quinta-feira, 30 de junho de 2022

A IMAGEM DA CRUZ

Toda quinta-feira à noite, um homem ia nadar em uma piscina coberta. Ele tinha um costume muito estranho. Corria até à água, molhava o dedão do pé, depois subia no trampolim mais alto e, com um esplêndido salto mergulhava na água. Era um excelente nadador. As pessoas ficavam intrigadas com aquele costume de molhar o dedão antes de saltar na água. Um dia, alguém tomou coragem e lhe perguntou a razão daquele hábito. O homem sorriu e respondeu: 
-Sim, eu tenho um motivo para fazer isso. Há alguns anos, eu era professor de natação de um grupo de homens. Meu trabalho era ensiná-los a nadar e a saltar do trampolim. Certa noite, não conseguia dormir e fui à piscina para nadar um pouco. Como professor de natação, eu tinha uma chave para entrar no clube. Não acendi a luz porque conhecia bem o lugar e a claridade da lua brilhava através do teto de vidro. Quando estava sobre o trampolim, observei minha sombra na parede em frente, com os braços abertos, e aquela imagem me chamou atenção. Minha silhueta formava uma magnífica cruz. Em vez de saltar, fiquei ali, parado, contemplando a imagem. Naquele momento, pensei na cruz de Jesus Cristo e em Seu significado. Eu não era cristão, mas quando criança aprendi um cântico cujas palavras me vieram à mente e me fizeram recordar que Jesus tinha Se entregado à morte, por amor à Humanidade. Não sei por quanto tempo fiquei ali, parado, sobre o trampolim, com os braços estendidos e nem compreendo porque não pulei na água. Finalmente, desci e fui até à escada para mergulhar na água. Quando meus pés tocaram o piso duro e liso... percebi que a piscina estava completamente vazia. Na noite anterior tinham esvaziado a piscina e eu não havia percebido! Senti um tremor no corpo e um calafrio na espinha. Se eu tivesse saltado, seria meu último salto. Naquela noite, a imagem da cruz na parede salvou a minha vida. Ali mesmo agradeci a Jesus por ter permitido que eu continuasse vivo. Fiquei por algum tempo ajoelhado à beira da piscina. Aquela situação havia mexido profundamente com a minha alma, e daquele dia em diante meus valores se modificaram sensivelmente. 
E, por fim, o rapaz perguntou ao seu interlocutor: 
-Agora você compreende porque eu molho o dedão antes de saltar na água? É para me certificar se a piscina está mesmo cheia.
 * * * 
Acima dos acontecimentos corriqueiros do nosso dia-a-dia, existem forças que regem todas as coisas, de acordo com as Leis soberanamente justas do Criador. 
Assim, nunca pensemos que certas situações acontecem por obra do acaso. 
Todos, sem exceção, estamos mergulhados no pensamento Divino, como peixes num grande oceano. 
Dessa forma, nunca deixemos de dar graças por tudo que nos acontece, pois só acontece com a permissão de Deus, Nosso Pai misericordioso, justo e bom. 
Redação do Momento Espírita com base em mensagem de autoria ignorada. 
Em 15.10.2010.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

COMO UM MENINO...

Em tempos de guerras e violências urbanas, de tantos quereres, em tempos em que muitos desconsideram a escola, a instrução, a família, alguns fatos nos levam a reconsiderar nossa maneira de ver o mundo. 
Na capital cearense, próximo à casa, a família sofreu um assalto. 
E o que mais desgostou o menino, de apenas seis anos, ao chegar em casa, foi perceber que a sua mochila, com todo seu material escolar, também fora levada pelo assaltante. 
Desejando, ardentemente, que ela lhe fosse devolvida, porque queria fazer a atividade escolar, ele recorreu a quem, sem dúvida, resolveria a questão. 
Não pensou que a polícia pudesse, em algum momento, encontrar o ladrão e lhe devolver a mochila. 
Não pensou que seu pai poderia fazer um apelo pelas redes sociais e, quem sabe, conseguir a devolução. 
Ele pensou em Alguém em Quem aprendeu a depositar sua fé. 
Uma fé, que pode ter trazido, dentro de si, ao renascer. 
Mas, que, com certeza, foi alimentada pelos pais, desde o berço. 
Ele foi fazer a sua rogativa a Jesus, pedindo que Ele dissesse ao rapaz que levara sua mochila que a devolvesse. 
Ele precisava do seu material. 
E logo.
Porque tinha dever de casa para fazer. 
Um pedido muito simples, sem palavras difíceis nem longos comentários.
Então, um telefonema ao pai do garoto informou que a mochila fora encontrada e que, no dia seguinte, seria entregue no colégio. 
Bem, Jesus não conseguiu que ela chegasse no mesmo dia. 
Mas, Daniel entendeu que a sua rogativa fora atendida. 
Quem pensa que tudo acabou por aqui, se engana. 
Se aquele coração de menino era portador de fé, também nele brotava robusta a árvore da gratidão. 
E foi desejando agradecer que ele resolveu ofertar ao amigo algo que ele próprio gosta muito: uma maçã. 
Deixou a fruta sobre a mesa, no local de orações da escola, com uma cartinha dentro de um envelope: 
"Obrigado, Jesus, por atender a minha prece. 
Espero que goste da maçã. Daniel."
Enquanto o relato nos emociona, por descobrir tanta inocência num coração de menino, cogitamos de quanto seria bom se tivéssemos fé semelhante. 
Uma fé que não tem somente o tamanho de um grão de mostarda. 
É bem maior. 
E nos fala, igualmente, do poder da oração. 
Uma oração que, dirigida aos céus, encontrou eco e, de alguma forma, chegou ao coração de quem tudo levara no assalto. 
Terá jogado a mochila em alguma casa próxima da escola? 
Terá sido simplesmente porque descobrira nada ali ter valor para si? 
Os que sabemos do quanto atuam os Espíritos em nossos pensamentos, bem podemos crer que um mensageiro do bem lhe tenha dado a ideia de se desfazer daquela mochila, de devolvê-la. 
Por fim, registre-se a atitude do garoto ao receber de volta o seu tesouro.
Ele não comemora simplesmente, ele deseja demonstrar a sua gratidão. 
E o que, em sua mente, tem de melhor, aquilo de que mais gosta, oferece ao amigo. 
Um amigo real, com quem ele pode contar, sempre. 
Bem asseverou Jesus que para adentrar o reino dos céus devemos nos assemelhar a um menino. 
Um menino. 
Qualquer menino inocente, portador de fé e de gratidão. 
Redação do Momento Espírita, com narrativa de fato ocorrido em Fortaleza, Ceará, com o garoto Daniel Oliveira. 
Em 27.6.202

