terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

AS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI

As crianças de hoje surpreendem pela sua incrível capacidade de lidar com engenhocas tecnológicas. Assustam adultos de mais de trinta anos que sentem algum desconforto frente ao computador, a botões e máquinas eletrônicas sofisticadas. Os garotos da atualidade assistem em tempo real ao que ocorre em locais distantes de onde se encontram e estão habituados a conquistas científicas. Tudo isso leva pais a se considerarem ultrapassados, endeusando os filhos ou considerando-os verdadeiros gênios. Por mais que ajam com certa autonomia, as crianças de hoje, como as de ontem, têm necessidade dos adultos para lhes dizer o que fazer e o que não fazer. Os pequenos gênios fazem birra, esperneiam e até fazem greve para conseguirem o que desejam. Precisam de um basta que interrompa sua diversão com o game quando a hora é a da refeição, do banho ou da escola. Necessitam receber não para regular a sua rotina e sua saúde. Precisam de disciplina. E disciplina se faz com limites. É um erro tratar as crianças simplesmente como cérebros ansiosos por mais e mais conhecimentos. Elas necessitam de experiências afetivas, motivo pelo qual não podem dispensar as brincadeiras com outras crianças. Assim como elas precisam da imposição dos limites pelos adultos, necessitam dos conflitos com seus amiguinhos para aprenderem a se relacionar com pessoas e coisas. O mundo necessita de homens capazes de amar, de respeitar o semelhante, de reconhecer as diferenças, de pensar, muito mais do que de gênios sem moral, frios e calculistas. A ciência, sem sentimento, tem causado males e tragédias. Preocupemo-nos, pois, em atender a busca afetiva dos nossos filhos. Permitamos que eles convivam com outras crianças, que criem brincadeiras, usando a sua criatividade. Busquemos ensinar-lhes, através da experiência diária, os benefícios do afeto verdadeiro, abraçando-os, beijando-os, valorizando seus pequenos gestos, ouvindo-os com atenção. A criança aprende o que vivencia. O lar é a primeira e fundamental escola. É nele que se forma o homem de bem que ampliará os horizontes do amor, nos dias futuros. Ou o tirano genioso que pensa que o mundo deve girar ao seu redor e somente por sua causa.
 * * * 
Mesmo a criança considerada um gênio precisa de cuidados elementares para crescer emocionalmente. Para se tornar, de fato, uma pessoa com capacidade de criar, produzir e desfrutar junto com os outros, a criança precisa de afeto. As crianças de hoje não amadurecem emocionalmente mais rápido do que as de antigamente. Elas continuam a ter medo do desconhecido, a se alegrarem com pequenas coisas, a se sentirem infinitamente tristes pela perda de um animal de estimação. São todas experiências importantes para a formação e o aprendizado emocional do ser humano, devendo ser valorizadas em todos os seus detalhes. 
Redação do Momento Espírita com base em artigo intitulado Cérebros e corações para o Século XXI, do jornal Gazeta do povo de 2 de janeiro de 1999. Em 20.07.2010.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

REALIZADORES DE SONHOS

PROFESSOR MÁXIMO RIBEIRO NUNES
Máximo Ribeiro vem de uma família de agricultores do Vale do Ribeira, região ao sul do Estado de São Paulo. Na infância, trabalhou na lavoura e passou anos sem frequentar a escola. Começou a estudar ao se transferir para a região urbana do Vale, a fim de trabalhar em um complexo industrial. Aos trinta e dois anos, concluiu o ensino médio, através de um curso supletivo. Formou-se em matemática, pedagogia e fez duas pós-graduações na área educacional. Foi professor por mais de uma década. Em 2013, tornou-se diretor de uma escola municipal em Cajati, também no Vale do Ribeira. Logo percebeu a dificuldade dos alunos em efetuar as operações de matemática básica. Então, utilizando jogos e materiais reciclados, passou a promover atividades estimulativas ao aprendizado matemático. As consequências logo se fizeram presentes: melhorou o desempenho escolar dos estudantes e aumentou a nota da escola no índice estatal que mede o desempenho dos alunos. Afirma o educador:
- Claro que minha trajetória tardia de estudos teve momentos difíceis. Todavia, meu sonho sempre foi maior que qualquer obstáculo pelo caminho. Hoje, ajudar os meus alunos a realizarem os seus sonhos é o meu maior objetivo. 
 * * * 
BELMIRO CASTOR E
THEREZA ELISABETH CASTOR
Uma escola de rico para os pobres. Tal era o lema do casal Thereza e Belmiro Castor. Ambos decidiram usar o tempo livre para criar uma instituição gratuita de ensino para crianças da cidade de Piraquara, zona rural da capital paranaense. Queríamos uma escola que tivesse toda a estrutura e o atendimento das escolas particulares para atender crianças necessitadas, diz Thereza. O sonho se realizou: o Centro Educacional João Paulo II começou a funcionar em 2010, financiado por um grupo de amigos do casal. Nos dias atuais, atende aproximadamente trezentos alunos, com ensino integral para crianças de três a cinco anos. E, aqueles de seis a quatorze anos, após o ensino regular, frequentam o Centro, que lhes oferece aulas de português, matemática, literatura, além de teatro, caratê, futebol, artes, música e dança. Incontáveis são as histórias colecionadas pela educadora e que comprovam o impacto do projeto na vida da comunidade. A visão de futuro das crianças e de seus familiares passou a ser outra, afirma ela. Acompanhar os sonhos delas se realizando é a nossa maior conquista.
 * * * 
Muitas vezes dizemos que carecemos de condições materiais, físicas e até mesmo intelectuais para realizar o sonho de alguém. E não nos faltam desculpas e um grande elenco de motivos para afirmar a nossa incapacidade. Entretanto, os sonhos de nossos semelhantes são de tantos matizes, de tantas dimensões que sempre existirão aqueles que seremos capazes de concretizar. Não fechemos os olhos! Sejamos realizadores de sonhos! Se não nos acreditarmos capazes, não encontrarmos tempo ou as condições necessárias, lembremos das palavras do Mestre da Galileia: Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis. Pensemos nisso! Façamos isso! 
Redação do Momento Espírita, com base nos dados biográficos de Máximo Ribeiro e Theresa Elisabeth Castor, com transcrição do capítulo 25, versículo 40 do Evangelho de Mateus. Em 27.2.2017.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

CRIANÇAS, NOSSOS MESTRES

Vivemos uma época deveras interessante. Ao lado de muito desamor, sucedem-se exemplos de altruísmo e solidariedade. Independentemente de serem ou não religiosas, as pessoas estão descobrindo que não há como ser feliz ao lado da desgraça alheia; que não há como gozar os bens da Terra, cega e loucamente, enquanto muitos carecem do pouco; que não se pode falar em paz no mundo se não a cultivamos no próprio jardim. Enfim, que o homem somente pode alcançar a felicidade que idealiza se aprender a colaborar, construindo junto. Nesse empenho, com esperança crescente, se veem associações, empresas, instituições investirem em qualidade de vida, em sustentabilidade, em cooperação mútua. Somos, na Terra, um grande ser coletivo. O que a um afeta, ao outro alcança. Foi, portanto, com alegria, que assistimos a uma experiência realizada com crianças de variadas idades. Aos pares, meninos e meninas foram conduzidos a uma mesa, frente à qual se assentaram. A orientação que lhes foi dada é de que receberiam um lanche e, por isso, à sua frente, havia um prato coberto por uma redoma. Assentados, cada qual aguardava a autorização para se servir. Quando, finalmente, retiravam a redoma protetora, descobriam que, em cada dupla, um recebera um prato vazio. As reações foram as mais diversas. Houve quem risse, quem se espantasse. Crianças de poucos meses de idade simplesmente brincaram com a redoma, mais preocupadas em descobrir o que aquela coisa podia fazer do que com a ausência de conteúdo no prato. Uma ação, no entanto, foi constante nas duplas: a divisão do sanduíche. Ninguém brigou. Ninguém chorou. Ninguém reclamou. A divisão foi feita das mais variadas maneiras. Houve quem repartisse o pão, comparasse os pedaços e desse o menor ao companheiro. Mas deu. Houve quem desse o sanduíche ao outro que, então, procedeu à divisão. Pedaços grandes, menores, maiores, irregulares. Mas tudo, entre risos e espontaneidade, oferecido, entregue, compartilhado. E saboreado com prazer. 
 * * * 
Como será que reagiríamos, os adultos, frente ao prato vazio? Invocaríamos, de imediato, os direitos iguais e faríamos o discurso a respeito da injustiça? Entraríamos em depressão porque fomos deixados de lado, humilhados, esquecidos? Por que o outro foi agraciado com o saboroso sanduíche e nada nos foi ofertado? Como agiríamos ante o prato vazio também nos diz de como recebemos a adversidade quando nos chega. Esbravejamos, dizemo-nos abandonados pela Divindade, desistimos de lutar? Ou, como as crianças, abrimos um sorriso, olhamos para o lado, acreditando que sempre haverá alguém para nos atender a dor, a necessidade? Que um amigo está ao nosso lado e nos ofertará o que tenha. Mudemos nosso foco. Menos reclamação, mais ação. Menos exigências e mais doação. Repartir o pouco, compartilhar o muito. Aprendamos com as crianças e abramos um sorriso, iluminando a face, iluminando a vida. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. Em 30.3.2015.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

