sábado, 31 de julho de 2021

UM GESTO DE AMOR

Melcíades José de Brito
Um garoto pobre, com cerca de doze anos de idade, vestido e calçado de forma humilde, adentra a loja e pede ao proprietário que embrulhe para presente um sabonete comum. 
-É presente para minha mãe, diz com quase orgulho. 
O dono da loja ficou comovido diante da singeleza daquele presente. Olhou com piedade para o seu freguês e, sentindo uma grande compaixão, sentiu vontade de ajudá-lo. Pensou que poderia embrulhar, junto com o sabonete comum, algum artigo mais significativo. Entretanto, ficou indeciso: ora olhava para o garoto, ora para os artigos que tinha em sua loja. Devia ou não fazer? O coração dizia sim, a mente dizia não. O garoto, notando a indecisão do homem, pensou que ele estivesse duvidando de sua capacidade de pagar. Colocou a mão no bolso, retirou as moedinhas que dispunha e as colocou sobre o balcão. O homem ficou ainda mais comovido, quando viu as moedas, de valor tão insignificante. Continuava seu conflito mental. Em sua intimidade concluíra que, se o garoto pudesse, ele compraria algo bem melhor para sua mãe. Lembrou de sua própria mãe. Fora pobre e muitas vezes, em sua infância e adolescência, também desejara presentear sua mãe. Quando conseguiu emprego, ela já havia partido para o mundo espiritual. O garoto, com aquele gesto, estava mexendo nas profundezas do seu sentimento. Do outro lado do balcão, o menino começou a ficar ansioso. Alguma coisa parecia estar errada. Por que o homem não embrulhava logo o sabonete? Ele já escolhera, pedira para embrulhar e até tinha mostrado as moedas para o pagamento. Por que a demora? Qual o problema? No campo da emoção, dois sentimentos se entreolhavam: a compaixão do lado do homem, a desconfiança por parte do garoto. Impaciente, ele perguntou:
-Moço, está faltando alguma coisa? 
-Não, respondeu o proprietário da loja, é que de repente me lembrei de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era muito jovem. Sempre quis dar-lhe um presente, mas, desempregado, nunca consegui comprar nada.
Na espontaneidade de seus doze anos, perguntou o menino: 
-Nem um sabonete? 
O homem se calou. Refletiu um pouco e desistiu da ideia de melhorar o presente do garoto. Embrulhou o sabonete com o melhor papel que tinha na loja, colocou uma fita e despachou o freguês sem responder mais nada. A sós, pôs-se a pensar. 
-Como é que ele nunca pensara em dar algo pequeno e simples para sua mãe? Sempre entendera que presente tinha que ser alguma coisa significativa, tanto assim que, minutos antes, sentira piedade da singela compra e pensara em melhorar o presente adquirido. Comovido, entendeu que naquele dia tinha recebido uma grande lição. Junto com o sabonete do menino, seguia algo muito mais importante e grandioso, o melhor de todos os presentes: o gesto de amor!
* * *
Invista no amor. 
Ele é o mais poderoso meio de tornar as pessoas felizes. 
Em qualquer circunstância, em qualquer data especial para determinadas comemorações, o mais importante não é o que se dá, mas como se dá.
Todo presente deve se revestir de sentimento e não deve haver diferença entre homenagens a uma pessoa pobre ou a uma pessoa rica. 
A expressão deve ser sempre do afeto. 
O que se deve dar é o coração a vibrar em amor. 
O valor do presente não está no quanto ele vai aumentar o conteúdo das caixas registradoras, mas sim o quanto ele somará na contabilidade do coração. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro Novas histórias que ninguém contou, novos conselhos que ninguém deu, de Melcíades José de Brito, ed. DPL. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. 
Em 2.5.2014

sexta-feira, 30 de julho de 2021

RESPEITO

Respeito foi definido por alguém como a capacidade do ser de se importar com o sentimento do outro. Talvez seja esta a mais completa das definições. Normalmente, quando nos sentimos ofendidos, desprezados, dizemos apreciar o respeito. 
Mas, será que respeitamos os demais? 
É fácil sabermos. 
Basta que nos perguntemos se somos daqueles que marcamos horário com o médico ou o dentista e, na última hora, por questões de pouca importância, telefonamos desmarcando, sem nos preocuparmos com a agenda do profissional. Igualmente, sem nos preocuparmos com eventuais clientes que estariam aguardando em lista de espera por aquela hora que agora não será aproveitada por ninguém. 
Acaso somos daqueles que apreciamos estabelecer preço para os serviços profissionais alheios? 
Somos dos que pensamos que tal ou qual profissional liberal ganha demais e pode nos fazer um grande desconto? 
Mais do que isso. 
Alguns de nós dizemos, de maneira desrespeitosa, que o seu trabalho não vale mais do que a quantia que estipulamos. Desrespeitamos o esforço que o profissional fez para chegar onde se encontra, desconsiderando as inúmeras noites que passou estudando, os plantões intermináveis e exaustivos, as horas de pesquisa. Não levamos em conta, inclusive, os custos financeiros para completar o curso, para prosseguir no seu aperfeiçoamento, mestrado, doutorado. Desrespeitamos o trabalho do outro toda vez que lhe dizemos que seu ganho é fácil e rendoso, enquanto o nosso é árduo. 
Há falta de respeito sempre que desconfiamos dos outros, baseados somente em nossa má fé ou má vontade. 
E, no trato com outros profissionais, como os domésticos, jardineiros, pedreiros, carpinteiros, quanta vez os desrespeitamos. Sempre que estabelecemos jornadas de trabalho muito longas, que exigimos cumprimento de tarefas além do que se considera humanamente possível, que submetemos o outro a situações humilhantes, o estamos desrespeitando. 
O respeito deve ser a atitude de todo cristão para com o seu semelhante, seja ele superior ou inferior a si, na escala social e nos degraus da instrução. Afinal, somos todos membros de uma única família, criados pelo mesmo Deus, nosso Pai. Acreditemos que, se não aprendermos a respeitar o nosso semelhante, desde as mínimas coisas, não estaremos agindo dentro da lei de justiça, amor e caridade. 
* * * 
Nas linhas do respeito, atentemos para a natureza que nos cerca.
Ensinando valores aos nossos pequenos, iniciemos desde cedo a lhes falar do respeito a tudo que nos rodeia e serve. 
Falemos-lhes do respeito que nos merecem os animais, as árvores, as flores, os jardins. 
Então, bem mais fácil lhes será entender, na sequência, o respeito aos seres humanos, familiares, idosos, professores, serviçais. 
Lembremos que, acima de tudo, nossa maneira de ser, de nos dirigirmos às pessoas, não importando quem sejam, falará aos nossos pequenos.
Afinal, se as palavras convencem, os exemplos arrastam. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 30.7.2021.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

