sexta-feira, 31 de julho de 2020

FACES DA CARIDADE

Sue Westhead
Corria o ano de 1973. A inglesa Sue Westhead tinha vinte e cinco anos quando foi diagnosticada com insuficiência renal. A única maneira de sobreviver era receber um transplante de rim. Sua mãe, que contava à época cinquenta e sete anos, não hesitou em oferecer o seu rim à filha.
A operação ocorreu no Hospital Royal Victoria, em Newcastle, Inglaterra. Imediatamente, recuperei um aspecto saudável e a cor de pele rosada, recorda a britânica Sue. Todavia, as perspectivas médicas eram pouco otimistas. As técnicas de transplante ainda não eram tão sofisticadas quanto hoje e aquele era um rim de mais de meio século. Entretanto, Sue desafiou todas as previsões médicas sobre a duração do órgão e acerca da vida que teria após o transplante. Atualmente, com sessenta e oito anos, Sue vive no condado de Durham, no norte da Inglaterra. Embora há muitos anos tome medicação que evita rejeição ao órgão transplantado, tem uma excelente saúde. O rim que sua mãe lhe cedeu conta mais de cem anos A britânica afirma crer que a sua longevidade pode ser atribuída, além da excelente saúde de sua mãe, ao amor através do qual, prontamente, ela lhe ofertou o órgão saudável. Lembro que, naquela época, pensei: Se eu viver por mais cinco anos, serei feliz. Isso foi há quarenta e três anos e o meu rim completará cento e um anos, em novembro de 2016. 
-Estou viva graças à minha mãe, que me deu a vida por duas vezes,comemora Sue. 
 * * * 
Em nosso meio, somos muitos os que doamos alimentos, ajudamos entidades assistenciais, ocupamo-nos com trabalhos voluntários. É certo que esses são gestos de caridade, que é o amor em ação. Todavia, trata-se apenas de algumas das faces da caridade. Antes de colocarmos nossas mãos a serviço dos que caminham conosco, alimentando-os, vestindo-os, coloquemos o nosso Espírito com disposição ao perdão, à luta por vencermos nossas más tendências, à conquista da fé. Dessa forma, iluminamos os gestos de caridade material que devem acontecer como consequência da caridade moral que praticamos para nós mesmos e para o próximo. Caridade é doação, desprendimento. Quando nos doamos, de forma integral, a nossa ação é de caridade. Quando pensamos antes no outro do que em nós mesmos, isso é o verdadeiro amor em ação. É a face radiosa da caridade.
 * * * 
Nobre é providenciar o pão aos esfomeados. Contudo, precisamos verificar se esses mesmos não sentem fome de perdão, de humildade, de busca pela verdade. Portanto, ofertemos o pão e o agasalho. Também nosso tempo, o auxílio, com nosso próprio coração. Assim, de um prato de comida até o órgão que, porventura, destinarmos àquele que dele necessita, estaremos vivendo no amor, para o amor e distribuindo amor aos que nos cercam. Esse amor doação é a expressão mais pura da caridade. É ela que nos faz ser luz do mundo e sal da terra, conforme prescreveu o Sábio Jesus. 
Pensemos nisso. 
Façamos isso. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Sue Westhead. 
Em28.10.2016. 

quinta-feira, 30 de julho de 2020

TUDO ESTÁ CERTO

Conta uma antiga lenda norueguesa que um homem cuidava com muito zelo de uma capela, num distante povoado. 
Haakon era seu nome e via, todos os dias, muita gente adentrar a ermida e orar, com devoção, frente a uma cruz muito antiga. Certo dia, Haakon, impulsionado por um sentimento de generosidade, ajoelhou-se diante da cruz e fez uma oferta ao Crucificado. 
-Senhor, desejo padecer por Vós. Deixai-me ocupar o Vosso lugar. 
O Senhor da cruz abriu os lábios e falou: 
-Amigo, posso atender a tua rogativa, mediante uma condição. 
-Qual é, Senhor? Será uma condição muito difícil? Estou disposto a cumpri-la. 
Então, lhe disse o Cristo: 
-Escuta-me. Aconteça o que acontecer, não importa o que vejas, terás que guardar sempre absoluto silêncio.  
O homem, resoluto, respondeu: 
-Eu prometo, Senhor! 
Fizeram a troca sem que ninguém viesse a perceber. O tempo passou e aquele que substituía o Crucificado conseguia cumprir o seu compromisso de sempre se manter calado. 
Um dia, porém, um rico foi até a capela orar. Ao sair, esqueceu a sua bolsa sobre um dos bancos. Haakon viu e se calou. Também não disse nada quando, umas duas horas depois, alguém que também viera orar, encontrou a bolsa e a levou para si. Ainda ficou calado quando um rapaz veio pedir as graças dos céus antes de empreender uma longa viagem.
Contudo, o rico retornou em busca do que esquecera. Como não encontrasse sua bolsa, pensou que o rapaz se teria apropriado dela. Voltou-se para ele e o interpelou, com raiva, exigindo que lhe devolvesse o que lhe pertencia. 
-Não peguei nenhuma bolsa! 
Defendeu-se o jovem. 
- Mentiroso!
Gritou o homem rico. E arremeteu furioso contra ele, no intuito de agredi-lo. Então, uma voz forte soou: 
-Pára! 
E a imagem falou, defendendo o jovem e censurando o rico pela falsa acusação. Este saiu aniquilado do local. O jovem, porque tinha pressa para empreender a sua viagem, saiu logo em seguida. Quando a ermida ficou vazia, Jesus dirigiu-Se a Haakon e lhe disse: 
-Desce da cruz. Não serves para ocupar o Meu lugar. Não sabes guardar silêncio. 
E, ante as justificativas do servidor, trocaram de lugar, concluindo o Cristo: 
-Tu não sabias que era conveniente para aquele homem perder a bolsa que trazia o preço de muita maldade. 
Quanto ao rapaz, que iria receber alguns golpes, as suas feridas o teriam impedido de fazer a viagem que, para ele, foi fatal. Faz uns minutos seu barco soçobrou e ele se afogou. Tu não sabias, mas Eu sabia. Por isso, Eu sempre me calo. 
* * * 
Toda vez que acreditares que as tuas preces não foram ouvidas porque não foram atendidas, pensa que tudo está certo. Logo mais ou um pouco depois descobrirás que Deus estava certo em Se manter silente. Tenha certeza: nada te acontece que não seja o melhor para ti, naquele momento. Isso porque Deus nunca Se engana. 
Redação do Momento Espírita, com base em lenda norueguesa. 
Em 30.7.2020.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

A FACE DO SENHOR

Narra antiga lenda que, após a descida de Jesus da cruz, Nicodemos, muito comovido, guardou o lenho e pôs-se a esculpir nele o amado Amigo, conforme O vira pela última vez. Trabalhou por largo período com esforço e carinho, realizando uma escultura excepcional. Deixara, porém, o rosto para fazê-lo em último lugar. No entanto, por mais que tentasse não conseguia transmitir à madeira rústica a incomparável expressão de sofrimento e amor com que o Mestre exalara o último suspiro. Já desanimado e supondo-se incapaz de fazê-lo, adormeceu, numa oportunidade, exausto e triste, ante a magnífica obra inacabada. Sonhou, então, que um anjo se acercou da escultura e, rapidamente, realizou o que ele tanto desejara fazer sem o conseguir. No auge do júbilo, Nicodemos despertou e, antes de lamentar haver sido apenas um sonho, se deparou com a face do Cristo superiormente esculpida, completando com perfeição o conjunto harmonioso. 
Na cidade de Lucca, na Itália, encontra-se a Santa Face, uma obra escultural de autor desconhecido, que a fantasia popular e religiosa vestiu de lenda... 
Deixando à margem o exagero, descobrimos uma simbologia oportuna que merece reflexão. 
Na sociedade moderna, em que a justiça, o amor e a liberdade são sacrificados, permanecem os instrumentos de flagelação que o cristão, à semelhança de Nicodemos, deve transformar na face da paz e do perdão em favor de uma vida digna de ser preservada. Quando, no entanto, os esforços parecerem inúteis e vãos, já à beira do desalento, os Espíritos da Luz vêm auxiliar a completar a obra que refletirá a presença do Cristo sustentando a criatura desesperada e infeliz.
* * * 
Cada um vê a face do Senhor, no mundo, conforme a sua necessidade. Madalena a viu de uma maneira diversa de Pilatos. Pedro a conhecia de forma diferente de Judas. João percebia a face do Mestre de forma diversa de Tomé, e assim por diante. E ainda hoje é assim. Deixe-se, pois, esculpir pelos anjos, de modo a oferecer a todos, a confortadora face do Senhor impressa em sua conduta. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A face do Senhor, do livro Seara do Bem, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 11.1.2018.