terça-feira, 28 de junho de 2022

MIMOS DE DEUS

Já nos demos conta de como, em grande parte do dia, ou até na maioria deles, andamos com a máscara da preocupação afivelada na face? 
Quem nos veja, diariamente, talvez até pense que somos infelizes.
Infelizes porque precisamos trabalhar muito, porque temos muitas contas a pagar, porque os filhos estão pedindo mais do que possamos dar, porque não nos sentimos realizados profissionalmente, porque não fomos aprovados no concurso para o qual estudamos tanto. Infelizes porque o namoro não deu certo, porque o Natal se aproxima, estamos de mal com a família e não sabemos como ou onde passaremos esses dias em que o mundo inteiro festeja, sorri, brinca, troca presentes. 
Somos, em verdade, muitos os que trazemos nos ombros o peso do mundo e vamos nos dobrando para o solo. 
No entanto, deveríamos nos exercitar, na Academia de Deus, levantando o nosso rosto. 
Se fizéssemos isso, poderíamos perceber as roseiras florindo no jardim do nosso vizinho, umas avezitas recém-saídas do ninho, ensaiando seus primeiros voos, entre os arbustos. 
Poderíamos perceber que o sol brilha e sentir a carícia do calor em nossa face. 
Simplesmente, sentir. 
Oferecer mimos, sem data estabelecida, sem olhar para o calendário é próprio de quem ama. 
E ninguém nos ama mais do que Deus, nosso Pai. 
Um Pai tão amoroso que, na selva de pedra, faz brotar no minúsculo orifício do muro envelhecido uma pequenina flor. 
Sozinha, mas tão viçosa. 
Para todos os que passam ela se enche de cor e se exibe. 
No gramado da praça, as pétalas caídas dos ipês criam aquarelas de beleza. 
Quando passeamos pela alameda de árvores frondosas, um vento brando sacode a ramaria e despeja pequenas folhas à nossa passagem. 
Somos uma pessoa tão importante assim, que nos é providenciada uma chuva de confetes naturais para nos saudar? 
Sim, somos muito especiais. 
Filhos do Dono do Universo. 
Filhos gerados na Luz e abençoados todos os dias com o dom da vida, com o acariciar do vento, a balbúrdia da tormenta, a composição artística das nuvens, o imenso céu azul e uma noite de estrelas. 
Tudo isso está aí, ao nosso redor. 
Somente continuamos entristecidos porque não alongamos o olhar, não levantamos a face, não nos permitimos ver a beleza que nos rodeia. 
Sim, estamos num mundo onde, conforme asseverou Jesus, teremos aflições. 
Contudo, não somente aflições. 
Para arrefecer a canícula, Deus providencia a brisa ligeira. 
Para amainar as dores da nossa alma, Ele nos oferece muitos mimos.
Exatamente como quem ama, o faz, a qualquer hora que o coração determine. 
São tantos mimos e tão constantes, que nos esquecemos de sermos gratos, nos esquecemos de que Ele existe e nos ama. 
Quando pensarmos nisso, quando começarmos a usufruir de tantos agrados, todos os dias, sentiremos que nossas dores ficarão menos intensas, nossas cargas menos pesadas. 
Aproveitemos os mimos de Deus, agora mesmo, agradecendo o dom da audição, que nos permite ouvir as mensagens.
O dom da visão que nos permite enxergar as maravilhas dos céus e da Terra. 
O dom da vida. 
Mimos de Deus. 
Sejamos gratos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 28.6.2022.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

O ILUSTRE PERSONAGEM

Seu aniversário é comemorado por quase todo o mundo. 
Em torno dEle, da Sua figura, as pessoas se reúnem e até discutem. 
Discutem a respeito da Sua existência, do que fez, do que disse. 
Ele não escreveu nada, além de algumas palavras na areia, quando Lhe trouxeram uma mulher para ser julgada. 
Contudo, a respeito dEle se escreveram milhares de obras.
Sua fama correu o mundo. 
Sem dispor de títulos honoríficos ou diplomas universitários, o que disse constitui sabedoria e os que pautam a sua vida nas palavras dEle, encontram felicidade. 
Escolheu colaboradores a dedo, entre pessoas simples, mas de boa formação e a eles chamou amigos, cultivando a amizade. 
A Sua vida pública foi curta, quase três anos, mas muito polêmica. 
Ele falou a respeito de tudo, dizendo o que era certo, alertando para os erros, convidando as pessoas a pensarem a respeito do que viam, ouviam, não se permitindo simplesmente serem conduzidas como cegos sem direção. 
A Sua tônica era o bom senso. 
Dócil, sabia utilizar a energia quando se fazia necessário.
Amorável, distribuía amor aos que O buscavam. 
Sempre esteve com o povo, ao lado do povo e Seu verbo era especial para cada um. 
A pescadores, sabia falar de peixes e redes. 
Aos pastores, discursava sobre ovelhas, redil e a qualidade de bom pastor. 
Com as mulheres do povo, falava a respeito do fermento que leveda a massa, da preocupação que deveriam ter com seus filhos, com seu futuro. 
A todos convidava a agir no bem, como receita de felicidade.
Ensinava desprendimento, lecionando que a casa do Pai é de todos os filhos. 
E a casa do Pai é imensa. 
É o Universo. 
Abraçou crianças e as tomou em Seu regaço. 
Deteve-Se a falar a um moço bom que se sentia insatisfeito e buscava algo mais para sua vida. 
Convidou-o a segui-lO. 
Esclareceu o Doutor da lei que O procurou na calada da noite, para dissipar suas dúvidas e descerrou a ele e ao futuro, a revelação da vida que nunca morre, que se repete em tantas oportunidades até que o Espírito alcance a perfeição.
Comparou-Se ao pastor que conhece as Suas ovelhas e as protege. 
Comparou-Se ao amigo que dá a sua pela vida dos seus amigos. 
Aceitou para Si somente o título de Mestre. 
Não permitiu que O chamassem bom, pois esta denominação é exclusiva do Pai, o Senhor do Universo. 
Sempre respeitou as leis dos homens, mesmo que pudessem parecer tolas ou injustas. 
Pagou imposto no templo, exigência dos sacerdotes do Seu tempo. 
Exortou para que se pagasse o imposto a César, exigência do mundo das coisas transitórias. 
Sensível, entendeu a dor da viúva da cidade de Naim e porque descobrisse que o filho era portador de letargia, o convidou ao retorno à vida. 
Em casa de Jairo, tocou-Lhe a filha que parecia morta e a devolveu ao regaço dos pais. 
A Sua trajetória foi toda de luz. 
Nada exigia para Si, embora fosse a luz do mundo. 
Dizia não ter de Seu sequer uma pedra para repousar a cabeça. 
Confiante, ensinava que o Pai Celeste que atendia as pequeninas aves, que não semeavam e nem colhiam, igualmente atenderia às necessidades de todos os Seus filhos. 
Esteta, soube declamar poemas sobre a beleza da paisagem, enquanto ensinava que o homem é muito mais do que a erva do campo, que hoje é e amanhã é lançada ao fogo. 
Que Deus, o Pai de amor, vestia os lírios do campo e assim também providenciaria o necessário para os Seus filhos, mais valiosos que as flores que emurchessem. 
Ensinou que ninguém temesse a morte, porque todos são imortais e realizou a passagem desta para a vida espiritual, em oração: 
-Pai, em Tuas mãos entrego Meu Espírito. 
Retornou, glorioso, atestando a Imortalidade e, mostrando-Se aos Seus, permitiu que ouvissem Sua doce voz, outra vez a falar de paz e a afirmar: 
-Tende bom ânimo. Eu venci o mundo. 
Seu nome é Jesus. 
O filho de José e Maria. 
O filho de Deus, nosso Irmão e Mestre. 
Redação do Momento Espírita.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 21, ed. Fep.
Em 09.04.2012