AS CRIANÇAS

Elas se apresentam em tamanho, pesos e cores sortidas. Podem trazer a cor negra, branca, amarela. Têm dedinhos delicados e a inocência de quem ainda não se inteirou, nesta vida, de como realmente é o mundo. Elas se encontram por toda parte: em cima dos móveis, embaixo das mesas, dentro de caixas, no quintal. Penduram-se em árvores, correm, saltam. São a verdade de cara suja, a sabedoria de cabelos despenteados e a esperança de calças caindo. Têm uma disposição inigualável. Parece que nunca se cansam. Sua curiosidade é tanta que jamais conseguimos responder a todas as suas perguntas. Conseguem ter a imaginação de um Júlio Verne, a timidez da violeta, a audácia da mola, o entusiasmo do busca-pé e suas mãozinhas são mais rápidas, quase sempre, do que os olhos de quem está a cuidar delas. Adoram doces, o Natal, o dia do aniversário. Curtem as reuniões com os amigos e quando estão brincando, esquecem de comer, beber. Não têm tempo para outra coisa que não seja aproveitar a presença dos amiguinhos. Admiram os reis e os livros de figuras coloridas. Gostam do ar livre, da água, dos animais grandes, dos automóveis e dos aviões. Adoram os feriados e os finais de semana porque eles permitem que os seus amores estejam muito mais tempo com elas. Levantam cedo. Quase despertam o sol e estão sempre dispostas a aprender coisas novas. Entre seus brinquedos, é possível encontrar um barbante, alguns botões, caixinhas e latinhas. Até uma fruta verde mordida. E é claro, entre tantas raridades, um objeto diferente, que elas encontraram em algum lugar e depositaram no baú do seu tesouro. São criaturas mágicas. Qualquer um pode fechar a porta do seu quarto de ferramentas, para que elas não entrem. Mas não se consegue fechar a porta do coração. Elas sempre descobrem um jeito de entrar e se acomodar. Podemos colocá-las para fora do nosso escritório, porque temos um trabalho importante para concluir. Mas é impossível retirá-las do nosso pensamento. Podemos retornar para casa cansados, desanimados por tudo que fizemos e pelas tantas coisas que não deram certo. Podemos adentrar o lar com o pensamento no projeto que precisamos concluir com rapidez e cuja solução está bastante difícil. Mas, bastará que elas venham ao nosso encontro, gritando: Papai! Mamãe! e pulem em nosso pescoço para que o cansaço desapareça e renovemos a nossa disposição íntima. Essas criaturinhas se chamam crianças e Deus as colocou ao nosso lado para nos dizer, todos os dias, que o mundo tem jeito, que o amor existe e que o homem, em sua essência, é bom.
 * * * 
Frequentemente, os Espíritos renascem no mesmo meio em que já viveram, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas. É assim que encontramos Espíritos amigos entre os filhos que nos chegam. Suas presenças, em nossas vidas, se constituem em verdadeiro bálsamo. Eles retornam para nos brindarem com o seu amor, outra vez, para nos presentearem com a sua presença física. Por isso mesmo, não desprezemos os gestos de carinho, as palavras doces desses que a Divindade colocou em nossas vidas e que nos chamam de papai e mamãe. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O que é um menino?, datado de 30.09.1998, cedido pelo ouvinte Juir Pedro Pizzatto, de Curitiba, Pr. Em 08.03.2010.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

UM PODER PENSANTE

ALBERT EINSTEIN
Um dos maiores gênios da Humanidade, Albert Einstein, definiu Deus como um poder pensante e atuante fora do Universo, sem o qual nada pode ser explicado. E acrescentou: Quanto mais penetramos nos segredos da natureza, tanto maior se torna o nosso respeito por Deus. Como ele, várias personalidades destacadas com o Prêmio Nobel, ou seja, mentes privilegiadas, afirmaram a sua crença em Deus. O filósofo Jean Paul Sartre que, ao longo de sua carreira, foi um ateu militante, aproximando-se de sua morte, então cego, decrépito, mas ainda em plena posse de suas faculdades, afirmou sua crença em Deus. Eu não sinto, disse ele, que eu sou o produto do acaso, uma partícula de poeira no Universo, mas alguém que foi esperado, preparado, prefigurado. Em suma, um ser que somente o Criador poderia colocar aqui, e essa ideia de uma mão criadora se refere a Deus. Por sua vez, o Prêmio Nobel de Física de 1927, Arthur Compton, comentando sobre o primeiro versículo da bíblia no Chicago Daily News, de 12 de abril de 1936, afirmou seu ponto de vista: Para mim, a fé começa com a percepção de que uma Inteligência Suprema trouxe o Universo à existência e criou o homem. Não é difícil ter essa fé, pois é incontroverso que onde há um plano, há inteligência. Um Universo ordenado e desdobrado testifica a verdade da declaração mais majestosa jamais proferida: “No princípio Deus criou os céus e a Terra.” 
 * * * 
A.J.CRONIN
 Alguns vivemos sem nos darmos conta dessa Providência que vela por nós. Nem da realidade de sua existência. Por vezes, contudo, basta um fato para nos despertar. Assim ocorreu com o médico escocês A. J. Cronin. Narra ele que uma explosão, em uma mina de carvão, soterrou quatorze mineiros. Durante cinco dias eles permaneceram sepultados, enquanto a população local orava. Quando a turma de salvamento abriu o caminho subterrâneo, ouviu, saindo do fundo dos escombros, uma débil melodia. Era o hino: Oh, Deus, socorro nosso desde antigas eras. Fora assim que aqueles homens haviam conseguido manter sua coragem. Quando foram retirados fracos, mas vivos, a grande multidão que aguardava, do lado de fora, entoou o mesmo hino que ecoou jubiloso pelo estreito vale. Aquele grande volume de som envolveu Cronin com uma força emocional indescritível, levando-o às lágrimas, pela demonstração da fé humana em Deus. E foi esse um dos fatos que fez com que aquele médico viesse a reconsiderar sua percepção a respeito da existência desse Ser Supremo, Criador e Senhor do Universo. 
 * * *
Quando as noites estreladas nos proporcionam o êxtase ante a sua contemplação; quando assistimos à viagem dos planetas que giram no espaço, em suas órbitas específicas, sem se chocarem; quando presenciamos o milagre da vida, que se renova, em cada aurora, sem se reprisar de igual forma, somos levados a crer nesse poder pensante, que rege a orquestra do Universo em expansão. Então, com o salmista, reconhecemos que os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos. 
Redação do Momento Espírita, com dados do Le Nouvel Observateur, 10-16th march 1980; do Hope now: the 1980 Interviews, University of Chicago Press; do artigo A lei de adoração, de José Couto Ferraz, da Revista Internacional de Espiritismo, de outubro de 2016, com citações do cap. 1, versículo 1, do livro bíblico Gênesis e do cap. 19, versículo 1, do livro bíblico Salmos. Em 24.2.2017.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A CRIANÇA E O SEGREDO

CECÍLIA MEIRELES
Num bonde de Botafogo, Rio de Janeiro, conversam uma jovem senhora, mãe de uma menininha que a acompanha, e sua amiga. As duas vão falando animadamente sobre assuntos diversos, e no meio delas, a criança se sente um tanto desnorteada. Volta a cabeça de um lado para outro, ao mesmo tempo que sublinha cada frase com uma expressão de inteligência ou incompreensão. Quando o assunto está em plena efervescência, a criança intervém com um aparte. E daí em diante a conversa, passando de um lado para o outro, inevitavelmente pára, a uma objeção da pequena interlocutora. A certa altura da conversa, a mamãe começa a ficar um tanto inquieta em relação às observações da menina. Mais adiante, já aponta para a paisagem, a ver se ela se distrai. Mas a menina está muito interessada no assunto, e a amiga da mãe parece estar muito satisfeita com isso. O bonde anda mais um pouco, enquanto a criança faz seu comentário pertinente. Então, a mamãe sorri para a amiga, como quem diz 
-Você sabe, é preciso calar a boca desta tagarela... e pondo a mão em concha no ouvido da menina, diz qualquer coisa para a amiga, acompanhada de um olhar muito confidencial. 
-Como é? - a menina não entendeu bem. 
E torna a mãe a repetir o segredinho, enquanto a mão enluvada diz que não, com o indicador autoritário e irritado. Como conclusão do armistício, um beijinho rápido e inesperado nos caracoizinhos dourados enrolados na testa. A amiga sorri, a mamãe sorri, e a menina olha para uma e para outra, meio desconfiada e desapontada, sem dizer mais nada. A criança pode ter uns cinco anos. Quando tiver mais dez a mamãe um dia lhe perguntará, entristecida: 
-Mas, minha filha, que segredo é esse que você me esconde? 
Já não se lembrará que ela mesma lhe ensinou a calar... Que dividiu a vida em duas partes: uma que se pode, outra que não se pode mostrar. E a menina, que antigamente assistia aos exemplos de casa, está praticando, agora, aqueles exemplos... Quem nos traz tais preocupações com a educação infantil é a ilustre poetisa brasileira, Cecília Meireles, em uma de suas muitas crônicas sobre educação. A autora é muito feliz em apontar um costume muito comum nas famílias, e que gera conseqüências desastrosas, em muitas ocasiões. Por vezes, sem perceber, pais e educadores ensinam os filhos a calar, a esconder sentimentos e a mentir. Seus exemplos ensinam sempre mais do que qualquer retórica inflamada. As crianças fitam a conduta dos pais, e se inspiram nela, já que são sempre seu primeiro e maior referencial. Precisamos redobrar o cuidado, e manter com os filhos, desde tenra idade, uma relação franca, sem segredos e sem mistérios. Explicar sempre a razão dos não e dos sim, que serão freqüentes e naturais, faz-se condição indispensável para construir uma boa relação de respeito e amizade. O caminho do porque sim e pronto, ou do porque não e chega, é mais cômodo para os educadores, porém, é perda de oportunidade de educar com profundidade. Cultivar o diálogo aberto e franco sempre, é cultivar o amor em sua expressão mais bela e luminosa. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. A criança e o segredo, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova fronteira. Em 12.08.2008.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

