Dorothy Corkille |
Você ama seus filhos, certo? Mas será que eles se sentem amados por você?
Você ama seus filhos, mas será que da melhor forma que há de se amar?
Saber comunicar o amor e aprimorar nossa forma de amá-los é fundamental para se construir uma relação saudável e ainda, para desenvolver nas crianças uma boa autoestima e autonomia.
Esta comunicação pode se dar, inclusive, sem palavras.
Vejamos um exemplo:
A mãe “a” centraliza sua atenção em Pedro, e não na tarefa que está executando.
Por exemplo, quando lhe dá banho, os músculos dela estão relaxados e sua atitude é brincalhona e suave. Há uma luz doce em seus olhos.
Ela examina os pés gordinhos e enrugados, delicia-se com as suas reações ao pingar água sobre sua barriga.
Quando Pedro balbucia, ela responde.
Se ele espalha água com as mãos, vê a mãe reagir com uma risada e participar da sua brincadeira.
Não há palavras, mas os dois estão se comunicando.
Pedro sente e vê a receptividade dela. Não sabe que ele é um ser à parte, mas tem as primeiras noções de que é valorizado.
A mãe “b” aproveita a hora da amamentação para ler.
Seus braços o sustentam frouxa e indiferentemente.
A atenção não se volta para o menino, mas para o livro.
Se Pedro balbucia, ela não toma conhecimento. Quando ele se movimenta, os braços da mãe não colaboram.
Se agarra a blusa dela, a mãe o faz soltar sem sequer olhar para ele.
Pedro e a mãe não estão partilhando uma experiência.
Na verdade, não há um encontro terno, humano, direto de pessoa para pessoa.
A mãe é todo o mundo de Pedro naquele momento e suas primeiras experiências lhe ensinam que não merece atenção.
Para ele, o mundo é um lugar muito frio no qual tem pouca importância.
Podemos ver que Pedro teria uma série de impressões muito diferentes a respeito de si próprio, com a mãe “b” e com a mãe “a”.
Se perguntássemos às duas, muito possivelmente ambas diriam que amam Pedro. Porém, qual delas estaria comunicando melhor esse amor? Qual delas estaria aproveitando melhor as potencialidades desse sentimento excelso?
Da mesma forma, a superproteção, que pode ser lida como uma grande expressão de cuidado, de carinho, passa a mensagem ao filho de que ele não é competente. E não de que ele é muito amado.
A superproteção reduz o auto-respeito, reduz a capacidade das crianças desenvolverem sua autonomia.
São alguns pequenos exemplos de como podemos não apenas amar mais, mas também amar melhor, amar com sabedoria.
Não deixaremos de lhes dizer sempre, é claro, como são amados, como são importantes para nós. Na construção de sua autoestima, esta certeza é fundamental.
Porém, nossos gestos, nossas mensagens sem palavras, precisam acompanhar nossa fala.
* * *
Procuremos como pai, como mãe, como tutor, aprimorar-nos sempre nesta tarefa.
Ninguém nasce sabendo ser pai e mãe exemplar.
Busquemos nas leituras, nos estudos, nas técnicas também, o auxílio que necessitamos para que possamos amar melhor.
Que possamos levar a educação de nossos filhos a sério, como uma profissão: dedicando-nos a ela de corpo e alma.
Redação do Momento Espírita com base em trecho da
obra Autoestima de seu filho, de Dorothy Corkille, pt. 1, cap. 2,
ed. Martins Fontes.
Em 30.9.2014.
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