terça-feira, 31 de outubro de 2023

A LIÇÃO DA AVÓ

Alice não conviveu muito com a avó, mas tinha lembranças carregadas de carinho. 
Toda vez que viajavam, a avó ia observando a paisagem e exclamava de vez em quando: 
-Deus é tão bom! 
Ela sempre tinha um chá para as doenças do corpo. 
E para os males da alma, fazia uma oração. 
Dizia que doença de alma se curava com fé, amor e prece. Possuía uma fé inabalável.
E profundo amor pelo próximo. 
Todos os dias, reservava um horário para a oração por todos os que sofriam. 
Alice a imitava. 
Colocava-se ao lado dela e orava, para Deus curar os doentes, dar emprego aos que precisavam, consolo aos aflitos, esperança aos que padeciam de dores físicas e morais. 
Depois da morte da avó, Alice foi deixando de orar. 
Cresceu e tornou-se uma pessoa descrente, fez más escolhas na vida e passou a sofrer as consequências disso. 
Adoeceu. 
Consultou médicos, psiquiatras. 
Vivia sob a ação de medicamentos que a auxiliavam mas não a curavam, na intimidade. 
Certo dia, enquanto procurava um documento, encontrou numa caixa a foto da avó. 
Tomada de grande emoção, Alice recordou-se das preces da infância. 
E, envolvida pelas lembranças, seu pensamento se dirigiu a Deus, rogando que a curasse da dor que sentia na alma. 
Ao adormecer, sonhou que estava num campo. 
Havia uma mulher colhendo plantas. 
Quando se virou, Alice reconheceu sua avó, que sorriu e disse: 
-A natureza não é linda? Ela nos dá tudo de que precisamos. Basta estender o braço e pegar. E como Deus é bom! 
Alice quis falar, mas a voz ficou presa na garganta. 
A avó a abraçou. Seu suave perfume de alfazema a envolveu. Alice se sentiu amparada e protegida. 
-Que bom que você pediu ajuda, minha filha. Não se esqueça de orar também pelos que sofrem como você. Quando você ora pelos outros, recebe auxílio igualmente. Alice despertou, sentindo ainda o perfume. 
A partir de então, retomou o hábito da oração. 
Elevando o pensamento a Deus, pedia por si mesma e por todos os que necessitavam. 
Em algumas semanas, sua vida se transformou. 
Passou a dedicar parte de seu tempo a trabalhos voluntários num lar para idosas. 
Lia para elas e ouvia as histórias de cada uma. 
Nesse contato, conheceu vidas permeadas por terríveis sofrimentos. 
Ela desejava, do fundo do coração, aliviar a dor daquelas pessoas. 
E, assim, percebeu-se capaz de amar e de se doar.
Compreendeu a lição de amor e descobriu o caminho para a felicidade. 
* * * 
Nos momentos de sofrimento, busquemos ajuda para aliviar as dores do corpo e da alma. 
Essa ajuda pode vir por meio da prece e da dedicação ao próximo. 
Olhando além de nossos problemas, veremos sempre alguém sofrendo tanto ou mais do que nós. 
Auxiliando a esses, esquecendo um pouco nossas próprias dores, praticamos a lei de amor e de caridade, aplicamos os ensinamentos do Mestre Jesus e nosso fardo fica mais leve.
Portanto, para encontrarmos o caminho da felicidade não é preciso muito. 
Basta nos amarmos, verdadeiramente, uns aos outros como Jesus nos amou. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.7.2015.

domingo, 29 de outubro de 2023

TESOURO INIGUALÁVEL

É algo que, por mais pobres sejamos, nos felicita a alma e nos enriquece os dias. 
Ajuda-nos a viver, proporcionando-nos alegrias, mesmo em meio a adversidades e graves problemas. 
É virtude de almas nobres, embora elas mesmas nem se apercebam disso, da nobreza de que são portadoras. 
O Velho Testamento se refere aos que a encontram como tendo descoberto um grande tesouro. 
A virtude se chama amizade e os amigos são essas pedras de alto valor, que nos devem merecer toda gratidão. 
Amigo é aquele ser que descobre que apreciamos determinada guloseima e a prepara, com todo carinho, somente para nos presentear.
Quando sorrimos, agradecidos, ele apenas diz: 
-Fico muito feliz em ver você feliz. 
Pode ser um instante em um dia de dores e atribulações pesadas. 
Mas, foi um momento especial, de conforto, de aconchego, de alegria. 
Algo tão simples poderá melhorar nosso dia? 
Com certeza, porque guardamos na alma essa doçura do carinho de alguém, que conosco se importa e nos deseja abrandar a carga dos problemas. 
Existe aquele que, descobrindo as dificuldades para pagamento da faculdade da nossa filha, se propõe a colaborar com uma parte da mensalidade. 
Todo mês, como algo sagrado, nos remete o valor a fim de que o pagamento seja realizado sem atraso. 
E quando dizemos de que nem sabemos como agradecer tão extraordinário auxílio, responde: 
-Faço isso com muita alegria pela oportunidade que vocês me dão de ver essa jovem florescer. 
Não é inacreditável? 
O amigo nos agradece por poder nos ajudar. 
A vida assim recheada de amigos se torna mais leve. 
Esse sabe que precisamos nos locomover para uma consulta e se propõe a nos buscar, conduzir e trazer de volta para casa. 
Ele deixa seu lar, seu trabalho. 
Cavouca, literalmente, cavouca tempo em sua agenda abarrotada. 
Aqueloutro, ao saber de nossas noites indormidas, à cabeceira de um familiar hospitalizado, se propõe a nos substituir por algumas horas, a fim de que possamos refazer energias, entregando-nos ao sono. 
E há aqueles que, tão logo informados de que nosso ser querido partiu para o Além, corre ao nosso encontro, dispondo-se a nos auxiliar nas providências, sempre necessárias, nessas horas. 
Oferece seu ombro para chorarmos a partida de quem antecipamos saudades da presença física, abraça-nos, nos traz algum alimento, fica ao nosso lado.
Não importa se ficará conosco dez minutos ou horas.
Importante é que mexe em sua agenda, sacrifica seu horário de refeição, pede um tempinho no escritório, para vir nos dizer que podemos contar com ele, para o que der e vier. 
Amigos. 
Preciosidades. 
Neste mundo de provas e expiações, em que somos surpreendidos, a toda hora, por algo inusitado, totalmente inesperado, ter amigos é imprescindível. 
Ninguém pode viver sem eles. 
Quem se acredita tão forte a ponto de não cultivá-los, se defrontará com dores mais graves e mais rudes. 
Por tudo isso, agradeçamos a Deus por ter providenciado esses tesouros para nossa jornada. 
E não economizemos agradecimentos, abraços e preces em favor deles. 
Amigos são mimos de Deus. 
Afagos na alma. 
Carinho em forma de presença bonita. 
Redação do Momento Espírita, com frases finais colhidas em cartão de amizade, sem menção ao autor. 
Em 27.10.2023.

sábado, 28 de outubro de 2023

SÓ SE APRENDE A FAZER, FAZENDO!

