "refri". Quantas lembranças, mãe querida! Dos dias da adolescência, do desejar alçar voos de liberdade antes de ter asas emplumadas. Dos dias da juventude que idealizavam anseios muito além do que você, lutadora solitária, poderia me oferecer. Lágrimas de frustração que você enxugou. Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces. Quantas vezes ouço sua voz repetindo, uma vez mais: Tudo tem seu tempo, sua hora! Aguarde! Treine paciência! E de outras vezes: Cada dia é oportunidade diferente. Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar. A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio. O dia que você perde na ociosidade é tesouro jogado fora, que não retorna. Lições e lições. A casa formosa, entre os tamarindeiros assomou na minha emoção. Voltei aos caminhos percorridos para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso, retornando de repente. Mãe, chegou um momento em que a carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera. E porque ela falava no meu coração dorido, voei, vencendo a distância. E vim, eu mesmo, a fim de que você veja e ouça as notícias vibrando em mim. Mãe, aqui estou. Eu sou a carta viva que ia escrever e remeter a você.
 * * *
Entre as quadras da vida e as atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura chamada mãe. Não a esqueça. Escreva, telefone, mande uma flor, um mimo. Pense quantas vezes, em sua vida, ela o surpreendeu dessa forma. E não deixe de abraçá-la, acarinhá-la, confortar-lhe o coração. Você, com certeza, será sempre para ela, o melhor e mais caro presente.
Redação do Momento Espírita, com frases do cap. XVI do livro Pássaros livres, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita v.18, ed. FEP. Em 18.7.2013.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

CARPE DIEM

Horácio, um dos maiores poetas da Roma Antiga, ficou famoso pelas suas Odes, longos poemas líricos, onde ele descrevia o cotidiano da vida ou passagens da mitologia romana. Nas suas características literárias, destaca-se sempre a ideia de se aproveitar o presente, sem muita preocupação com o futuro. Essa sua ideia atravessou o tempo através de uma expressão muito citada, encontrada em uma de suas Odes: Carpe diem. Frequentemente tal expressão latina é traduzida como Aproveite o dia. E essa era a preocupação do poeta romano, pois imaginava ele a vida muito breve para não ser aproveitada. Ao escutarmos o convite de Horácio, Carpe diem, nos perguntamos: Afinal, o que é aproveitar o dia? É certo que a resposta para tal pergunta irá depender fundamentalmente do que esperamos para a vida e para o depois da vida. Afinal, aproveitar o dia para quê? Para o materialista, Carpe diem será gozar ao máximo a vida, todas suas emoções e prazeres, e somente isso. Como, no seu conceito materialista, nada o aguarda depois da morte, a vida acaba se tornando breve demais. O materialista imagina-se constituído de um apanhado de bilhões de células ordenadas ao acaso, por um casuísmo biológico e crê que nada o aguardará após a vida física se extinguir. Assim, aproveita a vida, que se extingue minuto a minuto, nos prazeres materiais e físicos, já que se ilude que nada mais existe, além daquilo que pode enxergar. Outros há, ainda, que vivem com a certeza de que, em uma única existência, Deus nos irá julgar, bons ou maus, e nos condenar a uma felicidade ou desdita eternas, conforme o resultado de tal julgamento. Para esses, aproveitar a vida será sempre a contagem regressiva de um dia a menos de erro ou de tropeço. Uma vez que seremos julgados eternamente pelo procedimento de uma única existência, quanto antes essa acabar, melhor será, pois que menos chances teremos de errar. Imaginando que, com o resultado de uma única vida, Deus dará um veredito eterno, Carpe diem será a ansiedade de que tudo acabe, e que, ao final de tudo, não tenhamos tropeçado, pois outra chance não haverá. Há ainda a possibilidade de imaginarmos a vida como uma continuidade de outras tantas que já se sucederam, e a antecipação de outras que virão. Ao entendermos que a vida de hoje é o reflexo do ontem, e que o amanhã será a colheita do plantio feito hoje, aproveitar a vida toma um colorido diferente. Já não mais a ânsia para uma vida que irá se extinguir. Tão pouco a ansiedade para uma vida que irá ser nosso veredicto. Viveremos com a certeza de que estaremos aproveitando o dia, quando fizermos de cada um deles aprendizado para a alma, quando exercitarmos virtudes, quando nos esforçarmos para apagar defeitos. Estaremos realmente aproveitando o dia, quando as dores que ele porventura trouxer se transformem em entendimento e lição, e as alegrias fruídas se convertam em louvores pela bênção da existência. Todos nós deveremos aproveitar a vida, entendendo-a como uma grande escola, onde a lição maior de aprendizado será o conjugar do verbo amar. E o Mestre maior dessa escola, Jesus.
Redação do Momento Espírita. Em 26.03.2010.

terça-feira, 26 de abril de 2016

A CARNE É FRACA

Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvirmos a afirmativa de que a carne é fraca. A culpa, portanto, é da carne, ou seja, do corpo físico. Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões. Hahnemann, criador da Medicina Homeopática, fez a seguinte afirmativa: O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade? Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades. Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera. Quando a boca de um guloso se enche de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele. É o Espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento. Se uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao Espírito, mas precisamente a sensibilidade desse que provoca a secreção abundante das lágrimas. Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu Espírito é musicista. Como podemos perceber, a ação do Espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas. Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc. Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, e até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo. Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no Espírito imortal. Se assim não fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos. Toda responsabilidade moral dos atos da vida física competem ao Espírito imortal. Nem poderia ser diferente. Assim, quanto mais esclarecido for o Espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. 
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Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós. Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do Espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: Vós sois deuses, podereis fazer o que Eu faço, e muito mais. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VII do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec, ed. Feb e no livro Hahnemann, o apóstolo da medicina espiritual, de Hermínio C. Miranda, ed. Celd. Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep. Em 04.05.2009.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

CARNAVAL

 O Brasil é um país de inúmeras festas. É assombroso o número de feriados no calendário anual. Mas, se somarmos os dias que são emendados, teremos ao longo do ano, mais de quinze dias parados. Segundo especialistas do assunto, os prejuízos são enormes para o país. Agora, nesta época, temos o feriado de carnaval. Em alguns lugares perde-se mais de uma semana de trabalho. É o festejo da alegria num país de quase quarenta milhões de miseráveis. Desde o início de janeiro a mídia vem explorando as folias de Momo, como se fosse o acontecimento mais importante do ano. Fala-se em alegria, festa, colocar para fora as angústias contidas durante o ano passado. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões. Ligamos a televisão e ouvimos a batida repetitiva das escolas de samba, cujo valor folclórico e cultural foi lentamente sendo perdido. Há muita gente que busca fazer do carnaval um momento de esperança, oportunizando empregos, abrigando menores e isso é muito valioso. Entretanto, o grande saldo da festa se resume em duas palavras: ilusão e sensualidade. Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos. A ilusão de grandeza, que falsamente produz um imenso contraste entre a beleza da avenida e a subvida dos barracos. Falamos da sensualidade que se torna material de venda, nos corpos desnudos e aparentemente felizes por fora, mas muitas vezes profundamente infelizes por dentro. As emissoras não cansam de exibir os bailes, os concursos de fantasias, os desfiles, levando-os a todos os que se comprazem em observar a loucura. Mas, ao longo do caminho, multiplicam-se os doentes de AIDS, os abortamentos, a pobreza e o abandono, a violência. Com o risco de sermos taxados de moralistas, num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não podemos deixar de analisar criticamente esses disparates do mundo brasileiro. Em nenhum momento nos colocamos contra a alegria. Porém, será justo confundir euforia passageira com alegria real? Alegria de verdade seria viver num lugar onde não houvesse fome, violência, tráfico de drogas e tráfico de influências. Não podemos nos colocar contra o alívio de tensões. Entretanto, alívio real seria encontrar um caminho para os graves problemas que o país atravessa. O carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. De um lado, as falsas aquisições sociais de alguns, negadas pela agressividade de muitos; de outro, a falsa felicidade de quatro dias de folia, e trezentos e sessenta e um dias de novas e renovadas angústias. Vale a pena? Nessas horas, pessoas embriagadas, perdidas, usam um segundo de falso prazer, em troca de um enorme tempo de arrependimentos. Por quê? - Perguntamos. As pessoas pulam, vibram, e nem ao menos sabem o motivo da festa. Vão porque as outras pessoas também vão. Enquanto a sociedade agir dessa forma, sem personalidade digna, dando valores justamente aos desvalores, as pessoas continuarão sofrendo as consequências de seus próprios atos. Vamos fazer desses dias de feriado, dias de alegria verdadeira, em paz conosco mesmos. Vamos meditar, ler, pensar. Vamos conviver com nossa família e amigos, trocar ideias salutares. Vamos orar também por aqueles que ainda não tiveram consciência de fazer o bem conforme o Cristo nos recomendou, e padecem nesses instantes de euforia descontrolada. 
 Redação do Momento Espírita. Em 22.5.2007.

