O rei Salomão foi um rei judeu considerado dos mais sábios. Durante seu reinado, viveram em Sião dois irmãos que eram agricultores e semeavam trigo.
Quando chegou a época da colheita, cada um foi colher o trigo no seu campo.
Uma noite, o irmão mais velho juntou vários feixes da sua colheita e os levou para o campo do irmão mais novo, pensando:
Meu irmão tem sete filhos. São muitas bocas para alimentar. É justo que eu lhe dê uma parte do que consegui.
Contudo, o irmão mais novo também foi para o campo, juntou vários feixes do seu próprio trigo, carregou até o campo do irmão mais velho, dizendo para si mesmo:
Meu irmão é sozinho, não tem quem o auxilie na colheita. É bom que eu divida uma parte do meu trigo com ele.
Quando se ergueram ambos, pela manhã, e foram para o campo, ficaram muito admirados de encontrar exatamente a mesma quantidade de trigo do dia anterior.
Chegada a noite seguinte, cada um teve o mesmo gesto de gentileza com o outro.
Novamente, ao acordarem, encontraram seus estoques intactos.
Foi na terceira noite, no entanto, que eles se encontraram no meio do caminho, cada qual carregando para o campo do outro um feixe de trigo.
Abraçaram-se com força, derramaram muitas lágrimas de alegria pela bondade que os unia.
A lenda conta que o rei Salomão, ao tomar conhecimento daquele amor fraterno, construiu o Templo de Israel naquele lugar da fraternidade.
O amor fraterno é um dos exercícios para se alcançar a excelsitude do verdadeiro amor.
Os que nascemos numa mesma família, como irmãos de sangue somos, as mais das vezes, Espíritos que já nos conhecemos anteriormente em outras existências.
É isso que explica os laços do afeto que nos unem. Embora ocorram casos em que os irmãos se detestem, chegando mesmo ao ponto de se destruírem mutuamente, comove observar como tantos outros se amam e se auxiliam.
Percebe-se, pela sua forma de agir, que nasceram para amparar-se mutuamente e alcançar objetivos altruístas.
É comovente observar como Deus dispõe os seres de forma a exercitarem o amor.
Lembramos de uma família na qual o segundo filho é portador de enfermidade que o impossibilita, desde os verdes anos da infância, a ter uma vida dentro dos parâmetros considerados de normalidade.
Necessita de amparo constante, pois até mesmo as refeições não consegue fazer sozinho.
E o irmão menor, extremamente dedicado, sempre pronto a atendê-lo. Eu ajudo, são suas palavras mais frequentes.
Amor fraterno. Felizes os que aproveitam a oportunidade do exercício e estabelecem pontes eternas do seu para o outro coração.
* * *
Nossas famílias são planejadas antes de renascermos.
Nesse planejamento são levados em conta os nossos contatos anteriores.
Isto explica, sem sombra de dúvidas, as simpatias e antipatias que, desde o berço, envolvem os que nos reunimos em uma mesma família.
Redação do Momento Espírita com base em lenda judaica.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6,ed. FEP.
Em 24.2.2014
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