terça-feira, 28 de julho de 2020

A FACE DO AMOR

Ataques terroristas, independente de onde sejam realizados, são violências contra a Humanidade inteira. 
Assombro, destruição, medo. Ameaças invisíveis que levam para longe a pouca paz de que dispomos, instaurando um reinado de insegurança. Representam o que há de mais triste e baixo no ser humano. É o mal representado em ações, o mal que ainda encontra guarida em tantas almas no globo. 
Ao longo dos tempos, tentamos combater o mal com outro mal maior. Vimos que não deu certo. A dor só aumentou. Vestimos a vingança de justiça e saímos por aí como loucos, cheios de justificativas, tentando aplacar nossa sede de paz, de amor, repletos de ódio no coração. 
Ainda hoje, tanto no plano material, como no mundo espiritual, grande quantidade de Espíritos se enraiza na raiva, na indignação e na mágoa, acreditando ser o revide a solução que irá lhes acalmar o íntimo desequilibrado. 
Não... Esse não pode ser o único caminho. 
Causar dor ao outro nos traz paz? 
Anula ou faz desaparecer o que nos fizeram? 
Acalma o coração desesperado? 
Será que séculos e séculos de sofrimento não nos fizeram enxergar a verdade ainda? 
Os que tentaram nos dar as respostas foram calados de súbito. Ouvir falar em perdão, compreensão e bem, quando estamos feridos, chega a ser ofensivo. 
Escondemo-nos da verdade. 
A verdade pode ser difícil num primeiro instante. 
Lutar contra nossos ímpetos e tendências milenares exige esforço fora do comum. Porém, compensa, tenhamos certeza. 
A verdade liberta. Ela sempre esteve ao nosso alcance. 
O caminho alternativo sempre esteve em nossas rotas, nos chamando. A outra face. 
A outra face... 
A face do amor frente ao ódio. 
A face dos braços abertos que aceitam, frente à intolerância que repudia. 
A face da caridade que constrói frente às bombas que despedaçam. 
A outra face. 
Não a face da indiferença, mas a da ação inteligente no bem, pois se o mal é ardiloso, perspicaz, sorrateiro, o bem é articulado, amoroso e vigilante. 
Assim, quando atacados, de que forma for, apresentemos uma face diferente daquela que nos atingiu. 
O ódio e a violência podem persistir por um tempo, mas não resistem ao poder absoluto e superior do amor. 
Quando do terrível ataque sofrido pela cidade de Paris, em 2015, foram muitos que resolveram oferecer a face do amor. 
Um pianista anônimo ousou trazer seu piano de cauda para a rua, posicionou o instrumento em frente a um dos locais onde diversas pessoas haviam morrido, e tocou lindamente para todos que passavam. Ao som de Imagine, de John Lennon, lágrimas se misturavam a sorrisos através da arte. A música, como oração e canto de esperança, convidava todos a refletirem sobre seu futuro, sobre suas vidas e objetivos maiores. Nos dedos do pianista misterioso não havia ódio nem desejo de vingança. Havia empatia para com a dor de seus conterrâneos e um profundo desejo de paz. Naquele lugar de tanta aflição, ao som dos tiros e bombas, que ainda ecoavam cruéis pelas construções, misturava-se agora a melodia do amor. 
* * * 
Imagine todas as pessoas 
partilhando todo o mundo. 
Você pode dizer que eu sou um sonhador, 
mas não sou o único.
Espero que algum dia você se junte a nós. 
E o mundo viverá como um só. 
Redação do Momento Espírita, com citação de versos da música Imagine, de John Lennon. 
Em 7.3.2016.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

A FACE DE DEUS

Umberto Fabri
No dia 26 de agosto de 2017, o Centro Nacional de furacões, nos Estados Unidos, começou a monitorizar uma onda tropical sobre a costa ocidental africana. Nas vinte e quatro horas seguintes, ela foi classificada como uma tempestade tropical. E recebeu o nome de Irma. Viria a se transformar num furacão, um ciclone tropical que, alcançando o Caribe e Cuba, deixou um trilho de destruição e morte. Aportou nos Estados Unidos com a mesma atitude de revolta de um planeta que procura sobreviver, apesar dos maus tratos que tem recebido dos seus habitantes. Previamente anunciada, chegou a gerar pânico. Os postos de gasolina, os supermercados, as lojas de materiais de construção, não conseguiram atender à demanda. Faltou água, alimentos e até mesmo parafusos e pregos para as madeiras que deveriam proteger as portas e janelas. A passagem de Irma deixou uma boa parcela da população americana carente de quase tudo. Mais de um milhão de pessoas ficou sem eletricidade. Nos casos mais tristes, houve perda do maior patrimônio, a própria vida. Depois de sua passagem catastrófica, quando as pessoas começaram a sair de suas casas, dos seus abrigos, foram tomando ciência dos estragos. Não houve quem conseguisse controlar as lágrimas ante as cenas de desolação. Árvores arrancadas, casas danificadas, destruição por toda parte. E, em muitos corações, a incerteza de como estariam os amigos e parentes. 
Foi nesse momento, quando vizinhos e desconhecidos foram se encontrando nas ruas, que a Face de Deus se manifestou, mesmo para aqueles que nem creem em Sua existência. Fosse em nome de Jesus, de Krishna, Buda, Jeová ou simplesmente pelo sentimento de solidariedade, Deus estava presente nas suas atitudes. Nos dias de dificuldades que se sucederam, o que se observou foram as pessoas se dispondo a auxiliar, cada qual como podia e com o que dispunha. Havia braços que se ofereciam para um simples corte de uma árvore caída, até doações de alimentos, de água para os abrigos preparados para pessoas e animais. Os pássaros demoraram alguns dias para voltar a cantar. No entanto, a música do coração humano podia ser ouvida. Uma música dorida, mas enérgica. Uma música que trazia o ritmo do trabalho, do apoio, da reconstrução. A face de Deus brilhava nos olhos das criaturas, em demonstrações do potencial Divino do amor existente em cada uma. 
Pensamos na lei de destruição, que determina que é necessário que tudo se destrua, para renascer e se regenerar. Porque isso a que chamamos destruição é transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos. Sim, tudo se encaminha em nossas vidas para uma tomada de atitude diferente, para que saiamos de nosso comodismo e busquemos a renovação. O furacão Irma nos apresentou a sua face do terror. 
Mas, em meio ao caos que criou, pudemos contemplar a Face de Deus nas Suas criaturas. 
Irma transformou as almas em irmãs. 
E essa é a Face de Deus porque, conforme registrou o Evangelista João, Deus é amor
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A grande lição de Irma, de Umberto Fabri, do Jornal Correio Fraterno, de setembro/outubro 2017 e transcrição da Primeira Epístola de João, cap. 4, versículo 8. 
Em 1º.3.2018.

