quarta-feira, 30 de abril de 2025

A MENSAGEM ENTENDIDA

Patrícia sentiu seu mundo desmoronar quando, após onze anos de casamento, seu marido lhe anunciou que tinha dado entrada no divórcio e estava saindo de casa. 
Seu primeiro pensamento foi para os filhos: o menino tinha apenas cinco anos e a menina, quatro. 
As dúvidas a assaltaram. 
Será que ela conseguiria manter a família unida?
Será que, criando-os sozinha, conseguiria manter o lar, lhes ensinar ética, valores morais e tudo o mais que eles precisariam para a vida?
O importante era tentar. E ela tentou. 
Durante a semana, ela arranjava tempo para verificar as tarefas da escola, discutir a importância de fazer as coisas certas. 
Nos finais de semana, um programa infalível era levá-los para a evangelização. 
Era importante alimentar os seus espíritos com as lições de Deus, Jesus, a Boa Nova. 
E assim se passaram dois anos. 
Num Dia das Mães foi preparada uma homenagem muito bonita, no templo religioso. 
Falou-se a respeito da difícil tarefa de ser mãe e do reconhecimento que toda mãe merecia. 
Finalmente, foi pedido que cada criança escolhesse, dentre as tantas flores que estavam em vasos enfeitados, uma para dar a sua mãe, como símbolo do quanto era amada e querida. 
Os filhos de Patrícia se encaminharam até as plantas. 
Enquanto esperava, ela pensava nos momentos difíceis que os três haviam passado juntos. 
Olhou as begônias, as margaridas douradas, os amores-perfeitos, violetas e ficou a planejar onde plantar o que quer que escolhessem para ela. 
Com certeza, eles trariam uma linda flor, como demonstração de seu amor. 
Todas as crianças já haviam escolhido as plantinhas e ofertado para suas mães, enquanto os filhos de Patrícia continuavam a escolher.
Pareciam levar a tarefa muito a sério, olhando atentamente cada vaso. 
Finalmente, com um grito de alegria, eles acharam algo bem no fundo. 
Com sorrisos a lhes iluminar os rostinhos, eles avançaram até onde ela estava sentada e a presentearam com a planta que haviam escolhido. 
Ela olhou estarrecida. 
A planta estava murcha, com aspecto doentio. 
Era óbvio que eles haviam escolhido a menor planta, a mais doente.
Nem flor tinha. 
Ela sentia vontade de chorar. 
Mas eles olhavam para a plantinha orgulhosos, sorridentes. 
Mais tarde, em casa, Patrícia não se conteve e perguntou: 
-Por que, em meio a flores tão maravilhosas, vocês escolheram esta flor para me dar? 
Ainda orgulhoso, o menino declarou: 
-Mamãe, é que esta estava precisando de você. 
Enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto, Patrícia abraçou seus dois filhos, com força. 
Eles acabavam de lhe dar o maior presente de Dia das Mães que jamais poderia ter imaginado. 
Todo o seu trabalho e sacrifício, ela reconhecia, não estava sendo em vão: eles estavam crescendo perfeitamente bem e tinham entendido a linguagem da renúncia e do amor. 
* * * 
Não existe uma forma de ser mãe perfeita, mas um milhão delas de ser uma boa mãe. 
Esmere-se por ser uma boa mãe o bastante para seus filhos. 
Sensata para os transformar em homens de bem. 
Correta para lhes dar os exemplos de cidadania. 
Digna para exemplificar a honra e amorosa para lhes falar das coisas que não perecem nunca e criam tesouros além da vida material.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Flores para o Dia das Mães, de Patrícia A. Rinaldi, do livro Histórias para aquecer o coração das mães, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante. 
Em 9.12.2014.

terça-feira, 29 de abril de 2025

MENSAGEM DO VELHO AO MOÇO

Você já foi criança um dia... mas os anos se dobraram e fizeram de você um jovem, quase um adulto... 
E agora você me olha com certo desprezo só porque muitos anos se dobraram para mim e hoje eu sou um velho... 
Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram as primeiras a acariciar as suas, inseguras na infância.
Critica os meus passos lentos, vacilantes, esquecendo-se de que foram eles que orientaram seus primeiros passos. 
Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras vezes para que você aprendesse a falar. 
Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras decisões foram por elas balizadas. 
Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito pouco em mim, para fazer de você um homem de bem.
Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso para garantir a sua. 
Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma Universidade. 
Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos, todavia, muitas foram as vezes que advoguei em seu favor nas situações difíceis em que se envolvia. 
Hoje você cresceu... 
É um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas... 
Esqueceu sua infância, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seus primeiros sorrisos... 
Mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória deste velho cansado, em cujo peito ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora... 
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta... 
Só notei naquele dia... naquele dia em que você me chamou de velho pela primeira vez, e eu olhei no espelho... 
Lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo ar de sabedoria que na imagem de ontem não existia. 
Por isso eu lhe digo, meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é mais a que hoje você admira... 
Mas você sentirá que em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso... 
Que o afeto que você cultivou não se desvaneceu... 
Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos... 
Que as palavras amargas ainda lhe ferem com a mesma intensidade...
E, que apesar dos longos invernos suportados, você não ficou frio diante da indiferença dos seres que embalou na infância... 
Por isso eu lhe aconselho, meu filho: 
-Não ria nem blasfeme do estado em que eu estou, eu já fui o que você é, e você será o que eu sou... 
* * * 
Aquele que despreza seus velhos, é como galho que deixa o tronco que o sustenta tombar sem apoio. 
A ingratidão para com os que nos sustentaram na infância é semente de amargura lançada no solo, para colheita futura. 
Assim, façamos aos nossos velhos o que gostaríamos que nos fizessem quando a nossa idade já estiver bastante avançada. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 1 e no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep. 
Em 17.12.2012.

segunda-feira, 28 de abril de 2025

VIVER O PRESENTE

ISABELA FORTES 
A escritora e professora de yoga, Isabela Fortes, afirma que quem tem filhos aprende a viver no presente, sem dificuldades. 
Observar um bebê e a sua relação com o tempo é simplesmente divino, diz ela. 
Nessa observação da vida infantil, através da lupa da sensibilidade, observamos que, para o bebê, o passado e o futuro não existem, apenas o agora. 
Em variações de pequenos segundos, ele tenta nos comunicar o que precisa, no momento em que precisa: fome, sono, dor, fraldas. 
Tudo só existe no agora. 
Também as crianças maiores, na primeira infância, levam algum tempo para conseguir entender o que significa o tempo. 
Ontem, amanhã, daqui a dois dias ou dois anos, para elas é tudo igual e incompreensível. 
Essa questão nos leva a experiências curiosas, como a do casal que adotou uma forma peculiar de conseguir explicar o tempo para sua filha de cinco anos. 
Quando queriam dizer que faltavam dois dias para ela viajar ou para começar as aulas, explicavam: 
-Você terá que dormir e acordar. Depois dormir e acordar novamente, aí chega o dia. 
Com essa característica especial dos pequenos, podemos aprender que o foco no tempo presente é fundamental para ter uma vida equilibrada. 
Gastamos energias em demasia quando nos prendemos excessivamente ao passado, às lembranças. Da mesma forma que nos desgastamos muito com a preocupação, isto é, uma ocupação prévia com algo que ainda não aconteceu, e pode nem vir a acontecer. 
É com esse comportamento que conhecemos a temida e tão analisada ansiedade, que, nos dias de hoje, nos traz problemas e mais problemas existenciais. 
Quando focamos no presente, vivendo um dia de cada vez, como se diz popularmente, aproveitamos o tempo com mais eficiência e menos desgaste. 
Fazemos cada tarefa pensando nela, e não naquilo que deixamos de fazer ou naquilo que faremos amanhã ou depois. 
Quando estamos com alguém que amamos, com a família, por exemplo, estejamos lá por inteiro, e não metade ali, aproveitando, e outra metade voando com o pensamento para longe. 
Alguns de nós chegamos a fazer uma espécie de autoterrorismo, cultivando pensamentos como: 
-Pena que esses momentos não duram! Como viverei quando tudo isso acabar? 
São sofrimentos voluntários, desnecessários, que impomos aos nossos dias, por não nos darmos chance de viver o presente, e dele extrair tudo de bom que está nos ofertando. 
Viver o presente não significa, porém, viver sem planos, sem objetivos. 
Nem desconsiderar o passado, sem tê-lo como referencial importante. 
De forma alguma! 
Viver o presente é dar o devido peso a cada um desses tempos, aprendendo com o passado, vislumbrando o futuro, mas trabalhando no presente, e apenas no presente. 
É fundamental lembrar do ensino do Cristo, quando, ao perceber as inquietações de nossa alma, quanto aos dias vindouros, afirmou: 
-Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. 
Basta a cada dia o seu mal. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Filhos, o melhor é tê-los, de Isabela Fortes, para a Revista Prana Yoga Jornal, junho 2008 e no cap. 6, versículo 34 do Evangelho de Mateus. 
Em 28.4.2025 