domingo, 26 de junho de 2022

ILUSÕES

Há muito tempo, em Jerusalém, havia uma mulher por muitos desejada: era um vendedora de ilusões. Certa vez, ela caminhava pela cidade quando uma imagem lhe chamou a atenção: um jovem muito bonito, trajando uma túnica alva, sentado na escadaria do templo. Aquela figura a fascinou. Seguida por suas servas, ela se dirigiu para onde estava o moço, firmando nele o seu olhar. Ela parou diante dele e ele a fitou com interesse. 
-De onde vens, forasteiro? 
-De muito longe. 
Ele respondeu. 
-E tu me conheces? 
Disse-lhe a mulher. 
Ele apenas fixou-a nos olhos sem nada dizer. Aquele olhar quase a desconcertou, porém, sentiu-se estimulada e tornou a falar-lhe. 
-Queria convidá-lo para estar em minha casa esta noite, pois é meu aniversário e felicitar-me-ia com a tua presença. 
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe. 
-Ah! -Continuou a bela mulher.-Percebo que não me conheces. Pois saiba que príncipes e reis disputam meus carinhos. Os meus lábios têm o doce do mel e os meus braços a maciez da flor-do-campo. Venha à minha casa esta noite e eu te farei sentir o que nenhum homem jamais sentiu.
-Hoje, eu não posso. Outro dia, quem sabe. 
A negativa do jovem lhe machucava os brios. 
-Vem comigo! Ela insistiu. Jamais me humilhei assim diante de alguém. Percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo! 
-Hoje, eu não posso. 
Disse-lhe o homem, serenamente. 
A mulher saiu dali lançando sobre ele as palavras agressivas do orgulho ferido. 
Alguns anos mais tarde, Jesus estava pregando para o povo quando uma senhora o veio chamar em socorro de sua ama. Ele a atendeu, sem hesitar. Rumaram para uma cabana em ruínas onde, abandonada num canto, ao chão, com o corpo exalando o cheiro pútrido das feridas que se recusavam a cicatrizar, a antiga vendedora de ilusões se escondia. 
Jesus se aproximou e a tomou nos braços. 
-Saia daqui, você não sabe quem eu sou. 
Reclamou a mulher. 
-Vim atender ao teu chamado. 
Falou-lhe com ternura. 
-Trago-te a esperança. 
-Mas, por que insistes, já disse que não quero ser ajudada!
-Vem comigo, percebo em teu olhar uma diferente chama e assim procedo porque te amo! 
A mulher infeliz reconheceu que o jovem de antes viera finalmente ao seu encontro. 
* * * 
Assim é a máscara da ilusão. 
Sentimento passageiro e fútil que nos toma de vez em quando. 
Mas, com Jesus, a luz cairá sobre todos os que nos encontramos iludidos com o mundo e conosco mesmos, acordando para a realidade e a felicidade, servindo e amando verdadeiramente, sempre. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.7.2012.

sábado, 25 de junho de 2022

ILUSÕES E FANTASIAS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Se você fosse abordado por um vendedor de ilusões e fantasias, lhe daria ouvidos? 
Compraria seus produtos? 
Antes que você responda, pensemos um pouco sobre o assunto. 
Quando buscamos prazer no prazer alheio, estamos vivendo de ilusões e fantasias. 
Quando lemos revistas que exibem pessoas bonitas, elegantes, famosas, se deleitando em paraísos de mentira, estamos buscando sorver o prazer dessas pessoas como se estivéssemos em seu lugar. 
Há revistas especializadas em criar um mundo maravilhoso, do qual só podem fazer parte as pessoas ricas, bonitas e elegantes, ou, se não são bonitas, pelo menos devem ter estilo. E, nessas páginas que vêm maravilhosamente ilustradas, compramos fantasias e sorvemos ilusões e mentiras. 
Quando essas páginas retratam uma mulher jovem, bonita, no seu quinto casamento, estampando no rosto um sorriso amarelo, simulando felicidade, não podemos imaginar que essa seja a realidade. 
Não há pessoa que possa, por mais fria que seja, envolver-se com vários cônjuges e filhos, e sair sem ferir ou ferir-se.
Quando um homem, de mais de 60 anos, que acaba de deixar esposa e filhos se exibe, fingindo felicidade suprema, com uma esposa de 25, não pode estar vivendo mais que uma fantasia. 
Ou será que é possível construir a felicidade sobre os escombros dos outros, em cujos corações cravamos o punhal da infidelidade e da indiferença? 
Observemos, com atenção, os olhares dessas pessoas que vendem ilusões e fantasias e perceberemos sombras de tristeza imanifesta. 
São as gotas de amargura brotando nas profundezas da alma vazia e sem esperança. 
Assim, antes de mergulharmos no mar das ilusões aportando em ilhas de fantasias, reflitamos se esse é o caminho que nos conduzirá à felicidade efetiva. 
Busquemos, antes, exemplos de dignidade e honradez.
Tomemos, de preferência, o barco singelo do trabalho digno e vistamos o colete da honestidade para que estejamos seguros se, porventura, o mar ficar revolto. 
Não embarquemos na canoa furada das ilusões e fantasias, que não resiste aos embates das primeiras ondas da razão e do bom senso. 
Contou-nos um amigo, que esteve nos Estados Unidos, que uma senhora rica e excêntrica possuía um carro que era a sua paixão. Manifestou, em vida, o desejo de ser enterrada dentro dele. E assim foi feito. Quando morreu, os filhos prepararam o corpo e o colocaram no interior do veículo, enterrando-o conforme o desejo. Passado algum tempo, esse nosso amigo, que é médium, intrigado com aquele fato, foi abordado pelo Benfeitor espiritual que lhe disse com pesar: 
-É, a nossa irmã conseguiu que enterrassem o seu corpo num automóvel luxuoso, mas, infelizmente, no mundo dos Espíritos ela está a pé, dependendo da misericórdia alheia. 
Assim acontece com muitos de nós que nos permitimos viver de sonhos que nunca se tornarão realidade. 
* * * 
Agora já temos elementos para responder a pergunta inicial:
-Você compraria ilusões e fantasias? 
* * * 
Retiremos a venda dos olhos e despedacemos as lentes escuras que nos impedem fixar as claridades reais da vida, promovendo o nosso programa de ação eficiente onde nos encontramos. 
Nada de ilusões. 
Redação do Momento Espírita com pensamento do verbete Ilusões, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 07.12.2009.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

ILUSÕES DO MUNDO MATERIAL

Adélia sempre tivera uma vida social muito intensa. Desde criança, a mãe a estimulara a participar de concursos de beleza infantil. Mais tarde, foram os concursos juvenis e a busca pela atuação como modelo. Ela concorreu ao título de Miss em sua cidade, pois a mãe sonhava com o destaque social para sua única filha. Algumas vezes, a moça tentara se rebelar àquilo tudo, que não lhe agradava. Sempre em vão. De fato, era muito bonita. Seus cabelos cor de ouro, encaracolados, davam-lhe um encanto especial. Os olhos cor de mel e o sorriso encantador pareciam portadores de magnetismo, quando se dirigiam aos demais. Entretanto, os compromissos eram tantos que Adélia mal tinha tempo para si mesma. Queria ser como suas amigas, ter uma vida comum, porém, temia magoar a mãe. Os meses e os anos foram passando e a deixaram desgastada, inconformada, permitindo-se enredar em grave quadro depressivo. A mãe, desesperada, começou a busca pela saúde da filha. Somente então, Adélia ousou desabar em lágrimas e confessar ao terapeuta que não suportava aquele tipo de vida . Disse que desejava, intensamente, esvaziar-se de tudo. Não era feliz e nunca fora. Não pretendia magoar sua mãe, não sabia como resolver o problema. Desejava ser livre para decidir o que verdadeiramente queria para sua vida. 
* * * 
Como é importante que, na qualidade de pais e mães, nos conscientizemos de que nossos filhos são, como nós, indivíduos. 
Trazem consigo seus sonhos, provas, expiações e mesmo, missões a cumprir. 
Precisamos lhes dar liberdade de escolha, preparando-os para viver no mundo. 
Vivemos cercados de ilusões materiais, e ainda não aprendemos a lidar com essa realidade. 
Quantas vezes sentimos uma vontade imensa de mudar de vida, buscando novas e mais atraentes atividades? 
Quantas oportunidades de crescimento interior perdemos, por medo ou por não termos tempo? 
Quantos de nós, chamados para uma atividade de voluntariado, dispensamos o convite? 
Tudo em função de ilusões materiais, escolhidas ou impostas.
A inconformação que nos bate às portas do coração, gerando tristeza e caminhando para a depressão, muitas vezes tem sua raiz em situações semelhantes à que descrevemos.
Deixamos de atender ao nosso eu interior, vivemos conforme a moda que o mundo dita, sem coragem para buscar aquilo que nos seja de real valor. 
Existe sempre a necessidade de faxinarmos nosso íntimo e, se for o caso, mudarmos nossa forma de vida. 
É comum nos esquecermos de que somos um Espírito vivendo no corpo, e que, como Espíritos, precisamos de manutenção, de alimento condizente. 
Alimentamos o corpo. 
E o Espírito? 
Orações, boas leituras, boa música, meditação, conversas construtivas, programas culturais enobrecedores são alimentos especiais para a alma. 
Deixemos sempre um espaço em nossa agenda para essas pequenas grandes coisas que fazem a diferença em nossa vida. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.9.2015.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

