segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O TEMPO DO CRISTO

RAUL TEIXEIRA
Para os que vivemos na Terra, nestes tempos de transição planetária, muitos têm sido os temores, os amedrontamentos a nos cercar. Olhando o panorama terrestre, verificamos que existem dois tempos: o tempo do mundo e o tempo do Cristo. No tempo do mundo temos as notícias das pessoas capazes de promover a maldade, a miséria moral, a agressão. Ao mesmo tempo, registramos a existência de lidadores do bem que trabalham no sentido de amparar, orientar e instruir para a felicidade. Podemos considerá-los gerentes das oficinas do amor que o Criador instalou nos mais variados pontos do planeta. Esses vivem o tempo do Cristo. Também observaremos uma leva grande de pessoas que alardeiam o pessimismo, a descrença, a auto-desvalorização e a autodestruição. Tudo está ruim: o governo, a escola, a diplomacia entre os países, as pessoas. No entanto, veremos igualmente muitas pessoas que fomentam o bom senso, o respeito à vida, proclamando as ideias de que o homem é o construtor de sua jornada feliz ou infeliz. Ele é o promotor dos quadros do mundo. Encontraremos cientistas arquitetando armas perfeitas e processos de destruição, bombas e mísseis inteligentes, comandados por computadores impecáveis. Mas, os que se encontram vivendo o tempo do Cristo estão envolvidos em desenvolver técnicas de salvação para os seus irmãos. São os que elaboram vacinas abençoadas; os que criam instrumentos para inspecionar o organismo humano, detectando enfermidades, a fim de que possam ser tratadas com urgência. Outros estão imersos em pesquisas laboratoriais para a descoberta de medicamentos de cura de doenças ou o amenizar das dores dos enfermos. Os que vivem no tempo do mundo, gritam a favor de práticas abortivas, no intuito de destruir a vida, antes que floresça. Alguns o fazem por questões meramente político-econômicas, outros em nome de questões médico-sociológicas. Contudo, almas iluminadas estendem sua ação, oferecendo apoio, abrigo às mulheres que foram abandonadas em plena gestação. Em nome do amor, inspiram as futuras mães a pensar na semente de vida que lhes pulsa no ventre. E sugerem opções variadas para que ninguém precise manchar com sangue as próprias mãos. Como a adoção, por exemplo. Encontramos, no mundo, jovens que se envolvem no alcoolismo, considerado inocente, ou nas drogas de graves consequências. Tudo em nome do desconhecimento e da rebeldia. E o que conseguem é a morte antecipada, em função do desgaste corporal. Fenecem como flores que não chegaram a aguardar a temporada de dar frutos. Identificamos, por outro lado, os jovens que valorizam o corpo. Que cuidam da alimentação, que se mantêm distantes de quaisquer excitantes. Jovens que estudam, que desejam progredir, trabalhar, servir ao país e ao mundo. Jovens que têm sonhos de grandeza moral. Jovens que fazem a diferença no mundo. Esses são os dias que vivemos. Cabe-nos decidir se desejamos estar com os tempos do mundo ou com os tempos do Cristo. 
Pensemos a respeito e abracemos o tempo do Cristo, para nossa própria felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro O tempo de Deus, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. FRÁTER.
Em 30.9.2019.

domingo, 29 de setembro de 2019

AS ESCOLHAS QUE FAZEMOS

ELEANOR ROOSEVELT
E
MARIAN ANDERSON
Nascida em Nova Iorque, Eleanor casou–se com o político em ascensão, Franklin Delano Roosevelt, em 1905 e envolveu–se completamente no serviço público. Quando chegaram à Casa Branca, em 1933, como presidente e primeira–dama, ela estava profundamente envolvida em questões dos direitos humanos e de justiça social. Ao continuar o seu trabalho em nome de todas as pessoas, defendeu direitos iguais para mulheres, para os afro-americanos, para os trabalhadores da era da depressão, levando inspiração e atenção às suas causas. Corajosamente franca, apoiou publicamente Marian Anderson quando, em 1939, foi negado à cantora negra o uso da sala da Constituição de Washington, devido à sua raça. Eleanor assegurou que, em vez disso, Anderson cantasse nas escadarias do Lincoln Memorial, criando uma imagem duradoura e inspiradora de valentia e direitos humanos. Em 1946, Roosevelt foi nomeada delegada das Nações Unidas, pelo presidente Harry Truman, sucessor de Franklin Roosevelt. Foi a força impulsora na criação da Carta de Liberdades, em 1948, que sempre será seu grande legado: a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Denominada primeira–dama do mundo pelo presidente Truman, trabalhou até ao final da sua vida para conseguir a aceitação e implementação dos direitos estabelecidos na declaração. 
-“Encontramo–nos hoje no umbral de um grande evento tanto na vida das Nações Unidas como na vida da Humanidade. Esta declaração pode converter–se na magna carta internacional para todos os homens em todos os lugares.” – Afirmou.
Recomendava ela:
-“Faça o que no seu coração achar que é correto — desde que será criticado de qualquer forma.”
 * * * 
Somos todos filhos de Deus, criados para o crescimento intelectual e moral, o que fazemos, através de nossas próprias escolhas na vida. Desde nosso nascimento, como Espíritos, o Pai de amor, bondade e justiça nos concedeu o livre-arbítrio para que em tudo o que fizéssemos, nos servíssemos da nossa liberdade de escolha. Apenas estabeleceu ele uma lei soberana que rege nossa caminhada: a lei de causa e efeito. Logo, somos livres em nossas escolhas, mas responsáveis por tudo o que fizermos. Exatamente como o agricultor que colhe o que planta, em seu imenso campo. Quando nossas escolhas forem construtivas, produtivas para nós e para a Humanidade, a recompensa virá em forma de realização interior. Quando, porém, nossas escolhas nos direcionarem para o despenhadeiro moral, a consciência nos exigirá uma reconstrução digna. 
* * * 
Eleanor Roosevelt disse: 
-A liberdade faz uma exigência enorme a cada ser humano. Com a liberdade vem a responsabilidade. Para a pessoa que está relutante em crescer, para a pessoa que não quer carregar seu próprio fardo, esta é uma perspectiva assustadora. Pensemos nisso e nos sirvamos dessa extraordinária possibilidade de escolher o que desejamos para nossas vidas, hoje e no amanhã. Disso depende nossa felicidade nesta vida e no futuro como Espíritos imortais que somos.
Redação do Momento Espírita, com base em biografia de Eleanor Roosevelt. 
Em 20.8.2016. 

sábado, 28 de setembro de 2019

Para todos os males só existe um medicamento de eficiência comprovada.

CHICO XAVIER
Onde quer que você esteja, seja a alma deste lugar...
Discutir não alimenta.
Reclamar não resolve.
Revolta não auxilia.
Desespero não ilumina.
Tristeza não leva a nada.
Lágrima não substitui suor.
Irritação intoxica.
Deserção agrava.
Calúnia responde sempre com o pior.
Para todos os males, só existe um medicamento de eficiência comprovada.
Continuar na paz, compreendendo, ajudando, aguardando o concurso sábio do Tempo, na certeza de que o que não for bom para os outros não será bom para nós...
Pessoas feridas ferem pessoas.
Pessoas curadas curam pessoas.
Pessoas amadas amam pessoas.
Pessoas transformadas transformam pessoas.
Pessoas chatas chateiam pessoas.
Pessoas amarguradas amarguram pessoas.
Pessoas santificadas santificam pessoas.
Quem eu sou interfere diretamente naqueles que estão ao meu redor.
Acorde…
Se cubra de Gratidão, se encha de Amor e recomece…
O que for benção pra sua vida, Deus te entregará, e o que não for, ele te
livrará!
Um dia bonito nem sempre é um dia de sol…
Mas com certeza é um dia de Paz.

