segunda-feira, 11 de abril de 2016

CARÊNCIA E DIGNIDADE

Estamos vivendo uma fase de transição na Terra. Valores que até ontem regiam a vida em sociedade são colocados em dúvida. Padrões de comportamento estão em constante alteração. Em um mundo onde tudo muda demais, atenua-se a fronteira entre o correto e o incorreto. Os freios morais tornam-se frágeis e nada mais parece chocante. Nesse contexto, é frequente os homens perderem seus referenciais de valores. Em consequência, acabam achando que tudo é válido e que o importante é realizarem as mais delirantes fantasias. Os maiores desatinos são cometidos na seara afetiva, sob a singela justificativa de serem fruto de carência. A liberdade tende a ser invocada como um valor absoluto, que não experimenta quaisquer limites. O problema são as consequências desse gênero de comportamento. Será que a ausência completa de pudor prepara dias de paz para as criaturas? Experiências sexuais exóticas ou relacionamentos fugazes podem trazer algum sentimento de plenitude para os seus praticantes? A falta de comedimento no vestir, no comer e no viver colabora para a saúde do corpo e da alma? Em face da aparente ausência de limites para o comportamento humano, é conveniente recordar a sentença do apóstolo Paulo segundo a qual tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém. Ante as muitas opções que nos são ofertadas, devemos verificar quais delas nos ajudam a atingir os nossos objetivos. Se o mundo e seus valores não nos satisfazem e o fruir de estranhos divertimentos nos deixa uma sensação de vazio e insatisfação, eis um sinal a ser considerado. Provavelmente, isso significa que já sentimos necessidade de plenitude, autoconhecimento, saúde e paz. Sendo assim, não importa que à nossa volta imperem a libertinagem e a leviandade. Somos responsáveis apenas por nossas decisões e por gerir nosso próprio processo evolutivo. Na verdade, o homem moderno é profundamente carente. Mas o fato de experimentar gozos de efêmera duração não lhe trará felicidade efetiva. A carência real da Humanidade é de dignidade e de paz. Ninguém se pacifica e dignifica instigando seus instintos e vivendo suas mais baixas fantasias. Tal espécie de comportamento apenas estabelece laços com seres ainda desequilibrados. Não banalizemos nossos carinhos e nem degrademos nossos corpos. Sejamos criteriosos em nossos relacionamentos, pois as pessoas não são descartáveis. Experiências fortuitas às vezes suscitam expectativas que talvez não estejamos dispostos a atender. Mas, uma vez estabelecido o vínculo, este pode se tornar duradouro e pesado. Afinal, ninguém brinca impunemente com a vida e os sentimentos dos outros. A paz pressupõe poder observar os próprios atos com satisfação, sem remorso ou vergonha. A dignidade é uma conquista do ser que domina a si próprio, que desenvolve valores e hábitos nobres. Não devemos utilizar a solidão como desculpa para manter condutas ou relacionamentos levianos. Esse sentimento pode ser melhor gerenciado com a prestação de serviços aos semelhantes, a adesão a grupos de estudo, ou de auxílio aos necessitados. Do mesmo modo, a libido pede esforço educativo, para não se converter em fonte de dores e doenças. Ao falarmos em carência, reflitamos sobre o que de fato nos falta. Se nossa carência for de paz, plenitude de sentimentos e bem-estar, agir de modo digno e prudente é o melhor modo de supri-la. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 07.12.2009.

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