Pegou uma tigela e uma colher, subiu numa cadeira, abriu o armário e puxou a lata de farinha. Acabou derramando todo o conteúdo no chão. Juntou um pouco da farinha e jogou na tigela. Misturou uma xícara de leite e acrescentou açúcar, enquanto deixava rastros pelo chão da cozinha. Ele estava coberto de farinha e frustrado. Queria preparar uma boa surpresa para sua mãe e para seu pai, mas estava estragando tudo. Agora ele não sabia o que fazer, se colocava tudo no microondas ou no fogão. E sequer sabia como fazer o fogão funcionar! De repente, ele viu o gatinho lambendo a tigela e o expulsou de cima da mesa, mas acabou derrubando uma embalagem de ovos ao chão. Freneticamente tentou limpar aquela bagunça mas escorregou nos ovos, lambuzando seu pijama. Foi aí que ele viu o seu pai parado, na porta da cozinha, a observá-lo. Assustado, o garoto arregalou os olhos. Tudo que ele pretendia fazer era preparar uma boa surpresa. Entretanto, o que conseguira mesmo fora fazer uma terrível bagunça, uma monumental sujeira. Ele ficou esperando uma tremenda bronca. Talvez, até recebesse um castigo pela lambuzeira na pia, na mesa, no chão, nele mesmo. Nem conseguia se mexer. Viu o pai atravessar a cozinha, devagar, evitando pisar na sujeira esparramada. Então, aquele homem o tomou nos braços e o acariciou, sujando também o próprio pijama. 
* * * 
Assim acontece conosco e Deus, nosso Pai Maior. 
Na tentativa de acertar, por vezes, acabamos fazendo uma tremenda confusão. 
E ficamos sem saber como consertar. 
Certos de que receberemos um tremendo castigo, somos surpreendidos com uma nova chance para tentar de novo, uma nova manhã para exercitar outra vez, uma nova existência para fazer bem feito. 
Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, Pai amoroso e justo, sabe que só se aprende a fazer, fazendo. 
É por essa razão que nos oferece tantas chances quantas forem necessárias para que o aprendizado se efetive, tanto no aspecto intelectual como no moral. 
É assim que voltamos inúmeras vezes ao palco terreno, através da reencarnação, para nos aperfeiçoarmos e galgar novos degraus na escada evolutiva. 
É dessa maneira que vamos aprendendo a lidar com nossas virtudes e vícios, ampliando as primeiras e transformando os segundos, até atingir a perfeição relativa que cabe a todos os filhos de Deus. 
Impossível deter toda a ciência do Universo, toda a sabedoria da Imortalidade, em uma única experiência na carne. 
Por isso é que precisamos renascer várias vezes na Terra até que consigamos conhecer e viver todas as lições que esta escola pode nos oferecer. 
Conforme ensinou Jesus, o Mestre dos mestres, para entrar no Reino dos Céus é preciso nascer de novo, e de novo. 
Até que aprendamos a fazer brilhar a nossa luz. 
Até que consigamos superar essa etapa chamada humanidade e alcançar a condição de Espírito puro, à Imagem e Semelhança de Deus, nosso Criador, que é a Luz por excelência. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. 
Em 28.10.2023.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A LIÇÃO DA ÁRVORE

Um homem bom, que amava a natureza, plantou a mudinha em um dia pleno de sol. 
Ela brotou exuberante e cheia de vida, feliz, espreguiçando os braços, alongando-os dia a dia. 
De início, quase ninguém reparou naquele projeto de árvore que crescia e se cobria de folhas, agitando-as ao vento brando que as tocava. 
Finalmente, ela se tornou uma árvore robusta, os ramos viraram galhos fortes e ela adquiriu a maioridade vegetal. 
Nos dias de sol forte, as pessoas se acolhiam debaixo de sua fronde, enquanto aguardavam a condução que as levaria aos seus destinos. 
As crianças aproveitavam para se pendurar em seus braços, balançando-se de cá para lá. 
E todos foram se acostumando com aquela presença amiga e silenciosa que dava sombra, que suportava as pessoas que se encostavam em seu tronco, que aguentava as crianças subindo e descendo, e se pendurando em seus galhos.
Contudo, numa noite de tristeza, um homem descontente com as folhas que caíam no outono e as flores da primavera que atapetavam o chão, resolveu cortar a árvore. 
Ele não queria o trabalho de recolher as folhas mortas, nem de varrer as flores que coloriam a relva e formavam interessantes arabescos. 
Quando o dia despertou, o que se via eram os galhos cortados, amontoados na calçada e um pedaço de tronco erguendo-se nu, quase envergonhado. 
As crianças lamentaram, os adultos questionaram quem teria executado tal maldade. 
E o tronco lá ficou, liso, em pé, sem proteção alguma, aguentando o frio das noites invernosas e o calor das tardes.
Também a chuva, o vento. 
E todos pensaram que a árvore morreria de tristeza e de dor por tanta crueldade. 
Ela dera tudo de si, doara-se sem reservas. 
Que recebera em troca senão uma sentença de morte?
Entretanto, os dias rolaram, emendando na semana que se enroscou no mês e os meses na estação seguinte. 
Então, a árvore corajosa resolveu brotar novamente. 
E pequenas folhas verdes apareceram no topo do tronco e nas laterais. 
Folhas tenras, anunciando o retorno à vida. 
A árvore esqueceu os maus tratos, a tentativa de morte e num gesto de autêntico perdão, se dispôs a reviver. 
* * * 
OLAVO BILAC
O grande Olavo Bilac, ao se referir às velhas árvores, escreveu, um dia: 
-Não choremos, amigo, a mocidade! 
 Envelheçamos rindo! Envelheçamos 
Como as árvores fortes envelhecem: 
 Na glória da alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem.
Parafraseando o poeta, dizemos que bom seria que aprendêssemos com as árvores a lição do perdão, ofertando a quem nos fere a outra face, a da doação. 
Bom seria que, decepados pela calúnia e pela maldade, nos erguêssemos, ofertando flores e frutos em abundância.
Pensemos nisto: perdão é gesto de quem não agasalha mágoas, nem alimenta rancor. 
É gesto de quem vive liberto porque não se permite a prisão da dor da revolta pela injustiça. 
Nem se deixa infelicitar pela infelicidade e inveja dos maus.
Vive plenamente, produz todo o bem que possa e releva os atos indignos, próprios de quem vive prisioneiro de sua própria pequenez. 
Sejamos pois, como a árvore amiga, retribuindo o mal com o bem e nos importando muito mais com quem nos ama do que com quem nos despreza. 
Valorizemos o amor. 
Valorizemos o bem. 
Redação do Momento Espírita. 
Disponível no CD Momento Espírita, v. 30, ed. FEP. 
Em 31.8.2016.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