domingo, 27 de abril de 2025

MENSAGEM DE VIDA

Madre Teresa de Calcutá, que foi Prêmio Nobel da Paz, entre tantos exemplos, deixou também escritos de grande valor. 
Escreveu ela: 
"Você sabe qual é o dia mais belo? Hoje."
Tinha razão. 
Nada se iguala ao dia que se está vivendo. 
O ontem é passado. 
Já nos trouxe a experiência e o amanhã ainda não é realidade. 
E a coisa mais fácil? Equivocar-se. Com certeza. 
Quantas vezes, no mesmo dia, cometemos erros? 
Por pressa, damos informações incorretas. 
Por descuido, fazemos uma anotação indevida. 
E assim por diante. 
Qual é o presente mais belo? 
O perdão. Sim, o perdão é sempre extraordinário para quem o recebe e que, normalmente, aguarda ansioso por isso, desejando de alguma forma se redimir da falta praticada. 
É suficiente que lembremos como ficamos preocupados quando ferimos um amigo e aguardamos a chance de nos ver de novo ao lado dele, para, de alguma forma, compensar o que fizemos de errado.
Quais as pessoas mais necessárias? 
Os pais. São eles que nos transmitem a vida, nos formam o corpo, nos alimentam, nos educam. 
São eles que nos protegem nos primeiros anos, quando somos tão frágeis, incapazes de viver e caminhar por nós mesmos. 
São eles que nos seguem, anos afora, sempre amigos, atentos, cuidadosos. 
E os maiores professores? As crianças.
Sem dúvida, as crianças, pela sua forma descontraída de agir, nos dão muitos exemplos da melhor maneira de nos portarmos na vida.
As crianças são simples. 
Expressam com facilidade seu carinho. 
Lutam pelo que desejam. 
Não têm vergonha de chorar. 
O melhor remédio? O otimismo. 
Quem leva a vida com otimismo, jamais se entrega ao desalento.
Consegue sempre forças renovadas para lutar e vencer. 
A expressão mais eficaz? O sorriso. 
O sorriso conquista simpatias. 
Quando nos encontramos em lugares estranhos, entre desconhecidos, quando todos parecem um pouco assustados, o sorriso de alguém traz reconforto. 
E pode ser o início de um diálogo, logo adiante. 
A força mais potente do Universo? A fé. 
Não foi por outro motivo que Jesus, falando a respeito da fé, disse que se a tivéssemos do tamanho de um grão de mostarda, conseguiríamos mover montanhas. 
Lembremos que o grão de mostarda é uma das menores sementes. É minúscula. 
Finalmente, a coisa mais bela? O amor. 
O amor coloca cores na paisagem, alimenta e dá forças. 
Por amor, uma criatura se entrega a outra criatura e se torna cocriadora com Deus. 
Por amor, um Espírito Excelso veio à Terra, cantou e viveu o amor, deixando, ao partir, o mais belo poema de amor que a Terra já conheceu: o Evangelho.
* * * 
ANDRÉ LUIZ E CHICO XAVIER
Comece o seu dia agradecendo a Deus, pela bênção da vida. 
Se você tem alguma mágoa da véspera, faça como o sol: esqueça a sombra e brilhe outra vez. 
Use o sorriso com abundância e descobrirá como ele lhe trará precioso rendimento de colaboração e felicidade. 
Lembre que a fórmula da felicidade recomenda ter para com tudo e para com todos a disposição de cooperar para o bem. 
Redação do Momento Espírita, a partir de frases de Madre Teresa de Calcutá, da revista Harmonia, nº 62, de dezembro de 1999 e dos caps. 1 e 2 do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec. 
Em 06.01.2012.

sábado, 26 de abril de 2025

A MENSAGEM DE UM MENINO

Ele tinha apenas oito anos, contudo, detinha a sabedoria das grandes almas. 
Era uma criança no corpo. 
Mas, seu Espírito já se dera conta de que breve seria sua vida sobre a Terra. 
Generoso, como todas as almas nobres, a sua era a preocupação com outras pessoas. 
Como ficaria sua mãe sem ele, por exemplo? 
Quando soprou as oito velas do seu bolo de aniversário e sofreu uma nova e grave crise que o levou ao hospital mais uma vez, Peter resolveu fazer uma lista. 
Era uma lista de alguns itens que ele desejava executar, antes de morrer. 
Dos itens constava encontrar alguém que se encarregasse de retirar a neve da frente da casa. 
E isso não foi muito difícil, porque um dos vizinhos disse que teria prazer em assumir esse encargo. 
E, porque se preocupasse com a qualidade de vida de sua mãe, desejava conseguir, de alguma forma, que ela concluísse a canção que começara a compor quando ele nascera. 
Seria o reconhecimento e a consagração dela como compositora.
Para si mesmo, duas coisas eram muito especiais: morrer em casa, cercado de seus amigos e colocar um grande mastro, frente à sua casa, sinalizando que era ali que Peter se encontrava. 
Ele iria morrer e desejava que os anjos soubessem onde ele morava, para o virem buscar. 
A mãe, descobrindo a lista e reconhecendo a sua importância, se esmerou e, mesmo com o coração a sangrar, concluiu a canção. 
Ela a chamou de O Salmo 151. 
Explicou que lera os cento e cinquenta salmos da bíblia, mas que nenhum deles traduzia a alegria que ela sentira ao dar à luz a seu filho. 
A dificuldade em conclui-la se dera em função da descoberta da enfermidade de que ele era portador e do pouco tempo de vida que teria. 
Todos os recursos possíveis foram empreendidos para que o convênio de saúde aprovasse cuidados ao pequeno enfermo, no lar.
E, numa tarde fria, enquanto Peter se despedia da vida física, os amigos se reuniram para cantar, junto com sua mãe, O Salmo 151.
Quando Peter deixou exalar o último e tranquilo suspiro, os olhos dos amigos se ergueram para contemplar a bandeira tremulando ao vento.
E, em todos os corações, havia a certeza: a bandeira indicativa era desnecessária. 
Pela forma como suportara a enfermidade e as dores, como se preparara para a morte, pelo seu desprendimento e amor, os anjos sabiam, com certeza, onde estava Peter. 
E o tinham vindo buscar. 
* * * 
Existem Espíritos que estão entre nós por pouco tempo. 
Especiais, destacam-se pela sua forma de ver e sentir a vida. 
Vêm e vão rapidamente. 
No entanto, a sua mensagem de amor é de tal forma forte, vigorosa, que deixam o aroma da sua presença indelével entre os que tiveram a ventura de com eles conviver. 
A sua lição é do amor que não se apaga, da bondade que se preocupa com o outro e da sábia resignação ante aquilo que não pode ser alterado. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no episódio O Salmo 151, do seriado televisivo O toque de um anjo. Disponível no CD Momento Espírita, v. 16, ed. FEP. 
Em 12.10.2024

