terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O BOM E O RUIM

Ela era uma jovem talentosa e rica. Jamais conhecera dias ruins. Crescera entre os livros, a arte e as horas de lazer. Mas então decidiu deixar o lar paterno. Tinha sonhos grandiosos. Inscreveu-se em um curso em país europeu e partiu. Meses depois, surpreendeu a família informando que pretendia não mais retornar à casa. Identificava-se de tal forma com os costumes e a vida do país onde se encontrava, que se decidira por não retornar à terra natal. Conseguir emprego para se manter foi um desafio. Falando fluentemente o inglês e o alemão, venceu barreiras. Em uma tarde de passeio encontrou um rapaz, tão jovem quanto ela própria, e se apaixonou. O namoro durou alguns meses, depois veio o matrimônio. Ele era escocês e logo ela descobriu que eram muito diferentes. Ele manifestava atitudes que a magoavam profundamente. Ela se sentia só e infeliz. Idealizara uma vida serena, a dois, e tudo o que encontrava a cada dia eram problemas se somando a dificuldades. Recordou-se do aconchego materno e passou a telefonar para sua mãe, nas horas da madrugada, quando se sentia mais desesperada. 
-Não aguento mais, disse uma noite. 
-Que posso fazer, a tantas milhas de distância? 
Perguntava a mãe. Servindo-se de palavras doces, foi acalmando a filha. E, por fim, lhe disse: 
-Filha, apanhe um sabonete e escreva num espelho: 
-"Isso vai passar." Amanhã lhe telefonarei. 
-Quando a noite foi vencida pela madrugada ridente e as horas vespertinas se anunciaram, ela telefonou para a filha. Em prantos, a moça lhe disse: 
-Eu escrevi, mamãe, como você mandou. Mas não adiantou nada. Nada passou. 
Do outro lado da linha, a voz firme da mãe se fez ouvir: 
-Torne a apanhar o sabonete e embaixo da frase, escreva agora: 
-"O bom e o ruim." 
A filha não conseguiu entender muito bem o que a mãe lhe desejava dizer com aquilo, mas obedeceu. Então, quando o telefone tornou a tocar, na rica residência dos pais, a voz da filha estava mais calma:
-Eu entendi, mamãe. Entendi que devo analisar as coisas positivas, não somente ressaltar as questões ruins do meu casamento. Escrevi tudo o que de bom já vivi com John. Quando comecei a relacionar as coisas ruins, percebi que não eram tantas quanto supunha. Vou reformular minha vida. Vou tentar outra vez. Desejo ser feliz com ele. 
Aliviada, a mãe percebeu que alcançara o objetivo. A filha estava analisando fatos e opiniões. 
 * * * 
Não existem na Terra casamentos perfeitos. Existem, sim, casamentos harmoniosos, porque o casal se empenha em amenizar as diferenças, preocupa-se em renunciar a meros pontos de vista. Tudo em prol da boa convivência. Não se cogita de anulação da personalidade de um ou outro, somente em ajuste de entendimento, com paciência e boa vontade. Mesmo porque, acima e além de tudo, existe o amor. E o amor é capaz de superar diferenças. Promover a paz e solidificar a união. 
Redação do Momento Espírita, com base em história real. Em 05.04.2010.

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