LIÇÃO BEM APRENDIDA

Maria Helena Marcon
O garoto tinha apenas cinco anos. 
Morava em uma cidade do interior gaúcho. 
Um local onde quase todos se conheciam. 
Casos de roubo ou outros crimes, quando aconteciam, revolucionavam a cidade, como se fosse o fim do mundo.
Naquela localidade, os vizinhos se cumprimentavam e, quando viam crianças pela rua, logo tratavam de perguntar onde estavam os seus pais, o que faziam sozinhos, para onde iam. 
Em resumo, uns cuidavam dos outros. 
Foi, portanto, de forma natural, que dona Rute, ao sair para fazer compras, sabendo que iria se demorar algumas horas, olhou para o terreno da casa ao lado e vendo o menino a brincar, lhe disse: 
-Cuide de minha casa, por favor. 
O menino ergueu os olhos e acenou, de forma afirmativa, com a cabeça. 
Em seguida, chamou seu cão, um amigo desde as horas primeiras da infância. 
Era seu companheiro de brincadeiras. 
O cão o seguia aonde quer que fosse. 
E os pais sabiam que o menino estaria seguro sob a guarda do animal fiel. 
Então, o garoto abriu o portão de sua casa, andou até a casa vizinha, ficou na ponta dos pés para conseguir alcançar a maçaneta do portão e entrou. 
Sentou-se na entrada cimentada, de acesso à casa e o cão se sentou ao lado. 
E ali ficaram por mais de três horas. 
A mãe, em vendo o garoto em terreno alheio, se preocupou que ele fosse aprontar alguma e o chamou diversas vezes para que viesse para casa. 
Mas, a cada chamada, ele acenava com a cabeça negativamente e dizia: 
-Não posso! 
Quando dona Rute chegou, entendeu: o menino tomara ao pé da letra o cuidar da sua casa e montara guarda, parado, na frente de sua porta, por mais de três horas. 
Beijou-o, sorrindo, agradeceu e entrou em casa. 
Ele se levantou e com seu cão, retornou ao próprio lar. 
No cair da noite, a mãe foi surpreendida com a chegada de dona Rute procurando por seu filho. 
Sobressaltou-se: 
-O que é que ele aprontara? Fizera alguma travessura? 
Mas a vizinha insistia que queria falar com o menino. 
Ele veio e, ante o espanto da mãe, a senhora o abraçou, beijou, agradeceu e lhe entregou um prato com doces que ela preparara. 
Só então a mãe teve a explicação do que seu filho fizera.
Seu filho, a quem ela, desde muito cedo, ensinara a lição da responsabilidade e do dever. 
Ele entendera direitinho. 
* * * 
Invistamos na educação desde as primeiras horas de vida dos nossos filhos. 
Não acreditemos que eles sejam muito novos e que não compreenderão as regras da boa conduta, do que seja dever e responsabilidade. 
A criança assimila o que ouve e sobretudo, o que vê. 
Falemos a respeito do dever e o exemplifiquemos.
Conscientes de que devemos preparar nossos filhos para o mundo, ofertemos a eles o melhor em termos de educação.
Se somos dos que observamos a má educação alheia se apresentando, em algumas ocasiões, ofereçamos ao mundo cidadãos cumpridores de deveres, pessoas de bem, nossos filhos. 
Sejamos promotores da sociedade renovada, de pessoas comprometidas com a paz alheia e a própria paz, com o bem-estar do semelhante e a própria felicidade. 
Enfim, sejamos construtores do amanhã de bênçãos.
Redação do Momento Espírita, com base em fato da vida familiar de Maria Helena Marcon. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. 
Em 30.3.2015.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

VOCÊ VENCERÁ

CHICO XAVIER
Não desanime. 
Persista mais um pouco. 
Não cultive o pessimismo. 
Concentre-se no bem a fazer e não abrace as sugestões do medo destrutivo. 
Continue em frente mesmo que seja por entre lágrimas.
Trabalhe sempre. 
Não permita que o gelo do desencanto entorpeça 
o seu coração. 
Não se impressione com as dificuldades. 
A vitória, em qualquer questão, é construção para o dia a dia.
Não desista da paciência. 
Não há realizações sem esforço. 
Não permita que os irmãos em desequilíbrio destruam 
o seu panorama de esperança. 
Perdoe a quem o agride. 
Desculpe a quem o maltrata. 
Desconsidere a ofensa de quem está mal consigo mesmo. 
E, caso você tenha se enganado em algum trecho do caminho, reajuste a própria visão e procure o rumo certo. 
Não conte vantagens nem fracassos. 
Não dramatize os problemas.
As dificuldades, nesta Terra, são de todos. 
Ora alcançam uns, ora a outros.
Conserve o hábito da oração para que tenha 
luz na vida íntima. 
Persevere no trabalho que Deus lhe confiou. 
Ame sempre, fazendo pelos outros o melhor
 que possa realizar. 
Auxilie, sempre que possa. 
Sirva sem apego. 
Guarde a certeza de que assim você vencerá. 
* * * 
HERCULANO PIRES
Talvez um dos conselhos que mais ouvimos quando, em certos momentos da vida, desanimamos ou caímos é: 
-Siga adiante. Não desanime. 
Fácil na boca de quem fala, difícil para quem ouve é o que pensamos, de imediato. 
No entanto, a existência na Terra é uma sequência de passos e quedas, de avanços e decepções, de alegrias e frustrações.
Quando imaginamos que as coisas estão indo bem, começando a se acalmar, quase que ficamos aguardando a outra bomba que deve estar a caminho. 
Isso acontece porque a existência na Terra não corresponde a um período de férias. 
Não se trata de uma viagem maravilhosa para um lugar de descanso e diversão. 
Podemos dizer que se parece mais a um período de guerra.
Estamos em trincheiras, vivendo a expectativa dos bombardeios.
A expectativa de viver mais um dia. 
Por vezes, apenas sobreviver. 
Isso não significa que não possamos ter momentos de tranquilidade, de refazimento e até de profunda alegria.
Significa apenas que não devemos esperar que eles sejam frequentes, que se reprisem quase continuamente. 
Temos tarefas graves a realizar. 
Temos um compromisso com o pelotão, pois estamos em período de batalhas graves. 
Talvez isso explique a expressão matar um leão por dia. 
E também nos console diante de tantos desafios ao mesmo tempo. 
São as aflições naturais do mundo no atual estágio em que nos encontramos. 
Aflições num mundo de aflitos. 
Somos almas aflitas buscando, nas barricadas, resolver nossos conflitos íntimos e assim, de uma vez por todas, encerrar a guerra. 
Quando isso tudo irá terminar? 
Podemos nos perguntar. 
Quando todos quisermos, quando cansarmos de nos ver como competidores, ou como inimigos. 
Quando, finalmente, nos enxergarmos como irmãos.
Enquanto isso, sigamos firmes, fazendo nossa parte e construindo o entendimento de uma vida com mais amor, mais auxílio mútuo e menos aflições. 
Agindo dessa forma, tenhamos certeza: 
Venceremos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 23, do livro Astronautas do Além, por Espíritos Diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, comentários de J. Herculano Pires, ed. GEEM. 
Em 25.10.2023.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

OUTROS MUNDOS, OUTRAS VIDAS!