Chico Xavier

https://www.mensagemespirita.com.br

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

NÃO DESISTA DE VOCÊ

Por vezes você não entende como as pessoas ainda conseguem sorrir num mundo como esse. Anda pelas ruas e não vê graça no movimento de ir e vir das pessoas, não encontra a alegria na vivacidade das crianças e não percebe essas supostas coisas boas que a vida tem. As notícias falam de conspirações, de golpes, de chacinas. Pioram índices disso ou daquilo. E você tem certeza de que não vale a pena investir nenhum esforço nessa existência. Há também uma espécie de vazio aí dentro. Uma dor na boca do estômago ou nos pulmões, uma dificuldade de respirar às vezes. Você não sabe o que é. Será que todo mundo tem isso? Você estuda por obrigação ou trabalha apenas pelo resultado financeiro. Ora, você precisa comer, precisa de um lugar para morar, comprar algumas coisas... Mas, por vezes fica pensando se vale a pena lutar por isso. Tem vezes que come mais do que necessita, outras que fica muitas horas sem se alimentar e percebe que isso não faz muita falta. Até poderia viver sem... Percebe que as pessoas estão se isolando. Cada um no seu canto. Por isso não fala muito de você. Aliás, pode passar horas e horas sem proferir uma única palavra. Estamos nos escondendo atrás das telas! – Ouviu um especialista dizer. E nas suas horas livres permanece ali, naquele mundo que parece não ter fim, mas que às vezes também tem cara de imenso vazio. A internet parece cheia de gente mas, ao mesmo tempo, vazia. Entro e saio desse suposto mundo digital do mesmo jeito – são pensamentos que lhe acodem. Você anda cansado de tudo, de todos. As pessoas não são interessantes. Não tem paciência para quase ninguém. De vez em quando bate uma tristeza profunda, como se abrisse um abismo no peito. Você tem vontade de chorar, mas não consegue. Não entende o que é isso. Você se sente sozinho. 
 * * * 
Eis algumas palavras especiais para você. 
Primeiro: não se permita a solidão prolongada. Conte com alguém para conversar, para se abrir. Alguém em quem confie, alguém para quem possa descrever essas coisas estranhas que pensa, que sente ou que vê ao seu redor. Não perca a referência do amor, dos que lhe querem bem. Todos temos esses à nossa volta. Todos temos os que estão dispostos a nos estender a mão, ou apenas ouvir. Você não está só. Não fomos simplesmente abandonados num mundo que vai de mal a pior. Essa é outra visão distorcida. É uma visão terrorista que muitos se acostumaram a passar ou a aceitar. Não julgue o mundo apenas ouvindo um dos lados. Há muito amor nas pessoas. O Universo é coordenado por amor, embora ainda tenhamos dificuldade em entender certos mecanismos de suas leis. Veja como esta mensagem está chegando até você. Não existe coincidência, não existe acaso. Tudo está em seu devido lugar e a ajuda chega a quem precisa e na hora certa. Não desista de você. Não desista de seus ideais, sonhos, objetivos. Se for necessário, remonte-se, reconstrua-se, peça ajuda de alguém especializado e refaça seus passos. Perceba se sintomas que apresenta não estão ligados a algum tipo de transtorno emocional. Todos estamos sujeitos a essas dificuldades. 
Finalmente, lembre que a oportunidade da encarnação é o maior tesouro que podemos ter recebido. Aproveite cada instante. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.9.2019.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

AMIGO INCOMPARÁVEL

HERMÍNIO CORREA DE MIRANDA
Quanto vale um amigo? 
Por vezes, afirmamos que tudo na vida tem um preço. Quando pensamos dessa forma, utilizamos moedas, cédulas e títulos monetários na aquisição do que desejamos. Logo descobrimos, no entanto, que podemos comprar objetos, coisas, atendermos muitos dos nossos desejos. Mas, não podemos comprar um amigo. Porque amigo é alguém muito especial. É alguém em quem se confia, a quem se entrega a vida, a alma. O amigo é de tal forma precioso que, ao se examinar as vidas de pessoas que se destacaram no mundo, sempre descobrimos alguém que lhes dispensou a amizade doce e pura. Lendo a vida do grande Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso, encontramo-la recheada de amigos. Ananias, o perseguido do ainda orgulhoso Saulo, é quem lhe devolverá a visão, em Damasco e se tornará seu amigo. Amigo de tal forma sincero que, mesmo sob tortura, não revelará aos inimigos do jovem de Tarso, onde ele se encontra. Gamaliel, o que fora seu mestre em Jerusalém, é quem o acolhe, depois de seu retorno de Damasco. É quem o aconselha a um período de retiro para meditação e amadurecimento, antes de se entregar à divulgação da Boa Nova. É quem lhe confia os manuscritos das anotações de Mateus, presente do Apóstolo Pedro, e que lhe deveriam servir de credencial quando Paulo se apresentasse ao velho Apóstolo, na Casa do Caminho. Áquila e Prisca são amigos que o acolhem no oásis de Dan, para onde segue o convertido de Damasco e onde permanecerá por largo período. Foram amigos fiéis até o fim. Companheiros de muitas lutas e andanças, também eles identificados com os ensinos do Cristo. O Evangelista Lucas é outro amigo. Com seu trabalho, concretiza o plano de Paulo de ir à Macedônia, pois lhe custeia a viagem. Nos anos finais de Paulo, será ele o esteio moral e até físico, vivendo ambos sob o terror implantado por Nero, em Roma. Paulo registra sua presença na Epístola a Timóteo, a segunda, poucas semanas antes de ser decapitado: Só Lucas está comigo.
 * * * 
Ninguém pode dispensar um amigo que é sustentáculo, apoio. Significa afeição, oásis no deserto, água refrescante ao sedento. Por isso, agradeçamos a Deus pelos amigos que temos. Eles representam, em síntese, uma parcela do amor de Deus que se expressa em forma humana, na face da Terra. Mas acima e além de tudo, não nos esqueçamos de um amigo incomparável. Ele se chama Jesus. Cristo é um amigo à parte. Nenhum outro que a Ele se iguale. Os amigos terrenos lançam raízes nos corações, mas acima de todos eles, se encontra Jesus, incomparável, indiscutível. Não O esqueçamos, jamais, nas sombras das nossas noites de amargura ou na claridade radiosa dos nossos dias de alegria.
 * * * 
Jesus lecionou e viveu a amizade. Suas foram as palavras: Ninguém tem maior amor que o daquele que dá a sua vida por seus amigos. Também disse: Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu pai eu vos tornei conhecido. Aprendamos com Ele, nosso Modelo e Guia.
Redação do Momento Espírita, com base no livro As marcas do Cristo, v. 1, cap. 4, de Hermínio Miranda e no Evangelho de João, cap. 15, vers. 15. 
Em 26.9.2019.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

EU ME DEI CONTA

Falando com alguns jovens, eu me dei conta dos tantos anos vividos. Eu lhes falei do disco de setenta e oito rotações, da maravilha que foi quando surgiu o compacto simples, depois o compacto duplo, o long-play. A maioria deles jamais ouvira falar dessas coisas. Olharam uns para os outros e perguntaram se eu era do século passado. Bem, eu lhes disse, na verdade não sou somente do século passado, mas do milênio passado. E usei o telefone, aquele preto, com disco onde era preciso colocar a ponta do dedo em cada pequeno círculo numérico e girar para fazer a ligação. Sou do tempo da máquina fotográfica que precisava de um rolo de filme dentro dela. Havia de doze, vinte e quatro e trinta e seis poses. E a foto só podia ser vista depois de revelada, o que era feito após todas as poses terem sido utilizadas. Tristeza era quando aquele momento especial não ficara registrado. A foto queimara por inabilidade do fotógrafo ou má exposição do filme. Tempos antigos. Tempos de fita cassete, de vídeo cassete. Tempos em que se aguardava, com ansiedade, o mais recente álbum do cantor ou banda favorita chegar na loja da cidade. Pesquisas escolares somente na biblioteca, nos volumes grossos da enciclopédia, que nem sempre trazia os últimos dados, porque fora impressa há algum tempo. Vivemos o tempo da Jovem Guarda, do Rock, da Bossa Nova. Vibramos com os artistas da época. Alguns, ainda fazendo sucesso, encarnados. E o cinema? Crianças, não podíamos perder a sessão da tarde, no domingo, que chamávamos, de forma equivocada, de matiné. Eram exibidos seriados a cada semana e não podíamos perder nenhum capítulo. Assistimos à chegada do Cinemascope e nos encantamos com as cores. E ficamos anos ouvindo a apresentadora brasileira dizer no seu programa: Ah, se a TV fosse a cores, enquanto descrevia os vestidos com os quais as modelos desfilavam. Damo-nos conta que tudo aconteceu muito rápido. Temos um pouco mais de meio século. Não diremos exatamente, quanto mais. Porém, em curto tempo, a tecnologia progrediu muito. Então, quando nos encantamos com os filmes da atualidade, com suas fantásticas produções, seus efeitos sonoros e visuais; quando de forma rápida fazemos nossas pesquisas na internet; quando falamos com nossos amigos e familiares onde quer que estejam; quando assistimos aos acontecimentos do mundo em tempo real, louvamos a Deus. Somos seres imortais, criados à Sua Imagem e Semelhança, por isso tão criativos, tão inventivos. Os anos passados foram bons como bons são os da atualidade, com tanto progresso e tecnologia. Importante mesmo é saber que, ser imortal, vou partir algum dia. Mas voltarei e tenho certeza de que encontrarei um mundo ainda mais pleno de tecnologia e igualmente, cheio de amor, porque teremos aprendido que somos uma enorme família, reunida em um único lar chamado Terra. Um planetinha, cada dia menor porque cada dia ficamos mais próximos uns dos outros. A tecnologia nos permite isso E para ficarmos bem pertinho uns dos outros, basta abrir nossos corações. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 25.9.2019.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

