Foi rápido, inesperado.
A viagem fora marcada, entre risos e entusiasmo, no entanto, nos primeiros quilômetros, a tragédia o surpreendeu.
O que restou foram dor, lágrimas, um quase desespero.
Ninguém aguarda um fim trágico para quem ama.
Embora a morte seja a maior certeza de todos os que nos encontramos na carne, é algo que não desejamos comentar.
Nem esperar, nem imaginar.
De um modo geral, quando ela visita nossos vizinhos, nossos conhecidos, alguém famoso, agimos como se ela jamais fosse descobrir onde moramos, quem são nossos amores.
Por isso, quando ela nos alcança, levando quem amamos, aqueles com quem convivemos no trabalho, na universidade, na sociedade, nos chocamos.
Tudo nos parece um pesadelo do qual desejamos despertar.
Contudo, os preparativos para os funerais, para o sepultamento ou a cremação nos afirmam, de forma gritante, que estamos despertos.
Tudo é realidade.
E o que nos parece ter sido um sonho foi o curto período entre o berço e o túmulo, aqueles poucos anos que estivemos ao lado da pessoa.
Ou que nos habituamos a vê-la, em momentos específicos.
Reagimos de muitas formas.
Alguns afirmamos que nunca mais voltaremos a sorrir, que o mundo perdeu todo seu encanto, que nada mais interessa.
No entanto, existem tantos que nos amam, que nos cercam e nos desejam acarinhar, consolar.
Quando nos precipitamos no poço quase sem fundo da tristeza, nossos olhos permanecem fechados a tantas manifestações de afeto que nos chegam.
Um amigo bate à nossa porta, nos entregando um pequeno ramalhete de flores perfumadas, desejando amenizar nossa solidão.
Outro nos envia uma mensagem afirmando que pensa em nós, que nos sintamos envolvidos no seu abraço intenso, fraterno.
Outro ainda chega em nosso lar, na hora da refeição, trazendo um prato que fez ou adquiriu, um prato que sabe apreciamos, para nos incentivar a saborear algo que nos nutra.
Deus a ninguém desampara.
Pela lei da vida material, em que tudo se transforma, altera a constituição, revive em outra aparência, Deus permanece atento a esses momentos tristes de nossa vida e providencia quem nos acalente.
Pode ser simplesmente o cão, que descobre nossa tristeza, e vem se deitar em nosso colo ou a nossos pés.
Ou as aves que costumam pousar em nossa janela, que ensaiam trinados diversos para nos convidar à contemplação da natureza, que continua a oferecer seus encantos.
Pensemos que se tudo se transforma, por que haveria o ser humano de se aniquilar para sempre?
Ninguém morre totalmente.
Perde a forma física, mas prossegue vivo, em outra dimensão.
Quem parte, foi convidado ao retorno, por motivos que somente a Divindade conhece.
Acreditemos, perfeitamente justos.
Sofreremos a saudade, experimentando a ausência da sua manifestação orgânica.
Tenhamos coragem, neste momento de saudade e desconforto íntimo.
Mantenhamo-nos firmes, aguardando que, ao chegar a nossa vez, estejamos em perfeita tranquilidade para o reencontro.
E percebamos os que permanecem ao nosso redor, que nos amam e aguardam que os olhemos nos olhos, dizendo:
-Obrigado por suas presenças.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 23,
do livro Mundo regenerado, pelo Espírito Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco,
ed. LEAL.
Em 09.10.2023.
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