sexta-feira, 25 de abril de 2025

MENSAGEM DE JESUS

Wallace Leal Rodrigues
Ele era um copista, profissão muito importante naqueles idos dos anos trezentos. 
Teódulo é seu nome. 
Atado ao poste, recebe o suplício.
Desejam que confesse. 
O magistrado lhe aponta um rolo de pergaminho e deseja que ele confirme que a letra é sua, que ele copiou aquelas folhas. 
Deseja mais: quer saber para quem as copiou, quando e por quê? 
Teódulo não reconhece a letra. 
Não copiara aqueles textos e não sabe a quem pertencem. 
Decidem os juízes lhe dar um tempo para ele examinar os textos e se certificar de que os redigira ou então, identificar o copista. 
No decorrer das horas seguintes, Teódulo absorve-se na leitura das folhas. 
Demora-se no exame das passagens grafadas carinhosamente e atribuídas a um tal de Levi. 
Mateus, em grego. 
Ele sente carência de alimento e água, contudo, sente-se transposto a uma espécie de céu interior. 
Está ali o mais belo legado que um pensador poderia deixar à Humanidade. 
É a fórmula para a reforma e a libertação dos homens. 
Os seus algozes retornam à tarde e o levam outra vez ao interrogatório. 
Teódulo ergue a fronte e, com coragem, exclama: 
-Senhor Procurador, mais uma vez vos afirmo que não sou o responsável por esta cópia. No entanto, o texto grafado é tão nobre e de tamanha dignidade que eu me sentiria honrado em esmerar-me na sua transcrição. 
A confissão lhe valeu ser levado desnudo ao poste do suplício. 
Se o exame comparativo com outros trabalhos seus atesta a sua inocência, ele tivera a ousadia de desacatar a autoridade e necessitava ser punido. 
O açoite lhe corta as espáduas. 
Seus músculos estremecem. 
O suor abunda e o sangue lhe corre pelo corpo. 
Com a cabeça pendida, Teódulo pensa: 
-Até que ponto se pode sofrer pela verdade? 
A noite devora a paisagem. 
Liberto, ele se levanta e vai em busca do local onde se reúnem os homens do Caminho. 
Entra discretamente e ouve com interesse. 
Aquela mensagem é sua também, pois ele sofrera por ela. 
Cerra os olhos. 
Mente e coração se unem numa súplica: 
- Jesus, hoje eu tenho a Te oferecer as minhas feridas ainda frescas. Que as Tuas palavras em meu Espírito durem o que as cicatrizes durarem. 
* * * 
Jesus em nossas vidas é sempre um marco divisor entre o antes e o depois. 
Ante Sua mensagem não há quem possa permanecer indiferente. 
Uns a repelem e perseguem os que a divulgam. 
Outros a abraçam e, mesmo em meio às dores e dificuldades, conquistam a felicidade desde o hoje. 
Jesus é sempre o estuário da tranqüilidade, o arquipélago da paz. 
* * * 
Atribui-se a Mateus a escrita do primeiro Evangelho de Jesus. 
Ele foi escrito em língua hebraica e o próprio Mateus o traduziu, em seguida, para o grego. 
Evangelho quer dizer Boa Nova. 
 O autor, Mateus, prova, pelo que escreve, que foi testemunha ocular e contemporâneo de Jesus. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Teódulo, do livro Esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. 
Em 24.07.2008.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

MENSAGEM DA CRIANÇA AO HOMEM

CHICO XAVIER E MEIMEI
Olhando as crianças maltrapilhas que perambulam sem rumo, pelas ruas das grandes cidades, ficamos a imaginar qual será a mensagem que seus olhos tristes e melancólicos trazem aos homens. 
Se pudéssemos registrar seus apelos, talvez ouvíssemos seus gritos silenciosos a nos dizer: 
-Construíste palácios que assombram a Terra; entretanto, se me largas ao relento porque me faltem recursos para pagar a hospedagem, é possível que a noite me enregele de frio. Multiplicaste os celeiros de frutos e cereais, garantindo os próprios tesouros; contudo, se me negas lugar à mesa, porque eu não tenha dinheiro a fim de pagar o pão, receio morrer de fome. Levantaste universidades maravilhosas, mas, se me fechas a porta da educação, porque eu não possua uma chave de ouro, temo abraçar o crime sem perceber. Criaste hospitais gigantescos; no entanto, se não me defendes contra as garras da enfermidade, porque eu não te apresente uma ficha de crédito, descerei bem cedo ao torvelinho da morte. Proclamas o bem por base da evolução; todavia, se não tens paciência para comigo, porque eu te aborreça, provavelmente ainda hoje cairei na armadilha do mal, como ave desprevenida no laço do caçador. Dizes que eu sou o futuro. Não me desampares o presente. Dizes que sou a esperança da paz. Não me induzas à guerra. Dizes que eu sou a promessa do bem. Não me confies ao mal. Não espero somente o teu pão. Dá-me luz e entendimento. Não te rogo apenas brinquedos. Peço-te bons exemplos e boas palavras. Não sou simples folha seca rolando ao vento. Sou alguém que te bate à porta em nome de Deus. Em nome de Deus, que dizes amar, compadece-te de mim!... Ensina-me o trabalho e a humildade, o devotamento e o perdão. Compadece-te de mim e orienta-me para o que seja bom e justo... Ajuda-me hoje para que eu te ajude amanhã. Não te peço o máximo que alguém talvez te venha a solicitar em meu benefício... Rogo apenas o mínimo do que me podes dar para que eu possa viver e aprender. 
* * * 
Cada criança que nasce é uma estrela que Deus coloca sobre a face da Terra para que seja amparada pelas nossas mãos. 
Não permitamos que essas frágeis estrelas se apaguem por falta de cuidados. 
Pela Lei da Reencarnação, é possível que um desses pequeninos seja um afeto do nosso coração que volta, estendendo-nos as mãos em busca de socorro e proteção. 
Ademais, Jesus asseverou que tudo o que fizéssemos a esses pequeninos, era a Ele mesmo que o estaríamos fazendo. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 51 do livro Luz no lar, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.Feb e no cap 2, do livro Antologia da criança, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Ideal. 
Em 31.01.2013.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