CRIAÇÃO DE UMA TRAGÉDIA

A mãe chegou na casa da filha, no meio da tarde, para uma visita de surpresa. Trazia um brinquedo novo para a netinha de pouco mais de um ano. Tocou a campainha por três vezes e ninguém atendeu à porta. Revolveu a bolsa e retirou a chave da casa, uma cópia que lhe fora dada para eventual emergência. Abriu a porta e entrou. Silêncio na casa. Chamou pela filha, pela netinha, e nada. Foi verificando os cômodos um a um e se tornando inquieta. Na sala, havia brinquedos espalhados por toda parte. O sapatinho da criança estava jogado sobre o sofá. No quarto, a bolsa com fraldas, mamadeira e outros utensílios próprios para bebê estava meio aberta e esquecida. No banheiro, um vaso quebrado se encontrava dentro da pia, ainda com vestígios de terra espalhada. O coração parecia agora arrebentar dentro do peito. Ela podia senti-lo bater forte na garganta, enquanto as têmporas começavam a latejar. Deixou escapar um grito de desespero: 
-Sequestraram minha filha e minha neta. 
Em prantos, telefonou para o marido. Como falava muito rápido e chorando, ele não entendeu muito bem o que estava acontecendo, a não ser que era uma tragédia. Telefonou para alguns parentes pedindo que fossem acudir a esposa, enquanto ele acionaria a polícia. Afinal, pelo que pudera compreender, alguém entrara na casa da filha, roubara objetos, deixara muitas coisas espalhadas pela casa toda e sequestrara sua filha e neta. Logo foram chegando amigos, parentes próximos. A casa ficou repleta de pessoas. Ninguém se atrevia a tocar em nada até a chegada da polícia. A avó começou a passar mal. Por ser portadora de um problema cardíaco grave, foi levada às pressas para um hospital. Pouco depois, chegava a polícia. Sirene, carros freando depressa, cerco se instalando, armas apontadas. O que acontecera, afinal? Enquanto os policiais adentravam na casa para verificação, uma jovem mulher chegou com uma criança ao colo e foi perguntando: 
-O que está acontecendo em minha casa? Por que tanta gente? 
Era a dona da casa que fora até à farmácia, distante algumas quadras, para comprar um medicamento para a pequena que estava iniciando um quadro febril. Os brinquedos estavam espalhados porque a criança estivera a brincar até há pouco. O sapatinho estava esquecido sobre o sofá porque ela decidira levar a criança nos braços, para não se retardar em demasia e resolveu não calçá-la. O vaso fora quebrado pela criança, quase à hora da saída, motivo pelo qual a jovem mãe simplesmente o recolhera e colocara dentro da pia do banheiro. Tudo simples, quando bem explicado. E enquanto se retiravam os policiais, parentes e vizinhos curiosos, o avô se despediu da pequenina e rumou para o hospital, a fim de socorrer a esposa internada, com cuidados especiais para evitar um infarto. 
* * * 
Manter a calma em toda circunstância é muito importante, para se evitar transtornos maiores. Olhar com cuidado e não tirar conclusões apressadas nos evitam problemas sérios. Quando falamos muito no mal e vibramos negativamente, guardamos maiores possibilidades de, a qualquer sinal de quebra da rotina, de saída do habitual, considerarmos que algo trágico ou irreparável aconteceu. Orar sempre e vigiar com constância são recomendações que atravessaram os séculos, desde os tempos em que o Senhor Jesus as pronunciou e os Evangelistas as registraram, convidando-nos a analisar com ponderação e agir com calma. 
Redação do Momento Espírita. Em 25.08.2010.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A CURA QUE SE DESEJA

Dr. Bernie Siegel
Impressionantes casos de curas são relatados por especialistas e estudiosos da área médica. Um eminente oncologista americano, Dr. Bernie Siegel, narra o caso muito curioso de uma paciente que o procurou. Ela morava a mais de mil quilômetros de distância da sua clínica. Quando recebeu o diagnóstico de que teria somente poucas semanas de vida, pediu para consultar com Dr. Siegel. Tentaram a princípio, demovê-la da ideia. Ela estava muito doente, a clínica ficava muito distante, ela já tinha um diagnóstico. Ela insistiu, conseguindo seu intento. Dr. Siegel a examinou e lhe disse que ela chegara tarde demais. Ele era médico e como médico, constatara que nem cirurgia, nem quimioterapia poderiam curá-la. Seu destino era mesmo a morte, a etapa final da natureza biológica. A mulher estava irredutível e passou a crivá-lo de perguntas. Ela teria uma chance em dez? Com a resposta negativa, ela foi prosseguindo com as perguntas: Teria uma chance em cem? Em mil? Em um milhão? Bom, em um milhão de pacientes, é provável.- Falou o especialista. De olhos brilhando, com firmeza, ela argumentou: Então, doutor, cuide de mim, porque eu sou essa paciente no meio do milhão. Dada a firmeza da mulher, ele iniciou o tratamento. Quando foi estudar seu histórico médico, Dr. Siegel deu-se conta de que o câncer de que ela era portadora, começara exatamente quando ela entrou em um processo litigioso de divórcio. Ela ficara tão triste, que desejara morrer, para se vingar do marido. Foi quando gerou o câncer. Trabalhou o médico essa questão com ela: Morrer por causa de uma pessoa? E motivou-a. Ela se submeteu à terapia psicológica de otimismo, enquanto fazia quimioterapia. Resultado final: ela se curou. E Dr. Siegel, que tem a certeza de Deus e de que o organismo é uma máquina extraordinária, conta que calcula o tempo de vida de seus pacientes pela forma como eles encaram a enfermidade. Há os que optam pela terapia psicológica, porque creem na vida e desejam lutar. São os que vivem mais. Há os que simplesmente se entregam, não desejando lutar. São os que perdem a batalha mais rapidamente, isto é, a vida. 
 * * * 
Se você está enfermo, se recebeu um diagnóstico de difícil sobrevida, não se entregue. A morte chegará, com certeza, pois nenhum ser vivo a ela escapa. Mas poderá chegar mais tarde. E sem tantos traumas. Encare a enfermidade e decida-se por viver o melhor possível, emocionalmente falando. Ame-se, ame aos que o cercam, ame a vida. Não importa o tratamento a que você se submeta, ele terá total, parcial ou nenhuma eficácia, conforme o deseje você. Pense nisso e decida o que almeja para si. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25 do livro Um encontro com Jesus, de Divaldo Pereira Franco, compilado por Délcio Carlos Carvalho, ed. LEAL. Em 20.2.2017.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

CRESCER

Nas anotações do Novo Testamento, o Evangelista Lucas registrou que, após o episódio em Jerusalém em que Jesus extasiara aos doutores da lei com Sua sabedoria, Ele Se retirou para Nazaré com Seus pais, Maria e José. Em seguida ele escreve: ...e Jesus crescia em sabedoria, idade e graça, diante de Deus e dos homens. Crescer é uma preocupação humana. Quando uma criança nasce, logo os pais passam a se preocupar com seu saudável desenvolvimento. Esmeram-se em dietas alimentares, procurando balancear proteínas, vitaminas e sais minerais, de forma que nada falte ao pimpolho. Produtos sem agrotóxicos, sem conservantes. Consultam especialistas para ver se tudo está em ordem. Se ele cresce de forma regular, se o peso está correto. E tão logo possam, o colocam na escola para que se instrua e aprenda muitas coisas. Quando casais jovens se encontram, não é raro se observar um quase duelo em que cada qual procura mostrar como o seu filho é mais inteligente do que o filho do outro. Se o filho se interessa por esportes ou se destaca nas artes, para logo investem os pais tudo o que podem, sem medir esforços, por vezes esquecendo até que estão tratando com uma criança. O conceito é de genialidade, de insuperável, de melhor. Crescer é, enfim, o objetivo do ser humano. Crescer fisicamente, crescer no intelecto, amadurecer. Um detalhe, neste contexto, não deve ser esquecido: o de que o filho é um Espírito reencarnado. E, como Espírito, necessita também, e muito, das coisas espirituais. Desde cedo, ensinemos aos nossos filhos sobre a existência de Deus, de Jesus, dos objetivos da vida. Trabalhemos os valores morais, aprimorando-lhes o caráter. Ensinemo-lhes a serem verdadeiros, honestos, corajosos. A utilizarem da bondade para com os menos favorecidos da sociedade, a perdoarem, a compreenderem. Muito mais do que homens intelectuais, o mundo necessita de homens sábios, o que equivale a dizer, criaturas que utilizem os seus conhecimentos para o bem da comunidade. Homens que vejam nos outros homens seus irmãos e assim os tratem. Homens que saibam que estão passando pela Terra, numa rápida viagem de aprendizado. Que logo mais retornarão à pátria verdadeira, ao mundo invisível e deverão aprontar sua bagagem que se deve constituir de algo mais além de medalhas conquistadas no esporte, aplausos conseguidos na sociedade, troféus angariados por seus esforços. Devem levar dentro d'alma brilhando, como pérolas preciosas, as boas ações que realizaram, as virtudes que adquiriram e o amor que exercitaram. 
 * * * 
A alma humana pode ser comparada a um solo a ser cultivado. Como agricultores atenciosos, cabe-nos zelar pela produtividade do jardim e do pomar das almas dos nossos filhos. Preparar a terra do coração, revolver os canteiros da mente, semear as boas sementes é nosso dever. Florescer, perfumar e frutificar é a parte que compete aos Espíritos que nos são confiados, como filhos. Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento Espírita, v. 20, ed. Fep. Em 20.10.2011.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