domingo, 26 de julho de 2020

FAÇA SEU TEMPO FELIZ

JOSÉ RAUL TEIXEIRA
Se você caminha pelas estradas terrenas, cotidianamente, percebe o quanto costumam ser negativas, pessimistas ou depressivas as expressões da vida de cada um. As falas diversas dos seus interlocutores, se é que você mesmo não se enquadra nesse rol de negativas e de negatividades. Jamais, ou poucas vezes, acha-se alguém com entusiasmo pela existência, expressando tal entusiasmo. Poucos bendizem as horas no corpo físico, com todos os seus acontecimentos a facultar crescimento amplo ou diminuto. Abrem-se os comentários da vida, habitualmente, pelas afirmativas de que as coisas em torno estão muito ruins, quando menos, diz-se que as coisas estão mais ou menos. É de costume a pessoa lamentar-se pelos familiares que não são carinhosos, que não são atenciosos, que não são dedicados. De outro modo, fala-se que estão doentes, que são doentes, que são maus. Vêem-se as conjunturas políticas e sociais do mundo com tamanho pessimismo, que costuma-se asseverar que “não há mais jeito”; “que tudo vai de mal a pior”; “nesse campo ninguém presta”. Os amigos são para esses negativos, verdadeiros traidores, que não merecem a sua amizade; comenta-se que, em toda parte, o mal vai tomando dianteira. Se o assunto é vício, drogas etc. Ouvem-se falas como “ninguém escapa”; “todo mundo usa”; “é uma calamidade”. O trabalho profissional é chato, cansativo, expiatório, e, então, para que trabalhar? 
Todavia, vale a pena meditar um pouco sobre tudo isso. 
Pare um pouco e pense sobre a sua vida, seus objetivos. 
Melhore o nível psíquico do seu dia-a-dia. 
Você não precisa ser deficiente intelectual diante dos fatos do mundo. Porém, mesmo sabendo das coisas equivocadas que se passam no mundo a sua volta, procure extrair o melhor de cada dia. 
Tente observar as coisas boas, bonitas, formosas que estão acontecendo ao seu derredor. 
Você pode atrair bênção ou tormentos, luz ou sombra, tristeza ou alegria. 
Só depende da sua própria disposição. 
Aprenda a extrair o que há de melhor na terra, ao redor dos seus passos.  
Busque fazer o seu dia brilhante, feliz, inaugurando, onde se move, o regime de otimismo, de alegrias. 
Trabalhe de tal maneira que a sua sensibilidade seja passada a todas as pessoas que estão ao seu redor. 
Entusiasme-se com a sua saúde e a dos seus. 
Sorria, a cada manhã, com o passeio do sol nas avenidas azuis do céu...  
Agradeça ao Senhor supremo pela família, pela saúde, pelas chances de estudar, de trabalhar, sem maiores problemas. 
Erga a sua oração ao Criador e, sintonizando nas faixas felizes do bem, transforme a sua existência no mundo físico num campo de muito boas realizações. 
Faça do seu dia um dia venturoso, realizando a sua parte para que todo o mundo melhore, se aprimore, com um pouco do seu esforço. 
Pense nisso! 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Joanes, psicografada pelo médium J. Raul Teixeira, em 15/03/2000, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói - 
RJ.TC 22/09/2006 

sábado, 25 de julho de 2020

DEUS NA NATUREZA

Camille Flammarion
A cada novo dia a natureza nos oferece espetáculos de belezas sem fim... 
Quem já não contemplou a maravilha de uma gota de orvalho a brilhar, refletindo a luz do sol? 
Uma simples teia de aranha e sua engenharia perfeita... 
A relva verde... 
O andar desengonçado de um joão-de-barro, logo ao amanhecer... 
Uma folha seca bailando no ar prenunciando o inverno... 
O céu de anil com suaves pinceladas brancas como se fossem nuvens de algodão. 
O entardecer, quando o sol se despede deixando rastros em vários tons dourados como se fosse ouro derretido, levemente espalhado por mãos invisíveis... 
A lua cheia refletida num lago calmo, parecendo um grande espelho líquido... 
A cantoria do vento na folhagem das árvores, qual suave melodia, convidando a sonhar... 
O olhar de um cão solitário, pedindo companhia... 
O balançar do salgueiro, lembrando mãos distendidas nas margens dos rios e lagos, como a protegê-los... 
O ir e vir das ondas, acariciando a areia quente das praias como querendo amenizar o calor... 
O cheiro do mato, após a chuva... 
A água cristalina dos rios que correm por entre as montanhas, como se fossem veias transportando a vida. 
O sorriso inocente na face da criança, pedindo amparo e proteção. 
As pegadas do lavrador nas estradas poeirentas que conduzem à lavoura... 
O galopar do cavalo evidenciando sua liberdade... 
O abrir e fechar das asas da borboleta sobre a flor, a andorinha fazendo acrobacias no ar, a garça solitária à espreita do alimento. 
O abraço afetuoso de um amigo. 
O rosto sulcado do ancião, que não teme a velhice por saber que ela não alcança o Espírito. 
As mãos calejadas do trabalhador... 
A noite bordada de estrelas a nos mostrar a grandeza do Universo infinito... 
Uma gota d'água na pétala de uma rosa, refletindo outras tantas rosas...
O tamborilar da chuva no telhado... 
A goteira a cantar na calha... 
A araucária secular, com seus galhos esparramados, debulhando as pinhas para saciar com seus frutos a fome dos pássaros. 
O cricrilar do grilo, o coaxar da rã, o piar da coruja fazendo-se anunciar na noite silenciosa. 
O som melodioso do teclado extraído por mãos habilidosas. 
A harmonia das cores nos canteiros floridos das ruas e praças... 
O dia, que a cada amanhecer renova o convite para que vivamos em harmonia, imitando a natureza. 
Essas e outras tantas belezas são a presença discreta de Deus na natureza que nos cerca, dizendo que também somos Suas criaturas e que fazemos parte desse Universo maravilhoso, e, acima de tudo, somos herdeiros desse mesmo Universo, como filhos do Criador que somos todos nós. 
* * * 
A contemplação da natureza oferece ao homem incontestavelmente, inefáveis encantos. Na organização dos seres descobre-se o incessante movimento dos átomos que os compõem, tanto quanto a permuta constante e operante entre todas as coisas. Justa é a nossa admiração por tudo o que vive na superfície da Terra. 
Redação do Momento Espírita, com pensamento final do livro Deus na natureza, de Camille Flammarion, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. FEP e no Momento Espírita Filmes, disponível no youtube.com.canalfep
Em 25.7.2020.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

NÃO ESTRAGUE O SEU DIA!

Você já experimentou, alguma vez, aquele amanhecer sombrio, em que tudo lhe parece amargo? 
Esses dias aparentemente têm os mesmos aspectos para todos nós, mas são vividos de maneira diferente em cada indivíduo. 
Alguns ficam tristes e quase calados. Buscam isolar-se para evitar qualquer contato com alguém que lhes faça perguntas sobre o que está acontecendo, porque está assim etc. 
Outros deixam o mau humor dirigir seus passos e, em poucos minutos, azedam todo o ambiente em que se encontram. Distribuem gestos bruscos, falam com irritação, respondem com azedume, culpam os outros por tudo de errado que acontece. 
E a resposta para comportamentos desse tipo logo se faz sentir no organismo, em forma de azia, enxaqueca, dores musculares, entre outros males. 
E o pior de tudo é que nem sabemos o porquê de tanta irritação. Não paramos um pouco para meditar sobre a situação em que nos encontramos, nem para mudar o curso dos acontecimentos. De maneira irrefletida, estragamos o nosso dia movidos por um estado d´alma que nos toma de assalto e no qual nos deixamos mergulhar, sem refletir.
Passados esses momentos amargos, fica uma desagradável sensação de mal-estar, de indisposição, de sentimentos feridos, de relacionamento comprometido. 
Assim, se você sentir que está diante de uma manhã sombria, de um momento amargo, vale a pena tomar medidas urgentes para não se deixar cair nas armadilhas. 
Se ainda está em casa, faça uma prece antes de sair. 
Se estiver no trabalho, busque um local que lhe permita ficar só por um instante, respire fundo e eleve o pensamento a Deus, rogando forças e discernimento para não se deixar levar por circunstâncias desagradáveis.  
Lembre-se, sempre, que todos temos momentos difíceis, e que só depende de nós complicá-los ainda mais, ou sair deles com sabedoria e bom senso. 
Lembre-se, ainda que, por mais difícil que esteja a situação, ela será tragada pelas horas e substituída por momentos mais leves e mais felizes. 
Por essa razão, nunca valerá a pena estragar o seu dia. 
* * * 
Não estrague o seu dia.  
A sua irritação não solucionará problema algum. 
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas. 
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar. 
O seu mau humor não modifica a vida. 
A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus. 
A sua tristeza não iluminará os caminhos. 
O seu desânimo não edificará a ninguém. 
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade. 
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você. 
Não estrague o seu dia. 
Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o infinito bem. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 38, do livro Agenda Cristã, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita v. 6 e no livro Momento Espírita v. 2, ed. FEP. 
Em 24.7.2020.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

