Mãe e filha caminhavam pelas encostas floridas de um vale, e pelo caminho iam guardando as impressões tão belas da natureza exuberante daquelas paisagens alpinas que tanto lhes enterneciam a alma.
A vida tinha sido dura para com elas até então, pois, após a guerra, tudo havia se tornado difícil: tanto a alimentação, quanto reorganizar a vida, sozinhas, sem o apoio fraternal daqueles que tanto amavam na comunidade.
Será que um simples sobrenome poderia tê-las feito sofrer tanto assim?
Essa era a pergunta que se faziam, diversas vezes, enquanto caminhavam em busca de sua antiga residência.
Nada poderia ser assim tão inexplicável para aquelas descendentes de judeus que habitavam os arredores de Zugspitze, Alemanha, por volta de 1948.
Entretanto, eram dotadas de uma força extraordinária que, mesmo sem saber para onde iam, tinham a certeza de que facilmente a vida voltaria a ser normal de novo.
Desejavam poder trabalhar, mesmo que fosse intensamente, na reconstrução da própria felicidade.
O tempo passou. Já se aproximava o pôr-do-sol quando as duas se assustaram com o quadro que aparecia à sua frente.
Entre tão bela paisagem, dois homens, aos gritos um para com o outro, transformavam aquele paraíso num lugar desarmônico, pela vibração de rancor que deles emanava.
Subitamente, ao sentirem a presença de tão doces criaturas, os ânimos foram se acalmando, foram se refazendo das atitudes de agressividade, serenando os batimentos cardíacos e os dois perceberam que o silêncio delas os atingia de modo incômodo.
-Boa tarde, senhores! Será que poderíamos lhes ser úteis?
-Boa tarde, responderam com desdém. Como podem vocês afirmar ser boa uma tarde em que só podemos sentir raiva e desejo de vingança?
Estão, por acaso, fora de seus juízos normais ou são portadoras de alguma virtude que para nós ainda é desconhecida?
Entre uma frase e outra, elas explicaram que, apesar de tanto sofrimento, agradeciam ao Criador pelas próprias vidas que, ao serem poupadas graças a Ele, tiveram oportunidade de reconstrução e recomeço.
Chance desejada por muitos que haviam sofrido os martírios da guerra, ficado sem condições físicas para recomeçar sozinhos.
Então, o mais velho dos homens, envergonhado, chamou o outro ao seu lado, desculpando-se pelo mau uso das palavras, da violência, enfim, de toda aquela situação de indescritível mal estar que ele, como pai, houvera criado para seu filho tão amado.
Explicou que a dor imensa que lhe deturpava os sentidos, pela perda da esposa e outros filhos, o impedia de raciocinar claramente. Com humildade, pediu ao filho que lhe desse a mão e o ajudasse a superar tão difícil etapa da vida.
Por sua vez, o filho, muito emocionado, concordou em perdoar e recomeçaram a tentativa de acerto, juntos outra vez.
Agradeceram e partiram, assim como elas também tomaram seu rumo, estrada afora.
* * *
Muitas vezes somos capazes de efetuar grandes mudanças em nosso ambiente, mesmo que possa nos parecer difícil tal atitude.
Se nos mantivermos firmes em nossas ações nobres, desejosos de mudança interna e, principalmente, contarmos com o auxílio da oração que nos fortalece, podemos modificar para melhor o ambiente que nos rodeia.
Agindo assim, a nossa vida servirá de exemplo a todos aqueles que, por falta de um modelo, permanecem impossibilitados de tomar atitudes salutares.
E a fonte para todo esse aprendizado se encontra na mensagem do Cristo, portadora de ensinamento que nos fará pessoas melhores, capazes de auxiliar a todos indistintamente.
Redação do Momento Espírita.
Em 25.5.2013.
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