GESTO ANÔNIMO

WALLACE LEAL RODRIGUES
Quase sempre, quando realizamos algum ato de bondade, esperamos por gratidão. Desejamos que alguém reconheça o nosso ato, que ao menos alguém tenha observado e percebido nosso gesto nobre. Ou então, em nossa ânsia de ajudar alguém, deixamos de perceber como a nossa dádiva pode ser embaraçosa para uma pessoa sensível. Ou mesmo, como pode parecer pesado, para quem recebe, o dever da gratidão. Dar, pois, é um ato de sabedoria. 
Um escritor inglês fala de uma família mais ou menos próspera, que conheceu certa vez. Havia uma tia idosa que vivia com uma ninharia, e, por isso mesmo, com dificuldades. Mas, ela alimentava verdadeiro horror a qualquer coisa que pudesse lhe parecer caridade. Quando o chefe da família soube, através de um advogado, que ela havia herdado uma pequena herança de um primo distante, em verdade, somente algumas libras que seriam gastas em pouco tempo, arranjou secretamente, com o advogado, para que fosse adicionado à herança um capital considerável que ele mesmo providenciou. Assim se fez e a tia viveu confortavelmente, sem jamais suspeitar do que fizera aquele bondoso sobrinho. 
Em realidade, dentro do círculo familiar encontramos, por vezes, inúmeras oportunidades de auxílio oculto. 
Conta-se o caso de um tal senhor Hubert que encontrou uma excelente solução para um constrangedor problema de família. O pai, que com ele morava, havia sido famoso por suas esculturas em madeira. Com a idade, muita da sua habilidade se perdera. Assim, o ancião ia frequentemente dormir com o coração partido por constatar que não conseguia esculpir como antes. Pois o senhor Hubert teve a ideia de se levantar à noite, enquanto o pai dormia, para retocar o trabalho que aquele fazia durante o dia. Com golpes hábeis, corrigia os defeitos. Pela manhã, quando o velho pai se levantava e olhava o trabalho, dizia satisfeito: 
-Nada mau. Ainda vou fazer alguma coisa muito bonita disto aqui. 
Em determinado país europeu existe uma maternidade com uma ala especial para mães solteiras. Todas as vezes que ali nasce um bebê de uma dessas moças, chega um grande ramalhete de flores. Com ele, vem somente uma mensagem: 
-De alguém que compreende. 
Durante anos, centenas de moças, se sentindo abandonadas e desesperadamente sós, têm encontrado esperança, alento para uma nova vida, simplesmente por esse ato de solicitude de uma criatura anônima, jamais identificada. A dádiva secreta nem precisa ser muito cara ou requerer muito tempo. Exige apenas percepção aguda e um coração que compreenda. 
Um certo médico, sabendo que um dos seus pacientes precisava muito de um medicamento caro, acima de suas posses, arranjou para que uma firma atacadista de produtos farmacêuticos enviasse o remédio necessário com uma etiqueta de amostra colada no rótulo, enquanto ele mesmo, naturalmente, custeava tudo. 
* * * 
Essas criaturas que assim procedem entenderam muito bem o que nosso Mestre e Modelo, Jesus, ensinou: 
-Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita...
Aprendamos com elas e usemos nossa criatividade para fazer o bem sem esperar nenhum olhar, nenhum reconhecimento, nenhuma gratidão...
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Dez horas, do livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim e no item 6, do cap. XIII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 27.12.2013.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

SONATA AO LUAR

Quem nunca sentiu, em algum momento da vida, vontade de desistir?
Quem não se sentiu extremamente só, e teve a sensação de ter perdido o endereço da esperança? 
Nem mesmo as pessoas famosas, ricas, importantes, estão isentas de terem seus momentos de profunda amargura... 
Foi o que ocorreu com um dos mais reconhecidos compositores, Ludwig Van Beethoven. Ele vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pela morte de um príncipe da Alemanha, que era como um pai para ele. O jovem compositor sofria de grande carência afetiva. Seu pai era um alcoólatra contumaz e o agredia fisicamente. Sua mãe morreu muito jovem. Seu irmão biológico nunca o ajudou e, além disso, cobrava-lhe aluguel da casa onde morava. A tudo isso soma-se o fato dos sintomas da surdez se agravarem, deixando-o nervoso e irritado. Beethoven somente podia escutar usando uma espécie de trombone acústico no ouvido, o que seria para nós, hoje, algo semelhante a um aparelho auditivo. Notando que ninguém o entendia nem o queria ajudar, Ludwig se retraiu e se isolou. Por isso, conquistou a fama de misantropo. Por todas essas razões, o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a redigir um testamento dizendo que iria se suicidar. Mas, como nenhum filho de Deus está esquecido, o auxílio espiritual se manifestou através de uma moça cega. Ela confessou que daria tudo para enxergar uma noite de luar... Ao ouvi-la, Beethoven se emocionou até as lágrimas... Afinal, ele podia ver! Ele podia escrever sua arte nas pautas... A vontade de viver voltou-lhe renovada e ele compôs uma das músicas mais belas da Humanidade: 
Sonata ao luar
A melodia imita os passos vagarosos de algumas pessoas. 
Possivelmente os dele e os dos outros que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protetor. 
Olhando para o céu prateado de luar, e lembrando da jovem cega, como a perguntar o porquê da morte daquele Mecenas tão querido, ele se deixou mergulhar num momento de profunda meditação transcendental... 
Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem insistentemente no tema principal do primeiro movimento da Sonata, são as três sílabas da palavra Por quê? em alemão, ou outra palavra sinônima. 
Anos depois de ter superado o sofrimento, viria o incomparável Hino à Alegria, da Nona Sinfonia, que coroa a missão desse notável compositor, já totalmente surdo. 
Hino à Alegria expressa a sua gratidão à vida e a Deus por não haver se suicidado. Tudo graças àquela moça cega que lhe inspirou o desejo de traduzir, em notas musicais, uma noite de luar... 
Usando sua sensibilidade, Beethoven retratou, através da melodia, a beleza de uma noite banhada pelas claridades da lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos... 
* * * 
Enrique Eliseo Baldovino
A música desperta na alma impressões de arte e de beleza que são o júbilo e a recompensa dos Espíritos puros, uma participação na vida divina em seus deleites e seus êxtases. 
A música, melhor do que a palavra representa o movimento, que é uma das leis da vida. Por isso, ela é a própria voz do mundo superior. 
A música é a voz dos céus profundos. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado pelo músico Enrique Eliseo Baldovino, antes de uma de suas apresentações musicais e frases extraídas dos caps. VI e VII, do livro O Espiritismo na Arte, de Léon Denis, ed. Arte e Cultura. 
Em 28.7.2021.

terça-feira, 27 de julho de 2021

GERAÇÃO ALTIVA

É bastante comum ouvir-se falar da precocidade das crianças de hoje em dia. Impressiona a facilidade com que dominam as novas tecnologias. Também é notável o modo pelo qual rompem tabus e preconceitos. Diante de seres tão independentes e dinâmicos, pais e educadores costumam quedar perplexos. Há nos jovens da atualidade algo de diferente. Não se trata de mera rebeldia, sempre presente, em algum grau, nas novas gerações. É todo um novo sistema de valores que parece desabrochar. A Espiritualidade Superior noticia que realmente surge no mundo uma nova geração. 
Tratam-se de Espíritos que há muito não reencarnavam. 
E mesmo de alguns que vêm de mundos distantes para aqui renascer.
Sua chegada é motivo de alegria e cuidados. 
Alegria, pois trazem a tarefa de promover o progresso do planeta. 
Dotados de grande intelectualidade, trazem novos conceitos de vida que desejam colocar em prática. 
Alguns ainda são ricos de sublime moralidade.
A necessidade de cuidados deriva da própria qualidade desses seres. 
Eles são independentes e altivos. 
Renascem com o propósito de reformular os valores sociais e aprimorá-los. 
Por conta disso, não são submissos e conformados. 
Com eles, não adianta o discurso da mera proibição. 
De nada resolve exigir que obedeçam aos mais velhos. 
Eles precisam ser convencidos com bons argumentos. 
Gritos e violências nunca foram métodos educativos eficazes. 
Mas com essas crianças especiais são ainda mais infelizes. 
Elas tratam os adultos de igual para igual. 
Não aceitam punições e reproches e nem regras de conduta sem sentido.
É preciso conquistar-lhes a admiração e o respeito. 
O fato de serem a promessa de um futuro melhor não autoriza que sejam abandonadas à própria sorte. 
Seus pais são depositários de um tesouro Divino e darão conta do que fizerem. 
Necessitam esmerar-se em dar bons exemplos e formação intelectual e moral adequadas porque a influência do lar é fundamental na formação do caráter. 
Espetáculos de violências e indignidades podem causar grande prejuízo, mesmo em um Espírito mais avançado. 
Afinal, ao se tornar adulto, ele terá primeiro de superar os traumas pelos quais passou. 
Caso os prejuízos sejam muito grandes, talvez não consiga desempenhar a contento suas tarefas. 
Inúmeros Espíritos de alto gabarito estão retornando às lutas terrestres.
Eles são a promessa de um mundo mais justo e fraterno. 
Importa cuidar bem deles e preparar-lhes o caminho. 
Orientá-los, para que não se percam na rebeldia vã e nem na libertinagem.
Cercá-los de afeto, a fim de que cresçam seguros e equilibrados. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.09.2011.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