O UNIVERSO É UM GRANDE PENSAMENTO

No dia 23 de novembro de 1793, em discurso na Catedral de Notre-Dame, em pleno coração de Paris, diante de muitas pessoas, um cientista proclamou a desnecessidade de Deus. Pensadores acreditavam, naqueles dias, que Deus era totalmente dispensável. Para a Humanidade, bastavam a razão e o bom senso para que tudo se explicasse de maneira satisfatória. E porque a ousadia do homem não tivesse limites, ordenou-se que fossem apagados todos os sinais de Deus, que se julgava fossem os templos religiosos. Num final de tarde, quando os destruidores chegaram para colocar por terra as paredes de uma das igrejas, se depararam com o velho jardineiro que cuidava das flores. Ao vê-los chegar, perguntou curioso por que estavam ali com tantas ferramentas. Um dos indivíduos lhe respondeu com ousadia:
-Viemos aqui para apagar, de vez, os sinais de Deus da face da Terra. 
O jardineiro, olhou admirado para o grupo e perguntou: 
-E onde estão as escadas? 
O rapaz inquieto, retrucou: 
-Para que precisamos de escadas? 
A resposta foi sábia: 
-Se vocês querem apagar os sinais de Deus precisarão de uma escada. E de uma escada muito alta, a fim de que possam apagar as estrelas. 
* * * 
Muitos homens, quando adentram o campo das ciências, sem entendê-las em profundidade, tornam-se ateus, por acreditarem que descobriram todos os mistérios do Universo. Aqueles que penetram profundamente as ciências com humildade e vontade entendem os mecanismos que regem a vida, reconhecem a necessidade lógica da existência de uma Inteligência que em tudo pensa e a tudo coordena no Universo. Um conceituado biólogo escreveu um livro fantástico: 
-O homem não está só. 
Nesse livro, cita vários motivos pelos quais ele crê em Deus. Um deles é o fato de a distância que medeia entre o sol e a Terra estar matematicamente calculada, o que não poderia ser obra do acaso. Se o sol não estivesse a cento e cinquenta milhões de quilômetros da Terra, mas apenas a metade dessa distância, não haveria possibilidade de vida porque as altas temperaturas a tudo aniquilariam. E se a distância fosse 50% a mais, a vida também seria impossível devido à falta de luz e calor. Se os meteoros, que caem diariamente, não fossem ralados pela atmosfera, que tem sessenta quilômetros, a vida na Terra seria impossível, pois os incêndios fariam tudo arder. Esses, entre outros tantos exemplos, provam que tudo está matematicamente calculado. Há uma Inteligência Suprema por trás de cada fenômeno da natureza. E é a essa Inteligência que chamamos Deus. Na grande marcha progressiva do homem, houve um tempo em que os cientistas acreditavam que o Universo era uma grande máquina. Após apuradas pesquisas nas áreas da astrofísica, da biologia, da embriogenia entre outras, os homens chegaram à conclusão de que o Universo é um grande pensamento. 
* * * 
Não há efeito sem causa. 
Procuremos a causa de tudo o que não é obra do homem e a razão nos responderá. 
O Universo existe e tem uma causa. 
Duvidar dessa causa, que é Deus, é admitir que há efeito sem causa e aceitar que o nada pôde fazer alguma coisa. 
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no item 4 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 23.7.2020.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

UNIVERSO DE AMOR

Dominique Lapierre
Quando Ananda chegou ao antigo palácio, que servira de residência aos marajás do Nepal, viu as suas torres semi-arruinadas. Há muito os príncipes do pequeno Estado do Himalaia haviam abandonado o palácio. No local onde estivera o brasão antigo, havia uma placa de madeira, indicando o nome e a atividade de seus sucessores: 
Missionárias da Caridade 
 Assistência aos leprosos. 
Ela não conseguiu ler a placa, pois não sabia ler nem escrever. Era uma intocável, da casta dos párias. Acostumara-se a tomar cuidado para não projetar sua sombra sobre os pertencentes a outras castas, preservando-os da sua impureza. Aprendera a não erguer os olhos para olhar as pessoas. Ela não tinha esse direito. Desde que fora expulsa de casa, ao ser descoberta como portadora de lepra, aos treze anos, Ananda aprendera que as pessoas que se oferecem para ajudar sempre querem algo em troca. Foi, pois, com desconfiança que aceitou o universo de amor que a bondosa Irmã Bandona lhe oferecia. Ela se acreditava amaldiçoada. Por ser pária. Por ter contraído a lepra. Acreditava que não tinha o direito de ser amada. O estigma de pária de Ananda permanecia indelével. As missionárias podiam multiplicar à vontade suas provas de afeto e tratar sua protegida como uma delas. Ela se mantinha à distância e não havia um dia ou um ato que não fosse pretexto para mágoa e lágrimas. Mas, a bondosa missionária amava os leprosos. Cuidava-os com extrema ternura, fazia o máximo por cada um. Foram precisos vários meses para vencer a desconfiança e a rebeldia de Ananda. Certo dia, ela disse para si mesma: 
-Eu também sou irmã de todos. Eu também tenho o direito de amar e ser amada por todos. 
Era o início de sua transformação. Foi a primeira vitória do amor das religiosas. Mas Ananda reprovava o tempo que Irmã Bandona e suas companheiras ficavam na capela. Esse cantinho de recolhimento fora instalado num aposento isolado, antes destinado ao harém dos marajás. Ali havia uma mesa simples ornada por um círio. Na parede a inscrição: 
O que fazeis aos mais humildes dos Meus 
é a Mim que o fazeis. 
-Para que perder tempo, quando poderiam estar atendendo mais leprosos? – Reclamava Ananda. 
Então, Irmã Bandona lhe explicou: 
-Mesmo que, ao longo do dia cada um de nossos gestos seja um testemunho de amor dirigido a Deus, também precisamos testemunhar o nosso amor, através das preces que lhe dirigimos. 
Uma noite, quando acabava de se ajoelhar na capela para as preces habituais, a religiosa ouviu um roçar de pés sobre o piso de mármore. Voltou-se e viu Ananda. Fez sinal para que se aproximasse. E, então, com voz clara, orou: 
-Senhor, eis-nos aqui. Nós estamos mortas de cansaço, morremos de sono, estamos até os cabelos com os leprosos. Mas estamos aqui para dizer simplesmente que O amamos. 
O universo de caridade, que curara a lepra de Ananda com tratamento enérgico com sulfonas, estava lhe curando a alma com a lição do amor a Jesus. E ela, sorrindo, pela primeira vez, disse: 
-Vim agradecer ao teu bom Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 6 e 10 do livro Muito além do amor, de Dominique Lapierre, ed. Salamandra. 
Em 22.7.2020.

terça-feira, 21 de julho de 2020

FAÇA O SEU MELHOR!

Deus não criou os Espíritos perfeitos, mas aperfeiçoáveis e perfectíveis. Trata-se de uma constatação muito fácil de ser feita. Basta olhar em volta para perceber homens e mulheres com tendências e talentos variados. Em uns, avulta a inteligência. Em outros, a delicadeza de sentimentos chama a atenção. Há quem tenha considerável talento artístico. No princípio, eles eram extremamente parecidos em sua singeleza. No final dos processos, todos serão perfeitos. Na atualidade, sua força e sua fraqueza denotam os caminhos que escolheram trilhar em sua jornada evolutiva. Como seres imperfeitos, já muito erraram e outros erros ainda cometerão. Mas isso não é de causar estranheza e a vida propicia modos de reparação de todo o mal causado. A Misericórdia Divina é infinita e auxilia a todos. Basta ter boa vontade para se recompor. Ou seja, estar disposto a trabalhar firme em favor do progresso. É preciso que os talentos amealhados ao longo do tempo sejam utilizados de forma construtiva. Quem possui cintilante inteligência necessita empregá-la no esclarecimento dos irmãos de caminhada. Os cientistas têm o dever de, mediante suas descobertas e criações, propiciar vida mais longa e confortável aos semelhantes. O talento artístico deve chamar a atenção para as maravilhas da criação. A música, a pintura, a representação, toda forma de arte tem a vocação de ser um convite à apreciação do belo e do sublime. Qualquer que seja o talento, ele pode e deve ser utilizado no bem. Não é lícito enterrar os talentos recebidos, conforme ensina a famosa passagem evangélica. Eles representam o meio de que cada Espírito dispõe para reabilitar-se perante a Consciência Cósmica. Se cometeu equívocos no processo de aprendizado e amadurecimento, também desenvolveu variados dons. A utilização desses dons deve funcionar como o amor que cobre a multidão de pecados, na feliz expressão do apóstolo Pedro. Bem se vê que errar para aprender não é tão grave assim. Basta ter a coragem de assumir as conseqüências dos próprios equívocos e tratar de repará-los. Como o passado espiritual se esfumaça no processo reencarnatório, a vida manda alguns lembretes. Eles se apresentam na forma dos parentes problemáticos, do chefe difícil, do convite para trabalhar por uma causa. O talento que se tem é o indicativo da tarefa a ser feita. O mesmo ocorre com o contexto social em que se é inserido. Assim, tenha boa vontade e faça o seu melhor, em todas as circunstâncias de sua vida. O bem que você hoje pratica representa a sua gratidão pelos talentos e oportunidades com que a vida o brindou, ao longo dos milênios. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.09.2008.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

