quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

NOSSAS ALMAS SÃO BORBOLETAS

A psiquiatra suíça Elizabeth Klüber Ross especializou-se no tratamento de pacientes terminais.
Passou mais de trinta anos no trato de pessoas na iminência do processo de morte do corpo físico. 
Em suas experiências, ela percebeu que crianças portadoras de doenças graves e terminais não apresentavam nenhum tipo de receio da morte, porém, tinham verdadeiro horror de serem enterradas. 
Tinham em suas mentes as lembranças dos enterros de que já haviam participado, de algum avô ou outro parente próximo e sentiam medo de ter seus corpos fechados em uma caixa e enterrados, sem a possibilidade de respirar e se movimentar.
Mas ao perguntar-lhes sobre a morte, viam-na com verdadeira naturalidade, sem nenhum tipo de medo. 
Assim são as crianças: conseguem ensinar-nos que os processos da vida são naturais e, por conseguinte, não há por que ter medo. 
Elas falavam do medo de serem enterradas, do momento do funeral, não conseguindo dissociar morte e enterro, confundindo-se entre aquilo que sobrevivia e o que verdadeiramente acabava, no momento da morte. 
Conta-se que, quando as tropas aliadas invadiram os campos de concentração na Alemanha e Polônia, encontraram algo que lhes chamou a atenção, nos barracões designados às crianças. 
Nesses diferentes campos de concentração havia, por todas as paredes, nos barracões onde essas crianças passaram sua última noite, desenhos de borboletas. 
Eram desenhos arranhados à unha, feitos com pedras ou pedaços de tijolos. 
Essas crianças, em meio à miséria, fome e dor, apartados de seus afetos, conseguem nos dar a explicação maior da vida.
As borboletas que desenhavam era aquilo que intuitivamente percebiam ser a morte: a liberdade de um casulo pesado. 
* * * 
Ao morrer, somos todos borboletas a sair de seu próprio casulo, para conseguir alçar voos maiores. 
No enterro, apenas o casulo permanece encerrado no cofre fúnebre enquanto a alma, a borboleta, tem a possibilidade de, liberada, alçar voos em céus de liberdade e de felicidade.
Quando entendermos a morte como processo de libertação do casulo e que a vida continua pujante e real, ela deixará de ser momento de conclusão da vida, como muitos pensamos, para ser momento de transformação, de continuidade em diferente etapa. 
* * * 
Ao deparar-nos com a morte de alguém que amamos, lembremos que o corpo que vemos é apenas o casulo que lhe foi emprestado, para as experiências necessárias. 
E pensemos na borboleta que se liberta, para poder alçar voos, sob os desígnios amorosos de Deus. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 20, ed. FEP. 
Em 28.1.2025

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

SE EU PUDESSE ESCOLHER

Se eu pudesse escolher, seria feliz por, pelo menos, oito horas por dia, todos os dias. 
Reservaria o tempo restante para viver as pequenas agruras naturais. 
Mas seriam leves, porque haveria a certeza de que a cada dia, eu teria a minha cota de felicidade. 
Se eu pudesse escolher, reservaria algumas horas todos os dias, para fazer só o que fizesse os outros felizes. 
Dedicação total. 
Se eu pudesse escolher, pararia qualquer coisa que estivesse fazendo às cinco horas da tarde, e me sentaria para assistir ao pôr do sol. 
Escolheria lugares especiais. 
Procuraria não me repetir muito. 
O horário do pôr do sol seria algo assim, sagrado. 
O meu horário para observar Deus. 
Se eu pudesse escolher, viveria entre o mar e as montanhas.
No meio do caminho. 
Nem muito longe de um, nem muito longe de outro. 
Plantaria flores. 
Teria vasos na janela. 
Muitos livros na cabeceira da cama à noite. 
Depois do trabalho, porque se eu pudesse escolher, trabalharia sempre, produziria sempre, eu me sentaria para contemplar a noite bordada de estrelas e o luar. 
Se eu pudesse, sorriria muito. 
Mas choraria também, às vezes, para não esquecer o que a lágrima significa. 
Viver só de sorrisos não é uma boa opção. 
Faz-nos esquecer de que a dor campeia no mundo e que é companheira quase inseparável de muitas criaturas. 
Se eu pudesse escolher, faria uma declaração de amor todos os dias. 
Uma declaração de amor sem estardalhaço, sem alarde, que afirmasse ao coração eleito que pode contar comigo todos os dias, todas as horas, para todas as crises e as alegrias. 
Se eu pudesse escolher, viveria a vida de uma forma mais leve, menos dolorosa, mais intensa, menos angustiante. 
Se eu pudesse escolher... 
* * * 
 As condições de nossas vidas são escolhidas por nós, antes do berço, normalmente. 
Onde iremos renascer, quais os seres que nos receberão, dando-nos a vida física, o lar, a família como um todo.
Escolhemos a área profissional de atuação, porque a profissão é alavanca de progresso ao ser humano.
Estabelecemos diretrizes acerca da família que constituiremos mais tarde, elegendo o companheiro ou companheira e os filhos que virão através de nós. 
Em linhas gerais, o gênero de vida e de morte. 
Contudo, ficam por nossa conta, do nosso livre-arbítrio seguir ou não o planejamento estabelecido antes da reencarnação. 
Podemos guardar a certeza precisa: sempre há escolhas que nos são oferecidas. 
A de provocar sorrisos, de abraçar, de declarar nosso amor. 
A possibilidade de transformar dentro de nós o cenário e aprender que podemos viver ao menos quinze minutos de felicidade com tanta intensidade que eles possam ser transformados em horas, dias, meses, no tempo que escolhermos. 
* * * 
A vida é uma escolha contínua. 
Quando o sol ilumina o dia, a nossa escolha ditará se o dia nos será de felicidade ou infelicidade. 
Tudo depende de como encaramos os acontecimentos. 
Para aqueles que reclamam de tudo e pintam de negro o céu da existência, tudo será canseira e tédio. 
Para aqueles que saúdam o dia com disposição de aprendiz, o dia será sempre uma nova oportunidade de experimentar, crescer e aprender a gozar felicidade nas pequenas coisas.
Redação do Momento Espírita, com base no texto Escolhas, de autoria ignorada. 
Em 29.1.2025

