quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

UM HEROI DIFERENTE

Foi num dezembro frio e de muita neve. 
Aliás, neve perfeita para andar de trenó. 
Por isso, mãe e filha se dirigiram morro acima. 
O morro estava cheio de gente. 
A Sra. Silvermann e a filha, de onze anos, acharam um espaço, perto de um homem alto e magro e de seu filho de três anos. 
O garoto já estava deitado de barriga para baixo, esperando para ser empurrado. 
-Vamos lá, papai! Vamos lá! 
O homem deu um forte empurrão no trenó e lá se foi o menino. 
Mas não foi apenas o garoto que voou – o pai saiu correndo atrás dele a toda velocidade. 
-Ele deve estar com medo que seu filho se choque contra alguém.
Pensou a jornalista. E ela mesma com a filha desceu o morro, em grande velocidade, a neve solta voando nos seus rostos. 
O retorno até o alto do morro era uma longa caminhada. 
Enquanto ambas subiam com vagar, puxando o trenó, a Sra. Silvermann observou que o homem magro estava empurrando seu filho, que ainda se encontrava no trenó, de volta ao topo. 
-Isso é que é um paizão.
Falou a menina. 
-Será que você, mamãe, faria o mesmo por mim? 
-Nem pensar- foi a resposta- Continue andando. 
Quando elas chegaram no topo do morro, o garotinho estava pronto para brincar novamente e gritava feliz: 
- Vai, vai, vai, papai! 
Outra vez o pai reuniu todas as suas energias para dar um grande empurrão no trenó, correu atrás dele morro abaixo e então puxou o trenó e o menino de volta para cima. 
Assim foi por mais de uma hora. 
A Sra. Silvermann estava intrigada. 
Não era possível que aquele homem achasse que seu filho fosse bater em alguém. 
Mesmo sendo pequeno, ao menos na subida, ele poderia puxar o trenó uma vez. 
Mas o homem parecia não se cansar. 
Ria, jovial e continuava no seu afazer. 
Ela então lhe disse: 
-Você tem uma tremenda energia, hein!? 
O homem olhou para ela e sorriu, apontando para o filho. 
-Ele tem paralisia cerebral, disse de forma natural. Ele não pode andar. 
A jornalista entendeu, naquele momento, porque somente então se deu conta de que não havia visto o menino descer do trenó durante todo o tempo que estiveram no morro. 
Entretanto, tudo parecia tão alegre, tão normal, que a ela não ocorrera, por um minuto sequer, que o menino poderia ser deficiente. 
Ainda que não soubesse o nome do homem, ela contou a história em sua coluna no jornal na semana seguinte. 
Pouco tempo depois, ela recebeu uma carta que dizia assim: 
"Cara Sra. Silvermann, a energia que gastei no morro naquele dia não é nada comparada ao que o meu filho faz todos os dias. Para mim, ele é um verdadeiro herói e algum dia espero ser metade do homem que ele já se tornou." 
* * * 
Superar as próprias limitações é um grande desafio. 
Todos os dias, muitas pessoas lutam para moverem pernas imobilizadas, submetendo-se a exaustivas sessões de fisioterapia. 
Todos os dias, criaturas portadoras de variadas deficiências se tornam heróis e heroínas anônimas, superando seus limites e vivendo tanto ou mais intensamente do que muitos que apresentam a normalidade física e mental. 
São tais seres que nos lecionam, com seu exemplo, que a vida vale sempre a pena ser vivida, não importando em que condições, pois o que conta mesmo é o desafio, a conquista, a vitória. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Andando de trenó, do livro Histórias para aquecer o coração, v. 1, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Heather Mcnamara, ed. Sextante.
Em 17.12.2013.

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