FAÇAMOS A TRAVESSIA

O cárcere fora construído em pedra nua, nos arredores de Jerusalém. Nele, os soldados O aprisionaram. Ela passara a noite nas proximidades, aguardando o desenrolar dos trágicos acontecimentos. Na madrugada sem fim, lembrou-se das palavras ouvidas, em casa de Simão, após banhar os pés do Mestre com suas lágrimas: 
-Mulher, porque muito amaste, todos os teus pecados foram perdoados.
O alvorecer dirimiu suas recordações, com a movimentação inusitada dos legionários. Depois, ela O viu ser conduzido ao palácio do procurador romano, Pôncio Pilatos, onde o julgamento se consumou, arbitrário e sem nexo algum. Para o Rabi, foi destinada a morte na cruz. Quando o pesado madeiro assentou-se nas costas laceradas de Jesus, uma dor aguda tomou o coração de Maria, a arrependida de Magdala. Ela, junto de Maria de Nazaré, O acompanhou ao longo da distância que separa a cidade de Jerusalém do Gólgota, o monte da crucificação. Seguiam-nO ainda, João, o discípulo mais jovem, algumas mulheres e transeuntes curiosos. Mas, em Sua lenta agonia, Ele marchava só. E Maria Madalena pôs-se a refletir: 
-Há menos de uma semana, recebido com alegria por inúmeras pessoas que lançavam flores e palmas em Seu caminho, o Mestre entrara pela porta principal de Jerusalém. Os homens retiravam seus mantos e os estendiam no chão, à guisa de tapetes para que Jesus passasse. As mães mostravam seus filhos para que Ele os abençoasse. As vozes se erguiam cantando hosanas ao Filho de Davi. Onde estavam essas pessoas agora? Onde estavam Pedro, Thiago, André, Filipe? Onde estavam os amigos? Onde estavam os cegos aos quais Ele restaurara a visão? Os surdos para os quais Ele devolvera a audição dos sons da natureza? Os endemoniados que Ele libertara da loucura?
Acompanhando os dolorosos passos de Jesus, Maria teve uma súbita compreensão: 
Ao entrar em Jerusalém, não fora Ele quem pisara nas flores, nas palmas, nos mantos estendidos. Fora o animal no qual Ele estava montado naquela ocasião. Ela compreendeu que, naquele instante, Jesus revelava-se verdadeira ponte entre a criatura humana, ainda imperfeita, e o Criador, Pai de todos nós. Com lágrimas lhe umedecendo os olhos, lembrou-se das palavras dEle, que nunca antes lhe haviam soado tão significativas e reveladoras: 
-Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim. 
* * * 
Por um instante, silenciemos nossas emoções e pensamentos. Voltemos os olhos a Jesus. Sintamos as Suas mãos envolvendo as nossas. Como Bom Pastor, Ele nos chama pelo nome. Guiados pelas pegadas que Ele registrou em nossos caminhos, tornemos seguros os nossos passos. Realizemos o esforço para iniciar o abandono do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da arrogância, da avareza. Envoltos pela luz do Mestre, que nosso caminhar nos conduza ao amor, ao perdão, à caridade, à gentileza, à fraternidade, à fé. Jesus é a ponte, o caminho e o guia. Tenhamos coragem! Façamos a travessia da nossa pobre condição humana para a angelitude! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.4.2018.

domingo, 19 de julho de 2020

FAÇA-SE A LUZ!

Muitos anos haviam se passado desde que o renomado empresário indiano fundara sua empresa. Destacara-se no ramo comercial por sua sagacidade, por suas habilidades de negociação, por ser um líder exemplar. Porém, depois de tantos anos à frente de sua corporação, havia chegado o momento de sua aposentadoria. Assim, ele convidou os seus dois filhos para sua casa, a fim de lhes participar de seus planos futuros. 
-Meus filhos, vocês são homens bons, honestos e capazes. Vou me aposentar. Porém, não sei qual de vocês indicarei para me substituir na presidência da empresa. Sendo assim, irei testá-los. Aquele que se mostrar apto para realizar a tarefa da qual os incumbirei, será o meu substituto. 
Os filhos se olharam apreensivos, ansiosos por ouvir do pai a missão que deveriam cumprir. 
-Recebam de minha mão, cada um de vocês, uma moeda. Sua tarefa é, com esta única moeda, comprar algo que preencha por completo minha casa. 
A moeda era de pouco valor. A casa, por outro lado, era grande e imponente. Ambos sabiam se tratar, portanto, de uma missão muito difícil. O filho mais velho, todavia, não perdeu tempo. Foi ao mercado local e começou a pesquisar o preço de mercadorias diversas. Depois de muita pesquisa, percebeu que o que poderia comprar com o pouco dinheiro de que dispunha era palha. Assim, adquiriu o que pôde e carregou para a casa de seu pai. Contudo, aquela palha foi suficiente para cobrir apenas uma parte do piso da residência. Muitas horas se passaram e o filho mais novo não retornava à casa de seu pai. O irmão mais velho chegou a crer tivesse ele desistido da tarefa. Todavia, ele havia parado para refletir sobre a missão da qual fora incumbido. Ele sabia que o genitor esperava que o vencedor provasse astúcia, perspicácia e sabedoria. Quando o filho mais novo retornou ao lar, era noite. Carregava consigo pequeno embrulho. Quando o viu, o irmão zombou dele, dizendo: 
-Você realmente espera preencher toda a casa de nosso pai apenas com isso? 
Ele nada disse. Abriu o pequeno pacote e retirou algumas velas. Colocou uma vela em cada cômodo da casa. Quando as acendeu, a casa toda estava cheia... de luz! 
* * * 
A existência de todos nós se resume em uma série sucessiva de escolhas, que geram consequências que, por sua vez, exigem novas escolhas, que resultarão em novas consequências, num ciclo que se repete continuamente. 
Qual a melhor escolha? Qual caminho seguir? E se houvesse tomado outra decisão? E se tivesse dito não? E se tivesse dito sim? Se houvesse perdoado? Se houvesse dito o que sentia? E se tivesse me calado? 
* * * 
A existência é um sem fim de possibilidades. Escolhas mudam direções, realizam e extinguem sonhos, moldam sorrisos e dão vazão às lágrimas. A cada manhã um novo dia está diante de nós. Podemos preenchê-lo com escolhas egoístas, injustas, que trazem sofrimento e desapontamento. Ou, então, preenchê-lo com amor, caridade, fé, esperança e... luz!  
Pensemos nisso: qual a nossa escolha para hoje? 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. 
Em 2.9.2015.