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

MEDO DO DESCONHECIDO

Contam as lendas que um espião foi preso e condenado à morte pelo general do exército persa. 
Sua sentença era o fuzilamento, mas o general tinha um hábito diferente e sempre oferecia ao condenado outra opção.
E essa outra opção era escolher entre enfrentar o pelotão de fuzilamento ou entrar por uma porta preta. 
Com a aproximação da hora da execução, o general ordenou que trouxessem o espião à sua presença para uma breve entrevista. 
Diante do condenado, fez a seguinte pergunta: 
-O que você quer - a porta preta ou o fuzilamento? 
A escolha não era fácil, por isso o prisioneiro ficou pensativo e, só depois de alguns minutos, deu a resposta: 
-Prefiro o fuzilamento. 
Depois que a sentença foi executada, o general virou-se para o seu ajudante e disse: 
-Assim é com a maioria dos homens. Preferem o caminho conhecido ao desconhecido. 
-E o que existe atrás da porta preta? Perguntou o ajudante. 
-A liberdade, respondeu o general. E poucos foram os homens corajosos que a escolheram. 
Essa é uma das mais fortes características do ser humano: optar sempre pelo caminho conhecido, por medo de enfrentar o desconhecido. 
Geralmente as pessoas não abrem mão da acomodação que uma situação previsível lhes oferece. 
É mais fácil ficar com a segurança do que já se sabe do que aventurar-se a investigar novos caminhos. 
É por essa razão que muitos não abrem mão de conceitos e preconceitos para não se expor às novas ideias e raciocínios que exigem uma certa dose de ousadia. 
Em vez da liberdade de pensar e agir, preferem o bombardeio de ideias já elaboradas pelos outros, nem sempre bem intencionados. 
Acomodam-se facilmente a copiar modos e costumes em vez de usar a razão e o discernimento para construir seu próprio modo de viver, sua personalidade. 
A tudo isso se chama clonagem das ideias. 
É por essa razão que os adolescentes são facilmente levados por um único caminho, já trilhado pela maioria, por necessidade de aceitação no grupo, ou por insegurança. 
É por essa razão que muitos daqueles que detêm o poder insuflam ideias e medos em pessoas que não se arvoram a pensar com liberdade. 
Para se ter uma amostra disso, basta observar o sucesso que as músicas de mau gosto, de rimas pobres, de palavras chulas e conteúdo pernicioso têm feito junto à população, através dos meios de comunicação de massa. 
É a clonagem das ideias, dos maneirismos, dos modismos...
Aos domingos, pode-se ligar a televisão e passear pelos canais abertos para que esta tese se confirme: só se veem as mesmas imagens e o mesmo batuque, os mesmos conjuntos musicais, com os mesmos gestos combinados, a mesma rima pobre. 
É preciso ousar e sair desse círculo vicioso da mesmice. 
É preciso criar programas nobres, que desenvolvam nas crianças, jovens e adultos, um senso crítico capaz de lhes propiciar a conquista da própria liberdade. 
Liberdade de pensar, de agir, de ser... 
Liberdade de discordar da maioria, quando se está convicto de que se está certo. 
Liberdade de consciência, de fé religiosa, liberdade de sentir. 
 * * * 
Nem sempre o caminho já batido por muitos é o caminho que nos conduzirá à liberdade. 
Nem sempre nadar a favor da correnteza é indício de chegada a um porto seguro. 
Às vezes, é preciso escolher um caminho ainda desconhecido da maioria, mesmo que tenhamos que seguir a sós. 
Por vezes, é preciso nadar contra a corrente, optar pela porta estreita, para que se possa vislumbrar um mundo livre, feliz, sem constrangimentos que tolhem a liberdade e infelicitam os seres. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita 
Em 31.01.2011.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

MEDO DAS PROVAS

E CHICO XAVIER
Nos dias em que a experiência na Terra se faça amarga e difícil, não convertamos a depressão em veneno. 
Quando a aflição nos ronda o caminho, anunciamos carregar a alma de sombras, semelhante a quem se encontra ausente do lar, ansiando pelo retorno. 
No entanto, que isso não se torne motivo para que nos precipitemos no desânimo arrasador. 
Olhemos adiante, ergamo-nos uma vez mais lembrando quantas coisas já enfrentamos, quantos desafios, quanta dor.
Nada disso nos fez menores, nada disso nos destruiu. 
Pelo contrário, tudo foi construção, tudo foi aprendizado. 
Por vezes é difícil, em meio às trevas, mentalizar pensamentos de otimismo e fraternidade. 
Ou conseguir retratar nas pupilas o fulgor do sol e a beleza das flores. 
Por vezes, preferimos a mudez ou a reclamação constante, como forma de defesa ou espécie de revolta contra o Universo. 
Quando o estudante é surpreendido por prova surpresa na sala de aula e a matéria é difícil, ele não teve tempo de se preparar, o primeiro impulso é a revolta ou o desespero. 
Não consegue perceber que a prova é instrumento de avaliação, visando aperfeiçoamento. 
Prefere, como mecanismo de defesa, proclamar que o professor é cruel ou que o sistema de ensino está errado.
Quando falamos dos métodos educacionais das leis divinas, estamos falando de mecanismos que agem com perfeição.
Agem na hora certa, com os critérios mais objetivos possíveis.
O sistema educacional divino é enérgico e, ao mesmo tempo, amoroso. 
É disciplinado, firme. 
Também repleto de adaptações, de concessões e de muita compaixão. 
Assim, não temamos as lições duras do caminho. 
Todas elas são aplicadas com muita sabedoria e critério.
Obviamente que sendo provas, sempre nos trarão instantes de tensão, desconforto e podem nos colocar em situações em que não teremos controle de coisa alguma. 
Tudo isso é lição. 
Tudo isso faz parte do mecanismo da evolução. 
Como faz parte também da autoeducação o trabalhar em nós a maneira de enxergar e vivenciar cada um desses momentos. 
Em nossa alma, ainda imatura, por vezes existem medos exagerados, existem visões distorcidas, existe ansiedade inflada, que amplificam dores sem real necessidade. 
Tudo isso faz parte do educar-se: desde o suportar com sabedoria as tempestades, passando por entender o que significa cada uma delas, até pela análise de nós mesmos, de nossas lentes, que podem estar vendo temporais em garoas finas. 
As provas nos exigem atenção, olhar cuidadoso, apoio e confiança nos mais próximos. 
Exigem a oração que acalma a mente inquieta e que sabe pedir auxílio aos mais preparados. 
Exigem a calma de quem sabe que todas elas têm hora para começar e para acabar. 
Exigem a certeza de que tudo está sob controle superior, embora possa não parecer. 
Recordemos dos tempos de escola, da aflição dos dias de prova. 
O medo do branco mental. 
O medo de não estar preparado. 
O que diríamos para nossa versão criança ou jovem com a experiência que temos hoje? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 11, do Livro da Esperança, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. CEC. 
Em 20.11.2023.

