quarta-feira, 2 de julho de 2025

A canção de qualquer mãe e pai

Lya Luft
-Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. 
* * * 
Tais as inspiradas e inspiradoras palavras de Lya Luft, em sua crônica intitulada A canção de qualquer mãe
Quando o mundo elege algumas datas para celebrar o amor de mãe, de pai, de namorados, a escritora prefere escrever a seus filhos, enviando uma mensagem inesquecível de carinho e reconhecimento. 
Sim, pois sempre será honra inestimável ser pai, ser mãe.
Participar da Criação de Deus, mesmo que de forma singela, é razão de júbilo intenso no coração. 
Quando se vivencia o amor de pai, o amor de mãe, tudo passa a ser diferente – nós nos transformamos. 
Serão tempos diferentes, quando todas as nossas relações forem assim, como a da mãe que diz aos filhos: 
-Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: Mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. 
Sim, serão tempos diferentes esses... 
Tempos do amor que independe da presença e do tempo.
Tempos de nova compreensão sobre presença e sobre tempo.
O amor de mãe e de pai está mudando o mundo, pois estes estão mais maduros, mais atentos, mais vivos... 
Nada será como antes, quando finalmente compreendermos e vivenciarmos esse amor com toda sua força. 
Nada será como antes, quando os pais aprenderem a olhar nos olhos de seu bebê, dizendo: 
-Não sabemos o que nos uniu nesta nova família, se a afinidade intensa ou o compromisso inadiável perante as leis maiores, mas não importa: tudo o amor irá superar. 
Este será o dia em que escolheremos amar, antes de tudo.
O amor precisa ser uma decisão dentro do lar, dentro da vida.
Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: Misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. 
A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada Terra. 
E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter. 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo de autoria de Lya Luft, publicado na Revista Veja, de maio/2010. 
Em 02.07.2025

terça-feira, 1 de julho de 2025

O MILAGRE DA DOAÇÃO

John e Stephanie Reid
O ano de 2019 foi especialmente doloroso para o casal John e Stephanie Reid. 
Por conta de um atropelamento, o filho único, Dakota, de apenas dezesseis anos, teve morte cerebral. 
Ainda que tomados de profundo sofrimento, o casal não teve dúvidas: optou pela doação de todos os órgãos do adolescente.
Um ano se passou. 
Certo dia, John recebeu uma encomenda, cujo remetente era justamente quem recebera o coração de seu filho. 
No pacote, havia um presente e uma delicada carta de agradecimento pelo generoso gesto do casal. 
Nas gentis linhas, os dizeres: 
Eis os batimentos cardíacos do Dakota. 
Tomado de emoção, John encontrou na caixa um sorridente ursinho de pelúcia no qual se lia: 
O melhor pai do mundo. 
Ao apertar a patinha do brinquedo, a audição de uma gravação levou aquele pai a saudosas lágrimas. 
O ursinho reproduz o som dos batimentos cardíacos de seu filho, que agora bate em outro peito. 
O coração de Dakota proporcionou vida a outra pessoa. 
Seu filho está vivo. 
Vivo também em outras famílias que, igualmente, foram ajudadas pela doação dos demais órgãos do menino. 
Um fazendeiro recebeu os rins e o pâncreas. 
Um rapaz de vinte e um anos agora pode enxergar graças às córneas de Dakota. 
Em uma entrevista, o pai afirmou: 
-Quando recebi o pequeno urso, meu coração ficou cheio de alegria. Doar órgãos é continuar o plano de Deus para a família doadora e para o destinatário. 
E finalizou, comovido: 
-A doação de órgãos faz com que nós e os receptores sejamos sangue. Somos uma família.
* * * 
Diante do transe da morte, muitas famílias recusam doar os órgãos de seus familiares. 
Uma das razões predominantes é o desconhecimento a respeito dos procedimentos que envolvem a retirada dos órgãos. 
Quando ocorre a morte encefálica, os médicos consultam a família a fim de pedir autorização para a doação dos órgãos do ente querido. 
Um doador pode salvar até oito pessoas.
Se desejamos ser essa pessoa que pode auxiliar outras vidas a prosseguirem sua jornada terrena, importante que deixemos expressa essa vontade para os nossos familiares. 
Dessa maneira, no momento da nossa morte, eles poderão agir com segurança e sem conflitos.
* * * 
Num mundo que conjuga muito mais o verbo receber, é preciso coragem para se doar. 
As oportunidades de progresso que nos são concedidas são tantas que, até durante a morte, podemos avançar no caminho que nos conduz a Deus, à paz, à felicidade.
Espiritualmente, o ser que desencarna não passará nenhuma necessidade por conta da doação de seus órgãos. 
Ao contrário, o bondoso ato somente o iluminará. 
Afinal, a doação de órgãos nos torna instrumentos da Misericórdia Divina. 
Uma vida retorna às moradas celestes, uma vida permanece neste plano. 
Por um grandioso gesto de caridade e benevolência, ambas se unem pelo amor. 
* * * 
A verdade é que a vida jamais cessa. 
A morte é apenas um Até breve e o amor é um laço que jamais se desfaz, ainda que nosso coração bata em outro peito. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base na biografia da Família Reid e com dados colhidos no site da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. 
Em 30.06.2020.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

MICROCORRUPÇÃO

Na hora de acertar uma multa por infração no trânsito, qual é a nossa atitude? 
Reconhecemos o erro, pagamos ou tentamos, de alguma forma, escaparmos a isso? 
O gesto de burlar a lei por meio do suborno caracteriza uma sociedade em atraso, que institui uma legislação com o objetivo de transgredi-la. 
Assim, encontramos tristes e variados exemplos de condutas ilegais ou imorais que acabam por se incorporar aos atos de muitas pessoas a ponto de considerarem tudo normal, porque todo mundo faz... 
Se oferecermos presentes para funcionários públicos na tentativa de que acelerem processos, passando para trás outros que aguardam o encaminhamento, estamos nos enquadrando como corruptos ativos. 
Se comissionamos os encarregados de compras nas empresas para que deem preferência a determinado produto, mesmo que seu preço e qualidade não sejam os melhores; se, quando à frente de sindicatos nos permitirmos receber apoio financeiro a fim de convencermos os trabalhadores sindicalizados a concordar com propostas nem sempre justas e verdadeiras; se, enquanto programadores de rádio ganharmos verba de divulgação das gravadoras para que promovamos em especial algumas canções, sem importar-nos com seu conteúdo e qualidade artística; se nos permitirmos, em algum momento, embolsar quantias a fim de deixar passar produtos contrabandeados; se como vereadores, deputados, senadores, vendermos nosso voto em interesse de grupos econômicos... 
Talvez nos tenhamos encaixado em algum dos exemplos citados e desejemos dizer que não temos culpa, que o sistema é assim mesmo... 
Procuremos, então, nos colocar no lugar das pessoas lesadas por esses gestos aparentemente tão comuns. 
Acharíamos justo, depois de esperar pacientemente os trâmites legais, que alguém recebesse tratamento especial e fosse passado na nossa frente, numa repartição pública? 
Se fôssemos dono de uma empresa, acharíamos bom que nosso funcionário, que é remunerado por nós, recebesse caixinha para preferir comprar os produtos de um determinado fornecedor? 
Se fôssemos artista, acharíamos justo não executarem nossa música de qualidade, em preferência à outra ruim que está sendo paga para tocar? 
Ficaríamos alegres ao ver que alguns contrabandistas não enfrentam problemas na aduana, enquanto nós precisamos pagar todas as taxas? 
Voltaríamos a eleger o político que enriquece vendendo sua alma? 
Se acreditarmos que não tem jeito, que o mundo é dos espertos, infelizmente fazemos jus às loucuras desse mesmo mundo. 
Mas não nos iludamos, acreditando que alguém permanecerá impune. 
Antes as leis de equilíbrio que governam a vida universal, cedo ou tarde, cada um de nós responderá pelos equívocos que praticar, pelos males que provocar, pois, como disse o Cristo: 
-Nem o céu e nem a Terra passarão até que se cumpra toda a lei. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.07.2012.