sábado, 18 de julho de 2020

DESERTO FLORIDO

O deserto do Atacama, no Chile, é o mais árido e alto do mundo. É também o lugar na Terra que passou mais tempo sem chuvas, sendo registrados quatrocentos anos sem uma gota d´água do céu. Atualmente, ele pode ficar anos e mais anos sem qualquer precipitação atmosférica, porém, de tempos em tempos, um fenômeno muito interessante acontece. O milagre da floração do deserto é possível de se ver muito raramente, pois depende necessariamente da chuva caída nos meses do verão. Suficientes quantidades de água permitem que as sementes, que estavam adormecidas no seco deserto, possam despertar para voltar à vida e florescer por um curto espaço de tempo, na primavera. São mais de duzentos tipos de flores. Cores mil. Um desabrochar belíssimo e inesperado em meio a terras tão áridas. Quando o deserto revive e floresce surge uma panorâmica maravilhosa. É a oportunidade de desfrutar a singeleza das flores que cobrem as planícies e gloriosamente contrastam com as montanhas que as rodeiam. Só é possível desfrutar desse milagre do deserto em alguns anos e por pouco tempo, desde fins de agosto até o meio de outubro. As sementes, que ficam adormecidas por muitos anos, estão especialmente adaptadas para essas condições extremas, e assim podem voltar à vida pelas chuvas que as acordam, convertendo o deserto numa pintura multicor. Os chilenos conhecem esse fenômeno como deserto florido. 
* * * 
O ser humano também é capaz de florescer, mesmo após anos de estiagem íntima. As sementes do potencial evolutivo jazem dormentes, mas vivas, no âmago da alma. Almas secas, almas aparentemente sem esperança de flor, virão a desabrochar um dia, quando a chuva do entendimento, a chuva da renovação, as fizer despertar. Não há caso perdido para o Criador. Mesmo os Espíritos mais relutantes, que na agonia e tristeza profundas, ousam fazer frente ao bem, negando o Criador e o amor; mesmo esses, irão germinar. Chegará o tempo em que perceberão que o mal, a revolta, a vingança não lhes traz felicidade alguma. Chegará o tempo em que, regados pelas chuvas contínuas do amor dos que estão ao seu lado render-se-ão ao bem renovador. Cada um tem seu tempo. Cada um desperta quando está preparado para despertar. Porém, recordemos que as sementes ocultas estão lá, aguardando ansiosamente o momento de sair da terra árida, aguardando o instante de respirar o ar puro de uma nova vida. Todos temos jeito. Todos somos deuses potenciais. Deus nos fez todos assim, sem exceção. Quem escolhe o momento de desabrochar somos nós. Chegará o tempo em que veremos o deserto do planeta Terra, ainda tão sofrido, tão seco, florescente por completo. Seremos nós, Espíritos bons, que modificaremos a paisagem deste planeta, passando a chamá-lo de Terra florida. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 22, livro 11, ed. FEP e Momento Espírita – Filmes, disponível no CANAL FEP. 
Em 18.7.2020.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

O EXTRAORDINÁRIO PODER DA PRECE

CHICO XAVIER
E
YVONE DO AMARAL PEREIRA
O menino aproxima-se do pai, com carinha de quem descobriu coisas. Atencioso, o pai dobra o jornal e se dispõe a ouvir. E o pequeno despeja, entusiasmado, tudo que leu em um livro que lhe emprestou a professora.  
-Sabe, pai, eu li coisas muitos interessantes sobre a oração. Sempre soube que era algo importante. Mas li que é como se juntássemos em nosso coração, em nosso pensamento, um tantão de amor, carinho e paz. Então, Deus acrescenta o que falta, e leva ao coração de quem sofre e precisa. É como se Deus juntasse o Seu amor ao nosso amor, e levasse no caminho certinho que desejamos. 
-Lindo, meu filho, é assim mesmo que acontece. Por isso é que precisamos sempre colocar muito amor no que fazemos. Especialmente nas orações. O amor é uma energia muito potente. Tão potente, que foi com amor que Deus construiu o Universo. Foi com amor e para o amor que também nos criou. O amor, meu filho, é a seiva da vida. 
* * * 
A oração é o meio mais direto de nos comunicarmos com Deus, nosso Pai, Criador de tudo no Universo. Ela é construída em nosso pensamento, e o nosso sentimento a impulsiona para o alvo. Sempre que nos sentimos fracos, doentes, tristes, desanimados é porque está faltando movimentarmos o amor em nossas vidas. Existem muitas maneiras de fazermos esse movimento. A oração é uma delas. Através dela podemos falar do nosso amor a Deus, louvando a Sua grandeza e sabedoria. Podemos agradecer as bênçãos que Ele nos proporciona. E pedirmos o de que necessitamos. A prece é, em verdade, uma irradiação protetora que nasce do coração amoroso, sobe até Deus em súplicas ardentes e desce em benefícios até ao ser por quem se pede, ou a quem se deseja proteger. É um sussurro de amor sublime que se expande, toca o infinito, transforma-se em bênçãos, ornamenta-se de virtudes celestes e derrama-se em perfumes sobre aquele que sofre. A prece é o amor que beija o sofrimento e o consola, é a caridade que envolve o infortúnio e reanima o sofredor, recompondo-lhe as energias. 
* * * 
O poder da prece é a nossa força. Alguns dos seus frutos são a paz, a esperança, a alegria, o amor e a coragem. Oremos sempre. Não subestimemos o valor da nossa comunicação com Deus. Atravessamos épocas difíceis? Sentimo-nos deprimidos? Continuemos a orar. A prece é luz e orientação em nossos próprios pensamentos. Recordemos que o Mestre Jesus não somente recomendou a prece mas deu exemplos de Sua comunicação com o Pai, em várias oportunidades. Ao final do dia, após os exaustivos atendimentos ao povo sempre necessitado, Ele se retirava para orar. No silêncio, Ele buscava o Pai e dialogava com Ele, intérprete que era de Sua vontade na Terra. Ante as expectativas da traição, prisão e morte, Ele ora, no Monte das Oliveiras. Prece que é fortalecimento moral, comunhão com o Superior. Imitemo-LO. 
Redação do Momento Espírita, com frases extraídas do cap.III, pt. 4, do livro O cavaleiro de Numiers, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira e do cap. 39, do livro Entre irmãos de outras terras, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. FEB.
Em 7.11.2015.
http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4621&let=&stat=0

quinta-feira, 16 de julho de 2020

NOSSA BAGAGEM

Quando nos encontramos no mundo espiritual e se aproxima o dia da volta para um novo corpo de carne, a reencarnação, alguns de nós nos sentimos um pouco temerosos. É como se estivéssemos arrumando a mala para uma longa viagem através de mar revolto. Não sabemos se chegaremos com êxito ao final da travessia. Normalmente, programamos alguns pontos dessa experiência, antes de nascermos. Pontos importantes como, por exemplo, quem serão nossos pais, onde renasceremos, qual a área profissional que abraçaremos, entre outras questões. Toda essa programação, estabelecida anteriormente, dependerá do nosso livre-arbítrio, da nossa vontade para ser executada. Por isso é uma programação e não uma determinação. Dessa forma, poderemos seguir um caminho totalmente oposto ao que foi delineado. A programação sempre é feita obedecendo às leis divinas. Teremos, nessa nova vida, o que necessitamos para nosso crescimento espiritual. Nasceremos com as condições internas e externas propícias ao nosso adiantamento. Assim, partimos para essa viagem levando na bagagem os recursos que conquistamos até aquele momento. Podemos dessa forma, entender o dizer de Jesus: 
-A cada um segundo suas obras. Traremos na mala as conquistas feitas ao longo das existências anteriores, sejam elas boas ou não. São as nossas aquisições. 
No campo afetivo não é diferente. Teremos ao nosso lado as pessoas que conquistamos, seja pelo afeto ou pelo desafeto. Riqueza ou pobreza, cérebro privilegiado ou eventuais deficiências estarão na linha dessa programação. É importante, portanto, que lutemos por sairmos vitoriosos dessa empreitada. É importante que nos esforcemos para vencer as más inclinações, resultantes de séculos de hábitos equivocados. Renascemos para sermos vencedores, jamais derrotados. Contudo, muitos voltamos para a pátria espiritual, depois de uma vida mais ou menos longa, como vencidos. Isso porque, além de não reciclarmos a bagagem indesejável que trouxemos, adicionamos mais alguns entulhos. Vale a pena meditarmos a respeito dessa oportunidade bendita que é viver na Terra. Vale a pena procedermos a uma limpeza em nossa bagagem, jogando fora o orgulho, carga perniciosa que só pesa em nossa economia moral. Vale nos livrarmos do egoísmo, bagagem excessivamente pesada e perigosa. Importante nos desfazermos do ódio, da inveja, da ingratidão, da preguiça, e de tantos outros entulhos indesejáveis que ainda guardamos muito bem nos compartimentos da nossa intimidade. Se nossa bagagem não está muito fácil de carregar, construamos um novo futuro, trabalhando virtudes que nos garantam outra viagem menos penosa. 
* * * 
Nossa felicidade, presente e futura, depende exclusivamente de nós mesmos. Às vezes, preferimos os gozos imediatos em vez de realizarmos um investimento que nos traga bons resultados a longo prazo. Se quisermos colher bons frutos, temos que proceder como o agricultor sábio e previdente. Preparar o solo, selecionar boas sementes, plantá-las e esperar que germinem. Enquanto isso colhemos as safras plantadas anteriormente. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 16.7.2020.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

