sábado, 30 de setembro de 2017

DESAFIOS

Mary Jane Mac Leod Bethune
Você sabia que a melhor maneira de se enfrentar um desafio é começar enfrentando-o? Quantas vezes você se deteve a pensar nos problemas do mundo e os considerou insolúveis? Uma negra americana, de nome Mary Jane Mac Leod Bethune, começou a educar crianças em um depósito de lixo. A lei da segregação racial nos Estados Unidos era muito severa com os negros. Ela era negra. Ganhara uma bolsa de estudos de uma costureira e, após se formar, não tinha alunos. Quando foi nomeada, não tinha escola. Sem pestanejar, ela conseguiu três caixotes de cebola, colocou-os debaixo de uma árvore em um depósito de lixo. Chamou três crianças, descendentes de escravos, e começou a ensiná-las a ler e escrever. Quando Henry Ford foi a Osmond, uma praia da Califórnia, ela foi visitá-lo. À porta foi barrada pelo mordomo, também negro, que lhe perguntou como ela ousava procurar Mr. Ford, sendo negra. Sem titubear, ela falou bem alto: 
-Tenho uma entrevista marcada com Mr. Ford. Marquei por telefone. 
Ouvindo-a, Henry Ford pediu-lhe que entrasse. Ao vê-la, exclamou: 
-Eu não sabia que a senhora era negra! 
-Não totalmente, respondeu Mary Jane. Duvido que o senhor conheça dentes mais alvos e olhos mais brancos do que os meus. 
Ela lhe disse que precisava da ajuda dele para construir a sua escola, ampliá-la. Queria que ele fosse com ela conhecer o terreno e com ela construísse a escola dos seus sonhos. Convencido por aquela mulher de caráter espontâneo e firme, desceu com ela pelo elevador e foi até ao local. Quando chegaram ao depósito de lixo Mary Jane falou: 
-É aqui, senhor, que eu desejo construir a minha escola.
-Mas, é um depósito de lixo. - falou ele. 
-Ora, disse Mary Jane, sempre esqueço dos detalhes. A minha escola de verdade está em minha cabeça. Eu preciso do seu dinheiro para tirá-la de minha mente e colocá-la ali.
Ele lhe deu vinte mil dólares. Essa mulher tornou-se o símbolo da educadora mundial. Até o ano de 1969 havia educado milhares de negros americanos. Assim, quando há um desafio é necessário começar. Ante tantos iletrados, podemos começar, agora, alfabetizando um que esteja próximo de nós. Ante tantos sem medicação, podemos auxiliar alguém a conseguir a medicação, a consulta, o exame de que careça. Perante os que padecem fome, podemos iniciar oferecendo um prato de sopa quente e nutritiva, o leite para um bebê, o pão a um velhinho enfermo e só. Na seqüência, chamar um cooperador, mais um e outro, e formar um grupo. Então já seremos vários a lutar contra o que antes caracterizávamos como totalmente sem solução. 
 * * * 
A célebre Universidade Mackenzie, em São Paulo, começou quando uma educadora americana notou, em São Paulo, na rua em que morava, um grupo de crianças vadias. Ela atraiu os meninos, oferecendo-lhes broa de milho e lhes falou do Evangelho de Jesus. Mais tarde, as crianças eram tantas, que ela abriu uma escola de alfabetização para elas. O Mackenzie, que tem uma bela e longa história, foi visitado inclusive pelo imperador D. Pedro II, que lhe fez uma expressiva doação. 
Redação do Momento Espírita, com base no item A história de Mary Jane, do livro Palavras de luz, de diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Feb. Em 05.01.2008.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O QUE TE FAZ MELHOR!

Narra-se que Leonardo Boff, num intervalo de uma conversa de mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, perguntou ao Dalai Lama: 
-Santidade, qual a melhor religião? 
O teólogo confessa que esperava que ele dissesse: 
-É o budismo tibetano. Ou São as religiões orientais, muito mais antigas que o Cristianismo. 
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou seu inquiridor bem nos olhos, desconcertando-o um pouco, como se soubesse da certa dose de malícia na pergunta, e afirmou: 
-A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor. 
Para quem sabe sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, Boff voltou a perguntar: 
-O que me faz melhor? 
-Aquilo que te faz mais compassivo; aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião... 
Boff confessa que calou, maravilhado, e até os dias de hoje ainda rumina a resposta recebida, sábia e irrefutável. O Dalai Lama foi ao cerne da questão: a religião deve nos ser útil para a vida, como promotora de melhorias em nossa alma. Não haverá religião mais certa, mais errada, mas sim aquela que é mais adequada para as necessidades deste ou daquele povo, desta ou daquela pessoa. Se ela estiver promovendo o Espírito, impulsionando-o à evolução moral e estabelecendo este laço fundamental da criatura com o Criador –independente do nome que este leve ela será uma ótima religião. Ao contrário, se ela prega o sectarismo, a intolerância e a violência, é óbvio que ainda não cumpre adequadamente sua missão como religião. O eminente Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, quando analisou esta questão, recebeu a seguinte resposta dos Espíritos de luz: 
-Toda crença é respeitável quando sincera, e conduz à prática do bem. As crenças censuráveis são as que conduzem ao mal. Dessa forma, fica claro mais uma vez que a religião, por buscar nos aproximar de Deus, deve, da mesma forma, nos aproximar do bem, e da sua prática cotidiana. Nenhum ritual, sacrifício, nenhuma prática externa será proveitosa, se não nos fizer melhores. Deveríamos empreender nossos esforços na vida para nos tornarmos melhores. Investir em tudo aquilo que nos faz mais compreensivos, mais sensíveis, mais amorosos, mais responsáveis. A melhor doutrina é a que melhor satisfaz ao coração e à razão, e que mais elementos tem para conduzir o homem ao bem. 
 * * * 
Gandhi afirmava que uma vida sem religião é como um barco sem leme. Certamente todos precisamos de um instrumento que nos dirija. Assim, procuremos aquela religião que nos fale à alma, que nos console e que nos promova como Espíritos imortais que somos. Transmitamos às nossas crianças, desde cedo, esta importância de manter contato com o Criador, e de praticar o bem, acima de tudo.
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 302 e 838, de O livro dos Espíritos, ambos de Allan Kardec, ed. FEB e no livro Espiritualidade, um caminho de transformação, de Leonardo Boff, ed. Sextante. Em 29.9.2017.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

DIAS PERFEITOS

Cecília Meireles
Dias perfeitos são esses em que a meteorologia afirma “vai chover” e chove mesmo: não os outros, quando se anda de capa e guarda-chuva para cá e para lá, até se perder um dos dois ou os dois juntos. 
Dias perfeitos são esses em que todos os relógios amanhecem certos: o do pulso, o da cozinha, o da igreja, excetuando-se apenas os das relojoarias, pois a graça desses é marcarem todos horas diferentes. 
Dias perfeitos são esses em que os pneus não amanhecem vazios; as ruas acordam com dois ou três buracos consertados, pelo menos; os ônibus não vêm por cima de nós, buzinando e na contramão; e os sinais de cruzamento não estão enguiçados... 
Dias perfeitos são esses em que ninguém pisa nos nossos sapatos, nem esbarra com uma cesta em nossas meias, ou, se isso acontecer, pede milhões de desculpas, hábito que se vai perdendo com uma velocidade imensa. 
Dias perfeitos, esses em que voltamos para casa e a encontramos intacta, no mesmo lugar. E intactos estão nossos tristes ossos, e podemos dormir em paz, tranquilos e felizes como se voltássemos apenas de um pequeno passeio pelos anéis de Saturno. 
* * * 
A crônica de Cecília Meirelles fala desse nosso desejo de que tudo esteja sempre no seu devido lugar. Somos seres de expectativas. Esperamos da vida, dos outros, das coisas, de tudo. E cada vez que algo não corresponde a um desses nossos aguardamentos, emburramos, à maneira das crianças mimadas. Frustração, decepção, desilusão. Quanto demonstramos esses sentimentos... Desejamos ter tudo sob controle, sob nosso controle. Porém, imaginemos cada ser no planeta querendo o mesmo: será que essa equação fecharia? Da mesma forma, o que é perfeito para nós pode não ser para o outro. Como resolveríamos esse impasse? Quem teria prioridade num Universo justo? Não criemos expectativas em demasia. Deixemos a vida nos surpreender. Esperemos de tudo e não esperemos nada. As pessoas não pensam como nós e o Universo não está à nossa mercê para ficar simplesmente satisfazendo nossos caprichos aqui e ali. A beleza da vida está, muitas vezes, exatamente nisso que podemos chamar de imperfeições. A poetisa a enxergou nos relógios marcando horas diferentes na relojoaria. Alguém mais prático poderia perguntar: Mas de que servem esses relógios se não marcam a hora certa? O poeta responderia: Que tal se perder na hora, no tempo, de vez em quando, sem saber qual relógio está certo, qual relógio está errado? Afinal, que é o tempo? A beleza da vida está em enxergar perfeição nos dias, mesmo que não tenham sido nada do que esperávamos deles. Está em terminar cada jornada, entre o amanhecer e entardecer, um pouco mais maduros, mais conscientes, mais perfeitos, pois é a nossa própria perfeição que devemos buscar. Veremos que, conforme vamos nos tornando mais perfeitos, os dias também o serão, independente de como se apresentem. Mudaremos a lente que os vê, simplesmente. Dias perfeitos: nós os faremos. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho da crônica Dias perfeitos, de Cecília Meirelles, do livro Crônicas para jovens, ed. Global. Em 28

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

DESAFIOS EXISTENCIAIS

REINO DE DEUS DENTRO DE VOCÊ
Toda existência é oportunidade de aprendizado para todos nós, que partimos um dia do mundo espiritual a fim de realizar essa experiência ímpar chamada vida. A vida, esta do lado de cá da existência, tem um propósito claro e inequívoco aos olhos de Deus: o de nos oferecer chances de progresso e melhoria pessoal. Ao nos criar Espíritos imortais, nos fez a todos simples e ignorantes... Ou seja, sem capacidades intelectuais ou morais pré-determinadas. Desta forma, a pergunta que mais nos ocorre é a seguinte: de onde vêm os nossos pendores, os dons com os quais nascemos, ou as virtudes e paixões que trazemos na alma? Se somos criados todos iguais, por que somos aqui na Terra tão diferentes uns dos outros? Por que, irmãos gêmeos, sob a mesma educação, os mesmos pais, são tão diferentes? Ao nascermos novamente, ao retornarmos à experiência de nascer, trazemos conosco toda uma bagagem que adquirimos nos caminhares que já fizemos em nossa história. Trazemos no cofre de nossa alma todos os tesouros e todas as quinquilharias que, porventura, fomos juntando nos nossos caminhares, pelos caminhos que já percorremos ao longo de nossas existências. Assim, todas as nossas virtudes e todos os nossos sentimentos são conquistas feitas em algum momento de nossa história, e que hoje trazemos para mais este capítulo do livro que estamos escrevendo desde muito. Se hoje sentimos raiva, vingança e ódio, se temos inveja ou ciúmes, são desvalores que adquirimos por opção própria, e que ainda fazem parte de nossa estrutura emocional. Por outro lado, se trazemos na alma a doçura, a compaixão pelo próximo, a benevolência no olhar, são resultantes dos esforços que fizemos para adquiri-los e tê-los na intimidade da alma. Se hoje percebemos em nós sentimentos que já não são coerentes com nossos conceitos e valores, começa aí o esforço para a transformação da alma. 
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A vida é exatamente essa oportunidade que a Providência Divina nos oferece para que a modificação da alma, para melhor, se faça. E para tanto, nossa vida é pródiga de oportunidades para modificarmos as coisas da alma que precisam ser mudadas. Seja a esposa intolerante, o marido incompreensível, o filho exigente, o chefe às vezes tirano, todos nos oportunizam a chance de experimentar outros valores e desenvolver renovados sentimentos na alma. Muitas vezes, o convite da vida vem através da doença, do revés financeiro que nos abala, ou do ente querido que parte para o Mundo Espiritual nos deixando órfãos emocionalmente. Todos esses desafios que a vida nos oferece são convites silenciosos que ela nos faz, nos oferecendo a chance de renovar paisagens emocionais, repensar posicionamentos e principalmente, redirecionar nossos passos para caminhos que nos conduzam à felicidade. Em qualquer momento de sua vida, perceba ser ela oportunidade bendita que Deus lhe oferece de iniciar a construção do Reino de Deus dentro de você. 
Redação do Momento Espírita. Em 18.09.2009.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

AS ÁRVORES AMIGAS

Laércio Furlan
Tudo teve início quando aquele amante das árvores contratou a ação de um "expert" para realizar a poda da laranjeira. A árvore era como um membro da família. Ela vira os filhos de Laertes crescerem e os netos chegarem. Uns e outros a escalaram mais de uma vez para apanhar os frutos, sempre abundantes. Ela era também lar para alguns pássaros que, no cair da tarde, promoviam uma grande algazarra, disputando os lugares mais acolhedores entre suas ramagens. O profissional, indicado e recomendado, revelou-se alguém absolutamente desconhecedor da tarefa delicada. Ele foi cortando galhos e mais galhos e deixou a pobre árvore despida. Laertes conseguiu salvar um galho, um único galho, mandando parar tudo quando se deu conta do desastre ecológico. E esse único sobrevivente da sanha destruidora de quem se dissera bom podador, ficou ali, solitário, como um ponteiro apontando os céus. Os meses passaram e, chegada a época propícia, o vegetal cumpriu sua função. Primeiro, surgiram as flores, depois os frutos. Foram tantos que o galho foi vergando, com o peso, até se apoiar no pé de café, ao lado. O cafeeiro, por sua vez, também se inundou de flores brancas, parecendo ter sido atingido por uma nevasca. Quando lhe chegaram os frutos, ficou ele suportando ambas as cargas: a dos seus frutos e a dos frutos da laranjeira. Então, chegaram os tempos frios. Vinda do sul, uma massa polar alcançou a cidade. A temperatura baixou para zero grau. Com os ventos soprando, a sensação era de três graus negativos. Quem pôde, protegeu as flores mais delicadas para que não fossem queimadas, destruídas pela onda fria. A noite se fez gélida, alcançando a madrugada com temperaturas mínimas. Quando a manhã despertou, uma fina camada de gelo cobria os telhados, os campos, os jardins. O sol se apresentou um pouco depois. Chegou lindo, brilhante, aquecendo tudo com o toque mágico dos seus raios dourados. Olhando aqueles cristais minúsculos de gelo cobrindo toda a relva, Laertes pensou no pé de café, tão sensível às baixas temperaturas. Qual não foi a sua surpresa ao verificar que ele estava ileso, em pé. A geada sequer o alcançara. Tudo porque o galho de laranjeira, cujo peso ele suportara, corajosamente, estendera como que um toldo protetor, impedindo que o gelo lhe crestasse as folhas e os frutos. Ali estava ele são e salvo, recebendo a gratidão do galho generoso. 
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Ouvimos muitas vezes referências de que o bem faz bem a quem o pratica. Quase sempre, não levamos isso em conta porque nos parece irreal. Afinal, tantos se esmeram em atender ao próximo e nem sempre são gratificados com bons sentimentos por aqueles mesmos a quem se dedicam. Isso porque a preciosa pérola da gratidão ainda não se aloja no coração de certos homens. No entanto, a verdade é incontestável. Logo ou mais tarde, o bem alcança aquele que semeia benefícios por onde passa. Trata-se de uma lei da vida que estabelece que se colhe aquilo que se semeia. Por isso e pela satisfação de fazer o bem, imitemos as árvores amigas, auxiliando-nos mutuamente, não esquecendo jamais de espalhar o delicado perfume da gratidão por onde transitemos. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Laércio Furlan. Em 26.9.2017.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

OS DESAFIOS

Desafio é considerado como aquilo que é difícil, perigoso. Todos temos nossos desafios diários. Uns, maiores do que outros. E, na pauta das nossas realizações, cada qual encara o desafio de uma maneira diferente. Alguns o creditam à conta das dificuldades, estancam o passo e se dão por derrotados, sem combater. Outros tantos enfrentam os desafios e se tornam vencedores. Diz-se que o General Mac Arthur foi recusado na Academia Militar de West Point, não uma, mas duas vezes. Tentou uma terceira vez, foi aceito e graduou-se como primeiro aluno, no ano de 1903. Já na reserva, durante a Segunda Guerra Mundial, foi chamado à ativa e marchou para os livros de História. Recebeu a capitulação japonesa em 1945 e comandou as tropas de ocupação até 1950. Nesse ano, foi convocado para chefiar as tropas, sob a bandeira da ONU, na Coreia.
Albert Einstein foi qualificado por sua professora como mentalmente lerdo, não sociável e sempre perdido em devaneios tolos. Ele não deu ouvidos às referências nem às dificuldades com aprendizagem, nos primeiros anos escolares. Doutorou-se na Universidade de Zurique, ofereceu ao mundo a Teoria da Relatividade e foi Prêmio Nobel de Física de 1921. 
Alexander Graham Bell, ao inventar o telefone, em 1876, não tocou o coração de financiadores com o aparelho. Houve quem comentasse: É uma invenção extraordinária, mas quem vai querer usar isto? No entanto, o telefone lhe valeria o Prêmio Volta, do Instituto francês. O dinheiro do prêmio serviu-lhe para montar um laboratório em Washington, legando à Humanidade, entre outras tantas invenções, o ouvido artificial, capaz de registrar sons e o pulmão de aço para respiração artificial. 
Ludwig Van Beethoven teve uma vida marcada por amarguras, por causa da perda progressiva da audição, que teve início aos 31 anos. Aos 44 anos, ficou completamente surdo, o que não o impediu de continuar a compor sonatas para piano, variações sobre uma valsa de Diabelli, a Nona Sinfonia. Sua música, naquele período, se tornou abstrata, diferente. 
Winston Churchill foi um estudante medíocre. Seu pai o transferiu para um colégio militar e ele concluiu o curso com brilho. Perdeu a primeira eleição que disputou. Sua carreira política somente se iniciou depois de sua fuga de um campo de prisioneiros na África do Sul. Seria sucessivamente derrotado em três eleições, e sua maior contribuição ao mundo se daria quando já era cidadão idoso. Foi jornalista, escritor, pintor, orador e político, numa sucessão de perdas e recomeços, até alcançar o que o mundo considera sucesso, reconhecimento público. Informando-nos a respeito dos feitos e das lutas incessantes de homens como esses, com certeza nos perguntaremos: 
-Qual a diferença entre eles e nós?Por que eles conseguiram vencer? 
E a resposta é que eles acreditaram em si mesmos. Não desistiram ante as derrotas ou insucessos, não deixaram de lutar contra o desânimo, o fracasso, nem se deixaram levar pelas observações apressadas de pessoas sem visão de futuro. 
* * * 
Todos somos portadores de dificuldades. O grande desafio é vencê-las, quando e onde se apresentem. Para o cristão, o maior dos desafios será viver fielmente os princípios que esposa, num mundo onde quem mais tem, é melhor considerado. Contudo, tem por modelo o maior de todos os vencedores: Jesus. Ele venceu o desafio do abandono dos amigos, a solidão nas horas mais amargas e a morte vergonhosa que Lhe impuseram. Um dos Seus mais belos exemplos é o de que o homem tudo pode, quando movido pela certeza das verdades que carrega. 
Redação do Momento Espírita, com base em biografias dos vultos citados, colhidas na Enciclopédia Mirador, v. 4, 5, 8 e 11. Em 05.01.2011

domingo, 24 de setembro de 2017

O DESAFIO DO RELACIONAMENTO

Segundo orientação do nobre Espírito Joanna de Ângelis, o desafio do relacionamento é um gigantesco convite ao amor, a fim de alcançar a plenitude existencial. Realmente, os relacionamentos nos são um grande desafio. A cada novo dia, mesmo com aqueles com quem há anos convivemos, sempre se mostram desafiadores. Isso porque somos expostos a diversas e diferentes situações; porque vamos mudando com o tempo; porque a convivência vai sofrendo a influência dos anos. Somente nos furtaremos a isso se optarmos por viver em solidão, em isolamento, se nos apartarmos do mundo. No entanto, se os relacionamentos sociais nos constituem desafios, são, igualmente, um convite para o amor. Como todo convite, pode ou não ser aceito. Dessa forma, se os relacionamentos são inevitáveis em nossa vida em sociedade, aprendermos a amar através deles, é uma questão de opção. Podemos conviver com alguém sem que isso, em essência, nos faça amá-lo. Poderemos simplesmente ter um relacionamento de cortesia e tudo o mais que a boa educação estabeleça. Nada além disso. A gentileza, a delicadeza por uma simples questão de urbanidade serão exercidas. Para amar a alguém, é necessário aceitar esse convite desafiador de nos propormos a enfrentar e a vencer os obstáculos que naturalmente todo relacionamento apresenta. Há pessoas que vivem mal humoradas, que são implicantes com tudo e com todos. A mínima contradição as faz perder o equilíbrio, e se exaltam. Podem mesmo agredir, com palavras, com gestos. Para com essas, nada melhor do que uma boa dose de paciência, de calma para nos ajudar no exercício de aprender a amá-las. Existem outras que são arrogantes, até mesmo prepotentes perante todas as situações. Sabem tudo, são sempre melhores, não aceitam ideias que não estejam de acordo com sua forma de pensar e agir. Essas acabam nos exigindo humildade, compreensão e tolerância para bem conviver. Há ainda aquelas que se apresentam pessimistas, derrotistas ou mesmo depressivas, em tudo o que fazem na vida. Acabam nos exigindo o bom humor, o otimismo, a alegria e a gratidão como tônica de convívio. A cada pessoa que encontramos em nosso caminho, um novo desafio. Porém, se os que cruzam nossas vidas nos desafiam, também nos oferecem oportunidades de aprendizado. O exercício das virtudes que a convivência com eles nos exige talvez não acontecesse, se não estivessem ao nosso lado. E não importa se não conquistamos ainda as virtudes que nos são exigidas. Iremos aprendendo enquanto trilhamos os mesmos caminhos. O importante é perceber que cada um que se aproxima de nós apresenta o convite da vida para o bom relacionamento, para a convivência saudável. Dessa forma, a cada virtude que conquistamos em nossa intimidade, vamos ampliando nossa capacidade de amar. Porque o amor é feito de pequenas virtudes. Como um mosaico multicolorido, vai desenhando dentro de nós a capacidade de nos amarmos e de amarmos ao nosso próximo. Afinal, o amor, conforme nos ensinou Jesus, deve ser a meta maior da nossa existência. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com citação de frase do cap. Relacionamentos humanos, do livro O despertar do Espírito, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 5.8.2017.

sábado, 23 de setembro de 2017

DESAFIO DO HOJE

Seria impossível para um habitante do planeta Terra, nascido no século XVIII, imaginar nosso planeta com tanta gente vivendo nele. Naquela época, a população crescia lentamente, devido às precárias condições de saúde e limitações da medicina. Foi somente a partir do século XIX que a população mundial começou a crescer mais intensamente. No ano 1800, éramos apenas um bilhão de pessoas na Terra. Nessa época, a população começava a crescer tão rapidamente que alguns estudiosos afirmavam que não haveria alimentos para todos. Alegavam esses pesquisadores que a população cresceria muito mais rápido que a capacidade de gerar alimentos. Assim, não teríamos como alimentar a todos por falta de recursos. Hoje, neste início do século XXI, somos sete bilhões de seres reencarnados no planeta. E, surpreendentemente, desenvolvemos competência para gerar alimentos para todos. A evolução tecnológica, as pesquisas científicas, novas técnicas desenvolvidas nos mais variados campos permitiram que a vida florescesse de forma tão pulsante. São os ganhos na agricultura, na medicina, na saúde pública que nos dão condição de vivermos, todos os sete bilhões de habitantes, em nosso planeta. E hoje, as maiores dificuldades para viver tantos no mesmo planeta, não são as tecnológicas, como previram alguns. Hoje, quando mais e mais nos esbarramos, nos encontramos e convivemos em espaços mais ocupados, o maior problema do homem é o próprio homem. Não dependemos, hoje, para sobreviver, de descobertas ou invenções miraculosas. Essas, graças aos grandes homens da ciência, vêm se fazendo a seu tempo e dando seu contributo. Dependemos apenas de nós mesmos. Agora que somos tantos, faz-se urgente que aprendamos a conviver, a viver em comunidade, a confraternizar em paz e harmonia. Nesse dias onde tantos se isolam atrás de muros, onde muitos fogem na solidão de seus lares vazios, nunca foi tão urgente que aprendamos a nos tolerar, a nos entender. Vivemos tempos onde as pessoas são intolerantes com as pequenas dificuldades do dia a dia. São capazes de se digladiar por dificuldades no trânsito, de se ofenderem por um desentendimento qualquer, de agredirem-se fisicamente por motivos banais e fúteis. Jamais aqueles de ontem poderiam imaginar ser a terra capaz de abrigar tanta gente. Mas talvez não poderiam supor que o maior desafio seria o da convivência, o de aprendermos a nos amar. 
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Se já dominamos o mundo com a tecnologia e a ciência, faz-se agora o tempo de conquistarmos nosso mundo íntimo com o amor e a tolerância. Somente assim, a Terra se fará berço bendito para todos, a fim de que se cumpra o desígnio para cada um de nós, conforme assevera Jesus: Aprender a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. 
Redação do Momento Espírita. Em 31.03.2012.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O MANACÁ

O manacá é uma planta conhecida da Mata Atlântica e espalhada por todo o Brasil. Ela se adapta bem aos solos pobres, por isso mesmo recomendável para o povoamento de áreas devastadas. Possui considerável valor ornamental, podendo ser usada em maciços ou isoladamente, na composição dos jardins. De um modo geral, a coloração das flores ao abrir é branca, alterando depois para o lilás e o roxo-violáceo. Um manacá em flor proporciona um verdadeiro show natural, que merece admiração. Possivelmente por esse motivo aquele projeto de árvore, miúdo, baixinho, nos chamou a atenção. Na sua pequenez, apresentava-se carregado de flores. Não se sabia, de imediato, se era um arbusto florido ou um ramalhete de flores coloridas que alguém plantara na terra. Ele mostrava todo seu viço ao sol da manhã e nos detivemos alguns minutos contemplando-o. Como podia aquela árvore minúscula assim se mostrar rica de flores? Ela mal colocara o caule reduzidos centímetros acima do solo... E, olhando-o, entre o espanto e a admiração, é como se ouvíssemos o manacá nos dizer: Eu sou um manacá. Fui plantado para florir, para embelezar este lugar. Então, veja o que eu fiz. Eu floresci. Não importa que eu seja minúsculo, eu fiz a minha parte, eu cumpri a minha missão. Sou flores, cores, beleza.
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Deveríamos ser como o manacá: atender nossa missão, não nos considerando pequenos, ou inúteis. Importante é que façamos aquilo para o qual viemos para este mundo. Ou seja, progredir. E para progredir temos que estudar, reflexionar, ler, meditar. Aprender e executar. Realizar a parte que nos toca no concerto da Criação. Viemos ao mundo para cumprir um plano. E ninguém é pequeno demais para atender o que lhe foi estabelecido ou escolheu, por vontade própria, antes de nascer. Podemos não conquistar o primeiro lugar no curso em que nos matriculamos, mas podemos conclui-lo com honra, extraindo dele o melhor. Podemos não ser o funcionário número um em desempenho, mas podemos realizar a função que nos cabe com seriedade, disciplina, da melhor forma que nos permitam nossas habilidades. Podemos não falar várias línguas mas podemos utilizar palavras preciosas do nosso idioma, como obrigado, por favor, é possível? Podemos não ter o QI mais elevado da equipe profissional, mas podemos desenvolver a consciência do dever retamente cumprido. Podemos ser os únicos a atravessar a rua na faixa de pedestres, a ceder nosso lugar no coletivo a quem reconhecemos ter alguma dificuldade na sua mobilidade. Podemos ser os únicos a cumprir todos nossos deveres, a pagar todas as nossas contas, a honrar nossos compromissos. Podemos, enfim, ser como o manacá. Um ser minúsculo que acredita não será jamais notado. Mas, exatamente imitando-o, podemos surpreender a quem se aproxime de nós pela nossa gentileza, nossa disposição de servir, nossa vontade de ajudar. Permitamos, pois, que qualquer que se nos aproxime receba o perfume da nossa boa vontade, as cores da nossa fraternidade, a beleza da nossa solidariedade. Pensemos nisso. Sejamos no mundo, o manacá minúsculo, na aridez das pedras, explodindo em cores e perfumes, embelezando as veredas, surpreendendo as pessoas. 
Redação do Momento Espírita. Em 21.9.2017

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O DESAFIO DA RENOVAÇÃO

Para os que abraçamos a doutrina cristã e nos deparamos com as orientações evangélicas, o grande desafio se chama renovação moral. Ela exige, segundo os postulados do Mestre Jesus, normativas básicas para a sua conquista, o respeito ao direito do próximo, a sadia fraternidade, a sujeição às leis, o trabalho edificante, o perdão das ofensas e todo um conjunto de regras baseadas no amor. Este o grave problema. Em nós reside o homem velho, que há séculos se habituou a ter e sempre ter mais, a superar os demais pela força, a mandar. Por isso se torna um tanto difícil a renovação, o abraçar o modelo do homem novo. Não raras vezes, nos chocamos com as atitudes que tomamos, totalmente diversas do que pensamos, do que desejamos ser e fazer. Isso ocorre por causa dos condicionamentos, demoradamente fixados, essa segunda natureza implantada em nossa emoção, desde muito tempo. Na historiografia das mulheres e dos homens estoicos da fé religiosa, com raríssimas exceções, sempre ocorreram conflitos entre os ideais assumidos e as más inclinações ameaçadoras. Francisco, o trovador de Deus, não poucas vezes sofria os efeitos do caráter duro do pai, apaixonado pelas glórias transitórias e a doce ternura da mãe, fascinada por Jesus e por João Batista. Embora houvesse, pelo sacrifício absoluto e renúncia ímpar, resgatado os arroubos da juventude alegre e folgazã – herança do pai rico e déspota – imitando Jesus crucificado desde antes do martírio da cruz – herança da genitora afável e meiga - surpreendia-se, vez que outra, em conflito, que logo superava a esforço hercúleo. Imitando o incomparável Mestre Jesus, deu à Humanidade o maior exemplo de fidelidade, dividindo os tempos da fé cristã em antes e depois da sua abnegada dedicação. Dessa forma, quando nos sentirmos atraídos para o erro, apesar do esforço na conduta correta, não nos atormentemos. Fixemo-nos no ideal abraçado. Quando venhamos a nos sentir fragilizados ante as facilidades para uma existência prazenteira, em detrimento da austeridade e do equilíbrio, consideremos que as sensações logo passam, enquanto as emoções superiores nos proporcionarão incessantes alegrias de paz e bem-estar. Não nos perturbemos pelo fato de, apesar dos esforços para o comportamento saudável e nobre, sentirmos os impulsos quase irresistíveis das más inclinações. Somos humanos, estamos sob o jugo do fardo carnal. Apesar de tudo proceder do Espírito que somos, o impositivo orgânico exerce vigorosa pressão para a satisfação dos desejos acumulados. Nesses momentos, utilizemos a oração como mecanismo de resistência e rompamos as amarras com o passado. Isso nos permitirá sentir as encantadoras emoções que vivenciaremos para sempre. 
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O conflito de comportamento, ante o que se tem vivido, e aquele a que se aspira, faz parte do processo de crescimento e de equilíbrio espiritual, que é fundamental à vida feliz. Avancemos com segurança pela trilha nova e, a cada passo, mais próximo estaremos da meta buscada: o reino dos céus, que está se instalando em nosso coração.
Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Comportamento conflitante, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 17 de setembro de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Em 14.10.2015.

AMADOS E AMÁVEIS

Todos desejamos ser amados. Mas será que já compreendemos a necessidade de sermos amáveis? A História nos conta que todos os que foram hóspedes de Theodore Roosevelt, o presidente americano, ficaram espantados com a extensão e a diversidade dos seus conhecimentos. Fosse um vaqueiro ou um domador de cavalos, um político ou diplomata, Roosevelt sabia o que lhe dizer. E como fazia isso? A resposta é simples: Todas as vezes que ele esperava um visitante, passava acordado até tarde, na véspera, lendo sobre o assunto que sabia interessar particularmente àquele hóspede. Porque Roosevelt sabia, como todos os grandes líderes, que a estrada real para o coração de um homem é lhe falar sobre as coisas que ele mais estima. O ensaísta e outrora professor de literatura em Yale, William Phelps, aprendeu cedo esta lição. Narra a seguinte experiência: 
William Phelps
Quando tinha oito anos de idade, estava passando um final de semana com minha tia. Certa noite chegou um homem de meia idade que, depois de uma polida troca de gentilezas, concentrou sua atenção em mim. Naquele tempo, andava eu muito entusiasmado com barcos, e o visitante discutiu o assunto, de tal modo, que me deu a impressão de estar particularmente interessado no mesmo. Depois que ele saiu, falei vibrante: 
-“Que homem!” 
Minha tia me informou que ele era um advogado de Nova York, que não entendia coisa alguma sobre barcos, nem tinha o menor interesse no assunto. 
-“Mas, então, por que falou todo o tempo sobre barcos?”
-“Porque ele é um cavalheiro. Viu que você estava interessado em barcos, e falou sobre coisas que lhe interessavam e lhe causavam prazer. Fez-se agradável!” 
 * * * 
Inspirados nessas duas ricas experiências, indagamos: Será que nos esforçamos para nos tornarmos agradáveis aos outros? Será que encontramos neste mundo cavalheiros com tais características de altruísmo e polidez? São raros, infelizmente. Por isso, a lição nos mostra mais um caminho para a verdadeira caridade, ou mais uma sutil nuança dessa virtude. Se desejamos ser amados, obviamente que precisamos nos esforçar para sermos amáveis! A amabilidade é esta qualidade ou característica de quem é amável, por definição. É ser polido, cortês, afável. É agir com complacência. Allan Kardec, ao estudar a afabilidade e a doçura, na obra O Evangelho segundo o Espiritismo, conclui: A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. 
 * * * 
Não será porque sorrias a todo instante que conseguirás o milagre da fraternidade. A incompreensão sorri no sarcasmo e a maldade sorri na vingança. Não será porque espalhes teus ósculos com os outros que edificarás o teu santuário de carinho. Judas, enganado pelas próprias paixões, entregou o Mestre com um beijo. Por outro lado, não é porque apregoas a verdade, com rigor, que te farás abençoado na vida. Na alegria ou na dor, no verbo ou no silêncio, no estímulo ou no aviso, acende a luz do amor no coração e age com bondade. Cultiva a brandura sem afetação. E a sinceridade, sem espinhos. Somente o amor sabe ser doce e afável. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 6, pt. 2, do livro Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dalle Carnegie, ed. Companhia Nacional; no item 6, do cap. IX do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e no cap. Afabilidade e doçura, do livro Escrínio de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. O CLARIM. Em 20.9.2017.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

TUAS MÃOS CABIAM DENTRO DAS MINHAS

Andrey Cechelero
Quando tuas mãos ainda cabiam dentro das minhas
 e num abraço eu te fazia como que desaparecer, 
a ventania passava veloz e enfurecida, 
e feito árvore de raiz profunda, nada nos fazia mover. 
Quando teus sonhos ainda cabiam dentro dos meus 
e uma dúzia e meia eram os habitantes da Terra, 
nem um dia sequer de sorriso se perdeu 
e de meu rosto sempre tiveste a expressão mais sincera. 
Quando teus deuses do Olimpo eram apenas dois, socorrendo-te e atendendo-te na velocidade do pensar, percebi que servir me fez feliz, pois a entrega me deu sentido. Viver é se entregar. 
Quando tua mente ainda era casa de brinquedo, 
que eu conhecia cômodo a cômodo, do teto ao chão; 
 quando ainda tua morada não possuía sequer um segredo,
 e o teu respirar, no colo, era letra da minha canção; 
Quando tua voz no mundo ainda era a minha, 
eu me desafiava tentando te entender. 
 Perdi-me de mim e encontrei a linha; teci no teu linho 
e aceitei te ensinar a tecer. 
Quando teu ir e vir dependia do meu 
e ainda te levava para onde meu coração queria,
já aceitava o futuro meu, o futuro teu, 
o dia em que esse meu amor, sem pesar, te libertaria. 
 * * * 
 Estudos mostram que até em torno dos seis meses, os bebês se percebem como extensão das mães, isto é, não se veem ainda como um outro ser. As mães, por sua vez, pela intensa ligação que têm com os filhos, desde a vida intra-uterina, acabam tendo a impressão de que os filhos são como que partes de si mesmas. Os filhos crescem. Enxergam-se como individualidades. Pensam por si só. têm vontade própria e tornam-se independentes em quase tudo. Por outro lado, muitos corações de mãe e de pai ainda permanecem com aquela impressão singela de que continuam sendo seus bebês. Como se uma parte de seu amor tivesse ficado mergulhado no passado... Tornam-se nostálgicos, voltam a olhar os álbuns de fotografias para tentar entender quando foi que cresceram, quando foi que mudaram tanto e não conseguem encontrar... Tudo isso é saudável quando serve para reforçar os laços, quando torna os vínculos cada vez mais fortes e perenes, impossíveis de serem afetados por qualquer dificuldade encontrada pelo caminho. Os pais devem apenas ter atenção quando esses sentimentos descambam para as esferas da superproteção, do excessivo cuidado que sempre trazem prejuízo para todos na família. Há o tempo de carregar no colo, de atender as vontades, de seguir as escolhas dos pais. Depois há o tempo de caminhar ao lado, atender uma ou outra vontade e lhes dar a chance de fazer algumas escolhas. E, por fim, o tempo de observar sua nova caminhada à distância, de permitir que eles mesmos satisfaçam suas vontades, aceitando as consequências de todas suas decisões e escolhas. Não se trata de um abandono, mas é o momento em que os pais deixam de ser servos – e não há nada depreciativo nesta palavra – e passam a ser anjos de guarda. Os anjos guardiões estão sempre presentes, atuam prontamente em toda necessidade, porém, não interferem no livre-arbítrio das criaturas. Aconselham, advertem, consolam. A decisão final é sempre do protegido. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Tuas mãos cabiam dentro das minhas, de Andrey Cechelero. Em 19.9.2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O DESAFIO DA INDULGÊNCIA

O relacionamento humano é feito de grandes desafios para o mundo íntimo de cada um de nós. Sempre que nos propomos a nos relacionar, a nos aproximar de alguém, inicia-se a oportunidade de uma nova jornada de aprendizado. Isso se dá porque não há quem não traga, no seu campo emocional e moral dificuldades de pequena ou de grande monta. Alguns nos apresentamos egoístas, sempre pensando em nós e nos nossos, com dificuldades para sintonizar com a solidariedade. Outros, mostramo-nos orgulhosos, colocando-nos em uma posição irretorquível, sem possibilidades ao diálogo ou à crítica construtiva, afastados da humildade que traz o aprendizado. Não são poucos aqueles que, vestindo-nos da ganância, buscamos sempre mais e mais, disputando mesmo o pouco, que já nos será excesso, na única justificativa de amealhar mais, distanciando-nos da generosidade para com o próximo. Somos todos nós esses que, ora aqui, ora ali, apresentamos as dificuldades de que ainda somos portadores, constituindo-se a reencarnação a grande escola de reforma das questões da alma. Desta forma, se temos nossas dificuldades, se ninguém está isento dessa ou daquela atitude, palavra ou pensamento menos nobre, estamos todos em um grande processo de aprendizagem, diferindo muito pouco uns dos outros. Pensando sob esse prisma, por que julgamos tão severamente nosso próximo? Por que temos sempre olhos tão atentos para as falhas de quem convive conosco, analisando, julgando e criticando? O simples fato de percebermos que erramos porque ainda estamos em um processo de aprendizagem, nos deve remeter a pensar que seria muito melhor usar da indulgência para com as ações do próximo. A indulgência será essa capacidade de olhar com olhos de compreensão frente à falha do nosso próximo, tentando entendê-lo, ao invés de julgá-lo, muitas vezes de forma ácida e contundente. Ao sermos indulgentes, colocamos a doçura no olhar, a compreensão na mente, e a suavidade na fala, entendendo que o erro do próximo não é muito diferente dos erros que nós mesmos cometemos. E será o sentimento de indulgência que conseguirá diminuir a dureza com que medimos as atitudes de nossos companheiros, amigos, parentes, dando-nos um tanto de compreensão para com eles. Exigir a perfectibilidade de alguém é ilusório, senão cruel. Assim, mais coerente é entender que os erros fazem parte do processo de aprendizado em que nos encontramos inseridos. E o erro daquele que convive conosco pode ser a oportunidade para o aprendizado da compreensão, do entendimento e da fraternidade incondicional. Portanto, da próxima vez que estivermos tentados a julgar a atitude de alguém, perguntemo-nos por que a pessoa agiu daquela forma, o que a levou a tomar tal atitude. Com alguma reflexão, talvez concluamos que se fôssemos nós no lugar dela, agiríamos, quem sabe, muito pior. Exercitemos a indulgência no olhar, no pensar, no julgar os que convivem conosco, e conquistaremos a paz daqueles que conseguem ver a Humanidade matriculada em um grande colégio, objetivando que aprendamos as lições da vida. 
Redação do Momento Espírita. Em 04.03.2011.

domingo, 17 de setembro de 2017

DESAFIO COTIDIANO

RAUL TEIXEIRA
Cada manhã é um novo desafio. A forma que o encaramos reflete nossa postura perante as Leis Divinas. Há os que despertam descontentes e contemplam as horas novas como uma carga, que deve ser transportada a qualquer custo. Outros olham o dia que surge e logo alçam o pensamento em fervorosa prece de gratidão, pela renovação da vida no planeta. Os primeiros são os pessimistas, que ainda não aprenderam a perceber a vontade de Deus no transcorrer dos acontecimentos. Os segundos são os que se alicerçam na fé, cientes de que a vida deve ser vivida em plenitude. Para os primeiros, tudo transcorre mal. Se o ônibus atrasa, se a chuva os surpreende em plena rua, se a fila do caixa do banco está morosa, tudo é motivo para reclamação e desconforto. Abrem os jornais e conseguem somente destacar as manchetes ruins, desagradáveis, que falam de agressões, de desemprego, baixos salários, fugas ao dever, corrupção. Os segundos conseguem vislumbrar em todo transtorno uma oportunidade de servir. Assim, aproveitam o tempo para ler, enquanto aguardam na fila do ônibus ou do caixa. Ou então para um sorriso, um gesto de boa vontade. Ante a intempérie, agradecem a bênção dos ventos, da água, do frio, reconhecendo-lhes o justo valor. Numa dessas manhãs, ouvimos a conversa de um senhor já idoso e que demonstrava, pelos trajes, sua condição de dificuldade econômica. Falava do salário que ganhava; aliás, tomara a condução justamente para se dirigir ao banco, a fim de sacar o valor de sua aposentadoria por invalidez. Mostrava-se feliz. Não podia mais trabalhar, pela enfermidade que o incapacitara. Contudo, sentia-se feliz por estar andando com suas próprias pernas. Comentou sobre o atendimento médico e farmacêutico que busca, dizendo-se satisfeito por sempre o atenderem muito bem. Detalhou como conseguia sobreviver com o mísero salário, economizando, pesquisando preços, não se permitindo alguns produtos alimentares. E sorria, dando graças a Deus. Em verdade, observando aquele anônimo, fomos levados a cogitar acerca da forma com que estamos encarando nossos dias, nossos problemas, nossa vida. Quantos possuem muito mais do que o idoso desconhecido e nada fazem além de reclamar? Sábios são os que, em meio à adversidade, conseguem elaborar preciosas lições de vida, modelos que podem ser seguidos pelos que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. 
 * * * 
A maior tristeza que pode se abater sobre a criatura, rotulando-a, fomentando desditas para o Espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que lhe concede o Criador, para evoluir e brilhar. Meditemos sobre isso e cultivemos as alegrias de que necessitamos, nos nobres serviços do amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. Em 18.11.2013.

sábado, 16 de setembro de 2017

DESAFIANDO A GRAVIDADE

O musical da Broadway, intitulado Wicked, traz nos versos de sua canção tema as seguintes palavras: 
"É tarde demais para voltar a dormir. É hora de confiar nos meus instintos. Fechar meus olhos. E saltar."
A canção se chama Desafiando a Gravidade e nos convida a refletir sobre essa grandiosa possibilidade que todos temos de desafiar nossos limites, de romper barreiras, mesmo sendo desacreditados por todos, mesmo sendo puxados para baixo pelas tantas forças gravitacionais existentes. Quando realmente queremos, nada, nem ninguém pode nos deter. O Mestre Maior não estava exagerando quando nos informou de que somos deuses. Vejamos o exemplo de Antônia Maria Faleiros, uma mineira que, desde pequena, trabalhava nos canaviais, mas que sempre teve paixão pela leitura. Com muito custo, ela conseguiu concluir o ensino fundamental e fazer magistério em sua cidade. Mudou-se, então, para a capital mineira, Belo Horizonte, para ser empregada doméstica. Teve coragem e inscreveu-se para um concurso de oficial de justiça no Tribunal de Justiça daquele Estado. Como não tinha dinheiro para comprar o material de estudos, Antônia pegava do lixo folhas borradas de um mimeógrafo que fazia apostilas de um cursinho preparatório. Foi assim que ela estudou por conta própria. Foi assim que ela ficou classificada em terceiro lugar no concurso. Mas não parou aí. Depois dessa vitória, foi estudar direito na Universidade e se tornou juíza. Eu rompi uma barreira. – Diz ela. Gosto de contar essa história para reafirmar: a filha de uma dona de casa simples e de um trabalhador rural pode alcançar o que quer. Todos nós podemos, completa. Isso é desafiar a gravidade. Isso é ser maior do que se espera de si mesmo. Já ouvimos a expressão: Estou como que flutuando de tanta felicidade! E ela é real, pois quando desafiamos a gravidade somos gratificados interiormente com a felicidade, a mais genuína e merecida felicidade. O Espírito foi feito para se autodesafiar, diariamente. É assim que crescemos, ou que não nos deixamos desanimar, caindo nas tantas rotinas que podem nos reter no chão. Desafiar a gravidade é também amar, e amar cada vez mais e melhor, pois quem ama se sente mais leve. Nesse sentido, experimentemos amar o improvável de vez em quando. Não apenas aqueles que esperam ser amados por nós. Amemos um estranho, através de um gesto inesperado de cuidado, de carinho. Amemos um inimigo, através de uma pequena trégua, uma pequena chance... Amemos a vida, cuidando melhor de nossa saúde, tomando resoluções importantes em relação a nós mesmos. Dessa forma, estaremos desafiando a gravidade, sentindo-nos mais leves, mais capazes, mais felizes. E lembremos que toda vez que uma força nos puxar para baixo com violência, é apenas a gravidade da Terra, ainda presente, ainda necessária. Recordemos, no entanto, de que ela não nos impede de dar nossos pequenos e valiosos saltos por aí... desafiando a gravidade, sempre que possível.
Redação do Momento Espírita. Em 16.6.2016.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

VOZES AMIGAS

Pedro e Ana se conheceram no colégio. De início, não simpatizaram muito um com o outro, mas reconheceram a inteligência e a integridade mútuas e se tornaram amigos. A amizade foi se consolidando e, em pouco tempo, evoluiu para algo mais forte, mais intenso. Eram companheiros de ideias e ideais. Um até sabia o que o outro estava pensando. Casaram-se, tiveram filhos, alguns cachorros, gatos, peixes. Fizeram amigos, viajaram, trabalharam em parceria. A vida nem sempre foi fácil, mas encararam unidos as dificuldades. O amor crescia, amadurecia e se fortalecia. Entraram na meia idade planejando a aposentadoria e as viagens que fariam. Os filhos, criados, não precisavam mais de dedicação integral. Estavam batendo asas, independentes e autônomos. Em meio a planos resgatados do fundo do baú e o nascimento de novos sonhos, Ana começou a sentir que algo não estava bem. Evitou alarmar o marido e foi ao médico. Para sua surpresa, foi diagnosticada com um tipo de câncer raro e agressivo. Passado o choque inicial, ela não se rendeu. Buscou informações, médicos e tratamentos alternativos. As perspectivas, no entanto, eram bastante sombrias. A família se uniu e Ana decidiu seguir a vida até o momento em que não seria possível fazer mais nada. Foram anos de batalha com quimioterapia, cirurgias para a retirada de tumores, testes com novos medicamentos. Uma noite, internada na Unidade de Terapia Intensiva e desenganada pelos médicos, pediu ao marido para conversar com familiares e amigos distantes. Como seria possível, contudo, se a entrada na UTI era restrita e nem todos conseguiriam chegar a tempo? Além disso, conversar com todos lhe seria exaustivo e desgastante. Pedro teve uma ideia. Conversou com o médico de plantão e obteve autorização para permanecer ao lado dela e usar o celular. Fez contato com quase toda a sua lista de amigos e familiares, solicitando que gravassem, num dos aplicativos do celular, mensagens de afeto para Ana. Muitos não conseguiram gravar, por conta da emoção. Mas vieram mensagens de todos os cantos, com palavras entoadas, cantadas, sussurradas. Todas carregavam carinho, respeito e a esperança de um reencontro. Ana passou a noite ouvindo as mensagens, que Pedro tocava de tempos em tempos, em seu celular. Lágrimas escorriam dos olhos de ambos. Lágrimas escorriam também dos olhos de enfermeiros e médicos. Aquela UTI estava cheia de pessoas, não fisicamente, mas em espírito, em boas energias, em luz. Ana atravessou aquela noite, acordou na manhã seguinte e permaneceu por mais uma semana, tranquila e serena, até a sua morte. Nesse período, pedia para ouvir as vozes amigas que tanto bem lhe haviam feito, que tanto carinho lhe haviam transmitido. Partiu em paz, sabendo que não estava só. As vozes amigas a ladeavam, amparavam e a preparavam para retornar à pátria espiritual, onde iria se encontrar com outras vozes amigas, igualmente cheias de amor e saudade, ansiosas por aquele tão esperado reencontro. 
Redação do Momento Espírita. Em 15.9.2017.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

OS DOIS MONTES

ESPÍRITO AMÉLIA RODRIGUES
No ano 100 a. C., foi edificada a fortaleza de Massada, nome derivado desse imenso planalto na Cordilheira da Judeia. Toda a região era árida, o clima hostil e ardente. Poucas vezes, as chuvas amenizavam o tormento das pedras calcárias que os ventos e as poucas torrentes cavavam, produzindo abismos. O deserto da Judeia pode ser comparado a muitos sentimentos humanos, nos quais não brotam as delicadas expressões da gentileza, do amor, da compaixão ou da solidariedade. Na solidão do deserto são inevitáveis a morte ou a comunhão com a Divindade. Após a queda de Jerusalém, algumas centenas de pessoas buscaram abrigo em Massada. Então, oito mil soldados sitiaram a fortaleza. Depois de vários meses, conseguiram penetrar a forte muralha. Mas, as novecentas e setenta pessoas, entre crianças, mulheres e homens haviam sido mortas e o autor se suicidara. Tudo para não se renderem aos romanos. Sobreviveram à tragédia duas mulheres e cinco crianças, que se esconderam, e mais tarde narraram o acontecimento pavoroso. Massada passou para a História como o triunfo, a vitória da liberdade sobre a escravidão, pela prática generalizada de crimes de homicídio e suicídio. 
 * * * 
Na fértil e verde Galileia existe um monte de menor altura de onde se contempla o mar generoso e rico de peixes. A natureza ali é alegre, as flores desabrocham. Tudo fala de vida social pacífica, de amizade, de lutas e de esforços para a sobrevivência no dia a dia existencial. O rio Jordão é o responsável por aquele abençoado mar, que as barcas atravessam de um lado para o outro entre as inúmeras cidades que o embelezam, como pérolas num colar. Nesse local, Jesus ensinou as mais valiosas lições da Sua doutrina. As bem-aventuranças tornaram-se o hino internacional de beleza e de misericórdia, de vida exuberante e de esperança, de emoções sublimes e de venturas. O poema tomou conta das mentes e dos corações dos simples em espírito, dos mansos e pacíficos, dos esfaimados e sedentos de paz e justiça, dos misericordiosos, dos perseguidos. Aquela região é abençoada pela beleza e pelo perfume de uma quase eterna primavera, com lembranças felizes e alegrias renováveis. No monte das bem-aventuranças o verde continua e a suave melodia, que ali foi cantada, permanece engrandecendo as vidas que se movem em sua volta como símbolo de grandeza do amor. Ali foram estabelecidas as bases éticas e morais da doutrina de Jesus. Nunca mais se ouviu nada que se igualasse ao que ali foi apresentado. Na sociedade terrestre existem pessoas que fazem recordar Massada, temida e detestada, dominadas pela força bruta e pela ambição desmedida. Também existem pessoas que são semelhantes às paisagens do outro monte, o das venturas excelsas, da generosidade ímpar, da renúncia e da abnegação, do sacrifício da própria vida em favor do seu irmão. Massada continua ardente quase sempre ou gelada nos dias frios do inverno. O monte esperança permanece agasalhador e vital para o ser humano, ameno e gentil, evocando o amor. O que somos nós: o monte árido ou o monte da esperança? Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base na mensagem Dois montes, dois destinos, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 28 de janeiro de 2014, em Jerusalém, Israel. Em 13.9.2017.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

O NOME DE DEUS

RAUL TEIXEIRA
Entre os povos que nos afirmamos deístas, é comum se ouvir expressões que se referem a Deus. Há quem enuncie o nome de Deus por qualquer motivo. Ou sem motivo algum. Outros dizem que usar o sagrado nome de Deus, por qualquer questão, é uma grande falta de respeito para com o Pai da vida. Naturalmente, cada qual defende a sua ideia, cheio de razões, de explicações. Como se fosse uma questão fundamental para a vida da sociedade. Excetuando-se o nome de Deus, temos o uso dos palavrões, das expressões de baixo calão, que encharcam as almas com vibrações negativas, pesadas. De outra banda, os ímpetos da alma atormentada, as revoltas desatadas da intimidade de cada um, que se apresentam na convivência de muitos, costumam se mostrar por meio da pornografia. Convenhamos que, observando uma e outra situação, bem melhor será que as pessoas se acostumem a falar de Deus. Todo e qualquer comentário sobre o Criador dos mundos trará ondas de harmonia para quem o expresse. E também para quem esteja em redor. Uma interjeição simples, expressa numa sílaba, num gesto popular a respeito do Pai Criador, será sempre bem-vinda. O impacto que a vibração de Deus impõe, traz consigo fluidos positivos e bons para a existência de todos nós. Dessa forma, diante das discussões em torno do falar em Deus ou não utilizar Seu precioso nome, cabe a cada um de nós optar por continuar a falar em Deus. A falar de Deus, a falar para projetar o Seu nome. Não se discute a questão dos hábitos vazios. Dos que falam por falar, sem repercussão no moral. Mas isso é problema que não nos deve afetar. Olhemos os céus e lembremos a glória de Deus. Extasiemo-nos com as estrelas que cintilam, cantando a excelência de Deus e pronunciemos Seu nome, em gratidão. Abramos as janelas, pela manhã, saudando o novo dia, enaltecendo o nome de Deus, que nos permite viver mais um dia na Terra. Abracemos nossos filhos e lhes recordemos o nome de Deus, Providência Excelsa que nos sustenta a vida, todos os dias. Escrevamos uma mensagem de otimismo a alguém e lembremos de invocar o nome de Deus, desejando-lhe paz. Oremos em favor de quem padece as dores da solidão, da detenção, da perseguição dos homens e lhe lembremos o nome de Deus, causa de todas as causas. Ante os sofrimentos atormentadores, falemos em Deus, a explicação de todas as explicações, de todas as teses. Enlevados pela música que nos conduz a estados especiais da alma, tenhamos em mente o nome de Deus, que criou a harmonia, a estesia. Encantados pela cadência dos versos de uma poesia, de um poema; agradecidos pela luz dos nossos olhos, pelo som da nossa voz, pela amplidão das riquezas naturais que nos envolvem, falemos em Deus. Felicitados com o amor de um esposo, de uma mãe, de um irmão, de um amigo, agradeçamos a Deus pelo sentimento que nos invade. Enfim, busquemos sintonizar Deus com nosso psiquismo, ao mesmo tempo que vivenciamos as mais profundas emoções, os sentimentos mais luminosos, as estesias mais felizes. 
 * * * 
O nome de Deus, seja falado, escrito ou pensado, logo que é também sentido, imprime em nós imensas alegrias, profundos enlevos e sublime registro da paz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A paz do nome de Deus, do livro Em nome de Deus, do Espírito José Lopes Neto, psicografado por Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 12.9.2017.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

DERRADEIRO DIA

São vários os poetas, músicos, pensadores a indagar, em suas obras, o que faríamos se hoje fosse nosso último dia de vida. Refletem sobre a importância da vida, analisam como valorizamos coisas desnecessárias, como nos iludimos com aquilo que, efetivamente, não nos faz felizes. Naturalmente, se hoje fosse o último dia de nossa vida, ou se pudéssemos prever nosso derradeiro dia, na existência física, as reflexões seriam bem diferentes para cada um de nós. Na incerteza de quanto tempo ainda teremos, não nos preocupamos se agimos certo, se valorizamos o que verdadeiramente merece. Porém, se é incerto o dia que partiremos, temos a certeza de que todos iremos morrer. Por isso, talvez o melhor seja não nos perguntarmos o que faríamos, se hoje fosse o último dia. Talvez fosse melhor nos indagarmos como temos nos preparado para quando esse dia chegar. Isso porque, ao concluir nossa jornada na Terra, ao terminar esta experiência física, a vida continuará. Todos voltaremos para casa, ao mundo espiritual, de onde viemos quando aqui nascemos. Conscientes disso, a pergunta mais oportuna a nos fazermos é: Quais os valores que estamos conquistando e que constituirão nossa bagagem ao partir? Será que retornaremos ao mundo espiritual carregados de débitos morais? Somos dos que caminhamos na vida prejudicando, traindo, gerando inimizades e dificultando a vida alheia? Seremos os que usurpam, roubam, corrompem, abortam ideais, desviam vidas? Oxalá sejamos daqueles que têm juntado em sua intimidade valores nobres e tesouros morais. Aqueles que atendemos com retidão de caráter os compromissos familiares, a educação dos filhos, que atuamos como profissionais responsáveis e dedicados, que somos cidadãos cumpridores dos próprios deveres. Mais do que isso: que sejamos aqueles que empregamos nosso tempo também para o bem ao próximo, para a vivência da solidariedade, agindo de maneira positiva na comunidade. Assim, melhor do que pensarmos o que faríamos se hoje fosse nosso último dia, é analisar o que temos feito, o que vimos juntando para a viagem de retorno ao nosso verdadeiro lar. Nenhuma viagem de grande porte ocorre com sucesso sem haver programação e dedicação. Nosso retorno ao mundo espiritual não deve ser diferente. Colheremos alegrias ou grande constrangimento, conforme os dias que hoje vivemos. Nenhuma premiação ou condenação divinas, nenhum destino definitivo. Apenas o encontro com a nossa própria consciência. Sem a possibilidade de nos escondermos atrás das máscaras e subterfúgios que aqui utilizamos, iremos nos deparar, na continuidade da vida, com a realidade de nosso mundo íntimo. Portanto, são nos dias do agora, através de nossas atitudes e valores, que construiremos a nossa felicidade futura, ou dias de dificuldade e dor, quando do nosso regresso à Casa do Pai. Pensemos nisso, hoje, enquanto é tempo. 
Redação do Momento Espírita. Em 15.4.2016.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

DE QUE NOS VALE A RELIGIÃO

Por vezes, as pessoas dizem que vivem muito bem sem estarem vinculadas a nenhuma crença. Que a religião não lhes faz falta. E assim, não frequentam culto ou templo algum, não se envolvem nessas questões, conforme afirmam. Verificamos que, enquanto tudo vai bem, a vida vai sendo vivida em abundância. O emprego está garantido, o salário é bom, a família segue sem percalços. Os filhos estão na escola, alguns já conquistaram a alegria da aprovação no vestibular e frequentam a Universidade. Contudo, a vida na Terra passa por fases. Nada é perene, mesmo porque vivemos num mundo de coisas transitórias. Dessa forma, a saúde que hoje nos abraça, amanhã poderá ter emigrado para longínquas estâncias. Os amores que compartilham as alegrias do lar conosco, poderão ser os passageiros que abandonam a nave Terra, e, muitas vezes, de forma intempestiva, trágica. Estamos passeando tranquilos e um acidente pode nos tolher a liberdade dos movimentos físicos, para o restante dos nossos dias. Sentimo-nos muito bem, gozando os dias com trabalho, amigos, lazer e, de repente, uma enfermidade nos toma de assalto, enchendo de sombras os meses futuros. Quando essas questões ocorrem e não desfrutamos do amparo da crença na verdadeira vida, na imortalidade da alma, na existência de um Deus justo e bom; quando tudo que estava bom se torna ruim, como se fosse um acúmulo do que chamamos desgraças, os que não temos o esclarecimento dos objetivos da vida na Terra, e que vivíamos como se houvesse perenidade neste mundo, sentimos o chão nos faltar. Então, o desespero se torna o companheiro constante porque não conseguimos aceitar a separação de um ser querido, arrebatado pela megera chamada morte. E, se lembramos de Deus, nesses momentos, é para reclamar, para nos revoltarmos, porque a dor é imensa, quase insuportável. Quando somos surpreendidos por diagnósticos que nos falam da morte iminente, quando somos tolhidos em nossas possibilidades de ampla liberdade, tudo se torna sombrio. É para esses momentos que a religião se faz de importância. A religião que esclarece que todos fomos criados pelo amor de um Deus Pai, todo justiça e misericórdia. Que somos Espíritos em trânsito por um corpo carnal, com dias contados sobre a face do planeta. Que nosso objetivo é progredir e que, para isso, contamos com dores e dificuldades, que testam a nossa fortaleza. É nesses momentos que a oração, que aprendemos a pronunciar, em louvor e gratidão a esse Pai, se torna rogativa. Nosso diálogo com Ele não é de revolta, nem de rebeldia, é a conversa do filho com o Pai, pedindo forças. Conscientes de que a cada um é dado conforme as suas obras, guardamos a certeza de que um grave motivo existe para que o sofrimento nos envolva, seja em que forma se apresente. É para isso que serve a religião. Aquela que esclarece porque nos encontramos sobre este planeta, que nossa estada por aqui é passageira, que logo mais adentraremos, novamente, o mundo espiritual, de onde viemos. E, então, diluiremos a saudade no reencontro com todos os amados que se foram antes. E também ali chegaremos com a palma da vitória de quem soube vencer a dor, a doença e a morte, com a honra do filho confiante. Pensemos nisso e agradeçamos a Deus a bênção da fé que nos conduz os dias e da religião que nos ilumina a consciência. 
Redação do Momento Espírita. Em 25.8.2014.

sábado, 9 de setembro de 2017

"DE QUEM É A CULPA?"

As perguntas mais freqüentes, no ambiente de trabalho, geralmente são: 
“Quem é o culpado?”, “Quem fez isso?”, “Quem foi?”, etc.
Por conseguinte, as respostas aparecem: 
“Não fui eu”, “Não tenho culpa”, “Não sei de nada”, “Eu nem estava aqui”, e assim por diante. 
Basta surgir um problema qualquer, ou alguma coisa dar errado e lá vem a pergunta, seguida da esperada resposta. E não é raro que os acusadores de plantão estejam alertas para denunciar:
“isso é coisa de fulano”, “Beltrano é que costuma fazer isso”, “Não disse que não ia dar certo?”, “Eu bem sabia que isso iria acontecer...” 
E assim passamos os dias, os meses, os anos... Sempre à procura de culpas e de culpados... No entanto, dizem a razão e o bom senso, que melhor seria encontrar a solução do problema e depois buscar as causas, sempre com intuito de evitar que ocorra novamente. Uma equipe que agisse dessa maneira, desarmada e comprometida com a tarefa, faria o trabalho fluir de forma harmônica e séria, em vez de emperrar, volta e meia, para uma “caçada às bruxas”. Numa equipe que pensa mais em buscar culpados do que encontrar soluções, a criatividade é quase nula, e as pessoas não ousam sair dos limites que lhes foram traçados, para não correr riscos. O colaborador que trabalha com confiança na sua equipe, certo de que quando errar terá o apoio dos demais para encontrar o caminho certo, será uma pessoa inovadora, criativa, desarmada e sincera. Já num ambiente em que a todo momento se corre o risco de ser denunciado, punido, agredido com palavras e gestos, as pessoas ficam cada vez mais inseguras, temerosas, e o ambiente se torna falso, irrespirável. Quando a equipe é madura e seus membros são responsáveis, discutem-se problemas e soluções com tranqüilidade, sem melindres, sem acusações de cunho pessoal, mas com uma análise sincera do desempenho dos tarefeiros e da tarefa. O que geralmente ocorre é que as pessoas acusam-se reciprocamente em vez de avaliar a atividade e envidar esforços para fazer o melhor. Existem, também, as pessoas imaturas, que levam tudo para o campo pessoal e melindram-se quando ouvem críticas ao seu trabalho. É importante considerar tudo isso e começar a agir com maturidade em prol da atividade, e para o bem de todos. Trabalhar numa equipe madura e consciente da importância de cada um de seus membros, é o grande diferencial para se conseguir o bom desempenho de todos e a excelência do trabalho. Em vez de acusadores, parceiros. Em vez de desleixo, descuido, temor, colaboração. 
Pense nisso! 
O ser humano é naturalmente experimentador, inovador, ousado. Quando reprimido, torna-se falso, dissimulado, propenso a sabotar o trabalho dos outros. Quando ouvido, valorizado, considerado, orientado, liberta sua criatividade e produz coisas belas e nobres. Pense nisso e aja de forma madura com seus pares. Você cresce e os outros também. Afinal, a vida na terra é um aprendizado constante. E só cresce quem tem humildade para aprender, discernimento para ensinar e, sobretudo, coragem de renovar atitudes para melhor.
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

DEPRESSÃO

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Você já esteve depressivo alguma vez? A depressão é um abatimento físico ou moral, ocasionado por uma insatisfação. Podemos dividir a causa da depressão em dois momentos: as originadas por acontecimentos momentâneos, que presenciamos ou vemos pela televisão como um acidente trágico, uma cena de violência, calamidades etc. Essas são superficiais e, assim que nos envolvemos nos quefazeres, esquecemos. Outras vezes ficamos depressivos e não encontramos motivo nenhum. É que a origem está oculta em nossa intimidade profunda de seres imortais que somos. Como imortais, já vivemos muitas vezes, trazemos em nossa ficha acertos, mas também muitos equívocos. Reencarnamos para repetir as experiências malfadadas, estamos no mundo novamente com um corpo diferente mas, em essência, somos os mesmos. E, quando algo toca aqueles pontos problemáticos que carregamos, sentimos o toque de uma maneira inconsciente e sofremos por isso. Às vezes, estamos felizes, contentes, e ouvimos uma música, uma melodia qualquer, que adentra nossa intimidade de forma especial. E como a música é vibração, ela faz vibrar nossos registros íntimos. Como há partes dentro de nós que estão de acordo com a vibração da música, se dá a ressonância. A música evoca momentos de um passado que não nos recordamos e começamos a sentir uma profunda tristeza, uma melancolia que não sabemos de onde vem, uma saudade inexplicável, e não encontramos a causa agora, na atual existência, mas iremos encontrá-la nas nossas vidas anteriores. A música é, nesse caso, o elemento indutor. Mas, há outros elementos indutores, como um perfume, uma paisagem, uma situação. A depressão é uma cobrança íntima. Se estamos em uma festa, nos divertimos, nos sentimos felizes e, no outro dia, estamos depressivos, tristes. É a nossa consciência que nos está cobrando. Ela nos diz que não somos merecedores de felicidades, pois somos devedores das Leis Divinas. O depressivo não sente vontade de fazer coisa alguma, deseja isolar-se, trancar-se em casa, fechar as janelas e buscar a escuridão. Essas atitudes só contribuem para agravar ainda mais a situação. Temos que lutar para sair desse estado, com todas as nossas forças. Conversando com pessoas, trabalhando, fazendo uma oração, rogando a Jesus forças para não sucumbir. Na nossa vida não há uma janela só. Se uma nos oferece a tristeza, o sofrimento, outras há que nos mostrarão situações mais agradáveis. Isso nos lembra a história daquele avô que consola a neta, que via pela janela, entre lágrimas, o jardineiro enterrando o seu cachorrinho de estimação. O avô a toma pela mão e a leva até outra janela. Mostra o jardim, as roseiras em flor, e lhe pergunta: Você está vendo as rosas como são bonitas?Vê aquela rosa amarela, que linda! Você me ajudou a plantá-la, lembra-se? A menina enxuga as lágrimas, muda o estado emocional, distrai-se a falar das rosas, deixa de lado a outra janela que lhe causava sofrimento. Qual o avô da nossa história, Deus, o Criador, está sempre nos mostrando outras janelas, para que as busquemos nos momentos em que nos detemos a mirar onde só vemos tristezas. 
 * * * 
Grande parte dos suicídios é praticada por pessoas em estado depressivo. Os espíritos inferiores podem aumentar ainda mais a nossa depressão. O sol queima as formas e pensamentos desses Espíritos, enquanto a escuridão as favorece. Por essa razão, vale a pena abrir as janelas, ao invés de fechá-las, nos momentos de depressão. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro Momentos de coragem e nos caps. 3 e 17, do livro Vigilância, ambos pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 7.11.2013.