domingo, 29 de junho de 2025

MEUS ÓCULOS

Andrey Cechelero
Se você encontrasse meus óculos por aí
Talvez entendesse melhor
Porque digo que há encanto em tudo e em todo lugar.

Nas flores de ipê esparramadas pelo chão
E naquelas que ainda, do alto dos galhos,
Buscam compreender as que se foram.

Na fina garoa que se mistura ao suor daquela mulher
Invisível e seu carrinho de recicláveis,
Carregando a redenção pelas ruas da metrópole inquieta.

Na arte do poema no muro,
Que é capaz de levantar cabeças pesadas,
E fazê-las ler a palavra asa.

No cenho do pai que se transforma ao final do dia, na
Calçada, em frente à escola.
É a filha que lhe chega aos braços, satisfeita, sã e salva.

Se você encontrasse meus óculos por aí
Talvez entendesse melhor
E quem sabe pudesse até aprender a olhar tudo isso assim,
Como tenho tentado aprender:
Deixando os óculos na cabeceira.
***
Há muitas formas de olhar para tudo na vida. 
E todas elas passam pelas lentes dos tais óculos de cada um de nós. 
Lentes milenares, lentes esculpidas pelo tempo, pela experiência da alma imortal. 
Lentes que podem ser aprimoradas a enxergar mais longe, que podem ser ajustadas para ver mais de perto, deixando muitas vezes de julgar, antecipadamente, sem terem visto melhor. 
Quantas coisas dizemos que enxergamos melhor depois que o tempo passa... 
Pois, são nossos óculos se aperfeiçoando, educando-nos a vista. 
Por isso, nossa mensagem é muito simples. 
É possível enxergar, interpretar e vivenciar as experiências da vida, de formas diversas, mudando nossas lentes. 
Não se trata de se autoenganar ou mesmo de distorcer a realidade, como alguns podem querer argumentar. 
Aquilo que chamamos realidade é uma mistura de fatos, ocorrências, circunstâncias, com percepções, sentimentos e interpretações de cada um de nós. 
Está no exterior, certamente. 
Mas o interior é o que determina como cada experiência será registrada. 
Por exemplo: pensemos num banho de chuva. 
A chuva sempre irá molhar, talvez encharcar, dependendo da intensidade. 
No entanto, se isso será incômodo para nós ou não, se isso nos trará desconforto ou alegria, prazer ou irritação, passa essencialmente por nossa decisão. 
Depende do dia, do momento, da companhia, depende do humor... 
A mesma chuva que celebrou a alegria de Gene Kelly, na cena do filme Cantando na chuva, correu nos rostos entristecidos de Rugter Hauer e Harrison Ford, nos momentos finais de Blade Runner. 
O fenômeno climático é o mesmo. 
Aí está a grande questão. 
Admira-nos perceber como algumas pessoas passam por situações que nós mesmos não suportaríamos. 
A diferença está na lente, nos óculos, na forma de encarar os desafios. 
Está, por vezes, numa maneira quase que intuitiva de perceber que no final tudo dará certo. 
Alguns chegamos até a ouvir essa voz consoladora, no âmago do ser, a dizer: 
-Não se preocupe, tudo vai ficar bem. 
Nosso convite singelo é apenas este: 
Vistamos outras lentes. 
Experimentemos outros pontos de vista. 
Aprendamos com cada situação, por mais assustadora que ela possa parecer, num primeiro momento. 
Quem sabe, possamos começar a encontrar encanto em tudo e em todo lugar. 
Redação do Momento Espírita, com citação do poema Meus óculos, de Andrey Cechelero. 
Em 10.11.2021.

sábado, 28 de junho de 2025

MEUS ENCONTROS COM DEUS

ALLAN KARDEC
Meus encontros com Deus, no período do colegial, eram na capela da escola, durante o recreio. 
Cresci. 
E hoje nos reunimos em tantos outros lugares... 
* * * 
Estamos constantemente em presença da Divindade. 
Não há necessidade de estar nesse ou naquele local para encontrá-lO. 
O Criador não está mais para uns e menos para outros. Não tem escolhidos. 
Da mesma forma, não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao Seu olhar. 
Nosso pensamento está em contato com o Seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê o mais profundo do coração. 
Para estender Sua solicitude às menores criaturas, Ele não tem necessidade de mergulhar Seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar o repouso de Sua glória, pois esse repouso está em toda a parte. 
Para serem ouvidas por Ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante porque, incessantemente penetrados por Ele, nossos pensamentos nEle repercutem. 
Entre Ele e nós a distância foi suprimida: já compreendemos isto e este pensamento, quando a Ele nos dirigimos, aumenta a nossa confiança, porque não podemos dizer que Deus esteja muito longe e seja muito grande para se ocupar de nós. Deus existe. 
Não poderíamos duvidar. 
É infinitamente justo e bom. 
E Sua essência, Sua solicitude se estende a tudo: também compreendemos isto. 
Ninguém está abandonado. 
Ninguém deixa de receber Seus cuidados de Pai amoroso.
Incessantemente em contato com Ele, podemos orar com a certeza de sermos ouvidos. 
Ele não pode querer senão o nosso bem. 
Por isso, devemos nEle ter confiança: eis o essencial. 
Para o resto, esperemos que sejamos dignos de compreendê-lO. 
Amadureçamos um pouco mais. 
Deixemos a arrogância derreter através do conhecimento e da humildade diante Dessa Inteligência Suprema.
Espiritualizemo-nos. 
Sensibilizemo-nos. 
Apaixonemo-nos pela vida, e veremos que a compreensão de Deus virá naturalmente com os dias. 
* * * 
Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha. 
Porém, o gesto espontâneo e luminoso não foi para mim, foi para um estranho, alguém que ela nunca havia visto antes, sentado à mesa ao lado, com o olhar distante e triste. 
Pude ver o Criador nos olhos dela. 
Ela acenou, como se quisesse perguntar: 
-“Está tudo bem com você?” 
Em seguida lhe jogou um beijo, espontaneamente.
Certamente ele não estava bem... 
E Deus sabia. 
No mesmo instante – instante mágico, a Divindade amorosa encontrou na mesa mais próxima um sorriso amigo, uma pequena lamparina para acender na vida daquele filho desanimado – que então sorriu, e também acenou de volta.
Hoje encontrei Deus no sorriso de minha filha... 
Mas o sorriso não foi para mim, foi para a dor do mundo, que ainda lateja incômoda por aí. 
E, sem perceber, aquele sorrir também me fez um pouco mais feliz. 
Pensando bem, acho que Ele também sorriu para mim. 
E agora sorri para você. 
Deus irradia sorrisos. 
Redação do Momento Espírita, com base em Haikai (curto poema japonês); no poema Deus no sorriso de minha filha, de Andrey Cechelero, e em trecho da Revista Espírita, de Allan Kardec, de maio de 1866, ed. FEB.
Em 30.10.2015.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