AS ESCOLHAS DA NOSSA VIDA

Ana Paula Padrão e família
Vez ou outra verificamos que profissionais se transferem de um para outro local de trabalho. Às vezes nos perguntamos se isso tem a ver somente com salários mais altos, mais vantagens econômicas. E nos surpreendemos quando descobrimos que alguns, simplesmente mudam porque desejam desfrutar de melhor qualidade de vida. Registramos depoimento de uma jornalista que, não faz muito tempo, se transferiu de emissora televisiva. Diz que a vida real não são as conquistas efêmeras. Que marido, família, amigos são criaturas que estarão conosco, mesmo quando a empresa não mais fizer parte do nosso cotidiano. Tendo recebido de sua mãe o conselho de se tornar independente, para não ficar dependendo de ninguém, deu ênfase total à sua carreira. E nesse afã, relegou para segundo plano o lado emocional. Não se dera conta, então, que para conquistar o seu espaço, vencer como os homens e ter poder como eles, não precisava deixar o seu universo. Descobriu, agora, que é possível incorporar os dois. Mas, para isso, é necessário ouvir a sua voz interior. Há 18 anos ela não conseguia ir a um aniversário de amigos, nem jantar com a família. Não via seu marido a semana toda. Chegava em casa às 2 da manhã. Ele acordava às 7. Chegou a comprar um quadro branco e colocar no quarto. Ali deixava os recados antes de deitar e encontrava os do marido, ao se levantar. Na sexta, ele a esperava. Ficavam juntos até às 4 da madrugada. Levantavam tarde no sábado. E, num piscar de olhos, o sábado tinha acabado. Isso, às vezes. Porque em muitos finais de semana ela estava de plantão. Foi por isso que ela decidiu largar um emprego excelente em troca de sua felicidade. Não foi fácil. Foram noites de insônia e tensão. Chorou. Contudo, o apoio do marido a auxiliou a decidir. Eles se conheceram há apenas 3 anos. Tudo foi muito rápido. Ela o entrevistou e conversaram um pouco, depois. Sobre trabalho, viagens. Na semana seguinte, ela foi para a França. Em Paris, recebeu um telefonema, no hotel. Era ele. 
-Você veio para um congresso? Perguntou. 
-Não, foi a resposta. 
-Vim convidar você para jantar.
Quatro meses depois estavam casados. É essa relação especial que ela deseja preservar. E aconselha: Em sua carreira, em suas conquistas, vá com calma. Deixe o homem participar de seu universo. E goste disso. Encontre o seu ponto de equilíbrio e não tenha medo de lutar por seus sonhos. A jornalista inclui em seus planos atuais, dedicação ao novo emprego, sem abrir mão da parte pessoal. Pretende se tornar mãe. Afirma que está feliz e consegue, hoje, depois de três anos de casada, ir ao cinema à noite com seu marido. 
* * * 
Você somente será feliz se o amor fizer parte da sua vida. Você pode amar a sua profissão, dedicar-se de forma total, conseguir sucesso e fama. Poderá ter poder e dinheiro. Mas, se não tiver alguém para amar e alguém que o ame, não se sentirá verdadeiramente realizado. Ninguém vive sem amor. Amor de esposa, irmã, de uma mãe. O carinho de amigos. A ternura de alguém. Um momento para amar. Uma criança. Um idoso. Um momento para receber a gratidão, o carinho. O amor é condimento indispensável à vida.
Redação do Momento Espírita com base em depoimento da jornalista Ana Paula Padrão, intitulado As escolhas da nossa vida. 
Em 26.08.2008.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Antes de desencarnar, vítima de câncer, jovem médica deixa carta com reflexão sobre a vida! ("queria com muito carinho que se lembrem das coisas que estou aprendendo...")

Dra. Larissa Alessandra Medeiros, natural de Lages, fez Medicina na UFSC, onde se formou em 2001. Fez residência de Clínica Médica no HU/UFSC e de Hematologia no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Especializou-se em Transplante de Medula Óssea em Curitiba, onde fixou residência e estava atuando como médica contratada e preceptora no Hospital de Clínicas da UFPR. Foi a óbito em 22/12/18, por um câncer de mama metastático. Poucos dias antes de falecer, deixou uma carta, transcrita abaixo: 
“Querida família! Ando mais reflexiva e ausente... tem sido dias difíceis. Pensei na morte, mas vi um documentário da minha incoerência, já q é a coisa mais certa... pedi a Deus uma 2a chance ou força p entender se ele tiver outro propósito. Vou fazer um pedido aqui: - hoje minhas chances de cura são menores do que as de sucesso! Luto por 10% de cura!!sem drama, é um fato! - quero e vou vencer, com a ajuda de Deus e Nossa Senhora, sem as estatísticas dos homens! Mas queria com muito carinho q se lembrem das coisas q estou aprendendo... - hoje ter 1,2,5 ou 20 milhões num banco ; ter um bilhete de viagem maravilhosa; um vestido lindo ou poder ir em restaurantes incríveis.. um bom vinho, um doce delicioso... NADA NADA disso eu poderia usufruir agora. Não mudaria minhas chances ou acessos à remédios, não teria pique e disposição p viajar (não posso me ausentar por mais de 15 dias pela quimio, que tem dado muitas reações extras), não posso beber, comer muitos doces... e não tenho ânimo físico p usar um lindo vestido com alegria... A vaidade de crescer cientificamente, ganhar algo na profissão, prestígio??? Nada fica... perdi tanto tempo c isso... fui tão tola em vários aspectos... só o carinho dos amigos colegas e pacientes que o trabalho trouxe... Mas claro q não serei hipócrita: Trabalhar, responsabilidades, ter economias... são coisas importantes, mas NÃO são mais do que viver o hoje... ter conforto, usufruir das boas coisas da vida valem a pena... Já viver sempre esperando um futuro que pode não chegar, isto é ir morrendo aos poucos. Então, o que ficou e o que mais me alegra? As boas lembranças dos momentos e experiências q vivi... as risadas, os carinhos, a alegria das viagens q tanto gostava, da comida gostosa fosse caseira ou de um bom restaurante... os sentimentos verdadeiros e o amor puro da família e tantos amigos queridos q redescobri... Sei q nada será tão palpável como é p mim q precisei passar por isso p ter tanta clareza de pensamentos... ouvia isso dos pactes mas não coloquei em prática... Gostaria q experimentassem sem ter q passar por algo ruim p mudar: - brigas, reclamações, vaidades, conflitos... acontecem mas deixam o ar muito pesado, sugam nossa energia e não levam a nada. Transformam a reunião alegre em algo desagradável... Amor, perdão, paz, alegria renovam tudo... - nós sendo filhos, noras e genros, pais, irmãos, casais, todos iremos errar... escolher o caminho tem esse desfecho: de acertar ou errar. E errar tem o aprendizado, só o erro traz essa graça de aprender e mudar! não aprendemos com os erros alheios infelizmente... Os acertos infelizmente também não trazem esse conhecimento todo, por ironia... ninguém sabe o que é certo... o certo p mim não é para os demais. Vamos conviver em paz, respeitar a individualidade das pessoas, dos casais, mesmo não sendo nossa opinião. Vamos celebrar a vida, ter prazer nos encontros, evitar brigas ou assuntos pesados... queria q todos q puderem começassem a passear, viajar, praticar a leveza no dia a dia... quem quiser ir, voltar, sair, ficar, silenciar... siga seu coração... decida por si... não esperem permissão para serem felizes. Só quem pode nos autorizar somos nós mesmos... - Américo, meu amor, tem me ensinado muito também... foi um ano terrível p nos... muitas concessões, ajustes... mas nosso amor tem aprendido a ser laço de fita, não e nunca NÓ... nos respeitamos, apoiamos, nos incentivamos mutuamente... se vc está estressado, volta da corrida, leve, com o sorriso mais lindo no rosto e só traz boas energias p mim. Não fala nada pesado, não fala de ninguém, sempre positivo, o melhor companheiro q eu poderia ter... meu amor! Muitas vezes discordamos, queremos coisas diferentes, mas aprendemos a respeitar a decisão do outro sem perder tempo tentando convencer a nossa maneira... acho q ganhamos mais amor e respeito!! Amor não é posse ou prisão, é liberdade e respeito... Sei q ainda temos muito a aprender... mas acho q estamos no caminho, entre acertos e erros... - tenho vontade de gritar, para todos que quero bem: “Tomem as rédeas de suas vidas... viajem, namorem, comprem c responsabilidade o que lhes dá prazer... a vida é HOJE!! Só hoje!!! Viagens, comer num lugar gostoso, comprem a roupa bonita q querem...” Não sabemos se viveremos até o futuro... se gozaremos da aposentadoria... se teremos saúde e ânimo p aproveita - lá!! Vivam vivam, cada um é dono da sua trajetória...e a vida dará em troca, amor verdadeiro, grandes amigos q farão parte da família... e muito boas memórias...”

