sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ODE À ALEGRIA


Era o dia 7 de maio de 1824. Os privilegiados espectadores sentados na plateia do Teatro em Viena, então capital do Império Austro-Húngaro, mal sabiam que estavam para presenciar a primeira audição mundial da maior obra-prima da História da música. Ainda que o autor já fosse uma celebridade, recebido naquele mesmo dia com uma ovação digna das plateias de música pop de hoje, a reação foi surpreendente. O comissário de polícia precisou intervir, para silenciar a explosão de aplausos na chegada do alemão: Ludwig Van Beethoven. Era o dia da primeira apresentação de sua Nona Sinfonia. Após as palmas, um grande estranhamento. Até então, a sinfonia - forma musical para orquestra consagrada durante o classicismo - excluía por definição as vozes humanas. No entanto, no palco sentavam-se quatro solistas e um coral em quatro partes. Para aumentar a perplexidade, enquanto todos os outros instrumentos desenrolavam movimentos que superavam a racionalidade clássica, permaneciam em silêncio o coral e os solistas. Eles entrariam apenas no quarto e último movimento. Beethoven, três anos antes de sua morte, ali realizava uma vontade que alimentava desde os 22 anos de idade: musicar o poema alemão Ode à alegria, de Schiller. E era o que fazia no derradeiro movimento da obra, quebrando a última barreira do modelo sinfônico. Oh, amigos, não chega desses sons? Entoemos algo mais prazeroso e alegre! - Vibrou o barítono em recitativo. Os baixos do coro responderam-lhe forte: Alegria, alegria! - para que, com a orquestra silenciada, começassem a solar um dos temas mais conhecidos da música ocidental. O tema proclamava: Todos os homens serão irmãos. Era o poema da fraternidade universal, musicado pela genialidade e sensibilidade irretocáveis de Ludwig. Abracem-se milhões! Enviem este beijo para todo mundo! * * * A arte é o belo expressando o bom. É a expressão da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o Universo. Convidar a arte para nossa vida diária é ter à disposição excelente instrumento de civilização e aperfeiçoamento. A influência da música sobre a alma, sobre o seu progresso moral, é reconhecida por todo o mundo. Mas a razão dessa influência é geralmente ignorada. Sua razão está inteiramente neste fato: a harmonia coloca a alma sob a força de um sentimento que a desmaterializa. Redação do Momento Espírita "A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação." Chico Xavier - Emmanuel

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