domingo, 24 de abril de 2016

CARMA E DESTINO

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
CHICO XAVIER
Você já ouviu alguém pronunciar a palavra carma? É bem provável que sim, pois está se tornando comum as pessoas se utilizarem desse termo para definir a ideia de um peso que carregam sobre os ombros, do qual não encontram a causa na presente existência. E também é comum o entendimento de carma como sendo sempre algo negativo, desagradável. Todavia, nas filosofias da Índia, o carma representa o conjunto das ações dos homens e suas consequências, que tanto podem ser boas quanto más. A Doutrina Espírita entende essas ações dos homens e suas consequências como a Lei de ação e reação, ou de causa e efeito. Tomando de um ensinamento do Cristo compreenderemos melhor essa filosofia. Jesus afirmou que chegaria um momento em que teríamos que prestar contas dos nossos feitos e que, nesse momento, receberíamos segundo nossas obras. Ao trabalhador dedicado, um salário justo, ao mau trabalhador, o salário correspondente. Fica claro, portanto, que cada um é arquiteto do seu próprio destino e receberá da vida tudo o que a ela oferece, ou já tenha oferecido em outras existências. Assim, a roda da vida gira e devolve, no endereço certo, tudo que recebe das criaturas. É assim que funcionam as Leis Divinas. Não há um velho de barbas brancas sentado com um cajado na mão, indicando qual dos Seus filhos deverá sentar-se à sua direita ou à sua esquerda. Há Leis estabelecidas pelo Criador do Universo nas quais estamos todos inseridos. Fomos criados para a perfeição. A isso Jesus também Se referiu quando falou de forma imperativa: Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai que está nos céus. Portanto, nenhum de nós está relegado à própria sorte e, muito menos, sujeitos a um destino caprichoso, que ora nos premia com momentos felizes, e ora nos castiga com dores e amarguras. Todas essas circunstâncias fazem parte de um plano superior para nossa autoiluminação, visando sempre a perfeição relativa que cabe a cada filho de Deus. É essa roda da vida que gira e nos faz adquirir experiências importantes e indispensáveis ao nosso crescimento para Deus. Portanto, carma significa, em última análise, a Lei de ação e reação ou de causa e efeito. E, ainda segundo Jesus, a semeadura é livre e a colheita, obrigatória Se plantamos flores, por certo colheremos beleza e perfume. Mas se a nossa semeadura for de espinhos, não poderemos esperar outra safra, senão a de espinheiros. Conforme afirma a sabedoria popular, quem semeia ventos, colhe tempestade... Por essa razão, estejamos seguros de que não recebemos nada além do que fizemos por merecer, tanto no campo das alegrias quanto das tristezas. E não nos esqueçamos de que os planos do Criador para todos nós são os da felicidade suprema, que deverá ser conquistada individualmente, a fim de que possa também influenciar a Humanidade inteira. 
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Ninguém fugirá ao doloroso trabalho individual de recomposição dos elos quebrados, na corrente universal da harmonia. 
Redação do Momento Espírita com informações colhidas no verbete Recomposição, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.Feb. Em 19.07.2010.

sábado, 23 de abril de 2016

CARMA DE SOLIDÃO

Caminhas, na Terra, experimentando carência afetiva e aflição, que acreditas não ter como superar. Sorris, e tens a impressão de que é um esgar que te sulca a face. Anelas por afetos e constatas que a ninguém inspiras amor, atormentando-te, não poucas vezes, e resvalando na melancolia injustificável. Planejas a felicidade e lutas por consegui-la, todavia, descobres-te a sós, carpindo rude angústia interior. Gostarias de um lar em festa, abençoado por filhos ditosos, e um amor dedicado que te coroassem a existência com os louros da felicidade. Sofres e consideras-te desditoso. Ignoras, no entanto, o que se passa com os outros, aqueles que se te apresentam felizes, que desfilam nos carros do aparente triunfo, sorridentes e engalanados. Também eles experimentam necessidades urgentes, em outras áreas, não menos afligentes que as tuas. Se os pudesses auscultar, perceberias como te invejam alguns daqueles cuja felicidade cobiças... A vida, na Terra, é feita de muitos paradoxos. E isto se dá em razão de ser um planeta de provações, de experiências reeducativas, de expiações redentoras. Assim, não desfaleças, porquanto este é o teu carma de solidão. Faze, desse modo, uma pausa, nas tuas considerações pessimistas e muda de atitude mental, reintegrando-te na ação do bem. O que ora te falta, malbarataste. Perdeste, porque descuraste enquanto possuías, o de que agora tens necessidade. A invigilância levou-te ao abuso, e delinquiste contra o amor. A tua consciência espiritual sabe que necessitas de expungir e de reparar, o que te leva, nas vezes em que o júbilo te visita, a retornar à tristeza, rememorar sofrimentos, fugindo para a tua solidão... Além disso, é muito provável que, aqueles a quem magoaste, não se havendo recuperado, busquem-te, psiquicamente, assim te afligindo. Reage com otimismo à situação e enriquece-te de propósitos superiores, que deves pôr em execução. Ama, sem aguardar resposta. Serve, sem pensar em recompensa. O que ora faças no bem, atenuará, liberará o que realizaste equivocadamente e, assim, reencontrar-te-ás com o amor, em nome Daquele que permanece até agora entre nós como sendo o amor não amado, porém, amoroso de sempre. 
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A dor é mecanismo de aprendizado sempre. Nas Leis maiores do Criador não existe o sofrer por sofrer. Todo sofrer visa aprendizado, visa redenção da alma que busca a felicidade. Saber bem sofrer é uma arte, e toda arte exige disciplina, disciplina e disciplina. E uma das belezas desta vida é que quando nos propomos a bem sofrer, nunca estamos realmente sozinhos. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 13, do livro Viver e amar, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 25.10.2010.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