RAUL TEIXEIRA
O assunto não é novo. 
Fala-se a respeito vez ou outra. 
Para muitos, soa estranho, algo como ficção. 
E, de forma alguma, acreditam possa ser verdade. 
Outros, no entanto, olham o infinito, enamorados e indagam:
-Serão habitados todos os globos que existem no Universo? Teremos já vivido em outros planetas? Talvez até em outro sistema solar, antes de aportamos neste planeta que chamamos Terra? De que temos saudades, olhando as estrelas? Teremos migrado de alguma delas? 
Escritores, poetas, músicos oferecem ao mundo seus escritos, versos e composições, falando de outras dimensões.
Religiosos, que leem a afirmativa de Jesus de que O Pai trabalha incessantemente, dizem que a Criação é contínua.
Se assim é, para que continua Deus criando mundos, estrelas e sistemas? 
Impossível que Deus, todo Sabedoria, tenha feito essas constelações, essas nebulosas, esses quasares desaparecidos diante da nossa visão, há milhões e milhões de anos luz, sem qualquer objetivo. 
Professores e pedagogos nos dizem que depois que a criança termina o jardim de infância, a matriculamos no curso fundamental. 
Seguirá, em seguida, para o nível médio, a Universidade. 
E, desejando sempre crescer, buscará especialização, mestrado, doutorado, ilustrando-se sempre. 
É de nos perguntarmos, então, quando este planeta em que vivemos não tenha mais o que nos proporcionar como ensinamento, que faremos? 
A lógica nos diz que a Divindade nos levará para o planeta seguinte, onde haja coisas que tenhamos que aprender. 
É aí que nos damos conta de que todos os globos devem ser habitados. 
Que a vida existe, em outras estâncias, além do planeta azul.
E nós, seres terrestres, estamos longe de sermos os únicos seres dotados de inteligência, de sabedoria, de virtude. 
A exuberância do Universo nos diz que seres vivos habitam essa imensidade criada por Deus. 
Naturalmente, não deverão ser exatamente como nós. 
Afinal, aqui mesmo, na Terra, temos vários tipos de vida. 
Os peixes vivem dentro d’agua, respirando por guelras.
Raros deles têm pulmões.
As aves voam no espaço, leves, dominando os ares. 
Existem até seres que não precisam de oxigênio para viver.
Ao contrário, quanto menos oxigênio houver, mais se reproduzem. 
São os micróbios anaeróbicos. 
São seres diferentes, vidas diferentes, que não têm nossas mesmas necessidades, nem nossas limitações. 
Se sairmos por esse Universo afora, quantas outras formas de vida haveremos de encontrar. 
Por isso lançamos satélites ao espaço. 
Para registrar a possibilidade de vida em outros mundos.
Por isso, um astrofísico notável, como Fred Hoyle, escreveu em seu livro O Universo inteligente, que encontrou aminoácidos, nos restos de matéria espacial que sua equipe coletou. 
Eles são as bases das proteínas, que são o fundamento da vida orgânica. 
Dessa forma, esse especialista em exobiologia, a biologia de fora, diz que há vida orgânica fora do nosso sistema solar.
Temos irmãos interplanetários, concluímos. 
Somos uma imensa família universal, regidos pela batuta de um Deus onipotente. 
Bem dizia o Mestre de Nazaré: 
-Há muitas moradas na Casa de meu Pai. 
Redação do Momento Espírita, com base no curta Todos os mundos são habitados?, de Raul Teixeira, disponível no @canalfep. 
Em 23.10.2023.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

A LIÇÃO A JOANA

Ela era uma mulher que desfrutava de prestígio social e muitas posses. 
Possuía criadas que a serviam com zelo. 
Casada com um alto funcionário de Herodes, Joana de Cusa era das mulheres mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. 
Atraída pelo verbo eloquente de Jesus, passou a ouvir as pregações do lago. 
De nobre caráter, vestia-se de forma simples, a fim de não atrair a atenção do povo. 
O seu desejo era beber da água viva de que ele falava. 
Trazia no coração uma infinidade de dissabores. 
Possuidora de verdadeira fé, amargurava-se pela atitude do esposo que, para manter sua posição de intendente e prosseguir a gozar de prestígio social, ora comparecia ao templo de Jerusalém, ora adorava os deuses romanos, não se definindo em conceito religioso. 
Trazendo a alma torturada, pois ansiava convencer o esposo a também aceitar Jesus e Sua Boa Nova, certa feita procurou o Mestre para lhe expor seus dissabores. 
Jesus a ouviu longamente e depois ponderou: 
-Joana, só há um Deus, que é o nosso Pai, e só existe uma fé para as relações com o Seu amor. Todos os templos da Terra são de pedra. Eu venho, em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens. No entanto, algum tempo se escoará antes que os homens possam compreender essa mensagem. Deus sabe aguardar, de forma paciente. 
-Mas, Senhor, continuou Joana, não seria justo impor ao meu esposo os Seus princípios? Afinal, o que almejo é conquistá-lo para o Seu reino. 
O Cristo sorriu, com serenidade, e lhe recomendou: 
-Deus não impõe a Sua verdade e o Seu amor a ninguém. O Pai não impõe a reforma a Seus filhos, mas os esclarece no momento oportuno. Ele não extermina as paixões, antes as transforma. Joana, o Evangelho é de colaboração com todos. Deus não trava lutas com as Suas criaturas. Ele trabalha em silêncio, por toda a Criação. Retorna para casa, Joana, ama teu esposo como o material divino que o céu colocou em tuas mãos para que talhes uma obra de amor. Trabalha e silencia. Quando convocada ao esclarecimento, fala as palavras doces ou enérgicas, conforme as circunstâncias. Sobretudo, vive a mensagem que te penetrou a alma pois que o teu exemplo falará mais alto ao coração daquele que Deus te deu por esposo. 
A mulher de Cusa gravou o ensino do Mestre e retornou ao lar. Transformou todas as suas dores num hino de triunfo silencioso em cada dia. 
Anos depois enviuvou. 
Ficando só, sem fortuna e com dois filhos pequenos nos braços, mostrou-se fiel à mensagem de vida, trabalhando com nobreza e honra. 
No ano 68, a mulher que fora exemplo no lar, para seu marido e seus filhos, exemplificou para uma multidão reunida no circo romano que Jesus lhe ensinara não somente a viver e morrer com dignidade, mas principalmente a amar. 
E morreu perdoando os que a supliciavam pelos açoites e pelo fogo. 
* * * 
O exemplo convence muito mais do que um grande número de palavras, de expressões, de narrativas. 
Exatamente por isso é que o Mestre Jesus, convivendo com os homens, lecionou a humildade desde o primeiro instante, escolhendo por berço a pobreza de um estábulo e tomando, para lhe iluminar as primeiras horas, o brilho das estrelas que enriqueciam aquela noite. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 15, do livro Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e informações colhidas no livro Joana e Jesus, uma história de amor, de Divaldo Pereira Franco e Cezar Braga Said, ed. FEP. 
Em 1º.02.2019.