CRESCENDO JUNTOS

Ao nos prepararmos para receber um filho em nossos braços, uma das grandes preocupações é a questão da educação. Perguntamos-nos que tipo de educação iremos oferecer, quais valores haveremos de transmitir. Se analisarmos sob outro ângulo, podemos perceber o quanto educar um filho é capaz de nos transformar, de nos educar indiretamente. Quando os filhos chegam ao lar, despertam em nós sentimentos adormecidos em nossa alma. Mostram-nos um amor antes desconhecido. É hora de aprendizado e também de muitos desafios. É o momento de treinar o desprendimento, a tolerância e a doação de si próprio. Passamos a desejar a conquista de muitas virtudes que ainda não possuímos. Quando são pequenos, naturalmente, a principal preocupação é com as questões básicas de sobrevivência. Manter a pequena criança alimentada e protegida, fazendo com que se sinta amada através dos diversos cuidados. Quando ela começa a interagir com o mundo, nos brindando com os primeiros sorrisos, é um dos momentos em que começamos a ficar mais atentos ao nosso comportamento, às atitudes e à fala. Afinal, serviremos de modelo. Passamos a repensar o nosso vocabulário. Analisamos palavras ou expressões que possam ser substituídas ou simplesmente abolidas. Ficamos mais atentos ao tom com o qual nos referimos aos outros, à maneira como tratamos o outro, ao conteúdo dos diálogos. Isso porque estamos sendo observados o tempo todo. A coerência entre palavras e atitudes talvez seja uma das questões mais cobradas pelos pequenos. Cobram-nos, com frequência, que façamos exatamente o que falamos, do contrário, nossa palavra perde o valor. Viver a verdade, se antes não era essencial, a partir dessa nova etapa, passa a ser. E à medida que vão crescendo, formando a sua própria identidade ensinam-nos muito. Quando a vida nos dá oportunidade, mostram atitudes tão maduras que chegam a nos surpreender. Fazem-nos questionar a nossa conduta diante de diversas situações. Fazem-nos enxergar que poderíamos ter agido de outra forma, que aquela talvez possa não ter sido a melhor escolha. Apontam nossos erros, nos colocam frente nossas próprias fraquezas e dificuldades pessoais. E, a partir do momento em que reconhecemos essas imperfeições, principiamos a desejar a mudança e trabalhar para conquistá-la. 
 * * * 
Como pais, temos a missão de educar os filhos, orientá-los no caminho do bem e prepará-los para o mundo. Tenhamos a certeza de que os filhos vêm também com essa missão, a de nos educar. Eles nos impulsionam ao caminho do autoconhecimento, do aprimoramento e da superação de várias dificuldades. Ensinam-nos a abnegação e nos despertam os mais nobres sentimentos. Se nos entregarmos de coração a essa Divina tarefa, estaremos também nos educando e, ao final, sairemos moldados, lapidados e aperfeiçoados. Entre erros e acertos, aprendemos muito com nossos amados filhos. Carreguemos em nossos corações a gratidão a Deus, que nos permite, através da maternidade e paternidade, mais essa oportunidade de crescimento pessoal. 
Redação do Momento Espírita. Em 05.08.2011.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

CRER EM DEUS

Abraham Cressy Morrison

Alguns de nós cremos em Deus, por simples atavismo religioso. Assim nos ensinaram nossos pais. Deus existe e tudo criou. Outros cremos porque a razão nos diz que não pode haver tanta harmonia, beleza e sincronia em todo o universo, sem algo ou alguém que a tudo presida. O professor Cressie Morrisson afirma que ele crê em Deus por vários motivos. Um deles é o equilíbrio que existe no ecossistema. Diz ele: Sabemos que os insetos respiram através de tubos. Na medida em que os insetos crescem, os tubos não crescem, o que faz com que eles morram, por falta de ar. Assim acontece com a cigarra. Ela não morre de cantar, mesmo porque o barulho que identificamos como seu canto, se trata do ruído que ela produz atritando as patas. Quando ela cresce, os tubos não lhe dão o ar necessário e ela morre. Se os insetos crescessem e, com eles, crescessem os tubos, poderíamos ter formigas do tamanho de elefantes e pulgas com corpos de rinocerontes, tornando impossível a vida, na face da Terra. E, continua o professor, alguém pensou em elaborada lei para manter o equilíbrio na natureza. Uma lei que funcionou bem na Austrália, há alguns anos. Naquele país, os ventos impediam a agricultura e teve-se a ideia de criar sebes, para proteger a semeadura nascente. Assim, passaram a cultivar uma espécie de cacto. Logo, por não terem inimigo natural, eles ocupavam uma área maior do que o território do império britânico. Usaram todos os métodos possíveis e nada acabava com os cactos, que continuavam a proliferar, sem medida. Os ventos carregavam o pólen. Reuniram-se os entomologistas na capital australiana e chegaram à conclusão de que deveriam procurar um inseto que se alimentasse de cactos e que fosse excelente reprodutor. O pequeno animal foi descoberto no Nordeste brasileiro e exportado, em quantidade, para a Austrália. Pouco depois, os entomologistas novamente se preocuparam. Os cactos estavam desaparecendo. Mas, e os besouros? Não se tornariam uma praga no país? Foi aí que a sábia lei do equilíbrio entrou em ação, estabelecendo cactos para besouros e besouros para cactos. Por isso, diz Cressie Morrisson, eu creio em Deus. David, no capítulo XVIII dos Salmos canta: Os céus proclamam a glória de Deus e o universo fala da obra das Suas mãos. E o telescópio Hubble nos permite ver até um bilhão de estrelas, apenas na nossa galáxia. Cada qual com seu brilho especial. Nosso sol, uma estrela de quinta grandeza, avança pelo infinito, com seus planetas, em uma jornada interminável, pelo universo. Ante tanta grandeza, não se pode senão crer nesse Deus, sábio, inteligência suprema, que tudo criou, estabelecendo leis perfeitas, que zelam pela harmonia e beleza de todo o universo.
 * * * 
Um pai humano, mesmo que destituído de sentimentos superiores, providencia o pão, o agasalho, o medicamento, o socorro para o filho, planejando-lhe a felicidade. O Pai Celestial, muito mais sábio e generoso, brinda todos os tesouros imagináveis aos Seus filhos. Na Sua magnanimidade, enche de luzes o espaço infinito e, com a mesma grandeza, veste a singela flor do campo das cores mais suaves aos tons mais vibrantes. 
Redação do Momento Espírita, com base em palestra de Divaldo Pereira Franco, Porque creio em Deus e no cap. 6, do livro Lições para a felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 25.2.2015.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