UNIÃO FRATERNAL

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Deus fez o homem para viver em sociedade. 
Todos devemos concorrer para o progresso ajudando-nos mutuamente.
Nenhum de nós possui todos os conhecimentos. 
Pelas relações sociais é que nos completamos, nesse objetivo de assegurar nosso bem-estar e progredir. É por isso que, tendo necessidade uns dos outros, somos feitos para viver em sociedade e não isolados. 
A vida social nos apresenta, então, diversos desafios. 
Somos muito diferentes uns dos outros. 
Nossas bagagens culturais, intelectuais e morais nos diferenciam intensamente. 
Não é fácil conviver. 
Porém, a união fraternal é o único caminho para a felicidade verdadeira. 
O Espírito Emmanuel nos deixa uma mensagem muito esclarecedora sobre o tema: 
"À frente de teus olhos, mil caminhos se descerram, cada vez que te lembras de fixar a vanguarda distante. São milhões de sendas que marginam a tua. Não olvides a estrada que te é própria e avança, destemeroso. Estimarias, talvez, que todas as rotas se subordinassem à tua e reportas-te à união, como se os demais viajores da vida devessem gravitar ao redor de teus passos. Une-te aos outros, sem exigir que os outros se unam a ti. Procura o que seja útil e belo, santo e sublime e segue adiante... 
A nascente busca o regato, o regato procura o rio e o rio liga-se ao mar.
Não nos esqueçamos de que a unidade espiritual é serviço básico da paz.
Observas o irmão que se devota às crianças? 
Reparas o companheiro que se dispôs a ajudar aos doentes? 
Identificas o cuidado daquele que se fez o amigo dos velhos e dos jovens?
Assinalas o esforço de quem se consagrou ao aprimoramento do solo ou à educação dos animais? 
Aprecias o serviço daquele que se converteu em doutrinador na extensão do bem? 
Honra a cada um deles, com o teu gesto de compreensão e serenidade, convencido de que só pelas raízes do entendimento pode sustentar-se a árvore da união fraterna, que todos ambicionamos robusta e farta. 
Não admitas que os outros estejam enxergando a vida através de teus olhos. 
A evolução é escada infinita. 
Cada qual abrange a paisagem de acordo com o degrau em que se coloca. 
Aproxima-te de cada servidor do bem, oferecendo-lhe o melhor que puderes, e ele te responderá com a sua melhor parte."
A guerra é sempre o fruto venenoso da violência. 
A contenda estéril é resultado da imposição. 
A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir. Somente alcançaremos semelhante realização "procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz". 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 49 do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 26.7.2021.

domingo, 25 de julho de 2021

GENTILEZA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
O trânsito, como se faz frequente nas grandes cidades, estava atribulado, agitado mesmo. Todos aparentavam ter a maior pressa em alcançar seus objetivos, em vencer o trajeto que parecia longo demais, devido à lentidão do tráfego. Em uma dessas brechas do trânsito é que Lucas, na ânsia de vencer mais alguns metros, tentou uma manobra para mudar rapidamente de pista. Não percebeu, porém, o carro que vinha logo atrás, obrigando o motorista a frear com rapidez. A buzinada veio logo em seguida, as palavras ditas com violência, que já podia escutar. No próximo sinaleiro, os dois carros emparelharam. Lucas desceu o vidro do carro e dirigiu-se ao motorista que o havia xingado. Esse, ainda vermelho pelo acontecimento de há pouco, preparou-se para a guerra verbal, que imaginou deveria iniciar naquele momento. Foi quando Lucas, gentilmente lhe disse:
-Desculpe-me a má conduta. Foi pressa e distração. Perdoe-me o que lhe causei. 
O semblante carregado do motorista vizinho foi substituído pela surpresa quase que de imediato. Atônito pela resposta que não esperava, desarmou-se da briga que já planejava. E, rendido pela gentileza, abriu largo sorriso e respondeu: 
-Imagine, meu amigo, não foi nada. Isso acontece com todo mundo! 
* * * 
Quantos de nós esquecemos da gentileza como a ferramenta para lidar com as situações difíceis do nosso cotidiano? 
Reclamamos da virulência das pessoas, nos queixamos de como elas são ásperas e rudes, mas, muitas vezes, nos utilizamos das mesmas atitudes.
É bem verdade que o fim da história poderia ser outro, se Lucas não fosse gentil e educado. 
Se fosse agressivo, ao invés de receber um sorriso de compreensão, carregaria consigo a raiva e o destempero do outro. 
Dessa forma, somos nós que carregamos a possibilidade de escolher nossas ferramentas no trato com o próximo. 
Quando alguém é áspero, como agir? 
Se o outro nos trata com grosseria, como nos comportarmos? 
Será sempre a gentileza o toque especial que não nos permitirá cair nessas armadilhas que comumente encontramos em nosso dia a dia.
Gentileza é o que podemos oferecer para deixar o dia mais leve, os relacionamentos menos difíceis, o cotidiano mais ameno. 
E como disse alguém: 
-Gentileza gera gentileza. 
Haverá naturalmente aqueles que ainda não conseguem perceber a gentileza que lhes é ofertada, e que desprezam tal fato, agindo indiferentemente na sua habitual rudeza. 
Porém, que não sejam esses, nas suas dificuldades, a nos convencerem que não vale a pena ser gentil. 
A gentileza sempre será a melhor opção para nossas atitudes, ensaiando nossa alma para conquistas maiores, representando os primeiros passos para a compreensão e a caridade para com nosso semelhante. 
* * * 
Gentileza é expressão de cordialidade e de afeto. 
Não acreditemos que a falta de tempo possa ser responsabilizada pelos deslizes para com a gentileza, no trato diário com as pessoas. 
O gesto gentil abre horizontes novos ao entendimento e ao melhor viver no mundo. 
Redação do Momento Espírita, com pensamento final colhido no vocábulo Gentileza, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 21.09.2012.