domingo, 22 de setembro de 2019

OS PAIS ENVELHECEM - TODO O FILHO DEVERIA LER ESSA MENSAGEM

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho. Plena de emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém. Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça. Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso. Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem. Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz. O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecemos. E então algo começa a mudar. Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas. Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais. Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebe as mínimas faíscas no olho de um filho. É quando pais idosos, dizem para si mesmos: 
-Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida. Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos. A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas. Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes. Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber. Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente. Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos. E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que então desrespeitá-los? Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento? Sim, é o que a maioria dos filhos faz. Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão. E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia. 
 * * * 
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui. O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa. Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo. Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto... Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria. 
Redação do Momento Espírita.
Autor: Momento Espírita

sábado, 21 de setembro de 2019

ESCOLHAMOS VIVER!

O publicitário paulista Alexandre Barroso já viu a morte de perto diversas vezes. Receptor de três transplantes, duas vezes de fígado e uma de rim, passou quatro anos internado e entrou em coma vinte vezes. Bem sucedidos, os transplantes devolveram-lhe a vida. Agora, ele viaja por todo o Brasil, ministrando palestras de incentivo e conscientização a respeito da doação de órgãos. Em 2018, lançou o livro A última vez que morri – uma história real sobre vida, morte e renascimento, no qual narra sua longa jornada em direção ao restabelecimento da própria saúde. Quando um familiar retorna às moradas do infinito, cabe à família decidir ou não pela doação dos órgãos do ente querido. O momento não é o mais adequado às grandes decisões. Porém, optar pela doação é fazer da morte fonte de vida. Segundo estatísticas, em 2017, o Brasil alcançou a marca de aproximadamente dezessete doadores para cada milhão de habitantes. Trata-se de um recorde. Porém, levando-se em conta a quantidade de brasileiros necessitados de transplante, o número ainda está abaixo do esperado.
 * * * 
A luta de algumas pessoas pela manutenção da própria vida nos leva a muitas cogitações:
O que é a vida? 
Podemos prolongá-la? 
Podemos torná-la melhor?
Ao contrário do que muitos imaginamos, a vida e a morte não são simples fatalidades sobre as quais não temos controle. Mais do que meros fenômenos biológicos, viver e morrer são escolhas que fazemos diariamente. Prova disso é encontrarmos pessoas que, acometidas das mais severas doenças, por vezes no limite da existência, vivem plena e abundantemente. Conduzem seus dias com esperança, com alegria, com gratidão, com fé. A todos nos dão a mais profunda lição de vida. 
Viver é agradecer pela exata medida do que se tem. É valer-se dos bens materiais dos quais dispomos como ferramentas de progresso. 
Morrer é passar a existência escravizado pelo apego à riqueza empobrecedora. 
Viver é saber que nossa existência não se resume a momentos felizes. 
Morrer é desperdiçar as lágrimas, que tanto nos ensinam, com reclamações incontáveis. 
Viver é se conscientizar da fragilidade humana e saber que nossa saúde nem sempre se encontrará em perfeito estado. 
Morrer é desperdiçá-la com toda sorte de excessos. 
Viver é compreender as imperfeições alheias. 
Morrer é negar perdão e afeto, é não demonstrar o que sentimos, é não se importar com o sofrimento alheio, é não dizer às pessoas que nos são caras o quanto as amamos. 
Verdadeiramente vivemos quando corrigimos nossas mazelas morais, quando praticamos o bem, quando nos pautamos pela justiça, quando somos pacientes e tolerantes. 
Vivemos quando superamos nossas limitações, quando descobrimos nossos potenciais, quando estendemos a mão àqueles que dela carecem, quando amamos de forma incondicional. 
Vivemos quando morremos para o homem velho e construímos o homem novo. 
Vivemos quando construímos a felicidade para a qual fomos destinados e da qual somos agentes e protagonistas.
Pensemos nisso! Aprendamos a viver! Escolhamos viver! 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Alexandre Barroso. 
Em 23.4.2019.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

ADEREÇOS DISPENSÁVEIS

William J. Bennet
É comum se encontrar pessoas portando ao pescoço ou nos pulsos certos adereços estranhos. São figas, reproduções de determinadas figuras, trevos e duendes em miniatura, entre tantos outros. Acreditam firmemente, essas pessoas, que adereços assim dispostos no corpo as defendam de quaisquer malefícios. Creem outras que podem, inclusive, atrair coisas boas, boa sorte etc. Observando tal quadro, recordamo-nos da história do príncipe que não sorria. O rei, seu pai, enviou mensageiros a todo o reino para que anunciassem que aquele que conseguisse fazer seu filho sorrir, seria amplamente recompensado. Muitos foram os que se apresentaram fazendo graça, dizendo coisas que deveriam provocar o riso. E nada. Então se apresentou a madrinha da criança e lhe deu um coração preso a uma corrente de ouro. Afirmou que se ele conservasse aquele coração rente ao seu próprio, sorriria sempre. E assim foi. O príncipe passou a sorrir, para alegria de seu pai e de todo o reino. No entanto, passado algum tempo apagou-se o sorriso do príncipe e ele mergulhou em tristeza. É que ele havia perdido o cordão de ouro com o coração do sorriso. Todos foram convocados a procurá-lo. O próprio príncipe deixou os jardins do palácio e começou a andar pelas estradas, procurando, procurando... Depois de quase estar exausto, encontrou em um bosque várias crianças que brincavam e riam, alegremente. Passou a observá-las e elas, desconhecendo quem ele era, o convidaram a brincar. Chegado o horário do lanche, entraram cantando na cabana de madeira pequena e limpa e se serviram de pão, leite e frutas. Curiosamente, o príncipe observou que nenhuma delas trazia um cordão de ouro ao pescoço com um coração pendurado. 
-Por que vocês riem? - Perguntou o príncipe. 
-Porque estamos felizes. - Responderam em coro. 
-Mas vocês não têm o coração do sorriso pendurado no pescoço. Como podem estar felizes?
-Não precisamos de nada pendurado ao pescoço, responderam. Estamos felizes porque temos pais que nos amam, pão saboroso que nos nutre, leite e frutas para saciar nossa sede e nossa fome. Somos felizes por viver, por poder brincar, cantar, louvar a Deus que nos criou. 
* * *
À semelhança do príncipe, necessitamos aprender que nada de fora, material, poderá nos conceder paz, serenidade, alegria. Tudo que se refere a estados d'alma vem do Espírito. O Espírito, e somente ele, é o promotor da sua felicidade ou infelicidade. 
 * * * 
Você sabia que mais importante do que os fetiches e talismãs são os valores morais do homem? Assim, é muito mais importante que nos preocupemos com a nossa intimidade para atrair os bons Espíritos, do que cogitar de usarmos esse ou aquele objeto, para atrair boa sorte.
Redação do Momento Espírita, com base na questão 143 do livro O Consolador, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e no cap. O coração feliz do príncipe de O livro das virtudes, de William J. Bennet, v. 2, ed. Nova Fronteira. 
Em 20.9.2019.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A ESCOLHA É SUA!