ANJO GUARDIÃO

Pelos caminhos da vida, um amigo invisível nos acompanha: nosso anjo guardião. Designado por Deus para acompanhar nossos passos na longa jornada pela Terra, esse Espírito nos aconselha, auxilia e pacifica nos momentos de crise. Também em nossas vitórias, quando sorrimos felizes, ao nosso lado está o divino emissário, em silenciosa prece de gratidão a Deus. Devemos pensar nele como um irmão mais velho, um companheiro que nos dedica a amizade mais pura e desinteressada. Estar em contato com esse bom companheiro é essencial. E podemos fazê-lo pela prece, em momentos de meditação. Para escutá-lo, é preciso silenciar a mente, acalmar o tumulto interior. Afinal, quem consegue ouvir algo quando tudo em volta é ruído? Assim, com a mente calma, ouviremos a voz do anjo amigo. Não será uma voz física, mas a voz interna, que ressoa apenas na alma. Os conselhos desse amigo celeste se farão ouvir pela intuição. É que Deus não quer que o anjo guardião faça o nosso trabalho maior, que é nos tornarmos pessoas melhores. A nossa tarefa de autoaprimoramento é individual, intransferível. A figura do anjo guardião é um recurso que Deus utiliza para nos dar apoio. Mas a tarefa é nossa. E isso acontece para que cada um de nós tenha o mérito pelas boas obras e atitudes que pratica. É o nosso livre-arbítrio, nossa liberdade de escolher o bem, o belo e o amor. Deus deseja a nossa felicidade. Ele nos dotou de força de vontade, inteligência e sensibilidade para que todos nós possamos progredir intelectual e moralmente. Se outra pessoa tomasse decisões por nós, qual seria o nosso mérito? Dessa forma, também não aprenderíamos as lições que a vida oferece. O fogo da experiência nos engrandece: traz maturidade, compreensão, paciência. Na imensa escola que é o mundo, somos estudantes que têm deveres a cumprir, conteúdos a aprender. Nesta escola, há outros mais adiantados, que ajudam os que estão iniciando. Esses são os anjos guardiães ou Espíritos protetores. Eles não nos substituem, nem tomam as rédeas de nossa vida. Eles sugerem, aconselham, consolam. E como fazem isso? Quando falamos com eles? Fazem isso por sugestão mental e pela intuição. Também nos aconselham quando estamos dormindo. Sim, nessa hora em que estamos libertos do corpo, entramos em contato com o mundo espiritual. E nele vive nosso anjo guardião. Por isso os Espíritos protetores são sempre mais adiantados. É que precisamos de sua sabedoria para nos orientar. São sábios, pois somente um sábio poderia respeitar o livre-arbítrio quando seu protegido faz enormes tolices e sofre por causa delas. É esse Espírito protetor que nos ouve nas horas calmas, quando aparentemente falamos para as paredes; quando lamentamos as oportunidades perdidas; quando admitimos a nossa imperfeição. Há coisas que falamos apenas para nós mesmos. Mas Deus as ouve. E determina ao Espírito amigo que também as escute. Nessas horas, quando a solidão nos alcança, a tristeza desaba sobre nossas cabeças e o desânimo se faz presente, o anjo de guarda nos abraça. Enlaça a nossa alma cansada, embala o nosso sono. Suas lágrimas regam nossa estrada, seus sorrisos iluminam nossos dias. Porque a missão dessa alma generosa é seguir conosco e nos amar. 
Redação do Momento Espírita. Em 17.2.2017.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

CRENDO EM DEUS

Há um pensamento popular que diz que pouco importa se você não acredita em Deus. O importante é que Deus sempre acredita em você. E há uma grande verdade nisso. Se hoje alguém afirma que não acredita em Deus, será um processo momentâneo. Logo mais, nessa ou em próxima existência, do lado de cá ou do lado de lá da vida, perceberá o equívoco e, mais maduro, irá entender que Deus existe. Afinal, alegam esses, nunca a ciência provou a existência de Deus. Para crer nEle, afirmam os materialistas, é necessário ter fé. Porém, esquecem eles de refletir que tampouco a ciência conseguiu provar que Deus não existe. Logo, para crer na não existência de Deus, para ser materialista, também é necessário ter fé. Assim, entre as duas questões de fé, reflitamos com a razão. Podemos não conseguir provar a existência ou ainda compreender a essência de Deus, mas conseguimos ver as obras de Sua Criação, os reflexos de Sua atuação. Como explicar que o acaso seja capaz de fazer com que a matéria, poeira esparsa no Universo, aglomere-se e gere planetas, vida, inteligência? Como explicar a infinitude dos astros no Universo, bailando no oceano cósmico: planetas, galáxias, nebulosas, como um relógio preciso e harmonioso? Como explicar que uma única célula, aliando-se a outra, dê origem a um organismo de alta complexidade, formado por trilhões de células, com as mais variadas especializações? E ainda, como explicar que esse mesmo organismo seja capaz de criar, imaginar, se emocionar e amar, somente como fruto do acaso da natureza? Como falar das mágicas da natureza, como o instinto dos animais, que faz espécies já adultas buscarem as mesmas nascentes, praias, regiões, onde nasceram, para também se acasalarem, perpetuando a espécie? Acaso as letras do alfabeto, jogadas a esmo, poderão, sem a intervenção do intelecto e da criatividade de um poeta, se transformarem em versos de delicada beleza? Basta olhar as obras da Criação para entender a grandiosidade de Deus. Com esse entendimento, o rei hebreu Davi escreveu em um de seus salmos: Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Embora nossa capacidade intelectual e emocional tenha dificuldades para compreender que é Deus, podemos afirmar ser Ele a inteligência suprema, a causa primeira de todas as coisas do Universo. Ou, conforme sintetiza João, o Evangelista, Deus é amor. E basta. A partir disso, cabe a cada um de nós, filho de Deus, viver conforme Sua proposta. Cabe a cada um de nós exercitar e fomentar o amor em nossa intimidade. Será através do amor vivenciado e cultivado em nós que passaremos a compreender e entender a Deus. O entendimento de Deus virá quando nosso coração se encher dEle, amando-O acima de todas as coisas e amando ao próximo como a nós mesmos, tal como nos recomenda Jesus. Quando alcançarmos esse patamar, nossa alma estará plena de esplendor, tendo absorvido os luminosos raios do seu Pai e Criador. 
Redação do Momento Espírita. Em 26.9.2013.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

SABER MORRER

Morrer. Desse destino, nenhum ser humano escapará. E, no entanto, como tememos esse momento! Com que dor a maioria de nós pensa no instante da morte. É que fomos ensinados a temer a morte. Ela nos é apresentada como sinônimo de lágrimas, instante de trevas, definitiva separação dos seres amados. Abismo e tristeza. Aprendemos que a morte se faz de luto e mistérios, névoa e saudade. Mas é preciso se preparar para a chegada da hora final. Afinal, a cada dia se reduz nossa estada na Terra. Desde que nascemos, cada respiração assinala a diminuição de nosso tempo no planeta. Porque o ritmo da vida material nos envolve, quase sem perceber, deixamos de lado a lembrança de que caminhamos mais um passo em direção à morte. O fim é apenas do corpo físico, pois a alma – a essência do que somos – esta existirá para sempre. Os séculos correrão, mas nós... nós sobreviveremos. Nessa longa estrada que é a vida, muito iremos aprender. Outros amores, parentes, lugares e situações irão enriquecer a nossa experiência. E muitos outros corpos servirão de instrumento para o nosso aprendizado. Por isso, nada de demasiado apego ao corpo. Ele é importantíssimo, mas é uma ferramenta de trabalho. Nele temos apenas um auxiliar para a nossa educação. Com a ajuda desse corpo, vivemos na Terra, construímos uma família e nos relacionamos com outros seres humanos. Ele é essencial para a vida em sociedade que burila o nosso Espírito. É que no contato com as outras pessoas temos a oportunidade de exercitar paciência, tolerância, solidariedade e ética. Enfim, pôr em prática gestos e situações que são puras manifestações de amor. E não é esse o objetivo maior de nossa vida: descobrir, exercitar e vivenciar o amor? Nada há a temer na morte quando a vida é plena em amor, quando os dias são perfumados pela bondade, quando a consciência é reta e o dever cumprido. Quem vive assim – de coração sossegado e plantando alegrias – aguarda que a vida cumpra seu ciclo natural. Para este, a hora da morte é serena. Abrirá os portais de um mundo novo, cheio de descobertas: a Casa do Pai Celeste. Um homem de bem morre como alguém que descansa após um dia de trabalho bem feito. Não tem apego a nada, pois sabe que deve devolver a Deus tudo o que recebeu. A renovação é a regra geral da natureza. Quando a morte chega é a hora de devolver ao mundo o corpo frágil, que se misturará às águas e à Terra. Será consumido, alimentará micro-organismos. Outros seres viverão a partir dali. E o homem que usou aquele corpo estará longe: abrirá os braços para o infinito. Seus olhos contemplarão estrelas, luzes, cores e formas nunca sonhadas. Seguirá com o coração em festa. Pronto para novas experiências, disposto a aprender e a amar. O poeta Rabindranath Tagore, Prêmio Nobel de Literatura, escreveu sobre a própria morte: É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs. Eu já devolvi as chaves de minha porta E desisto de qualquer direito à minha casa. Fomos vizinhos durante muito tempo E recebi mais do que pude dar. Agora vai raiando o dia E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro, apagou-se. Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada. Não perguntem o que levo comigo: Sigo de mãos vazias e coração confiante. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17 e no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 15.2.2017.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O BAMBU CHINÊS!