sábado, 24 de julho de 2021

GENTILEZAS SALVADORAS

CHICO XAVIER E DIVALDO PEREIRA FRANCO
Quando você afasta do piso uma casca de fruta deixada pela negligência de alguém, não pratica apenas um ato de gentileza. Evita que algum desavisado escorregue, sofrendo tombo violento. 
Ao ceder o lugar no transporte coletivo a um idoso, você não realiza um gesto de cortesia somente. Atende a um corpo cansado, poupando as energias de quem poderia ser seu avôou seu pai. 
Se você oferece auxílio na condução de um volume qualquer, poupando aquele que o carrega, não pratica unicamente uma delicadeza. Contribui fraternalmente para a alegria de alguém que, raras vezes, encontra ajuda.
Utilizando a boa palavra em qualquer situação, você não atende exclusivamente à finura do trato. Realiza entre os ouvintes o culto do verbo são, donde brotam proveitosos e salutares ensinamentos.
Silenciando uma afronta em público, você não demonstra apenas refinamento social. Poupa-se ao diálogo violento, que dá margem a ódios irremediáveis. 
Se você oferece agasalho a quem necessita, não só atende à delicadeza humana, por filantropia. Amplia a cultura da caridade pura e simples. 
Ao sorrir, discretamente, dando oportunidade a um desafeto de refazer a amizade, você não age tão-somente em tributo à educação. Apaga mágoas e ressentimentos, enquanto "está a caminho com ele".
Procurando ajudar um enfermo cansado a vencer um obstáculo, você não age apenas por uma questão de gentileza. Coopera para que a vida se dilate no debilitado, propiciando-lhe ensejos evolutivos. 
Atendendo uma criança impertinente que o incomoda, num grupo de amigos, você não se situa só na formosura da conduta externa. Liberta um homem futuro de uma decepção presente. 
No exercício da gentileza, a alma dilata recursos evangélicos e vive o precioso ensino do Mestre ao enfático doutor da Lei, com afabilidade e doçura, quando Ele afirmou: 
-“Vai e faze o mesmo!” 
* * * 
No exercício da afabilidade e da doçura, que atrairá para você as correntes da simpatia, use a compaixão para com todos e guarde, acima de tudo, a boa vontade e a sinceridade no coração. 
Na alegria ou na dor, no verbo ou no silêncio, no estímulo ou no aviso, acenda a luz do amor no coração. 
A doçura é essa gentileza das maneiras, uma das formas de benevolência para com o nosso próximo, caracterizada pela disposição de acolher o outro como alguém a quem queremos bem. 
É uma coragem sem violência, uma força sem dureza, um amor sem cólera.
A doçura, a afabilidade, atraem. A dureza, a cólera, afastam. 
* * * 
Cultive a brandura sem afetação; e a sinceridade, sem espinhos.
Somente o amor sabe ser doce e afável, para compreender e ajudar, usando situações e problemas, circunstâncias e experiências da vida, para elevar o Espírito eterno ao templo da luz Divina. 
Se algo sobre a Terra merece o nome de felicidade, é aquela íntima satisfação, aquele íntimo sentimento moral que resulta do emprego das faculdades na pesquisa da verdade e na prática da virtude. 
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Gentilezas salvadoras, do livro Glossário espírita-cristão, pelo Espírito Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no cap. Afabilidade e doçura, do livro Escrínio de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O clarim. 
Em 21.6.2013.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

RAZÃO DE VIVER

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Existir significa ter vida, fazer parte do Universo, contribuir para a harmonia do Cosmo. Assim, a vida que pulsa na intimidade de cada um de nós é convite de Deus para nos integrarmos a Ele, ao Universo, visto sermos Seus filhos, criados pela Sua essência amorosa. Para cada um de nós, a busca do sentido de viver, por entender que a vida deve ter um significado especial, é a força que nos impulsiona ao próprio progresso. Os que elegemos um objetivo para viver, sejam nossos ideais, nossas necessidades ou mesmo nossas ambições, descobrimos um sentido para a própria vida. Mesmo sob pesadas tormentas, o objetivo a alcançar nos constituirá sempre a mola propulsora. Afinal, quando se tem o porquê viver, se torna de caráter secundário a forma como vivemos, desde que alcancemos o objetivo desejado. 
Viktor Frankl, psiquiatra judeu, afirmou que somente venceu os suplícios dos campos de concentração da Segunda Guerra Mundial porque conseguiu encontrar um nobre objetivo para quando saísse de lá. Ele tinha três razões para viver: sua fé, sua vocação e a esperança de reencontrar a esposa. Ali onde tantos perderam tudo, Frankl reconquistou não somente a vida, mas algo maior. Enquanto muitos resvalavam na fuga pelo suicídio, nos dias de confinamento, ele superou as dores físicas e morais, ao se apoiar nos objetivos que se propôs alcançar. 
Thomas Alva Edison
, após mais de dois mil experimentos, mantinha o mesmo ânimo na busca de soluções para a criação da lâmpada elétrica, impulsionado que estava pelo objetivo da descoberta. 
Muitos aposentados e idosos, depressivos diversos, que se neurotizaram, recuperam-se através do serviço ao próximo, da autodoação à comunidade, do labor em grupo, sem interesse pecuniário, reinventando razões e motivos para serem úteis, assim rompendo o refúgio sombrio da perda do sentido existencial. 
Sem meta não se vive. 
Mas ela se constitui sempre de um sentido pessoal, que ninguém pode oferecer e que é particular a cada um. 
De outra forma, pessoas atuantes, vibrantes, quando perdem o objetivo pelo qual pautavam sua vida, resvalam nos sombrios caminhos da depressão. 
Assim, cabe a cada um de nós não se esquecer do significado maior da vida. 
Se os acontecimentos externos modificam-se, se a vida se altera, é natural que nossos objetivos também se ajustem a esse novo curso. 
Porém, não nos esqueçamos de que será sempre objetivo de cada um de nós a busca da construção íntima através do desenvolvimento intelectual e das conquistas morais. 
Será a conjugação desses dois valores que proporcionarão bem-estar interior e plenitude. 
Quem percebe a vida como uma oportunidade constante e inesgotável de progresso, jamais deixará de possuir objetivos, pois terá como meta maior a construção da plenitude existencial na intimidade da alma. Pensemos a respeito e, se necessário, reformulemos nossos objetivos de vida, para nos sentirmos estimulados à continuidade da luta, sem esmorecer.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro Amor, imbatível amor, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 23.7.2021.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

GENTILEZA SEMPRE!

CLÉLIA, MORADORA DE RUA
Ela é moradora de rua há mais de vinte anos. 
Tem uma índole que prima pela gentileza. 
Aproveita todas as oportunidades para ser útil. 
Ora é um deficiente visual, que apresenta certa dificuldade, para a travessia de grandes avenidas, em uma cidade de tráfego intenso. 
De outra feita, é alguém que busca determinado endereço e encontra nela a disposição para a precisa indicação. 
Segundo os comerciantes da região onde costuma ser vista, Clélia é alguém sempre pronta a ajudar. 
Zela para que ninguém provoque estragos nos carros estacionados nas ruas. 
Também para que outros não realizem atos de vandalismo nas lojas próximas. 
Ela já foi entrevistada em reportagem a respeito dos moradores de rua.
Como muitas outras pessoas, eles sofrem certo preconceito. 
São temidos por alguns, que os veem transitando de um lado a outro, parecendo sem rumo. 
Em verdade, desconhecemos os motivos pelos quais alguém é levado a morar na rua. 
Já nos indagamos se foram expulsos de casa? 
Se foram obrigados a deixarem o lar por alguma circunstância? 
Clélia não revelou os motivos que a isso a conduziram. Mas a forma como fala, como trata aos demais, nos diz que aprendeu boas maneiras, e tem certa instrução. 
Sua filosofia de vida inclui, sem dúvida, ajudar aos outros porque dessa forma, afirma, todos somos ajudados. 
De tudo, ressalta a sua gentileza para com todos. 
* * * 
A gentileza é uma forma de atenção, de cuidados, uma amabilidade que torna os relacionamentos humanos mais agradáveis. 
É uma virtude que todos podemos praticar, não importando onde vivamos, com quem convivamos. 
No transporte público sempre podemos ceder nosso lugar a quem necessite, mesmo que o assento em que estejamos não seja classificado como preferencial. 
Podemos nos habituar a agradecer às pessoas que nos prestam pequenos favores. 
Não somente dizer um Obrigado mecânico, mas determo-nos um instante para sorrir enquanto pronunciamos a palavra mágica da nossa gratidão.
Podemos criar o hábito de cumprimentar as pessoas que encontramos, nas vias públicas ou em outros locais. 
Também a nos desculparmos pelos esbarrões involuntários, por descuidarmos de manter uma porta aberta para quem vinha logo atrás. Praticarmos a gentileza de permitir a ultrapassagem ou a passagem ao carro que sinaliza para a troca de faixa. 
E, no lar, em especial, nos acostumarmos a agradecer a quem o higieniza e organiza, providencia a roupa lavada e passada, o alimento à mesa. 
A quem nos espera, nas horas tardias, aguardando que cheguemos. 
E, muito importante, acostumarmo-nos a tecer elogios pelo aposento florido, o toque delicado, aqui e acolá. 
A gentileza deve se revestir de sinceridade e simplicidade e colabora, intensamente, para melhorar o convívio familiar, profissional, social. 
Uma atitude simples que faz a diferença. 
Aprendamos a expressar nosso amor e disposição de forma clara e direta, com nobreza e elegância de propósito. 
Sejamos gentis sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 22.2.2020.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