domingo, 26 de janeiro de 2025

MEDO DA SOLIDÃO

Você já sentiu medo alguma vez, na vida? 
É comum ouvirmos as pessoas confessando o sentimento de algum tipo de medo. 
Seja medo de ficar só, medo da morte, medo da solidão e outros mais. 
Dentre as várias nuanças do medo, vamos destacar o medo da solidão, que é muito comum na sociedade moderna. 
Diz um grande pensador, que a solidão do homem da metrópole não é a solidão que o rodeia, mas a solidão que o habita. 
Há pessoas que se sentem sós mesmo estando rodeadas de gente. 
Por essa razão, percebemos que o problema não é externo, mas da intimidade do ser. 
E por que é que se sente só, mesmo não se estando a sós?
Talvez a solidão se instale na alma porque encontra nela um vazio propício a agasalhá-la. 
Se não houvesse espaço, é bem possível que ela ali não fizesse morada. 
Mas, afinal, como é que podemos preencher esse vazio e espantar a solidão? 
A fórmula é bem simples. 
É tão simples que talvez por isso mesmo ninguém acredite na sua eficácia. 
Há mais de dois milênios ouvimos falar dela, portanto, não se trata de nenhuma descoberta recente. 
Estamos falando da caridade, como a prescreveu Jesus. 
Se abandonássemos o nosso estreito mundo e buscássemos o contato com nossos irmãos carentes e infelizes, por certo preencheríamos o vazio em nossa intimidade, de tal forma que a solidão não encontraria ali espaço para se acomodar, embora tentasse. 
E isso acontece de forma tão natural que, ao nos envolvermos com os sofrimentos alheios, tentando aliviá-los, esquecemos de nós mesmos e isso causa uma satisfação muito salutar.
Quem ainda não experimentou essa terapia, tente. 
Vale a pena! 
E não custa nada, a não ser o investimento da vontade firme e da disposição de vencer a solidão. 
E nesse caso, o campo é muito vasto. 
É fácil encontrar alguém que precise de você. 
Seja um doente solitário num hospital, uma criança num orfanato, uma pessoa idosa abandonada pela família, uma mãe que precise de ajuda para cuidar dos filhos, um pai desesperado com os filhos cuja mãe faleceu, um estômago vazio para saciar, um corpo tiritando de frio para agasalhar e assim por diante... 
Não é outra a razão pela qual Jesus recomendou o amor ao próximo como condição para quem deseja conquistar o reino dos céus que, como Ele mesmo afirmou, está dentro de cada um de nós. 
* * * 
Se você está triste porque perdeu seu amor, lembre-se que há tantos que não têm um amor para perder. 
Se você está triste porque ninguém o ama, lembre-se que o amor é para ser ofertado e não para ser exigido. 
Se para você a vida não tem sentido, oferte-a a alguém, dedicando-se aos infelizes que lutam por um minuto a mais de existência física. 
E se lhe faltam as forças necessárias para lutar contra a solidão, abra o seu coração ao Divino Pastor e peça-Lhe para que o ajude nessa empreitada. 
Lembre-se sempre que foi o próprio Cristo que assegurou:
Aquele que vier a mim, de forma alguma eu lançarei fora. Redação do MomentoEspírita. 
Em 20.10.2011.

sábado, 25 de janeiro de 2025

MEDO DA MORTE

Richard Simonetti
Um homem transitava por estrada deserta, altas horas. Noite escura, sem luar, estrelas apagadas... 
Seguia apreensivo. 
Por ali ocorriam, não raro, assaltos... 
Percebeu que alguém o acompanhava. 
-Olá! Quem vem aí? - perguntou, assustado. 
Não obteve resposta. 
Apressou-se, no que foi imitado pelo perseguidor. 
Correu... 
O desconhecido também. 
Apavorado, em desabalada carreira, tão rápido quanto suas pernas o permitiam, coração a galopar no peito, pulmões em brasa, passou diante de um poste de luz. 
Olhou para trás e, como por encanto, o medo desapareceu.
Percebeu que seu perseguidor era apenas um velho burro, acostumado a acompanhar andarilhos. 
A história assemelha-se ao que ocorre com a morte. 
A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. 
No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que os espera no Mundo Espiritual. 
O Espiritismo é o poste de luz que ilumina os caminhos misteriosos do retorno, afugentando temores sem fundamento e constrangimentos perturbadores. 
De forma racional, esclarece acerca da sobrevivência da alma, descerrando a cortina que separa os dois mundos. 
Com a Doutrina Espírita aprendemos a encarar com serenidade a morte, que chamamos de desencarnação, porquanto ninguém morre. 
Isso é muito importante, fundamental mesmo, já que se trata da única certeza da existência humana: todos desencarnaremos um dia. 
A Terra é uma oficina de trabalho para os que desenvolvem atividades edificantes, em favor da própria renovação. 
Um hospital para os que corrigem desajustes nascidos de viciações pretéritas. 
Uma prisão, em expiação dolorosa, para os que resgatam débitos relacionados com crimes cometidos em existências anteriores. 
Uma escola para os que já compreendem que a vida não é simples acidente biológico, nem a existência humana uma simples jornada recreativa. 
Mas não é o nosso lar. 
Este está no plano espiritual, onde poderemos viver em plenitude, sem limitações impostas pelo corpo carnal.
Compreensível, pois, que nos preparemos, superando temores e dúvidas, inquietações e enganos, a fim de que, ao chegar a nossa hora, estejamos habilitados a um retorno equilibrado e feliz. 
O primeiro passo é o de tirar da morte o aspecto fúnebre, mórbido, temível, sobrenatural... 
Há condicionamentos milenares nesse sentido. 
Existem pessoas que simplesmente se recusam a conceber o falecimento de um familiar ou o seu próprio. 
Transferem o assunto para um futuro remoto. 
Por isso se desajustam quando chega o tempo da separação.
-Onde está, ó morte, o teu aguilhão? - pergunta o Apóstolo Paulo, a demonstrar que a fé raciocinada supera os temores e angústias da grande transição, dando-nos a compreensão de que o fenômeno chamado morte nada mais é do que o passaporte para a verdadeira vida. 
O Espiritismo, se estudado, nos proporciona uma fé inabalável. 
O conhecimento de tudo o que nos espera, e a disposição de lutarmos para que nos espere o melhor. 
* * * 
Um dos maiores motivos de sofrimento no além túmulo, é o apego aos bens terrenos. 
Muitas pessoas não aceitam as normas estabelecidas pela aduana do túmulo, que não nos permite levar os bens materiais no momento em que passamos para o outro lado.
Isso demonstra que tais pessoas ainda não entenderam que os bens materiais nos são emprestados por Deus como meio de progresso, e que os teremos que devolver, mais cedo ou mais tarde. 
É importante que reflitamos sobre isso, não nos deixando possuir pelos bens dos quais somos apenas usufrutuários.
Um dos motivos de sofrimento dos que ficam, é o fato de não terem se dedicado o quanto deviam àqueles dos quais se despedem. 
Por isso, convém que, enquanto estamos a caminho, façamos o melhor que pudermos aos nossos afetos, para que o remorso não nos dilacere a alma depois. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti, ed. Ceac. 
Em 19.12.2008.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