CARITAS

Eu sou o sol que aquece a vida, em nome da vida que criou o sol. Sou eu quem reverdece o campo em beijos cálidos após a demorada invernia. Eu sou a força que sustenta as criaturas tombadas, a fim de que se ergam, e as desiludidas, para que recomecem o trabalho do próprio crescimento. Eu sou o pão que alimenta os corpos e as almas, impedindo-os de experimentar deperecimento. Sou eu a música que enternece o revoltado, e sou o poema de esperança que canta alegria onde houve devastação. Por onde eu passo, um rastro luminoso fica vencendo a sombra que cede lugar à claridade libertadora. Eu sou o medicamento que restaura as energias abaladas, e sou o bálsamo que suaviza o ardor das chagas purulentas que levam à agonia e à alucinação. Sou a gentileza que ouve pacientemente a narrativa do sofrimento e nunca se cansa de ser solidária, conquanto a aflição se espraie entre as criaturas. Eu sou o fermento que leveda a massa e dá-lhe forma para aprimorar-lhe o sabor. Sou eu a paz que visita o terreno árido, adornando-lhe a paisagem fúnebre. Eu sou o perfume carreado pela brisa mansa para aromatizar os seres e os jardins. Sou eu a consolação que sussurra palavras de fé aos ouvidos da amargura e soergue aqueles que já não confiam em ninguém, aturdidos pelas frustrações e feridos pelas dores pungentes. Eu sou a madrugada que ressuscita todos aqueles que são tidos como mortos ou que estão adormecidos, a fim de que possam voltar ao convívio dos familiares saudosos e em angústias devastadoras. Sou eu a água refrescante que sacia a sede de todas as necessidades e limpa os detritos da alma degenerada, preparando-a para os renascimentos felizes. Eu sou o hálito divino sustentando a criação e penetrando por todas as partículas de que se constitui. Convido minha irmã, a fé, para que ofereça resistência ao viajor cansado e o alente em cada passo, concedendo-lhe combustível para nunca desistir. Eu me apoio na irmã esperança que possui o encanto de reerguer e amenizar a aspereza das provações. Quando elas chegam, o prado queimado se renova, porque se me associam, fazendo que arrebentem flores e frutos onde a morte parecia dominar... As duas, a fé e a esperança, constituem os elementos vitais da minha alma, a fim de que permaneça conduzindo todos os seres. O Senhor enviou-me em Seu nome, com a missão de lembrar a Sua presença no Mundo, desde quando me usou para que as criaturas que Lhe desafiaram a justiça e a misericórdia, pudessem recomeçar o processo de evolução. Vinde comigo ao banquete suntuoso da ação contínua do bem e embriagai-vos de felicidade. Eu sou a caridade! 
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A caridade para ser legítima não dispensa a fé que lhe oferece vitalidade; e esta para ser nobre deve firmar-se no discernimento da razão como normativa salutar. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Cáritas, psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 06.01.99, na cidade do Salvador – BA. Em 28.12.2007.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

A CARIDADE SUBSTITUINDO O EGOISMO

Desde que dois homens estejam juntos, contraem, por isto mesmo, deveres recíprocos; se quiserem viver em paz, serão obrigados a se fazerem mútuas concessões. Esses deveres aumentam com o número dos indivíduos; as aglomerações formam um todo coletivo que também tem suas obrigações respectivas. Temos, pois, além das relações de indivíduo a indivíduo, as de cidade a cidade, de país a país. Essas relações podem ter dois móveis que são a negação um do outro: o egoísmo e a caridade, pois que há também egoísmo nacional. Com o egoísmo, prevalece o interesse pessoal, cada um vive para si, vendo no semelhante apenas um antagonista, um rival que pode concorrer conosco, que podemos explorar ou que pode nos explorar; aquele que fará o possível para chegar antes de nós: a vitória é do mais esperto e a sociedade - coisa triste de dizer - muitas vezes consagra essa vitória. Disso resulta uma sociedade dividida em duas classes principais: os exploradores e os explorados. Temos aí um antagonismo perpétuo, que faz da vida um tormento, um verdadeiro inferno. Substituí o egoísmo pela caridade e tudo se modificará; ninguém procurará fazer o mal ao seu vizinho; os ódios e os ciúmes se extinguirão por falta de combustível, e os homens viverão em paz, ajudando-se mutuamente em vez de se dilacerarem. Se a caridade substituir o egoísmo, todas as instituições sociais serão fundadas sobre o princípio da solidariedade e da reciprocidade; o forte protegerá o fraco, em vez de o explorar. É um belo sonho, dirão; infelizmente não passa de um sonho; o homem é egoísta por natureza, por necessidade e o será sempre. Se assim fosse, o que seria muito triste, é o caso de se perguntar com que objetivo o Cristo veio até nós pregar a caridade aos homens? Equivaleria a pregar aos animais. Examinemos, contudo, a questão: Há progresso do selvagem ao homem civilizado? Não se procura, diariamente, abrandar os costumes dos selvagens? Mas, com que finalidade, se o homem é incorrigível? Estranha bizarrice! Espera-se corrigir selvagens e pensa-se que o homem civilizado não pode melhorar-se! Se o homem civilizado tivesse a pretensão de haver atingido o último limite do progresso acessível à espécie humana, bastaria comparar os costumes, o caráter, a legislação, as instituições sociais de hoje com as de outrora. E, no entanto, os homens de outrora, também eles, acreditavam ter alcançado o último degrau. Que teria respondido um grão-senhor do tempo de Luís XIV se lhe tivessem dito que poderia dispor de uma ordem de coisas melhor, mais equitativa, mais humana do que a então vigente? Que esse regime mais equitativo seria a abolição dos privilégios de castas e a igualdade do grande e do pequeno diante da lei? O audacioso que assim falasse talvez pagasse caro sua temeridade. Disso concluímos que o homem é eminentemente perfectível, e que os mais adiantados hoje poderão parecer tão atrasados dentro de alguns séculos quanto o são os da Idade Média em relação a nós. Negar o fato seria negar o progresso, que é uma lei da natureza. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho da obra Viagem espírita em 1862 e outras viagens, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 28.3.2013.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

CARIDADE E VOCÊ

Você tem observado os quadros do mundo e tem sentido o coração apertado, mais de uma vez. Você assiste, pela TV, as cenas de crianças morrendo de fome, de doentes em corredores de hospitais perecendo por falta de assistência. 
“É o caos”, pensa você. E espera que o governo tome providências. Que as autoridades se movimentem. Entretanto, não se demore na posição de comentarista. Pense no que você pode fazer. Não diga que é pobre e incapaz de contribuir na campanha do bem ao próximo. Pensemos juntos. Se você renunciar a um refrigerante em cada cinco, segundo os seus hábitos, poderá destinar a quantia, ao final de um mês a um hospital. A sua renúncia equivalerá a uma medicação para um doente. Se você renunciar ao cinema uma vez em cada cinco, endereçando o valor economizado a uma creche, ao término de algumas semanas a instituição contará com mais leite em favor daquelas crianças. Se você renunciar à compra de uma revista em cada cinco que costuma adquirir, ao término de duas ou três semanas, o valor poderá ser destinado a uma instituição que acolha idosos. O dinheiro poderá servir, quem sabe, para comprar uns docinhos extras, pequenas guloseimas que eles ainda apreciam. Se você economizar as peças de vestuário, guardando a importância equivalente a uma delas em cada cinco, ao final de um ano você disporá de recursos suficientes para vestir alguém que a nudez ameaça. Se você deixar de ir ao restaurante uma vez em cada cinco que costume ir, ao final de algumas semanas, poderá encaminhar o valor economizado a um albergue para alimentar quem se encontra distante do próprio lar. Se você economizar o equivalente à aquisição de um novo calçado, a cada cinco, poderá endereçar o valor para uma instituição que lute com dificuldades para pagar a conta da energia elétrica, da água ou do supermercado. Não espere, portanto, pelas decisões do governo. Ou que pessoas mais abonadas do que você realizem aquilo que você pode realizar. Será uma gota no oceano, dirá você. Mas não esqueça que o oceano é feito de gotas d’água e que o rio começa com um filete na fenda da montanha. Não espere pela bondade dos outros. Lembre-se daquela que você mesmo pode fazer. É possível que você diga que tem direito ao supérfluo, porque luta e trabalha para isso. E tem razão. Mas pense naqueles a quem falta o necessário. Você pode afirmar que está contribuindo com a indústria do refrigerante, a mídia escrita, as empresas da moda e os restaurantes. Porque todos são fonte de trabalho para muitas pessoas. É verdade. Mas o que você economizar, destinando a outrem, continuará movimentando a indústria e o comércio. E estará diminuindo dores, mitigando a fome, protegendo corpos, enriquecendo um pouco a mesa de alguém que já abandonou os sonhos há muito tempo... Não contestamos seu direito de decidir a forma de empregar os seus recursos amoedados. A vontade é atributo do espírito. É dádiva de Deus para que decidamos, por nós, quanto à direção do próprio destino. O nosso lembrete é somente uma sugestão para aqueles que acreditam na força da caridade. E essa caridade só terá realmente valor se houver algum laço entre a caridade e você. 
 *** 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Caridade é bênção sublime a se desdobrar em socorro silencioso. É uma escada de luz onde o próximo é o degrau evolutivo que permite a ascensão e o auxílio fraternal é oportunidade iluminativa. A caridade – vida da alma – é a mais alta conquista que o homem poderá colocar como meta para si mesmo. 
Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. 57 do livro O Espírito da verdade, de Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb e do verbete caridade do livro Repositório de sabedoria, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