JEJUM E ORAÇÃO

Jesus havia descido do monte onde, há pouco, Pedro, Thiago e João haviam presenciado o fenômeno da transfiguração. Quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo: 
-Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água. E trouxe-o a teus discípulos, e não puderam curá-lo. 
Eis que Jesus lhe respondeu: 
-Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
Narra, então, o Evangelista Mateus que Jesus repreendeu o Espírito mau que estava com ele e o Espírito o abandonou. 
Os discípulos se aproximaram de Jesus, curiosos, e, em particular, lhe perguntaram: 
-Por que não pudemos nós expulsar o espírito mau? 
Ao que o Mestre lhes redarguiu: 
-Por causa de vossa pouca fé. Porque, em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e há de passar. E nada vos será impossível. 
Finaliza Jesus a lição, afirmando: 
-Mas esta casta de demônios não é expulsa senão pela oração e pelo jejum.
* * * 
Necessário serenar a alma e as ideias preconcebidas, e refletir profundamente sobre a proposta de jejum e oração oferecida pelo Rabi.
Será que Jesus, ao propor o ato de jejuar, referia-se a deixar de se alimentar regularmente? 
Pois é assim que muitos entendem até os dias de hoje. 
Por isso, faz-se mister que nos debrucemos sobre a temática a partir deste ponto. 
A proposição do Mestre ia muito além da dieta alimentar. 
Ele trazia a ideia da abstinência moral, de abster-se de tudo aquilo que nos conduz aos excessos. 
Fala Ele, assim, de um jejum do comportamento doentio. 
Este é o único caminho para a libertação das influências deletérias dos obsessores espirituais. 
A oração é primordial, pois nos liga ao Criador, nos purifica os pensamentos e eleva a sintonia mental. 
Junto dela, a mudança de comportamento, de direção nos propósitos de vida é fundamental. 
Os Espíritos infelizes se ligam a nós através da sintonia com nossas misérias íntimas. 
Se deixarmos de cultivar tais misérias, se alterarmos a faixa mental, não haverá mais compatibilidade nesse plug psíquico. 
A privação das ações negativas, dos desejos malsãos deve ser o jejum para a alma que deseja se libertar de qualquer influência espiritual inferior.
A fé raciocinada e a ação no bem nos protegem de tudo. 
Não há o que temer, quando as mãos estão perfumadas pelas flores do bem que deixamos pelo caminho. 
Não há o que temer, quando o coração está aquecido pela certeza de que as Leis de Deus são perfeitas, e que a Presença Divina é constante em nossas vidas. 
Perante qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar, lembremos da lição do jejum e da oração. 
Lembremos deste medicamento poderoso de que todos nós dispomos.
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.7.2021.

terça-feira, 20 de julho de 2021

GENTILEZA SEMPRE EM ALTA

Ao contrário do que apontam alguns pessimistas de que hoje em dia ninguém se importa com ninguém, o número desses é muito baixo. A maioria das pessoas se importa, sim, com os demais e auxilia, sem esperar recompensa, sem sequer dizer seus nomes e endereços para receber depois um muito obrigado. 
Uma senhora contou que, após deixar o hospital, acompanhando seu marido, ela foi comprar os medicamentos que lhe tinham sido prescritos. A dificuldade foi grande porque as farmácias da cidade não queriam aceitar o seu cheque, que era de outra cidade. Quando ela contou ao médico o que havia acontecido, ele prontamente retirou o seu talão de cheques da pasta, assinou os cheques e disse: 
-Isso não vai ser mais problema. Você me devolve quando puder. 
Naquela hora, ela não se conteve: chorou de emoção. Afirmou que se lembrará daquele gesto para sempre. Tornaram-se amigos e ele continua sendo o médico da família. 
Outra pessoa relatou que, todos os dias, às cinco horas da manhã, esperava o ônibus para o trabalho. Certa manhã, quando estava no ponto aguardando a condução, uma moto estacionou na sua frente. Era o motorista do ônibus avisando que a linha que ela estava acostumada pegar havia acabado. E, completou ela, ele percorreu todo o trajeto do ônibus, informando os passageiros sobre o fim daquela linha. 
Isso se chama desprendimento, atenção, importar-se com o outro.
Finalmente, existe o relato daquele senhor que foi transferido da agência bancária, em que trabalhava, para uma cidade de Minas Gerais, chamada Passa Quatro. Mudou-se com a mulher e os quatro filhos. Fizeram a viagem de carro, chegando na casa que haviam alugado ao mesmo tempo que o caminhão que trazia a mudança. As crianças estavam com fome, choravam com saudades dos amigos que haviam ficado para trás. A esposa não sabia se atendia os filhos ou se dava ordens para os homens que estavam descarregando a mudança. Nessa hora, dona Ana se apresentou como sua vizinha, trazendo nas mãos uma bandeja com uma jarra de suco de laranja, biscoitos e sanduíches. Não somente alimentou a todos, mas se prontificou a distrair as crianças, enquanto os pais arrumavam os móveis. Foi essa acolhida carinhosa e alegre que trouxe excelentes consequências. O casal decidiu construir ali sua casa, e permaneceu na cidade, mesmo após a aposentadoria do pai de família. 
* * * 
A gentileza existe e está em alta.
Há um número muito maior de pessoas que estão atentas ao que acontece ao seu redor e dispostas ao auxílio do que possamos imaginar.
Se desejar engrossar esse número, é muito simples. 
Na próxima vez que for ao mercado olhe para os lados e observe se um idoso não está precisando de ajuda para descobrir o preço de alguma mercadoria. 
Ou se uma mãe não está tendo alguma dificuldade com seu bebê. 
Seja gentil: ajude a colocar as compras no carro, ceda sua vez no caixa, converse enquanto aguarda, acalme uma criança, sossegue alguém irritado com a demora da fila. 
É isso que torna o nosso mundo melhor, a cada novo dia. 
Redação do Momento Espirita, com base no artigo A gentileza de estranhos, de Seleções Reader's Digest, de novembro/2002. 
Em 29.9.2014.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