MEU PRÓXIMO, MEU IRMÃO!

Conta-se que um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, ao cruzarem uma ponte sobre um rio, perceberam um escorpião sendo arrastado pela correnteza. 
Mais do que depressa, o monge entrou na água e apanhou o animalzinho, que estava na iminência de se afogar.
Entretanto, ao tentar retirá-lo da água, o escorpião picou o monge e, devido à dor, este o deixou cair novamente no rio.
Sem desanimar, o monge correu até a margem, tomou um galho de árvore e novamente entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. 
Em seguida, juntou-se novamente aos discípulos, os quais haviam acompanhado tudo e agora olhavam para o monge, assustados e perplexos. 
Um dos discípulos, exteriorizando a curiosidade de todo o grupo, exclamou: 
-Mestre, deve estar doendo muito! 
-Sim, está, redarguiu o mestre, comedido como sempre.
Indignado, prosseguiu o aprendiz: 
-Então, por que o senhor retornou para salvar esse bicho ruim e venenoso? Deixasse que ele se afogasse! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão! 
O mestre, sereno e brando, olhando para o grupo afirmou: 
-O escorpião agiu conforme a natureza dele e eu de acordo com a minha. 
* * * 
Desde que nascemos, todos somos incluídos na sociedade, criamos laços familiares e, aos poucos, vamos assumindo nossos papéis sociais. 
Somos pais, filhos, irmãos, tios, primos, sobrinhos. 
E também patrões, empregados, voluntários, prestadores de serviço, profissionais liberais. 
Nem sempre tais relações são livres de desavenças, discórdias, mágoas, decepções. 
Aqueles que buscamos exercer o convívio social, de forma profícua, muitas vezes caímos na cilada de querer que o outro se modifique conforme nossa própria maneira de compreender o mundo. 
Esperamos que, para o bem da relação, o outro faça os devidos ajustes morais, pois é ele quem permanece no erro.
Esperamos sempre que o próximo se modifique, para que, dessa forma, talvez nós possamos fazer alguns ajustes.
Entretanto, devemos nos lembrar de que todos nós somos Espíritos imortais em busca da elevação intelecto-moral. 
Os erros que apontamos no outro, com tanta veemência, podem estar, de forma ainda mais acentuada, gravados em nós e, por isso, temos tanta facilidade para os detectar no próximo. 
Ademais, somos todos caminheiros do progresso e temos nossas parcelas de erros e de acertos. 
Aquele que ora nos fere e que nosso coração custa a perdoar, é tão passível de se equivocar quanto nós. 
Cada um age de acordo com seus preceitos morais. 
A única certeza que temos é que não somos os donos da verdade. 
Antes, estamos em sua busca através de Jesus, que teve a oportunidade de dizer: 
-Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. 
Na dúvida, procuremos seguir as recomendações do Cristo, que nos sugere que não julguemos o nosso próximo, que perdoemos setenta vezes sete vezes, que oremos e que vigiemos - não o outro, mas a nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita, com conto inicial de autoria ignorada. 
Em 12.3.2013.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Antes de voltar

Andrey Cechelero
Prometemos tantas coisas
Quando na grande estação.
Um tanto mais de bom senso
Senso melhor para ser bom.
Um juiz menos intenso
Mais sol, sim, no coração.


Vida um bocado mais simples
Sem apego ao que não se leva.
Juízo depois dos vinte
Pernas após cada queda.

Prometemos tantas coisas
Ainda antes de voltar.
Faríamos diferente
Amando, amando toda gente
Sem medo de errar
* * * 
Planejamos, sim, cada nova encarnação. 
Aqueles que têm alguma cota de lucidez, tomamos parte ativa nesse planejamento. 
Fazemos, como Espíritos, uma análise complexa, profunda. Um estudo das nossas necessidades.
Levamos em conta a lei de causa e efeito, a cobertura, os méritos e os méritos. 
Existem Espíritos generosos, nossos anjos de guarda, responsáveis por nos orientar nas escolhas. 
Em que família irá nascer? 
Qual o momento mais adequado? 
Como será o novo corpo? 
Alguma característica marcante, mais necessária? 
Se nos deixarmos à vontade, sem orientação, solicitaríamos a beleza e a perfeição do corpo físico. 
Mas essa será a melhor opção para quem precisa aprender neste momento da vida? 
É preciso considerar ainda que temos as condições de moldar um corpo perfeito, sem qualquer mazela, sem restrições ou danos.
Aprendemos que não basta querer. 
Somos o reflexo do nosso ontem. Se tratarmos nosso corpo anterior como um escravo de nossos desejos, se o exaurirmos sem dó, deixando de lado os cuidados com a saúde, poderemos portar algumas dificuldades. 
É possível que possamos renascer em um lar rico, berço de ouro. 
Mas será essa a opção que vai nos fazer crescer? 
Ou isso apenas faria com que perdêssemos num mar de gozos e interesses materiais? 
É por isso que precisamos ser avaliados nesse planejamento delicado. 
Quando não temos plenas condições de escolher o que nos é melhor, deixamos para quem sabe mais, para quem nos conhece melhor que nós mesmos. 
Cada nova encarnação é uma oportunidade ímpar. 
Não pode ser desperdiçado ou desprezado em algum momento. 
De um modo geral, não temos ideia de quantos trabalharemos para que aqui estivéssemos, quantos continuaremos trabalhando para nos manter no programa planejado. 
São nossos amores do passado, benfeitores designados por Deus, amigos que conquistamos em alguma fase de nossas vidas. 
Recorramos, sempre que possível, pelas vias da oração, aos amigos espirituais. 
Eles nos lembrarão, em forma de intuição, aquilo que planejamos juntos, aquilo que prometemos, as metas que devem ser cumpridas. 
Não podemos voltar do jeito que vemos. 
Temos que retornar maiores, mais lúcidos, com mais amor no coração. 
Não nos preocupemos tanto em desenvolver a inteligência. 
O mundo ainda exalta os mais inteligentes. 
Ocupamo-nos da moral, das virtudes, da caridade, que é a maior de todas elas.
Agradeçamos, diariamente, uma alegria de viver, uma alegria de existir, e a dedicação de todos esses que corroboram para que construamos em nós o verdadeiro homem de bem.
Aproveitemos intensamente esta vida. 
Redação do Momento Espírita, com base no Ainda poema antes de voltar, de Andrey Cechelero. 
Em 26.06.2025