Você já ouviu, alguma vez, falar de livre-arbítrio? Livre-arbítrio quer dizer livre escolha, livre opção. Em todas as situações da vida, sempre temos duas ou mais possibilidades para escolher. E a cada momento a vida nos exige decisão. Sempre temos que optar entre uma ou outra atitude. Desde que abrimos os olhos, pela manhã, estamos optando entre uma atitude ou outra. Ao ouvir o despertador podemos escolher entre abrir a boca para lamentar por não ser nosso dia de folga ou para agradecer a Deus por mais um dia de oportunidades no corpo físico. Ao encontrar o nosso familiar que acaba de se levantar, podemos escolher entre resmungar qualquer coisa, ficar calado, ou desejar, do fundo da alma, um bom dia. Quando chegamos ao local de trabalho, podemos optar entre ficar de bem com todos ou buscar o isolamento, ou, ainda, contaminar o ambiente com nosso mau humor. Um médico que trata de pacientes com câncer, conta que as atitudes das pessoas variam muito, mesmo em situações parecidas. Diz ele que duas de suas pacientes, quase da mesma idade, tiveram que extirpar um seio por causa da doença. Uma delas ficou feliz por continuar viva e poder brincar com os netos, a outra optou por lamentar pelo seio que havia perdido, embora também tivesse os netos para curtir. Assim também acontece conosco quando alguém nos ofende, por exemplo. Podemos escolher entre revidar, calar ou oferecer o tratamento oposto. A decisão sempre é nossa. O que vale ressaltar é que nossas atitudes produzirão efeitos como consequência. E esses efeitos são de nossa total responsabilidade. Isso deve ser ensinado aos filhos desde cedo. Caso a criança escolha agredir seu colega e leve uns arranhões, deverá saber que isso é resultado da sua atitude e, por conseguinte, de sua inteira responsabilidade. Tudo na vida está sujeito à lei de causa e efeito: para uma causa positiva, um efeito positivo, para uma atitude infeliz, o resultado correspondente. Se você chega no trabalho bem humorado, alegre, radiante, e encontra seu colega de mau humor, você pode decidir entre sintonizar na faixa dele ou fazer com que ele sintonize na sua. Você tem ainda outra possibilidade de escolha: ficar na sua. Todavia, de sua escolha dependerá o resto do dia. E os resultados lhe pertencem. Jesus ensinou que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. Pois bem, nós estamos semeando e colhendo o tempo todo. Se plantamos sementes de flores, colheremos flores, se plantamos espinheiros, colheremos espinhos. Não há outra saída. Mas o que importa, mesmo, é saber que a opção é nossa. Somos livres para escolher, antes de semear. Aí é que está a Justiça Divina. Mesmo as semeaduras que demoram bastante tempo para germinar, um dia darão seus frutos. São aqueles atos praticados no anonimato, na surdina, que aparentemente ficam impunes. Um dia, ainda que seja numa existência futura, eles aparecerão e reclamarão colheita. Igualmente os atos de renúncia, de tolerância, de benevolência, que tantas vezes parecem não dar resultados, um dia florescerão e darão bons frutos e perfume agradável. É só deixar nas mãos do Jardineiro Divino, a quem chamamos Deus. 
 * * * 
A hora seguinte será o reflexo da hora atual. O dia de amanhã trará os resultados do dia de hoje. As existências futuras lhe devolverão a herança que hoje lhes entrega. É assim que vamos construindo nossa felicidade ou a nossa desdita, de acordo com a nossa livre escolha, com o nosso livre-arbítrio.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v.2, ed. Fep. 
Em 25.06.2009.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A ESCOLHA ACERTADA

Shou Wen Allegretti
Foi durante a guerra civil chinesa, que sucedeu ao conflito mundial da Segunda Guerra. Wong e sua esposa Lee, com as quatro filhas, tinham urgência em sair da China, rumo a Hong Kong. Ele era um ilustre professor procurado pelas forças que oprimiam o país. Enquanto ele tentava conseguir um meio de transporte que, a muito dinheiro, os pudesse levar para o campo, à casa de um tio, onde se poderiam ocultar, tentando salvar as próprias vidas, Lee tentava acalmar as pequenas. Ela precisava cuidar da bagagem, porque não eram poucos os que se aproveitavam para saquear os incautos. As crianças, assustadas, em meio à movimentação intensa, choramingavam, agarradas às suas vestes. Num tempo que pareceu eterno, o marido chegou com um jinriquixá, uma espécie de carrinho, puxado por um homem. Enquanto ele providenciava a acomodação das malas, embrulhos e valises no pequeno transporte, um outro se aproximou. Vislumbrando a chance de um bom dinheiro, ofereceu-se para levar a família ao seu destino por um valor menor. O professor Wong, homem prático, aceitou. Porém, a esposa disse que não era correto dispensar o homem que antes fora contratado. Afinal, ele perdera seu tempo, andara até ali puxando seu veículo e merecia respeito. Falou de forma tão incisiva que o marido aceitou suas ponderações e lá se foram, no transporte mais caro. Quase ao final da viagem, um impasse. O tio de Wong morava do outro lado do canal, e o condutor do jinriquixá não ousou atravessá-lo. O casal dividiu a bagagem entre si e as pequerruchas e venceram a pé a ponte. Chegando à casa do tio, se acomodaram, alimentaram as filhas e as deitaram. Duas horas se haviam passado. Então, Lee se deu conta de que faltava uma mala. Exatamente aquela em que havia escondido todo o dinheiro que haviam conseguido juntar, antes da fuga. E agora? Pôs-se a chorar, abraçada ao marido. Como continuar a fuga? Como dar continuidade à vida, sem nada a não ser as roupas e quatro bocas famintas para alimentar? Alguém bateu à porta. Todos se olharam temerosos. Seriam andarilhos salteadores? Talvez guerrilheiros que lhes haviam descoberto a fuga? O tio, procurando demonstrar uma calma que longe estava de sentir, abriu a porta. A punição por acolher fugitivos era a morte. E ali estava o condutor... com a mala. Ao ver que fora esquecida em seu transporte fizera um longo trajeto de volta, ousara atravessar a ponte, somente para entregar a uma família fugitiva a mala, com o seu conteúdo intacto. Todos ficaram parados, sem reação, pelo inusitado do momento. Um gesto de honestidade em meio à confusão que vivia o país e onde muitos somente pensavam em tomar dos outros, à força, o que pudessem. Lee ajoelhou-se e agradeceu a Deus, que lhe havia inspirado fazer a viagem com aquele homem, apesar do preço mais elevado.
* * * 
A gratidão e a honestidade se revelam nos corações bem formados. Mesmo em meio ao caos, o homem guarda na intimidade valores reais dos quais lança mão, em momentos precisos. Por vezes, um simples gesto pode redundar em muitas bênçãos. Como o de Lee, em manter a fidelidade ao contrato verbal acertado com um desconhecido, em meio à angústia e quase pavor, que alcançou ressonância em outro coração, quiçá, tão perseguido e maltratado como o dela mesma. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato, narrado pela filha do Professor Wong, Shou Wen Allegretti. 
Em 18.2.2015.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

PROJETOS FEITOS PARA NÓS!

As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes Ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, suas más ações são cobertas com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser. 
 * * * 
Já paramos para pensar que cada criança é um Espírito como nós? É um outro ser, que retorna à Terra com objetivos muito claros, trazendo uma bagagem rica de diversas experiências anteriores. Parece estranho, num primeiro momento, pois ela se nos apresenta completamente nova, como um ser que nunca conheceu o que é viver antes. Precisa aprender tudo, depende de todos e não traz lembranças de um suposto passado. Se abrirmos a mente um pouco enxergaremos mais uma das grandes propostas do Criador para nossa existência espiritual. Trata-se do projeto de renovação chamado reencarnação. Cada vez que tornamos a habitar um planeta precisamos estar com a roupagem adequada. Um novo corpo, que moldamos de acordo com nossas possibilidades e necessidades. Nesse projeto de renovação está incluso o esquecimento do passado, para que nada atrapalhe os novos planos. Incluído também o mecanismo minucioso que nos permite retornar à carne, que vai desde a fecundação dos gametas, passando pela importante gestação, até chegar ao nascimento propriamente dito. Sem exceção, todos chegamos nas encarnações como bebês. Um corpo pequeno, delicado, frágil. Incapaz de sobreviver sozinho. Sempre dependerá de alguém que o cuide. Aí vemos uma das grandes lições da reencarnação: já dependemos de alguém, nossa vida esteve nas mãos de outras pessoas e elas possibilitaram que chegássemos onde estamos hoje. Poucos não nos encantamos com os bebês. Eles inspiram amor, carinho, cuidados, naturalmente. Imaginemos se retornássemos à Terra crescidos, adultos, cheios de costumes, vícios e pensamentos pré-formatados, sem necessidade dos aprendizados básicos, sem depender de outros, como seria difícil, ou até, impossível, esse projeto grandioso do Criador. Ainda, durante os primeiros sete anos de vida, em especial, temos outro projeto extraordinário – a infância. A delicadeza da infância nos torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que nos devem fazer progredir. Nessa fase é que se pode reformar os caracteres, trabalhando os maus pendores e reforçando as tendências positivas. Há algo de mágico na infância, pois de certa forma ela representa a imagem do que deveríamos ser. Não nos referimos aos aspectos da inexperiência ou falta de conhecimento das coisas, mas sim à pureza de alma. A infância exala singeleza, simplicidade, uma certa inocência... É o Criador nos mostrando o perfil do futuro. Uma parte do que deveremos nos tornar tão logo aprendamos a amar. Percebamos os projetos do Criador para nós. Percebamos quanto somos importantes e todo o cuidado que recebemos para que nossa evolução possa acontecer. 
Redação do Momento Espírita, com base na questão 384, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 17.9.2019.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