terça-feira, 19 de abril de 2016

A CARIDADE DO RESPEITO

A palavra caridade, tão conhecida das pessoas e instituições que a ela se propõem, nem sempre é bem entendida e raras vezes é bem praticada. Salvo raras exceções, as instituições dão coisas às pessoas carentes sem observarem um elemento indispensável na filantropia: o respeito. Os direitos dos carentes geralmente são desconsiderados. Aqueles que lhes oferecem coisas em nome da caridade, por vezes se esquecem de que eles são gente. Esquecem-se de que têm gosto, preferências, tamanho de roupa, número de calçado e paladar. Às vezes, eles batem às portas abertas à caridade pela primeira vez e são abordados sem escrúpulos pelos atendentes que os obrigam a lhes fornecer dados e mais dados sobre sua vida íntima. Afinal, quem está precisando de ajuda que se sujeite a esse tipo de investigação, sem reclamação. Se o assistido ousa pedir algo diferente, imediatamente recebe a resposta: Se não está bom, pode procurar outro lugar melhor. É importante que nos perguntemos até que ponto nossa caridade está sendo praticada dentro do modelo ensinado por Jesus. O parâmetro sugerido pelo Cristo, somos nós mesmos. O referencial é sempre aquele que pratica a caridade, pois a recomendação é de fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Então, temos que nos questionar se gostaríamos de vestir uma roupa de número 50, quando nosso manequim é 42, se calçaríamos um sapato 40 quando nosso número é 36 ou um 32 quando calçamos 38. Temos ainda que nos perguntar se comeríamos algo que detestamos, ou se ouviríamos uma música que nos irrita, só pelo fato de sermos pobres. Um dia, vimos uma senhora caridosa oferecer, sem critério algum, roupas usadas a uma mãe carente. Ela agradeceu, dirigiu-se ao um canto da sala e abriu a sacola para contemplar o que ganhara. Minutos depois ela retornou, dirigiu-se à senhora e lhe falou com educação: 
-Creio que a senhora se enganou. Lá em casa não tem homem. Meu marido morreu e meu dois filhos são menores de dez anos, e na sacola só há roupas masculinas de adultos. 
-Ora, respondeu secamente a caridosa, e desde quando pobre tem número de roupa e calçado? É só encher os sapatos com jornal e arregaçar as mangas das camisas e calças! 
A mãe, constrangida diante das demais pessoas que a observavam, abaixou a cabeça, tomou as mãos dos filhos e saiu sem dizer uma única palavra. Ao ganhar a rua ouvimos o filho mais velho, que devia ter uns oito anos dizer, numa tentativa de consolar a mãe que não conseguira conter as lágrimas doloridas que lhe brotavam da alma: 
-É verdade, mamãe! Eu e o mano estamos crescendo rápido, logo logo poderemos usar essas roupas e calçados, por favor, não chore mais mamãe! 
 * * * 
Nem sempre as pessoas que buscam a caridade alheia são desocupadas, ou vivem totalmente às custas dos outros. Existem mães viúvas que buscam corações sensíveis que lhes ajudem a manter vivos os filhos queridos. Há filhos órfãos que precisam encontrar uma mão estendida para os livrar das garras da morte. Há pais de família que, mesmo trabalhando de sol a sol, não ganham o suficiente para manter com vida os filhos doentes. E não nos esqueçamos jamais, que nenhum de nós está livre de precisar da caridade alheia. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita Em 05.07.2010.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A CARIDADE DA PAZ

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Muito se fala em caridade, em fazer o bem ao próximo. Para muitos, isso pode parecer sinônimo de atitudes complexas, envolvendo, na maioria das vezes, a doação de bens materiais. Mas há um tipo básico de beneficência ao alcance de todos, da qual habitualmente se esquece. Trata-se do cuidado de ocultar dos outros os próprios aborrecimentos, a fim de auxiliar. Talvez você haja iniciado o dia sob a intromissão de contratempos que lhe espancaram a alma. À vista disso, se exibir a figura da mágoa, na palavra ou na face, ela se expande, como um tóxico mental. Um mal que só a você atingia passa a afligir todos que o rodeiam. Quando a poeira invade seu reduto doméstico, obriga-o a limpar e a recuperar a pureza do ambiente que freqüenta. O mesmo ocorre se você se desequilibrar e comportar-se asperamente, em face dos transtornos habituais da vida. Será necessário despender força e diligência para reparar os estragos que a sua intemperança causou. Inúmeros pedidos de desculpas deverão ser formulados, dentre diversas outras reparações que se façam indispensáveis. Muitas sensibilidades podem ser afetadas por sua rudeza, pondo a perder amizades e simpatias preciosas. Se o desequilíbrio for um hábito em sua vida, tanto pior. Afinal, todos tendem a ser menos compreensivos com alguém que adota de forma costumeira condutas deselegantes. Entretanto, você pode escolher pairar acima de desgostos e inquietações, mantendo tranqüilidade e bom ânimo. Sua mensagem de otimismo e renovação também prosseguirá adiante, espalhando bênçãos e paz. A energia positiva que você espalha, angaria em seu favor simpatia e cooperação. Os estados negativos da mente, como tristeza e azedume, angústia e inconformidade, constituem sombras que o entendimento e a bondade são chamados a dissipar. Talvez o esforço silencioso para domar o próprio mau gênio não chame a atenção de ninguém. Isso pode frustrar, de algum modo, eventual expectativa de parecer virtuoso aos olhos alheios. Mais importante do que parecer é ser. Constitui equívoco evidente a idéia de que a caridade se resume em esmolas, de preferência visíveis a terceiros. Isso não passa, na maioria das vezes, de manifestação de um psiquismo desequilibrado, de um ego inflado. Por certo, a caridade material é valiosa, mas o móvel de quem deseja fazer o bem deve ser o de auxiliar o próximo, e não o de brilhar. Sob esse enfoque, avulta de importância o esforço em colaborar para a paz do mundo, mediante uma vontade firme, aplicada no domínio dos próprios desequilíbrios. Os homens sofrem muito mais pelo contato recíproco com os vícios de seus semelhantes do que com as condições materiais do planeta que habitam. Fossem todos generosos, compreensivos, pacíficos e honestos e a Terra logo se converteria em um paraíso. Em um mundo carente de paz, todos são chamados a colaborar para o equilíbrio geral. Assim, a benefício coletivo, evitemos solenizar obstáculos e conflitos, aflições ou desencantamentos que nos surpreendem a marcha. Permaneçamos sempre conscientes de que a única fórmula para o exercício dessa elementar beneficência da paz é esquecer o mal e fazer o bem. Na verdade, somente a criatura consagrada a trabalhar, servindo ao próximo, não dispõe de recursos para entediar-se e nem encontra tempo para ser infeliz. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXVIII, do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O Clarim. Em 14.01.2008.