O bambu chinês (bambusa mitis) é uma planta da família das gramíneas, nativa do Oriente. Destacamos aqui uma particularidade muito interessante, relativa ao seu crescimento. Depois de plantada a semente desse incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente cinco anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo. Durante cinco anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu. O que ninguém vê, é que uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo cuidadosamente construída. Então, lá pelo final do quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir a altura surpreendente de vinte e cinco metros. 
 * * * 
Quantas coisas em nossa vida são similares ao bambu chinês... Trabalhamos, investimos tempo, esforço, dedicação e, às vezes, não vemos resultado algum por semanas, meses ou anos. Quem sabe, se lembrarmos desta lição que a natureza nos dá, através do bambu chinês, teremos a paciência necessária para esperar o tal quinto ano. Assim não deixaremos de persistir, de lutar, de investir em nós mesmos, sabendo que os frutos virão com o tempo. Muitos ainda somos imediatistas, desejando o retorno fácil, a conquista instantânea. Esquecemos que todas as grandes e valorosas conquistas da alma demandam tempo, exigem esforço de muitos e muitos anos e, às vezes, de muitas vidas. Esse hábito de não desistir de nossos objetivos, de continuar tentando, de não se abalar perante os inevitáveis obstáculos, constitui uma virtude. Continuar, persistir, manter constância e firmeza, fazem parte da importantíssima virtude da perseverança. A perseverança é o combustível dos vencedores. Mas não dos vencedores mundanos, de vitórias superficiais e transitórias. Mas daqueles que vencem a si mesmos, que vencem dificuldades no anonimato. Tomas Edison, homem perseverante, afirmou que nossa maior fraqueza está em desistir, e que o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez. E quantas centenas de vezes ele tentou fabricar sua lâmpada, sem sucesso... E o mais interessante é que as muitas tentativas frustradas lhe davam mais forças ainda. Eu não falhei. – Dizia ele. Encontrei dez mil soluções que não davam certo. Em outro momento afirmou que os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro: senso comum. Aprendamos com esses expoentes que muito conseguiram, não vislumbrando apenas os louros da glória, ou apenas admirando contemplativamente. Respeitemo-los por suas aquisições valorosas, e enxerguemos o caminho todo que trilharam até conseguir seu sucesso. 
 * * * 
Não asseveres: É-me impossível fazer! Não redarguas: Não consigo! Nunca informes: Sei que é totalmente inútil aceitar. Nem retruques: É maior do que as minhas forças. Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 39, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 14.2.2017.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

CRENÇAS E SERVIÇOS

Ao longo das idades, os homens têm guerreado em nome das diversas crenças. Por não adorarem a Deus de forma idêntica, agridem-se mutuamente. Afirmando amar ao Senhor da vida, destroem-se uns aos outros, em disputas sangrentas por entendimentos diferentes acerca de pontos religiosos. Em nome do Deus, que afirmam servir, erguem imensas muralhas, distanciando-se dos que O interpretam de maneira diversa. Assim fecham-se as criaturas ao verdadeiro amor, separando-se em doutrinas várias. E, no entanto, o mais importante não é crer, é ser. Ser cristão autêntico. Pasteur afirmava não crer em Deus, mas deu a sua vida a bem da Humanidade, mais do que muitos dos que se dizem cristãos. Albert Schweitzer era protestante. Ofereceu a sua vida em Lambarené, na África, em favor dos seus irmãos negros a quem amou até a exaustão. Poderia ter permanecido na Europa, que o aplaudia tanto nos discursos inflamados quanto nas apresentações artísticas, ao piano. Madre Teresa de Calcutá era católica e foi servir a Jesus nas vielas abandonadas do mundo, atendendo os pobres mais pobres, nunca indagando em que eles acreditavam. Francisco Cândido Xavier tornou-se um servidor da Humanidade, disseminando as luzes da Boa Nova, intérprete dos Espíritos luminares que se tornou. Irmã Dulce, na Bahia, ergueu-se como a mãe dos aflitos. Aos treze anos deixou os amigos das brincadeiras para atender mendigos e enfermos. Nunca mais parou. Ao morrer, em 1992, deixou erguido um hospital de mil e cem leitos, que continua atendendo diariamente a muitas pessoas. Padre Damião de Vesteur, jovem ainda, embrenhou-se na ilha de Molokai e foi atender aos seus irmãos portadores de hanseníase. Dava-lhes os remédios para as suas feridas e ulcerações físicas bem como o conhecimento de Jesus, de quem era embaixador. Tanto os amou que desejou tornar-se um deles e o dia em que descobriu ser portador da enfermidade, saiu a cantar de alegria pelas vielas da ilha. Dos laboratórios ao interior dos templos, das Universidades aos locais mais infelizes, os que simplesmente amam, seguem Jesus, embora, por vezes, afirmem desconhecê-Lo. Jesus prossegue sendo o grande farol que ilumina o mar dos tormentos, o oásis de bem-aventuranças que a todos recebe, o oceano da paz que a todos dulcifica. 
 * * * 
Em certa oportunidade, os Apóstolos foram informar a Jesus que havia um homem que curava os enfermos, em nome Dele. Mas, como esse homem não pertencia ao colegiado apostólico, os Apóstolos lhe disseram que ele deveria deixar de exercer as curas. A resposta de Jesus foi a seguinte: 
-Não o proíbam. Ninguém que realize curas em meu nome, pode falar mal de mim, portanto, todo aquele que não é contra nós, é por nós. 
Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 9, versículos 36 a 39 do Evangelho de Marcos. Em 28.09.2010.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

A CRENÇA EM DEUS

Dana Tierney
O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não é fruto da educação, nem resultado de idéias adquiridas. A prova disso é que esse sentimento é universal e o encontramos mesmo entre selvagens. Esse sentimento instintivo a respeito da existência de um Ser Superior nos afirma que Deus existe. Foi isso que Dana aprendeu com seu filho. Quando ela mesma era criança, não conseguia entender algumas coisas que lhe ensinavam. Por exemplo, perguntava se os anjos ficavam tocando música no céu, como é que as nuvens conseguiam sustentar os pianos? Ou então, como é que Jesus poderia ajudar alguém ficando preso a uma cruz com pregos enfiados em Suas mãos? Porque não encontrasse as respostas adequadas, ela abandonou a religião e passou a não acreditar em Deus. Casou, tornou-se mãe e nunca a questão religiosa foi tratada em seu lar. Agora, sozinha com seu filho de 4 anos, ela estava ansiosa por notícias de seu marido. Ele partira para o Iraque, convocado pelo Exército. Ela temia que ele não voltasse. Estranhamente, o pequeno Luke falava calmamente com seu pai ao telefone. Certa noite em frente à TV, ela ouviu a entrevista de um soldado que estava de licença para se casar. Ele dizia ter medo de voltar para o Iraque, porque aquilo tudo era muito perigoso. Pelo canto do olho, Dana viu que Luke, sentado também em frente à TV juntou os dedinhos e baixou a cabeça por uns segundos. O que é que você está fazendo, filho? Ele não quis contar. Mas, depois de alguns minutos, repetiu o gesto. Ela insistiu: Filho, você não precisa me contar se não quiser. Mas se quiser, estou ouvindo. O menino cravou nela os olhos límpidos e falou baixinho: Estou rezando pelo papai. Ela ficou desconcertada. A forma como criara seu filho o fazia sentir vergonha por rezar por seu pai, na sua própria casa. Como a semente da fé fora parar no coração de seu filho ela desejava saber. Por isso, perguntou quando ele começara a acreditar em Deus. Eu não sei, foi a resposta do garoto. Sempre soube que Ele existia. A jovem mãe se deu conta que a fé havia encontrado um caminho até o coração de seu filho. Uma fé incondicional. O garoto orava e guardava a certeza que Deus traria seu pai de volta. E o trouxe. Contudo, se algo houvesse acontecido a ele, Luke saberia que seu pai estaria esperando por ele, em algum lugar, além desta vida. Uma fé que o faz ter absoluta certeza que tudo é possível. E que, ao fim de sua vida, ele vai se juntar a seus heróis e entes queridos, mamãe, papai, avós e até o seu boneco de brinquedo. As preces de Luke se estendem ao Infinito e além. Ele tem certeza da existência de Deus, um Pai que o ama e Se importa com ele, com seus amores, Seus brinquedos, com o seu mundo. 
 * * * 
Quem tem fé, olha para a vida com lentes especiais. Quando caminha ao longo de um rio, não vê apenas a água correndo pelas pedras. A paisagem o enche de êxtase. Enxerga um reino de esperança além deste mundo, enquanto os demais veem apenas um regato murmurando. Quem tem fé, contempla as estrelas com a certeza de que um dia todos chegaremos lá. Não importa quanto demore, o quanto custe. Um dia, perfeitos, viveremos nas estrelas mais brilhantes, celestes mundos criados por Deus para a morada dos Seus filhos. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A prece de Luke, de Dana Tierney, de Seleções Reader’s Digest, de maio 2005 e nos itens 5 e 6 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 31.01.2010.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