O SOL REAL

Augusto Cury
Um pai muito atencioso percebeu que uma de suas filhas estava triste e desejou saber o que a estava deixando dessa forma. A garota respondeu que era criticada pelas amigas por ser simples, não gostar de ostentação e por não ter preocupação excessiva com a estética. Ela se sentia rejeitada e infeliz. O pai, grande educador, disse-lhe, com carinho:
-Filha, algumas pessoas preferem um bonito sol pintado num quadro. Outras preferem um sol real, ainda que esteja coberto pelas nuvens. 
Esperou uns segundos, como para deixar que a menina absorvesse as palavras. Em seguida, perguntou: 
-Qual é o sol que você prefere? 
Ela pensou um instante e respondeu: 
-O sol real. 
E o pai completou: 
-Mesmo que as pessoas não acreditem no seu sol, ele está brilhando. Você tem luz própria. Um dia, as nuvens que o encobrem se dissiparão e as pessoas irão enxergá-lo. Não tenha medo das críticas dos outros, tenha medo de perder a sua luz. 
Alguns jovens se sentem assim, como essa garota. 
Reféns da opinião dos outros, sofrem quando são criticados, porque o que mais desejam é serem aceitos. 
Um fato corriqueiro na vida dos jovens, e que nem todos conseguem superar, é a rejeição. 
O desprezo, a indiferença, os comentários maldosos, são geradores de graves dissabores na alma juvenil. 
Imaturos e inseguros, diante de uma situação de grande estresse, alguns jovens podem enveredar pelo caminho das drogas, da depressão, do desequilíbrio moral. 
Nesses momentos, são exatamente os pais zelosos que conseguem oferecer a segurança e o apoio de que necessitam os filhos, nessa faixa etária. 
Por isso se faz importante a atenção dos pais nesses dias em que as nuvens pairam sobre os corações juvenis, obscurecendo-lhes o sol interior. 
Ensinemos ao nosso filho a arte de construir a própria felicidade, ainda que tudo pareça conspirar contra. 
Mostremos a ele que o que os amigos pensam dele ou deixam de pensar, não intensificará a sua luz interior, nem a diminuirá. 
Digamos-lhe que o que faz a diferença é o que ele realmente sente e é. 
Ensinemos nosso filho a não se escravizar ao consumismo atormentado, à neurose de buscar a beleza física a qualquer custo, a não depender da opinião dos outros para ser feliz.
Ensinemos ao nosso filho que a verdadeira beleza está na alma, e não numa silhueta bem definida. 
Digamos-lhe que a beleza física é passageira como as flores de um dia, e que o Espírito é o ser imortal que sobrevive à matéria e transcende o tempo. 
* * * 
Mesmo que as pessoas não acreditem no seu sol, ele está brilhando. 
Você tem luz própria. 
Um dia, as nuvens que o encobrem se dissiparão e as pessoas irão enxergá-lo. 
Não tenha medo das críticas dos outros, tenha medo de perder a sua luz. 
Acreditemos nesta verdade e ajustemos o olhar do nosso filho para que ele também possa ver em si mesmo um sol real brilhando, mesmo que, por vezes, possa estar encoberto pelas nuvens. 
Pensemos nisso, e, se guardarmos algum tipo de medo, que seja o de perder a própria luz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, pt 1, do livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, de Augusto Cury, ed. Sextante. 
Em 23.6.2022.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

UM PAÍS LONGÍNQUO, UMA PRONÚNCIA IMPOSSÍVEL...

Quando assistimos, diariamente, o drama dos nossos irmãos ucranianos abandonando suas casas.
Quando vemos aqueles rostinhos infantis que olham, simplesmente olham, sem saber se terão um futuro. Ou onde será.
Quando vemos mães com seus bebês aconchegados ao peito, se indagando para onde os conduzirá o amanhã, lembramos de que já vimos isso muitas vezes. 
São reprises que se alternam no mundo: os judeus que moravam em território português e, no final do século XV, foram forçados a irem para outros países. 
A França assistiu ao êxodo maciço de populações belgas, holandesas, francesas, em 1940, nos meses de maio e junho, ante o avanço do exército alemão. Foi um dos maiores movimentos populacionais do século XX, na Europa. 
Com a atuação de Mao Tsé-Tung, na China, em 1958, criando o que ele denominou O Grande Salto Para Frente, muitas famílias fugiram da China. Chi Jing Hai com sua esposa e filhas pequenas, foi um desses. Na velhice, revivendo aqueles dias de incertezas, contava: 
-Estávamos todos em Hong Kong, possessão inglesa, prontos para sair do país, logo após a Segunda Guerra. A China estava em convulsão e a minha vida e da minha família corria perigo. Em Hong Kong, estávamos a salvo. O governo revolucionário da China não poderia nos alcançar, mas por quanto tempo não sabia. A espera por um visto nos segurava ali. Um visto para sair do país. O sonho era o visto norte-americano, com demora angustiante. Legalmente, não poderíamos ser atingidos, mas revolucionários idealistas se infiltravam em todos os lugares. Para espantar o medo, saraus musicais eram uma maneira elegante de nos distrair. Numa dessas noites, um amigo trouxe consigo um padre brasileiro. Tornar-se cristão era um meio de ser aceito no Ocidente. Naturalmente, aceitamos, minha esposa e eu. Alguns dias depois, o padre nos ofereceu o visto para um país longínquo e desconhecido. O nome de pronúncia impossível: Brasil. Essa foi uma das bênçãos que recebemos. Vivi o resto de minha vida no Brasil e agradeço a este país e seu povo a boa vida que tive. 
* * * 
Quando ouvimos esse depoimento, nos emocionamos.
Refugiados que chegam ao nosso país, com dificuldade enorme para aprender o idioma, tão diferente. 
Adaptar-se a costumes, a uma cultura totalmente diversa daquela em que cresceram, no culto dos seus antepassados.
Contudo, se adaptam. 
Realizam a grande transformação, absorvendo tanto quanto possam, usos e costumes tão diversos dos seus. 
Estudam, trabalham, progridem e colaboram para o crescimento do país que os acolhe. 
Eles são portadores de ricos conteúdos e os incorporam ao meio em que vivem. 
Mais do que tudo, se mostram gratos. 
Aceitam as dificuldades do país, dispostos ao trabalho, à superação. 
Não se voltam contra as leis. 
Respeitam diretrizes e normativas. 
Progridem e fazem progredir a outros. 
Aprendamos com eles: filhos nativos ou adotados por esta pátria, mãe gentil, sejamos gratos. 
Gratos por vivermos sob as estrelas do Cruzeiro do Sul, em um país no qual nossos filhos se preparam para serem os cidadãos honrados do amanhã. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.6.202