PERDA DE AFETOS

Wallace Leal Rodrigues
Quando a morte arrebata do convívio um ser amado, algumas pessoas perdem a vontade de viver. 
De uma forma até egoísta, esquecem os que convivem no mesmo lar e se enclausuram na própria dor. 
Não se dão conta que, agindo assim, maltratam os corações que os amam e que, exatamente como eles, sofrem a ausência daquele que partiu para a pátria verdadeira. 
Assim aconteceu com Hamilton, um trabalhador dos correios. 
Ele era muito feliz. 
Pai dedicado, costumava chegar em casa e ler histórias para seus filhos. 
À noite, antes de adormecerem, beijava-os e com eles orava, rogando a proteção dos seres imortais. 
Um dia, a morte veio e ceifou a vida do seu menino de sete anos. 
A partir deste dia, ele começou a realizar com desleixo o seu trabalho, não mais sorriu, não contou mais histórias. 
Tornou-se triste e cabisbaixo. 
O ambiente no lar foi ficando sempre mais difícil. 
Certo dia, separando a correspondência para entrega, descobriu uma carta sem envelope. 
O destinatário era Jesus. 
O endereço: Céu. 
Curioso, abriu e leu: 
" Querido Jesus Resolvi lhe escrever para pedir uma coisa muito especial. Aqui em casa todos estamos muito tristes: papai, mamãe e eu. O meu irmãozinho Felipe morreu há alguns meses. Quando ele estava conosco, adorava brincar com seu trem, sua bola e seu caminhãozinho. Pois é Jesus, eu queria que o senhor levasse todos esses brinquedos para ele lá no céu. Tenho certeza de que ele vai querer continuar a brincar com eles. Acredito que ele sinta falta, principalmente do trem, com que mais brincava. Outro pedido é que o Senhor traga meu pai de volta. Não que ele tenha ido embora, mas é como se tivesse ido. É que desde a morte de Felipe, ele não sorri, não conta histórias, nem ora mais comigo. Eu gostaria muito que meu pai me tomasse nos braços e contasse histórias, como fazia antes. Eu queria ver meu pai sorrir de novo. É tão bonito o sorriso do meu pai! Eu queria que, de novo, ele viesse me dizer boa noite, orasse comigo e esperasse eu adormecer. Era tão bom, Jesus. Eu ouvi meu pai dizer para minha mãe que só a eternidade poderia curá-lo. Será que o Senhor poderia trazer um pouquinho disso para ele melhorar? Se for possível, eu ficarei muito feliz. Assinado: Rita". 
O trabalhador dos correios sentiu os olhos marejarem de lágrimas. 
Deu-se conta de como, em sua dor, fora egoísta. 
Esquecera esposa e filha, que também sofriam. 
Naquele dia, voltou para casa diferente. 
Ao chegar, chamou a filha, tomou-a nos braços, estreitou-a ao peito demoradamente, beijou-a e lhe perguntou: 
-Quer ouvir uma história? 
* * * 
Quando a dor da separação pela morte nos ferir o coração, não nos recolhamos em concha, desistindo da vida. 
A dor deve nos motivar à continuidade da luta diária, principalmente porque guardamos a lição da imortalidade. 
Os que partiram estão mais próximos de nós do que possamos imaginar. 
E não nos esqueçamos dos que partilham conosco da mesma dor e de idêntica saudade. 
Em nome do amor, não nos tomemos egoístas. 
Não nos isolemos, nem firamos ainda mais os que, ao nosso lado, aguardam pela migalha do nosso carinho, o sorriso da nossa ternura, nutrindo-se do nosso afeto. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 24.01.2025

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

MEDIUNIDADE NOSSA DE TODOS OS DIAS

O fenômeno é dos mais antigos. 
Recuando no tempo, encontramos registros em um dos livros primeiros da Humanidade, a Bíblia. 
No versículo segundo, do capítulo primeiro do livro de Gênesis, se lê:
"As trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus movia-Se sobre as águas."
O homem pressentia a presença do Criador. 
O que quer dizer, o homem registra, desde sempre, o Mundo além da esfera física. 
O Mundo dos seres espirituais. 
Paulo de Tarso, dando-se conta dessa percepção especial do ser humano a denominou dom. 
E a respeito se estendeu em sua Epístola aos Coríntios, descrevendo as suas variedades. 
Enquanto na Terra, o Homem de Nazaré deu provas múltiplas da inter-relação entre ambos os Mundos, físico e o espiritual.
Falou aos Espíritos atormentados e que se chamavam Legião, na cidade de Gadara; aos que agrediam o jovem que Lhe é trazido para ser curado. 
Senhor dos Espíritos – assim O denominaram por descobrirem que os Espíritos Lhe obedeciam. 
Seria somente no século XIX, no entanto, que esse dom seria amplamente estudado e decodificado, pelo sábio Allan Kardec. 
E ele lhe deu nome específico: mediunidade. 
A capacidade de ser intermediário entre um mundo e outro, entre uma e outra dimensão.
Médium, ou intermediário. 
Ainda hoje bastante incompreendida, é a mediunidade, contudo, uma faculdade inerente ao ser humano. 
Dela quase todos os homens têm resquícios. 
Alguns mais, outros menos. 
Mas, quem já não teve a impressão de ter alguém, incorpóreo, ao seu lado, velando por si, em horas dolorosas? 
Quem já não se referiu à interferência de seres angélicos em momentos de grande dificuldade? 
Quem não entregou o filho que parte para terras distantes aos cuidados de um ser que chama anjo de guarda, anjo guardião, protetor, orientador? 
Quem já não ouviu o sussurrar de vozes imperceptíveis, no interior de si mesmo? 
Dificilmente se encontrará alguém que disso tudo não tenha um mínimo registro, senão por si mesmo, por alguém de sua família. 
Isso nos diz que o Mundo Espiritual se faz presente de forma constante no Mundo físico. 
Pode-se dizer que há uma interpenetração de um e outro. Movemo-nos na esfera física. 
Nossos atos e pensamentos repercutem na esfera espiritual.
Ninguém segue só. 
Como dizia o Apóstolo Paulo: 
-Estamos rodeados por uma nuvem de testemunhas. Sombras, Espíritos, guias. Não importa como os chamemos, eles são realidade. E silenciosamente velam por nós. Discretamente nos orientam. Sutilmente nos vão dando notas de que têm sobre nós seus atentos olhares. 
* * * 
Quando estiver a ponto de desanimar por se acreditar só, abandonado, pense que alguém, da Espiritualidade, guarda a sua vida e vela por você. 
Você pode não crer. 
Mas não importa. 
Mesmo assim, os que o amam estão com você. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 12 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. 
Em 09.01.2014.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

NUNCA DEIXE DE SONHAR

Ao chegar a este mundo, trazemos os olhos cheios de simplicidade e de uma alegria ingênua, contagiante... 
Nessa época de infância, despreocupada e leve, quantos sonhos carregamos! 
A imaginação corre livre. 
Não há limites para a mente fértil. 
Tudo é possível. 
Mas crescemos. 
E a vida vai se encarregando de apagar um pouco do brilho dos nossos olhos. 
Ouvimos tantas vezes a palavra não que, aos poucos, nos revestimos de uma cautela exagerada. 
Passamos a ter medo de ousar ir além, de transpor até mesmo pequeninos limites. 
Devagar, muito lentamente, passamos a colocar cada vez mais freios na alma, a exercer autocensura, a matar a imaginação. 
Antes de sonhar, repreendemos a nós mesmos: 
-Ah, isso não é possível! 
-Ou Isso não vai dar certo. 
E nem nos permitimos imaginar algo novo e ousado. 
Mas, pensemos, vale a pena viver de forma tão metódica?
Com cada passo contado? 
Com os sonhos reprimidos? 
A resposta é não. 
Não vale a pena sufocar os sonhos, que podem ser a ponte para uma vida mais feliz e plena. 
Um sonhador é alguém que não se acomoda. 
Está sempre buscando algo de bom, de novo, de diferente. 
É um idealista, um lutador. 
Observe que não estamos falando de pessoas rebeldes, daquelas que desejam apenas quebrar regras como forma de provocação. 
Falamos de pessoas que aspiram viver em um mundo mais justo, abençoado por gestos de fraternidade e cheio de ética, alegria e paz. 
Você lembra quando John Lennon cantou que era um sonhador, mas que não era o único? 
Na música Imagine, ele imaginava um planeta livre de preconceitos religiosos, sem que as fronteiras dos países impedissem os homens de ser irmãos. 
Pois é. 
O que Lennon queria mesmo era que mais sonhadores se juntassem a ele, para que o mundo fosse um só, muito mais unido, mais solidário e amoroso. 
Vamos atender a esse convite? 
Sim, porque atender a esse chamado de irmandade é também aderir à mensagem de grandes líderes religiosos, de filósofos, de homens de bem.
Lembremos que a Humanidade caminha porque há quem sonhe. 
Inventores, cientistas, sacerdotes, pensadores em geral são grandes sonhadores. 
Gandhi sonhou que a independência da Índia seria conquistada sem violência. 
E conseguiu dobrar o poderoso império britânico, sem pegar em armas. 
Apenas com gestos de amor, com seriedade e com uma vontade férrea. 
São homens como esse os verdadeiros sonhadores. 
Não aguardam sentados. 
Não se deixam abater. 
Não permitem que o pessimismo alheio os contamine.
Sonhadores movem o mundo, a partir de ideais que eles tornam realidade. 
Os seus são sonhos de bem-estar, de fraternidade, de gestos amorosos. 
Permita-se, você também, sonhar coisas belas, buscar mudanças positivas. 
Toque as estrelas com as pontas dos dedos. 
Sonhe. Sonhe, sim. 
Todos os dias, todas as horas. 
E tente fazer seus sonhos se materializarem, para mudar o mundo para melhor. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 20 e no livro Momento Espírita v. 6, ed. FEP. 
Em 22.1.2025