domingo, 17 de abril de 2016

CARIDADE, CONFORME JESUS

Qual o sentido da palavra caridade conforme a entendia Jesus? Allan Kardec propõe, no item 886 de O livro dos Espíritos, uma das mais importantes reflexões de toda a Doutrina Espírita. Mostrando mais uma vez, claramente, a raiz cristã do Espiritismo, busca em Jesus – o tipo mais perfeito que Deus deu ao homem para lhe servir de guia e modelo – a referência maior da caridade, para que possamos tê-la como base segura e definitiva. A resposta dos Espíritos, clara e didática, terá consequências em todas as demais obras da Codificação: Benevolência para com todos; indulgência com as imperfeições dos outros; perdão das ofensas. Ser benevolente é agir de boa vontade para com quem quer que seja. A benevolência está em nossa delicadeza, em nossos gestos de gentileza e de preocupação com as outras pessoas. Ser benevolente é ser dócil e afável no trato, nas palavras, procurando sempre deixar o outro à vontade. É pensar no próximo também, e não apenas em nós mesmos, nos nossos problemas, prioridades e urgências. A benevolência tem o caráter da doação. Doar-se, em primeiro lugar. Doar o nosso tempo para ouvir alguém, para prestar um favor, um auxílio mínimo que seja, até os grandes gestos de altruísmo que, por vezes, nos fazem dedicar toda uma parte de nossa vida a alguém especial. A benevolência abrange ainda, em nuance importante, a filantropia, a esmola dada com sentimento de carinho e atenção. Num mundo onde ainda tantos carecem do necessário para a sobrevivência material, a assistência social aos carentes faz-se urgente e indispensável. Indulgência é misericórdia, compreensão, é tolerância para com as atitudes alheias. É virtude que deve atuar no pensamento, toda vez que estivermos julgando, analisando e refletindo sobre o outro. O indulgente não vê os defeitos de outrem, ou se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão daquela pessoa, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria. O homem de bem é indulgente para com as fraquezas dos outros porque sabe que ele mesmo precisa de indulgência, e se recorda das palavras do Cristo: Aquele que estiver sem pecado lhe atire a primeira pedra. Não se satisfaz em procurar defeitos nos outros, nem colocá-los em evidência. Se a necessidade o obriga a fazer isso, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Finalmente, o perdão das ofensas nos coloca na posição de não mais odiar. É a virtude que triunfa sobre o ressentimento, sobre o ódio, o rancor, o desejo de vingança ou de punição. Perdoar é dar o direito a cada um de ser como é, e nos dar o direito de ser como estamos – entendendo que nosso estado atual é provisório e devemos estar em constante melhoria. Benevolência, indulgência e perdão – eis o caminho da caridade, da salvação, da felicidade do Espírito – tão sonhada por nós. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 886, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 19.7.2013.

sábado, 16 de abril de 2016

CARIDADE: AMOR EM AÇÃO

Você já pensou a respeito do amor ao próximo, recomendado por todas as grandes religiões do Mundo? Certamente quando pensamos no amor-sentimento, como uma forte afeição, confiança plena, deduzimos que é difícil amar os próprios amigos, e quase impossível amar os inimigos. No entanto, vale a pena refletir sobre os vários significados da palavra amor. Paulo de Tarso, quando escreveu aos Coríntios, no capítulo 13, falou da caridade como sendo o amor em ação. Disse o apóstolo:
"A caridade é paciente, é benéfica; não é invejosa nem temerária; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não é injusta, apóia a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera." 
Interessante refletir sobre o amor por esse ângulo. No dicionário encontramos mais uma definição de amor: 
"Sentimento de caridade, de compaixão de uma criatura por outra, inspirada pelo sentido de sua relação comum com Deus." 
Assim fica mais fácil compreender o amor e praticar o amor para com os semelhantes. Pois se é verdade que nem sempre você consegue controlar o que sente por outra pessoa, pode perfeitamente escolher o seu comportamento com relação a ela. Se uma pessoa age mal, se é agressiva, desonesta, você pode escolher agir com respeito, paciência, honestidade, mesmo que ela aja de maneira inversa. Assim se expressa o amor-ação, o amor-atitude, o amor-comportamento. Podemos deduzir, pelas palavras de Paulo de Tarso, que foi a esse amor que ele se referiu, em sua Carta aos Coríntios. E faz mais sentido se entendermos que foi esse amor-atitude que Jesus recomendou que praticássemos para com nossos inimigos. Não podemos sentir ternura sincera por alguém que nos agride ou que fere um afeto nosso, mas podemos ter atitudes de tolerância, perdão, compaixão. Como todos ainda somos imperfeitos e sujeitos a cometer equívocos, devemos ter, uns para com os outros, atitude de benevolência, que é uma faceta do amor-ação. Assim sendo, sempre que se deparar com situações que lhe exijam fazer escolhas, você poderá escolher ter uma atitude amorosa, sem que para isso precise sentir amor pelo próximo. Ter atitudes de paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, é escolha de quem deseja cultivar a paz. Além disso, agir com serenidade diante das situações adversas, é uma escolha sábia, faz bem para a saúde física e mental e não tem contra-indicação. Mas se reagimos com agressividade, ódio, descontrole, estaremos minando nossa saúde de maneira desastrosa. Não é por outra razão que, após uma crise dessas, surgem as dores de cabeça, de estômago, de fígado, dores lombares, e outras mais. Vale a pena refletir sobre tudo isso e procurar agir como quem sabe o que está fazendo, e não como quem aceita toda provocação e reage conforme as circunstâncias, infelicitando-se ainda mais. Pense nisso! A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo. Agir com calma é atitude de quem tem controle sobre a própria vontade. Lembre-se: Agir com calma é agir com caridade. E há a caridade em pensamentos, em palavras e em ações. Ser caridoso em pensamentos é ser indulgente para com as faltas do próximo. Ser caridoso em palavras, é não dizer nada que possa prejudicar seu próximo. Ser caridoso em ações é assistir seu próximo na medida de suas forças. Pense nisso, e coloque seu amor em ação. 
Redação do Momento Espírita, com pensamento extraído do item 3, do capítulo XIX de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

CARIDADE - SÍNTESE DO AMOR EM AÇÃO

Após a morte de Jesus, Simão Pedro foi para Jerusalém e, junto a corações amigos do Amigo que partira, fundou uma casa de assistência. O seu objetivo era atender aos órfãos, viúvas e doentes. Chamou-a Casa do Caminho. Se o objetivo era nobre e necessário, manter aquele atendimento era bastante difícil. Os necessitados chegavam todos os dias, batendo àquela porta de misericórdia e poucos eram os recursos. Por isso mesmo, todas as manhãs, o apóstolo Pedro saía a pedir, em nome do Cristo, batendo às portas de conhecidos e comerciantes. Pedia comida para os seus asilados, roupas, enfim, o que tivessem para lhe ceder. Ao final da tarde, retornava com os braços carregados de donativos, cansado, extenuado. Na manhã seguinte, tudo se repetia. Paulo de Tarso, que há pouco abraçara o Cristianismo, após a visão magnífica da Estrada de Damasco, visitando a obra assistencial, verificou que muito se fazia ali pelo corpo físico das criaturas. Mas o Espírito não era alimentado. Pedro retornava tão cansado das suas jornadas que não conseguia se deter para lhes falar de Jesus. Onde estava a mensagem, perguntava Paulo, em nome da qual se erguera aquela Casa? Aqueles seres necessitavam do pão, das vestes, da cama limpa e de medicamentos. Muito mais que isso, precisavam de alimento para as suas almas. E esse se chamava Boa Nova, o Evangelho de Jesus. Assim, pensando em resolver a problemática da Casa do Caminho, propôs ao velho apóstolo Pedro que aqueles abrigados que tivessem condições poderiam aprender uma profissão e trabalhar para auxiliar no sustento. Ele mesmo, Paulo, se propôs a ensinar a sua profissão. Ele era tecelão, sabendo manejar muito bem os fios de cabra, de camelo, a lã das ovelhas. Animado com a idéia, outro companheiro de Paulo, de nome Barnabé, que era oleiro, se dispôs a ensinar o seu ofício. Logo mais, a Casa do Caminho se autossustentava pelo trabalho dos que ali recebiam as suas bênçãos. E Pedro pôde se voltar para a tarefa de levar conforto aos corações, espalhando os ensinos de Jesus a todos. Graças a essa medida, a Casa do Caminho sobreviveu por anos, atendendo os seus objetivos assistenciais. Sobretudo, esclarecendo os Espíritos dos homens, que tinham dessa forma a sua sede de justiça saciada, a sua fome de amor atendida. Esclarecidos, os que dali partiam, curados das suas mazelas físicas, retornavam ao Mundo com novos valores nos seus corações, mais aptos para as lutas de cada dia. Para que a obra prosseguisse no tempo, Paulo procurou, em seguida, braços fortes. Eram pessoas que diziam seguir Jesus mas não saíam de suas casas. Nada faziam para melhorar a situação do mundo. Ele as buscou e as convidou ao trabalho pelo bem do próximo. Com tal atitude, Paulo de Tarso inaugurou na Terra a era da caridade. 
 * * * 
A palavra caridade foi cunhada por Paulo de Tarso. Seu significado é amor em ação. O Divino Mestre falou intensamente a respeito do amor. Amor ao próximo, amor aos inimigos, amor entre os Seus seguidores. Paulo, tomando de todos esses ensinamentos, os sintetizou em uma palavra: Caridade.
Redação do Momento Espírita com base na palestra Conceito espírita de caridade, proferida por Raul Teixeira, no ano de 1999. Em 10.07.2009.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A CARIDADE