SEMPRE É TEMPO DE AJUDAR

É bastante comum o comportamento da maioria das pessoas que viajam de avião. Mal adentram a aeronave, procuram o seu assento, de forma rápida cumprimentam os ocupantes vizinhos e logo colocam os fones de ouvido, tomam de um jornal, revista ou livro e passam o resto da viagem ignorando a presença de todos. A última coisa que desejam é dividir o espaço com alguém tagarela que tente invadir a sua privacidade. Esse comportamento pode, no entanto, nos privar da oportunidade de manter contatos profissionais, de fazer novos amigos ou mesmo perder algo muito valioso como uma vida humana. Allen Van Meter, um homem simpático e alegre, com sua facilidade de fazer amigos, não era do tipo de ficar mudo ao lado de alguém. Foi assim que, ao sentar-se, ele olhou para quem ocupava o assento ao seu lado, naquele dia. De imediato, perguntou: 
-Sem querer incomodar, mas que papel é esse em suas mãos? 
Janet não se fez de rogada. Explicou que aquele era o diagrama de um rim. Disse que sua irmã fizera um transplante, mas seu corpo rejeitara o órgão, exigindo que ela passasse a tomar diversos remédios. O problema é que esses medicamentos estavam danificando ambos os rins. Ela precisava com urgência de substituição do órgão ou poderia morrer a qualquer momento. Allen ouviu com tristeza. Ele viajava, naquele dia, por problemas familiares. Seu sobrinho, de apenas vinte e cinco anos, sofrera dano cerebral irreversível. A família desejava doar os órgãos. Ele tomou a decisão. Pediu para utilizar o telefone do avião, contatou o hospital onde se encontrava o corpo do seu sobrinho para a remoção dos aparelhos e retirada dos órgãos. Desejava saber da possibilidade de uma doação direta, ou seja, a família indicar a pessoa para receber o órgão. Foram muitos telefonemas, para um e outro hospital. Os passageiros do avião ficaram sabendo, aos poucos, o que estava acontecendo e passaram a prestar atenção ao que ocorria. Não houve quem não vibrasse por um desfecho exitoso. As equipes dos dois hospitais começaram a se falar, para descobrir o tipo de sangue de ambos, doador e receptora. Depois, foi providenciado o transporte da irmã de Janet para o outro hospital. Naquela mesma noite, ela recebeu o transplante. Durante a cirurgia, os médicos descobriram que a artéria principal que alimentava seu rim estava quase totalmente bloqueada. Caso não tivesse recebido com urgência o novo órgão, poderia ter morrido. 
 * * * 
Quem poderia imaginar que uma simples indagação pudesse levar a um desfecho tão excelente? Por vezes, o que nos basta é olharmos para o lado para descobrir o quanto bem se pode proporcionar. E, reflexionarmos a respeito dos estranhos caminhos da Providência Divina. Quiçá, algum dia, descubramos as tantas fórmulas de atendimento de Deus aos Seus filhos. Um jovem partiu. Outra pessoa, graças ao desprendimento de uma família, teve a sua vida prolongada. Coisas de Deus. Coisas do amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do livro Milagres em família, de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, ed. Butterfly. 
Em 16.9.2019.

domingo, 15 de setembro de 2019

A ESCOLHA

A história do norte-americano Jerry foi trazida a público por seu colega de trabalho, Paul Picchnoff Junior. Conta ele que seu amigo sempre tinha algo positivo para dizer. Quando alguém perguntava: 
-Como vai você? - ele prontamente respondia: 
-Vou muito bem! 
Jerry era gerente de uma cadeia de restaurantes. Todos os garçons seguiam seu exemplo porque ele era verdadeiramente motivador. Seu lema era: 
-Toda manhã, ao acordar, penso em que tenho duas escolhas. Viver muito bem o dia ou viver mal. Sempre que acontece algo desagradável, posso escolher ser vítima da situação ou aprender algo com isso. Sempre escolho aprender algo. 
Certo dia, ele deixou a porta dos fundos aberta e foi rendido por três assaltantes armados. Tentando abrir o cofre, sob a mira de armas, ele ficou nervoso e errou a combinação. Os ladrões entraram em pânico, atiraram nele e fugiram. Socorrido a tempo, depois de dezoito horas de cirurgia e algumas semanas de tratamento intensivo, Jerry foi liberado do hospital. Um amigo foi visitá-lo e lhe perguntou o que é que passara por sua mente quando os ladrões invadiram o restaurante. 
- A primeira coisa que veio à minha cabeça foi que eu deveria ter trancado a porta dos fundos. Depois, enquanto estava baleado no chão, lembro-me que tinha duas escolhas: eu podia escolher viver ou podia escolher morrer. Escolhi viver.  Os paramédicos foram excelentes e ficaram me dizendo que tudo ia dar certo. Mas, quando cheguei à sala de cirurgia, vi as expressões no rosto dos médicos e das enfermeiras. Em todos eu lia:
-"Ele é um homem morto." 
-Fiquei com medo e sabia que tinha que fazer alguma coisa. Foi então que uma enfermeira perguntou se eu era alérgico. 
-"Sim", foi a resposta imediata. 
-Os médicos e enfermeiras pararam imediatamente esperando pela complementação da resposta. Respirei fundo e falei:
-"Sou alérgico a balas." 
-Enquanto todos riam, eu lhes disse: 
-"Eu estou escolhendo viver. Operem-me como se eu estivesse vivo, e não morto." 
Meses depois, apresentando fragmentos de balas pelo corpo e muitas cicatrizes, ele continuava a ser a imagem do otimismo. Ele sobreviveu, graças à habilidade dos médicos, mas também por sua atitude decidida.
* * * 
A vida é a arte de bem escolher. A vida consiste em escolhas. Quando tiramos todos os detalhes e enxugamos a situação, o que sobra são escolhas, decisões a serem tomadas. Podemos escolher como reagir nas situações. Podemos escolher estar felizes ou ficar tristes, calmos ou nervosos. Podemos escolher como as pessoas irão ou não afetar o nosso dia, o nosso humor, a nossa disposição. Em resumo, a escolha sempre é nossa. Podemos mergulhar em reclamações ou apontar o lado positivo da vida e viver melhor. A melhor escolha é a de viver em plenitude, viver por completo, aproveitando as lições para crescer. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Atitude é tudo, de autoria ignorada. 
Em 13.01.2011.