VIVENDO EM PLENITUDE

No dia que morre, enquanto o sol puxa a sua colcha de nuvens para se cobrir, aconchegando-se no poente, permita-se um tempo para refletir. O que você fez hoje o deixou feliz? Você pode ter acrescentado uma soma considerável ao seu saldo bancário, pode ter celebrado contratos importantes, que lhe garantam retorno financeiro por largo tempo. Você pode ter recebido honrarias, prêmios por sua capacidade intelectual. Pode ter sido laureado pelo projeto bem sucedido. Você pode ter dado muitos autógrafos no livro que acabou de lançar, ter recebido aplausos vibrantes e demorados pelo show musical em que se esmerou. Sim, tudo isso são ganhos. E você deve estar feliz com o balanço que lhe dá conta de que a coluna positiva supera a negativa. Mas, você está verdadeiramente feliz? Dentro de você, sente que utilizou o melhor possível esse dia que adormece, encobrindo-se nas dobras da noite? Pense um pouco: além dos abraços dos que são pagos para servi-lo, acompanhá-lo; dos que desejam posar para fotos ao seu lado, a fim de se verem projetados na escala social; além dos que o buscam porque você goza de sucesso; alguém que o ama verdadeiramente o abraçou? Isto é, depois de todo o trabalho, do gozo das glórias do mundo, dos aplausos, quando as luzes do palco se apagam, deixando ar de solidão, o que tem você de verdadeiramente seu? Você tem um lar para voltar? Alguém que o ame? Um filho que o espera para pular em seu pescoço e gritar: Papai!? Você tem um esposo que a ama e espera que as horas seguintes possam ser somente de vocês dois? Você tem pais idosos que lhe aguardam, ansiosos, a chegada em casa? Você tem um animal doméstico para afagar? Um cão que, desde a esquina, identifica o ruído do seu carro e o aguarda no portão? Que pula, late, abana o rabo, demonstrando a sua alegria por ter você como seu dono? E, mais importante do que isso: você usufrui integralmente cada uma dessas oportunidades? Ou chega em casa, se joga no sofá, não quer falar com ninguém porque está cansado? Não faça isso! Aproveite a sua vida em totalidade. Ame, demonstre carinho, beije, diga como foi difícil ficar tantas horas longe do aconchego familiar. Pergunte pelas crianças, sorria, jogue-se no chão e brinque com elas. Esforce-se por entender o linguajar de seus filhos adolescentes, agradeça a mensagem que lhe mandaram para o celular, mesmo que você não tenha entendido tudo. Dedique algum tempo a eles, pergunte daquelas abreviaturas que você não consegue identificar o que sejam, quando recebe os torpedos. Saia com sua esposa para dançar. Ou coloque um CD com músicas românticas e dance, na sala de casa, de rosto colado. Olhe para ela. Os anos passaram, vieram os filhos, mas ela continua bonita. Diga isso a ela, para que ela saiba. E retribua o elogio. E, se você não tem pais, cônjuge, filhos, irmãos, se vive só, ainda assim curta o que tem. Ouça música, leia um bom livro, assista um filme. Telefone para um amigo. Escreva a outro solitário. Viva! E, quando o sono for se aproximando, convidando-o ao repouso físico, não se entregue a ele, antes de orar a Deus, em gratidão pelas horas vividas. Agradeça a sua vida. A maravilhosa vida que você tem. Agradeça por sua capacidade de amar. E pelo amor que tem.
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 14 e no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 10.2.2017.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CRENÇAS E CONHECIMENTO

Não é raro se ouvir afirmativas como eu creio que vai chover, creio que vai fazer muito frio este ano, creio que vou para o céu ou para o inferno, etc. Sem dúvida, essas são opiniões que não têm nenhum compromisso com a verdade. São meras crenças. E a crença é cega. No entanto, uma pessoa que conhece meteorologia e tem equipamentos para sondar o clima, poderá afirmar se irá chover ou fazer calor nos próximos dias. Certamente, as pessoas que têm conhecimento são as mais indicadas para opinar sobre os assuntos que dominam. Não poderia ser diferente quanto às questões relativas às crenças religiosas. Nesse particular, é sempre importante buscar o conhecimento com os sábios que realmente sabem sobre as leis que regem o universo. Acreditar nessa ou naquela fórmula, nesse ou naquele movimento, numa receita qualquer de felicidade, não é próprio de pessoas que desejam saber o porquê e o significado das coisas. Aproveitando-se das pessoas que aceitam tudo sem exame, sem uma análise profunda das propostas apresentadas, sempre houve e sempre haverá os pregadores de ilusões. E eles não precisam de muito esforço, não. Basta prometer a felicidade póstuma e receitar uma fórmula simples e fácil, que conseguem inúmeros seguidores fiéis. Mas, se diante das prescrições perguntássemos se isso realmente nos ajudará e de que maneira; qual será nosso crescimento efetivo, esse tipo de proposta desapareceria. Temos de convir que, se os cultos exteriores, as promessas fáceis, as palavras decoradas ditas sem emoção, trouxessem felicidade, não haveria nenhum infeliz no mundo. Comecemos perguntando a nós mesmos se determinada prática nos fará efetivamente mais felizes, nos trará mais conhecimento das coisas, mais grandeza d`alma. Se uma barganha, uma troca de favores, é interessante para ambas as partes ou somente para uma delas. Perguntemo-nos o que faríamos com o objeto que costumamos oferecer em troca de um favor dos céus, caso o recebêssemos de alguém. Que utilidade teria para nós o objeto ou a atitude que oferecemos como pagamento de um favor. Se o objeto for oferecido a Deus, que é o Supremo Senhor do Universo, o que Deus faria com a nossa oferta? Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. O que Deus faria com as coisas de César? O que Ele faria com as quinquilharias que nem para nós, criaturas imperfeitas, teriam utilidade? Busquemos, assim, o conhecimento das leis morais que regem o universo. Se somos cristãos, encontraremos nos ensinos de Jesus informações importantes que nos ajudarão a abrir os olhos do intelecto e apreciar o mundo de uma forma mais ampla e lúcida. A cada um segundo suas obras, afirmou Jesus. Ele é um Espírito que possui autoridade intelecto-moral para nos orientar sobre as verdades da vida, pois já trilhou o caminho que hoje estamos percorrendo. Ao dizer: Antes que Abraão fosse, eu sou, Ele se referia à Sua maturidade espiritual, que foi conquistada antes dos primeiros homens habitarem o planeta. Jesus prescreveu o amor a Deus acima de tudo, e ao próximo como a si mesmo. Eis um guia seguro, que nos conduzirá à felicidade eterna. E amar a Deus é conhecer Suas leis e vivê-las. As leis naturais e as leis morais. Mesmo antes de Jesus, vamos encontrar sábios que também ensinaram grandes verdades, como Sócrates, Platão, Aristóteles, entre outros. Em vez da crença cega, que certamente nos levará a grandes decepções e desilusões, optemos pelo conhecimento das coisas. Somente o conhecimento da verdade nos fará livres. Livres de tantas esquisitices e fórmulas sem sentido que só nos retardam o acesso à felicidade que desejamos tanto. Pensemos em todas essas considerações, e optemos por uma das alternativas: crença cega ou conhecimento lúcido e fé inabalável. Redação do Momento Espírita. Em 06.07.2012.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

COSTUMES ATUAIS

Marina Colassanti
No mundo atual, estamos nos acostumando a muitas coisas como se fossem normais. Estamos nos acostumando a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que as janelas ao redor. E, por não ter uma bela vista, logo nos acostumamos a não olhar para fora. Porque não olhamos para fora, logo nos acostumamos a não abrir de todo as cortinas, o que nos leva a acender mais cedo a luz. Com isso, vamos esquecendo o sol, o ar, a amplidão. Estamos acostumados a acordar pela manhã em sobressalto porque está na hora. Tomamos o café correndo porque estamos atrasados e lemos o jornal enquanto comemos para não perder tempo. Estamos acostumados a comer sanduíche porque não dá tempo de almoçar. A sair do trabalho porque já é noite e a cochilar no sofá porque estamos muito cansados. Deitamos cedo, dormimos pesado, sem ter vivido inteiramente o dia. Estamos nos acostumando a abrir o jornal e a ler sobre a guerra e os mortos que ela produz. Estamos nos acostumando com o grande número de mortos. E, por causa disso tudo, não acreditamos mais nas negociações de paz. Estamos nos acostumando a esperar o dia inteiro por uma ligação importante e quando o telefone toca, ouvimos: Hoje não posso ir. Estamos acostumados a sorrir sem receber um sorriso de volta. A sermos ignorados quando gostaríamos de ser notados. Estamos acostumados a pagar por tudo o que desejamos e necessitamos. Estamos acostumados com as salas fechadas, com o ar condicionado, com a luz artificial e até com a contaminação do mar e a lenta morte dos rios. Vivemos tão fechados que nos acostumamos a não ouvir passarinhos, a não ter galo cantando na madrugada, a não colher fruta no pé. Estamos nos acostumando a coisas demais e nos tornando indiferentes. Somos tantos no planeta que estamos nos acostumando a ouvir falar de desaparecimentos e mortes como simples números estatísticos. Estamos nos esquecendo de ser humanos, de sentir, viver e amar. Estamos nos esquecendo que somos filhos de Deus, Espíritos imortais, criados para o amor. Por isso, vamos recomeçar a reparar nas coisas pequenas e a dar importância a elas. 
 * * * 
Leo Buscaglia
Cada flor é única. Cada rosto é especial. Cada manhã de sua vida é diferente. Preste atenção nas coisas que parecem insignificantes. Perceba as flores. Se não há jardim onde você mora, observe os canteiros floridos das ruas e praças por onde passa. Observe o pôr do sol. Nunca houve, nem haverá dois crepúsculos exatamente iguais, desde o começo dos tempos. Observe a dinâmica da vida que está em todo lugar e não se deixe levar pela acomodação perigosa. Cultive a alegria de viver. Comece hoje, comece agora. 
Redação do Momento Espírita com base no texto Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia, de Marina Colassanti e no cap. Tornando-se você, do livro Vivendo, amando e aprendendo, de Leo Buscaglia, ed. Nova era. Em 17.07.2012.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

EU TAMBÉM POSSO FAZER...


