Aliás, neve perfeita para andar de trenó.
Por isso, mãe e filha se dirigiram morro acima.
O morro estava cheio de gente.
A Sra. Silvermann e a filha, de onze anos, acharam um espaço, perto de um homem alto e magro e de seu filho de três anos.
O garoto já estava deitado de barriga para baixo, esperando para ser empurrado.
-Vamos lá, papai! Vamos lá!
O homem deu um forte empurrão no trenó e lá se foi o menino.
Mas não foi apenas o garoto que voou – o pai saiu correndo atrás dele a toda velocidade.
-Ele deve estar com medo que seu filho se choque contra alguém.
Pensou a jornalista.
E ela mesma com a filha desceu o morro, em grande velocidade, a neve solta voando nos seus rostos.
O retorno até o alto do morro era uma longa caminhada.
Enquanto ambas subiam com vagar, puxando o trenó, a Sra. Silvermann observou que o homem magro estava empurrando seu filho, que ainda se encontrava no trenó, de volta ao topo.
-Isso é que é um paizão.
Falou a menina.
-Será que você, mamãe, faria o mesmo por mim?
-Nem pensar- foi a resposta- Continue andando.
Quando elas chegaram no topo do morro, o garotinho estava pronto para brincar novamente e gritava feliz:
- Vai, vai, vai, papai!
Outra vez o pai reuniu todas as suas energias para dar um grande empurrão no trenó, correu atrás dele morro abaixo e então puxou o trenó e o menino de volta para cima.
Assim foi por mais de uma hora.
A Sra. Silvermann estava intrigada.
Não era possível que aquele homem achasse que seu filho fosse bater em alguém.
Mesmo sendo pequeno, ao menos na subida, ele poderia puxar o trenó uma vez.
Mas o homem parecia não se cansar.
Ria, jovial e continuava no seu afazer.
Ela então lhe disse:
-Você tem uma tremenda energia, hein!?
O homem olhou para ela e sorriu, apontando para o filho.
-Ele tem paralisia cerebral, disse de forma natural. Ele não pode andar.
A jornalista entendeu, naquele momento, porque somente então se deu conta de que não havia visto o menino descer do trenó durante todo o tempo que estiveram no morro.
Entretanto, tudo parecia tão alegre, tão normal, que a ela não ocorrera, por um minuto sequer, que o menino poderia ser deficiente.
Ainda que não soubesse o nome do homem, ela contou a história em sua coluna no jornal na semana seguinte.
Pouco tempo depois, ela recebeu uma carta que dizia assim:
"Cara Sra. Silvermann, a energia que gastei no morro naquele dia não é nada comparada ao que o meu filho faz todos os dias. Para mim, ele é um verdadeiro herói e algum dia espero ser metade do homem que ele já se tornou."
* * *
Superar as próprias limitações é um grande desafio.
Todos os dias, muitas pessoas lutam para moverem pernas imobilizadas, submetendo-se a exaustivas sessões de fisioterapia.
Todos os dias, criaturas portadoras de variadas deficiências se tornam heróis e heroínas anônimas, superando seus limites e vivendo tanto ou mais intensamente do que muitos que apresentam a normalidade física e mental.
São tais seres que nos lecionam, com seu exemplo, que a vida vale sempre a pena ser vivida, não importando em que condições, pois o que conta mesmo é o desafio, a conquista, a vitória.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Andando de
trenó, do livro Histórias para aquecer o coração, v. 1, de Jack Canfield,
Mark Victor Hansen e Heather Mcnamara, ed. Sextante.
Em 17.12.2013.
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