sábado, 14 de setembro de 2019

CURSO PARA ENVELHECER

Dizem que nada mais certo na vida do que a morte. Todos os seres vivos morrem um dia. Mas, não temos cursos que nos preparem para ela, que continua sendo uma surpresa, um acidente de percurso, nunca esperado. E para todos os que não morremos nos dias da infância ou da juventude, chega o período da velhice. Seria importante termos cursos para envelhecer. Talvez não tivéssemos tantos casos de depressão em idosos. Idosos que se consideram inúteis, porque já não se encontram no mercado de trabalho. Idosos que se sentem acabados porque os jovens não prestam atenção ao que dizem, porque ninguém lhes vêm indagar das suas experiências tão ricas. Muitos se sentem como a esferográfica que secou, a lâmpada que não acende mais. Velharias, entregues ao descarte. Isso ocorre porque não nos preparamos para essa fase. Alguns de nós, na medida em que os anos se somam, fazemos tolices, próprias de quem ainda não amadureceu, para nos afirmarmos como ainda jovens, ativos. No entanto, envelhecer é uma honra. Honra de atravessar os anos, amealhando sabedoria. Honra de ver os filhos adultos constituírem suas próprias famílias. Honra de sermos chamados de avós e avôs. Honra de ostentar a neve nos cabelos, a história na memória e a experiência na mente. Como seria salutar nos prepararmos para envelhecer, agradecendo para cada ano que se soma aos anteriores. Prepararmo-nos para depois de anos de exercício profissional, podermos gozar de dias sem horários rígidos. Dias em que poderemos estudar um outro idioma, aprender a tocar um instrumento musical. Dias em que poderemos viver mais livremente, em que nos permitiremos ir ao cinema em plena segunda-feira, ou assistir à sessão da madrugada sem temor porque no outro dia, poderemos despertar um pouco mais tarde. Quanta coisa a fazer: deliciar-se com a música clássica, o teatro, o cinema, a leitura. Possibilidade de estarmos mais com a família. Preparar um prato especial, que exige muita elaboração para surpreender a todos com a delícia. Tempo para ficar ao sol, passear pela praça, escrever memórias. Quem sabe tornar-se voluntário, algumas horas, na semana, em alguma instituição... O que sabemos fazer? O que podemos ensinar? Como podemos nos doar? Um poeta escreveu que na velhice, cada coisa que se diz, é uma oração. Oração é qualquer palavra que brota do mais fundo dos nossos desejos. Por isso, muitos se transformam em poetas. Escrevem a respeito das suas vidas e das suas observações. Afinal, agora, podem se deter olhando o mar por horas, observando as ondas que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço. Envelhecer é dádiva divina. Quantos de nós atravessamos o século e o milênio, trazendo as notas históricas e culturais do passado... Somos os livros vivos da História. Quanto temos a acrescentar às informações que as obras impressas apresentam! Pensemos nisso. Se já alcançamos a velhice, doemos da nossa sabedoria e usufruamos muito bem da preciosidade do tempo que nos é oferecida. Se estamos a caminho, preparemo-nos para esse rico período. 
Redação do Momento Espírita, com citações do cap. 13, pt. 4, do livro Um céu numa flor silvestre, de Rubem Alves, ed. Verus. 
Em 12.9.2019.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A TERRÍVEL MEGERA

É muito comum, ainda, o desespero tomar conta dos familiares quando a sombra da morte paira sobre o lar e arrebata um dos seus membros. Pais ficam desarvorados, como se o chão lhes tivesse sido retirado e eles não têm onde pisar. 
-Meu filho era a razão da minha vida! Não consigo viver sem ele! – Dizem, entre a revolta e a angústia.
Mães insistem em deixar o quarto, o escritório, todos os pertences do filho amado, exatamente como se encontravam, no momento da partida dele para o além. É como se nutrissem a esperança de seu regresso, a qualquer momento, para continuar a se utilizar de tudo o que se servia até há pouco. Esposos lesados com a ausência do cônjuge derramam lágrimas intermináveis sobre o cadáver, quando não fazem indagações em tom de acusação: 
-Por que você fez isso comigo? Por que me deixou? 
Essas atitudes e outras assemelhadas têm a ver com a forma como fomos educados. E, consequentemente, educamos nossos filhos. Ora, a única certeza que se tem, neste mundo, é de que quem nasce, mais dia, menos dia, haverá de morrer. De forma paradoxal, é aquilo com que menos nos preocupamos. Não falamos a respeito da morte, não explicamos aos pequenos o que é a morte. Se morre o seu bichinho de estimação, depressa vamos comprar outro, igualzinho, a fim de que a criança não perceba o que aconteceu. Melhor seria deixá-la ter o contato com o fenômeno, utilizando o momento ideal para a educação para a morte. A criança poderá chorar, mas entenderá que todos os seres vivos morrem um dia. E dentro de si, com o amparo dos pais, poderá muito bem administrar a dor da ausência. Um exercício que lhe servirá no futuro porque ela caminhará no mundo como quem sabe que a vida física não é eterna. Dessa forma, quando a morte abraçar alguém que ela ama, sofrerá a ausência, chorará a dor da distância que se apresenta, mas não se deixará sorver pelo caos mental, por saber que esse é o ciclo normal da vida. Determinada propaganda que valoriza o correto processo educacional mostra uma criança olhando o peixinho no aquário. Ele está imóvel, de barriga para cima. A mãozinha miúda bate no aquário, como tentando despertá-lo. A mãe se aproxima e agora o cenário passa para imagens que ela descreve: o peixinho abre os olhos e percebe peixes alados que voam entre nuvens. Às costas de um deles, realiza um breve percurso. Despede-se, quando chega a um grande portal, sugerindo um local de delícias. Logo mais reencontra uma fêmea de sua mesma espécie. Tocam-se as barbatanas e assim, adentram o grande portal da felicidade. A cena retorna para a criança e a mãe. Os olhos do pequeno brilham, ele sorri e diz: 
-Que legal, mãe! Então, foi isso que aconteceu? 
E um grande abraço conclui o diálogo. Eis aí a desmistificação da morte como a megera terrível, insaciável, que arrebata os amores e os transporta a lugares ignorados. Pensemos nisso e comecemos a elaborar quadros mentais a respeito da morte, diversos desses sombrios com que sempre a vestimos. Vamos além e comecemos a ensinar aos nossos filhos o que é o fenômeno natural da morte e o adentrar na vida imortal. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 11.9.2019.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

ONDE CHEGAMOS!

Algumas notícias nos fazem cogitar de que estamos vivendo dentro de filmes de ficção científica. Poderíamos até nos perguntarmos: 
-Qual o limite do homem? Qual o limite da tecnologia? Se algo pode ser pensado, será que um dia não poderá ser realizado? 
Em pleno ano de 2019 foram testadas as primeiras próteses controladas pelo pensamento. Um consórcio de engenheiros, neurocientistas e clínicos de um projeto financiado pela União Europeia, conseguiu inovar, de forma surpreendente, nessa tecnologia revolucionária. A equipe apresentou o primeiro protótipo e os primeiros testes realizados em um paciente. Trata-se de uma prótese de mão que também poderá fornecer à pessoa sensações naturais de toque e movimento. 
Isso não é incrível? 
Percebamos o bem que o conhecimento aplicado com fins nobres pode realizar. Por outro lado, temos posições não tão benéficas. Todos que lidamos com dispositivos eletrônicos como computadores, smartphones, tablets etc, temos enfrentado ameaças constantes. São os malwares. Hostil, intrusivo e intencionalmente prejudicial, o malware ou software malicioso, invade, danifica ou desabilita computadores, sistemas de computador, redes e dispositivos móveis. Esse intruso geralmente assume o controle das operações desses aparelhos, podendo extrair informações e destruir sua estrutura interna. Os chamados Cavalos de Tróia, por exemplo, trazem programas que aparentam ser legítimos, mas que escondem alguma espécie de código que possibilita o cometimento de atividades prejudiciais aos usuários. Alguns criminosos chegam a pedir resgate on-line pelas informações que, dessa forma, usurparam de organizações e usuários. Outros fazem o mal pelo prazer de prejudicar apenas... Leis específicas tiveram que ser criadas para tipificar tais crimes, que podem levar a grandes desastres. Assim, podemos refletir sobre o mal que o conhecimento aplicado com fins mesquinhos pode realizar. É de nos questionarmos: 
-Onde chegamos? Em que ponto estamos da evolução humana? 
Tanta inteligência, tanta criatividade, mas ainda utilizadas de formas tão distintas! O bem e o mal como as escolhas de sempre. Allan Kardec, na obra fundamental do Espiritismo, O livro dos Espíritos, indagou à Espiritualidade o porquê de povos mais esclarecidos serem, por vezes, os mais pervertidos. A resposta obtida foi de que o progresso completo é o alvo a atingir. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não tenham desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a se equilibrar. Percebamos o detalhe: duas forças que só com o tempo chegam a se equilibrar. Esse é o equilíbrio que devemos buscar, trazendo o senso moral para os mesmos patamares da inteligência. E é a partir desse ponto que construiremos nossa verdadeira felicidade. Pensemos a respeito e comecemos hoje nossa proposta de melhoria moral. 
Redação do Momento Espírita, com base na questão 780b, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 10.9.2019.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