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A MEDIUNIDADE

A questão da mediunidade tem sido pouco compreendida, ainda, na atualidade. 
É bastante comum as pessoas se referirem a pessoas portadoras de mediunidade como sendo espíritas. 
O que nem sempre é verdade. 
Mesmo porque a mediunidade não é privilégio dos espíritas e nem tampouco criação ou invenção do Espiritismo, que surgiu na Terra, somente no Século XIX. 
Em verdade, é no livro religioso mais antigo e respeitado de que tem conhecimento o Ocidente, que encontramos uma farta gama de exemplos de médiuns. 
Referimo-nos à Bíblia. 
No Antigo Testamento, encontramos a descrição detalhada do festim de Baltazar, o neto de Nabucodonosor, na Babilônia.
Em meio ao alegre banquete, uma mão apareceu ao fundo da sala e escreveu, na parede, três palavras, que ninguém conseguia decifrar. 
Foi necessário chamar o profeta hebreu Daniel que ali compareceu e informou ao rei que as palavras significavam pesado, medido, dividido, predizendo a divisão do seu reino em breve. 
O fato se consumou nos dias seguintes, com a vitória de Ciro, rei dos Persas. 
Ora, o primeiro fenômeno trata-se da escrita direta, quando os Espíritos não se utilizam da mão do médium para escrever, fenômeno estudado pelo Codificador da Doutrina Espírita no Século XIX, com detalhes. 
O segundo, o da decifração da mensagem tem a ver com a inspiração do profeta, que colheu no invisível a informação precisa. 
Logo no início do Novo Testamento, o Evangelista Lucas descreve a anunciação a Maria pelo anjo Gabriel. 
Ora, ela viu o mensageiro divino, portanto, fenômeno de vidência. 
Ouviu-o com detalhes, pois que com ele conversou. Fenômeno de audiência. 
E, numa época em que não existia a ecografia, o mensageiro dos céus não somente lhe falou da sua concepção, mas revelou o sexo da criança, o nome que lhe seria dado e a sua missão, com as palavras: 
-Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Será grande e o chamarão filho do altíssimo e o seu reino não terá fim. 
Finalmente, lhe informou Gabriel que sua prima também estava grávida há seis meses, motivo que levou Maria a visitá-la. 
E se bem lembrarmos, narra o mesmo Novo Testamento que o pai de João Batista também recebeu a revelação do nascimento do filho, antes de sua esposa vir a conceber.
Zacarias estava no santuário, exercendo as suas funções de sacerdote, quando lhe apareceu o mensageiro do Senhor, ao lado direito do altar, dando-lhe detalhes do que sucederia, igualmente lhe dizendo o sexo da criança, o nome e sua missão. 
O fato de estar o sacerdote a orar, nos dá a tônica de que para adentrarmos à Espiritualidade, o caminho é sempre a prece, que nos eleva e credencia ao contato superior.
Mediunidade não é, portanto, exclusividade dos espíritas. 
É de todos os tempos. 
É faculdade inerente ao homem, dada por Deus para que ele, deste mundo de dores, possa alçar-se ao infinito e receber o socorro e amparo espirituais. 
E todos nós, podemos, pelos fios invisíveis da oração, nos elevarmos às esferas de bênçãos e de lá receber as respostas de que necessitamos. 
Não é de outra maneira que nosso anjo da guarda nos fala à mente e ao coração. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.03.2019.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

IMORTALIDADE EM VERSOS

Caminheiro, que passas pela estrada, 
Seguindo pelo rumo do sertão, 
Quando vires a cruz abandonada, 
Deixa-a dormir em paz na solidão. 

É de um escravo humilde sepultura, 
Foi-lhe a vida o gozar de insônia atroz. 
Deixa-o dormir no leito de verdura, 
Que o Senhor dentre a selva lhe compôs. 

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus. 
Prende-se a voz na boca das cascatas, 
E as asas de ouro aos astros lá nos céus. 

Caminheiro! Do escravo desgraçado 
O sono agora mesmo começou! 
Não lhe toques no leito de noivado, 
Há pouco a liberdade o desposou. 

Estes são versos da autoria de Castro Alves, o poeta dos escravos. 
É um lamento de dor pela situação do negro, escravo de uma civilização que se denominava cristã, mas não se pejava em escravizar seus irmãos, sem piedade alguma. 
Retirados à força do seu país natal, alguns deles chefes tribais, tinham desprezados todos os seus direitos. 
Direito de ser tratado como ser humano, direito ao descanso, à família, à expressão do seu culto religioso, à dignidade. 
O desejo de ser livre, de poder se expressar em seu próprio idioma, de cultuar seus deuses, tudo lhes era vedado. 
A rebeldia era punida com castigos horrendos e a morte. 
É a morte que, justamente, o poeta dos escravos exalta como a libertadora. 
E em seus versos revela a verdade inconteste da Imortalidade. 
Extinto o corpo, a alma estava liberta para andar pelos campos espirituais. 
Como ser espiritual, imortal, poderia retornar aos ares do seu país natal, poderia reencontrar os amores que houvessem partido antes dele. 
* * * 
Embora muitos haja na Terra que, ainda, insistem em afirmar que nada existe para além da vida física, somos imortais.
Ninguém morre. 
Finda-se o corpo, mas a essência permanece. 
Liberta do corpo, a alma retorna ao grande lar. 
Busca os amores, recompõe-se das lutas travadas durante a vida terrena e prossegue na conquista do progresso. 
É assim que os que sofreram muito sobre a Terra encontram o restabelecimento das forças e as recompensas pelo bem sofrer. 
A imortalidade é a grande porta que se abre para o reencontro dos que se amam e daqueles que ainda necessitam exercitar o amor uns pelos outros. 
É o repouso das lutas, é o reabastecer de energias para novas etapas de progresso do ser que nunca morre e cujo destino final é a perfeição. 
Redação do Momento Espírita, com versos da poesia A cruz da estrada, de autoria de Castro Alves. Disponível no CD Momento Espírita, v. 20, ed. FEP. 
Em 20.01.2025.