domingo, 22 de outubro de 2023

LIBERTANDO OS AFETOS

Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o seu sublime trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma generosa deixou o corpo físico. 
A despedida foi dolorosa. 
As mãos quentes dos que ficaram desejavam reter aquele corpo hirto, sem vida, sem movimento. 
Inconformados perguntavam: 
-Por que justo ele, que era tão gentil e carinhoso com todos? Por que justamente ele, que sabia falar e calar, consolar e distribuir entusiasmo à sua volta? Por que ele, que era um bom filho, bom irmão, bom esposo e bom pai? Por que Deus o levou? Por que não levou os criminosos renitentes, os corruptos inveterados, os estelionatários, os infiéis, enfim, porque não levou os homens que degradam a sociedade?
A resposta para todos esses questionamentos é muito simples. 
Consideremos que a vida na Terra é uma oportunidade de crescimento para o Espírito imortal.
A existência, no corpo físico, é uma experiência necessária para que o Espírito progrida na conquista de sua felicidade.
Seria, por assim dizer, um tipo de prisão, onde ele pode quitar suas dívidas para com as Leis Divinas e conquistar novas virtudes. 
Assim sendo, quem tem poucos débitos liberta-se antes.
Quem tem menos compromissos libera-se deles em menor tempo. 
Dessa forma, por que queremos que o nosso ente caro permaneça no cárcere se já recebeu alvará de soltura? 
Não seria justo, nem do ponto de vista ético nem do racional.
Não queremos dizer com isto que todos os que se libertam antes são menos devedores, pois essa não é a realidade.
Como sabemos, muitos partem antes do tempo por imprevidência ou pelos abusos de toda ordem. 
O que gostaríamos de enfatizar é que aqueles que partem naturalmente, pelos meios estabelecidos pela Divindade, sem a intervenção egoísta do homem, podem estar recebendo sua carta de alforria e, por essa razão, alçam voo antes de nós.
Morrer, para o justo, é libertar-se. 
É matar a saudade dos afetos que o antecederam na viagem de volta. 
É receber as glórias da vitória por ter vencido mais uma etapa no mundo físico. 
E morrer, para o injusto, é deparar-se com o tribunal da própria consciência a acusá-lo por não ter sido corajoso o bastante para vencer-se a si mesmo e por não ter logrado conquistar mais virtudes. 
É por essa razão que não devemos lamentar a morte dos justos, mas sim a daqueles que desperdiçam a existência buscando o gozo exclusivo para o corpo, sem pensar no Espírito, único que sobrevive além da aduana do túmulo.
* * * 
Certo dia, num final de inverno, quando as flores da primavera começavam o seu sublime trabalho de recobrir os campos ressecados pelo rigor do inverno, aquela alma generosa deixou o corpo físico. 
Seria o fim? 
Não. 
Era apenas o crepúsculo de uma existência que se encerrava e a aurora de uma nova etapa que se iniciava, na vida que nunca acaba. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.05.2010.

sábado, 21 de outubro de 2023

LIBERTANDO MENTES

A instituição se ergue, em um bairro, na periferia de grande cidade do nosso Brasil. 
Portando o adjetivo espírita, realiza nobre trabalho de esclarecimento das criaturas. 
Desde há mais de seis décadas, se dedica ao atendimento a moradores de rua e de comunidades carentes, que a circundam. 
Conscientes de que o bem deve se fazer na vida das criaturas, liberando-as das suas necessidades básicas, desde cedo os trabalhadores se empenham em ilustrar as mentes, em promover as criaturas, a fim de que andem com seus próprios pés e alcancem vitórias por seus méritos. 
Por causa disso, a instituição, em observando que muitas das senhoras assistidas eram analfabetas, estabeleceu, como uma de suas metas, erradicar o analfabetismo daquelas localidades. 
E, assim, aquelas mulheres que ali comparecem para trazer seus filhos para a evangelização, para receberem o atendimento médico e odontológico, a cesta de mantimentos, a palavra do Evangelho, passaram igualmente, a serem alfabetizadas. 
Uma das senhoras, casada há vários anos, encantou-se com o significado daqueles sinais que, reunidos, formavam palavras e frases. 
O aprendizado foi rápido, pelo grande interesse demonstrado. E, então, aconteceu o inusitado.
Ela passou a ler os bilhetes que sempre estavam no bolso do marido. 
Sempre lhe afirmava ele que eram anotações referentes ao seu trabalho. 
Mas, agora, ela os podia ler e se deu conta de que eram bilhetes de amor, a ele dirigidos. 
Eram bilhetes que falavam de encontros e de mais encontros.
Ela descobrira, graças às letras não mais ignoradas, que seu marido a traía. 
As consequências dessa descoberta não nos interessa assinalar, mas o fato em si, que fala da libertação da ignorância. 
Não foi por outro motivo que o Excelso Mestre de Nazaré disse um dia: 
-Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. 
Referia-Se ao conhecimento das leis físicas, das leis espirituais, de tudo que nos rodeia no mundo e além das suas fronteiras. 
Quanto mais crescemos em conhecimento, mais nos libertamos. 
A ignorância sempre aprisiona a criatura a situações, a pessoas, a fatos. 
Quando desvenda os mistérios das letras, a criatura se torna livre para conhecer os mistérios que trazem os livros. 
Antes de tudo, se torna livre para ler os letreiros de ônibus, de ruas, de instituições, podendo se movimentar de forma independente. 
Pode ter acesso às leis e conhecer os seus direitos. 
Pode ler, na própria Constituição, o que o país em que vive, através da Carta Magna, lhe garante. 
Da mesma forma, terá acesso às informações dos deveres que lhe competem, enquanto cidadão. 
E será livre. 
Livre para trabalhar, estudar, crescer, ir e vir. 
Sabendo o que pode e o que deve fazer. 
O que lhe é permitido e o que lhe é interdito. 
Livre para progredir, ilustrando-se por si mesma, no próprio ritmo, determinado por sua vontade e disposição. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 06.04.2011

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

UMA LIBERTADORA DESDE A INFÂNCIA

Princesa Isabel
A maioria dos brasileiros conhece da biografia da Princesa Isabel apenas o fato de ter sido aquela que libertou os escravos, assinando a Lei Áurea em 13 de maio de 1888. 
O processo de extinção da escravidão, uma nódoa a manchar a nossa nação, em verdade, foi gradual. 
Começou em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu o tráfico negreiro. 
Depois, foi a Lei do Ventre Livre de 1871, que considerava livres todos os escravos nascidos a partir daquela data. 
Diga-se, lei também assinada pela então Regente Isabel.
Mais adiante, foi a Lei dos Sexagenários, em 1885, garantindo liberdade aos escravos com mais de sessenta anos. 
O que poucos sabemos, possivelmente, é a grandeza do espírito da Princesa Isabel que foi preparada, desde os quatro anos de idade para se tornar a Imperatriz do Brasil.
Desde pequena, ela tinha ideais de liberdade e fraternidade.
Não conseguia entender o porquê de existir escravidão e tanta crueldade entre os seres humanos. 
Educada com uma boa dosagem de rigor e amor, ela viu transcorrer a sua juventude entre aulas de literatura, latim, inglês, alemão, botânica, mitologia, matemática e leitura dos Evangelhos. 
Tinha ideias avançadas para a época. 
Afirmava que o Império deveria permitir que todos manifestassem suas crenças religiosas, não devendo ninguém ser proibido de realizar o culto à sua maneira.
Imaginava que, um dia, a liberdade deveria chegar ao torrão brasileiro, também nesse sentido. 
Sonhava com o dia em que todos fossem tratados de igual forma. 
Em suas brincadeiras, ela não fazia distinção entre as suas amigas e os filhos dos escravos, com os quais convivia, sem embaraço algum. 
Adolescente, concluía que se o seu nome e sua identidade representavam uma herança familiar, também aqueles negros, capturados em suas terras distantes, deviam ter a sua. 
Que histórias constituiriam as suas vidas? 
Possivelmente alguns fossem filhos de reis, ou quem sabe, os próprios reis. 
Sentia-se compadecida porque tudo lhes era retirado: o nome, porque o tiveram adaptado para o nosso idioma; a família, porque pais e filhos eram vendidos separadamente, como simples mercadoria. 
Por isso, ao assumir a regência do Império, pela terceira vez, ela assinou a Lei Áurea. 
Declarou: 
-Sempre fui a favor da causa abolicionista, então, para mim, foi uma felicidade imensa poder proporcionar este marco em nossa História. Minha alma se encheu de louvor neste dia e respirei aliviada, pois sabia que havia cumprido minha missão com os escravos. 
Mais de uma vez, criança, ela se questionara: 
-Por que nascera princesa, branca, livre e filha de Imperador nestas terras brasileiras e não nas europeias, como seus ancestrais? Por que seus dois irmãos, que poderiam ter sido sucessores diretos da coroa, tinham morrido em tenra idade? 
Devia haver um motivo, pensava. 
Questionava-se o que lhe competiria fazer por este país.
Possivelmente, nesse maio de 1888, deverá ter se dado conta do porquê nascera nas terras brasileiras. 
Deus a abençoe onde se encontre Isabel, a Redentora.
Redação do Momento Espírita, a partir de dados biográficos da Princesa Isabel. 
Em 16.10.2019.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