Dentre as maravilhas ensinadas por Jesus de Nazaré, o homem que dividiu a nossa História, está a caridade. Um costume muito comum aos fariseus, era o de tentar o Mestre, fazendo-Lhe perguntas que julgavam embaraçosas. Todavia, Jesus a todas respondia com presteza e sabedoria. Certo dia, um deles, que era doutor da lei, propôs a seguinte questão: 
-”Mestre, qual o grande mandamento da lei?” 
Jesus lhe respondeu: 
-“Amarás o senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. Esse o maior e o primeiro mandamento. Eis o segundo, que é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo, como a ti mesmo."E acrescentou: "toda lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” 
Como é fácil perceber, Jesus sintetizou a Lei e todos os ensinos dos profetas nestes dois mandamentos: 
Amar a Deus e ao próximo. 
Se um não for cumprido, o outro também não será, ou seja, não se pode amar a Deus, sem amar Seus filhos, ou amar os filhos sem amar o Pai. Podemos compreender com isso, que Jesus falava da caridade, pois na seqüência da resposta Ele narrou a parábola do samaritano. A parábola faz referência a três pessoas que se depararam com um homem ferido no caminho, e ressalta que quem se compadeceu e o socorreu foi um samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor ao próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Percebemos nos ensinos de Jesus, que a prática da caridade é uma condição para a conquista da felicidade. Vejamos que a caridade não é somente dar coisas, mas doar-se ao próximo, condição que não requer recursos financeiros nem influência social. Todos podemos fazê-la. O apóstolo Paulo fala da caridade com as seguintes palavras: 
-“Ainda que eu tivesse a linguagem dos anjos; tivesse o dom da profecia que penetrasse todos os mistérios; tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.” E prossegue dizendo: “E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.” 
Está bem claro nos ensinos de Paulo, que o fato de distribuir os bens materiais não é suficiente, ou não é só nisso que consiste a verdadeira caridade. A caridade material é apenas uma faceta, a outra é a caridade moral. Não basta ter fé, não precisa ser profitente desta ou daquela religião, é preciso ter caridade como a entendia Jesus: 
-“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. 
É, em resumo, fazer ao próximo todo o bem que desejamos que o próximo nos faça. 
 * * * 
"Nos caminhos claros da inteligência, muitas vezes as rosas da alegria completa produzem os espinhos da dor, mas, nas sendas luminosas da caridade, os espinhos da dor oferecem rosas de perfeita alegria”. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 4 do cap. XV de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Caridade do livro Dicionário da alma, Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

CARGAS DESNECESSÁRIAS

Conta-se que um homem caminhava vacilante pela estrada. Em uma das mãos levava um tijolo e, na outra, uma pedra. Nas costas carregava um saco de terra e do pescoço pendiam algumas vinhas. Completando a inusitada carga, equilibrava sobre a cabeça pesada abóbora. Sua figura chamava a atenção e um transeunte o deteve e lhe perguntou:
- Por que você carrega esta pedra tão grande? 
O viajante olhou para a mão e comentou: 
- Que estranho! Eu nunca havia notado que a carregava. 
Assim dizendo, lançou fora a pedra, continuando sua marcha, sentindo-se agora bem melhor. Mais adiante, outro transeunte, lhe indagou: 
- Você parece muito cansado. Mas, por que carrega uma abóbora tão pesada? 
- Estou contente que me tenha perguntado. – falou o viajante. Eu nem havia notado o que estava fazendo comigo mesmo. 
Então, jogou para longe a abóbora, prosseguindo a andar com passos mais leves. Assim foi pelo caminho todo. Cada pessoa que ele encontrava, lhe falava de um dos pesos que ele levava consigo. Por sua vez, o viajante os ia descartando, um a um, até se tornar um homem livre, caminhando como tal. Seus problemas, acaso, eram a pedra, o tijolo, a abóbora? Naturalmente, não. Era a falta de consciência da existência delas. Quando as viu como cargas desnecessárias, lançou-as longe, liberando-se. Esse é o problema de muitos de nós. Carregamos a pedra dos pensamentos negativos, o tijolo das más impressões, a pesada carga de culpas por coisas que não se poderia ter evitado. Penduramos ao pescoço a autopiedade, conceitos de punição e de que tudo está perdido, sem solução. Não é de nos admirarmos, pois, que nos sintamos tão cansados, sem energia! Portanto, hoje, verifiquemos se estamos carregando a canga da mágoa, o mármore do remorso, a lápide da culpa. Seja um tijolo de recriminações ou uma grande pedra de queixas, lancemos tudo longe. Aprendamos a nos libertar e sintamo-nos mais leves, seguindo pela estrada da vida como quem anda ao sol, em plena primavera, aspirando o ar das manhãs, enchendo pulmões e oxigenando o cérebro. Desafoguemos o coração dos quilos de mágoa e vivamos lúcidos, perseguindo objetivos maiores. Não culpemos a outrem pelo nosso desânimo e nosso cansaço. Olhemos para nós mesmos, conscientizemo-nos das cargas desnecessárias, tomemos as devidas providências. Sigamos felizes, leves, conscientes, perseguindo metas de saber, luz, paz, felicidade. 
 * * * 
Mantém a tua consciência desperta. Não te deixes consumir pelo desalento ou por qualquer sentimento de incapacidade. Aprimora-te sempre. Ilumina-te sempre e trabalha para alcançares a felicidade, que tanto anseias. 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autor desconhecido. Em 24.09.2008.