domingo, 19 de janeiro de 2025

MEDITAR - RESPIRAR

CHICO XAVIER E EMMANUEL
É natural. 
Nossa mente sofre sede de paz, como a terra seca tem necessidade de água fria. 
Por isso, venha a um lugar à parte, no país de você mesmo, a fim de repousar um pouco. 
Esqueça as fronteiras sociais, os controles domésticos, as incompreensões dos parentes, os assuntos difíceis, os problemas inquietantes, as ideias inferiores. 
Retire-se dos lugares comuns a que ainda se prende.
Concentre-se, por alguns minutos, em companhia do Cristo, no barco de seus pensamentos mais puros, sobre o mar das preocupações cotidianas... 
Ele lavará a sua mente repleta de aflições. 
Balsamizará suas úlceras. 
Basta que você se cale e sua voz falará no sublime silêncio.
Ofereça-lhe um coração valoroso na fé e na realização, e Seus braços divinos farão o resto. 
Você regressará, então, aos círculos de luta, revigorado, forte e feliz. 
Seu coração com Ele, a fim de que possa agir, com êxito, no vale do serviço. 
Ele com você, para escalar, sem cansaço, a montanha da luz.
* * * 
A meditação dulcifica a aspereza da luta, harmoniza o intelecto com o sentimento e mantém acalmado o homem.
Vale esclarecer que não será por efeito de uma a outra experiência mágica que perceberemos o efeito, mas sim através de expressivo esforço. 
A disciplina, a frequência do exercício, os conteúdos do pensamento, são essenciais para o êxito desse empreendimento íntimo. 
Tomemos, por exemplo, de uma página do Evangelho.
Leiamos pausadamente, digerindo-lhe o significado e nos concentrando nela, para fixá-la. 
Retiremos a grande quantidade de informações e reflexionemos em cada mensagem revelada, na sua essência.
Insistamos em verificar a forma e o sentido de como aquelas linhas poderão nos ser úteis. 
Analisemos sem pressa para que da letra retiremos seu espírito. 
Habituemo-nos a esse pequeno costume e estaremos iniciando a meditação que nos levará à paz de consciência e à alegria de viver. 
Mesmo que disponhamos de pouco tempo, busquemos utilizá-lo para a meditação, descobrindo, logo depois, que os benefícios serão imensos. 
A meditação nos irá abrir as portas para a perfeita união com Deus que a oração proporcionará. 
* * * 
Respiremos profundamente e com calma. 
Reservemos alguns momentos do nosso dia para realizar essa singela tarefa de bem-estar. 
Recordemo-nos dessa faculdade incrível que temos de fazer com que o ar externo penetre nossos pulmões. 
O ar é vida e cada vez que respiramos conscientemente estamos nos ligando a ela com mais intensidade. 
Respiramos automaticamente, respiramos mal, por vezes tomados pela ansiedade e nervosismo que quase nos tiram o fôlego. 
Aproveitemos, a cada expiração, para retirar de nosso íntimo as preocupações, as revoltas, os sentimentos pouco elevados. 
Respiremos melhor e vivamos melhor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 168, do livro Caminho Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e no cap. 1, do livro Momentos de Esperança, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 22.4.2019.

sábado, 18 de janeiro de 2025

MEDITAÇÃO

Reserve-se alguns minutos para a meditação, antes de tomar atitudes ou de assumir compromissos sérios. 
Procure um local que propicie o recolhimento, o silêncio e feche os olhos, buscando respirar profundamente, prestando atenção nos movimentos de inspiração e, em seguida, de expiração. 
Relaxe os músculos, permitindo que o corpo se mantenha o mais solto possível. 
Uma música suave também é auxílio precioso, pois consegue nos transmitir vibrações de tranquilidade e de calma - elementos fundamentais para esse processo. 
Busque limpar a mente de todos os pensamentos, deixando-a como um imenso salão vazio, esperando por inúmeros visitantes ilustres. 
Pense em uma atitude que você pretende tomar, um compromisso que deseje assumir, ou uma dificuldade que precise resolver. 
A sala enorme agora está habitada apenas por esta importante questão, e assim receberá toda sua atenção. 
Toda sua energia estará focalizada nesta resolução. 
Analise as diversas possibilidades com calma, fazendo da razão uma grande aliada dos sentimentos. 
Imagine as consequências desta ação. 
Serão realmente boas para você? 
Poderão prejudicar alguém, trazendo sofrimento? 
Ou serão um veículo de felicidade e paz? 
Faça uma listagem mental de todos os prós e contras de cada caminho a ser seguido e, finalmente, pergunte ao seu coração, aos seus sentimentos, o que eles acham, como se sentem, se têm alguma intuição a respeito disso. 
Assim, você terá feito a sua parte, aplicando suas forças nesta resolução, e deixando também a mente apta a ouvir os conselhos que vêm do invisível, dos amigos espirituais que desejam seu progresso. 
Virão, então, as inspirações, que irão se misturar aos seus próprios pensamentos, com novas ideias, outras opiniões e orientações preciosas para sua vida. 
A decisão final será unicamente sua. 
A pessoa que sabe meditar, e que procura fazer reflexões constantes em seus dias, estará sempre mais lúcida, mais conhecedora de suas potencialidades e de seus limites e, assim, melhor conhecedora de si mesma. 
Meditar é interiorizar-se, é entrar em contato com o verdadeiro eu. 
* * *
Nunca estamos sozinhos. 
Podemos contar sempre com o auxílio espiritual em nossos dias. 
Nossos amigos continuam a nos amar, mesmo estando num plano diferente de existência e, por isso, estão sempre dispostos a nos ajudar. 
Em O livro dos Espíritos, Kardec apresenta a seguinte questão: 
-Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou mau Espírito? 
Os Espíritos responderam dizendo: 
-Estudai o caso. Os bons Espíritos não aconselham senão o bem. Cabe a vós a distinção. 
Redação do Momento Espírita com base no cap.31, do livro Episódios diários, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no item 464, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 20.09.2011.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