BANCO CAMARADA

Não se sabe ao certo como surgiram, mas bancos camaradas ou bancos da amizade surgiram, inicialmente, em escolas nos Estados Unidos, com o intuito de ajudar as crianças a lidarem com o bullying e a solidão. 
São, normalmente, bancos de madeira, pintados em uma cor específica e com identificação devida, colocados em locais estratégicos no pátio da escola. 
Quem se sentar ali está dizendo que se sente sozinho, isolado, e quer algum tipo de auxílio. 
Nem sempre as crianças conseguem verbalizar esse sentimento e os tais bancos foram uma forma encontrada para tornar mais claro esse pedido de ajuda. 
Por vezes, servem apenas para que crianças novas ou tímidas façam amigos, que chamem a atenção dos outros dizendo estou aqui. 
Em alguns locais de ensino, a proposta se tornou projeto da própria escola. 
As crianças se envolvem desde a confecção do banco até a sua pintura, produzindo verdadeiras obras de arte. 
Os resultados têm sido muito bons. 
De um lado, atendendo aqueles que estão vivendo momentos de fragilidade, que podem estar simplesmente chateados com algo que acabou de acontecer e querem falar com alguém. 
Na outra ponta, aqueles que precisam ser lembrados de que podem ser úteis, que podem ajudar, bastando que olhem para as pessoas para perceberem se há alguém com algum tipo de emergência emocional. 
Imaginemos uma ideia como essa ou algo semelhante, em todas as instituições que frequentamos. 
Empresas, órgãos públicos, praças, parques e até dentro de casa. 
Um lugar, um banco, um cantinho que seja, onde alguém se sente apenas para conversar, pois precisa desabafar, precisa contar alguma coisa que acabou de acontecer. 
Ou mesmo chorar uma tristeza. 
Poderíamos pensar: 
-Mas, e os amigos? Esse não seria o papel dos amigos? 
Sem dúvida. 
Porém, acreditemos, nem todos têm essa abertura com seus amigos. 
Muitos sequer construíram amizades. 
Possuem conhecidos, companheiros de trabalho. 
Nada mais. 
Por essa razão, qualquer iniciativa que nos aproxime de estranhos que estejam fragilizados, que estejam precisando de mão amiga, é muito importante. 
Não se trata de julgar se as pessoas estão frágeis em demasia ou se estão suscetíveis em excesso. 
Isso é trabalho para cada um de nós consigo mesmo. 
E para os profissionais da área da saúde psicológica. 
O ponto aqui é nos perguntarmos se hoje não podemos ser úteis para alguém. 
Será que não há alguém, próximo a nós, sentado em algum banco camarada, querendo conversar, desabafar? 
Talvez simplesmente querendo uma companhia pois se sente muito só. 
É possível que, se fôssemos mais sensíveis, se estivéssemos apenas um pouco mais envolvidos com a comunidade, se fôssemos mais fraternos, não precisássemos dos bancos.
Pensemos nisso. 
Olhemos ao redor. 
Procuremos sinais invisíveis e, certamente, encontraremos variadas formas de sermos úteis, nesse sentido. 
Quantos estados mais graves de saúde mental poderiam ser evitados... 
Quantas depressões... 
Quantos suicídios, se esses irmãos tivessem encontrado um banco para sentar e alguém que os ouvisse, por alguns minutos apenas... 
Redação do Momento Espírita 
Em 19.10.2023.
http://momento.com.br/pt/index.php

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

QUERER ANTECIPAR A PRIMAVERA

Querer antecipar a primavera 
É fechar os olhos para as flores invernais. 
É perder a chance de esquentar as mãos, 
De fechar a casa e viver do próprio calor, 
Um tanto mais...
* * * 
Em tempos de ansiedade, em tempos de aversão a qualquer tipo de desconforto passageiro, estamos deixando de aprender com o tempo do agora. 
Vemos os dias da semana como meros sacrifícios para chegarmos numa sexta-feira à noite. 
Vemos as horas do dia como inimigas, que nos impedem de alcançar as seis da tarde, que consideramos a hora da libertação do trabalho.
Vemos os meses do ano como fardos a serem carregados para que alcancemos logo o período das férias. 
Feriados são caçados a dedo nos calendários, como sendo a salvação para os dias enfadonhos. 
Tudo isso como se a vida fosse uma sucessão de aflições constantes, de fatos, coisas e pessoas que temos que tolerar para podermos usufruir, apenas, de breves e fugazes momentos de felicidade. 
Queremos antecipar a primavera. Não somos capazes de admirar as belezas do inverno e o tudo que ele nos traz.
Podemos, talvez, dizer que essa seria uma conduta masoquista. 
Admirar o que não se gosta? 
Curtir o incômodo? 
No entanto, não se trata disso. 
É uma constatação bem mais profunda, que começa com a ideia de que nem tudo que parece ruim, nos faz mal. 
Aquilo que dizemos não gostar, o frio intenso do inverno, por exemplo, é um convite a desenvolvermos outras habilidades.
Toda adversidade é um desafio. 
Todo desafio é uma proposta da vida para uma mudança de patamar, de perspectiva. 
É uma proposta de crescimento. 
Crescemos pelo amor e pela dor. 
Por que não? 
Não essa dor gratuita que provocamos, que criamos sem necessidade, mas a dor das provas, do esforço, do ir um pouco além. 
Quem se fecha para os invernos na vida, em estado de pura revolta, não percebe quantas flores desabrocham nessa estação. 
E podemos falar literalmente. 
A primavera é conhecida como a estação das flores. 
No entanto, existem muitas e muitas flores que aparecem em plena estação fria. 
Vejamos a cerejeira, o pessegueiro, a tulipa, o crisântemo, os lírios. 
Por que fechar os olhos para elas? 
Por que perder a chance de andar pelos jardins em dias frios, se podemos nos proteger do vento gelado? 
Os tempos mais duros têm muito a nos ensinar. As segundas-feiras não precisam ser tão difíceis. 
E as quartas podem ser tão agradáveis quanto os feriados.
Inverno é tempo de olhar para dentro, de nos recolhermos, mas não de tristeza, de desistência. 
Aproveitemos a beleza de cada estação, sem desejar antecipar a próxima. 
Acalmemos o coração. 
A vida não é uma coleção de breves instantes de felicidade, de júbilo, de finais de semana ou de férias sonhadas. 
A vida é o que acontece no meio de tudo isso. 
A felicidade não está somente nos prêmios. 
Está também e, muito mais, no caminho construído para alcançá-los. 
Pensemos nisso. 
O inverno pode ser tão belo quanto a primavera. 
Não queiramos antecipar as estações. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.10.2023.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