O QUE TEMOS DE DEUS

Sem dúvida, só temos de Deus o que cabe em nós. 
Quando me faço minúsculo, mesquinho, Deus é mero serviçal de meus desejos e caprichos. 
Quando me percebo absoluto, soberbo, Deus é um devaneio.
Mas, quando me sinto criatura e me permito amar a mim e ao meu próximo, Deus é a fonte amorosa que nos alimenta todo santo dia. 
***
Os versos do poema refletem a respeito da figura divina, concluindo, em síntese: só temos de Deus o que cabe em nós. 
Isso explica a visão de Deus que a Humanidade construiu ao longo do tempo. 
Explica o Deus antropomórfico. 
Explica o Deus vingativo, com preferências para esse ou aquele povo, o Deus que abençoava as espadas que trucidariam outros seres humanos, igualmente filhos seus. 
Era um Deus criado à imagem e semelhança do homem. 
O Deus que cabia na compreensão humana até aquele momento histórico. 
Isso explica o rompimento com Deus em determinada etapa do pensamento crítico. 
Rompimento com esse Deus tão parecido com a alma humana, tão cruel e indiferente. 
Um Deus caprichoso, que agia conforme Suas paixões. 
Explica as tantas tentativas de se ver Deus como a própria natureza, causa de todas as coisas, mas que também era todas as coisas. 
Não era um Deus que se preocupava com o destino e as ações dos seres humanos. 
Um Deus distante num céu inalcançável. 
Alheio aos sofrimentos dos seres que criou, das dificuldades de um planeta em ebulição de sentimentos. 
Explica ainda os tantos ditos ateus, aqueles que romperam com essa ideia distorcida de Deus, edificada ao longo das eras. 
Então, quando nos sentíamos perdidos, chegou-nos uma referência segura, uma luz, um farol no oceano. 
O Pastor veio para as Suas ovelhas. 
E falou-nos de um Deus inigualável. 
A ideia central está no termo que o Mestre utilizou na oração dominical. 
Ele chama Deus de Pai. 
Ele se serve dessa relação familiar tão próxima, evoca a paternidade, para começar a nos explicar Deus. 
Um Pai nosso. 
O Deus que veste a erva do campo e providencia alimento para as aves. 
Criador de tudo. 
E nos ensinou a confiar nesse Pai amor e bondade: 
-Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso pai, que está no céu, dará bens aos que lhos pedirem. 
Temos um Pai que dá bens aos filhos, que atua sobre nós com bondade, e que atende às nossas rogativas. 
Naturalmente, nada de pedidos frívolos, de meras satisfações de prazeres ou interesses pessoais, mas pedidos verdadeiros, quando rogamos os bens da alma e as necessidades do corpo. 
Quando nos sentimos frágeis e rogamos forças. 
Quando desejamos nos sentir aconchegados: nosso Pai. 
Então, complementando os versos iniciais, podemos dizer que não temos somente o Deus que cabe em nós, mas muito mais, temos o Deus de que precisamos, que nos alimenta, que nos sustenta.
Enxergamos, percebemos esse Deus que cabe nas dimensões do nosso entendimento. 
E dEle recebemos muito mais do que sequer conseguimos imaginar.
E nosso desejo é crescer em entendimento para O percebermos mais, O entendermos melhor, deixarmo-nos penetrar por Ele. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho da obra A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector, ed. Rocco, e no poema Só temos de Deus, de Andrey Cechelero. 
Em 23.04.2025

terça-feira, 22 de abril de 2025

MENSAGEM SÚPLICA

JOSÉ RAUL TEIXEIRA
Eu, que sou criança ainda, dirijo a você, que já passou pelo período infantil, e que superou a fragilidade e o medo e conseguiu seu lugar ao sol, esta mensagem em forma de súplica. 
Sei que os adultos são pessoas muito ocupadas, têm tantos compromissos que quase não sobra tempo para se preocuparem com gente miúda feito eu. 
Tenho percebido os grandes esforços e investimentos feitos em defesa da natureza, com vistas à preservação do ecossistema. 
Aliás, eu não sei bem o que isso quer dizer, mas pelo que observo, trata-se de uma iniciativa nobre, de gente grande. 
Todavia, eu ouço falar na preservação das várias espécies animais, do mico-leão dourado, do mico de topete, das baleias, das toninhas, do tamanduá-bandeira e de outros bichos. 
Percebo o empenho de muitos na preservação das florestas, das águas, das árvores seculares, enfim, dos cuidados com o nosso lindo planeta azul... 
No entanto, eu, que também faço parte deste mundo, tenho sido esquecido e relegado à própria sorte... 
Talvez vocês pensem que eu já sei me cuidar sozinho como os demais filhotes de animais, mas eu asseguro que não é assim...
Asseguro que nesta selva em que estamos jogados, há muitos perigos... 
Vejo muitos pequeninos como eu, tragados pelos vícios variados...
Percebo filhotes indefesos como eu, seviciados por homens maus, que dividem conosco os restos de comida e dormem, como nós, ao relento... 
Penso até que eles seremos nós, amanhã... se alguém não se compadecer do nosso destino e nos oferecer um futuro diferente...
Sabe, enquanto se empreende lutas para que algumas espécies não desapareçam da face da Terra, eu, e muitas outras crianças morremos por falta de um pedaço de pão. 
Enquanto se gasta muito dinheiro para tratar os dentes de alguns felinos, nossos dentinhos nascem e se deterioram sem que possamos remediar... 
Enquanto se investem altas somas para reproduzir o habitat de alguns bichos, muitos de nós só encontramos abrigo debaixo da marquise fria ou de algum viaduto sombrio e infecto... 
O que eu queria rogar, na verdade, é que você, que é adulto e que tem um coração generoso a ponto de se ocupar com a preservação da natureza, observe esses seres pequenos e indefesos que vivem nas ruas, sem lar, sem educação, sem saúde... 
Ou será que a vida humana vale tanto ou menos que a vida de um inseto? 
Talvez o meu apelo se perca no ar, e a minha situação não mude...
Mas se você, que o ouviu, pensar um pouco a esse respeito, perceberá que todos os esforços de preservação ambiental resultarão sem efeito, se a espécie humana não for preservada também. 
* * * 
Ainda que as águas cristalinas e salutares jorrem de fontes protegidas... 
Ainda que o ar atmosférico espalhe por todos os cantos da Terra agradáveis aromas de flores...
Ainda que as espécies animais sejam poupadas da extinção... 
Ainda que a pradaria verde e exuberante encha os olhares de júbilo e contentamento... 
Isso tudo de nada valerá se no coração do homem ainda habitar o egoísmo, o deserto, a secura... 
Tudo isso de nada adiantará enquanto morrerem centenas de crianças e de idosos nas mãos covardes de grupos de extermínio ou nas teias cruéis da indiferença social. 
Redação do Momento Espírita com base nos caps. 1,2 e 3 do livro Educação e vivências, pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 26.10.2009.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