terça-feira, 21 de junho de 2022

A ILUSÃO DO XEQUE

Conta-se que, há muito tempo, uma caravana voltava de uma viagem do distante reino de Tiepur, liderada pelo Xeque Hamal Saedah. Era quase certo que no dia seguinte o grupo alcançaria, antes do nascer da lua, os portões de Bagdá, encerrando a longa jornada. No entanto, Hamal Saedah demonstrava inquietação e nervosismo. Quando indagado sobre isso por um de seus servos, respondeu, diante de todos os homens do grupo: 
-Nossa viagem está quase terminada, e estou certo que nada de grave, de importante ou de curioso acontecerá com nossa caravana. 
Depois de ligeira pausa, acrescentou desolado: 
-É por isso que pesa sobre mim uma nuvem sombria de inquietações e de desgostos. Afinal, duas caravanas foram enviadas pelo nosso rei ao país de Tiepur, antes da nossa. A primeira, chefiada por Labid, enfrentou uma estranha aventura. Os caravaneiros encontraram alta noite, em pleno deserto, um guerreiro fantasma. A segunda caravana, dirigida por Zobeir Dayer, ao deixar o oásis de Amin, viu-se envolvida por uma imensa nuvem de grilos selvagens e agressivos. Um dos caravaneiros pereceu nessa prodigiosa luta e dois outros ficaram feridos. Labid e Zobeir, logo que regressaram, foram recebidos pelo rei. E cada um deles pôde narrar uma aventura emocionante que arrancou aplausos e felicitações do monarca. O que direi eu ao rei, quando regressarmos? Nada terei para contar. E isso, para mim, é uma grande humilhação.
Ao romper da madrugada, Mojalek, um dos caravaneiros, despertou os demais, aos gritos, informando que o Xeque Hamal havia sido sequestrado. Segundo narrava Mojalek, três bandidos haviam lutado com o Xeque e, após dominá-lo, partiram a galope, levando-o. Formou-se um grupo de resgate, que saiu ao encalço dos bandidos, a fim de salvá-lo. Quando alcançados, no entanto, os bandidos não ofereceram resistência, fugiram como sombras, tomando rumo ignorado. O Xeque foi libertado com apenas um ferimento na cabeça e dois outros menores junto ao nariz. 
-Não querias uma aventura? - indagou Mojalek - Pois agora, terás o que contar ao rei. 
No dia seguinte, porém, já em Bagdá, quando era esperado pelo rei, o Xeque foi novamente interpelado por Mojalek. Este lhe entregou um papel dizendo que, se realmente pretendia contar a aventura ao rei, deveria antes lhe pagar o que devia. Surpreso, o Xeque leu o que havia no papel: 
Pelo pagamento para três falsos sequestradores, 300 dinares; para o aluguel de quatro cavalos, 60 dinares; pelas cordas e mordaças, 20 dinares, e para guardar absoluto sigilo, 5.000 dinares. 
Envergonhado pela farsa ridícula em que se vira envolvido, o Xeque pagou o que lhe foi exigido, porém, jamais narrou a falsa aventura a quem quer que fosse. Tendo em vista seu equivocado desejo de ser considerado um grande herói e viver indescritíveis aventuras, foi explorado de modo vil por um daqueles que o deveria servir. 
* * * 
Não são raros aqueles que passam a vida esperando por um grande acontecimento, uma grande aventura. 
Deixam de cumprir pequenas, mas relevantes tarefas, porque se consideram destinados a feitos de maior importância.
Assim, por orgulho, não se envolvem em trabalhos que consideram menores, e, por conseguinte, jamais estarão preparados para realizar grandes obras. 
Redação do Momento Espírita, com base na obra O livro de Aladim, pág. 31/41, de Malba Tahan, ed.Record 
Em 24.06.2009.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

A AGULHA PERDIDA

Bhagwan Shree Rajneesh
OSHO
Há uma lenda que narra que, certa noite, as pessoas viram a grande mestra Rábia procurando algo na rua, em frente à sua cabana. Elas se reuniram em torno dela e perguntaram: 
-O que aconteceu? O que você está buscando? 
E Rábia respondeu: 
-Eu perdi a minha agulha. 
Todos se dispuseram a ajudar na procura. Então, alguém perguntou: 
-Rábia, a rua é grande, a noite está chegando e logo não haverá mais luz. Uma agulha é uma coisa tão pequena. Se você não nos contar exatamente onde ela caiu, será difícil encontrá-la. 
A resposta da mestra foi: 
-Não pergunte isso. Não levante essa questão de modo algum. Se você quer me ajudar, ajude, caso contrário, não levante essa questão. 
Todos os que estavam procurando, pararam e insistiram: 
-Qual é o problema? Por que não podemos perguntar isso? Se você não diz onde ela caiu, como nós poderemos ajudar?
Ela esclareceu: 
-A agulha caiu dentro da minha casa. 
Quase indignados, falaram ao mesmo tempo: 
-Você enlouqueceu? Se a agulha caiu dentro da sua casa, por que você está procurando aqui? 
Então, veio a resposta surpreendente: 
-Porque a luz está aqui. Dentro da casa não há luz nenhuma.
Alguém retrucou: 
-Mesmo que a luz esteja aqui, como podemos achar a agulha se ela não foi perdida aqui? A atitude correta seria levar a luz para dentro da sua casa, só assim você pode achar a agulha.
Rábia sorriu e chegou ao ponto que desejava: 
-Vocês são pessoas tão espertas com pequenas coisas. Quando vão usar suas inteligências para suas vidas interiores? Vi todos vocês buscando do lado de fora e sei perfeitamente bem, sei, pela minha própria experiência, que aquilo que estão buscando está perdido dentro de cada um. A bênção que estão buscando, vocês a perderam dentro. E a estão buscando fora. A lógica de vocês é essa porque seus olhos podem ver facilmente o lado de fora, as suas mãos podem tatear facilmente o lado de fora. Porque a luz está fora, vocês estão procurando fora. Se vocês são realmente inteligentes, concluiu a mestra, então usem a sua inteligência. Por que estão buscando a bênção no mundo exterior? Vocês a perderam ali? 
Todos emudeceram, enquanto Rábia desapareceu no interior de sua casa. 
* * * 
É tão mais fácil procurar fora. 
A luz já está posta, basta olhar. 
Tudo parece bem claro e ao alcance das mãos. 
Falar em olhar dentro nos assusta. 
Há tanta escuridão, há tanto desconhecido. 
E ainda, ter que iluminar? 
Ter que fabricar luz? 
Isso parece que nos daria tanto trabalho... 
É por isso que grande parte de nós ainda permanece procurando a agulha perdida onde ela não está, do lado de fora de nossa casa íntima, apenas por ser mais fácil a busca.
Lembramos quantos mestres nos falaram sobre iluminação.
Trata-se dessa criação de lume interior. 
Das propostas de autoconhecimento da Grécia Antiga a Buda, de Jesus, a Luz do mundo, até os dias atuais, quando os estudos da alma falam da necessidade de luz interior. 
Onde andamos procurando nossa agulha perdida? 
Já temos coragem e disposição para, finalmente, entrar em nossa casa interior? 
Chegou o tempo. 
Pensemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 57, do livro Osho, Histórias de Transformação, de Rajneesh, ed. Cultrix.
Em 20.6.2022.