O BRASIL DE TODOS NÓS

Há de chegar um tempo em que o Brasil de todos nós será um país de paz. 
Um país onde não haja a miséria de recursos amoedados, nem a ignorância das letras. 
Onde todos trabalhem e haja trabalho para todos. 
Os que não necessitem dos valores salariais, trabalhem pelo bem geral, em voluntariado de amor. 
Há de chegar um tempo em que derrubaremos os muros dos quintais, não mais cultivando o medo. E abraçaremos o vizinho como um irmão.
Um tempo onde as crianças voltem a correr pelos parques, nos dias de sol. Crianças que possam ir e vir das escolas, sozinhas ou em grupos, enchendo as ruas de risos, corridas, alegria. 
Ah, Brasil, como te desejo grande! 
Maior do que teu território. 
Um Brasil sem fronteiras internas, onde os filhos do Norte e os do Sul falem a mesma linguagem, a do bem. 
Onde os sotaques, os regionalismos sejam preservados, como essa diversidade sadia, característica do grande mundo de Deus. 
Mas onde o idioma único seja o da fraternidade. Irmãos do Leste e do Oeste trabalhando pela mesma grandeza da nação. Haverá de chegar um tempo, que pode ser já, se você e eu começarmos hoje a estender a mão ao vizinho e o saudar com um Bom dia, amigo
Um tempo em que os estádios ficarão lotados com pessoas cujo objetivo é assistir um bom jogo de futebol. Um jogo onde o importante não será quem leve a taça, mas aquele que demonstre a mais apurada técnica, a melhor habilidade e a mais fina ética. 
Um tempo em que as salas de teatro se abram para todos, crianças, jovens, adultos, idosos para assistir o drama e a tragédia em elaboradas peças. Assistir o cômico, rindo com prazer. Também para ouvir a música dos imortais, o cancioneiro popular, as baladas do coração. 
Haverá de chegar um tempo em que música também se ouvirá nas praças, nos parques, nas estações de trem, nos terminais de ônibus. Então, em vez de ansiedade e preocupação, a alma se extasiará com a harmonia das notas, em escalas crescentes e decrescentes, com as melodias compostas com a mais delicada sensibilidade. 
Quisera que esse dia chegasse logo para não mais ver lágrimas de mães pranteando filhos prisioneiros, mas sim deixando escorrer o pranto da emoção pelas conquistas dos seus rebentos. 
Quisera que esse dia chegasse logo para ver mais sorrisos e menos dores; mais justiça e menos demagogia. 
Quisera que esse dia chegasse logo para, no dia da Pátria, contemplar com emoção o pavilhão nacional tremular ao vento, mostrando suas cores, com especial destaque para o branco da paz. 
E, então, cantar o hino pátrio com todo vigor: 
Terra adorada, entre outras mil, 
 És tu, Brasil, ó pátria amada! 
Dos filhos deste solo, és mãe gentil, 
Pátria amada, Brasil! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 33, ed. FEP. 
Em 15.7.2020.

terça-feira, 14 de julho de 2020

A DÁDIVA DE VIVER

Por vezes, você caminha pela vida com o olhar voltado para o chão, pensamento em desalinho, como quem perdeu o contato com sua origem divina. 
Olha, mas não vê... Escuta, mas não ouve. Toca, mas não sente...
Perdido na névoa densa, que envolve os próprios passos, não percebe que o dia o saúda e convida a seguir com alegria, com disposição, com olhar voltado para o horizonte infinito, que lhe acena com o perfume da esperança. Considere que seu caminhar não é solitário e suas dores e angústias não passam despercebidas diante dos olhos atentos do Criador, que lhe concede a dádiva de viver. Sua vida na Terra tem um propósito único, um plano de felicidade elaborado especialmente para você. Por isso, não deixe que as nuvens das ilusões e de revoltas infundadas contra as leis da vida tornem seu caminhar denso e lhe toldem a visão do que é belo e nobre. Siga adiante refletindo na oportunidade milagrosa que é o seu viver. Inspire profundamente e medite na alegria de estar vivo, coração pulsante, sangue correndo pelas veias e você, vivo, atuante, compartilhando deste momento do mundo, único, exclusivo. E você faz parte dele. Sinta quão delicioso é o aroma do amanhecer, o cheiro da grama, da terra após a chuva, do calor do sol sobre a sua cabeça ou da chuva a rolar sobre sua face. Sinta o imenso prazer de estar vivo, de respirar. Respire forte e intensamente, oxigenando as ideias, o corpo, a alma. Sinta o gosto pela vida. Detenha-se a apreciar as pequeninas coisas que dão sentido à vida. Aquela flor miúda que, em meio à urze sobrevive linda, perfumosa, a brilhar como se fosse grande. Sinta-se vivo ao apreciar o voo da borboleta ou do pássaro à sua frente. Escute os barulhos da natureza, a água a escorrer no riacho ou simplesmente aprecie o céu, com suas nuvens a formar desenhos engraçados, fazendo e desfazendo-se sob seus olhos. Quão maravilhosa é a vida! Mas, se o céu estiver escuro e você não puder olhá-lo, detenha-se no micro-universo. Olhe para o chão. Quanta vida há no chão... Minúsculos seres caminhando na terra, na grama... A formiga na sua luta diária pela sobrevivência... A aranha a tecer sua teia, caprichosamente. Tantas coisas para ver, ouvir, sentir, cheirar, para fazer você se sentir vivo. Observar a natureza é pequeno exercício diário que fará você relaxar, esquecer por instantes as provas, ora rudes, ora amenas, que a vida lhe impõe. Somos caminhantes da estrada da reencarnação somando, a cada dia, virtudes às nossas vidas ainda medíocres mas que se tornarão luminosas e brilhantes. Aprenda a dar valor à dádiva da vida. Isso fará o seu dia se tornar mais leve e, em silêncio, sem palavras, sem pensamentos de revolta, você terá usufruído um momento de louvor a Deus. Aprenda a silenciar o íntimo agitado e a beneficiar-se das belezas do mundo que Deus lhe oferece. A sabedoria hindu aprecia, na natureza, o que Deus desejou para ela: que fosse aliada do homem no seu progresso, oferecendo o alimento, dando-lhe os meios de defender-se das intempéries. E, sobretudo, sendo o seu colírio diário suavizando as aflições da vida. 
Pense nisso, e aprenda a dar graças pela dádiva de viver. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Stephano, psicografia de Marie-Chantal Dufour Eisenbach, na Sociedade Espírita Renovação, em junho de 2005. 
Em 13.7.2020

