segunda-feira, 5 de maio de 2014

UM SÉCULO DE SABEDORIA

Alice Herz-Sommer
"O Segredo da Felicidade é a Liberdade,
o Segredo da Liberdade é a Coragem."

Alice Herz-Sommer nasceu em Praga, em 1903, numa família de ascendência judaica de elevado nível cultural. A mãe era de uma família de músicos da Morávia, e amiga de infância de Gustav Mahler. Alice lembra-se de assistir à estreia da 2ª Sinfonia de Mahler em Praga, tinha então oito anos de idade. 

Alice começou a ter lições de piano aos cinco anos de idade. Por volta dos dez anos já participava em concertos, interpretando Bach, Beethoven, Schumann e Smetana. 

Em 1939, quando os alemães ocuparam a Boémia e a Morávia, Alice Herz-Sommer já tinha uma carreira consagrada como pianista na Europa Central. Nesse mesmo ano, uma parte da sua família conseguiu fugir para a Palestina. Alice, no entanto, ficou em Praga a cuidar da mãe doente, que foi a primeira a ser deportada para Terezín. Em Julho de 1943, Alice, o marido e o filho – Raphael -, de seis anos de idade, foram igualmente deportados para aquele campo. 

Em Terezín, apesar das condições de vida duríssimas, Alice Herz-Sommer deu mais de 100 concertos, juntamente com outros colegas músicos. 

Para os alemães, em geral apreciadores de música, assistir aos concertos era puro entretenimento. Aliás, essa era uma razão para manterem vivos certos prisioneiros (músicos dotados), como Alice Herz-Sommer. Mas a maioria da audiência nos concertos de Terezín era composta por pessoas idosas, tristes e debilitadas, que encontravam na música um suporte moral e espiritual, que lhes dava uma certa sensação de liberdade. Mesmo que por instantes, podiam esquecer-se do horror que as rodeava. 

O pequeno Raphael veio a ser o membro mais jovem do elenco de Brundibár, onde desempenhou por várias vezes o papel de “pássaro”. O marido, Leopold Sommer, foi deportado em 1944 para Auschwitz e depois para Dachau, onde morreu. 

Em Maio de 1945, o Exército Vermelho libertou o campo e Alice e o filho regressaram a Praga. Mas a situação era dolorosa: parte da sua família, a família do marido, bem como muitos amigos, tinham desaparecido. Em 1949 decidiu emigrar para Israel, onde se reuniu à família. Lá viveu e trabalhou como professora de música. Alice Herz-Sommer recorda os anos que viveu em Israel como um dos períodos mais felizes da sua vida. Em Israel, apesar da tensão política, vivia-se em democracia, uma experiência de grande significado para quem conheceu as ditaduras de Hitler e Stalin. 

Em 1986, a pedido do filho (violoncelista e maestro de renome), muda-se para Londres. Raphael morre subitamente aos sessenta e cinco anos, deixando mulher e dois filhos. Alice sofre um dos golpes mais duros da sua vida. Mas, Alice Herz-Sommer vive cada dia da sua vida com um enorme sentimento de gratidão, porque sente a vida como uma dádiva. O seu optimismo inesgotável ajudou-a a vencer mais este desgosto.

Alice Herz-Sommer vive num pequeno apartamento em Londres. Continua a praticar piano diariamente e frequentou até há pouco tempo a Universidade para a Terceira Idade, três vezes por semana, onde estudou História, Filosofia e História do Judaísmo. 

Em 2008 foi publicada a sua biografia com o título A Garden of Eden in Hell. Nela é realçada a luta incansável de uma mãe que tudo faz para criar um ambiente de felicidade para o seu filho, no meio da atrocidade e da barbárie. Com base em A Garden of Eden in Hell, Anthony Robbins fez em 2011 uma entrevista a Alice Hertz-Sommer, a sobrevivente mais antiga do Holocausto. É com ela que terminamos este artigo. 


"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier - Emmanuel

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