domingo, 19 de junho de 2022

A ILUSÃO DO REFLEXO

Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço. Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado. Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora. Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00. A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar. Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago. Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar. O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal. O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a joia. Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso. Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago. Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir. Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez. Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu. Deprimido por não conseguir apanhar o colar e consequentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali. 
-O que está fazendo, meu rapaz? 
O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa. O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém. Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado. Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor. 
-Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago. 
Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol. O que o rapaz via no lago era o reflexo dele. 
A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo. 
Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconsequentes. 
A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres. 
Ela reside na intimidade do ser. 
Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa. 
Nada ruim em desejar termos coisas. 
A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença.
Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes. 
Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão. 
Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa. 
Pensemos nisso. 
E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca.
Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual. 
Tudo é passageiro na Terra. 
Lembre disso. 
Redação do Momento Espírita com base em conto de autoria desconhecida.

sábado, 18 de junho de 2022

UM MUNDO DE DORES E BÊNÇÃOS

É comum reclamarmos do mundo, das coisas que observamos acontecer, das tantas tragédias provocadas pelo próprio homem. 
Quase sempre, nossa visão acanhada toma ciência das maldades cometidas pelo homem e dizemos que o mundo vai muito mal. 
Ouvimos falar de crimes hediondos, de corrupção em vários níveis, de tantos que desafiam a lei do respeito e da cidadania e dizemos que está tudo perdido, mesmo. 
Os anos se somam acumulando séculos e o homem continua lobo do próprio homem. 
Por vezes, chegamos até a duvidar que nossas atitudes corretas possam vir a produzir qualquer diferença positiva para cenário tão triste. 
No entanto, é bom que consultemos a História. 
É bom relembrar como éramos no ontem das nossas existências. 
Lembrar das mulheres que eram consideradas coisa alguma.
Recordar que a mulher era tida como propriedade do pai, depois do marido, que sobre seu destino decidia sem contestação da sociedade, ou de qualquer lei que lhe pudesse garantir direitos. 
Recordar que crianças bastardas tinham direito algum, podendo se lhes dar o destino que bem se quisesse. 
Olhemos para nosso mundo hoje. 
Sim, ainda pleno de equívocos, de maldade, até mesmo de crueldade. 
No entanto, basta que uma tragédia se instale em algum local do planeta e todos se irmanam em donativos, em auxílio, em voluntariado para saciar a sede, a fome dos envolvidos. 
O ser humano tem seu direito à vida assegurado. 
As mulheres conquistaram um largo espaço, podendo frequentar a escola, ilustrar suas mentes, tornando-as ainda mais brilhantes. 
Sim, há muito mal na Terra. 
Contudo, a soma de bens sobrepuja o que ainda persiste. 
A dor é socorrida com a anestesia e o medicamento. 
Doenças consideradas incuráveis são combatidas, ferozmente. 
A higiene é propalada como indispensável condição para a saúde e dignidade da vida. 
Sim, com o Apóstolo Paulo podemos afirmar que não somos perfeitos, que muito deve ser conquistado e melhorado. mas graças a Deus, já somos o que somos. 
Seres que se importam com o outro, que batalham por leis sempre mais justas, pela proteção do ser humano, desde o ventre materno. 
Por leis que assegurem a educação plena a todos, o direito ao teto e ao pão, leis que digam da correta remuneração a quem trabalha. 
Das aristocracias do passado marchamos para a verdadeira aristocracia, a do mérito, ajustando-nos ao preceito evangélico: 
A cada um segundo as suas obras. 
Obras de construção, de amor, de engrandecimento. 
Com certeza, ainda é duro o mundo quando a impiedade nos alcança, quando os maus agridem, quando nos sentimos acuados pela desonestidade e pela ironia. 
No entanto, avançamos, rumo ao Alto. 
Estamos melhores hoje. 
Somos melhores hoje. 
Guardemos essa certeza e continuemos a crescer para a luz.
Somos filhos da Luz, nos disse o Mestre. 
Iluminemos o mundo com nossa luz. 
Luz da compreensão, luz que ampara o caído, que socorre quem errou, que estende a mão ao que resvala pelo caminho.
Somos seres humanos. 
Comportemo-nos como tal, amando-nos uns aos outros. 
E, de mãos dadas, rumemos para a angelitude. 
Ela pode estar bem próxima de nós, se quisermos. 
Redação do Momento Espírita.
Em 16.6.2022.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

DOAÇÃO DE ACONCHEGO

-Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita. 
Jesus ensina a discrição na prática do bem e a orientação nos chega pelas anotações evangélicas. 
Tudo deve ser feito no silêncio, sem divulgação a terceiros. Mais profundamente, o ensino recomenda que não se aguarde reconhecimento, retribuição ou gratidão, de qualquer ordem.
Alguns de nós levamos a recomendação muito a sério. E providenciamos a cesta básica para a casa que sabemos necessitada, o leite especial para a criança portadora de dificuldade orgânica, o medicamento ao enfermo. 
Há os que adotamos uma família por certo tempo ou período ilimitado e enviamos, toda semana, frutas, verduras, para que as crianças tenham alimentação sadia. 
Outros adotamos um estudante, auxiliando-o no pagamento das mensalidades escolares. 
Há muito bem sobre a Terra, praticado na surdina da generosidade. 
Benefícios de que somente o beneficiário é conhecedor. 
Vez ou outra, no entanto, algumas ações alcançam as mídias e surpreendem pelo desprendimento de certas pessoas.
Nessa guerra que nos machuca a alma, diariamente, acompanhamos o noticiário que informa o drama dos que abandonam seus lares, no intuito de salvar a própria vida.
A grande maioria é de mulheres e crianças, que chegam ao país estrangeiro com pouco mais de uma pequena valise, trazendo o extremamente essencial. 
A Polônia, cuja fronteira com a Ucrânia dista apenas treze quilômetros, é um desses países que tem recebido refugiados. Em uma estação de trem polonesa, um fotógrafo capturou a imagem surpreendente, enquanto documentava a chegada de pessoas em busca de asilo. Ali, na estação, havia uma fila de carrinhos de bebê alinhados. Carrinhos sem bebês, mas com suprimentos, com cobertores, com ursinhos de pelúcia. Mães polonesas, sem se identificarem, deixaram ali para as mães ucranianas, quando chegassem. Elas nunca saberão quem lhes ofereceu aqueles mimos. Quem doou jamais saberá em que mãos foram parar as suas doações.
Que extraordinária prática do Evangelho. 
Que gesto de delicadeza, de boas vindas. 
Gesto de quem, como mãe, sabe o que outra mãe apreciaria ter para o seu bebê. 
E se sentem bem recebidas as que deixam tudo para trás.
Com certeza, se emocionarão ao encontrar um carrinho aconchegante para depositar seu bem mais precioso: seu bebê. 
O amor existe e suplanta tanto mal engendrado pelas bombas, pelos foguetes e pelos mísseis. 
Ficamos a cogitar se os envolvidos nas lutas, ao tomarem ciência desse gesto tão acolhedor, não sentirão vontade de parar a batalha, pensando no outro como seu irmão. 
Se um gesto de amor de um único ser humano tem o condão de alçar toda a Humanidade a um patamar mais alto, que se poderá dizer de tantos corações maternos que se unem para abraçar outros corações maternos? 
Deus abençoe essas mães polonesas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, versículos 1 e 3 do Evangelho de Mateus. 
Em 17.6.2022.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