DOCES REENCONTROS

Verdadeiramente, vivemos tempos novos sobre a face da Terra. Tempos em que, a cada dia, nos deparamos com seres especiais reencarnados entre nós. Não importa a raça, a nacionalidade, o credo religioso ou crença alguma. Eles são especiais. Trazem conceitos espiritualizados a respeito da vida, do mundo, do destino final das criaturas de Deus. Contou-nos uma amiga que sua filha, na inocência dos seus três anos de idade, certa noite, aconchegou-se na cama, ao seu lado. Em verdade, toda noite era assim. A menina vinha para sua cama e ali se deitava por alguns minutos, antes de se encaminhar para o próprio berço. Nesses momentos, contou-nos a mãe, era que diálogos sempre interessantes aconteciam. Alguns que a surpreendiam, sobremaneira. Era como se aquela criança, que trazia o azul do céu em duas joias brilhantes na face, se pusesse a pensar, mergulhando na doçura e na sabedoria de um passado intensamente vivido. 
-Mamãe, antes de eu nascer eu era anjinho? 
A mãe ficou a imaginar como deveria responder. E resolveu adentrar no clima da inocência infantil, concordando. 
-E antes de você ser mamãe, onde você morava? 
Pacientemente, e alongando o diálogo, a mãe respondeu que morava com seus pais, avós da pequena. Enriqueceu com detalhes, dizendo da casa grande, de janelas azuis, o imenso jardim, em outra cidade, bem longe.
-Mas, mamãe, e antes de você ser filha do vovô e da vovó, você era anjinho como eu, né? 
-Acho que sim, foi a resposta breve daquela jovem que ficou a cogitar aonde iria parar aquele raciocínio todo. 
Então, a garotinha desatou a falar: 
-Pois é, mamãe, você estava no céu, junto comigo. Aí, você nasceu e eu fiquei lá. Depois, Papai do Céu falou para eu escolher minha mamãe. E eu escolhi você. Viu, agora estamos juntas de novo. 
A conversa parou. 
Os olhos da mãe se transformaram em pérolas de luz e duas lágrimas brilharam, rolando pela face. Ela estreitou seu tesouro junto ao coração. E enquanto a pequena se acomodava para o sono, ela se pôs a pensar: Quantos filósofos se detêm anos a estudar os mistérios da vida que nunca morre, da vida que se repete na Terra, no espaço, em outros mundos. Estudam a doutrina secreta dos hindus, egípcios, gregos para encontrarem essas verdades que, até hoje, muitos homens não admitem, considerando simples tolices. No entanto, a sua pequerrucha, na extraordinária sabedoria de um Espírito milenar, revestido de carne, ali, descontraída e singelamente, sintetizara a trajetória de dois Espíritos que se amam. Dois Espíritos que, possivelmente, estabeleceram laços de afeto há milênios e se propuseram a prosseguir na conquista do progresso, assim, lado a lado. 
Ora como mãe e filha. 
Ora... quem sabe como? 
* * * 
O maior Sábio que já visitou a Terra, ensinou: 
-Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos? 
E olhando para os que estavam sentados à roda de si: 
-Eis aqui, lhes disse, minha mãe e meus irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe.
Estabeleceu ali a grande verdade de que todos somos uma grande e só família: a família universal. 
Vamos estreitando laços, estabelecendo pontes de amor e nos reencontrando, aqui, nesta vida; acolá, na Espiritualidade e outra vez mais. 
Pensemos nisso: 
Quantos reencontros estamos tendo nesta vida?
Redação do Momento Espírita, com base em fato e citação do Evangelho de Mateus, cap. 12, versículos 47 a 50. Disponível no CD Momento Espírita, v. 29, ed. FEP. 
Em 19.7.2021.

domingo, 18 de julho de 2021

GENTILEZAS DIÁRIAS

A vida é repleta de pequenas gentilezas, tão sutis quanto marcantes no nosso cotidiano. 
O jardim florido oferece um colorido para a paisagem, o sol empresta suas cores para o céu antes de se pôr, a borboleta ensina suavidade e leveza para quem acompanha seu voo. 
A gentileza tem essa característica: sutil mas marcante, silenciosa e ao mesmo tempo eloquente, discreta e contundente. 
O portador da gentileza o faz pelo prazer de colorir a vida do próximo com suavidade, para perfumar o caminho alheio com brisa suave que refresca a alma. 
A gentileza tem o poder de roubar sorrisos, quebrar cenhos carregados ou aliviar o peso de ombros cansados pelas fainas diárias. 
E ela se faz silenciosa, algumas vezes tímida, inesperada na maioria das vezes, surpreendendo quem a recebe. 
A gentileza não se pede, muito menos se exige... 
É presente de almas nobres, presenteando outras almas, pelo simples prazer de fazer o dia do outro um pouco mais leve. 
Você já experimentou o prazer de ser gentil? 
Experimente oferecer o seu bom dia a quem encontrar no ponto de ônibus, no elevador ou no caixa do supermercado. 
Mas não o faça com as palavras saindo da boca quase que por obrigação.
Deseje de sua alma, com olhos iluminados e o sorriso de quem deseja realmente um dia bom, para quem compartilha alguns minutos de sua vida. 
A gentileza é capaz de retribuir com nobreza quando alguém fura a fila no supermercado ou no banco, com a sabedoria de que alguns breves minutos não farão diferença na sua vida. 
Esquecemos que alguns segundos no trânsito, oferecendo a passagem para outro carro, ou permitindo ao pedestre terminar de atravessar a rua não nos fará diferença, mas facilitará muito a vida do outro. 
E algumas vezes, dentro do lar, a convivência nos faz esquecer que ser gentil tempera as relações e adoça o caminhar. 
E nada disso somos obrigados a fazer, mas quando fazemos, toda a diferença se faz sentir... 
A gentileza se faz presente quando conseguimos esquecer de nós mesmos por um instante para lembrar do próximo. 
Quando abrimos mão de nós em favor do outro, por um pequeno momento, a gentileza encontra oportunidade de agir. 
Ninguém focado em si mesmo, mergulhado no seu egoísmo, encontra oportunidade de ser gentil. 
Porque, para ser gentil, é fundamental olhar para o próximo, se colocar no lugar do próximo, e se sensibilizar com a possibilidade de amenizar a vida do nosso próximo. 
Se não é seu hábito, exercite a capacidade de olhar para o próximo com o olhar da gentileza. 
Ofereça à vida esses pequenos presentes, espalhando aqui e acolá a suavidade de ser gentil. 
E quando você menos esperar, irá descobrir que semear flores ao caminhar, irá fazer você, mais cedo ou mais tarde, caminhar por estradas floridas e perfumadas pela gentileza que a própria vida irá lhe oferecer.
Redação do Momento Espírita. 
Em 01.09.2009.