terça-feira, 12 de abril de 2016

CARGA INÚTIL

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Certo dia, um professor, atento ao comportamento dos seus alunos, observou que poderia ajudá-los a resolver alguns problemas de cunho íntimo e propôs uma atividade. Pediu a todos que levassem uma sacola e algumas pedras, de vários tamanhos e formas para a próxima aula. No dia seguinte, orientou que cada um escolhesse uma pedra e escrevesse nela o nome de cada pessoa de quem sentiam mágoa, inveja, rancor, ou ciúme. A pedra deveria ser escolhida conforme o tamanho do sentimento. Depois que todos haviam terminado a tarefa, o professor pediu que colocassem as pedras na sacola e a carregassem junto ao corpo para todos os lugares onde fossem, dia e noite. Se alguma pessoa viesse a lhes causar sofrimento ainda intenso, eles poderiam substituir a pedra por uma maior. E se uma nova pessoa os magoasse, deveriam escolher uma nova pedra, escrever o nome dela e colocar na sacola. E quem resolvesse o problema com algumas das pessoas cujos nomes haviam escrito nas pedras, poderiam retirar a pedra e lançá-la fora. Assim foi feito. Algumas sacolas ficaram cheias e muito pesadas, mas ninguém reclamou. Naturalmente, com o passar dos dias, o conteúdo das sacolas aumentou em vez de diminuir. O incômodo de carregar aquele peso se tornava cada vez mais evidente. Com o passar dos dias os alunos começaram a mostrar descontentamento. Afinal de contas, estavam sendo privados de muitos movimentos, pois as pedras pesavam e alguns ferimentos surgiram, provocados pelas saliências de algumas pedras. Para não esquecer a sacola em nenhum lugar, os alunos deixavam de prestar atenção em outras coisas que eram importantes para eles. Passado algum tempo, os alunos pediram uma reunião com o professor e falaram que não dava mais para continuar a experiência, pois estavam cansados de carregar aquele peso morto e alguns ferimentos incomodavam. O professor, que já aguardava pelo momento, falou-lhes com sabedoria:
-Essa experiência foi criada para lhes mostrar o tamanho do peso espiritual que a mágoa, a inveja, o rancor ou o ciúme ocasionam. Quem mantém esses sentimentos no coração, perde precioso tempo na vida, deixa de prestar atenção em fatos importantes, além de provocar enfermidades como consequência. Esse é o preço que se paga todos os dias para manter a dor e os sentimentos negativos que desejamos guardar conosco. Agora a escolha é sua. Vocês têm duas opções: jogam fora as pedras ou continuam a mantê-las diariamente, desperdiçando forças para carregá-las. Se vocês optarem pela paz íntima terão que se livrar desses sentimentos negativos. 
Um a um os alunos foram se desfazendo das pesadas sacolas e todos foram unânimes em admitir que estavam se sentindo mais leves, em todos os sentidos. A proposta era de deixar com as pedras os ressentimentos que cada uma delas representava. E isso dava a cada um a sensação de alívio. Por fim todos se abraçaram e confessaram que naquele gesto simples descobriram que não vale a pena perder tempo e saúde carregando um fardo inútil e prejudicial. 
 * * * 
Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores. Redação do Momento Espírita com base em história de autoria desconhecida e no verbete Mágoa, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 16.11.2011.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

CARÊNCIA E DIGNIDADE

Estamos vivendo uma fase de transição na Terra. Valores que até ontem regiam a vida em sociedade são colocados em dúvida. Padrões de comportamento estão em constante alteração. Em um mundo onde tudo muda demais, atenua-se a fronteira entre o correto e o incorreto. Os freios morais tornam-se frágeis e nada mais parece chocante. Nesse contexto, é frequente os homens perderem seus referenciais de valores. Em consequência, acabam achando que tudo é válido e que o importante é realizarem as mais delirantes fantasias. Os maiores desatinos são cometidos na seara afetiva, sob a singela justificativa de serem fruto de carência. A liberdade tende a ser invocada como um valor absoluto, que não experimenta quaisquer limites. O problema são as consequências desse gênero de comportamento. Será que a ausência completa de pudor prepara dias de paz para as criaturas? Experiências sexuais exóticas ou relacionamentos fugazes podem trazer algum sentimento de plenitude para os seus praticantes? A falta de comedimento no vestir, no comer e no viver colabora para a saúde do corpo e da alma? Em face da aparente ausência de limites para o comportamento humano, é conveniente recordar a sentença do apóstolo Paulo segundo a qual tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém. Ante as muitas opções que nos são ofertadas, devemos verificar quais delas nos ajudam a atingir os nossos objetivos. Se o mundo e seus valores não nos satisfazem e o fruir de estranhos divertimentos nos deixa uma sensação de vazio e insatisfação, eis um sinal a ser considerado. Provavelmente, isso significa que já sentimos necessidade de plenitude, autoconhecimento, saúde e paz. Sendo assim, não importa que à nossa volta imperem a libertinagem e a leviandade. Somos responsáveis apenas por nossas decisões e por gerir nosso próprio processo evolutivo. Na verdade, o homem moderno é profundamente carente. Mas o fato de experimentar gozos de efêmera duração não lhe trará felicidade efetiva. A carência real da Humanidade é de dignidade e de paz. Ninguém se pacifica e dignifica instigando seus instintos e vivendo suas mais baixas fantasias. Tal espécie de comportamento apenas estabelece laços com seres ainda desequilibrados. Não banalizemos nossos carinhos e nem degrademos nossos corpos. Sejamos criteriosos em nossos relacionamentos, pois as pessoas não são descartáveis. Experiências fortuitas às vezes suscitam expectativas que talvez não estejamos dispostos a atender. Mas, uma vez estabelecido o vínculo, este pode se tornar duradouro e pesado. Afinal, ninguém brinca impunemente com a vida e os sentimentos dos outros. A paz pressupõe poder observar os próprios atos com satisfação, sem remorso ou vergonha. A dignidade é uma conquista do ser que domina a si próprio, que desenvolve valores e hábitos nobres. Não devemos utilizar a solidão como desculpa para manter condutas ou relacionamentos levianos. Esse sentimento pode ser melhor gerenciado com a prestação de serviços aos semelhantes, a adesão a grupos de estudo, ou de auxílio aos necessitados. Do mesmo modo, a libido pede esforço educativo, para não se converter em fonte de dores e doenças. Ao falarmos em carência, reflitamos sobre o que de fato nos falta. Se nossa carência for de paz, plenitude de sentimentos e bem-estar, agir de modo digno e prudente é o melhor modo de supri-la. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 07.12.2009.

domingo, 10 de abril de 2016

CARACTERÍSTICAS DO HOMEM INTEGRAL

Cosme Bastos Massi
Quais são as características que definem o homem integral? Poderíamos dizer que o homem integral é o indivíduo que desenvolveu ao máximo as suas três faculdades essenciais: a faculdade de pensar, a de sentir e a de querer, ou a razão, o sentimento e a vontade. O pensar e o querer são as faculdades ativas do homem integral, o sentir é a faculdade passiva. Nesse sentido, podemos dizer que o pensar e o querer partem do homem, o sentir acontece nele. Em geral, sempre se considerou a razão como o patrimônio maior, e talvez único, da inteligência. Por isso, desenvolver a inteligência significava quase que exclusivamente o desenvolvimento da razão ou do pensar. O homem inteligente é aquele que sabe pensar. É preciso ensinar a pensar, se diz freqüentemente. Fomos levados a acreditar que o papel mais importante do educador é ensinar a pensar. Nos dias atuais, entretanto, a inteligência emocional também tem sido difundida. Muito se tem falado da relevância dos aspectos emocionais no desenvolvimento da inteligência. O ensinar a sentir passou a fazer parte do vocabulário dos educadores, embora não com a mesma força do ensinar a pensar. Pouco, no entanto, tem sido dito da inteligência volitiva, ou inteligência associada à vontade. O papel dessa inteligência na formação integral do homem precisa ser melhor explorado. E a razão é simples. Nunca, como agora, os valores éticos e políticos se tornaram tão necessários. A sociedade moderna, no plano nacional e mesmo internacional, reconhece a importância dos valores éticos na conquista de uma vida mais justa. Aliás, direito e justiça resultam do uso adequado da vontade, ou do querer. Portanto, são frutos de uma inteligência volitiva bem desenvolvida. Ousamos afirmar que a sociedade moderna padece as conseqüências de não ter dado a devida importância ao desenvolvimento da inteligência volitiva. Educadores, em geral, preocupados com a construção de uma sociedade mais justa, deverão assumir, como compromisso inadiável, a tarefa de desenvolver a inteligência volitiva. Uma educação para o desenvolvimento harmônico das inteligências racional, emocional e volitiva deve ser um dos mais importantes objetivos de uma instituição de ensino e de todo educador. Os valores do sentimento e da moral sempre ficaram em segundo plano. Sempre foram considerados como pertencentes aos homens fracos e menos espertos. E esse desprezo trouxe sérias conseqüências, pois muitas das conquistas da Ciência viraram instrumento de violência e submissão. A violência e a guerra ganharam em requinte e sofisticação. O homem atual sabe muito, mas sofre e é infeliz. Sem o sentimento e a vontade para conduzir adequadamente a razão, o homem moderno caminha como um viajante num deserto sem oásis. Sabe para onde ir, mas não encontra a água para matar a sede. Sede de paz e de justiça. Sede de amor e de liberdade. Para reverter esse estado de coisas, é fundamental voltar nossos olhos para o desenvolvimento das inteligências emocional e volitiva. Sem as conquistas do sentimento e da vontade o homem continuará sedento. É comum encontrar pessoas que desenvolveram muito apenas o pensar e que, dominadas pelo orgulho, tornaram-se arrogantes e presunçosas. Carecem da virtude mais importante na caracterização do homem sábio: a humildade. Sem a humildade perdem boas oportunidades de continuar aprendendo. Pensam que já sabem tudo. Existem indivíduos muito inteligentes e com grande habilidade de decisão, mas vingativos e perversos, verdadeiros déspotas. Por outro lado, encontramos indivíduos com bons sentimentos, mas que não conseguem tomar decisões corretas. São, com freqüência, iludidos, enganados pelos mais espertos. O homem integral, portanto, é aquele que logrou o desenvolvimento harmônico do pensar, do sentir e do querer. O indivíduo que é senhor do próprio pensamento, dos sentimentos e da vontade, pode ser considerado um homem virtuoso, um homem integral. Pensemos nisso, e acionemos a vontade para conquistar essa meta. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Educação integral, de Cosme Bastos Massi, disponível no site:
www.educacional.com.br/articulistas/cosme0001.asp
Em 27.10.2008.