quarta-feira, 25 de junho de 2025

EVANGELHO E ALEGRIA

Grande injustiça comte quem afirma encontrar no Evangelho a religião da tristeza e da amargura. 
Foram os costumes, ao longo dos séculos, que impregnaram as páginas de luz com nuvens sombrias, etiquetas de culto exterior e o peso desproporcional da culpa sobre os ombros dos adeptos. 
Eram os homens que praticavam rituais, idolatrias e práticas exteriores, a partir de seus vícios, interesses e sombras. 
O Cristianismo, em sua essência, é uma revelação da profunda alegria do céu entre as sombras da Terra.
Recordemos que a vinda do Mestre é precedida pela visitação de anjos , que nada mais são do que Espíritos de luz. 
Maria, jubilosa, conversa com o mensageiro divino que a esclarece sobre a chegada do Embaixador Celestial. 
Nasce Jesus na manjedoura humilde, que se deslumbra ao claro de estrela inesperada. 
Nasce em meio à alegria de alguns animais, de uma natureza que cantava a emoção de sua chegada. 
Tratadores rústicos são chamados por um emissário espiritual, repentinamente materializado à frente deles, declarando-se portadores das “notícias de grande alegria” para todo o povo.
No mesmo instante, vozes cristalinas entoam cânticos na altura, glorificando o Criador e exaltando a paz e a boa vontade entre os homens.
Começam a reinar o contentamento e a esperança... 
Quando o Mestre inicia o Seu apostolado, Ele faz uma festa nupcial, assinalando as alegrias da família. 
Sabendo das limitações de qualquer templo de pedra , o Senhor principia como Suas pregações à beira de um lago, em pleno santuários da natureza. 
Multidões lhe ouvem uma voz balsamizante. 
Doentes e aleijados ficam tocados de infinitas consolações.
Pobres e aflitos entreveem novos horizontes no futuro.
Mulheres e crianças acompanham aquele Rabi, alegremente.
O apostolado da Boa Nova não apresenta clima de alegria perfeita. 
Mesmo no instante doloroso das lágrimas da cruz, o Senhor Jesus faz que flua o gerenciamento da vida vitoriosa para o mundo inteiro, com o sol da ressurreição a irradiar-se para a Humanidade. 
Diante de tudo isso, como não associar o Evangelho a uma proposta de alegria em nossos dias?
Como não iniciar uma prece sorrir, mesmo que seja um sorriso interior?
Somos um pouco, perto do que podemos ser, é certo. 
O mal ainda assusta, tomando espaço em nosso coração.
Entretanto, o Evangelho de Jesus é um convite constante à alegria, uma mensagem diária dizendo: 
É possível fazer diferente! 
É possível ser mais! 
É possível deixar as sombras e passar a caminhar pela luz. 
A vida de quem realmente compreendeu Jesus jamais foi igual. 
Mudam de lentes, muda a forma de perceber tudo e também de perceber a si próprio. 
O verdadeiro parceiro traz uma alma alegre, pois sabe que, embora ainda pequena, será grande, um dia. 
E isso depende apenas dos seus esforços. 
O verdadeiro parceiro traz a alma segura, calorosa, pois conhece o Deus Pai de Jesus. 
E caminha sem medo, com desassombro nos pés e alegria no olhar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 14, do livro Roteiro , pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEVEREIRO. 
Em 25.06.2025

terça-feira, 24 de junho de 2025

MEU NOME É CARIDADE

GUERRA JUNQUEIRO
Sou emissária de Deus a toda a Humanidade.
Voo por sobre um ser resplandecente e puro, 
Como voo a sorrir por cima de um monturo. 
Desço das vastidões dentro das horas mudas. 
Deixo Cristo na cruz para encontrar com Judas. 
Amo os bons e protejo as almas vis e hediondas. 
Ando por toda a Terra, ando por sobre as ondas do oceano a rugir sob meus pés de névoa, para levar a luz. 
Com ansiedade eu a levo a quem, nas aflições, chama-me em altos brados. 
Para mim, não existe a classe, a seita e as gentes.
Envolvo em meu amor a alma dos Continentes. 
Atravesso o oceano e atravesso os países. 
Vou onde haja a miséria e pranto de infelizes. 
Sou o farol da legião dos pobres sofredores. 
Levo sol, pão e luz, balsamizando as dores. 
Conduzo a lúcida bandeira do bem, que ampara a dor e vela os sonhos da arte. 
Amo o trabalho da ciência e amo a existência honesta do ingênuo lavrador, que, em vez do sono à tarde, enche com o seu trabalho as lindas manhãs claras. 
E quando a tarde chega, produz a paz das searas. 
* * * 
Grande é a caridade! 
Abraçá-la de uma só vez, com nossa vã compreensão, ainda se faz impossível. 
Temos muito a descobrir sobre ela. 
Dizer que a entendemos, que a observamos em todas suas cores, é o mesmo que olhar para uma noite estrelada e proclamarmos, orgulhosos, que conhecemos a Via Láctea!
Porém, se nos deixarmos conduzir por ela, suavemente, ela pode entrar em nossas vidas e tomar conta de uma maneira inimaginável. 
Ela pode guiar nossos passos, inspirar nossos pensamentos, ações, palavras.
Podemos entregar as decisões em suas mãos com plena segurança. 
Respirando caridade não temos medo. 
Não temos medo da vida, não temos medo do outro, não temos medo da morte. 
Ao respirar caridade o errar ainda será uma possibilidade, mas apenas aquela natural, dentro do processo educacional do ser. 
Não haverá o erro proposital.
Respirando caridade passamos a enxergar o mundo com outros olhos. 
Nada mais é meu. 
Nada mais é nosso. 
Tudo que é material é usufruto. 
Respirando caridade o outro é parte de mim e eu sou parte do outro. estamos conectados, independente de nação, crença, raça ou gênero. 
Somos almas irmãs. 
A benevolência nos faz estender as mãos: mãos carregando o pão que atende a fome; mãos levando o toque da esperança, da amizade, do amo você. 
A indulgência dulcifica o julgamento e nos faz enxergar onde está a luz da alma que nos encontra pelo caminho. 
Por fim, o perdão faz cessar o ódio tornando mais fácil a cicatrização das feridas. 
O perdão acalma e confia na Justiça Divina em primeiro lugar.
Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas. 
Eis a caridade para Jesus. 
Eis a caridade para nossos dias. 
Pensemos nisso, agora. 
Ajamos assim, neste momento. 
Redação do Momento Espírita, com base no poema Caridade, pelo Espírito Guerra Junqueiro, do livro Parnaso de além-túmulo, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 21.10.2016.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

