quinta-feira, 3 de abril de 2025

O MENINO DO NATAL

Jack Canfield e
Mark Victor Hansen
Ele foi aguardado pelo casal por mais de um ano. 
Considerados portadores de infertilidade, marido e mulher se inscreveram numa fila de adoção. 
Com seis dias de vida ele chegou. 
E porque fosse próximo ao Natal, logo foi chamado de nosso menino do Natal. 
Em seguida, o casal foi surpreendido com dois filhos biológicos. 
O menino do Natal, contudo, era muito especial. 
Natal era mesmo com ele. 
Era ele que se esmerava na decoração da árvore, que elaborava a lista de presentes, não esquecendo ninguém. 
Era pura felicidade. 
Natal era família, era orar e entoar cânticos. 
No seu vigésimo sexto Natal, ele se foi, tão inesperadamente quanto chegou. 
Morreu num acidente de carro, logo depois de estar na casa dos pais e decorar a árvore de Natal. 
A esposa e a filhinha o aguardavam em casa. 
Ele nunca voltou. 
Abalados pelo luto, os pais venderam a casa e se mudaram para outro Estado. 
Dezessete anos depois, envelhecidos e aposentados, resolveram retornar à sua cidade de origem. 
Chegaram à cidade e olharam a montanha. 
Lá estava enterrado seu filho. 
Lugar que jamais conseguiram visitar. 
O filho do casal morava em outro Estado. 
A filha viajava, em função de sua carreira. 
Então, próximo do Natal, a campainha da porta soou. 
Era a neta. 
Nos olhos verdes e no sorriso, via-se o reflexo do menino do Natal, seu pai. 
Atrás dela vinham a mãe, o padrasto, o meio-irmão de dez anos.
Vieram decorar a árvore de Natal e empilhar lindos embrulhos de presentes sob os galhos. 
Os enfeites eram os mesmos que ele usava. 
A esposa os havia guardado, com carinho, para a sogra. 
Depois foi convite para a ceia e para comparecerem à igreja. 
A neta iria cantar um solo. 
A linda voz de soprano da neta elevou-se, fervorosa e verdadeira, cantando Noite feliz. 
E o casal pensou como o pai dela gostaria de viver aquele momento.
A ceia, em seguida, foi cheia de alegria. 
Trinta e cinco pessoas. 
Muitas crianças pequenas, barulhentas. 
O casal nem sabia quem era filho de quem. 
Mas se deu conta de que uma família de verdade nem sempre é formada apenas pelo mesmo sangue e carne. 
O que importa é o que vem do coração.
Se não fosse pelo filho adotado, eles não estariam rodeados por tantos estranhos, que se importavam com eles. 
Mais tarde, a neta os convidou para irem com ela a um lugar. 
Foi em direção às montanhas, ao túmulo do seu pai. 
Ao lado da lápide, havia uma pedra em formato de coração, meio quebrada, pintada pela filha do casal. 
Ela escrevera: 
"Ao meu irmão, com amor."  
Em cima do túmulo, uma guirlanda de Natal, enviada, como todos os anos, pelo outro filho. 
Então, em meio a um silêncio reconfortante, a jovem soltou a voz, bela como a de seu pai. 
Ali, nas montanhas, ela cantou Joy to the world
E o eco repetiu diversas vezes. 
Quando a última nota se ouviu, o casal sentiu, pela primeira vez desde a morte do filho adotado, um sentimento de paz, de continuidade da vida. 
Era a renovação da fé e da esperança. 
O real significado do Natal lhes havia sido devolvido. 
Graças ao menino do Natal... 
 * * * 
A verdadeira família é a que se alicerça em laços de afeto. 
Não importa se os filhos são gerados pelos pais ou se chegam por vias indiretas. 
O que verdadeiramente importa é o amor. 
Esse suplanta o tempo, a morte. 
Existe sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Nosso menino do Natal, de Shirley Barksdale, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante. 
Em 23.12.2016.

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