Antoine de Saint-Exupéry
Saint-Exupéry narra com maestria, em seu Terra dos homens, quando ainda era jovem piloto, a experiência de ter assumido o Correio Aéreo da África. Quando recebeu a notícia de que partiria na manhã seguinte para seu primeiro dia de trabalho, confessou que talvez não estivesse ainda bem preparado. Expressou sua insegurança a um companheiro de voos, naquela noite. Narra o autor que seu amigo espalhava confiança como uma lâmpada espalhava luz. Um amigo que mais tarde iria bater o recorde das travessias do Correio Aéreo da Cordilheira dos Andes e do Atlântico Sul. Diz-nos Exupéry que sorrindo o mais reconfortante dos sorrisos, ele disse simplesmente:
-“As tempestades, a bruma, a neve, por vezes essas coisas o incomodarão. Pense então em todos os que conheceram isso antes de você e diga assim: o que eles fizeram eu também posso fazer.” 
 * * * 
Usualmente os novos desafios nos trazem insegurança. É um aperto no peito; uma dor no estômago; uma noite mal dormida, onde os sonhos ficam projetando um possível insucesso. É natural que nos sintamos assim por alguns momentos. São momentos que ensejam uma busca por nossas habilidades, nossas capacidades internas. Sempre será uma chance de nos conhecermos, quando inquirimos: Será que eu posso? Porém, se nossa autoestima estiver rebaixada, ou se nosso conhecimento sobre nós mesmos for precário, a tendência é que a insegurança reine por mais tempo. Poderá ser tão poderosa a ponto de nos fazer desistir, retornar. Como se a vida nos convidasse a dar mais um passo e, ao erguermos o pé do chão, nos sentíssemos em desequilíbrio e preferíssemos voltar a perna na posição inicial. Por essa razão, o conselho recebido pelo jovem aviador é precioso. Quem sabe pensar em todos que já conseguiram antes de nós, ou em todos aqueles que já passaram por isso e sobreviveram, seja grande ajuda. O que eles fizeram eu também posso fazer. Esta frase nos fala do potencial que todos temos, mas também deve nos lembrar de questionar: Como eles conseguiram? Sim, pois vencer desafios exige sempre muita preparação, muito esforço e grande dedicação. Dessa forma, se nos tivermos preparado, feito nossa parte bem feita, não há razão de temer, não há razão para deixar que a insegurança nos domine e nos paralise. Tempestades, brumas e neves são comuns e naturais na vida. As intempéries são escolas de almas que buscam aprimoramento e resistência. Elas sempre existirão. Estão, de certa forma, fora de nosso controle ou comando. O que está sob nosso manche é nossa aeronave Espírito, e nossa habilidade de contornar as tempestades, de fazer boas escolhas, de vencer a nós mesmos.  
* * * 
Quando o Modelo e Guia da Humanidade, Jesus, afirmou: 
-Vós sois deuses; e também que Aquele que crê em mim fará as obras que eu faço e outras maiores, Ele falava de potencial. Conhecia profundamente a destinação de cada alma, e que esta seria a perfeição. Conhecia a imutável lei do progresso, e ousou dizer àqueles homens ainda de coração endurecido que, no futuro, quando desejassem, seriam como Ele já era. Era o habitante do topo da montanha, dizendo aos que acabavam de começar a escalada, que todos poderiam chegar no cume um dia.
Redação do Momento Espírita, com base em trecho do livro Terra dos homens, de Antoine de Saint-Exupéry, ed. Nova Fronteira. Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 8.2.2017.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O ANJO DE KAREN

A adolescente aguardou o final da aula e se dirigiu ao professor. Confiava nele e, por isso, desejava lhe contar a tormenta que estava vivenciando. Estava prestes a sair de casa, embora não soubesse para onde ir. Mas, não aguentava mais a situação. Sua mãe se prostituíra e, todos os dias, homens diferentes adentravam o que deveria ser o seu lar. 
-Era uma vergonha! Dizia Karen. Tenho vergonha de minha mãe. Não nos falamos há muito. 
O professor, experimentado nas questões do mundo, ouviu com atenção e sugeriu que ela conversasse com sua mãe. Alguma vez perguntara a ela o que estava acontecendo? Por que se permitia tal comportamento? Mãe e filha eram como duas estranhas vivendo sob o mesmo teto. Quando uma entrava, a outra saía. O tempo passou. Aquele ano se findou e meses depois, a jovem procurou o professor, outra vez. Estava diferente. O rosto irradiava felicidade. Ela falara com sua mãe. Um longo e doloroso diálogo. Contudo, se dera conta de que sua mãe sofria de uma grave carência afetiva. A mãe falara de sua viuvez muito jovem, uma filha para criar, a rebeldia de Karen, a soma das dificuldades. E, por fim, do equivocado caminho pelo qual optara. Mais um tempo passado e Karen veio dizer ao professor que ela e sua mãe tinham transferido residência. Que se haviam tornado amigas. Que agora costumavam fazer tudo juntas. Que a mãe deixara a vida equivocada e se dedicava, com exclusividade, a ela. Saíam, conversavam, faziam compras, trocavam ideias. Como era boa aquela mãe - descobrira a jovem. Karen estava muito agradecida ao professor por ter sugerido que ela conversasse com sua mãe, que se aproximasse dela. Hoje, passados alguns poucos anos, Karen está casada e tem um filhinho. O genro descobriu na sogra uma pessoa especial, dedicada, carinhosa. Agora, quando o casal deseja viajar, ou necessita estender-se em horas a mais no trabalho, é a mãe dedicada que fica com o netinho. Vovó, mamãe! 
– Estas são as palavras mágicas que alimentam o coração da mãe de Karen. Em verdade, o anjo de Karen. O anjo de sua vida, que vela todos os dias por ela, pelo genro a quem acolheu como filho e ao netinho. 
 * * * 
O diálogo franco, honesto ainda faz muita falta. No lar, as pessoas se isolam, magoadas umas com as outras, por palavras ditas ou não ditas, por atitudes impensadas. Tudo se tornaria bem mais fácil se as pessoas aprendessem a conversar, a perguntar porquês, a indagar de razões. Se, em vez de se falar às ocultas, criar desconfianças, gerar desencontros, aprendêssemos sempre a conversar, olhando nos olhos uns dos outros, a vida se tornaria mais fácil de ser vivida. Pois o que complica a vida é cada qual ficar em seu canto, imaginando que não é amado, querido, desejado. Seria tão simples perguntar: 
-Por que você está agindo desta forma? Por que tomou aquela atitude? Por que não fez o que lhe pedi? Por que esqueceu do nosso aniversário? 
Pense nisso e adote, em sua vida, a atitude de nunca deixar para depois o elucidar de qualquer questão. Converse mais, participe das questões familiares, seja amigo dos seus amores. Descubra, enfim, a riqueza de cada um e enriqueça-se interiormente, tornando a sua vida plena de amor, de atitudes de afeto e bem-querer. Experimente! 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18 e no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 7.2.2017.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

CORTESIA E RESPEITO

Nunca será demais falar sobre cortesia e respeito. Em verdade, ambos bastante esquecidos na atualidade. Ambos vão perdendo cidadania a passos largos. É comum as pessoas falarem muito alto no ônibus, nos restaurantes, em lugares públicos em geral, desrespeitando os demais. E o mais delicado é que nem sempre a conversa é agradável. Às vezes se tratam de críticas amargas ao governo, a parentes, a amigos. Tudo vai sendo extravasado em altos brados, como se não houvesse outras pessoas próximas, compartilhando do mesmo ambiente. Não se sabe bem se a pessoa não tem condições de se ouvir e descobrir que está falando muito alto ou se ela deseja que os outros tomem conhecimento das suas ideias. Adolescentes e jovens esquecem, quase sempre, quando se encontram em grupos, que os lugares públicos não lhes pertencem com exclusividade. Por isso, gritam, dizem palavrões, falam de situações grotescas. Gesticulam, andam aos empurrões, até esbarrando em idosos e crianças. Assim se tem tornado difícil para as famílias, em especial as que têm crianças, o passeio a parques e outros locais públicos. Como impedir que as crianças presenciem cenas tão indelicadas e ouçam um palavreado que não é habitual no seu lar? E que dizer das discussões? Casais, amigos e colegas discutem seus problemas na rua, no estacionamento, em restaurantes, sem cerimônia alguma. Uma escritora relatou que presenciou, em um restaurante, várias famílias deixarem pelo meio os pratos na mesa e se retirarem. Tudo porque um casal resolveu brigar na mesa vizinha e não economizou o volume da voz. Muito menos o vocabulário grosseiro. De maneira estranha, todos se sentem incomodados mas ninguém diz nada. Alguns alegam que essas pessoas não estão infringindo a lei. E de fato não há lei que regulamente essas situações, que são uma questão de educação. Mas o que está nos faltando é uma tomada de posição. 
A primeira, educando os nossos filhos no respeito às pessoas. 
A segunda é nos manifestarmos, com energia e de forma educada, pedindo a essas pessoas que nos respeitem. 
Bastaria um Por favor, falem mais baixo. 
Ou: Eu não gostaria que meus filhos ouvissem o que estão dizendo. 
Se todos passarmos a agir, essas pessoas terão que adotar uma nova postura, modificando-se e modificando o mundo. 
 * * * 
Não acredite quando lhe falarem que a cortesia saiu da moda. Quem não gosta de receber um gesto delicado? Quem não nota quando um rapaz se ergue do assento e o oferece ao idoso cansado? Quem não nota, com prazer, a pessoa que junta do chão um objeto e o devolve a quem deixou cair, sem haver se dado conta? Quem não se sensibiliza com um Muito obrigado; Por favor; Desculpe? Tenha certeza: a cortesia e o respeito nunca sairão de moda. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Em nome da cortesia, de Seleções Reader’s Digest, de janeiro de 2000. Em 08.04.2011.