UM RAIO DE SOL

Quando o sol nasce pela manhã é como se o Sublime Artista acendesse uma lâmpada de ouro. 
Toda noite ele se esmera para extrair um novo colorido do dia novo. 
Ante os raios do sol que se espreguiçam a tudo envolvendo, o verde brilha com maior intensidade. 
Nas pétalas das flores o orvalho vai sendo despertado e se transforma em cristal líquido, refletindo os raios de luz. 
Logo, tudo é luz, vida, alegria, juventude. 
Os pássaros ensaiam seus cantos, recordando-nos que devemos saudar o dia com sorrisos. 
Eles nos dão a lição de que devemos iniciar o nosso dia sob a luz da oração. 
Oração que é louvor e gratidão. 
Eles voam livres, conquistando o espaço. 
Batem suas asas entre os braços verdes das árvores. 
Iniciam a labuta da construção dos ninhos, da busca do alimento para os filhotes que aguardam, sempre famintos.
Essa faina nos recorda os ensinos de Jesus: 
-As aves do céu não semeiam e nem ceifam, nem guardam sementes em seus celeiros. No entanto, nosso Pai por elas vela. 
É a rememoração da lição da confiança na Providência Divina. 
O sol desce com seus raios pelo jardim e vai despertando as flores, encolhidas em seu sono da noite. 
Elas se espreguiçam e abrem suas corolas aos beijos convidativos do astro rei. 
O céu estampa a serenidade do azul e da beleza. 
O dia está pronto e nos diz: 
-Tudo é belo e suficiente para ser feliz. Basta que você abra os olhos e sinta. 
O calor do sol traduz vida também para a nossa alma. 
Tudo está preparado com carinho porque é dia. 
E é neste dia que iremos viver: crianças, jovens, homens e mulheres. 
Todas as manhãs, Deus nos homenageia com este espetáculo que é cor, som e beleza.
Mas, normalmente, nos mostramos apressados, preocupados.
Levantamos rapidamente, preparamo-nos e saímos. 
Não temos tempo para saudar o dia. 
Ligamos o carro, andamos rapidamente, preocupamo-nos com o trânsito que nos impede a marcha mais rápida.
Franzimos a testa, nervosos e aflitos e nada percebemos do que nos rodeia. 
Seria muito bom que, como as aves, acordássemos mais cedo, saudássemos o dia, aproveitando para brincar com os raios do sol ou simplesmente nos detivéssemos a contemplar o espetáculo da natureza. 
A Terra só continua a ser um planeta de intensas dores e aflições porque ainda não despertamos para o bom e o belo, que Deus dispõe diariamente à nossa volta. 
* * * 
Assim como o sol dissipa a névoa da manhã, o ser humano deveria permitir que os raios do sol dissipassem a névoa do seu coração. 
Então, ele poderia sentir o calor em sua alma, conseguindo viver em plenitude e amar. 
Se o homem que caminha, sobrecarregado ao peso das dificuldades, resolvesse misturar o canto da sua alma ao canto dos pássaros, dissiparia a dor que lhe machuca a intimidade, da mesma forma que a neblina é espancada pelo astro rei, na manhã que surge. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Reflexão de um raio de sol, de Maria Anita Fonseca Rosas Batista, da revista Presença Espírita, de março/abril de 2000, ed. LEAL.
Em 17.01.2025.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

PIPAS AO VENTO

Você já viu pipa voar a favor do vento? 
Claro que não. 
Por mais frágil que seja, de papel de seda e taquara, nenhuma se dá ao exercício fácil de voar levada suavemente pelas mãos de alguma corrente. 
Nunca. 
Elas metem a cara, vão em frente. 
Têm dessa vaidade de abrir mão da brisa e preferir a tempestade. 
Como se crescer e subir fosse descobrir em cada vento contrário uma oportunidade. 
Como se viver e brilhar fosse ter a sabedoria de ver uma lição em cada dificuldade. 
No fundo, todo mundo deveria aprender na escola a empinar pipas. 
Para entender, desde cedo, que Deus só lhes dá um céu imenso porque têm condições de alcançá-lo. 
Assim como nos dá sonhos, projetos e desejos, quando possuímos os meios de realizá-los.
* * * 
A pipa, também chamada papagaio de papel, pandorga ou raia, é um brinquedo que voa, baseado na oposição entre a força do vento e a força da corda segurada pelo operador. 
Ela tem no vento o seu aliado, mesmo quando ele sopra em direção oposta. 
A pipa precisa do vento contrário para manter-se lá em cima.
Assim são as lutas da vida, companheiras que, tantas vezes, julgamos indesejáveis, que aparentam estar nos puxando para baixo e nos atrapalhando o caminho, quando na verdade, estão nos impulsionando para frente. 
Os problemas encontrados na nossa caminhada nos mostram que chegou o momento de lutar ou, caso contrário, não encontraremos as soluções desejadas. 
Não tenhamos a ilusão de que alcançaremos a felicidade futura sem esforço. 
As dificuldades fazem parte do processo de evolução de todos nós. 
Problemas de saúde, na família, desentendimentos, desequilíbrios financeiros são mecanismos que as Leis de Deus nos oferecem para estimular-nos ao avanço. 
Às vezes, as pequenas aflições encontradas no presente poderão servir de experiência para enfrentarmos uma grande adversidade que nos aguarda no tempo futuro. 
Toda a vida é um processo contínuo de ação. 
A luta é um desafio abençoado que a lei do progresso nos impõe. 
Lutamos contra as nossas imperfeições, pela aquisição de valores morais elevados, por nos superarmos a cada dia no campo moral, ético, físico e intelectual. 
Há lutas para defender os fracos, lutas contra preconceitos de diversos tipos, lutas pela paz, lutas para vencermos todos os problemas que nos afligem.  ­
Sejamos como as pipas, que usam a adversidade para subir às alturas. 
Saibamos usar essas dificuldades para nos elevar e crescer na direção de Deus. 
E que o nosso objetivo seja alcançar um céu de felicidade plena. 
* * * 
É necessário lutar em paz, alegremente, sabendo que os Bons Espíritos estarão lutando ao nosso lado em nome do lutador incessante que é Jesus, que até hoje não descansa nem desanima, embora permanecendo conosco. 
Lutemos, pois, com entusiasmo, renovando as nossas energias, antes que as exaurindo, para que, longos, profícuos e abençoados sejam os nossos dias na face da Terra, quando terminar a nossa oportunidade de serviço e luta. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de José Oliva, publicado no site Caixinhas de Atitude e no cap. 8, do livro Desperte e seja feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, ed. LEAL 
Em 16.01.2025

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

MEDITAÇÃO DA SERENIDADE

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
O Espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, propõe a seguinte meditação, na forma de autossugestão: 
"A serenidade Divina invade-me após o cumprimento dos deveres. Compreendo a minha responsabilidade no conjunto da vida em que me encontro e desligo-me dos conflitos. Lúcido, avanço, passo a passo, na conquista da consciência e harmonizo-me, integrando-me no conjunto da obra de Deus. Sereno e confiante, nada de mal me atinge". 
* * * 
A serenidade é pedra angular das edificações morais e espirituais da criatura humana, sem a qual muito difíceis se tornam as realizações.
Resulta de uma conduta correta e uma consciência imparcial, que proporcionam a visão real dos acontecimentos, bem como facultam a identificação dos objetivos da vida, que merecem os valiosos investimentos da existência corporal. 
A serenidade é o estado de consentimento entre o dever e o direito, que se harmonizam a benefício do indivíduo. 
Quando se adquire a consciência asserenada, enfrenta-se toda e qualquer situação com equilíbrio, nunca se permitindo desestruturar. 
As ocorrências, as pessoas e os fenômenos existenciais são considerados nos seus verdadeiros níveis de importância, não se tornando motivo de aflição, por piores se apresentem. 
A pessoa serena é feliz, porque superou os apegos e os desapegos, a ilusão e os desejos, mantendo-se em harmonia em qualquer situação. 
Equilibrada, não se faz vítima de extremos, elegendo o “caminho do meio” como decisão firme, inquebrantável. 
* * * 
A serenidade não é quietação exterior, indiferença, mas, plenitude da ação, destituída de ansiedade ou de receio, de pressa ou de insegurança. Jesus, no fragor de todas as batalhas, no expressivo poema das bem-aventuranças ou sendo crucificado, manteve a serenidade, embora de maneiras diferentes, destemido e seguro de si mesmo, com absoluta confiança em Deus. 
Os mártires conheceram a serenidade que o ideal lhes deu, em todas as áreas nas quais lutaram, e, por isso mesmo, não foram atingidos pela impiedade, nem pela perseguição dos maus. 
A serenidade provém, igualmente, da certeza, da confiança no que se sabe, se faz e se é. 
Assim, estudemos a nós mesmos e nos amemos, elegendo o melhor, o duradouro para os nossos dias, e nunca recuaremos. 
No entanto, se errarmos, se nos comprometermos, se nos arrependermos, antes que a culpa nos perturbe, refaçamos o equívoco, recuperando-nos e reconquistando a serenidade.
Sem ela, experimentaremos sofrimentos que poderíamos evitar, e que nos impedem o avanço. Serenidade é vida. 
* * * 
A serenidade Divina invade-me após o cumprimento dos deveres. 
Compreendo a minha responsabilidade no conjunto da vida em que me encontro e desligo-me dos conflitos. 
Lúcido, avanço, passo a passo, na conquista da consciência e harmonizo-me, integrando-me no conjunto da obra de Deus.
Sereno e confiante, nada de mal me atinge. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap.16 do livro Momentos de saúde, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 19.04.2013.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