COMO DEUS NOS ATENDE

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Como pais na Terra, mesmo com nossas deficiências, damos boas dádivas aos nossos filhos. 
Imaginemos quanto mais oferecer o Pai Celestial, absolutamente justo e bom, para os Seus filhos. 
É dessa maneira que Jesus busca explicar aos discípulos o respeito da Providência do Criador, quando eles falam sobre a oração. 
Um deles pede para eles ensinarem a orar. 
Jesus, então, eles trazem a linda oração do Pai Nosso. 
Em seguida, permanece no tema da prece com mais orientações. 
Pedi e obtenhai. 
Procurai e achareis. 
Batei e abri-se-vos-á. 
Prossegue afirmando: 
-Se vós que sois ainda maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o pai celestial ! 
Já nos detivemos a pensar nas dádivas que recebemos, na qualidade de filhos de Deus? 
O devotamento paternal do Supremo Senhor nos rodeia em toda parte. 
Lembremo-nos, no entanto, de que a Providência Divina opera invariavelmente para o bem infinito. 
Manifesta-se de formas muito mais amplas e inteligentes do que, por vezes, entendemos ou sequer imaginamos. 
Vejamos alguns exemplos: 
Liberte a atmosfera asfixiante com os recursos da tempestade. 
Defende a flor com espinhos. 
Protege a plantação útil com adubos lucrativos. 
Sustenta a verdura dos vales com a dureza das rochas. 
Assim também, nos círculos de lutas planetárias, acontecimentos que nos parecem desastrosos, para a atividade particular, representam escoras ao nosso equilíbrio e ao nosso sucesso. 
Fenômenos que interpretamos como calamidades na ordem coletiva, com enormes benefícios públicos. 
Parece-nos difícil entender no primeiro momento. 
Somos limitados, somos imediatistas, buscamos sempre o que julgamos ser melhor, o conforto e nada mais. 
Ampliamos a percepção. 
Enxerguemos a nossa própria existência no longo prazo e percebamos experiências experimentais, aparentemente desastrosas, moldaram quem somos hoje. 
Há homens que vêm para o bem. – Diz o ditado popular.
Na verdade não são homens. 
Nós enxergamos assim, devido às lentes que ainda não nos permitem interpretações mais complexas. 
Entendamos que, quando rogamos ao Senhor as vitórias da Luz Divina para o nosso coração, seremos atendidos.
Estejamos, porém, abertos às respostas. 
Humildes e atentos para perceber que nem sempre atendem às nossas expectativas ou desejos imediatos, mas suprirão a nossa necessidade maior. 
Além disso, começaremos a notar tudo o que recebemos sem o mesmo pedido. 
Tudo o que nos nutre o corpo e a alma e permite que nos preocupemos dia após dia nesta encarnação. 
Lembremos: o Pai deseja que os filhos aprendam, cresçam, amadureçam, conquistem autonomia e sejam homens de bem. 
Não se apresenta a bajular os rebentos satisfazendo seus caprichos ou demonstrando Seu poder fazendo estardalhaço.
Como filhos, saibamos aproveitar o que recebemos. Aguardemos as respostas daquilo que pedimos. 
Entendemos os métodos de ensino do grande educador e confiamos no socorro da Providência que jamais nos desampara. 
Redação do Momento Espírita, com base no boné. 63, do livro Pão nosso , pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEVEREIRO. 
Em 23.6.2025

domingo, 22 de junho de 2025

MEU IRMÃO MEU ÍDOLO

Ainda não sei falar... 
Não através das línguas tradicionais do mundo, mas acho que você me entende, não entende? 
Acho que você compreende, quando o observo com atenção, correndo ao meu redor, e meus olhos brilham, meu sorriso nasce e minha gargalhada ressoa por toda casa. 
Só para você eu sorrio assim pois, de alguma forma, acho que me lembro de você, e essa lembrança me traz paz, me traz segurança, me traz alegria. 
Sim, alegria. 
Você tem me ensinado muito sobre ela, pois nunca vejo você triste. 
E saber que esta nova vida pode ser assim, alegre, me deixa mais tranquila perante os desafios que terei de enfrentar. 
Você é maior do que eu, chegou antes neste lar, e me contaram que estava lá para me receber quando cheguei. Você é grande e já fala tantas coisas! 
Às vezes não para de falar, inclusive. 
Eu fico tentando imitá-lo, vendo os movimentos de sua boca, de seu rosto. 
Acho que já estou começando a entender alguns sons, embora seja difícil para mim ainda. 
Você pula para lá e para cá e eu já pulo com você. 
Você dança com as músicas e eu fico observando os seus pés, atentamente, para ver os movimentos engraçados que eles fazem, pensando: será que os meus podem fazer o mesmo? 
Estou tentando andar... 
Tenho me esforçado muito, pois meu tempo é um pouco diferente do das outras crianças, e você é minha maior inspiração, pois você anda de um jeito muito engraçado e veloz. 
E você tem paciência comigo... 
Não me compara, não exige de mim mais do que consigo neste momento. 
Sabe que conseguirei fazer tudo, mas no meu ritmo. 
Não tenho pressa. 
Você escolhe os videozinhos de que eu mais gosto, você assiste comigo filmes que não assistia mais, por não serem para a sua idade. 
Você é calmo comigo... 
E eu preciso que tenham calma comigo. 
Você não reclama quando eu quase arranco seus cabelos ou seu nariz ou suas orelhas... 
Você nunca protestou por eu pegar seus brinquedos e jogá-los para cima, fazendo bagunça em seu quarto. 
Acho que todos tinham que ter um irmão mais velho como você! 
Você é o máximo! 
Suas baterias duram mais do que qualquer um dos meus brinquedos! 
E eu sei que você não vai dormir sem antes vir se despedir de mim... 
Eu sinto, mesmo quando já fui para o mundo dos sonhos.
Meus pais disseram que você vai estar sempre ao meu lado, e eu acredito nisso, pois sinto, de alguma forma, e não sei explicar ainda, que já ouvi isso antes. 
Meu irmão, meu ídolo, que possamos crescer juntos nesta nova vida, de mãos dadas, pois segurando em suas mãos, não terei nada a temer. 
* * * 
Os laços de família são fortalecidos pela reencarnação. 
Os Espíritos formam no espaço grupos ou famílias, unidos pela afeição, simpatia e semelhança de tendências. 
Felizes por estarem juntos, procuram-se. 
A encarnação apenas os separa momentaneamente, pois, após sua volta à erraticidade, reencontram-se como amigos que retornam de uma viagem. 
Às vezes, uns seguem a outros na encarnação, reunindo-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, trabalhando juntos para seu mútuo adiantamento. 
Os mais adiantados procuram fazer progredir os que se atrasam. 
Cada vez menos ligados à matéria, seu afeto é mais vivo, por isso mesmo mais puro, e não é mais perturbado pelo egoísmo, nem pelo arrastamento das paixões. 
Podem, assim, percorrer um número ilimitado de existências corporais sem que nada afete sua mútua afeição. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do item 18, do cap.4, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 29, ed. FEP. 
Em 22.03.2016.

