terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

UM AJUSTE DE VONTADE

Certa feita, Jesus afirmou que não fazia a Sua vontade, mas a do Pai do céu. Em uma leitura apressada, talvez se conclua que Ele abdicou de Sua liberdade enquanto esteve na Terra. Nessa linha, teria renunciado até à faculdade de querer, para atender os desígnios Divinos. Ocorre que a liberdade é um dos grandes atributos espirituais, que confere mérito a qualquer conduta. Nenhum ser humano minimamente equilibrado e refletido se disporia a agir como marionete. Quem aceitaria se tornar um escravo, mesmo a preço de ouro? Jesus também disse que a verdade nos libertaria. Bem se vê o quanto a liberdade é preciosa, pois representa a culminância de um processo de aprendizado. Quando o Espírito compreende a essência dos mecanismos que regem a vida, torna-se amplamente livre. Liberta-se da ardência dos sentidos, de dores e de vícios. A liberdade é uma Lei da vida. Tem como suas naturais contrapartes a responsabilidade e o mérito. Porque pode optar entre várias condutas possíveis, a criatura tem mérito ou demérito conforme o que decida realizar. A ninguém é lícito suprimir a liberdade do próximo ou transferir a responsabilidade dos seus atos a terceiros, ao segui-los sem refletir. Assim, ao eleger a vontade Divina como Sua, Jesus não abdicou da Sua própria liberdade. Ele a utilizou da forma mais sublime possível. Absolutamente livre em Sua excelsa pureza e sabedoria, decidiu querer o que Deus queria. Por livre vontade, tornou-Se o instrumento da misericórdia Divina na Terra. Fez-se professor, médico e amigo de Seus irmãos menores. O Cristo não Se ressentia da missão que Lhe cabia. Não reclamava e nem blasfemava. Com Seu íntimo asserenado pela completa integração com o Divino, foi forte e sábio em todas as situações. * * * Convém refletir sobre esse significativo exemplo. O melhor que pode ocorrer a qualquer criatura é ajustar sua vontade aos desígnios Divinos. Deus é pleno de um amor incomensurável e deseja o melhor para Seus filhos. Por isso, faculta-lhes tantas reencarnações de aprendizado e resgate quantas sejam necessárias. A finalidade dessas incontáveis experiências é que o Espírito vença a si mesmo e se torne radiosamente sublime. Ciente disso, não reclame de dificuldades, não se sinta uma vítima e nem se rebele. Cumpra com dignidade todos os seus deveres, por difíceis que se apresentem. Mas o faça satisfeito, e não desgostoso, como quem cumpre uma pena. Realizar fantasias e satisfazer apetites dificilmente lhe trará plenitude. Mas se integrar na ordem cósmica, pelo amoroso cumprimento do papel que lhe cabe no mundo, garantirá seu acesso a vivências de gloriosa alegria. Pense nisso. Redação do Momento Espírita. Em 28.10.2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário