domingo, 30 de abril de 2017

O CULTIVADOR

Dolores Barcelar
Havia um homem que cultivava a terra, a plantar um trigal. Vivia debruçado sobre a enxada, do amanhecer ao por do sol. Então, juntava-se à família para gozar as delícias do aconchego familiar da esposa e dos filhos. Não importava o tempo que fizesse. Sol, chuva, vento, frio ou calor. Lá estava o homem a amainar a terra, a libertá-la das ervas daninhas, a providenciar o adubo, colocar a semente na intimidade da cova, providenciar a água. Aquela atividade contínua despertou o interesse de um viajante que por ali transitava com regularidade. E, certo dia, o viajante se aproximou do cultivador e lhe perguntou: 
-Bom homem, vejo que estás velho e cansado. Por que não descansas dessa lida tão rude? 
Sem se deter, o agricultor respondeu: 
-Não posso. Amo a terra. Amo meu trabalho. E por estar velho e cansado devo andar mais depressa. Tenho menos tempo a dispor e muito a fazer. 
O viajante alongou a vista pelo imenso trigal, que balançava ao vento como mar de ouro líquido e comentou: A terra recompensa o teu amor. O trigal está maravilhoso e será produtiva a colheita.
-Mas não sou eu quem colhe, respondeu o agricultor. Eu apenas planto. Minha mulher e meus filhos é que fazem a colheita da generosidade do solo. 
O viajante se despediu e seguiu o seu caminho. Necessitando empreender uma grande viagem, ausentou-se por vários meses. Retornando, ao passar pela mesma estrada, encontrou o homem às voltas com a sua lavoura. Era uma tarde fria, sem sol. A natureza toda parecia chorar, desanimada. O viajante se aproximou do trabalhador incansável e observou que sulcos profundos lhe vincavam a face. Estava mais cansado, envelhecido e triste. Vestia-se de luto. 
-Perdeste algum ente querido? - perguntou. 
O cultivador, com voz arrastada, respondeu: 
-Perdi, senhor. Toda minha família. em poucas semanas, um a um se foram, devorados por febre maligna. Fiquei sozinho. 
O viajante se comoveu com tanta dor. Entretanto, por observá-lo ainda a trabalhar, sem descanso, na terra, ousou indagar: 
-Se toda tua família morreu, por que continuas nesta tarefa cansativa? Já não tens mais quem colha os frutos. Semeias o trigo, mas nem tua mulher, nem teus filhos irão colher as espigas maduras. 
-Ah, senhor, respondeu o outro, parando por um instante seu trabalho. Isto não me preocupa. Prosseguirei plantando. Quem necessite, virá colher o trigo farto. E são tantos os que têm necessidades. 
Surpreso pelo desprendimento do camponês, o viajante concluiu: 
-Tens razão, bom homem. Oxalá fossem muitos como tu, a plantar sem esperar a colheita. 
A noite descerrou seu manto e tudo escureceu. Naquela noite, o agricultor se recolheu com a alma invadida por intensa saudade. Recostou-se no leito e dormiu. Despertou, logo além, em um trigal pleno de luz, onde o aguardavam seus amores, felizes, de braços abertos, para juntos ficarem sem mais separação. E todos eles guardavam o coração repleto de satisfação e alegria, por terem cumprido com seus deveres perante o próximo e perante Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O cultivador, do livro À sombra do olmeiro, pelo Espírito que se designa Um jardineiro, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio Fraterno do ABC. Em 25.02.2009.

sábado, 29 de abril de 2017

CULPAS E DESCULPAS

Você já refletiu sobre o que representa a culpa em nossas vidas? Não há dúvida de que o sentimento de culpa é um dos grandes responsáveis por nossa infelicidade. Quando fazemos algo que nos causa um desconforto íntimo pertinaz, é bem provável que seja a culpa se instalando. Mas o que fazer para que esse sentimento não se aloje em nossa intimidade e nos traga fortes dissabores? Parece lógico que a melhor atitude é a que elimina, em definitivo, esse desconforto de nossa alma. E que atitude poderia ser mais eficaz do que um sincero pedido de desculpas? Todavia, pedir desculpas significa admitir que nos equivocamos, e isso mexe diretamente com nosso orgulho. O que geralmente fazemos, então? Ficamos remoendo o desconforto e buscamos alguém a quem culpar pela atitude que nossa consciência desaprova. Não seria mais coerente pedir perdão? Logicamente seria, mas o orgulho muitas vezes nos impede. O que fazemos, então? Preferimos nos punir de outra maneira. E geralmente optamos pelas enfermidades... A consciência nos acusa, mas em vez de resolver a questão com a humildade de um aprendiz, preferimos a autopunição velada. Em vez de pedir perdão, optamos pelo sofrimento. Em vez de aliviar a alma admitindo que somos frágeis e nos equivocamos, preferimos nos esconder sob a máscara de uma perfeição da qual ainda estamos distantes. Por não admitir as nossas próprias fraquezas, também não as admitimos nos outros, e agimos com um rigor desmedido, infelicitando-nos e infelicitando os que conosco convivem. Mais sensato seria reconhecer que somos aprendizes da vida, e que todo aprendiz tem o direito de errar, mas tem também o dever de corrigir o passo e seguir em frente. Como aprendizes da vida, não estamos isentos do erro, da queda, das fragilidades que caracterizam a nossa condição de alunos imperfeitos. Assim sendo, vale a pena agir como quem deseja crescer, aprender, ser feliz. E para isso é preciso saber pedir perdão, saber perdoar, saber tolerar... Só não admite erros a pessoa que se julga infalível, perfeita, acima do bem e do mal. E essa, certamente é uma pessoa infeliz. Se quisermos aprender a ser mais leves e menos presunçosos, observemos as crianças. Elas não têm vergonha de pedir desculpas, não guardam mágoa nem rancor. Quando se machucam, elas choram... Pedem socorro, reconhecem sua fragilidade... Se não conseguem alcançar algo, pedem ajuda. Para entender as coisas, perguntam várias vezes. Quando sentem medo, admitem. Pulam no colo mais próximo ou se enroscam no pescoço do amigo ou irmão mais velho. Isso se chama humildade, isso se chama pureza. Isso se chama sabedoria. É por isso que as crianças aprendem. Elas não têm vergonha de ser aprendizes da vida. 
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O sentimento de culpa é um detrito moral que fustiga a alma. A pessoa que carrega esse fardo, sofre e não admite ser feliz. Assim sendo, se você não tem a pretensão de ser infalível, perdoe-se, peça perdão, liberte-se desse lixo chamado culpa, e siga em frente. 
Texto de Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

A CULPA FICA PARA SEMPRE

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Uma campanha de utilidade pública nacional trouxe o seguinte slogan:
O efeito do álcool passa. A culpa fica para sempre
O movimento busca uma vez mais a conscientização da população, a respeito dos efeitos terríveis do álcool associado à direção de motorizados. Estima-se que morram mais de duzentas pessoas por dia em nosso país, por acidentes de trânsito. A grande maioria associada ao consumo de alcoólicos e outras drogas. Desejando alguns momentos de suposto prazer, por vezes arriscamos comprometer toda nossa encarnação e, ainda - tão grave quanto - a prejudicar a vida de outros, que sofrerão os efeitos de nossos atos impensados. Será que vale a pena correr esses riscos? Será que não estamos subvalorizando a nossa e a vida dos outros, quando dizemos: Não vai dar em nada? Quantas almas são, hoje, escravas de um sentimento de culpa destruidor, em função desse descaso, que normalmente não é um fato isolado, mas um costume constante em tantas pessoas. A culpa nos faz adoecer, nos faz estagnar e, depois de muito tempo em sofrimento profundo, faz-nos enxergar por entre as inúmeras lágrimas, que não valeu a pena. Não é possível voltar no tempo e desfazer o que fizemos. A vida nos dará novas chances, sim, de curar o que dilaceramos no outro, mas serão caminhos longos e duros. Por que escolhê-los? Será que esses prazeres momentâneos da vida valem todo o risco que corremos? Qualquer mente um pouco esclarecida dirá que não, não vale a pena. Assim, por que não podemos nos tornar um pouco mais conscientes? Por que se deixar levar com tanta facilidade por emoções frívolas, que passam tão rápido? Alta velocidade, perigos, fortes emoções - será que valem a pena? Não propomos uma vida sisuda, sem cor, enfadonha - de forma alguma. É possível ser alegre, vivaz, divertir-se, sem precisar correr riscos, sem prejudicar o corpo, sem ser uma ameaça constante à sociedade. Por isso, pensemos muito antes de nos arriscarmos. Ouçamos outras opiniões. Não deixemos que a excitação nos conduza com tanta facilidade, anulando totalmente a razão. Somos seres inteligentes, lembremos disso, antes de agirmos como completos celerados. Pensemos nas consequências possíveis de cada um de nossos atos, evitando chorar as muitas lágrimas do arrependimento tardio.
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A tendência para o bem é inata no ser humano, face à sua procedência Divina. O entorpecimento carnal, às vezes, bloqueia a faculdade de direcionamento que a consciência proporciona. A pessoa lúcida, como consequência, age com prudência, confiando nos resultados que advirão, sem preocupar-se com o imediatismo, sabendo que a semente de luz sempre se converte em claridade. A responsabilidade, advinda da consciência, promove o ser ao estágio de lucidez, que o leva a aspirar pelas cumeadas da evolução que passa a buscar, com acendrado devotamento. 
Redação do Momento Espírita com pensamentos do cap. 16, do livro Momentos de consciência, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 19.06.2012.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

NÃO SOMOS UMA ILHA

Em tudo que fazemos afetamos as pessoas de três modos: alteramos o seu tempo, a sua memória e as suas reações. Os mínimos comportamentos podem interferir na História da Humanidade. Quando um índio, em uma tribo isolada da Amazônia, abate um pássaro, ele afeta a História. O pássaro não porá ovos, que não serão chocados e não gerarão descendentes. Isso afetará o consumo das sementes, dos predadores e toda a cadeia alimentar. Afetará o ecossistema, a biosfera terrestre. A ausência do pássaro abatido afetará o processo de observação dos biólogos, interferindo em suas pesquisas, seus livros, sua universidade e sua sociedade. Quando um aluno tem problemas na leitura, perante uma classe e é obrigado a repetir, muitas vezes, o mesmo trecho, sob o deboche dos colegas, registra a experiência. Isso pode se transformar em um bloqueio da sua inteligência. Pode gerar gagueira, insegurança, afetando de forma drástica seu futuro como pai e como profissional. Eventualmente, poderá nunca mais conseguir falar em público. Uma pessoa que se suicida altera o tempo dos amigos e dos parentes. Ele despedaçará a emoção e a memória deles. Terão lembranças tristes, pensamentos perturbadores que afetarão as suas histórias. Consequentemente, cada um deles interferirá na história de outras pessoas, alterando o futuro da sociedade. Quando Hitler se mudou para Viena, em 1908, tinha o objetivo de se tornar um pintor. Rejeitado pelo professor da Academia de Belas Artes, ele teve afetada a sua afetividade, a sua emotividade. Tudo isso influenciou sua compreensão do mundo, suas reações, sua luta no partido nazista, sua prisão e seu livro. O processo interferiu na Segunda Guerra Mundial, afetando a Europa, o Japão, a Rússia, os Estados Unidos. Os rumos da Humanidade foram alterados. É possível que, se Hitler tivesse sido aceito na Escola de Belas Artes, tivéssemos um artista plástico medíocre. Mas não um dos maiores sociopatas da História. Não que a sociopatia de Hitler seria resolvida pelo seu ingresso nas artes, mas poderia ter sido abrandada. Ou até mesmo deixado de se manifestar. Não somos uma ilha. Somos uma grande família. Uma única espécie. Dessa forma, cada um de nós é responsável, em maior ou menor proporção, pela violência do mundo, pelo terrorismo, pela fome. O que fazemos influencia as pessoas que influenciam outras, que alimentam os sistemas e desencadeiam reações. Somos mutuamente afetados pelas reações uns dos outros. Assistir a um filme, conversar com um amigo, elogiar alguém, promover um ato cívico, auxiliar a outrem, acolher uma criança, pode mudar pouco ou muito o curso de nossas vidas. 
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O que fazemos afeta a nossa vida e a de outras pessoas. Pensemos, assim, em tudo que dizemos e façamos. Em meio a um incêndio, podemos usar nosso verbo para acalmar as pessoas ou para aumentar o desespero. Da nossa forma de agir poderão resultar muitas mortes ou muitas vidas salvas. Pensemos nisso, antes de agir, no próximo minuto. Somos responsáveis pelo mundo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11, do livro O futuro da Humanidade – a saga de Marco Polo, de Augusto Cury, ed. Sextante. Em 27.4.2017.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

A IDÉIA DE DEUS

Albert Einstein
O físico alemão Albert Einstein que, entre seus principais trabalhos desenvolveu a teoria da relatividade, escreveu interessante depoimento, que merece ser lido, ouvido e meditado: A opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu. Creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia ateia. Não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam ideias que datam de 1880. Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que esses cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria. Há, porém, várias maneiras de se representar Deus. Alguns O representam como o Deus mecânico, que intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos acontecimentos. Desejam colocá-lO ao seu serviço, por meio de fórmulas mágicas. É o Deus de certos primitivos, antigos ou modernos. Outros O representam como o Deus jurídico, legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece distâncias. Outros, enfim, o entendem como o Deus interior, que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais íntimo da consciência. A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa sonhar e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto. Saber que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como a mais alta das sabedorias; a mais radiosa das belezas, que as nossas faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas. Esse conhecimento, esse sentimento, está no centro mesmo da verdadeira religiosidade. A experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica. Minha religião consiste em humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos. Essa convicção, profundamente emocional, na presença de um poder racionalmente superior, que se revela no incompreensível, é a ideia que faço de Deus. 
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Quando o homem se detém a contemplar o fulgor das estrelas no firmamento, constata a grandeza da Criação. Sente emocionado a presença da Divindade a se refletir em cada astro, em pleno universo. E constata que, sem o amor de Deus que tudo vitaliza, a Criação voltaria ao caos do princípio. 
Redação do Momento Espírita com base no texto A fé de Einstein, do site http://www.guia.heu.nom.br/fe_de_albert_einstein.htm e no verbete Deus, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 26.4.2017.

terça-feira, 25 de abril de 2017

A CULPA ACOMPANHA O CULPADO!

JOSÉ RAUL TEIXEIRA
Há algum tempo, lemos a notícia de que um médico alemão, acusado de vários crimes sexuais e assassinatos, suicidara-se na prisão, enquanto aguardava julgamento. Sem entrar no mérito quanto à veracidade de ter sido ou não suicídio, recordamos que são muitas as notícias desse gênero. É comum o fato de criminosos tentarem fugir da culpa pela porta falsa do suicídio, ou evadindo-se do local do crime, querendo apagar as marcas dos delitos, fugindo para outra localidade. No entanto, estando em si mesmos a gravação dos desatinos, deles terão que dar conta onde estejam, sob quaisquer disfarces de que se revistam, pois a cada um será concedido conforme suas obras. Assim, a culpa acompanhará o culpado até que ele consiga dela libertar-se pelo reajuste da própria consciência. Ademais, o criminoso, cujo crime fica oculto das leis humanas, não consegue se livrar da vítima, a não ser que esta seja um Espírito superior. Contrariando o dito popular: morto o animal, extinto o veneno, aquele que saiu do corpo sem sair da vida, planejará a vingança. Permanecerá vinculado ao seu algoz, emitindo vibrações desequilibradas e desequilibrantes, de forma a perturbar a mente culpada, induzindo-a à loucura ou ao suicídio. É por esse motivo que muitos criminosos não suportam a presença invisível de suas vítimas e caem em desatinos de grandes proporções. Essa vinculação se dá mente a mente. E só se efetiva porque há a conexão ódio-remorso. Quando o agente do ódio se aproxima da criatura culpada, com suas vibrações perturbadoras, destrambelha o psiquismo desta, podendo causar convulsões epilépticas, entre outros desequilíbrios. Não queremos dizer com isto que todas as enfermidades mentais sejam de origem obsessiva, pois incorreríamos em grave erro. Para algumas pessoas, essa forma de resgate do culpado tem sabor de castigo Divino, mas assim não é. O que ocorre é que existem leis das quais não podemos fugir, e uma delas é a lei de causa e efeito. O homem tem o livre-arbítrio para agir, pois que a nada é constrangido, mas perante as Leis Divinas assume toda a responsabilidade dos seus atos. Dessa forma, se todos observássemos a recomendação do Cristo de fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem, não teríamos tantos frutos amargos para colher.
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Não só pela dor podemos resgatar nossas faltas. Conforme afirma o apóstolo Pedro, “o amor cobre a multidão de pecados”. Quando optamos pelo amor, a caminhada fica mais leve e a felicidade mais próxima. Pensemos nisso, e optemos pelo amor lúcido.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A culpa acompanha o culpado, do livro Justiça e amor, pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. Em17/12/2007.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

A POESIA DA VIDA

O poeta adquiriu um pedaço de terra em plena serra. Um lugar para sonhar. Para fazer poesia, escrever, inebriar a alma. Não pretendeu mexer em nada. Deus, afinal, fizera tudo tão bonito: o regato de água cristalina descendo do alto da serra, por entre pedras, formando cachoeiras e remansos gelados. Samambaias, avencas, brincos de princesa em profusão. Campos verdes, bordados de flores minúsculas. Também enormes araucárias, com sua casca rugosa, onde cresciam bromélias. Um pedaço do céu cheio de beleza e vida. Mas, nesse belo lugar, havia um morro de terra ruim. Tão ruim que até o capim protestava e não crescia. O poeta olhou para aquela terra, aparentemente imprestável, e resolveu dar uma mãozinha para a natureza. Pensou que poderia plantar araucárias. Uma mata cheia de pinheiros, com suas copas altivas, braços erguidos ao céu, como a pedir bênçãos. Consultou as pessoas do lugar. Ninguém aprovou sua ideia. Imagine. Plantar araucárias. Elas levam muito tempo para crescer. Como o poeta não era tão jovem, disseram-lhe que, com certeza, ele nem chegaria a ver os pinheiros crescidos. Além do mais, não se pode cortar araucária. Ela é protegida por lei. Cortar uma árvore dessas é crime. E para que plantar árvores se não puderem ser cortadas? Afinal, somente cortadas é que elas valem dinheiro, podem ser vendidas. Aconselharam ao poeta plantar eucaliptos. Eles crescem rápido. Dão lucro, a partir do terceiro ano. O poeta voltou para sua casa. Ninguém o tinha entendido. Descobriu que ele e os seus vizinhos eram de mundos diferentes. Ele era um ser da floresta, sem pressa, como as sementes colocadas no solo. Os seus vizinhos pensavam em coisas rápidas, em dinheiro no banco, em lucros. Ele desejava desfrutar o espetáculo colorido e perfumado da floresta exuberante. Ver, cheirar. É tudo que queria. Eles só tinham em mente o comércio, os negócios. Por isso um eucalipto que pode ser cortado em três anos é muito mais importante do que uma araucária que não pode ser cortada nem em cinquenta anos. E o poeta ficou a refletir que os homens que só pensam no lucro, perderam o sentido e a beleza da vida. Recordou dos que olham para uma imensa floresta de sequoias e acham um terrível desperdício aquela propriedade habitada somente por árvores. No seu conceito de lucro, muito melhor seria queimar a floresta toda e transformá-la em condomínio luxuoso. Por tudo isso, o poeta resolveu mesmo plantar araucárias. Se ele chegará a vê-las crescidas ou não, não importa. Importa que ele semeou esperança e vida que poderão alegrar outros olhos e corações, no futuro. 
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Onde estiver o seu tesouro, ensinou Jesus, aí estará seu coração. Nosso coração está na vida, na beleza ou no lucro? Desejamos uma terra pródiga de maravilhas onde nossos filhos possam viver e se encantar, respirar ar puro ou simplesmente um lugar para usufruir todo o possível, rápida e velozmente? Dependendo da nossa resposta, decidiremos se plantaremos araucárias ou eucaliptos na terra e em nosso coração. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, pt. 3, do livro Um céu numa flor silvestre, de Rubem Alves, ed. Verus. Em 24.4.2017.

domingo, 23 de abril de 2017

CULMINÂNCIA DO AMOR!

Dominique Lapierre
Até que ponto o ser humano é capaz de amar? O mundo está repleto de pessoas que dizem ter amado intensamente e terem sido traídas. Então, desiludidas, deixaram de amar. Algumas dessas, reagiram entrando em quadros depressivos, de difícil erradicação. Outras passaram a ofertar a indiferença a todos. É como se tivessem substituído a capacidade de sentir por uma pedra fria, insensível. Por isso, quando se lê a respeito do extremado amor de determinados seres, quando se ouvem relatos de certos gestos de amor, quase nos parecem impossíveis. Impossível ser verdade que alguém ame ao ponto de desculpar agressões recebidas daqueles a quem se devota. Exatamente esse foi o espanto daquela jovem que adentrou a enfermaria, onde se encontravam cerca de uns trinta hansenianos. Era mais um local onde os enfermos eram acolhidos, amparados do que verdadeiramente algo que se pudesse assemelhar a um hospital. As missionárias não dispunham de todos os recursos que seriam necessários àqueles doentes. A jovem viu a monja se aproximar de um dos internados e lhe pedir, de forma delicada, para ceder a sua esteira para um homem que acabara de ter a sua perna amputada. Para aquele grupo de homens aquilo soou muito mal. Alguém gritou: 
-Somos homens! Queremos um hospital, não um morredouro! 
Um deles avançou e golpeou com a cabeça, os joelhos da missionária. E um dilúvio de bengalas, muletas, pedaços de curativos, escarradas voaram na direção dela. Garrafas estouraram contra as paredes. Mão crispada sobre o próprio peito, a senhora se manteve imóvel, como uma estátua, perante aquele desabafo desenfreado. A revolta de quem se acredita em total desesperança. Incrivelmente calma, com seus olhos serenos, Irmã Bandona, cujo significado do nome é Louvação a Deus, começou a orar, em voz alta: 
-Ó Deus de amor, tem piedade de Teus filhos que sofrem. Ó Deus de amor, dá-lhes a Tua piedade.
Desconcertados, os revoltosos se calaram. A baderna apaziguou. Depois cessou. O ódio, que retorcia os rostos, deu lugar a uma inquietação. Qual seria o castigo que receberiam por aquela agressão toda? Os hansenianos viram a missionária avançar, na direção da primeira esteira. E, passando lentamente, entre as fileiras de esteiras, ela pediu a cada ocupante que repetisse depois dela a oração que iria recitar. A jovem, que a tudo assistia, protegida por detrás de uma coluna, haveria de relembrar por muito tempo o espetáculo desses hindus, muçulmanos e cristãos, supliciados pelo sofrimento, recitando juntos, frase após frase, na paz reencontrada, as palavras do Pai Nosso. 
 * * * 
Amai-vos uns aos outros, ensinou Jesus. Os que exercitam esse ensino amam, muito além da compreensão humana. Compreendem as dores alheias, o desespero em forma de revolta dos sofredores e simplesmente ofertam o sublime sentimento do amor. Pensemos a respeito. Meditemos um tanto mais em torno do significado do verdadeiro amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro Muito além do amor, de Dominique Lapierre, ed. Salamandra. Em 16.05.2011.

sábado, 22 de abril de 2017

CUIDE DE SUA SAÚDE

RAUL TEIXEIRA
Nas atividades diárias, você encontra muita desatenção para com a saúde, vivida por gigantesco número de pessoas. Observando bem, com sinceridade, talvez você mesmo esteja incurso nesse número de indivíduos que desrespeitam os recursos do corpo físico, que o Criador lhes concedeu. Na lista das agressões cotidianas contra a saúde do corpo, você poderá deparar-se com: O vício do tabaco, sob todos os nomes, incentivado aqui e ali; O vício do alcoolismo, que, empestando lares, templos e escolas, ainda recebe o aplauso social em diversas áreas; O vício da gastronomia, que costuma deformar o estômago, o corpo em geral, danificando as suas funções, sendo mal interpretado como “comer bem”; O vício dos exageros de trabalho, submetendo o maquinário orgânico a excessos tais que em curto tempo consomem as energias e provocam desgaste prematuro ao corpo físico; O vício do excesso de lazer, que leva a pessoa a desrespeitar a lei do trabalho, atirando-se ao extremo oposto, à inoperância, ao ócio total. São pessoas que tudo entregam ou negociam por uma hora a mais no leito, ou por um feriado a mais e outras providências pró-paralisia, em nome de um contínuo cansaço. O vício dos regimes para emagrecer ou para engordar, sem qualquer necessidade em muitos casos, ou sem a orientação da medicina e do nutricionismo, provocando desastres que podem conduzir à falência do veículo corporal. Cuide da sua saúde, sim, sem esquecer que o seu corpo físico é importante bênção a serviço da sua evolução no planeta, é um bendito talento que, bem utilizado, lhe possibilite galgar os passos da evolução que você persegue. Evite, então, os exageros de quaisquer tipos. Não se permita padecer carências e distúrbios orgânicos sem procurar os cuidados médicos necessários. No entanto, não cultive, a hipocondria que estabelece a mania neurótica de doenças, bombardeando as células com os dardos da mente perturbada. Evite o uso indiscriminado desse ou daquele medicamento, por mais apregoado que seja, considerando as reações danosas que podem provocar no seu corpo. Cuide bem da sua saúde, com todos os cuidados que ela exige, seja do alimento de boa qualidade e da dinâmica da boa ginástica, desde os descansos necessários até os remédios bem indicados pelo médico. Assim, aprenda a fazer tudo o que lhe seja importante com moderação, de modo a não desperdiçar as bênçãos do corpo. Não esqueça, porém, que o seu estado mental e a sua harmonia psíquica são fundamentais para acionar seus recursos corporais. Então, procure manter a sua mente alimentada por tudo o que lhe seja útil, salutar, relaxante. Agindo assim, evitará as tensões nervosas, os estresses, que têm sido tão comuns na vida de hoje, provocando, com os distúrbios psicoemocionais, as disfunções orgânicas, gerando enfermidades ao invés de manter a saúde. Cuide-se, então. Respeite esse talento bendito que o Criador lhe oferta na terra. Viva o seu dia-a-dia com essa visão de que você é o grande responsável por seu estado geral de doença ou de saúde, como o senhor de suas células corporais, como você sabe que é. 
 *** 
Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria natureza indica, é desatender a lei de Deus. Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 29 do livro Para uso diário, Espírito Joanes, psicografia de J. Raul Teixeira, Ed. Fráter.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

CUIDE-SE BEM

RAUL TEIXEIRA
Por que você está na Terra? O que está fazendo aqui, neste mundo, em meio a tantas lutas? Talvez nunca tenha se questionado a esse respeito, mas nunca deverá esquecer dos motivos que o trouxeram à nova experiência corporal, no tempo presente. Cada passo que você dê o impelirá a alguma direção, obedecendo a orientação da sua vontade. Toda palavra que exteriorize, irá conduzi-lo na voz dos ventos, entregando as suas ideias a diversos ouvidos. Busque, então, falar o que ilumine, o que construa para o bem, aquilo que é conveniente às Leis sublimes da vida, como propõe o Apóstolo Paulo. Cada gesto seu conduzirá, pela mensagem luminosa, um retrato do que você é, em recorte dos seus comportamentos. Bom será que esses gestos demonstrem equilíbrio, bom senso, harmonia, para que alcance a felicidade após ser visto e observado por incontáveis criaturas. Toda escolha que você fizer pelos caminhos da sua vida terrena apresentará, aos que o cercam e acompanham o grau da sua maturidade, o nível dos seus ideais, a qualidade de tudo que o sensibiliza. Por consequência, os seus irmãos de jornada passam a criar imagens suas, caricatas ou não, em função do que você escolhe para a sua existência. Neste mundo você será sempre o retrato dos seus gostos, dos seus interesses, das suas ações. Quando Jesus anunciou que a porta se abrirá àquele que bater, expressava essa realidade pujante da vida... Da sua vida, por que não? Assim, tudo o que você deseja alcançar um dia deverá iniciar hoje a sementeira, começando agora a construção, uma vez que o tempo é o grande aliado da boa vontade e da perseverança, nas posições em que se acham as almas na Terra. Tudo o que você busca na vida encontrará, hoje ou amanhã, seja nobre ou não. Tudo o que pedir durante a vida alcançará, cedo ou tarde, seja harmonia, seja aflição. Onde você bater, durante a marcha humana, com certeza se lhe abrirá, mais ou menos rapidamente, sejam portas de luminosidade ou de trevas. A sua vida, com todo o concerto de realizações íntimas, do íntimo d'alma, depende fundamentalmente do que você deseja na trilha terrena. É importante, então, que se mantenha cauteloso, cuidadoso com os tipos de anseios, de desejos, de sonhos que alimente n'alma. Cuide-se, para que não se surpreenda com dores e desditas, com frustrações e amarguras, em razão do mau uso da sua vontade, do mau direcionamento dos seus impulsos íntimos. Jesus Cristo tem razão plena quando diz: Batei e abrir-se-vos-á. Cuidemos para que saibamos onde e como bater, para que se abram as portas da ventura, do progresso e da paz.
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Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada. Pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis. Pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão. Pedi bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 16, do livro Para uso diário, pelo Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fep. Em 06.12.2010.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

APROXIMAR DE DEUS ESSA ALMA

Pais, mães, um minuto de sua atenção. Desejamos falar sobre nossos filhos. Esses que Deus confiou aos nossos cuidados nesta vida, entendendo que temos condições plenas de lhes abrir caminhos para a felicidade. Nossa missão pater-maternal é nobre, importante, fundamental. Não exige os maiores conhecimentos do mundo para que tenhamos êxito. Exige principalmente dedicação, persistência e disciplina. Compreendamos que quando produzimos um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir. Tomemos ciência de nossos deveres e coloquemos todo nosso amor em aproximar de Deus essa alma. Aí está nossa missão resumida de forma singela e profunda: Aproximar de Deus essa alma. Numa leitura apressada, talvez entendamos essa recomendação como dar-lhes uma religião, no sentido comum e formal da expressão. Será preciso levar nossos filhos para uma instituição religiosa: lá eles o ensinarão como se aproximar de Deus! Escutemos a recomendação: 
Coloquemos todo nosso amor em aproximar de Deus essa alma. 
A missão não poderá ser terceirizada. É o nosso amor, de pai, de mãe, que irá realizar o trabalho bendito. O processo se inicia exatamente por aí, pelo amor. O ser que é suficientemente amado, que recebe atenção e dedicação dos pais - ou daqueles que exercem tal função - como prioridade na vida, começa a compreender o principal caminho que o conduz ao Pai Maior. Dar-lhe noções de religiosidade, desde os primeiros passos, é igualmente essencial. Ensinar-lhe a gratidão à vida, ensinar-lhe a contemplar a beleza que o cerca, a maravilha da natureza e suas leis, e ainda contagiá-lo com nosso próprio encantamento. Tudo isso faz parte da proposta de aproximar essa alma de Deus. Essas são as primeiras aulas de religião recebidas em casa. Da verdadeira religião. As instituições que realizam o belo trabalho da evangelização são valiosas e devemos contar com elas sempre que possível. Porém, se o verdadeiro evangelizar não estiver ocorrendo no lar, pouco poderão fazer por eles. Evangelizar, dar noções de moralidade tendo como Modelo e Guia um Espírito puro como Jesus, é construir mais uma ponte entre a criatura e seu Autor. Amar a si mesmo, amar ao próximo e com isso conquistar o amor a Deus! É vivendo essa trilogia que os Espíritos que retornam como nossos filhos se aproximam da Divindade. É fazê-los homens e mulheres de bem, cidadãos nobres, honestos, caridosos, que saibam ser peça útil na sociedade onde estão inseridos. E os nossos exemplos, pai, mãe, avô, avó falarão mais do que mil palavras. Aproximá-los de Deus é ainda colocá-los em contato com Sua essência Divina, auxiliar em seu auto-descobrimento, em sua viagem para dentro de suas potencialidades e permitir que ganhem asas.
 * * * 
Mais próximo de Deus. 
Mais próximo dos teus. 
Lar é torre altiva, 
Que o teu amor ergueu. 

Abraça sem pensar. 
Aprende a perdoar. 
Lar é escola viva. 
É tempo de estudar! 

Redação do Momento Espírita. Em 20.4.2017.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

A INABALÁVEL CERTEZA DE DEUS

O jovem acreditava ser uma mente brilhante. Elaborava ideias, imergia o pensamento nos livros buscando maior conhecimento. Orgulhava-se de seu saber. Certo dia, deparou-se com um filósofo que, extasiado ante o espetáculo ímpar da natureza, expressava sua admiração ao Criador: 
-Quem é Você que está por trás da cortina das nuvens? Por que silencia a Sua voz e grita através dos fenômenos da natureza? Por que gosta de se ocultar aos olhos humanos? Deixe-me descobri-Lo. 
O rapaz, com ar de intelectual, lhe disse:
-Você está totalmente equivocado. Deus não existe. Ele é uma invenção do cérebro humano para suportar as limitações da vida. A ciência é o Deus do ser humano. 
Sem se perturbar, o filósofo respondeu: 
-Se você me disser que é um ateu, que não crê em Deus, sua atitude é respeitável. Ela reflete sua opinião e sua convicção pessoal. Agora, dizer que Deus não existe é uma ofensa à inteligência, pois reflete uma afirmação irracional. Não aja como um menino brincando com a ciência e construindo seu orgulho sobre a areia. Você nunca se indagou quem administra este imenso Universo? O porquê de tanta harmonia? Sua intelectualidade não lhe diz que todo efeito tem uma causa? E que se esse efeito é grandioso, imensurável deve ser a causa? Percebeu alguma vez os detalhes das folhas de uma palmeira? A perfeição do ovo? O potencial de uma minúscula semente que traz em si a árvore gigantesca? Já se perguntou quem deu origem a tantas espécies vegetais e animais? A tanta riqueza que se encontra no seio da terra e na profundeza dos mares? Guarde a certeza de que você pode duvidar de que Deus existe. Mas Deus não duvida de que você existe. Muitos filósofos acreditavam em Deus. Não tinham medo de argumentar e discutir a respeito. Afinal, não sabemos quase nada sobre a caixa de segredos da nossa existência. Milhões de livros são como uma gota no oceano. Somos, em verdade, uma grande pergunta procurando uma resposta. Ou muitas respostas: Quem somos? Para onde vamos? Por que fomos criados? A ciência é um produto do homem. Use-a mas não se deixe contagiar pelo vírus do orgulho. A sabedoria do ser humano não está no quanto ele sabe. Mas no quanto ele tem consciência de que não sabe. A nobreza de um ser humano está na sua capacidade de reconhecer a sua pequenez. 
Silenciou o filósofo. O jovem ficou a pensar. Olhou o sol que brilhava forte, sentiu a brisa leve no rosto, ouviu o farfalhar das folhas que se perdiam pelo chão. E continuou a pensar... 
 * * * 
Deus está em toda parte e está dentro de nós. Quando tomamos de uma fruta e nos extasiamos com a sua cor, a sua textura, o seu sabor, estamos sentindo a Divindade. Quando contemplamos as nuvens imitando andarilhos pelo céu, e as vemos destilar lágrimas generosas sobre a terra, estamos contemplando o cuidado de Deus com Suas criaturas. No verde das árvores, no vermelho das rosas, nas cores do arco-íris, Deus se manifesta. No dia abençoado, na noite escura. No rosto das pessoas que passam, nas sementes que brotam - em tudo Deus está. Permitamo-nos descobri-Lo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro O futuro da Humanidade – a saga de Marco Polo, de Augusto Cury, ed. Sextante. Em 19.4.2017.

terça-feira, 18 de abril de 2017

CUIDAR DOS QUE CUIDARAM DE NÓS!

Um filho levou seu pai a um restaurante para desfrutar de um delicioso jantar. O pai estava bastante velho e, também, um pouco fraco. Enquanto comiam, um pouco de comida, de vez em quando, caía sobre sua camisa e calças. Os outros convidados assistiam a cena com certo incômodo, como se, para eles, aquele não fosse o local adequado para estar aquele idoso. Mas, o jovem permaneceu totalmente calmo. Uma vez que ambos terminaram de comer, o filho, sem demonstrar estar envergonhado, ajudou-o com absoluta confiança e o levou ao banheiro. Lá limpou os restos de seu rosto enrugado, assim como os alimentos e manchas de suas roupas. Amorosamente, penteou-lhe os cabelos grisalhos e, finalmente, assentou seus óculos... Ao sair do banheiro, um profundo silêncio reinava no restaurante. Ninguém conseguia entender como poderiam ter passado por aquelas cenas de constrangimento tão naturalmente. O rapaz estava pronto para pagar a conta mas, antes de sair, um homem, também de idade, surgiu entre os convidados, e perguntou ao rapaz: -Você não acha que deixou alguma coisa aqui? 
O jovem respondeu, intrigado: 
-Não, não deixei nada. 
Em seguida, o estranho disse: 
-Sim, você deixou algo! Deixou aqui uma lição para cada criança, e de esperança para todos os pais! Muito obrigado. 
 * * * 
Uma das maiores honras é a de cuidar daqueles que cuidaram de nós. É um mecanismo natural da vida. Os mais fortes amparando os mais fracos e, dependendo da época da existência, estamos numa ou noutra posição. Nesse caso, há também uma postura de dívida. Não que o amor ame para depois cobrar, mas aquele que foi amado e cuidado, quando devidamente consciente de seus deveres, traz no seu peito esse espírito de retribuição. Por que relutamos tanto em compreender isso? Por que abandonamos pessoas quando concluímos que elas não servem mais para o que achamos que deveriam servir? Por que ainda damos tanto valor ao que o mundo chama de indivíduos economicamente ativos? Como se apenas esses tivessem valor e importância na sociedade. Como se aqueles que realizam trabalhos não remunerados, que são voluntários em tantas causas nobres, que cuidam da casa, dos netos, tivessem menos valor do que os primeiros. Uma sociedade que não fornece boas condições de vida para seus velhos, não se pode dizer civilizada. Pensemos nisso. Olhemos para os idosos de nossa família com mais ternura, paciência, gratidão e admiração. Ensinemos quando chegar o momento. Ouçamos quando for a hora. Calemos quando for preciso. Eles são livros de experiências para serem lidos e meditados. São jornadas de erros e acertos que nos ensinam a caminhar melhor. São almas no crepúsculo de mais uma existência, almas como eu e você, que desejam continuar participando do viver até o final, aproveitando tudo que Deus lhes permitir. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto que circula pela internet, sem menção a autor. Em 2.3.2016.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

FREI KOLBE

SÃO MAXIMILIANO KOLBE
O horror da guerra se espalhava por sobre a Europa... No início do outono de 1939, os nazistas tomaram a Polônia. Num vilarejo perto de Varsóvia viviam setecentos e sessenta e dois padres e irmãos leigos, no maior mosteiro do mundo. Dentre os padres, um se destacou pela grandeza de sua alma e pelo amor ao Cristo. Seu nome: Maximilian Kolbe. Os soldados de Hitler logo chegaram ao mosteiro. Frei Kolbe e os demais padres foram levados, mas logo retornaram ao mosteiro com uma condição: teriam que pregar somente o que Hitler ordenasse. Deveriam manter os poloneses calados, ignorantes e embrutecidos. Mas Maximiliam Kolbe era um padre diferente. Continuou pregando o que sempre pregara: as lições de Jesus. Não demorou muito e recebeu, secretamente, a informação de que seu nome constava na lista da Gestapo: estava para ser preso. Kolbe não tentou fugir. Temia o que poderia acontecer com os seus irmãos, caso não estivesse ali, quando os soldados o buscassem. Às nove horas da manhã do dia 17 de fevereiro de 1941, Frei Kolbe foi preso. Após passar vários meses detido nas prisões nazistas, foi considerado culpado pelo crime de haver publicado materiais impróprios e recebeu a condenação: remanejamento para Auschwitz. Logo que chegou ao campo de concentração, em maio de 1941, um oficial da SS informou-lhe que a expectativa de vida dos padres ali era cerca de um mês. Frei Kolbe teve que se submeter ao trabalho forçado, aos maus tratos, à má alimentação, e a todo tipo de humilhações. Numa manhã, um dos prisioneiros do Quartel 14 não estava presente à hora da chamada matinal. Havia fugido e não fora encontrado. Como era costume naquele campo, para cada um que fugisse, dez morriam, em represália. O comandante responsável dispensou os demais e ordenou que os prisioneiros do Quartel 14 se perfilassem. Era onde o padre Kolbe estava. E, examinando um a um pelos dentes, como se fossem cavalos, mandava que os velhos e doentes dessem um passo à frente. Um dos escolhidos não se conteve e gritou: 
-Minha mulher e meus filhos, que irão fazer? 
-Tirem os calçados, gritou o comandante, ignorando o desespero daquele homem. 
Deveriam marchar para a morte descalços. Frei Kolbe, desafiando o oficial, saiu de forma e adiantou-se até ele. 
- Alto! Gritou irado. O que quer este polonês comigo? 
- Eu gostaria de morrer no lugar de um condenado, respondeu Kolbe. 
- Por quê? - Indagou o comandante. 
- Porque estou velho e fraco, já não sirvo mais para coisa alguma. 
- Em lugar de quem você quer morrer? 
- No lugar daquele ali. - Respondeu o padre, apontando para o homem que, aos prantos, temia pela mulher e os filhos. 
Pela primeira vez, o comandante olhou Kolbe nos olhos: 
- Quem é você? - Perguntou. 
O prisioneiro, com brilho no olhar, fitou-o e respondeu: 
-Sou um padre. 
- Um padre! – Riu, satisfeito. 
Olhou para o assistente e consentiu. Este riscou o número do pai de família e o substituiu pelo de Frei Kolbe. 
- Tirem as roupas. - Gritou o oficial. 
- Cristo morreu despido na cruz, - pensou Frei Kolbe, enquanto tirava a roupa. É justo que eu sofra como ele sofreu. 
Do lado de fora do cubículo em que foram jogados para morrer de fome, se ouvia um cantarolar baixinho. Era o pastor generoso que conduzia os demais através das sombras do vale da morte. Porque os prisioneiros não morressem, e outros condenados fossem ocupar o local, um médico foi chamado para aplicar-lhes injeção letal. Frei Kolbe, qual esqueleto vivo recostado na parede, portava nos lábios um sorriso e, com os olhos fixos nalguma visão distante, estendeu o braço. 
 * * * 
Deus, que é todo poder e bondade, jamais abandona Seus filhos. Mesmo sob os céus cinzentos da guerra cruel, uma estrela luzia para iluminar a escuridão da ignorância e alentar os corações macerados pela brutalidade. Seu nome: Maximiliam Kolbe. 
Redação do Momento Espírita. Em 17.4.2017
http://momento.com.br

domingo, 16 de abril de 2017

CUIDAR DE SI MESMO

Como é que você vê o mundo ao seu redor? Se, de vez em quando, o mundo lhe parecer um tanto escuro, preste muita atenção, pois pode não ser bem assim. E para que você perceba que tudo depende do jeito que a gente vê, vamos contar uma pequena história. 
O jovem casal mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã que passavam em sua nova casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou no varal no qual a vizinha pendurava os lençóis lavados e comentou com o marido: 
-Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! 
O marido observou calado. Três dias depois, também durante o café da manhã, a vizinha pendurava seus lençóis e novamente a mulher comentou com o esposo: 
-Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! 
E assim, a cada três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. Passado um mês, a jovem esposa se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e, empolgada, foi dizer ao marido: 
-Veja! Ela aprendeu a lavar as roupas! Será que a outra vizinha lhe deu sabão? Por que você não fez nada, não é mesmo? 
O marido lhe respondeu calmamente: 
-Não, eu não lhe dei sabão nem fui ensiná-la a lavar roupas, meu bem. Acontece que hoje eu levantei mais cedo e lavei a vidraça da nossa janela! Creio que era a sujeira que impedia você de ver a brancura dos lençóis da nossa vizinha. 
 * * * 
Pois bem, se você estiver vendo apenas coisas negativas nas pessoas ao seu redor, talvez seja interessante dar uma olhada na sua vidraça. Tantas vezes o que pensamos ser uma mancha escura no vizinho, não passa de um ponto de vista equivocado ou de uma visão distorcida. A nossa visão de mundo, portanto, depende da janela através da qual observamos os fatos. Ela pode estar manchada pelo lodo da inveja, pela poeira da incompreensão, pelos respingos do orgulho, ou algumas nódoas de mágoa. Seria interessante que, antes de criticar, olhássemos primeiro a nossa situação: se estamos fazendo alguma coisa para contribuir ou se apenas nos limitamos a falar mal de coisas e pessoas. E podemos começar olhando para os nossos próprios defeitos e limitações para poder entender e compreender as deficiências do semelhante. Jesus chamou-nos a atenção dizendo que enxergamos facilmente o cisco no olho do próximo, mas não vemos a trave que tem no nosso. Por essa razão é importante que, antes de lançar qualquer comentário infeliz sobre os outros, olhemos primeiro se a nossa janela está bem limpa e transparente.
 * * * 
Todas as criaturas, sem exceção, estão mergulhadas nas Leis Divinas. Por isso, não devemos nos preocupar com as questões que não nos dizem respeito. Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, tudo vê e a tudo provê. Assim, se cuidarmos bem das nossas obras, da nossa semeadura, estaremos garantindo para nós mesmos um amanhã feliz. Redação do Momento Espírita, com base em história que circula pela Internet, sem menção a autor. Em 16.03.2009.

sábado, 15 de abril de 2017

CUIDANDO DO CORPO

Deepak Chopra
Deepak Chopra é médico formado na Índia, com especialização em Endocrinologia nos Estados Unidos, onde está radicado desde a década de setenta. Filósofo de reputação internacional, já escreveu mais de três dezenas de livros, sendo um dos mais respeitados pensadores da atualidade. A respeito do ser humano saudável, ele escreveu: Somos as únicas criaturas na face da Terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos! Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificadas por eles. Um surto de depressão pode arrasar nosso sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse. Nossas células estão constantemente processando as experiências e metabolizando-as, de acordo com nossos pontos de vista pessoais. Quando nos deprimimos por causa da perda de um emprego, projetamos tristeza por toda parte no corpo. A produção de neurotransmissores, por parte do cérebro, se reduz. Baixa o nível de hormônios. O ciclo de sono é interrompido. As plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos. Os receptores neuropeptídicos, na superfície externa das células da pele, se tornam distorcidos. E, até nossas lágrimas passam a conter traços químicos diferentes das lágrimas de alegria. Contudo, nosso perfil bioquímico é alterado, quando nos encontramos em nova posição. A ansiedade por causa de um exame acaba passando, assim como a depressão por causa de um emprego perdido. Assim, se desejamos saber como está nosso corpo hoje, basta que nos recordemos do que pensamos ontem. Se desejamos saber como estará nosso corpo amanhã, será suficiente que examinemos nossos pensamentos hoje. Abrir nosso coração para a alegria, às coisas positivas é medida salutar. Se desejamos gozar de saúde física, principiemos a mudar nossa maneira de pensar. Não foi por outro motivo que o Celeste Médico das nossas almas, conhecedor profundo de todas as leis que regem nosso planeta, foi pródigo em exortações como: 
Não vos inquieteis, dizendo: "Que comeremos" ou "Que beberemos", ou "Que vestiremos"? 
Pois estas coisas os gentios buscam. De fato, vosso Pai Celestial sabe que necessitais de todas estas coisas. Portanto, não vos inquieteis com o amanhã, pois o amanhã se inquietará consigo mesmo! Basta a cada dia o seu mal. Com isso, recomendava que não nos deixássemos abraçar pela ansiedade. E mais: Andai como filhos da luz. Ora, os filhos da luz iluminam, vibram positivamente, porque luz tem a ver com tudo de bom. Pensemos nisso e cultivemos saúde física. Afinal, necessitamos de um corpo saudável para bem atender os compromissos que nos cabem. Que se diria de quem não cuidasse de seu instrumento de trabalho? 
Redação do Momento Espírita, com dizeres do texto Mutantes, de Deepak Chopra e dos versículos 31, 32 e 34 do cap. 6 do Evangelho de Mateus. Em 19.03.2012.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

A AJUDA INESPERADA

Ele era o chefe do departamento de um grande hospital. Era o Dr. Figurão. Arrogante. Detestado pelas enfermeiras, por muitos dos seus colegas e auxiliares. Ele era um problema no hospital. Mas, quem lhe diria essa verdade? Certo dia, reuniram-se colegas, enfermeiras e demais profissionais para decidirem o que fazer com aquele homem. Ninguém mais o suportava. Em meio a críticas sem fim, uma enfermeira tímida, jovem, atreveu-se a dizer que gostava daquele médico. Os olhares a fulminaram. Adquirindo coragem, ela contou:
-Vocês não conhecem esse homem. Eu fico à noite. Esse homem faz suas visitas nesse período. Quando todos se vão, ele entra no quarto de um paciente, de forma arrogante. Quando sai, seu rosto está abatido. Entra no quarto seguinte, e quando sai, seu rosto está mais abatido. Quando sai do último quarto, ele parece devastado. Isso acontece todas as noites. 
Ante o relato que a todos espantou, disseram que ela devia tentar falar com ele. Ela relutou. Afinal, era só uma enfermeira. Temia a questão da hierarquia hospitalar. Dias depois, voltou ao grupo para relatar que, na noite anterior, ela o vira sair do último quarto. Era o quarto de um jovem que estava morrendo de câncer. O rosto do médico estava lívido, os ombros caídos. Ela se aproximara e lhe dissera:
-Meu Deus, como deve ser difícil.
O médico começara a soluçar. Depois a levara até a sala dele e despejara seu sofrimento, toda sua angústia. Contara que durante anos, enquanto seus amigos já ganhavam a vida, ele continuava a estudar. Sacrificara-se para se especializar no que fazia. Renunciara a sair com garotas, a passear e divertir-se. Dedicação total. Acreditara que realmente poderia ajudar alguém. E concluíra: 
-Agora, sou o chefe de um departamento. E todos os meus pacientes morrem. Não consigo ajudar ninguém. Pergunto-me todos os dias se terá valido a pena renunciar à felicidade pessoal, aos meus amigos, para resultar em nada. 
Ele se sentia um fracasso. Depois desse dia, todos passaram a olhar, de forma diversa, aquele médico. Como resultado do gesto daquela enfermeira, um ano depois ele buscou ajuda de uma colega do setor psiquiátrico. Havia se dado conta de que necessitava que alguém o auxiliasse a administrar todos aqueles sentimentos, para se sentir melhor. Ser melhor. Três ou quatro anos depois, ele havia se tornado um outro homem. Humilde, compreensivo, com grande dose de compaixão para com seus pacientes. Tudo porque uma enfermeira, um dia, teve a coragem de olhar o doutor figurão como um ser humano, durante dois minutos e lhe dirigir a palavra. 
* * * 
Quando tivermos que lidar com pessoas difíceis, lembremos de pensar nelas com amor, compreensão e compaixão. Se todos os colegas ou funcionários de uma unidade fizerem isso com alguém difícil, dia após dia, logo começarão a observar os resultados. Podemos mudar o que acreditamos impossível, se vibrarmos positivamente. Se, além disso, conseguirmos olhar o outro como um ser humano e tratá-lo como tal, teremos colaborado para a melhoria do mundo. Isso porque a melhoria do mundo depende dos resultados individuais de todos os que nele nos movemos, respiramos e agimos. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A cura no nosso tempo, do livro O túnel e a luz, de Elisabeth Kübler-Ross, ed. Verus. Em 14.4.2017.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

CUIDANDO DAS PEQUENAS COISAS

Anne Sullivan e Helen Keller
Ela foi, sem dúvida, uma das mulheres mais notáveis que o mundo já conheceu. Nasceu normal mas, aos dezoito meses, teve uma febre infecciosa, provavelmente escarlatina e ficou cega, surda e muda. No entanto, graças a uma professora, Anne Sullivan, ela se tornou escritora, filósofa, conferencista. Anne apareceu na vida de Helen Keller quando Helen tinha seis anos. Ensinou-lhe o alfabeto dos mudos, que soletrava na mão da menina. Ensinou-a ler e escrever em Braille. Aos dez anos, Helen aprendeu a falar. Cursou a Universidade e formou-se em filosofia, com louvor. Foi a primeira deficiente visual e auditiva a completar um curso universitário. Sua professora a acompanhou por cinquenta anos. Na Universidade, soletrava em sua mão as palavras. Aos vinte anos, Helen escreveu sua obra mais famosa, A história de minha vida, traduzida para cinquenta idiomas e para o Braille. Dominou os idiomas francês, latim e alemão. Aos vinte e sete anos, fez sua primeira aparição em público, como oradora. Dedicou-se à defesa dos direitos de mulheres pobres e deficientes. Nas conferências, ela falava sobre a situação dos cegos, surdos-mudos, chamando a isso um dos pequenos problemas da Humanidade. Havia outros mais graves. Respondia a perguntas e fazia os ouvintes rirem, descontraídos, com seu senso de humor e suas respostas inesperadas. Pois esta mulher excepcional, que fez viagens internacionais, proferindo conferências em trinta e cinco países, tinha atenção para coisas pequenas. Coisas que alguns de nós, talvez, acreditemos que não têm muita importância. Quando sua professora se casou, levou Helen para morar com ela. Por muitos anos, não tiveram criada alguma, por falta de recursos. Helen aprendeu a fazer tudo o que podia, para ajudar a sua professora. Enquanto Anne levava o marido de carro à estação, para que ele tomasse o trem para o seu trabalho, Helen tirava a mesa. Depois, lavava a louça, arrumava os quartos. Mesmo que montanhas de cartas, livros e artigos para escrever a aguardassem, a casa era a casa. Alguém tinha de fazer as camas, colher flores, catar lenha, pôr o moinho de vento a andar e pará-lo quando a caixa d´água estivesse cheia. Enfim, tinha em mente essas coisas imperceptíveis que fazem a felicidade da família. Afirmava ela: Quem gosta de trabalhar sabe como é agradável a gente estar ajudando as pessoas a quem estimamos, nas tarefas diárias de casa. 
 * * * 
Quando tanto nos eximimos de tarefas simples, procurando destaque; quando outros alegamos que não podemos perder tempo com coisas pequenas, Helen nos dá o exemplo. Ela era aplaudida, recebia condecorações, era homenageada, mas, era preciso ajudar nas tarefas do lar. Com certeza, ela aprendera muito bem a lição evangélica de que quem é fiel nas coisas pequenas, o será sempre nas coisas grandes. E tudo fazia com alegria e prazer, afirmando: Não peçamos tarefas iguais às nossas forças. Mas forças iguais às nossas tarefas. Você sabia? Você sabia que o Lions Club Internacional declarou, em 1971, que o dia 1º de junho passaria a ser lembrado como o dia de Helen Keller? E que, nesse dia, os leões do mundo inteiro implementam projetos de serviços relativos à visão? Tudo em nome de uma menina deficiente visual e auditiva, que cuidava das coisas simples com o mesmo carinho que dedicava às grandes causas que defendia. 
Redação do Momento Espírita, com base na biografia de Helen Keller, publicada por The International Association of Lions Clubs. Em 2.6.2014.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

DUAS JANELAS

A cada dia que despertamos, abrimos duas janelas para o mundo. São os nossos olhos que se abrem para a poesia que se renova a cada manhã. As janelas, no entanto, não são todas iguais. E não falamos da cor da íris, do tamanho dos olhos, mas sim, da capacidade de ver. 
Existem pessoas dotadas de acurada visão, sem, contudo, conseguirem perceber detalhes de importância. 
Existem outras, desprovidas da visão física, que abrem suas janelas com atilada percepção. 
Cada um pode e vê o que deseja, aquilo para o que se interessa. Há os que veem, no céu azul, as aves que parecem pousar no ar. Acompanham seu voo, sua faina no sentido de buscar alimento, água, repouso. Desconsertam-se com a capacidade desses pequenos alados que, sem consultarem o relógio, conseguem despertar ao alvorecer e se recolher ao anoitecer. Alguns abrem suas janelas e encontram águas cantantes, onde a vida se move, desenvolve e reproduz. Veem o desabrochar das rosas nos canteiros e nos vasos bem dispostos, que recebem diariamente o cuidado de mãos atenciosas. Outros veem o trabalho dos que se desdobram pelo seu semelhante. Ali, uma jovem conta histórias para ilustrar a infância. E veem as expressões dos rostos, alternando-se da surpresa ao deslumbramento. Adiante, um jovem se esmera em ensinar a sua arte de domínio da bola, da técnica da natação. No palco, ao ar livre, uma bailarina clássica toma de meninas da periferia e as inicia na arte da dança, permitindo que expressem a poesia que lhes vibra na alma. Crianças vão para a escola. Com suas mochilas às costas, elas passam sorridentes, alegres, e correm, gritando felicidade. Nos muros, os pardais pulam e de lá se lançam, equilibrando-se nos ramos das árvores próximas. Na primavera que tece versos, eles constroem ninhos, preparando o lar para os filhotes que virão, logo mais. Gatos sonolentos ficam abrindo e fechando seus olhos, sonhando com os pássaros que poderão abocanhar. Borboletas coloridas dançam no ar. Jasmineiros exalam perfumes. Às vezes, ouve-se o cantar de um galo. Será meio-dia? Um avião passa, conduzindo pessoas a lugares distantes. Cada uma leva um sonho, cada uma cumpre uma tarefa. E tudo, tudo está certo. No lugar exato, no momento preciso.
 * * * 
Quando as minhas janelas veem tudo isso, sinto-me feliz. Feliz por participar deste magnífico concerto. De ser uma parte atuante. Sei que, em alguns dias, sou como as delicadas cordas do violino, emitindo notas suaves. Em outros, pareço mais instrumento de percussão, com barulho quase ensurdecedor. É minha alma que se emociona com o que presencia através das minhas janelas. E, então, desejo me adestrar um tanto mais nessa magnífica arte de aprender a olhar para poder descobrir maiores tesouros, nesse imenso e maravilhoso mundo de Deus. 
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O mundo se encontra repleto de belezas. O que nos falta ainda é a exata percepção de tudo que nos cerca. A nos adestrar nessa capacidade de ver com profundidade, é que nos devemos esmerar. Daí, olharemos para o arco-íris e não veremos somente as sete cores que nossa visão física detecta. Encontraremos todas as gradações que a alma sonha, o poeta idealiza, o Espírito vê. E tudo nos falará de Deus, suprema bondade, suprema perfeição, que a cada alvorecer supera todas as nossas expectativas, apresentando-nos outras maravilhas para nosso deleite. Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita. Disponível nos livros Momento Espírita, v. 7 e 11 e no CD Momento Espírita, v. 24, ed. FEP. Em 12.4.2017.

terça-feira, 11 de abril de 2017

ANTES DA NOSSA PARTIDA

Somos perecíveis enquanto seres vivos, transitando pela Terra. Imortal somente o Espírito. Apesar dessa transitoriedade, ainda continuamos a dar importância a uma série de coisas que não importam tanto assim. Deveríamos ter aprendido a reservar espaços na agenda e energia para as pequenas coisas que nos fazem felizes e dão sentido à vida. Possivelmente por isso é que alguém escreveu um poema de despedida sobre uma pessoa que, ao encarar a morte, realiza um balanço sobre os ontens deixados para trás e o amanhã que não viverá mais neste mundo. Quando o amanhã começar sem mim, e eu não estiver lá para ver, se o sol nascer e encontrar seus olhos cheios de lágrimas por mim, eu gostaria que você não chorasse da maneira que chorou hoje, enquanto pensava nas muitas coisas que deixamos de dizer. Sei quanto você me ama, e quanto amo você. E cada vez que você pensa em mim, sei que sente a minha falta. Mas quando o amanhã começar sem mim, por favor, tente entender que um anjo veio e chamou meu nome, tomou-me pela mão e disse que meu lugar estava pronto, nas moradas celestiais. E que eu tinha de deixar para trás todos os que eu tanto amava. Mas quando me virei para ir embora, uma lágrima escorreu-me pela face. Eu pensei que não queria morrer. Eu tinha tanto para viver, tanta coisa por fazer, e pareceu quase impossível que eu estivesse indo sem você. Pensei em nossos dias passados, nos dias bons e nos dias ruins, em todo o amor que vivemos, em toda as alegrias que tivemos. Se eu pudesse reviver o ontem ainda que só por um instante, eu diria adeus e lhe daria um beijo. E talvez visse você sorrir. Só então descobri que isso não aconteceria, pois o vazio e as lembranças ocupariam meu lugar. Quando pensei nas coisas deste mundo, vi que posso não voltar amanhã. Então pensei em você e meu coração se encheu de dor. Mas quando cruzei os portões do céu eu me senti em casa. Quando Deus olhou para mim e sorriu, ele disse:
- “Isto é a eternidade e tudo o que lhe prometi. Agora sua vida na Terra é passado mas aqui uma vida nova começa. Eu prometo que não haverá amanhã, mas que o hoje durará para sempre. Então, que tal me dar a mão e compartilhar da minha vida?” 
Logo, quando o amanhã começar sem mim, não pense que estamos separados, pois todas as vezes que pensar em mim, eu estarei dentro do seu coração. 
 * * * 
Não esperemos a morte chegar para desejar fazer as coisas que nos deixam felizes. Ouçamos o nosso coração e não esperemos a hora de partir para dizer: Amo você! Você é importante na minha vida! Minha vida sem você não teria sido tão maravilhosa! Não economizemos gestos e palavras para manifestar a nossa ternura, o nosso carinho para com aqueles que amamos. Obrigado, minha mãe! Parabéns, meu filho! Você lembra daquele dia? Lembremos: depois da nossa morte, a empresa em que trabalhamos continuará, o trabalho prosseguirá, alguém o fará. Mas ninguém nos poderá substituir no coração dos nossos amores. Por isso, aproveitemos, intensamente, a estadia ao lado deles. Nenhum de nós sabe o dia, nem a hora da partida. 
Redação do Momento Espírita, com transcrição do poema Quando o amanhã começar sem mim, de David M. Romano, que circula pela internet. Em 11.4.2017.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

CUIDANDO DA ALMA

RAUL TEIXEIRA
Pais são criaturas de excepcional grandeza. Por amarem seus filhos, estão sempre à volta deles, como se fossem satélites em torno de um planeta. Preocupam-se para que o lar não padeça carências ou necessidades de sorte alguma. Esgotam-se para manter a limpeza doméstica, entregando-se a faxinas constantes. Seu objetivo é que os filhos tenham um ambiente saudável no lar. E sempre a mesa estará posta à hora, as roupas limpas e passadas, flores na janela da casa e do coração, perfumando o domicílio. Envolvem-se em lutas financeiras, a fim de que os seus não experimentem a falta do alimento, da vestimenta, do remédio e do lazer. Empenham-se para que não falte a escola, com a glória dos seus conhecimentos, a fim de ilustrar o intelecto dos seus rebentos. Enfim, são múltiplas as preocupações para que os filhos vivam bem, afastados de qualquer carência material. Também para que gozem de segurança onde quer que estejam. Tudo isso é comovedor. E quem quer que cresça, à sombra de pais assim amorosos, somente tem motivos para ser grato e crescer. Crescer, aproveitando tudo que lhe é ofertado. No entanto, existe uma questão da qual os pais, por vezes, passam desatentos. É a questão do seu contato com Deus, levando junto os seus amores. A oração, com todas as suas amplas possibilidades de alegrias, é esquecida. A oração, que é a porta de acesso ao diálogo com o Pai Criador. Oração que é fortaleza moral, propiciando o mergulho da alma no âmago de Deus. Seria tão bom que, da mesma forma que cuidamos da família, nos itens higiene, alimentação, vestuário, escolaridade e lazer, conseguíssemos cuidar das nossas relações espirituais. Então, nossa família estaria muito bem atendida em todos os planos. Seria importante que levássemos nossa família para as praias da oração. Também que criássemos o hábito da leitura de pequena página que convide ao amor, ao bem e à paz. Poderão ser rápidos instantes em que juntos se possa estabelecer alguns comentários, inclusive sobre em que momento da vida aquela mensagem melhor se ajustará. Isso fará com que cresçamos em família. Assim, em meio a tantas providências tomadas em favor dos filhos, do seu conforto e proteção, tenhamos a feliz iniciativa de ensiná-los a estabelecer sintonia com Deus. É fundamental ensinar aos nossos filhos que, do mesmo modo que todos precisamos do banho, da comida, do repouso e do remédio, igualmente temos necessidade de alimentar nossa alma e iluminar nossa inteligência. Se, na qualidade de pais, assim procedermos, quando um dia, nosso Pai Criador nos indagar a respeito do que fizemos dos Espíritos que nos foram confiados como filhos, poderemos responder com a alma cheia de contentamento: Eu os conduzi ao encontro do Mestre. Eu os aproximei dos Seus ensinos. Eu os ensinei a orar e a buscar, na sabedoria do Evangelho, orientação para suas vidas. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 50 e 54 do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 15.03.2011.

domingo, 9 de abril de 2017

CUIDADOS DE DEUS

O hábito de reclamar é muito difundido. Em toda parte, as criaturas reclamam. Filhos em relação aos pais, cônjuges entre si, patrões e empregados, vizinhos, amigos e meros conhecidos. Reclamões não faltam. Já pessoas genuinamente gratas são um tanto raras. Quem presta atenção no que falta costuma não notar o que tem. Esse mau hábito é especialmente triste em se tratando da Divindade. Porque Deus é o Senhor do Universo. Dele procedem todas as bênçãos e oportunidades. Ele cria todos os Espíritos e lhes viabiliza existências incontáveis a fim de que se aprimorem. Cerca-os dos mais ternos cuidados. Providencia-lhes corpos, vidas e amores. Inclusive cuida de boicotar seus desatinos mais graves, para que não se compliquem em excesso. Entretanto, curiosamente, os homens ainda se sentem no direito de reclamar do Eterno. Imaginam ter direito a mais do que recebem. Desejam tranquilidade, riqueza, poder, fama e beleza. Contudo, nesse querer fantasioso, esquecem-se de notar e agradecer o muito que recebem. Olvidam a bênção dos tempos de paz, nos quais podem perseguir seus sonhos. Não valorizam a família na qual nasceram. Os pais que lhes cercaram os primeiros passos de cuidados. As escolas nas quais foram matriculados. Os professores que os instruíram. A saúde do corpo, a existência em um país pacífico, os amigos... Acham natural possuir tantos tesouros. Ocorre que nem todos podem desfrutar simultaneamente dos mesmos dons. A vida na Terra constitui uma estação de aprendizado. Nela, as experiências variam ao Infinito. Há os que experienciam a saúde, enquanto outros vivem a enfermidade. Os com facilidades materiais e os de vida mais modesta. As posições se alternam no curso dos séculos. O papel de cada homem é ser digno e fraterno na posição em que se encontra. Utilizar os tesouros que recebeu da vida, a fim de crescer em talentos e virtudes. E, especialmente, entender que o próximo é um irmão de caminhada. Ele também deseja ser feliz e viver em paz. É igualmente um filho de Deus. Tendo isso em mente, urge repensar os próprios hábitos. Identificar os inúmeros cuidados recebidos de Deus. Ser grato por todos eles e cessar de reclamar por bobagens. Quanto à gratidão, ela tem uma forma muito especial de se manifestar. Consiste no amparo ao semelhante em estado de sofrimento ou abandono. A bondade para com o próximo é uma forma de gratidão que o homem pode oferecer ao seu Criador. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 14.05.2012.

sábado, 8 de abril de 2017

OS CUIDADOS DE DEUS

A mãe dava as primeiras lições de fé e entendimento a respeito de Deus para a filha, que lhe acompanhava, atentamente, o raciocínio. Buscando o linguajar infantil, escolhendo as palavras para que lhe fossem compreensíveis, falava a mãe com cuidado e gentileza a respeito de Deus, Criador do Universo. O Pai de todos nós. Ao ouvir a mãe lhe explicando que Deus é nosso Pai, a menina arregalou os olhos, surpresa. Buscando ter certeza de que havia compreendido, perguntou:
-Pai de todo mundo? Pai de cada um de nós? 
-É isso mesmo. - Respondeu a mãe, contente pelo aprendizado que se fazia. 
-Então, conclui a criança, deixando a mãe sem resposta, diante da sagacidade da pequena: Ora mãe, se ele é Pai de cada um de nós, como é que Ele cuida de todo mundo?
* * * 
A profundidade da reflexão infantil muitas vezes não encontra resposta em nossa mente, quando não nos habituamos a refletir um pouco a respeito das coisas de Deus. Quantas vezes nos queixamos, a respeito da vida, dos dissabores, das desilusões e desafios, tão pesados para nossos ombros? Nessas horas nos deixamos levar pelo pensamento pessimista de quem se imagina sozinho no mundo, como se ninguém cuidasse de nós, como se ninguém se importasse conosco. Esquecemos que aprendemos a chamar Deus de Pai. Esquecemos de que não é o pai figurativo e imaginário, mas sim Aquele que cuida e Se preocupa com cada um de Seus filhos. Jesus, procurando nos explicar as coisas de Deus, nos leva a raciocinar de forma simples, ao dizer que nem os maus, quando um filho lhes pede pão, são capazes de lhe dar uma serpente e assim, tanto mais se poderá esperar do Pai que está nos Céus. Com esse raciocínio nos fortalece a fé, nos aconselhando a deixar a cada dia as suas necessidades, não nos preocupando com aquilo que não está ao nosso alcance, pois Deus provê a todas as nossas necessidades. E, quantas vezes os cuidados de Deus nos chegam através de um amigo, de um conselho certo nas horas da intemperança? Em outros momentos, são os cuidados de Deus que nos chegam através de um encontro aparentemente fortuito ou de um telefonema inesperado, que nos faz mudar de rumo, nos demove de um propósito infeliz ou renova nossa paisagem íntima. Mesmo que, muitas das vezes, os desígnios de Deus passem despercebidos por nós e lhes demos o nome de acaso, sorte ou coincidência, sempre estará a Providência Divina a cuidar dos Seus filhos. Os cuidados de Deus com cada um de nós são tão preciosos que, antes de nascermos, Ele nos designa um Espírito amigo que irá velar por nossa caminhada, nos proteger, ser nosso anjo da guarda. Irá nos cuidar em nome dEle. Só mesmo um Pai seria capaz de tantos cuidados e desvelos para com um filho. E, mesmo que nos apresentemos ora rebeldes ou ainda ingratos para com tanto cuidado, Ele será sempre o Pai amoroso a aguardar nosso amadurecimento a fim de que consigamos entender o quanto Ele nos ama.
Redação do Momento Espírita. Em 20.04.2011.