quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

BAGAGEM PARA A MORTE

Naqueles dias, as manchetes alardearam a morte de personalidade internacional famosa. Por quase uma semana, elas ocuparam as páginas dos principais jornais, estiveram nas rádios e nas emissoras de TV. O mundo inteiro tomou conhecimento dos detalhes do funeral, amplamente coberto pela imprensa. Uma das curiosidades registradas foi mencionada por um dos familiares do falecido, que informou que, a pedido dele, fora colocado nos bolsos do paletó que vestia ao ser enterrado, algumas moedas, um maço de cigarros de sua marca favorita, um isqueiro e uma garrafa de especial bebida alcoólica, de seu hábito. Tais notícias nos levaram a pensar sobre o que realmente podemos levar conosco ao morrermos. A citada personalidade não é a primeira a manifestar desejos de levar objetos para o túmulo, nem foram os objetos almejados os mais estranhos. O que causa estranheza é nos encontrarmos tão avançados em tecnologia e ciência, e tão ignorantes ainda da nossa condição de Espíritos. Servimo-nos dos bens da Terra e nos vinculamos a eles de tal maneira, que os desejamos portar conosco para toda a eternidade. Objetos de estimação. Imprescindíveis. Tais são as expressões como são referendadas as últimas vontades de jamais se separar deles. Nem na morte. Contudo, a morte nos remete para outra realidade. O mundo espiritual, onde tais apetrechos materiais de nada servirão ao Espírito, senão para o manter aprisionado à carne, ao mundo que acabou de abandonar. Impedem-lhe, pois, a verdadeira libertação. Quando se trata de objetos que traduzem os nossos vícios, cria-se um vínculo ainda maior, no sentido de que se parte para o mundo espiritual com a certeza de prosseguir nos mesmos desatinos da Terra. O dito popular expressa que só se leva da vida a vida que se leva. E tem razão. As únicas coisas que nos haverão de servir na Espiritualidade, finda a vida corpórea, serão as ações praticadas e as conquistas espirituais. Somente elas partem conosco e se constituirão em nossas alegrias ou em nossas desditas, no mundo para o qual nos deslocamos ao morrer. 
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Na Grécia Antiga era costume se enterrarem os mortos com suas joias e vestimentas. Os exageros eram tão grandes que um legislador estabeleceu que se reduzisse ao máximo de três o número de vestimentas a seguirem com o cadáver. Na Roma Antiga era hábito se alimentar, periodicamente, os que haviam partido com leite, carne e frutas. Acreditavam então que o morto necessitaria de tudo aquilo na nova vida que iria viver. Convenhamos que, após o advento de Jesus e Sua lição de Imortalidade, cabe-nos abraçar a verdade, abandonar a ignorância e viver como Espíritos imortais que somos, preparando-nos de forma digna para o retorno à pátria espiritual, quando soar a nossa hora. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O que Sinatra levou consigo, publicado na Revista Isto é, nº 1496. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, ed. Fep. Em 03.11.2010.

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