sábado, 9 de abril de 2016

CAPTANDO UM S.O.S.

Às vezes ela ficava assim, sem ânimo para pensar em algo que lhe preenchesse aquela sensação angustiante de vazio, que lhe invadia o peito. Um vazio enorme e pesado, com o qual não conseguia lidar. Deitava-se, querendo sumir através do sono, mas o sono não chegava. Levantava-se. Pensava em ir para a frente da televisão. Mas só de imaginar a pouca atração que lhe seria oferecida, desistia, antes mesmo de ligar o aparelho. Um trabalho manual, talvez... Mas, qual? Para quê? Para quem? Ler um livro interessante. Sim. Mas, qual? Que sensação de incapacidade, de invalidez com aquele misto de angústia... Chorar não conseguia nesses momentos. Conversar, não tinha assunto. Cantar então, nem pensar... 
-Oh,meu Deus! Sim, Deus, Deus deve me entender, pensou ela um dia. Vou falar com ele. 
Lembrou-se de que sua mãe a orientava para orar. Sentou-se em sua cama e fez uma singela oração. Rogou ajuda, pediu por algo que a auxiliasse a se desvencilhar daquela angústia, daquele vazio. E, enquanto pensava em sua própria condição, acudiu-lhe à mente a lembrança de outros tantos que poderiam estar sentindo o mesmo que ela e que, igualmente, precisavam de ajuda. E rogou a Deus por eles. O pensamento, veloz, se reportou aos que haviam partido para a Espiritualidade: pais, irmãos, amigos. E também pediu por eles, devagar, evocando um a um, mentalmente. Quando concluiu a prece, sentiu vontade de ouvir uma música. Selecionou um CD e as harmonias de uma trilha clássica encheram o ambiente. Ela se pôs a ouvir e pareceu bailar na melodia. Quanto tempo escoou, não saberia dizer. Mas, um certo bem-estar a envolveu. Mal se dera conta de que, enquanto orava por si e pelos demais, enquanto se deixava embalar pelas ondas sonoras, foi amplamente abençoada por salutares energias espirituais.
 * * *
Ao fazermos sentidamente uma oração, atraímos energias positivas que nos equilibram as emoções, e beneficiam, igualmente, quem se nos aproxima. Nosso anjo de guarda ou amigos espirituais encontram campo propício, graças ao canal da prece, para nos estender o socorro adequado. Depois do dia de muitos e exaustivos atendimentos ao povo, sempre insaciável por benesses, Jesus buscava a orla marítima ou outro recanto da natureza, para dialogar com o pai. Era o momento de seu contato mais estreito com Deus, retemperando as próprias energias. Exatamente por conhecer o valor da prece, Jesus nos ensinou a buscar o Pai em segredo e desnudar a alma. Para nos facilitar o entendimento, legou-nos a mais bela e completa oração que se conhece na Terra, o Pai nosso. E, como a lei é de amor, o Mestre nos ensinou a orarmos pelas próprias e pelas alheias necessidades. Pelos que se encontram na carne e pelos que realizaram a grande viagem. Dessa forma, se o desalento tentar nos minar as forças, se a tristeza se aproximar, enlaçando-nos, recordemo-nos de acionar a prece em nosso favor. E, reconhecendo que todos os filhos de Deus sobre a Terra somos infinitamente carentes, envolvamos nosso próximo em nossas rogativas. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 25.9.2015.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

CAPÍTULO FINAL

Sra. Emília Chiquin Tessari
Era inverno de 1923, quando uma criança chegou ao mundo, trazendo consigo uma história para ser escrita... Era uma menina e se chamava Emília. Chegava ao mundo trazendo a esperança pela mão... Emília amava as flores, e seus olhinhos brilhavam quando via margaridas, cravos, cravinas, dálias, rosas... Ah! As rosas... As rosas eram, para Emília, as mais especiais das flores... E foi entre as flores que aquela garotinha de olhar vivo, cresceu... Mas com o passar do tempo Emília percebeu que no mundo não havia só jardins, havia também espinhos, ervas daninhas, pragas diversas... Notou que existem tempos de secas e de enchentes, dias de sol e dias de sombras, noites de luar e noites sem estrelas... Quando tinha apenas 16 anos, Emília conheceu os horrores da segunda guerra mundial, e percebeu que existem coisas muito feias que o egoísmo das pessoas consegue criar... No entanto, ela nunca se deixou levar pelos dias amargos... O nome Emília, que é de origem latina, quer dizer trabalhadora, lutadora, e ela honrou seu significado. Apesar dos espinhos que encontrava no caminho, Emília jamais desistiu das flores, porque sabia que as flores valem a pena... Os anos se passaram e a jovem Emília resolveu cultivar, nos jardins da própria alma, as flores mais raras que existem na face da terra: os filhos. Junto com o companheiro eleito de sua vida, ela trouxe ao mundo 3 flores únicas, às quais dedicou seu tempo, seu carinho, sua alma de mãe. Ela sabia que cada pessoa é uma flor única... Não há no universo outra igual... E se o Divino Cultivador as depositou em seu lar, confiando-as aos seus cuidados, era preciso honrá-las com dedicação e amor... E foi isso que aquela personagem anônima fez durante toda a sua vida... Depois vieram os netos, bisnetos, tataranetos, todos tratados como flores raras, únicas, especiais... Foi assim que a menina Emília, que chegou ao mundo naquele inverno longínquo de 1923, havia cumprido sua missão, havia escrito a sua história. Amou, suportou com coragem os 83 invernos de sua existência, e nunca deixou de semear e cultivar flores... Partiu no inverno de 2006, e a despedida foi enfeitada de flores. Hoje ela cultiva jardins no mundo espiritual, aguardando a chegada dos seus amores, quando eles também concluírem o último capítulo de sua história, e partirem ao encontro do seu abraço de amor... Afinal, todos sabem que o túmulo não é um beco sem saída, é apenas uma passagem, que se fecha ao crepúsculo, e a aurora vem abrir novamente. Pense nisso! A existência no corpo físico é apenas uma pequena parte da história de nossa trajetória pela eternidade afora. É uma breve passagem pela escola da vida terrestre. Pelos nossos ditos e feitos é que seremos lembrados, quando partirmos para a pátria verdadeira. Nossa forma de ser ficará impressa nas mentes e nos corações que também fizeram parte dessa história. Pensemos nisso! 
TC 18/08/2006 Equipe da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto escrito por Terezinha Colle, em homenagem a Sra. Emília Chiquin Tessari, por ocasião da missa de 7º dia do seu falecimento.