LIBERTAÇÃO

Alguma vez conseguimos entender o sofrimento como um processo de libertação?
Para quem está no instante crítico da dor, isso parece difícil de aceitar. 
Libertar-se, nesse momento, seria apenas buscar alternativas urgentes de se livrar da aflição. 
Ninguém gosta de sofrer. 
- Comentamos. 
No entanto, Jesus nos apresentou novas perspectivas sobre essa questão. 
Quando o Mestre reserva metade das bem-aventuranças para prescrever como lidar com o sofrimento, está nos demonstrando, em primeiro lugar, como a questão é importante. 
Em segundo lugar, como a Sua é a proposta de explicar e consolar. 
Acolher a dor e compreender o seu significado. 
Jesus aponta para os felizes dias futuros que teremos todos aqueles que soubermos administrar essa questão, em nossos dias. 
Quem aprende com a dor, sai moralmente maior pois aquele que sofre com resignação, extrai da experiência todo seu potencial educador. 
Por isso, a dor é uma libertação. 
Libertamo-nos do passado, da ignorância, da ingenuidade e da insensibilidade. 
A dor é lição, matéria escolar necessária em nosso processo de amadurecimento espiritual. 
A Doutrina Espírita nos fala sobre leis maiores. 
Sobre um Universo regulado por mecanismos perfeitos que regem tudo, desde o movimento das coisas até a relação dos seres. 
Qualquer desequilíbrio que causemos, qualquer infração a essas leis, gera imediatamente um movimento natural de ajuste, de conserto, de dívida. 
Demos o nome que queiramos. 
Adquirir uma dívida é simplesmente assumir um compromisso perante as leis que infringimos. 
Se, no mundo imperfeito dos dias atuais, ainda conseguimos escapar utilizando esse ou aquele subterfúgio, na esfera da Perfeição Divina isso não é possível. 
Assim, ainda cometemos desatinos.
Ainda, propositalmente, prejudicamos o próximo e, como consequência, a nós mesmos. 
Toda vez que procedemos dessa forma, a lei nos chama à sua presença educadora e nos diz: 
-Precisamos devolver ao equilíbrio aquilo que foi colocado em desarmonia. 
É o momento em que somos inseridos nos métodos de ajustes, de reajustes, de expiações, que nos fazem voltar aos trilhos. 
Por isso, quando estamos aqui, no momento agudo de um desses reajustes, nos anos difíceis e afligentes que parecem que não passam nunca, é importante que lembremos da ideia de libertação. 
Digamos a nós mesmos: 
-Estou me libertando. Assumi esse compromisso. Comprometi-me de alguma forma e agora, aceitando com responsabilidade as consequências, aqui estou. Venha o que vier, passarei por tudo procurando aprender. 
Isso não quer dizer que será fácil, que não iremos sofrer e que não haverá momentos de profundo desânimo. 
Nesses momentos, lembremos que não estamos sozinhos. 
Se as aflições são lições duras, que não conseguimos assimilar, podemos contar com inúmeros tutores do bem, que estão prontos a sentar ao nosso lado e dizer: 
-Estou aqui. Vamos lá. O que você não está entendendo? Posso ajudar? 
Mantenhamos sempre no coração essa proposta, esse grande propósito de toda grande expiação: libertação. 
Firmes, resolutos, caminhemos para nos libertarmos.
Redação do Momento Espírita 
Em 24.8.2023.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

ESPÍRITO DE FINESSE

Blaise Pascal
Blaise Pascal foi um gênio matemático do século dezessete.
Inventou a máquina de calcular. 
Ingressou pelos estudos da física. 
Foi filósofo. 
Depois de um grave acidente de carruagem, no qual quase pereceu, ele teve uma espécie de êxtase, a partir do qual demonstrou um desejo ardente de se consagrar às coisas espirituais. 
Ele escreveu dezoito cartas, consideradas um dos maiores monumentos da literatura francesa e atestado de uma grande sinceridade cristã. 
Em seus escritos sobre a apologia do Cristianismo, ele jamais se refere a Cristo morto. 
Apresenta Cristo vivo, sempre vivo, aquele Cristo que segue com os homens, todos os dias. 
Amar era para ele a melhor forma de crer, a razão do coração que a razão desconhece. 
Deus é, antes de tudo, o Sumo Bem, o Alvo do Amor.
Afirmava não poder crer senão num Deus que ele pudesse amar sinceramente. 
A mensagem para a Humanidade de sua época, para os melhores homens do século, foi uma mensagem de vasta, profunda e panorâmica espiritualidade cristã. 
Uma espiritualidade que brilha em todas as páginas do Evangelho, a Espiritualidade do Cristo. 
Ele se refere, em seus escritos, ao Espírito de finesse e ao Espírito de geometria. 
O Espírito de geometria representa a razão exata, a razão matemática. 
O Espírito de finesse ou de gentileza é a lógica do coração.
Em um discurso recente, ouvimos alguém repetir o que lera alhures e se encantara: 
-O Espírito de gentileza é o perdão e o Espírito de geometria é a dureza de coração. 
O medicamento no hospital é o Espírito de geometria, e a visita de quem ora pelos doentes é o Espírito de gentileza.
Espírito de geometria é o professor que não considera uma possibilidade diferente na resposta do aluno. 
E o Espírito de gentileza é o professor que resgata um aluno perdido. 
Espírito de gentileza é a compreensão. 
Espírito de geometria é o julgamento.
Espírito de gentileza é a compaixão. 
Espírito de geometria é a indiferença. 
Espírito de gentileza é a solidariedade. 
Espírito de geometria é o egocentrismo. 
A ciência seria a geometria e a espiritualidade a gentileza.
Pascal dizia que essa contradição era necessária para a nossa vida, e que ambas as razões, a exata, calculada e a razão do coração são imprescindíveis. 
O Espírito de geometria é um lado objetivo que também faz falta. 
É, portanto, necessário. 
Porém, a Humanidade dos dias atuais nunca precisou tanto do Espírito de gentileza. 
Aquela gentileza que não é imposta. 
É espontânea, brota da alma que se preocupa com o outro.
Pode ser por um ser humano, pode ser por um animal, por uma planta, um jardim. 
Espírito de gentileza é Espírito de trabalho, de serviço. 
Não se trata de um mero modo de civilidade. 
Representa estar sempre disposto a dar algo mais com a recompensa de se sentir muito bem. 
Porque se a gentileza beneficia a quem a recebe, muito mais a quem a executa. 
Como diz um amigo meu: 
-Se não acreditar, experimente! 
Gentileza é o bumerangue da vida, porque, conforme asseverou o paulista conhecido como profeta gentileza:
-Gentileza gera gentileza.
Redação do Momento Espírita, com base no texto de 26.11.2015, Esprit de géometrie e Esprit de finesse, de Misa Ferreira, em conexaoitajuba.com.br, acessado em 21.8.2023. 
Em 16.10.2023.

