domingo, 12 de dezembro de 2021

HARMONIZANDO SENTIMENTOS

Betty Ren Wright
Carlos tinha uma irmã. Toda vez que saía, ele precisava levá-la junto. E Terry, no conceito do irmão, não era uma boa companheira para as brincadeiras. No jogo de bola, vivia deixando a bola cair. No jogo de pique, ficava correndo à toa, parecendo folha que o vento carrega de um lado a outro. Enfim, ela não entendia as regras e fazia tudo errado. Antes do Natal, ele foi ao Shopping Center para comprar um presente para a avó. Como sempre, Terry foi a tiracolo. E como sempre, atrapalhou. Carlos se sentiu obrigado a comprar uma boneca boba, só porque ela não parava de dizer: linda, linda. E não queria sair daquele balcão. De mau humor, quando Terry pediu para ir ao banheiro, ele simplesmente apontou a porta, ao fundo do corredor, e a deixou ir sozinha. Ele a viu tropeçar duas vezes nos degraus. Ela estava toda alvoroçada por estar indo sozinha a um lugar. Cansado de esperar, depois de dez minutos, considerando a irmã a pessoa mais lerda do mundo, foi procurá-la. Mas ela tinha desaparecido. Estava perdida. Ele começou a subir e descer escadas. Andou por todos os corredores. Perguntou a pessoas. Nada! O remorso começou a tomar conta dele. 
-O que diriam seus pais? 
Com certeza, pensariam que ele fizera de propósito, para ver-se livre dela de uma vez por todas. 
-E se não a encontrasse nunca mais? 
Começou a lembrar do cartão de aniversário que ela lhe dera. Sua mãe lera vários cartões e ela escolhera um que dizia: 
-Para o meu querido irmão. 
Recordou de quantas vezes Terry enxugava a louça, no lugar dele, porque ela gostava. Lembrou de como ela conseguia fazer o bebezinho rir, quando ele ficava irritado, por causa dos primeiros dentinhos. Começou a chorar. 
-E se alguém a estivesse maltratando? 
-E se ela estivesse sozinha e apavorada? 
Foi andando mais depressa. As lágrimas escorrendo pelo rosto. E quase caiu em cima de Terry. Ela estava sentada no chão, com um garotinho no colo. A mãe dele fazia compras e logo elogiou o jeito dela para lidar com bebês. Carlos teve vontade de gritar com a irmã, bater nela! Queria que ela soubesse o quanto ele tinha ficado assustado com a ideia de perdê-la. Mas não fez nada disso. Somente deu-lhe um grande e apertado abraço. Tomou-a pela mão e foram para casa. E descobriu que amava muito aquela irmã. Que ela era importante para a sua vida. Hoje, ele tem um trato com sua mãe:
-Metade das vezes que sai para brincar com os amigos, ele vai com Terry. A outra metade, vai sozinho. 
E toda vez que ela sai com ele, Carlos a leva com a maior boa vontade. Este ano, quando Terry fez aniversário, Carlos lhe comprou um cartão com os dizeres: 
-Para uma irmã maravilhosa. 
E era de coração. 
 * * * 
Ante as limitações de um filho, aprende a observar os demais. 
Na tua maturidade de pai ou mãe, auxilia-os a se entenderem e se amarem. 
Explica ao saudável das carências do outro. 
Mas não lhe carregue os ombros com a incumbência total de atender ao irmão. 
Lembra que, por vezes, ele mesmo pode estar se sentindo preterido pelas tantas atenções que o outro desperta. 
Ajuda-o para que se amem, cresçam e conquistem louros da vida, juntos. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Minha irmã é diferente, de Betty Ren Wright, ed. Ática.
Em 3.6.2015.

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