MEU BRASIL BRASILEIRO

OLAVO BILAC
Dia da Independência.
Feriado nacional. 
Nas grandes cidades, ao som de marchas militares, desfilam os integrantes das Forças Armadas: Exército, Marinha, Aeronáutica. Os que acorremos para assistir, nos encantamos com o alinhamento perfeito das fileiras, as evoluções, a impecabilidade dos uniformes e do passo cadenciado. O tremular da Bandeira Nacional, com suas cores vibrantes, permitindo-se dobrar, estender, espreguiçar, pelo vento que a balança, enquanto os acordes do Hino Pátrio se elevam em muitas vozes, nos falam ao coração. E há chuva nos olhos, que descem, silentes, pelas faces, ao ritmo do coração em quase disparada. Sentimos vibrar um sentimento diferente em nosso âmago. Algo que nos fala que pertencemos a esta terra generosa, na qual, conforme escreveu Pero Vaz de Caminha, em nela se plantando, tudo dá. Um sentimento de filho desta nação, em que se mesclam o índio, o negro, o imigrante de tantos países, nos fala ao mais íntimo de nós mesmos. São emoções de momentos que se sucedem, ganhando algumas horas. No entanto, quando tudo cessa, quando o desfile acaba, a banda silencia, as vozes se calam, o que nos resta como atestado de ser brasileiro? Cabe-nos pensar que nossa cidadania deve ser exercida trezentos e sessenta e cinco dias no ano e se reprisar a cada doze meses, sem cessar. Ser brasileiro é ser cidadão que contribua com o bem. Que se preocupe em educar os filhos, legando-lhes valores morais de honra, dignidade, honestidade. Colocar-lhes a mente nos livros, o coração no próximo e as mãos no trabalho. Trabalho que produza o bom, o útil, o belo. Ser brasileiro é honrar a pátria, conhecendo os próprios deveres e direitos, a fim de bem cumprir suas obrigações. É exercer o direito do voto, com a consciência plena da melhor escolha, não porque o candidato é simpático, amigo ou conhecido. Ou porque nos conseguirá um cargo que nos haverá de garantir um bom salário, se eleito for. Ou porque colaborou, em algum momento, com a instituição benemérita, na qual somos voluntário. Exercer o direito dessa escolha tão importante, com a certeza de nossa contribuição para a administração pública, em qualquer dos seus escalões.
Ser brasileiro é conhecer o idioma pátrio, em todas as suas delicadas e belas nuances. Se importante se faz falar outras línguas, imprescindível falar bem o nosso idioma, essa flor inculta e bela, conforme a denominou o poeta Olavo Bilac. Esse idioma no qual Camões chorou, no exílio amargo, o gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Ser brasileiro é zelar pelas tradições, conhecendo-as a fim de melhor as cultivar.
Ser brasileiro é preservar a memória de tantas lutas, conquistas, batalhas e heróis. É, enfim, honrar os heróis anônimos de todos os dias que, com seu trabalho, seu intelecto, sua força e sua bravura tornam este imenso país um lugar melhor para vivermos e educarmos nossos filhos.
Pensemos nisso, hoje, enquanto morrem na garganta os últimos versos do Hino Nacional. 
Redação do Momento Espírita, com citação de alguns versos do poema Língua portuguesa, de Olavo Bilac. Disponível no CD Momento Espírita, v. 31, ed. FEP.
Em 7.9.2019.
http://momento.com.br

terça-feira, 10 de setembro de 2019

O BRASIL PRECISA DE VOCÊ!

O Brasil precisa de você, mãe dedicada, que tem feito tantas boas escolhas na vida de seus filhos, proporcionando-lhes o melhor alimento, a melhor escola, os mais adequados conteúdos educativos e seu mais sincero amor. Precisa de você, pai atencioso, que tem se esmerado em estar presente no lar, que tem sido bom exemplo, que tem escolhido as palavras, as histórias e os melhores sentimentos para cultivar em família. De você, jovem idealista, que escolheu enxergar na palavra crise oportunidades de mudança; que se envolve na comunidade que é sua, que se vê como agente transformador e que acredita no outro e em si mesmo. Precisa de você, cidadão que ama sua pátria e acompanha atento seus passos, por vezes cambaleantes. Você que vez ou outra desanima, mas logo volta a crer com alegria e disposição, sempre dando a volta por cima. O Brasil precisa de você, homem e mulher que já viveu de tudo nesta vida, poço de experiências valiosas; você das décadas e mais décadas de trabalho honesto e que tem tanto a oferecer aos que estão chegando agora. Sim, o Brasil precisa de você para arrumar a casa. Uma pátria é também um lar. Assim, precisamos muito do esforço e dedicação de todos neste momento, para que esta casa de todos os que aqui habitam, esta nação, esteja bem. Não podemos transferir para outros o trabalho que é nosso, de todos nós. O trabalho de preservar a harmonia, a dignidade e a paz. Fala-se muito em ecologia, desta relação harmônica entre os seres e o meio ambiente. Ecologia se inicia na limpeza e educação dos pensamentos de um povo, pois a ideia de meio ambiente vai muito além do que apenas nossos olhos limitados podem enxergar. Se apenas falamos mal de nosso país, por exemplo, se insistimos em dizer que nada dá certo, que ninguém presta, estamos como que atirando barris de óleo viscoso nas águas límpidas das mais belas praias que possuímos. Palavras negativas não constroem, não resolvem. Apenas pioram. Pensamentos pessimistas, cruéis, acusadores, atraem outros similares, de espíritos infelizes que ainda se comprazem na desavença, no ódio, e assim, temos um ciclo vicioso, em que uns envenenam os outros. Por isso o importante alerta: cuidado com o que lemos, cuidado com o que divulgamos, cuidado com os assuntos que dominam nossas conversações corriqueiras. Tudo precisa passar pelo crivo do bom senso, do razoável, do construtivo. Só assim a calúnia, as agressões à ética, à injustiça podem ganhar um basta definitivo. * * * O Brasil precisa de todos nós. Não sejamos nós porta-vozes da ira, dos ataques desrespeitosos, por vezes disfarçados na pele de ovelha do humor barato, que ainda seduz tanto as massas. O Brasil precisa de todos nós. Nós que saibamos escolher representantes, mas que também saibamos ser bons modelos onde quer que estejamos. O Brasil precisa de braços que trabalhem e não que apenas apontem e acusem. Façamos a nossa parte em todas as esferas. Sejamos corretos em todos os ambientes em que atuamos e veremos a transformação do país chegando definitiva. O mal não pode ser regra e nem recebido com naturalidade. Preservemos a beleza de nosso país: beleza que passa pela conservação da natureza exuberante e chega até o compromisso perene da ética em todas as ações e pensamentos. O Brasil precisa de todos nós. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.9.2019.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

AMAR É...

O que é o amor? É sentimento. É estado d´alma? E como buscá-lo, como vivê-lo desde que todos os grandes Espíritos que vieram à Terra, disseram ser ele o caminho seguro? Os conceitos atribuídos ao amor são inúmeros. As discussões filosóficas tornam-se sem fim. Porém, o que realmente precisamos conhecer é sua prática, sua vivência em nossos dias. A compreensão maior virá como consequência, como se precisássemos estar em seu íntimo para finalmente descobri-lo. O amor é o sacrifício pelo próximo que, aos olhos do mundo, é pesado, é difícil, mas para quem ama é leve, gratificante. Amar é interessar-se pela vida do outro, é perguntar: Como foi seu dia? É questionar: Você está bem? E estar realmente atento para ouvir a resposta. Amar é modificar nossa rotina para ouvir um amigo, fazer-lhe uma visita, levar notícias boas. Amar é reunir a família, sem a necessidade de uma comemoração especial, apenas para celebrar a presença de todos, para fortalecer os laços. Amar é adiar um sonho para atender as necessidades de um filho, de um pai, de uma mãe. Amar é respeitar as opiniões dos outros, mesmo que elas sejam diferentes das nossas. É abraçar os familiares, não apenas quando celebrem aniversários, ou conquistas, mas sempre que o coração lembrar do quanto se querem bem. Amar é chorar junto. É sorrir junto. É sempre guardar a esperança de que tudo será melhor. Amar é saber dizer sim. É saber dizer não. É saber ouvir um sim, saber ouvir um não. Aqueles que amamos jamais serão um peso em nossas vidas. Pelo contrário, serão eles que nos farão mais leves. Serão eles os agentes que farão com que nossa consciência esteja satisfeita, que nosso íntimo receba energias revigorantes do Alto, fazendo-nos mais felizes. O verdadeiro amor não está distante. Não está apenas nos romances literários, nos poemas inspirados, nas imagens dos sonhos. Ele está conosco nos pequenos gestos de carinho, nas gentilezas inesperadas, nas renúncias. O verdadeiro amor não está distante. Ele aguarda apenas que as mãos fortes da vontade o alcancem, e concedam-lhe a chance de respirar os ares do mundo. 
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Os Espíritos superiores nos ensinam que amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam. É procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las. É considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontraremos, dentro de certo período, em mundos mais adiantados, e os Espíritos que a compõem são, como nós, filhos de Deus, destinados a elevar-se ao infinito.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XI, item 10 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 5.9.2019.