domingo, 15 de outubro de 2023

LIBERTAÇÃO PELO PERDÃO

Cornelia Arnolda Johanna Ten Boom
Ela se chamava Cornelia Arnolda Johanna Ten Boom, conhecida como Corrie Ten Boom. 
Na Holanda, sua família, durante a Segunda Guerra Mundial, abrigou, nas várias salas de sua casa, judeus e membros da Resistência, procurados pela Gestapo e sua contrapartida holandesa. 
Em tempos de racionamento, o mais difícil era conseguir alimentar tantas bocas. 
Corrie conduzira, anteriormente, um programa especial na igreja, para crianças portadoras de deficiência. 
O pai de uma delas era um civil, encarregado do escritório que controlava os cartões de comida. 
Certa noite, sem aviso, ela foi à casa desse homem. 
Ele parecia saber o porquê. 
Quando perguntou quantos cartões ela precisava, Corrie abriu a sua boca e pediu cinco. 
No entanto, a quantia que, inesperada e espantosamente, lhe foi entregue foi de cem cartões. 
Era o atestado de que ele sabia o que estava acontecendo na casa dos Ten Boom e prestava sua colaboração, sem palavras. 
Contudo, no dia 28 de fevereiro de 1944, os alemães prenderam toda a família Ten Boom, delatada por um informante holandês. 
Enviado para a prisão, o pai morreu dez dias após. 
As duas irmãs, Betsie e Corrie foram para um campo de concentração na Holanda, depois, para o de Ravensbrück, na Alemanha. 
Betsie, portadora de uma anemia perniciosa, não suportou as duras condições. 
Sua mensagem, pouco antes de deixar o corpo físico, foi de que não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo. 
Corrie foi solta um dia após o Natal de 1944. 
Mais tarde, soube que sua soltura havia sido um erro burocrático. 
As prisioneiras de sua idade, daquele campo, foram todas mortas, uma semana após sua libertação. 
Se Corrie a tudo resistiu, em nome do amor ao seu semelhante, motivo de sua prisão e de tantas perdas afetivas, a maior lição ela daria, anos depois, enquanto lecionava, na Alemanha. 
No ano de 1947, teve contato com um dos mais cruéis guardas do campo alemão de concentração. 
A lembrança da morte da irmã e os próprios sofrimentos que padecera, lhe conferiram certa relutância em lhe conceder o perdão. 
Narra ela que orou para que conseguisse fazê-lo. 
Depois, escreveria: 
"Por um longo momento, nos tocamos as mãos, o ex-guarda e a ex-prisioneira. Eu jamais havia conhecido o amor de Deus tão intensamente quanto naquela hora."
Em seu livro mais famoso, O Refúgio Secreto, ela afirma que, em sua experiência do pós-guerra com outras vítimas da brutalidade nazista, aqueles mais capazes de perdoar foram os que mais facilmente puderam reconstruir suas vidas.
Especial mensagem que nos afirma a propriedade da orientação de Jesus de perdoarmos aos nossos inimigos.
Perdoando, quebramos os laços com os que nos feriram, magoaram. 
Ficamos livres para seguir com nossas próprias vidas, para perseguirmos nossos ideais. 
O perdão é sempre o melhor caminho. 
Algo que precisamos treinar, a cada dia, com as pequeninas coisas que nos atingem. 
Coisas corriqueiras que nos afetam, irritam, magoam e que agasalhamos na intimidade, fazendo-nos mal física e espiritualmente. 
Libertemo-nos. 
Sigamos a lição do Mestre. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Cornelia Arnolda Johanna Ten Boom. 
Em 13.3.2023.

sábado, 14 de outubro de 2023

SOMOS UMA ESTRELA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Deus é Luz, afirma o Evangelista João. 
Portanto, criados pela Luz, impregnados da Sua imagem e semelhança, somos luz. 
E o que nos compete é iluminar. Iluminar nossa mente, nosso coração. 
Tornarmo-nos um ser de luz. 
Brilhar. 
Há os que brilham nos palcos, de forma momentânea, recebendo os aplausos do mundo. 
Muitos deles, parecem fogo fátuo, chamas rápidas que são ofuscadas pelo brilho de quem os sucede, nas apresentações.
Há os que brilham na intelectualidade, demonstrando a grandiosidade dos seus conhecimentos. 
Há os que brilham na arte, legando-nos obras de incomparável beleza. 
E nos extasiamos com as melodias que compõem, com os versos que elaboram, com a voz que nos embala, nas canções harmoniosas.
Cada um faz a sua parte. 
Exatamente como, nos imensos céus, cintilam as estrelas e cada uma com seu brilho específico por ele se permite identificar pelos astrônomos, por aqueles que mantêm os olhos fixos nesse imenso e ainda tão desconhecido Universo.
Brilhemos, então. 
Brilhemos na comunidade, onde a miséria faz morada, levando o necessário para o momento e oferecendo oportunidades de erguimento para quem pensa que deve, apenas, sobreviver. 
Brilhemos, auxiliando-os a idealizar, a sonhar, a perseguir seus anseios, para igualmente fazerem luz ao seu redor.
Muitas luzes juntas produzem uma apoteose, que maravilha. E que espanca as trevas que teimam reinar. 
Brilhemos, diminuindo a dor no mundo. 
Poderá ser o secar de uma simples lágrima de uma única pessoa. 
Nosso sol, estrela de quinta grandeza, jamais se envergonha por não dispor da grandiosidade de outros sóis, maiores e mais potentes. 
Ele se apresenta, todos os dias, radiante, quente, benéfico.
Brilha. 
Nunca deixa de brilhar. 
Brilhemos também, com nossa pequena ou grande luz.
Somos uma estrela escondida em um corpo. 
Estar vivo na carne é uma ventura inigualável. 
Nem podemos imaginar quantos gostariam de estar em nosso lugar, usufruindo das bênçãos deste planeta, mesmo que o qualifiquemos de provas e expiações. 
Viver é um hino de bênçãos. 
Brilhemos, oferecendo a canção de esperança, neste momento de gemidos e de lágrimas. 
Não aguardemos realizar grandes e heroicos feitos. 
Os heróis que reverenciamos, simplesmente agiram, realizando o que se fazia necessário, em um momento preciso. 
Não imaginaram que seriam honrados por isso. 
Foram impelidos à ação por sua vontade e seu desejo de servir. 
Eis o que nos compete. 
Fazer o que seja necessário, onde nos encontremos. 
Já sorrimos hoje? 
Cumprimentamos nosso vizinho? 
Agradecemos o atendente do mercado por seu trabalho?
Oferecemos uma prece, uma vibração de paz a quem padece num leito de dor? 
Enviamos uma mensagem de carinho a um amigo?
Brilhemos. 
Esta é a nossa missão. 
Brilhar até alcançar a glória solar, engrandecendo a vida.
Descubramos, em cada recanto, a presença do Criador, nos convidando a brilhar. 
De uma chama bruxuleante, pequenina, tornemo-nos uma potência de luz, brilhando de contínuo. 
O mundo necessita do nosso brilho. 
E nosso destino final é nos tornarmos um ser de luz, semelhante ao Pai. 
Brilhemos! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 22, do livro Mundo regenerado, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 14.10.2023