MÉDICO INTERNO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Nosso corpo é uma excelente máquina formada por equipamentos delicados, que são comandados pelo Espírito através do cérebro. 
É assim que as trilhões de células obedecem às ordens da mente. 
Quando temos a propensão para o pessimismo, o ressentimento, o desamor, cargas nocivas são elaboradas e atiradas nos mecanismos encarregados de preservar nosso organismo, produzindo muitos males. 
De igual maneira, as disposições otimistas e afetuosas produzem energias refazentes, que recuperam os desarranjos momentâneos dos órgãos que constituem nossa máquina fisiológica. 
Nosso corpo é um laboratório de gigantescas possibilidades, sempre suscetível de se desarranjar ou de se recompor, conforme as vibrações emitidas pela mente. 
A mente é uma espécie de centro de controle que envia mensagens para todos os pontos de nossa organização física.
Baseados nisso, podemos dizer seguramente que possuímos em nós um médico interno, que o Espírito encarnado comanda, aguardando diretrizes para agir corretamente. 
Esse médico está sempre disposto a nos fazer retornar ao estado natural de saúde. 
Basta que acionemos os comandos específicos para isso.
Quando esse médico é desconsiderado e deixa de atuar, é superado pelos fatores destrutivos, igualmente presentes na organização fisiológica, prontos à desgastante tarefa da doença com todas as suas complicações. 
Esse médico interior pode e deve ser orientado pelo pensamento seguro, pelas disposições do ânimo equilibrado, pela esperança de vitória, pela total confiança em Deus e na oração, que estimulam todas as células para o desempenho correto da finalidade que lhes diz respeito. 
Ficaremos livres de muitas doenças quando soubermos aproveitar essas imensas possibilidades que dormem em nós.
Descobriremos os caminhos da autocura, do diálogo amistoso com nosso corpo físico, não mais lutando contra ele, contra as dores, contra suas vontades, mas sabendo escutá-lo e compreendendo suas reais necessidades. 
* * * 
O médico interno necessita de paz para trabalhar. 
Ninguém consegue desempenhar um trabalho minucioso e delicado em meio à balbúrdia, à agitação. 
Silêncio. 
Proporcionemos a nós mesmos momentos de silêncio interior.
Caso não tenhamos condições de fazê-lo por conta própria, peçamos ajuda. 
Utilizemos alguma das inúmeras técnicas de meditação, de autoencontro e de recolhimento disponíveis no mundo.
Tranquilizemos a mente agitada. 
Façamos exercícios saudáveis. 
Mudemos o foco dos pensamentos. 
Agradeçamos pela vida. 
Agradeçamos pelo corpo que recebemos. 
Vibremos pela saúde dele, desejando que possa estar em plenas condições de usufruir as oportunidades da existência.
Nunca nos revoltemos contra ele. 
Não sejamos inimigo de suas dores. 
Aprendamos com elas porque estão apenas sinalizando um local que pede nossa atenção imediata, uma região em desequilíbrio. 
Desejemos saúde a nós mesmos, diariamente, da mesma forma que desejamos aos seres que mais amamos. 
Cuidemos do corpo e dos sentimentos e emoções. 
Nosso médico interno fará o resto. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro Desperte e seja feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 31.05.2017.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

QUE GOSTO TÊM AS NUVENS?

-Pai, que gosto têm as nuvens? – Perguntou o garotinho de sete anos ao pai, do banco de trás do carro. 
Era um lindo dia de sol. 
O céu azul fazia um fundo luminoso para as brancas nuvens que desfilavam lentamente pelo espaço. 
O pai foi pego de surpresa. 
Sua mente não estava nas nuvens. 
Estava no trânsito, nas coisas a fazer, nos problemas a resolver. 
A força da gravidade exercida sobre o pai não era a mesma que atraía o filho para o centro da Terra. 
O menino pensava no gosto das nuvens... 
O pai pensava em chegar logo em casa. 
Mas, certas perguntas das crianças têm poderes mágicos! 
E essa fez com que ambos, pai e filho, desejassem estar mais próximos das formações nebulosas do céu de anil. 
O pai sorriu. 
Adorou a pergunta. 
Não era nada lógica, e seu dia havia sido cem por cento lógico, racionalizado. 
Ele topou o desafio e flutuou com o filho pelos ares, naquele final de tarde ensolarado. 
E os dois começaram a apresentar suas ideias... 
O pai partiu do conhecimento que tinha e falou do vapor d’água. 
O menino não gostou muito da proposta e, logo estavam em outro mundo, falando de algodão doce, de lã, e tantas outras coisas maravilhosas que foram surgindo por ali. 
O filho terminou dizendo, categórico: 
-É, pai, acho que as nuvens têm gosto de branco. 
-Acho que você está certo, meu filho... Acho que você está muito certo... 
Ao final da conversa, estavam gargalhando e pousaram de volta dentro do carro, a caminho de casa.
O pai gostou tanto da brincadeira e estava tão feliz que, quando estavam quase chegando, voltou-se para o filho e perguntou: 
-Filho... Que cheiro será que tem o sol? 
* * * 
Há tantas maneiras de se ajuntar tesouros no céu! 
A orientação segura de Jesus, em Seu Sermão do Monte, diz respeito aos tesouros das boas obras, das produções do bem, que nos levam ao enriquecimento moral. 
Os tesouros da Terra são frágeis realmente. 
Vemos isso todos os dias. 
Pequenas quantias, quanto grandes fortunas mudam de mãos, em um piscar de olhos, das mais diferentes formas possíveis. 
Porém, o tesouro dos sentimentos nobres, representado por Jesus, pela palavra coração, esse é indestrutível, não muda de mãos, pois nem sequer está nas mãos. 
É como o gosto das nuvens. 
Breves instantes de alegria, de conversa amigável com um filho, a esposa, o pai, é tesouro que as traças nem a ferrugem consomem. 
Assim, não permitamos que a agitação dos dias nos leve para longe de nós mesmos, nos leve para longe de nossos amores, pois sabemos que, muitas vezes, estamos próximos fisicamente, mas muito distantes... 
Reservemos tempo para os passeios pelas nuvens, para os instantes de descontração, sem a ameaça da contagem regressiva de um relógio. 
Descobriremos que as nuvens têm um gosto maravilhoso, que o sol tem um perfume sem igual, e que as risadas de nossos amores ficam gravadas na alma por toda a eternidade.
Tesouros do coração. 
-Pai, que gosto têm as nuvens? 
Redação do Momento Espírita 
Em 13.01.2025