SEMEADURA DE BÊNÇÃOS

Yitta Halberstam e Judith Leventhal
Henya estava grávida e muito preocupada. O marido e o irmão, que morava com eles, estavam desempregados. Ela se perguntava se, após a licença maternidade, teria ainda o seu emprego, se não seria despedida. Ela vira isso acontecer com outras companheiras, nessas circunstâncias. Em meio a um jantar dos funcionários, o dono da empresa demonstrou interesse em saber a cidade de origem de cada um. Quando Henya declinou o nome da sua cidade natal, ele manifestou curiosidade maior, perguntando onde, exatamente, ela residira, naquela cidade. Como se chamavam seus pais, seus avós. A surpresa foi tomando conta de todos quando, emocionado, o empresário relatou: 
-Há muitos anos, viviam na sua cidade, dois eletricistas amigos. Um deles conseguira um bom emprego e ia muito bem. O outro ganhava o suficiente para sobreviver. Um dia, um infarto o levou, deixando esposa e filhos. O amigo soube e foi prestar condolências à família. Percebeu como tudo era velho na casa: o sofá, a mobília escassa, os poucos objetos. Viu a geladeira e as prateleiras vazias. Nos dias que se seguiram, furtivamente, entrava pela porta da cozinha e deixava algumas provisões. Dois meses depois, a viúva entrou em contato com ele. Contou que, no porão da casa, havia muito material elétrico e ofereceu para venda. Então, durante três semanas, o amigo visitou o porão, separando pilhas de equipamentos, ferramentas, máquinas úteis e inúteis. Ela não sabia, mas ele não tinha intenção de comprar nenhum daqueles materiais. Quando terminou a seleção, chamou todos os empreiteiros e mestres de obras que conhecia e anunciou uma venda de material elétrico. Conseguiu arrecadar três vezes mais do que o preço que a viúva estipulara. Todo o arrecadado, ele depositou nas mãos dela. A quantia deu para sustentar a família, durante meses.
Nessa altura da história, o empresário deu um suspiro e revelou: Henya, o eletricista que ajudou a família do amigo era seu avô. 
-Eu era um dos órfãos. Foi meu pai que morreu. Sua generosidade e bondade salvaram nossa família. 
E, concluiu: 
-Não precisa se preocupar com seu emprego. Prometo que sempre terá um em minha empresa. E caso seu marido e irmão queiram vir ao meu escritório, terei prazer em dar emprego a ambos. 
Naquela noite, Henya escreveu uma carta a seu avô, que ainda residia na mesma localidade. 
Relatou toda a história e finalizou: 
-Muito obrigada, vovô. Saiba que o senhor não salvou somente a família de seu amigo. Salvou a minha também. 
* * * 
O bem que se faz sempre gera benefícios. 
Por vezes, nós mesmos colhemos, ainda em vida, as bênçãos da sua semeadura, das mesmas mãos que beneficiamos. 
De outras, e são muitas, o que fazemos se multiplica em dádivas para outras vidas. 
Assim, semear bênçãos é sempre motivo de alegria a quem o faz.
Por isso, a sabedoria do Cristo lecionou que façamos ao outro o que desejaríamos que ele nos fizesse. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Milagres em família, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Butterfly. 
Em 15.6.2022.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

ILUMINANDO O UNIVERSO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Quando temos a feliz oportunidade de olhar para o céu à noite, longe das luzes da cidade, ficamos maravilhados com o esplendor estrelado acima de nós. 
Parece que as estrelas que cintilam, em silêncio, sempre estiveram lá e que, noite após noite, século após século, estarão no mesmo lugar. 
Será que lá se encontram desde o início dos tempos? 
Onde começa a História das estrelas? 
Apesar de serem inúmeras as perguntas sobre esse assunto, hoje a ciência nos esclarece muitas dúvidas. 
A astronomia nos diz que elas são enormes globos de gás, milhões de vezes mais maciças do que a Terra. 
O nosso sol é uma estrela. 
Embora elas nasçam mais ou menos da mesma forma, emergindo de nuvens de poeira e gás, podem assumir muitas características diferentes. 
Elas têm variadas dimensões, temperaturas e cores. 
Grandes ou pequenas, brilhantes ou tênues, certeza há de que todas lançam sua luz para o cosmo. 
Elas produzem o calor e a luz que ilumina e movimenta o Universo. 
* * * 
Assim como as estrelas, cada um de nós tem características próprias. 
Somos imperfeitos e temos muitas limitações mas, ainda assim, somos capazes de ser fonte de luz e de aquecer e iluminar a vida das pessoas que nos cercam. 
O brilho costuma exercer certa influência positiva sobre nós e, de alguma forma, nos atrai. 
Quem não gosta de admirar o brilho do sol que embeleza nossos dias? 
Fitar olhos que brilham de felicidade? 
Quem não se alegra com um sorriso sincero que ilumina o ambiente? 
Onde quer que estejamos, procuremos levar o nosso brilho às pessoas. 
Façamos com que aqueles que conosco convivem, sintam-se aquecidos com nossa presença. 
Assim como estamos certos de que todas as noites as estrelas estarão à nossa espera, sejamos a certeza na vida das pessoas de que estaremos prontos a estender nossas mãos todas as vezes que nos buscarem. 
Quando olhos necessitados se voltarem para nós, tenhamos a capacidade de ser sol, mesmo nos dias mais nublados, aquecendo os corações com a palavra amiga e o afeto sincero. 
Independente do passar do tempo e da distância, nos transformemos em estrelas, sempre presentes, clareando, exalando vida, calor e luz. 
E nunca nos esqueçamos que Jesus é a estrela mais sublime que caminhou pela Terra, espalhando luz para iluminar nossas estradas, não permitindo que caminhássemos na escuridão. 
* * * 
Sê amigo de quem te busque o apoio, a presença. 
As criaturas necessitam tanto de pão quanto de amigos para viver. 
Há quem caminhe na multidão, sofrendo a soledade, necessitando de companhia, de amizade. 
Nunca permitas que a outra pessoa se afaste da tua presença sem que leve algo bom dos minutos passados contigo. 
Tens muito a oferecer. 
Descobrir tais valores, seja o teu primeiro passo. 
Pô-los a benefício do próximo, o imediato. 
Ninguém está privado dos bens espirituais, que não possa dispor de alguma coisa para oferecer. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 108, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 27.5.2013.