sábado, 21 de junho de 2025

MEU FILHO E AS MANHÃS

Hoje pela manhã, como de costume, antes de sair para trabalhar, visitei o quarto de meu filho. 
Considero uma espécie de ritual sagrado de todas as manhãs: chegar bem perto de seu berço, ajeitar sua coberta com cuidado, aninhá-lo com carinho para que não se descubra.
Passo então minhas mãos, algumas vezes, sobre seus cabelos macios, e digo em pensamento: 
-“Como eu te amo!” 
Ele normalmente se move com suavidade, como se reagisse de alguma forma ao estímulo externo durante o sono.
Continua ali, em silêncio, em paz, preparando seu corpinho e sua alma para mais um dia de descobertas felizes. 
Despeço-me, procurando não fazer ruídos, e saio porta afora com a alma leve, pronto para enfrentar mais um dia no mundo. 
Da próxima vez que o vir, mais tarde, ele já estará desperto, correndo pela casa, brincando com seus carrinhos, e irá me conceder mais uma alegria: a de receber seu sorriso, que sem dizer nada, diz tudo. 
Por mais que alguns dias sejam difíceis, por mais que as batalhas sejam ferrenhas e desgastantes, tudo se acalma, tudo se conforta naquele sorriso. 
Os sorrisos de criança têm um poder quase mágico, e os de nossos filhos mais ainda. 
Eles parecem querer nos fazer perceber que, por mais que a vida seja tormentosa, cheia de pequenos e grandes espinhos que provocam dor, muita alegria ainda existe. 
Por mais que neste exato instante existam “n” pessoas desejando não mais viver, se enfraquecendo nas lutas, desejando desistir, existem outras tantas almas agradecendo pela vida, num júbilo contagiante. 
E tenho certeza de que “ser pai” é mais um desses motivos de alegria plena, de gratidão a Deus, e mais uma das muitas razões que temos para continuar sempre, sem desistir. 
Meu filho e as manhãs me ensinam sempre esta lição preciosa, a da renovação, do renascimento da água e do Espírito. 
* * * 
Muitos pais se queixam de não terem visto seus filhos crescerem. 
Passa tão rápido! 
-Não me lembro mais! – 
São expressões que ouvimos com frequência. 
Será que estamos atentos aos nossos filhos como deveríamos estar? 
Será que passa tão rápido assim, a ponto de guardarmos tão poucas lembranças? 
Ou há alguma coisa errada com o tempo, ou há alguma coisa errada conosco. 
Seria tão bom poder ouvir de um pai, de uma mãe:
-Lembro-me de cada nova conquista, de cada dia da infância, de cada nova palavra... 
Seria tão bom poder ouvir:
-Curti cada dia ao seu lado, meu filho, quando você era pequenino, como se fosse o último. Não perdi oportunidade alguma junto a você. 
Aproveitemos o tempo junto a eles, em qualquer idade, em qualquer condição de vida. 
Curtamos a existência ao seu lado, anotando no coração cada beleza, cada nova descoberta, tirando fotografias com a alma, registrando no íntimo do ser cada sorriso em seu rosto.
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 14, ed. FEP. 
Em 20.06.2018.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

GENEROSIDADE PLENA

       
Já nos indagamos até onde vai a nossa capacidade de doação? 
Até onde temos a disposição de nos fazermos de alguma coisa que nos pertença, algo de que nos servimos? 
Habitualmente, pensando em fazer, fixamos-nos em valores amoedados que podem ser direcionados a instituições beneficiárias que mal fornecem se mantêm. 
Doamos roupas, livros, móveis, eletrônicos, alimentos. Inscrevemo-nos para doações mensais, transformando em rotina o gesto, nem nos exige mais pensar a respeito.
De modo geral, deixamos nossas vontades expressas em testamento, dizendo a quem legaremos nossa casa, apartamento, terreno, o carro.
Há quem estabeleceu cotas entre os herdeiros naturais e obras de assistência social, médica ou de pesquisas. 
Encontre pessoas que, mesmo antes de sentirem a proximidade da morte, em pleno vigor de sua maturidade, optam por realizar doações de imóveis excedentes. 
Ou seja, uma casa na praia, pouco utilizada, o sítio pouco frequentado. 
E a entrega desses bens se dá por doação direta, pessoal, a quem seja agraciado. 
As instituições têm sido contempladas, vez ou outra, com doações desse gênero. 
Existem outras ações que podemos realizar na vida, e mais de uma vez. 
Por exemplo, uma doação periódica de sangue, que pode salvar muitas vidas. 
Providencialmente, a Divindade localizada que temos essa capacidade. 
Muitos de nós temos explicitada a vontade de doação de alguns de nossos órgãos, quando ocorrer a nossa morte física, proporcionando uma nova chance de vida para outras pessoas. 
Recentemente, no entanto, soubemos de uma doação inusitada de duas senhoras extremamente comprometidas com o bem. 
Uma delas afirmou que nada na Terra tem valor permanente. 
Que o que importa é depositar fundos no cofre da alma, pois tudo o que ali está guardado tem valor imperecível. 
Eles tomaram conhecimento, em seu Estado, da escassez de cadáveres para os estudantes da área da saúde. 
Embora os avanços da atualidade, ainda não existam modelos sintéticos que possam substituir um corpo real para pesquisas e estudos. 
De acordo com especialista em anatomia humana, não é possível reproduzir o cadáver em termos de textura, profundidade, localização e relação das estruturas.
Os corpos são, portanto, essenciais para as técnicas de cirurgia, pois o requerimento precisa conhecer a anatomia mais comum, considerada padrão, e suas variações. 
Foi assim que as senhoras, irmãs consanguíneas e irmanadas no mesmo ideal do bem servir, optaram por doar seus corpos, quando se lhes extinga a vida. 
Sem preguiça alguma, buscamos os instrumentos legais para testemunhar a doação. 
Diga-se, colheram inclusive o consentimento dos outros irmãos, a fim de que nada possa, de futuro, perturbar as suas vontades. 
Pois é, alguns de nós pensamos em fazer o bem, em nos doarmos enquanto peregrinamos pelo planeta. 
Pessoas altruístas pensam futuro. 
Indagam a si mesmas: 
-O que mais posso fazer? 
E encontramos, sempre, maneiras de servir, muito além do pensado e do imaginado. 
Seguidores do Cristo são assim. 
Redação do Momento Espírita, em homenagem a Maria Cristina Radke e Maria Eulália Radke, doadoras de imóveis para o Centro Espírita Joanna de Ângelis, em São José dos Pinhais/PR. 
Em 20.06.2025.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

