Norman Cousins |
Quantas vezes você reclamou da sujeira das ruas? Quantas vezes adjetivou como relaxada a pessoa que joga papel, lata, pacotes vazios pela janela do carro, emporcalhando a rodovia?
Normalmente, a reação é de desagrado e se costuma afirmar que quem assim procede é porque lhe falta educação.
Contudo, uma questão existe que parece escapar à observação superficial. É que, de um modo geral, algumas pessoas, porque veem sujeira em locais públicos, resolvem por também serem descuidadas.
O papel da bala, do bombom, que poderia ser guardado no bolso ou na bolsa até chegar a uma lixeira, é descartado em qualquer lugar. Isto é, no chão.
Por acreditar que se aprende pelo exemplo, um taxista inovou com seu carro. Quando ainda era empregado de limpeza numa empresa de táxis, observara que, no fim do dia, os táxis pareciam uma lata de lixo.
Eram papéis jogados ao chão, assentos e puxadores das portas pegajosos. Tão logo conseguiu sua carteira de motorista profissional pôs em prática a sua ideia.
Lustrou bem o táxi que lhe deram para dirigir. Arranjou um tapete bonito.
Cada vez que um passageiro saía, ele verificava se tudo estava em ordem para o cliente seguinte.
Voltava sempre com o táxi impecável para a empresa. Logo mais, resolveu colocar umas reproduções pequenas de quadros célebres, no interior do carro.
Vinte e cinco anos depois, esse taxista afirmou: Ninguém me decepcionou. Cada passageiro que entrava, comentava como o táxi era bonito, diferente. E ninguém deixava nenhuma sujeira nele: nem papéis, nem restos de casquinhas de sorvete, nem chicletes.
Nem um pouquinho de lixo. E filosofando, concluiu: As pessoas gostam de coisas bonitas. Se plantarmos mais árvores e flores pela cidade, se tornarmos os edifícios mais atraentes, aposto que mais pessoas iriam utilizar as latas de lixo.
Aquele motorista tem uma boa dose de razão. Todos nós, com o dom da vida, recebemos também um senso estético.
A maior parte das pessoas não precisa aprender sobre a raridade da beleza, do bom tom. Age e reage quando a encontra.
E, se tiver o sentimento de que faz parte dessa beleza, contribuirá para que ela se estenda por todos os lugares.
E são essas pessoas que continuam fazendo a grande diferença no mundo. São essas que dão exemplos para os que ainda não têm olhos de ver.
Essas veem uma lata abandonada na calçada e a recolhem, para jogá-la, logo adiante, na lixeira. Alguns mais corajosos, quando observam alguém descartando papéis pela rua, se aproximam e alertam ao descuidado: Amigo, o senhor deixou cair alguma coisa ali atrás.
São essas criaturas que primam pela seleção do lixo, que o acondicionam bem e disponibilizam, nos dias certos, para a coleta pública.
São essas criaturas que se preocupam com a reciclagem, com o descarte correto dos produtos. Criaturas que plantam flores, regam jardins, mantêm o quintal e a frente de sua casa sempre limpos.
Que tal engrossarmos as fileiras desse tipo de pessoa? Afinal, quem não deseja viver entre a beleza, a limpeza, os perfumes e a saúde?
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um táxi meio diferente, de Norman Cousins, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 1982.
Em 19.04.2011.