terça-feira, 14 de junho de 2022

ILUMINAÇÃO DE CONSCIÊNCIA

ESPÍRITO AMÉLIA RODRIGUES 
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Natanael Ben Elias, o paralítico de Cafarnaum, acabara de ser completamente curado por Jesus, voltando a andar. 
Todos estavam em festa, exceto o Mestre, que meditava seriamente. 
Simão, buscando romper o silêncio de Jesus, então pergunta:
-Por que dizes que não te compreendemos, Rabi? Estamos todos tão felizes! 
-Simão, neste momento, enquanto consideras o reino de Deus pelo que viste, Natanael, com alegria infantil, comenta o acontecimento entre amigos embriagados e mulheres infelizes. Outros que recobraram o ânimo ou recuperaram a voz, entre exclamações de contentamento, precipitam-se nos despenhadeiros da insensatez, acarretando novos desequilíbrios, desta vez, irreversíveis. Não creias que a Boa Nova traga alegrias superficiais, dessas que o desencanto e o sofrimento facilmente apagam. O Filho do Homem, por isso mesmo, não é um remendão irresponsável, que sobre tecidos velhos e gastos costura pedaços novos, danificando mais a parte rasgada com um dilaceramento maior. A mensagem do reino, mais do que uma promessa para o futuro, é uma realidade para o presente. Penetra o íntimo e dignifica, desvelando os painéis da vida em deslumbrantes cores... Eu sei, porém, que me não podeis entender, tu e eles, por enquanto. E assim será por algum tempo. Mais tarde, quando a dor produzir amadurecimento maior nos Espíritos, eu enviarei alguém em meu nome para dar prosseguimento ao serviço de iluminação de consciências. As sepulturas quebrarão o silêncio que guardam e vozes, em toda parte, clamarão, lecionando esperanças sob os auspícios de mil consolações. 
* * * 
Séculos se passaram depois destes dizeres preciosos. 
A dor amadureceu muitos corações desnorteados, e novamente a Humanidade suplicou a Jesus pela cura de suas mazelas. 
Os sepulcros foram rompidos. 
O silêncio dos aparentemente mortos foi quebrado, e os descobrimos vivos, imortais e reluzentes. 
Sim, as estrelas caíram dos céus. 
Estrelas de primeira grandeza espiritual se uniram em uma constelação admirável, e voltaram seu feixe de luz poderoso para a Terra. 
Os Espíritos falaram, ensinaram, provaram que a vida futura prometida por Jesus é real. 
A iluminação de consciências, proposta por Jesus, ganhou uma dimensão nova e maior. 
A mensagem do Cristo se faz novamente presente como uma proposta para o presente, para a renovação imediata, urgente. 
Na grande transição que o planeta atravessa, são eles, os missionários do Mestre, que semeiam a verdade em todos os povos. 
O amor volta a tomar seu lugar de evidência, nas propostas elevadas que são apresentadas aqui e acolá. 
Atiramos as roupas velhas no tempo, e vestimos a roupagem nova do espiritualismo, entendendo que a vida do Espírito, esta sim, é a verdadeira. 
O Consolador já está entre nós... 
Escutemo-lo! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O paralítico de Cafarnaum, do livro As primícias do Reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 26.8.2020.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

SOU O QUE SOMOS

Lia Diskin
Todos temos sempre algo mais a aprender. 
Não somos pessoas acabadas às quais nada mais possa ser acrescentado. 
É por isso que os que temos ouvidos de ouvir e olhos de ver nos encantamos com as pérolas que descobrimos em toda parte. 
Quando menos se espera, eis uma preciosidade a se apresentar. 
Não foi diferente com um antropólogo que foi à África com o objetivo de estudar usos e costumes tribais. 
Concluída sua tarefa, aguardava o transporte que o conduziria ao aeroporto, de retorno ao lar. 
Observando as crianças que brincavam, resolveu propor uma brincadeira-desafio. 
Adquiriu doces variados e os colocou em um cesto, com um belo laço de fita, debaixo de uma árvore. 
Aí, chamou as crianças e lhes disse que quando ele gritasse a palavra: Já!, elas deveriam correr até o cesto. 
O vencedor ganharia todas as guloseimas que ele continha.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado.
Quando ele disse: Já!, elas se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore. 
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes. 
O antropólogo foi ao encontro delas e lhes perguntou por que tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. 
Elas simplesmente responderam: 
-Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes? 
* * * 
Ubuntu é uma antiga palavra africana, cujo significado é humanidade para todos. 
Ubuntu também quer dizer sou o que sou devido ao que todos nós somos. 
Que bela filosofia! 
Totalmente acorde ao amor ao próximo como a si mesmo, ensinado por Jesus. 
Como posso ser feliz tendo tanto se meu irmão padece fome e frio? 
Como posso ser feliz enquanto meu irmão padece por falta de medicamentos? 
Por que devo desejar tudo para mim e não deixar nada para meu irmão? 
Verifiquemos como, em tantas oportunidades, nós mesmos, na qualidade de pais, incentivamos nossos filhos a apanharem tudo que podem para si. 
Basta que recordemos das festinhas, onde são distribuídos brindes e guloseimas. 
Alguns pais chegam a entrar na brincadeira para conseguir algo mais para os seus filhos. 
Estamos incentivando o egoísmo em detrimento do amor ao próximo, do partilhar, do ficar feliz repartindo com o outro. 
Isso é um grande promotor do tudo para mim, sem me importar com o semelhante. 
Pensemos nisso e principiemos a vivenciar mais o partilhar, o dividir, ensinando, ademais, nossos filhos, desde pequeninos, a assim proceder. 
Recordemos que todos ansiamos por um mundo melhor, mais justo. 
Façamos a nossa parte, desde o hoje. 
Redação do Momento Espírita, a partir de fato narrado pela jornalista Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Florianópolis, SC, no ano de 2006. 
Em 13.6.2022.

domingo, 12 de junho de 2022

IGNORÂNCIA

O drama do Calvário é pleno de significados. 
Nele são retratadas a grandeza e a miséria humanas. 
Tem-se o exemplo da mãe que não abandona o filho, mesmo em meio aos maiores perigos. 
Há os companheiros de ideal que fogem no momento do testemunho. 
Eles representam a fragilidade humana, sempre em combate com as exigências do dever. 
A ex-prostituta permanece junto ao Mestre, a simbolizar a força transformadora da fé genuína. 
Outra preciosa lição dessa passagem evangélica é que a responsabilidade cresce com a evolução. 
Em face do populacho ignorante, que vibrava com Seu martírio, Jesus rogou: 
-Perdoa-os, pai, pois não sabem o que fazem. 
Percebe-se a grandeza do Cristo que, mesmo no momento da dor mais atroz, permaneceu lúcido e cheio de compaixão. 
Mas do episódio também se extrai o ensinamento de que a ignorância atenua a culpa. 
Tratava-se de pessoas rudes e influenciadas pelos poderosos a quem a figura de Jesus incomodava. 
A narrativa evangélica mostra Jesus em alguns momentos de severidade, mas nunca em relação ao povo simples e rude.
Foram os poderosos e os letrados que experimentaram a contundente chamada para a vida reta. 
A hipocrisia, a vaidade e a cupidez foram repreendidas pelo Mestre. 
Mas a simplicidade, mesmo no erro, sempre foi objeto de sua delicada e doce compaixão. 
Convém refletir sobre essa lição, tendo em vista o tempo transcorrido. 
Após dois mil anos, o Cristianismo não constitui mais novidade. 
As lições de Jesus encontram-se largamente difundidas. 
A cultura mundana também se expandiu bastante. 
A evolução intelectual revela-se nas inovações tecnológicas, que fazem circular informações com rapidez vertiginosa.
Embora não de modo uniforme, é inegável o grande avanço intelectual da Humanidade. 
Entretanto, sob o prisma moral, ela tarda em evoluir. 
A ampla maioria da população brasileira afirma-se cristã. 
Mas a sua conduta não reflete os exemplos e os ensinamentos do Cristo. 
Após dois milênios de difusão do Cristianismo, pessoas genuinamente virtuosas ainda são uma raridade. 
Ocorre que a ignorância já não serve de desculpa. 
Ninguém pode dizer que desconhece a lição segundo a qual é preciso tratar o próximo como se gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar dele. 
Cada qual tem um encontro marcado com a própria consciência. 
Mais cedo ou mais tarde, ele se produzirá. 
Chegará o momento de olhar para trás e analisar o que foi vivido. 
Nesse momento, serão só pesadas as possibilidades e o que se fez com elas. 
Ciente dessa realidade, preste atenção em suas atitudes e ajuste-as a seus ideais cristãos. 
Afinal, no momento crucial de seu acerto de contas, não poderá dizer que não sabia o que fazia. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.1.2020.