SEMENTES INCENDIÁRIAS

Augusto Cury
Alguém escreveu, certa vez, que existem duas maneiras de se fazer uma fogueira: com sementes ou com lenha. 
-Como assim, com sementes? - Diria nosso espanto.
Sementes são preciosos repositórios de produção, de multiplicação. 
Mas foi exatamente com sementes que um Mestre inigualável produziu chamas que jamais se extinguem. 
Se usasse lenha para fazer uma fogueira, depois de consumida a madeira, nada mais restaria. 
Teria oferecido calor, brilho, iluminação por um período que poderia ser breve ou um pouco mais longo. 
Por isso, Ele resolveu usar sementes para atear fogo à Terra.
Ele se chamava Jesus
Viera das bandas de Nazaré, e alterou a face do mundo de tal sorte que, até hoje, surpreende. 
Numa época em que a imprensa não existia, nem as mídias sociais, nem sofisticados instrumentos de comunicação, Ele se serviu da Sua voz, do Seu exemplo para espalhar as Suas sementes. 
Seu objetivo era atear fogo nas mentes, nos corações.
Pensava a longo prazo. 
Ele não tinha pressa, semeava por onde passava. 
Nem todas as sementes frutificavam de imediato. 
Ou, como Ele mesmo falou, produziam segundo sua qualidade, a trinta, sessenta ou cem por cento. 
Nunca se preocupou com os aplausos do mundo, com as labaredas momentâneas de soluções imediatistas. 
Sabia que o plantio requer paciência. 
A semente cai na Terra, adormece na escuridão do solo. 
No tempo certo, brota, e cresce, produz copa frondosa, folhas e frutos. 
Ele subiu a um monte e despejou sementes de luz e sabedoria. 
Os que O ouviram se inebriaram. 
Porém, não falou para Seu tempo, com exclusividade. 
O vento da paixão das almas levou as Suas sementes para os mais longínquos lugares, transformando vidas. 
Algumas, de imediato. 
Pescadores deixaram suas redes e foram realizar a pescaria no oceano das almas. 
Como Ele, saíram a distribuir sementes de paz, de liberdade, de amor a todos os campos. 
Ele não desejou transformar Seus seguidores em heróis, para as honras do mundo. 
Nem exigia o que não podiam oferecer. 
Por isso, nada cobrou de qualquer deles. Conhecia a fragilidade humana. 
Abandonado na hora da prisão, negado por um amigo, traído por outro, jamais retornou para acusar ninguém. 
Ressurgindo da morte, demonstrou que a vida é imperecível.
E voltou para fortalecer os que haviam ficado receosos, na Terra. 
Com Sua ressurreição, depositou nas almas dos Seus seguidores a certeza imorredoura da vida imortal. 
As sementes que plantou criaram raízes profundas, fortes, que nem a perseguição, nem a tortura nem a morte tiveram a capacidade de abalar. 
Os Seus seguidores mudaram a face do mundo. 
Jesus foi a fagulha que nasceu numa gruta, cresceu numa região desprezada, foi silenciado pela cruz, incendiou a história humana. 
As sementes que espalhou continuam incendiando o mundo, com ideias de amor, fraternidade, vitória sobre si mesmo. 
As lágrimas, o sangue e a dor dos Seus seguidores se tornaram precioso adubo para o cultivo de nova safra de sementes. 
Jesus, Divino e Sábio semeador de chamas imperecíveis.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2, do livro O Mestre da sensibilidade, da coleção Análise da Inteligência de Cristo, de Augusto Cury, ed. Academia de Inteligência.
Em 19.06.2025

quarta-feira, 18 de junho de 2025

BATATA NÃO É FEIJÃO

Duas meninas, uma de cinco, outra de sete anos, estavam sentadas à mesa, saboreando sua refeição da noite. 
A menorzinha encontrou um grão de feijão na sopa, e disse para a outra: 
-Quando eu tiver um grão de feijão, vou plantar no meu canteiro. 
A outra acabou de engolir a suada, passou a colher na boca, e esclareceu: 
-Feijão não tem sementes. A semente é ele mesmo. 
A pequenina não entendeu. E disse: 
-Então, como é que ele pode nascer, sem semente? 
Depois de pensar um pouco, explicou a maiorzinha: 
-Eu acho que é mesmo a terra que, um dia, vira feijão.  
-Mas sem ter sorte nenhuma semente, antes? 
-É, mesmo sem ter sorte. Ela vai se juntando, juntando, juntando, e fica assim... num grão. 
E procurou pelo prato, para ver se encontrasse mais algum. 
A menorzinha não se conformou muito com essa transformação abstrata. 
Fui tomar uma sopa e pensar. 
Depois de um pedaço de silêncio, reatou uma conversa: 
-Olha, também pode ser assim: um homem faz uma bolinha pequenina, pequenininha de massa... Depois, pinta por cima. Fica o primeiro feijão. Depois, os outros nasceram... 
A outra menina disse imediatamente: 
-E como é que ele faz a massa? 
-Pode ser com... batata. 
-Mas batata não é feijão! – Concluiu a maior, voltando a tomar sua sopa, pensando um pouco mais no tema proposto. 
As duas acompanhadas ali, sentadas, comendo devagar, sem solução para sua dúvida, e com as cabecinhas quentes, de tanto pensar, imaginar e questionar. 
*** 
Seria salutar se pudéssemos manter, na idade adulta, essa curiosidade saudável e investigadora, que não se contenta com respostas superficiais. 
Como nos faríamos bem se pudéssemos guardar na alma o hábito de fazer perguntas, de querer saber mais sobre tudo o que nos rodeia. 
Qual o nome da árvore plantada em frente à nossa casa?
Quando florescem os ipês? 
A que horas despertam os sabiás? 
Em que época do ano o João-de-barro faz a sua casa? 
Por que ele é um símbolo da Argentina? 
E, principalmente, nos perguntamos para que nascemos? 
Por que estamos neste planeta? 
Por que existem tantas diferenças sociais? 
E depois de se viver tanto tempo por aqui, para onde vamos?
Continuamos a existir? 
Quem sabe, se a idade dos porquês nunca teve passado, teria evitado aceitar tantas verdades fabricadas , através dos anos.
Muitos nos deixam de questionar, de perguntar, aceitando tudo sem o processo indispensável do julgamento. 
Outros fomos coagidos a não pensar, a simplesmente concordar com tudo, violentos naquilo que há de mais belo no Espírito: a liberdade de pensamento. 
Sócrates foi proclamado um dos homens mais saudáveis de todos os tempos. 
Ele tinha o hábito de questionar, de descobrir o que estava por trás das coisas e das ideias. 
Precisamos conquistar essa sabedoria e desvendar o mundo de forma madura, encontrando as verdades eternas que nos farão cada vez mais felizes. 
Se continuarmos aceitando que os feijões podem ser feitos de batata, estamos condenados à estagnação do intelecto e, por consequência, ao engessamento moral. 
Pensar, indagar, buscar respostas, aprender sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base sem limite. Como as crianças pensam, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova Fronteira. 
Em 16.06.2025