UM MUNDO HOSPITAL

Existem religiosos que afirmam que o mundo é poço de tentações e culpas. 
E procuram isolamento para preservação da própria pureza.
Entretanto, mesmo aí, no silencioso retiro em que se acolham, por mais humildes se façam, comem os frutos e vestem a túnica que o mundo lhes oferece. 
Muitos escritores alegam que o mundo é vasto arsenal de incompreensão e discórdia, viciação e delinquência. 
Contudo, é no mundo que recolhem o precioso material em que gravam as próprias ideias e encontram os leitores que lhes compram os livros. 
Muitos pregadores clamam que o mundo é vale de malícia e perversidade, como se as criaturas humanas vivessem mergulhadas em piscina de lodo. 
Todavia, é no mundo que adquirem os conhecimentos com que embelezam o próprio verbo e acham os ouvintes que lhes registram respeitosamente a palavra. 
Muitas pessoas dizem que o mundo é local de perdição em que as trevas do mal senhoreiam a vida. 
No entanto, é no mundo que receberam o regaço materno para tomarem o arado da experiência. 
É no mundo que se nutrem confortavelmente a fim de demandarem mais altos planos evolutivos. 
O mundo, obra-prima da Criação, indiferente às acusações gratuitas que lhe são desfechadas, prossegue florindo e renovando, guiando o progresso e sustentando as esperanças da Humanidade. 
***
Ampliemos nossa visão. 
Permitamos que o sentimento perceba o abraço do Pai Criador.
O mundo em que vivemos está longe de ser morada superior, uma vez que aqui estamos aqueles que ainda insistimos no erro. 
Por isso, necessitamos de atendimento hospitalar para nossos vícios morais. 
Este é um mundo hospital, um hospital-escola, o que não o torna menos belo. 
Caminhemos pelas instalações de um desses hospitais modelo da Terra e vejamos o cuidado, a organização, a disciplina dos servidores e a gigantesca estrutura para atender os pacientes. 
São pequenas cidades construídas em prédios bem iluminados, bem projetados, com equipamentos de alta tecnologia para providenciar conforto a quem precise. 
Nutricionistas garantindo as melhores refeições; enfermeiros competentes e amorosos; profissionais de informática dedicados; equipes de limpeza e higienização treinadas constantemente. 
Quartos confortáveis, leitos de última geração, centros cirúrgicos prontos para qualquer tipo de intervenção. 
Assim é o planeta Terra, oferecendo-nos uma estrutura admirável para que possamos ser bem atendidos durante o tempo que passamos aqui. 
O paciente, muitas vezes distraído com suas enfermidades, não percebe a beleza que o cerca. 
Reclama da dor da injeção que lhe traz o analgésico; reclama dos exercícios repetitivos propostos pelo fisioterapeuta, pois não enxerga o bem maior. 
Façamos essa experiência de olhar o mundo de forma distinta.
Deixemos de ver o estado de doença, os outros pacientes, e olhemos o hospital. 
Percebamos tudo que nos é dado para que tenhamos excelente atendimento. 
Ficaremos encantados descobrindo que Deus tudo nos provê. 
Temos aquilo de que precisamos para crescer, para darmos mais um passo na busca por sermos melhores. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 12, do Livro da esperança, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. CEC. 
Em 21.04.2025

domingo, 20 de abril de 2025

ALGO EM NÓS

Desde muito tempo, estudiosos da sociologia, da psicologia, do comportamento humano vêm afirmando que somos seres sociais. 
Temos a necessidade de nos relacionarmos, de viver coletivamente e interagir. 
Essa vida de relação nos proporciona aprendizado, nos estrutura emocionalmente e também colabora para dar significado à nossa existência. 
Nessas interações, somos sempre impactados, em maior ou menor aspecto, pelas relações que ocorrem em nossa jornada. 
Temos envolvimentos de longo prazo e profundidade, como os do convívio entre pais e filhos. 
De ambos os lados dessa relação, marcas indeléveis são construídas, seja pela intimidade, seja pela intensidade e longevidade das interações. 
Os relacionamentos de amizade, que vamos cultivando ao longo da existência, igualmente se mostram significativos e profundos. 
Existem ainda, envolvimentos de caráter afetivo, amoroso, sexual. 
Não menos relevantes, esses nos constituem, impactam e constroem em nós muitas estruturas emocionais. 
Há outras relações mais superficiais, como aquelas de caráter social, profissional, nas quais interagimos com maior número de pessoas, porém, sem apresentar uma intimidade ou maior profundidade. 
Também existem aquelas corriqueiras, pontuais, de alguém que encontramos no comércio, no transporte público, no banco ou no consultório médico. 
Por mais diversificadas e distintas que sejam essas relações, o traço comum a todas elas é que estaremos impactando o outro com algo de nós. 
Em todo relacionamento humano, haverá sempre algo de nós que restará no outro, no contato passageiro ou dilatado. 
Cabe a cada um escolher o que deseja exatamente que fique de si no outro. 
Em síntese, podemos escolher o que ofertaremos aos que compartilharão nossa caminhada breve ou longamente. 
Nos relacionamentos íntimos, sejam familiares ou de amizade, podemos deixar marcas profundas de confiança, amor, dedicação. 
Nas relações profissionais ou nas de cunho social, podemos oferecer marcas de respeito, integridade, generosidade. 
Para as demais, podemos ofertar educação, gentileza, cortesia. 
Seja qual for a relação, aquilo que dermos ao outro, irá repercutir em seu mundo emocional. 
Uma criança que cresce em um lar amoroso, terá uma construção emocional saudável e harmoniosa. 
Aquele que trabalha em um ambiente respeitoso e íntegro, terá menos chance de desenvolver doenças de cunho emocional oriundas dessa sua atividade. 
Aquele que recebe de nós um aceno, um sorriso ou um gesto de gentileza, talvez possa levar consigo, para seu lar, para onde se dirija, um tanto de leveza e alegria. 
Portanto, prestemos atenção no que estamos oferecendo de nós àqueles que passam por nós ou convivem conosco.
Pensemos no quanto de nós ficará no outro, após o nosso contato. 
Não importa se foram apenas minutos de um encontro ou uma relação dilatada de meses a anos. 
Sempre, o mais importante de nós ficará com o outro. 
É de nos indagarmos o que estamos deixando na vida do nosso semelhante: a doçura de um sorriso, o perfume da nossa delicadeza, um gesto de atenção? 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.04.2025

sábado, 19 de abril de 2025

MINIMAMENTE FELIZ

Leila Ferreira
Desde a infância aprendendo a sonhar com uma felicidade não superlativa. 
Mas, ao contrário do que os contos de fadas e os filmes infantis nos ensinaram, esse estado de pleno contentamento não é mágico nem duradouro. 
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em contas-gotas. 
Às vezes, passamos tanto tempo preocupados em conseguir alcançar esse ou aquele objetivo, onde pensamos estar depositados em nossa alegria, que nos esquecemos de nos alegrar com as pequenas coisas do dia a dia. 
A felicidade não está no fim de uma longa jornada, mas sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-la.
Ela não deve ser o objetivo final, mas sim o resultado da caminhada. 
Pequenos acontecimentos ou atitudes simples podem nos fazer sentir um bem indescritível e nos deixar imensamente felizes. 
Presenciar um belo pôr do sol, receber um beijo carinhoso de alguém que estimamos, viajar nas páginas de um livro edificante, estar ao lado de uma pessoa que nos faz sonhar ou desfrutar da companhia de um grande amigo. 
Caminhar em meio à natureza, ouvir uma música que nos enleva ou, simplesmente, reconhecer que somos capazes de provocar um sorriso no rosto de alguém. 
Quando entendermos que a felicidade tão almejada pode ser a soma daquelas pequenas coisas que nos deixam felizes, mudaremos o nosso conceito. 
Na contabilidade de nossas vivências, se somamos essas situações, com o cuidado e a delicadeza que merece, percebemos que elas podem nos trazer pequenas ou grandes alegrias, ainda que fugazes. 
É importante contabilizar tudo de bom que nos acontece. 
Essa é uma felicidade em doses homeopáticas. 
Cuidemos para não passar a vida esperando por momentos espetaculares, por amores inimagináveis ou por grandes acontecimentos. 
Usamos moderadamente a palavra quando. 
Serei feliz quando eu tiver filhos, quando eu tiver uma condição financeira melhor, quando eu tiver uma casa, quando encontrar alguém que me ame. 
Troquemos essas ilusões por prazeres mais simples e poderemos ser felizes hoje mesmo. 
É natural desejar uma vida de plena alegria. 
Buscar alcançar as aspirações que fazem parte da nossa realidade, mas não devemos condicionar a felicidade à realização de todos os desejos pessoais. 
Algumas são as pequenas alegrias que nos acontecem todos os instantes. 
Pode parecer uma soma modesta, mas é melhor ser minimamente feliz, várias vezes ao dia, do que viver eternamente em compasso de esperança. 
 * * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
E JOANNA DE ÂNGELIS
A tua felicidade é possível. 
Crê nesta realidade e trabalha com afinco para conseguir-la.
Não a coloque nas coisas, nos lugares, nem nas pessoas, a fim de que não decepciones. 
A felicidade é um estado íntimo, defluente do bem-estar que uma vida digna e sem sobressaltos proporciona. 
Mesmo que você falte dinheiro, posição social de relevância e saúde, você pode ser feliz, vivendo com resignação e confiança em Deus. 
* * * 
Lembremos que a paz íntima é uma das mais importantes dádivas para uma vida feliz. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto da jornalista Leila Ferreira, coletados na Internet e pensamentos finais do cap. 43, do livro Vida feliz , pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 19.04.2025
https://momento.com.br/pt/index.php

