sexta-feira, 11 de abril de 2025

A FORÇA VIVA DO PROGRESSO

Katsushika Hokusai
O célebre artista japonês do século dezenove, Katsushika Hokusai, deixou um legado artístico memorável. 
Não apenas pela beleza das obras, mas por sua postura perante a arte.
É dele a famosa série Trinta e seis vistas do monte Fuji, um conjunto de xilogravuras registrando, de forma magistral, o citado monte em diferentes estações e de diversos locais distintos. A xilogravura conhecida como 
A grande onda de Kanagawa, está exposta atualmente no museu britânico. 
Hokusai deixou um interessante relato, quando estava com setenta e cinco anos de idade: 
-Desde a idade de seis anos eu tinha a mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos cinquenta, havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo o que produzi antes dos sessenta não deve ser levado em conta. Foi aos setenta e três que compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes, os insetos. Em consequência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso. Aos noventa, penetrarei o mistério das coisas. Aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilha. E quando eu tiver cento e dez anos, para mim, seja um ponto, seja uma linha, tudo será vivo. 
O artista não chegou aos cento e dez anos de idade. 
Desencarnou aos oitenta e nove, mas o ponto principal é a sua noção de que somos perfectíveis, estamos em constante aprimoramento.
Além de tudo, ele sabia também que a morte não seria o fim. 
Pouco antes de partir, em maio de 1849, deixou um haicai, um curtíssimo poema, que dizia: 
Agora como Espírito 
Devo atravessar 
Os campos de verão. 
Certamente, o artista continuou seu trabalho na nova esfera e ainda percebeu, com alegria, o quanto poderia crescer, o quanto poderia ir adiante. 
Todos precisamos dessa visão. 
E que ela não seja uma visão de desânimo, como quando se olha uma estrada longa pela frente pensando em tudo que falta. 
Que seja a visão da disposição, do ânimo do caminhante que não vê a hora de conhecer o que os novos caminhos trarão. 
Quem conhece e aceita a lei do progresso sabe que caminhamos sempre para frente; que, embora enfrentemos crises, elas nos empurram para diante.
Progredir é inevitável. 
Quando e como será é decisão pessoal. 
*** 
Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem a ele se opor. 
É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. 
Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. 
Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a Justiça Divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco. 
Eis aí expressa a força viva do progresso. 
Podemos até retardá-la, criar-lhe embaraços. 
Contudo, jamais a poderemos anular. 
É Lei Divina. 
Haverá dia em que tudo será vivo, como afirmou o artista. 
Haverá dia em que estaremos próximos de Deus e entenderemos tudo com mais clareza. 
Redação do Momento Espírita, com base em citação encontrada na exposição Le Fou de peinture: Hokusai et son temps. Catálogo de exposição do Centre Culturel du Marais. Paris: Cres, 1980 e no comentário à questão 781, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 11.4.2025

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