sábado, 17 de julho de 2021

GENTILEZA E POLIDEZ

Ramiro Marques
Na língua portuguesa existem palavras com vários significados. 
Nem sempre sabemos o que realmente significam no contexto em que estão inseridas. 
A palavra gentil, por exemplo, segundo os dicionários, quer dizer: de boa linhagem; nobre, fidalgo; elegante, garboso; que agrada pela delicadeza de sentimentos ou fineza de maneiras; amável. 
E a palavra polidez quer dizer: caráter ou qualidade do que é polido; atitude gentil; cortesia, civilidade. 
Geralmente as pessoas gostam de ser consideradas gentis e polidas, pois esses termos pressupõem atitudes nobres. 
No entanto, a pessoa pode ser gentil e polida e não ser ética e nem moralmente correta. 
Uma pessoa que se comporta com gentileza e polidez não está, necessariamente, agindo com bondade, equidade, complacência e gratidão. 
O excesso de polidez e de gentileza pode até ser muito inconveniente. 
É por isso que o ditado popular: 
É polido demais para ser honesto tem sua razão de ser
Aquele que é gentil e polido, em excesso, passa por pouco verdadeiro. Isso porque, às vezes, a honestidade, a seriedade e a verdade exigem que se desagrade alguém. 
Levada muito a sério, a polidez é o contrário da autenticidade. 
Os muito polidos são como crianças grandes demasiadamente bem comportadas, prisioneiras de regras, iludidas pelos costumes e pelas conveniências. 
Assim, entende-se que uma pessoa polida não deve ser, só por esse fato, considerada virtuosa. 
A polidez pode ser uma atitude externa, como uma fina camada de verniz, adquirida pelas regras de etiqueta, e não ter ressonância no interior da alma. 
Uma pessoa pode ser gentil e enérgica ao mesmo tempo, sem que isso a torne menos gentil. 
Pessoas que nunca contrariam ninguém não podem estar sendo honestas nem verdadeiras. 
Uma pessoa gentil sabe usar a sua autenticidade com moderação, bom senso e firmeza, sem resvalar na pieguice ou na loucura. 
Já uma pessoa vil não deixa de ter mau caráter pelo fato de ser polida.
Geralmente, esse equívoco de interpretação confunde a análise e julga-se mais pela aparência do que pela essência. 
É por isso que um gentil cavalheiro ou uma dama polida, quando provocados, podem tornar-se irreconhecíveis, pela grosseria de seus atos e gestos. 
Isso porque a provocação não resiste à pedra de toque, as mazelas internas rompem o verniz e a criatura mostra-se tal qual é: uma fera.
Nesses momentos usa todas as armas possíveis para agredir, sem mensurar se há justiça ou não em suas atitudes insanas. 
Quanto mais fina a camada de verniz, mais facilmente surgirão as intimidações dos oponentes mostrando-lhes, de alguma forma, que estão investidas de algum poder, atrás do qual se protegem. 
Quando não se tem argumentos lógicos, justos e coerentes, apela-se para o grito, a carteirada ou a força bruta. 
Jesus, o grande Sábio de todos os tempos, disse: 
-Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que são semelhantes a sepulcros caiados, vistosos por fora mas cheios de podridão por dentro.
Assim também vós, por fora pareceis justos aos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade. 
É essa maldade que vai aparecer sempre que ficar exposto o verdadeiro caráter do indivíduo, que está escondido por trás da polidez ou da falsa gentileza.
Por tudo isso vale construir um bom caráter de dentro para fora, pois ninguém poderá se manter por muito tempo sobre bases falsas. 
Seja essencialmente gentil e sua gentileza se exteriorizará naturalmente, tão natural como o ato de respirar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20 de O livro das virtudes de sempre, de Ramiro Marques, ed. Landy e no Evangelho de Mateus, cap. 23, vv 27 e 28. 
Em 29.03.2010.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

UMA LEMBRANÇA PERFUMADA

Quem conta a história é uma jovem que, no intuito de auxiliar a sogra, foi até a página de uma determinada marca de cosméticos e escreveu: 
-Fui à casa de minha sogra com uma missão que partiu meu coração: levar os pertences de meu cunhado, morto no dia 4 de março, levado pela COVID. Cheguei em sua casa amarela, florida, cheirosa e vi dona Wanda muito triste. Ela chorava, enquanto segurava um vidro, que tinha um mínimo de perfume no seu interior. Eu sabia que a partida do filho destroçara aquele coração de mãe. Dona Wanda disse que aquele frasco de perfume era seu maior tesouro. E confessou: 
-“Esse perfume era o favorito de Alexandre. Eu só o usava quando ele vinha me visitar porque ele dizia que esse perfume tinha cheiro de mãe.” 
O intuito da nora era comprar um ou mais vidros do tal perfume: Anette. No entanto, descobriu que ele não era mais fabricado, motivo pelo qual se dispôs a escrever para a empresa, perguntando se não poderia, quem sabe, fazer uma edição limitada. O que recebeu como resposta, endereçada para a sua sogra foi inusitada. Uma carta escrita de próprio punho do fundador da empresa. Em síntese, dizia ter tomado conhecimento do significado do perfume para ela. Informava que, com apoio da equipe, seriam fabricadas algumas unidades especialmente para o seu coração de mãe. Finalmente, falava da importância do perfume para si mesmo. Ele fora criado por ocasião do nascimento da sua primeira filha, Annete. 
 * * * 
Um perfume conectando duas vidas. 
Um celebra a vida que vem para a Terra. 
A outra recorda quem partiu para a vida espiritual. 
Para cada um, no entanto, o mesmo significado: amor. 
Amor de pai, amor de mãe. 
Louve-se o empresário que entendeu o coração materno, esfacelado pela ausência do filho e providencia algo que possa amenizar a dor da sua saudade. 
Ou eternizar uma perfumada lembrança. 
Isso se chama empatia. 
Sentir a emoção do outro, o sentimento que lhe vai na alma e não discutir se é bom ou ruim. 
Simplesmente reconfortar um coração de mãe que poderá utilizar o perfume, muitas vezes, para lembrar as doces carícias do filho. 
Afinal, cada qual tem sua própria forma de lembrar, de recordar. 
* * * 
Possivelmente, os que temos a certeza da vida após a vida, estejamos a pensar que não precisamos de perfume ou coisa alguma para lembrar a quem amamos e se foi.
No entanto, nesses tempos de tanta dor, quando a pandemia ceifa vidas, sem piedade, deixando mães e esposas em luto, filhos órfãos, o que importa é a compaixão. 
Compaixão para quem sofre a ausência, para quem tem dificuldades para se adaptar à nova realidade. 
Por isso, lembremos de orar por essas criaturas, enviemos a elas o frescor das rosas e dos lírios da nossa oração, desejando que se sintam envolvidas pelas benesses espirituais. 
Vibremos pela paz, pela serenidade desses que sofrem o decepar das suas esperanças de ter o filho querido nos braços, ou o esposo, o irmão, alguém amado. 
Para todos os corações sofridos, desejemos que o Celeste Jardineiro os envolva no doce perfume da sua paz, amenizando-lhes as dores das ausências físicas. 
Oremos. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados da revistaglamour.globo.com. 
Em 16.7.2021.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A GENTILEZA DOS ESTRANHOS