segunda-feira, 13 de julho de 2020

EXTERIORIZAÇÃO DA ALMA

-"A boca fala do que está cheio o coração." 
Esta afirmativa de Jesus encerra grande sabedoria. Significa que não somente as palavras, mas tudo o que vem do interior do homem é, de certa forma, a exteriorização de sua alma. 
As cidades são a expressão de quem as constrói, de quem as habita, de quem as conserva. 
Uma canção é a exteriorização da alma do compositor, assim como a escultura, a arquitetura, as artes plásticas, retratam a intimidade do seu criador. 
Uma peça literária é a alma do escritor que se mostra em forma de palavras, frases, ideias... 
É assim que, pelo conteúdo das mais variadas formas de expressão, conhecemos a natureza daquele que as produz. 
Almas sábias exteriorizam bondade, beleza, sabedoria... 
Almas ignóbeis se revelam pelas produções corrompidas na base, ideias desconexas, infelizes, viciosas... 
Suas expressões artísticas denotam baixeza e futilidade. São contraditórias e desprovidas de beleza. Nas canções, a letra é carregada de palavras torpes. As notas, geralmente de melodia pobre, expressam o desarranjo da alma que, através da música, se exterioriza. Os escultores dessa categoria apresentam sua intimidade nas formas retorcidas, grotescas, sem graciosidade. Comumente não causam bem-estar em quem as contempla. 
Todavia, muito diversa é a expressão artística das almas nobres... 
As composições musicais expressam sua grandeza d´alma. Produzem, em quem as ouve, profunda harmonia íntima, pois tocam as cordas mais sutis do ser, promovendo estesia e bem-estar. As notas musicais têm sonoridade agradável e penetrante. A alma do artista se exterioriza e sua sabedoria sensibiliza quem as sente, provocando emoções nobres e salutares. É assim que a alma se mostra através das palavras, das artes, das ciências e de todas as formas de expressão. Às vezes, pessoas iletradas se apresentam com extremada beleza, através de palavras que brotam da alma como de uma fonte cristalina, plenas de sabedoria, de afeto, de ternura. Trabalhadores simples, devotados, que realizam suas tarefas com dedicação e seriedade, demonstram trazer no íntimo uma fonte de riquezas. Poetas, escritores, compositores, escultores, engenheiros, médicos, jardineiros, pedreiros, arquitetos, donas de casa, paisagistas e outros tantos cidadãos mostram a alma, através de suas realizações. 
E a sua alma, como tem se exteriorizado? 
Nas tarefas singelas que você realiza... 
Nas muitas palavras que você pronuncia... 
Nos conselhos que dá ao filho ou a um amigo... 
Numa carta comercial que você escreve, ou numa declaração de amor, sua alma se exterioriza e se deixa ver... 
Com suas ações, o mundo ao seu redor fica mais belo ou mais feio? 
Mais alegre ou mais triste, mais nobre ou mais pobre? 
Para se conquistar a excelência nas ações cotidianas, é preciso considerar as quatro dimensões da experiência humana: a dimensão intelectual, que almeja a verdade; a dimensão estética, que almeja a beleza, a dimensão moral, que almeja a bondade, a dimensão espiritual, que almeja a unidade. E gravitar para a unidade Divina, é o objetivo final da Humanidade. Busque plantar em sua alma a verdade, a bondade e a beleza. Mas considere que a verdade é o solo mais propício para que germinem a bondade e a beleza. 
Pense nisso! Vale a pena! Invista na sua alma! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 07.06.2010.

domingo, 12 de julho de 2020

EXPRESSÕES DO AMOR

Quando um filho apresenta qualquer problemática, de forma natural, os pais se esmeram, não somente para lhe resolver ou atenuar a dificuldade, como também buscando a melhor forma de se adaptarem, no sentido de lhe atender as necessidades. Assim, se o filho passa a depender de uma cadeira de rodas, logo a casa tem alterada sua estrutura interna, com a retirada de portas ou paredes. E até instalação de rampa para o mais fácil acesso do cadeirante a todos os cômodos. Se o filho é portador de deficiência visual, tudo é feito, de igual modo, para que ele transite, de forma segura e livre. Se a deficiência é auditiva, pais buscam aprender a linguagem dos sinais, a fim de que a comunicação se dê de forma tranquila. Mas, e quando um dos pais apresenta uma determinada deficiência, como agem os filhos? 
 * * * 
Uma demonstração de amor e dedicação, colhemos de um vídeo que circula pela internet. A cena mostrada é familiar. Pai e filho estão à mesa e lancham. O pai é portador de deficiência auditiva. A mãe, que faz a filmagem, diz ao menino, de mais ou menos dois anos, que pronunciará várias palavras. A cada uma, ele deverá mostrar como se fala por sinais. E o menino, de forma tranquila, vai demonstrando o que aprendeu. Por vezes, ele próprio aponta o objeto ou a fruta, que está próxima, logo após fazer o sinal correspondente. E, numa cumplicidade de carinho, num certo momento em que ele não se recorda do sinal exato, o pai, ao lado, tenta lhe mostrar como é, de forma sutil, para que a mãe não perceba. Naturalmente, tudo redunda em bons sorrisos e a observação de que papai está “passando cola”. Imaginamos como deva se sentir esse pai. 
 * * * 
Sim, o amor existe. E em larga escala. 
Em profundidade, alimentando vidas, portas adentro dos lares. Felicitando existências e ensinando, pelas suas expressões, como se ama. 
Quando um filho, que ouve perfeitamente, se dispõe a aprender sinais para uma boa comunicação com seu pai, o amor está presente. 
Amor de filho agradecido pela vida que recebeu. 
Amor de filho que diz que deseja que seu pai participe amplamente de sua vida. 
Quando uma criança, em tenra idade, é convidada a utilizar sinais para se entender com seu pai, o amor está se expressando. A lição de amor que essa mãe transmite ao filho, com certeza, o seguirá vida afora. Amor que se faz de preocupação pelo outro. Respeito de quem deseja a participação do outro em sua vida. Bem disseram os Espíritos que quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os cristãos, ébrios de amor, se ofereceram em holocausto, nas arenas dos circos. Sim, o amor tem esse condão de realizar maravilhas, de transformar o lar, de transformar vidas. De estender pontes de inclusão, de aconchego, de proximidade. De dizer ao outro o quanto ele é importante em sua vida, como a sua presença faz a grande diferença. 
Pensemos nisso e nos permitamos envolver pelas delicadas brisas do amor, felicitando-nos a alma e realizando a felicidade dos que nos rodeiam. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 3.12.2014.

sábado, 11 de julho de 2020

EXPRESSÃO DO AMOR

Ela tem apenas seis anos e brinca em seu quarto. Os pais a podem ouvir, falando com seus bichinhos de pelúcia, em doce fantasia. Então, eles se concentram em fazer contas, revendo o orçamento. Pela décima vez refazem tudo e descobrem que sobram dias no seu mês de salário. Vai ser difícil, concluem. De repente, se dão conta de que não ouvem mais a voz da menina. Verificam que ela não está no quarto, nem na sala, nem na cozinha. Olham para fora. A noite escura envolve o terreno que vai até o portão, lá na frente. No meio da escuridão, eles descobrem o vulto pequeno, retornando de algum lugar. É a garota, sozinha. Ela calçara os sapatos da mãe, e fora até a caixa do correio colocar uma carta para o papai e a mamãe. Quando os pais lhe perguntam por que saiu, à noite, no escuro, ela responde com um sorriso de quem venceu o medo e realizou uma proeza: 
-Tem carta para o papi e a mami, lá na caixa! 
A garota deixou de lado seus brinquedos, tomou o lápis e, em uma folha de papel, desenhou umas flores coloridas e escreveu uma frase: 
-Eu amo o papi e a mami. 
Teve o cuidado de colocar o papel dentro de um envelope, endereçar e enfrentar a noite de breu, para colocar a surpresa na caixa do correio. Um impulso de amor! Um gesto de ternura! A espontaneidade do momento! Tudo isso valeu para que os pais esquecessem das contas, das dificuldades a vencer até o final do mês, do jogo de cintura que teriam que realizar para conseguir saldar o que fosse mais urgente e abraçassem o seu tesouro, sentindo-se plenamente felizes. O que quer que tivessem que enfrentar, valeria a pena porque aquela criança, sua filha, lhes devolvia todo esforço centuplicado em uma declaração de amor. Era como receber a mensagem de um anjo pedindo confiança e lhes renovando as disposições de bom ânimo.
* * * 
Quantas vezes você já deteve a sua vontade de dizer para o seu amor que o ama? 
Que é muito feliz por ele ou ela estar ao seu lado? 
Quantas vezes sua mão chegou próximo dos cabelos da pessoa amada e você não concretizou o gesto de carinho? 
Quantas vezes pensou em telefonar e desistiu, com a preocupação de parecer tolo ao dizer: 
-Liguei só para dizer que você me faz feliz? 
Você já pensou em como qualquer um desses pequeninos, mas importantes gestos, teria tornado o dia do outro muito mais alegre?
* * * 
Seja espontâneo em suas manifestações de amor. Nunca deixe para mais tarde o que o coração lhe sugere. Abrace. Mande flores. Escreva um bilhete. Telefone. Surpreenda. Não economize carinho, ternura, afeição. Não se preocupe em reservá-los para dias especiais. Quanto mais utilizados, ofertados, mais eles se multiplicam, trazendo enriquecimento nas relações humanas. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Disponível no CD Momento Espírita, v. 29 e no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. 
Em 22.3.2016.