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A CRUZ

RICHARD SIMONETTI
No trato diário ocorre, muitas vezes, reclamarmos das dores que nos chegam. 
Vida dura! Cruz pesada! 
E, de uma forma muito particular, olhamos para as demais pessoas com olhos examinadores, concluindo que elas não sofrem tanto quanto nós. 
Certa feita, ao comentarmos acerca do acidente que sofrera uma pessoa famosa, resultando em sérios danos físicos, ouvimos da boca de quem nos escutava: 
-Ah, mas essa pessoa tem muito dinheiro. É rica. Não tem com que se preocupar. Tem quem a atenda. Médicos, enfermeiras, terapeutas.
Em nenhum momento, a pessoa a quem nos dirigíamos pensou que, mesmo com dinheiro e fama, o acidentado deveria estar sofrendo intensamente. 
Sim, sempre acreditamos que a dificuldade do outro é menor. 
A nossa é enorme. 
Pelo fato de pensarmos dessa forma é que, no vocabulário popular, se fala da cruz para significar as dificuldades próprias. 
Carregar a própria cruz. Cruz pesada. 
Conta-se que, certa vez, um homem inconformado passou a clamar aos céus: 
-Senhor Deus, a cruz que carrego é muito pesada. Não estou suportando o peso das dificuldades e problemas que venho enfrentando. 
Tanto reclamou que, um dia, um espírito do senhor se apresentou e lhe disse que suas queixas tinham alcançado os céus. 
Conduzido a um vasto campo, cheio de cruzes dos mais diversos e variados tamanhos, o amigo espiritual lhe disse que poderia escolher, dentre todas elas, a que melhor considerasse adequada para si.
Animado, o homem observou atentamente as cruzes. 
Finalmente, depois de muitas examinar, avaliar, testar, apanhou aquela que lhe pareceu ideal. 
-Você tem certeza que é esta mesma a que quer? 
Perguntou-lhe o mensageiro. 
-Sim. -Disse ele.- Esta é a que melhor se ajusta aos meus ombros. Esse peso eu posso suportar. 
Para seu espanto, o amigo lhe pediu que olhasse mais atentamente e, então, o homem descobriu que a cruz que escolhera era exatamente a sua, aquela de cujo peso reclamara tanto. 
* * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Deus é justo. 
Infinitamente bom e misericordioso. 
Jamais concede para a criatura fardo maior do que possa suportar. 
As nossas queixas simplesmente demonstram que não estamos sabendo levar com dignidade a problemática. 
Às vezes, por sermos muito rebeldes e não nos ajustarmos às disciplinas que nos são impostas. 
De outras, porque gostaríamos de viver com menos trabalhos e menores lutas. 
A vida nos situa exatamente onde devemos estar. 
Todas as condições necessárias ao nosso aprendizado nos são apresentadas. 
O que nos compete é colocar uma almofada entre a cruz e os ombros.
Uma almofada feita de virtudes cristãs. 
Quando nos dispomos a servir, amar, perdoar, compreender, o peso das nossas dificuldades pode diminuir ao ponto de esquecermos de que estamos sobre a Terra carregando o fardo das dificuldades. 
A dificuldade é teste de resistência. 
É oportunidade de combate. 
Aprendamos a transformar as dificuldades que se acumulam em oportunidades de trabalho e serviço. 
Quando tudo estiver difícil e escuro, recordemos que, além das nuvens pesadas, o sol está sempre a brilhar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro Viver em plenitude, de Richard Simonetti, ed. São João e no verbete Dificuldades, do livro Repositório de Sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. Em 13.9.2022.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

MENSAGEIRO

Xenofonte-Historiador Grego
Registros históricos apontam que 2.400 anos antes de Cristo, no Antigo Egito, já existia um serviço organizado de difusão de documentos escritos. 
Os egípcios, sobretudo a partir da XXI Dinastia, dispunham de um eficiente sistema postal. 
Os mensageiros realizavam o percurso a pé, repousavam em estações de pernoite, distribuídas ao longo dos caminhos postais. 
O historiador grego Xenofonte descreveu a organização do correio da Pérsia, dizendo ser uma invenção utilíssima. 
Ela permitia que Ciro II fosse prontamente informado de tudo que acontecia nas regiões mais longínquas. 
O viajante Marco Polo registrou o pioneiro serviço postal na China.
Na América pré-colombiana, astecas e incas dispunham de um organizado serviço postal. 
Em toda a História e em todas as nações, o papel de destaque cabia ao mensageiro. 
Na China, depois de vencer quarenta quilômetros, um palácio o esperava, para o descanso, antes de prosseguir. 
Entre os astecas, os mensageiros usavam uma rica vestimenta, tipo de manta, atada ao corpo. 
Eram detentores de imunidade. 
A ninguém era permitido bloquear a sua passagem. 
Postos de revezamento, substituição de animais para continuar o percurso a ser vencido, hospedagem, tudo era reservado ao mensageiro. 
Ele era o condutor das notícias, que poderiam ser as que decidiriam o futuro destino da nação, o prosseguimento de uma luta, ou as notícias auspiciosas de um fim de batalha.
* * * 
Lembramos que a Divindade também se serve de mensageiros para as celestes novas aos homens. 
Maria de Nazaré recebe a visita de Rafael, o mensageiro celeste que vem lhe recordar do excelso papel que ela deverá desempenhar como a Mãe de Jesus.
O sacerdote Zacarias, de igual forma, é contemplado com a visita de um mensageiro dos céus que vem lhe falar da paternidade que logo lhe chegaria. 
Era o anúncio da vinda do precursor, João Batista. 
E quando nasceu Jesus, foram muitos os mensageiros celestes que cantaram, unidos, as glórias aos céus. 
Vozes que foram ouvidas pelos pastores no campo. 
Que também receberam a notícia, em primeira mão, de que nascera, em Belém de Judá, o mais Excelso Ser do planeta. 
Outros mensageiros se aglomeram e formam um astro brilhante que aponta aos magos do Oriente onde se encontra o Menino tão esperado. 
* * * 
Mensageiro. 
O que distribui mensagens. 
Todos nós, na Terra, somos mensageiros. 
Todos os dias, transmitimos aos que nos estão próximos a nossa mensagem de paz, de alegria. 
Ou de desalento. 
Todos os dias, falamos com amigos, colegas, profissionais e lhes dizemos da nossa mensagem de vida, pela maneira como nos comportamos. 
Se somos seguidores de Jesus, a nossa será sempre a mensagem do otimismo, do bom ânimo. 
Em meio ao caos, à insegurança, ao desânimo, a nossa atuação lhes ofertará a nossa mensagem de tranquilidade, de confiança. 
A certeza de que podemos prosseguir lutando porque venceremos.
Como nosso Mestre, que venceu o mundo, nós poderemos vencer a enfermidade, a morte, a desgraça. 
Somos Espíritos imortais. 
Esta é a nossa mais extraordinária mensagem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.10.2020.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