Quando muitos desacreditam da generosidade humana e, pessimistas, alardeiam que neste mundo é cada um por si, que ninguém se importa com outrem, é bom ouvir relatos que atestam exatamente o contrário. 
Uma senhora que emigrou da Rússia, ainda criança, com sua família, após a Segunda Guerra Mundial, tem recordações bastante agradáveis de uma pessoa que lhe era desconhecida. Durante o terrível confronto mundial, ela e sua família foram sequestrados e levados a um campo de concentração na Alemanha, onde permaneceram por cinco anos. Tendo sobrevivido aos rudes tratos, vieram para o Brasil, desembarcando no porto do Rio de Janeiro, no ano de 1948. Na qualidade de imigrantes, receberam o prazo limite de quatro meses para conseguirem emprego e moradia, caso contrário, seriam deportados ao seu país. Dois meses transcorridos, a família resolveu mudar-se para São Paulo, a ver se melhores seriam as possibilidades. Encontraram uma senhora alemã que tinha uma casa para alugar. Contudo, a família não tinha recursos, não poderia indicar avalistas, por desconhecida na cidade. A mãe de família explicou à senhora a situação. O prazo para conseguirem moradia e emprego expiraria em dois meses. O insucesso significaria desistir da esperança de melhores dias. A senhora era uma dessas almas, não somente revestida de bondade, quanto de sabedoria. Abriu a casa que lhe deveria render algum dinheiro e permitiu que a família ali se alojasse. Pagariam, quando tivessem condições. Na sequência, apresentou a jovem mãe de família ao açougueiro e ao dono do mercadinho. Assim, como um aval de que pudesse realizar suas compras, a fim de não perecer à fome. Os pais conseguiram um trabalho quinze dias depois e puderam recomeçar as suas vidas. 
É uma das filhas que, entre a gratidão e a emotividade, narra o episódio.
Sua vida e de toda sua família foi salva, graças a um coração que acreditou em sua honestidade. 
E, diga-se, que a família soube aproveitar com muita vontade, a chance que lhe foi ofertada. 
* * * 
Um dia, num país distante, um casal procurou abrigo. 
Não possuía credenciais, nem cartas de apresentação. 
Ele era um carpinteiro, das bandas de Nazaré. 
Ela, uma jovem grávida, de aspecto cansado, pela longa viagem. 
Seus bens não passavam de um jumento, um boi, roupas para viagem, algumas provisões, umas peças de enxoval para o bebê que deveria nascer em breve. 
Uma alma generosa, não tendo outro lugar, cedeu-lhes o local onde costumava recolher seus preciosos animais. 
E foi ali, na gruta de Belém, que uma estrela de primeira grandeza deixou as alturas e se engastou no corpo de um menino. 
O nome do homem era José. 
A mulher se chamava Maria. 
E o menino recebeu o doce nome de Jesus. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto A gentileza de estranhos, de Tamara Kaufmann, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 2003. 
Em 18.9.2014.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

COM OLHOS DE VER

Quantas vezes ouvimos pelo rádio ou assistimos pela televisão denúncias contra o poder público, contra médicos, policiais? 
Denúncias de corrupção, mau atendimento, desrespeito ao ser humano, violência. 
Quase sempre, generalizamos o que é individual, ou seja, passamos a afirmar que toda aquela classe de profissionais age daquela forma.
Nossas vibrações para eles são ruins, desagradáveis. 
No entanto, somos poucos aqueles que, em descobrindo algo altruísta de um profissional, alardeamos a sua postura. 
Por isso, a ação daqueles dois policiais deve ser contada e enaltecida.
Não mostram sua face, portanto, o que registram em vídeo, não tem o objetivo de colocá-los em evidência. O local em que a viatura se encontra fala de abandono. Uma favela, um bairro esquecido, não se sabe. Terra de chão, sem asfalto ou macadame. Um garoto se aproxima e convida os policiais a tomar um café. O mais jovem deles é quem inicia o diálogo com o menino que, espontâneo, vai despejando as informações: tem seis anos. Trabalha com o pai. Ele é um trabalhador. Não vai à escola, agora, porque a escola está fechada. Mas ele tem tarefas para fazer. E diz que o que ele queria mesmo era ter um celular. 
-Estude, trabalhe e você vai conseguir. – Diz o policial. 
E quando lhe é perguntado o que ele deseja ser, quando crescer, responde, de pronto: 
-Polícia. 
-Qual polícia? Insiste o rapaz. 
-Essa, de vocês. 
Até aí nada de mais. 
Um ser humano falando com outro ser humano. 
Porém, os policiais voltaram no dia seguinte, dizendo que vieram tomar o café que ele oferecera. A espontaneidade do garoto é a mesma. Aproxima-se do policial, fortemente armado, demonstrando confiança perto daquela autoridade. Enfim, depois de alguma conversa, ele é convidado para se aproximar da viatura e recebe um pacote de presente. O menino tira o papel e o entrega ao policial. 
Maravilhoso: ele não joga o papel no chão, mesmo estando em um lugar onde, se percebe, a limpeza não tem nota máxima. Tenta abrir a caixa. Seu rosto se ilumina ao descobrir o celular. Liga e começa a mexer. Agora, ele está mudo. Os olhos fixos no aparelho que o policial ajuda a apertar aqui, ali. E vai lhe dizendo que ele poderá fazer fotos, vídeos, mandar mensagens. Afinal, depois da emoção, o menino abraça fortemente o policial pela cintura, que é onde alcança. Em seguida, sem identificação nenhuma, lá se vai o benfeitor. 
Exatamente como recomendou o Mestre de Nazaré: 
-Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita. 
No entanto, ações dessa ordem devem ser faladas, mostradas para contagiar outras pessoas. 
Para termos a certeza de que no mundo existem muitas pessoas boas, que usam a compaixão, que praticam a fraternidade. 
Sobretudo para que tenhamos assuntos agradáveis para comentar, para que o bem se espalhe pela Terra. 
 * * * 
Aprendamos a ter olhos de ver. 
Ver tantos gestos de amor que, todos os dias, anonimamente, são realizados.
Amor que sustenta, que alegra uma vida, que faz sorrir alguém, que concretiza o sonho de um pequeno. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.7.2021.

terça-feira, 13 de julho de 2021

SEM ETIQUETA, SEM PREÇO!

              
A nota é internacional e diz, mais ou menos assim: 
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô de Nova York, vestindo jeans, camiseta e boné. Encosta-se próximo à entrada. Tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os quarenta e cinco minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares. Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a bagatela de mil dólares. A experiência no metrô, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
               
A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. 
A conclusão é de que estamos acostumados a dar valor às coisas, quando estão num contexto. 
Bell, no metrô, era uma obra de arte sem moldura. 
Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. 
Esse é mais um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas, que são únicas, singulares e a que não damos importância, porque não vêm com a etiqueta de preço. 
Afinal, o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? 
É o que o mercado diz que podemos ter, sentir, vestir ou ser?
Será que os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detêm o poder financeiro? 
Será que estamos valorizando somente aquilo que está com etiqueta de preço? 
Uma empresa de cartões de crédito vem investindo, há algum tempo, em propaganda onde, depois de mostrar vários itens, com seus respectivos preços, apresenta uma cena de afeto, de alegria e informa: 
-Não tem preço. 
E é isso que precisamos aprender a valorizar. 
Aquilo que não tem preço, porque não se compra. 
Não se compra a amizade, o amor, a afeição. 
Não se compra carinho, dedicação, abraços e beijos. 
Não se compra raio de sol, nem gotas de chuva. 
A canção do vento que passa sibilando pelo tronco oco de uma árvore é grátis. 
A criança que corre, espontânea, ao nosso encontro e se pendura em nosso pescoço, não tem preço. 
O colar que ela faz, contornando-nos o pescoço com os braços não está à venda em nenhuma joalheria. 
E o calor que transmite dura o quanto durar a nossa lembrança. 
* * * 
O ar que respiramos, a brisa que embaraça nossos cabelos, o verde das árvores e o colorido das flores nos é dado por Deus, gratuitamente.
Pensemos nisso e aproveitemos mais tudo que está ao nosso alcance, sem preço, sem patente registrada, sem etiqueta de grife. 
Usufruamos dos momentos de ternura que os amores nos ofertam, intensamente, entendendo que sempre a manifestação do afeto é única, extraordinária, especial. 
Fiquemos mais atentos ao que nos cerca, sejamos gratos pelo que nos é ofertado e sejamos felizes, desde hoje, enquanto o dia nos sorri e o sol despeja luz em nosso coração apaixonado pela vida. 
Redação do Momento Espírita, a partir de comentário de Willian Hazlitt, que circula pela Internet. Disponível na Agenda Momento Espírita 2020, ed. FEP. 
Em 13.7.2021.