terça-feira, 17 de junho de 2025

Essas ao Pai

A história é fictícia e objetiva o entretenimento virtual. 
Só isso. 
Ela nos remete a um momento de intensa dor e destruição. 
É ao êxtase do amor, que sobrevive ao tempo, ao sofrimento e ao afastamento. 
Uma mente audaciosa e crioula, especializada em inteligência artificial. 
Ela não é real, mas bem pode traduzir o padecimento de muitas almas e o encanto de um reencontro. 
Num show fictício de talentos, apresenta-se um homem de noventa e oito anos. 
Diz que se chama Haruki. 
Conta que ele e sua amada, Amiko, eram jovens estudantes de música em Hiroshima. 
No dia seis de agosto de 1945, descreveu que viu uma luz branca tão clara que parecia ter sido apagada. 
E desapareceu o tempo. 
Lembra de abrir os olhos e não entender o que acontecera.
Seria aquilo a morte? 
Foi enterrado por horas. 
Quando foi resgatado, tinha as mãos queimadas, o olho esquerdo destruído. 
Foram-se os sonhos, a melodia que ele e a amiga Amiko estavam compondo. 
Igualmente, a chance de um amor ser declarado. 
Afinal, ele se dispôs a declarar-se naquele dia. 
Por setenta longos anos, 
Haruki carregou a dor da perda, a sombra de Amiko em cada nota musical silenciada. 
Ele acreditava que ela havia partido, vítima proveniente de luz branca que apagou o tempo. 
Amiko, por sua vez, também conviveu com a ausência, marcada pelas cicatrizes físicas e emocionais daquele dia terrível, admitindo que seu amado amigo não havia sobrevivido. 
No entanto, oitenta anos depois, através de um grupo de apoio aos sobreviventes da bomba fatídica, os dois corações se reencontraram. 
Marcados pela história, frente a frente, apoiando no olhar um do outro o mesmo drama, a mesma resiliência. 
Em meio à fragilidade da velhice, a música renasceu. 
Amiko se lembrou da melodia, da canção que estavam criando juntos, o eco de um tempo de inocência. 
E eles voltaram para tocar. 
As mãos trêmulas, talvez enferrujadas pela inatividade de décadas, mas o coração pulsando no ritmo daquela melodia juvenil. 
Uma tempestade musical após a seca da saudade. 
A voz do amor que sobreviveu à catástrofe, a emoção do reencontro na velhice, a celebração de uma melodia que resistiu ao tempo e à ausência. 
A canção de dois jovens que não tiveram a chance de dizer adeus. 
A melodia nos fala da força da memória e da beleza de um amor que se perpetua, mesmo diante das maiores tragédias. 
*** 
Dois personagens criados pela mente humana. 
Mas quantas histórias semelhantes aconteceram e se reprisaram no mundo? 
A chama do amor brotando, o afastamento de anos por diferentes razões, o reencontro, mesmo no findar dos anos, reativando uma chama que ficou latente, no peito, aguardando... 
Porque o amor é assim, sobrevive à dor, ao tempo, às tragédias, à morte. 
Se o reencontro não for sobre a Terra, concretizará a imortalidade. 
Porque o mais extraordinário dom com que a Divindade nos brindou se chama imortalidade. 
Isso nos identifica como filhos de um Deus eterno, que nos criaram semelhantes a ele: imortais. 
Pensamos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.06.2025

segunda-feira, 16 de junho de 2025

MEU BRASIL DE TANTAS DORES

Pátria amada, no dia em que evocamos a tua Independência dos laços portugueses, desejamos orar por ti. 
Por ti e por todos nós, os teus filhos, aqui nascidos ou adotados por tua grandeza. 
Vemos-te tão sofrida, tão aviltada, que somente podemos nos ajoelhar no altar do coração e rogar ao Governador Planetário por ti. 
Rogar a esse Jesus, todo amor, que se apiade de ti, nação amada. 
Cantamos os hinos que te exaltam e aspiramos a ver-te, verdadeiramente grande entre as demais nações. 
Grande em amor, em esperança, em trabalho e honra.
Entristecemo-nos ao verificar, todos os dias, mesmo ante a pandemia que te castiga, prosseguir a corrupção e os interesses mesquinhos. 
Como é possível, Brasil, que não nos unamos todos para te tornar o maior dentre todos os países? 
Um país honrado, fraterno, pleno de paz. 
Por que não nos esmeramos em sermos honestos nas pequenas como nas grandes coisas? 
Por que nosso interesse deve suplantar o interesse comum?
Por que não nos sentimos todos irmãos e nos auxiliamos?
Quando tantos padecem fome, como podemos pensar em nosso próprio bolso?
Quando o ciclone arrasa a paisagem e causa tantos prejuízos, como podemos prosseguir em nosso egoísmo, engendrando formas de lucrarmos com o caos? 
Quando a morte nos espreita, sorrateira, buscando o próximo alvo, por que ainda insistimos em ajuntar tesouros aqui, sem pensarmos que ela pode estar mirando em nós, para nos levar, logo mais? 
Brasil de todos nós, Brasil de todos os povos, pedimos a Jesus por ti, pelos filhos que ainda não entendemos que o teu propósito é ser o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.
Destino que somente será efetiva realidade se nós, os teus filhos, deixarmos pulsar os nossos corações irmanados.
Amado Brasil, esperamos que nossa prece alcance as esferas superiores e que bênçãos jorrem do alto sobre ti. 
Energias espirituais elevadas nos alcancem, despertando-nos para esse futuro que podemos construir juntos, bastando que pensemos em nosso irmão. 
Que nos olhemos uns aos outros como filhos de um mesmo torrão e nos esforcemos por te tornar um país diferente. 
Que tenhamos responsabilidade para eleger homens públicos que se importem contigo, que honrem tua História de tantas glórias.
Que tenham compromisso com a verdade, com o bem comum. 
Que nos empenhemos para que a justiça seja para todos, que haja pão nas mesas, que não falte o agasalho a quem padece frio. 
Que nos eduquemos para que nos lares existam pais e mães preocupados em conduzir seus filhos para o bem. 
Que a honestidade não seja uma nota dissonante, soando solitária, mas seja a sinfonia executada por todo o povo, todos os dias. 
Ao ver-te a bandeira tremulando ao vento, Brasil amado, que o verde signifique esperança de dias melhores. 
Que o amarelo nos diga das riquezas do teu solo, das tuas veias. 
Porém, muito mais, da prosperidade deste povo que abrigas.
Que o azul nos fale de dias de céu de anil para todas as vidas.
E que o branco seja nossa bandeira de paz. 
Paz nos lares. 
Paz nas escolas. 
Paz na sociedade. 
Paz em todo lugar. 
Que este dia, Brasil, possa assinalar o teu ingresso no caminho do teu verdadeiro destino. 
Redação do Momento Espírita.
Em 07.09.2020.