MENSAGEIROS

Em todos os tempos, Deus enviou mensageiros à Terra, para transmitir recados aos homens. 
Os livros bíblicos são pródigos nos relatos, com maior relevância, quiçá, nos relatos do Novo Testamento. 
Narra o Evangelista Lucas que um anjo do Senhor foi enviado a uma cidade da Galileia, de nome Nazaré, especialmente à casa de uma jovem chamada Maria. 
Entrando o mensageiro onde ela estava, disse: 
-Eu te saúdo, cheia de graça. O senhor é contigo. 
E porque ela refletisse consigo mesma o que significaria semelhante saudação, continuou ele, após se identificar como o anjo Gabriel:
-Venho te dizer que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado filho do altíssimo. E o seu reino não terá fim. 
E lhe dá ainda notícia de que sua prima Isabel também concebera e se encontrava em seu sexto mês de gravidez. 
O mensageiro é meticuloso em seu recado, dando detalhes que se haveriam de concretizar nos séculos futuros. 
Meses depois, quando Maria deu à luz seu filho primogênito, um anjo do Senhor apareceu no campo a pastores que faziam vigília, guardando os seus rebanhos. 
A mensagem era clara: 
-Trago-vos uma nova de grande alegria. Nasceu, hoje, na cidade de David, o Cristo Senhor. 
E a seguir uma multidão de arautos apareceu e se pôs a cantar Hosanas a Deus, saudando o nascimento do Menino. 
Mas Deus, em Sua bondade, não se serve somente de mensageiros espirituais, de seres do Além. 
Assim, homens e mulheres se transformam, na Terra, em arautos do bem, a Seu convite. 
Quando Maria vai a Jerusalém, com o esposo, levando o bebê, segundo as prescrições da lei de Israel, um homem se destaca. 
É o velho Simeão que, tomando o menino nos braços, louva a Deus, por poder tê-lO contemplado, a Luz, a Glória do povo de Israel. 
Mas igualmente olha para Maria e lhe prediz que sua alma de mãe seria ferida por uma espada e que seu filho estava destinado a ser a ruína de muitos em Israel. 
Também Ana, a profetisa, compareceu na mesma ocasião e glorificou a Deus, falando do Menino a todos. 
Quando Jesus inicia Sua missão, elege setenta e dois discípulos e os incumbe de ir, dois a dois, pelas cidades anunciando a chegada do reino de Deus. 
A samaritana, com quem Ele se encontra, no poço de Jacó e entabula singular diálogo, se transforma em mensageira da verdade que Ele pregava. 
A mulher equivocada de Magdala se torna a mensageira da esperança para os excluídos da época, os leprosos. 
E o discípulo amado, João, é a própria mensagem do amor, não cansando de repetir, até a sua velhice: 
-Amai, meus filhos, amai muito. 
Mensageiros espirituais, mensageiros na carne. 
O importante é ser veículo da Luz. 
Por isso, nos dias que atravessamos, quando tantos alardeiam desesperança e desânimo, é bom pensar se temos sido mensageiros da palavra de encorajamento. 
Quando tantos aludem à derrocada moral desses tempos de transição, é salutar meditarmos se temos sido os mensageiros do bom ânimo.
Enfim, enquanto muitos afirmam que o mundo está perdido, que as gerações novas são o caos, é importante indagarmos se temos sido os mensageiros do bom exemplo.
Ao nascer, Jesus teve a anunciá-lO um coro de anjos. 
Para disseminar a Sua palavra pela Terra, transformou homens e mulheres, pescadores e comerciantes em seus mensageiros. 
E pela necessidade imperiosa de que a Boa Nova se espalhe pela Terra, incendiando os corações, Jesus conta conosco. 
Portanto, se somos cristãos, façamos a nossa parte na difusão do bem. 
Sejamos os mensageiros da paz, da moral e do amor, onde e com quem nos encontremos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 10.06.2021.

terça-feira, 15 de abril de 2025

O TEMPO CRIA TEMPO


CASEMIRO CUNHA
(espírito)
e
CHICO XAVIER
Reclamas que o tempo é curto, 
Dormindo e sonhando embora, 
Mas o tempo cria tempo 
Se fazes o bem agora. 
*** 
Os versos do poeta Casimiro Cunha nos trazem bela lição. Muitos de nós, senão todos, vez ou outra, reclamamos que o tempo é curto, que o tempo passa muito rápido, que quando vimos... já é dezembro de novo. Cabe-nos termos cuidado com essas constatações. Alguns de nós não vemos o tempo passar pois nos encontramos dormindo e sonhando... Dormindo estamos quando deixamos que as tarefas se tornem automáticas, quando nos deixamos prender na rotina repetitiva sem estarmos realmente presentes em cada momento. Trabalhamos oito horas, mas parece que o eu Espírito foi sequestrado durante esse tempo. Ficou ali apenas o corpo. Então o Espírito foi realizar algo nobre? Não. Adormeceu. Isso acontece quando realizamos nossas tarefas sem a real presença, sem querermos estar ali, sem o entusiasmo. É como se deixássemos o corpo executar, enquanto o Espírito dorme... De que nos serve? Para pouca coisa. Alguns transformamos quase todos os momentos da vida em automatismos, desde os cuidados com o corpo, passando pelas horas do trabalho profissional, até os instantes de convívio com a família. Somos os que afirmamos que não vimos os filhos crescerem, que não percebemos como envelhecemos tão rápido, que não notamos o companheiro ou a companheira passando por essa ou aquela mudança de estação. Passamos períodos apenas sonhando, sonhando acordados, e não realizamos nada. Pensamos, pensamos, planejamos, mas pouco realizamos. Assim, esvai-se o tempo. Então, sim, o tempo é curto. Mas o tempo cria tempo, nos diz tão belamente o poeta, quando nos propomos a fazer o bem agora. Vejamos que não é planejar fazer o bem algum dia, ou amanhã. É fazer o bem agora. Sempre teremos tempo se nos propomos a fazer o bem. Sempre teremos tempo se doarmos parte do nosso dia para alguém. É curioso, mas os que menos têm tempo, são os que mais se doam. Encontram, de alguma forma, oportunidade de servir. Isso porque descobriram que a oportunidade de servir deve ser abraçada de todo jeito e quando ela surge. E não falamos apenas de fazer o bem lá fora. As oportunidades de fazer o bem começam dentro de casa ou em nossa família maior. Reflitamos um pouco: quem pode estar precisando de ajuda neste exato instante? Quem gostaria de um carinho? Uma lembrança? Um elogio? Alguns minutos de desabafo? Sempre descobriremos alguém. E para aquele trabalho voluntário, conseguiremos arranjar tempo. O tempo cria tempo. Comecemos e perceberemos como tudo se encaixa. Certas coisas que eram tão importantes vão ficando para trás. Outras, com as quais gastávamos tantas preciosas horas, podemos repensar. E isso irá acontecendo naturalmente. Uma vez que nos propomos a servir ao bem, servir ao próximo, servir a uma causa maior que não apenas a nossa própria, começamos a ter uma ajuda nova. Veremos que até na organização de nosso tempo seremos auxiliados. Confiemos. O tempo cria tempo quando fazemos o bem agora.
Redação do Momento Espírita, com transcrição de versos do cap. 31, do livro Caridade, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDE. 
Em 15.4.2025

segunda-feira, 14 de abril de 2025

FIAT LUX!

