sábado, 9 de maio de 2015

MÃES DO SILÊNCIO

Em Belém, a noite clareava-se pela conta infinita de estrelas que pairava no firmamento. Eles procuravam por um quarto simples em uma hospedaria, no qual pudessem passar a noite. Mas faltavam vagas. Um nobre senhorio, tomado de compaixão pela senhora que se encontrava em estágio final de gestação, ofereceu-lhes sua estrebaria, de modo que, ao menos, não dormissem ao relento. Agradecido, o casal acomodou-se sobre o feno destinado à alimentação dos animais. Naquela mesma noite, a jovem deu à luz um menino, cujo nome já havia sido escolhido: Yeshua, do original hebraico ou Jesus, na tradução latina. O casal, José e Maria, O contemplavam. Seus pequenos olhos, Suas mãos frágeis, os movimentos de Seu diminuto corpo. Após ligeiro descanso, Maria tomou o menino ao colo e, amamentando-O, sentiu seu coração de mãe ficar apertado. Ela sabia da grandiosa missão de seu pequeno, da imensa responsabilidade dEle para com toda a Humanidade. Trinta anos se passaram. Então, seguido por doze apóstolos, Jesus iniciou Sua vida pública, trazendo à Humanidade a lei magna do Universo: a lei do amor. Em oposição ao olho por olho, dente por dente, ofereceu o perdão, o amor ao próximo, a caridade e a humildade. Por vezes, foi criticado, atacado e, até mesmo, posto à prova, por conta de Suas ideias revolucionárias. Manteve-se sempre na postura de quem serve, de quem se doa. O ponto culminante foi quando, diante da autoridade romana, foi-lhe destinado o madeiro da cruz. Inocente de toda culpa, foi crucificado por não agradar aos interesses da classe dominante da época. Por trás de toda Sua missão e Sua via crucis, esteve a figura de Maria. Seu coração de mãe sofreu todos os amargurantes momentos que culminaram na crucificação de seu filho. Silenciosa e humilde, ela legou à Humanidade um grande exemplo de resignação. 
* * * 
Em toda mãe, há um traço de Maria. São mães que se desesperam diante de um filho dependente químico. Mães que dormem em frente aos presídios, esperando o horário das visitas. Mães cujos corações se desfazem em saudades do filho que retornou à pátria espiritual. Mães que se abstêm de horas preciosas de sono a velar o recém-nascido, um filho doente. Ou preocupadas com o filho adolescente que demora no retorno para casa. Mães que, no silêncio de seus atos, amam sem interesse, que se oferecem em sacríficio, se necessário for, pelo bem-estar dos seus. Mães que, a exemplo de Maria, sabem servir, se doar, se calar, sabem ouvir. Mães que sempre possuem a palavra precisa, na hora certa e da maneira correta. Mães que, mesmo do outro plano da vida, continuam a zelar e a interceder a Deus pelo filho de seu coração. Mães que fazem do mundo um lugar melhor, embelezando-o com seus gestos de puro amor. Discretas, singelas. Mães do silêncio. 
Redação do Momento Espírita. Em 11.5.2013.

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