A palavra caridade, tão conhecida das pessoas e instituições que a ela se propõem, nem sempre é bem entendida e raras vezes é bem praticada.
Salvo raras exceções, as instituições dão coisas às pessoas carentes sem observarem um elemento indispensável na filantropia: o respeito.
Os direitos dos carentes geralmente são desconsiderados. Aqueles que lhes oferecem coisas em nome da caridade, por vezes se esquecem de que eles são gente.
Esquecem-se de que têm gosto, preferências, tamanho de roupa, número de calçado e paladar.
Às vezes, eles batem às portas abertas à caridade pela primeira vez e são abordados sem escrúpulos pelos atendentes que os obrigam a lhes fornecer dados e mais dados sobre sua vida íntima.
Afinal, quem está precisando de ajuda que se sujeite a esse tipo de investigação, sem reclamação.
Se o assistido ousa pedir algo diferente, imediatamente recebe a resposta: Se não está bom, pode procurar outro lugar melhor.
É importante que nos perguntemos até que ponto nossa caridade está sendo praticada dentro do modelo ensinado por Jesus.
O parâmetro sugerido pelo Cristo, somos nós mesmos. O referencial é sempre aquele que pratica a caridade, pois a recomendação é de fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem.
Então, temos que nos questionar se gostaríamos de vestir uma roupa de número 50, quando nosso manequim é 42, se calçaríamos um sapato 40 quando nosso número é 36 ou um 32 quando calçamos 38.
Temos ainda que nos perguntar se comeríamos algo que detestamos, ou se ouviríamos uma música que nos irrita, só pelo fato de sermos pobres.
Um dia, vimos uma senhora caridosa oferecer, sem critério algum, roupas usadas a uma mãe carente.
Ela agradeceu, dirigiu-se ao um canto da sala e abriu a sacola para contemplar o que ganhara.
Minutos depois ela retornou, dirigiu-se à senhora e lhe falou com educação:
-Creio que a senhora se enganou. Lá em casa não tem homem. Meu marido morreu e meu dois filhos são menores de dez anos, e na sacola só há roupas masculinas de adultos.
-Ora, respondeu secamente a caridosa, e desde quando pobre tem número de roupa e calçado?
É só encher os sapatos com jornal e arregaçar as mangas das camisas e calças!
A mãe, constrangida diante das demais pessoas que a observavam, abaixou a cabeça, tomou as mãos dos filhos e saiu sem dizer uma única palavra.
Ao ganhar a rua ouvimos o filho mais velho, que devia ter uns oito anos dizer, numa tentativa de consolar a mãe que não conseguira conter as lágrimas doloridas que lhe brotavam da alma:
-É verdade, mamãe! Eu e o mano estamos crescendo rápido, logo logo poderemos usar essas roupas e calçados, por favor, não chore mais mamãe!
* * *
Nem sempre as pessoas que buscam a caridade alheia são desocupadas, ou vivem totalmente às custas dos outros.
Existem mães viúvas que buscam corações sensíveis que lhes ajudem a manter vivos os filhos queridos.
Há filhos órfãos que precisam encontrar uma mão estendida para os livrar das garras da morte.
Há pais de família que, mesmo trabalhando de sol a sol, não ganham o suficiente para manter com vida os filhos doentes.
E não nos esqueçamos jamais, que nenhum de nós está livre de precisar da caridade alheia.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita
Em 05.07.2010.
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