Rachel Naomi Remen
Podemos imaginar como era tudo antes do primeiro segundo da Criação? 
Narra o livro bíblico Gênesis que a Terra era sem forma e vazia. 
Havia trevas sobre a face do abismo. 
Mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. 
Que extraordinário poeta teve a ousada inspiração de definir em palavras tão breves o inimaginável e o impensado! 
O Espírito de Deus pairava sobre a face das águas... 
Desde sempre, concebeu o homem a existência desse ser não criado e Criador. 
Causa primária de todas as coisas. 
Exatamente Ele, em um instante, que transcende o tempo, emitiu uma ordem: 
-Fiat lux. Faça-se a luz. 
Um raio de luz irrompeu atravessando a imensidão. 
Um clarão afugentou as trevas. 
A Divindade imprimiu sua primeira pincelada em um quadro cósmico que se encontrava em branco. 
A luz moldou as galáxias, acendeu as estrelas e a vida em planetas ainda nem descobertos pela nossa ciência incipiente. 
Foi assim que o mundo começou. 
A vida e todas as bênçãos de Deus começaram com a dádiva da luz.
Luz de Deus que prossegue ardendo na escuridão, afugentando as trevas onde se encontrem. 
Também em nós existe um lugar que guarda a luz. Deus nos fez assim. 
Quando Ele determina: Faça-se a luz, fala ao infinito. 
Também fala a cada um de nós, pessoal e individualmente. 
Ele nos cientifica do que somos capazes, como podemos escolher viver. 
Fazermos luz em nós. 
No entanto, como uma única vela não consegue debelar toda a escuridão, 
Deus nos acrescentou a capacidade de acender e fortalecer a luz uns dos outros, passando-a adiante. 
Essa é a forma pela qual a Luz de Deus vai brilhar para sempre neste mundo. 
Através de cada um de nós.
*** 
Luz simboliza esperança, renovação. 
A cada dia, quando o sol pinta o céu com caprichosos tons, podemos reviver a magia daquele primeiro raio de luz. 
E lembrarmos de que somos filhos da luz, conforme escreveu o apóstolo Paulo em uma de suas preciosas epístolas. 
Portadores de luz, nossa vida tem propósitos elevados. 
Que saibamos celebrar a beleza da Criação e a maravilha da vida, em cada raio de sol que ilumina nossos dias. 
Que transmitamos isso ao mundo, iluminando corações e mentes de todos os que cruzam o nosso caminho. 
A guerra é um período de escuridão promovido pelos homens. 
A nossa luz, unida à de outros tantos pode estabelecer claridade nas mentes, diminuindo o poder dessas sombras. 
Percebendo como é tola a vaidade humana, a cobiça humana, os desejos de poder e mando. 
Tudo tão ilusório e passageiro. 
E como é sublime a luz da fraternidade, da convivência das bênçãos, do compartilhamento de tudo que nos é ofertado por um Pai, que é a Suprema Luz. 
A maldade, a hipocrisia, a desonestidade são outros tantos planos de escuridão que teimam estabelecer seus reinos na face do globo.
Aprendamos a fazer luz em nós, demolindo essas paixões que nos escravizam e acendamos luz naqueles que nos estejam mais próximos. 
Pensemos em nós mesmos como uma vela cuja chama pode acender outra, e mais outra. 
E muitas mais. 
Fiat lux. Faça-se luz em nós. Façamos luz no mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, item Sabedoria, do livro As bênçãos do meu avô, de Rachel Naomi Remen, ed. Sextante. 
Em 14.04.2025

domingo, 13 de abril de 2025

MENSAGEIROS DE dEUS

Doutor Marshall Strome
O doutor Marshall Strome, da Clínica Cleveland, em Ohio, tinha um sonho. 
Ele observara como a voz era importante para as pessoas. 
Teve um paciente de pouco mais de 40 anos que tivera a sua laringe cancerosa removida com sucesso. 
Agora, ele teria muitos anos de vida pela frente. 
Duas semanas depois, porém, o paciente, que jamais demonstrara sinais de desequilíbrio ou problemas psicológicos anteriores, se suicidou. 
Dr. Marshall conhecia a história de muitos pacientes que relutavam em ter a laringe cancerosa retirada, mesmo sabendo que a cirurgia poderia lhes salvar a vida. 
Foi aos 57 anos que Dr. Marshall conheceu Tim Heidler que, anos antes, aos 21 anos, tivera a laringe esmagada em um acidente. 
Ele se dirigia para o trabalho e, tomando um atalho, por se encontrar atrasado, sofreu um acidente com um cabo de aço atravessado de um lado a outro de uma trilha. 
Seu sonho então era ser bombeiro em tempo integral. 
Devoto, cantava no coro da igreja todos os domingos. 
Dois anos de hospital lhe afirmaram que jamais ele voltaria a usar a voz. 
Durante quase um ano ele ficou sem poder ingerir alimentos sólidos.
Dezenove anos depois, recuperado, com saúde, ele continuava pedindo a Deus que lhe permitisse ser curado ou morrer. 
A vida se desmoronara após o trágico acontecimento. 
Separara-se da esposa e se tornara um homem triste. 
Dr. Marshall era a sua esperança. 
Ele lhe apontava a possibilidade de ter sua voz restituída, após um transplante. 
Porém, com riscos muito graves. 
Ele poderia morrer na cirurgia. 
A laringe nova estaria sujeita a não funcionar e ele perderia outra vez a capacidade de engolir. 
Valeria a pena arriscar a vida para ter de volta a sua voz? 
-Olhe bem dentro de você, lhe disse uma enfermeira. A decisão tem de ser sua. 
Tim resolveu se submeter ao transplante. 
O doador era um homem de 41 anos, que morrera em consequência de um aneurisma cerebral. 
Três dias depois da cirurgia, após um exame nas cordas vocais, numa voz baixa e áspera, Tim pronunciou a palavra:
-Olá. 
Seus olhos se encheram de lágrimas. 
Depois de quase vinte anos, era a primeira vez que ele pronunciava uma palavra, sem a laringe eletrônica. 
O médico também se emocionou. 
Ambos tinham empreendido uma batalha feroz e haviam saído vencedores. 
Sua voz não era a de antigamente, nem a do doador. Era uma voz totalmente nova. 
Tim Heidler voltou a cantar na igreja da sua Congregação e se tornou um palestrante, no intuito de levar ao mundo a sua história, acreditando que ela possa ajudar a salvar algumas vidas. 
* * * 
Mensageiro de Deus é todo aquele que se transforma em fonte segura e arrimo dos seus irmãos. 
Desta forma, médicos dedicados que se debruçam sobre os livros e aprimoram técnicas cirúrgicas, para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos homens, são a prova do amor de Deus a Suas criaturas. 
São credores da nossa gratidão e das nossas preces, para que não percam o ânimo e continuem suas pesquisas, objetivando diminuir a dor de tantos enfermos e devolver esperança a criaturas desiludidas.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Eu quero recuperar minha voz!, publicado em Seleções Reader´s Digest, de abril de 1999. 
Em 18.10.2010.