domingo, 30 de abril de 2023

UMA JORNADA QUE CURA

Lisa Collier Cool
Debbie tinha apenas dezesseis anos quando seu professor de inglês a sequestrou e lhe tirou a vida. Sua mãe, Betty, ficou tão deprimida que passou a negligenciar seus outros quatro filhos. Dia após dia ela amaldiçoava o assassino. Ele lhe retirara o hálito de vida. Ele destroçara a vida de uma adolescente risonha e que tecia planos para o futuro. Nada diminuía a sua dor. Nem a ausência de qualquer motivo evidente para aquele crime terrível. Nem a condenação do professor à prisão perpétua. O ódio a consumia. Começou a ter constantes dores de cabeça e nas costas. Depois de algum tempo, mal conseguia ficar de pé. Seis anos se passaram morosos, doloridos. Até que, no funeral de sua irmã, um trecho da oração dominical a impressionou. Uma frase, a respeito da qual nunca meditara: 
-Assim como perdoamos a quem nos tenha ofendido. 
Ela procurou literatura a respeito do perdão. Talvez encontrasse uma resposta para sua vida. Foi visitar o túmulo de Debbie. Pela primeira vez leu com atenção o que estava gravado na lápide: 
-Do que o mundo precisa agora é de amor. 
Logo, Betty estava repetindo em voz alta, como se fosse um mantra: 
-Quero perdoar. 
Meses depois, resolveu escrever ao assassino: 
-Cansei de sentir raiva de você. Posso visitá-lo? 
Onze anos depois da morte de sua adorada filha, ela o visitou na prisão. Disse a ele o que Debbie significava para ela. O quanto ela sofria. Ambos acabaram chorando. Quando deixou a prisão, naquele dia, sentia-se uma pessoa diferente. Seu coração estava leve. Ela lançara fora a mágoa e a raiva que tanto a haviam consumido naqueles longos e arrastados anos. Os amigos, espantados, não conseguiam entender a sua atitude. A sua resposta era: 
-O perdão foi o maior presente que dei a mim e aos meus filhos. 
Passou a trabalhar como mediadora num programa para vítimas de crimes violentos. Em paz consigo mesma, afirma que foi uma incrível jornada de cura que salvou a sua vida. 
E a jornada se chama perdão. 
 * * * 
O perdão substitui sentimentos hostis que destroem a organização física, a paz, por sentimentos positivos que fazem o corpo se acalmar, relaxar, melhorando a saúde.
Agarrar-se a um ressentimento por meses ou anos significa assumir um compromisso com a raiva. 
O perdão pode ser um poderoso antídoto contra a raiva. 
Quem se permite consumir pela raiva faz ligações perigosas com a hipertensão crônica e tem aumentado o risco de doenças cardíacas. 
Além de acarretar benefícios emocionais, purgar a raiva pode ajudar a curar parte do que nos aflige fisicamente. 
O simples fato de pensar em solucionar uma mágoa já pode ajudar. Vale a pena perdoar! 
É uma questão de desejar o bem para si mesmo. 
* * * 
Se não conseguirmos perdoar totalmente, o fato de não estar fervendo de raiva, nem planejando vingança, é um bom começo. 
De toda forma, o perdão é poderoso. 
Embora não possa mudar o passado, o fato de confrontar problemas não resolvidos e as pessoas por trás deles, pode conduzir a um futuro mais saudável e feliz.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O poder do perdão, de Lisa Collier Cool, de Seleções Reader’s Digest, de junho/2004. 
Em 12.9.2016.

sábado, 29 de abril de 2023

CONHECENDO-NOS, CONHECENDO O OUTRO!

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Quanto mais adentramos na experiência de conhecer a nós mesmos, mais aptos estamos para conhecer o outro que está ao nosso redor. 
Curioso esse caminho. 
Não se trata de uma investigação deliberada da vida alheia. 
Não se trata desse costume pernicioso que adquirimos de falar de terceiros e julgar seus atos sob nossa ótica, sempre limitada. 
O caminho é outro. 
O autoconhecimento é a chave de uma vida de convivência mais harmônica. 
Ao vislumbrar a nossa própria essência, ao começar a entender quem somos, por que somos e para que somos, surge, naturalmente o irmão de caminhada, nas mesmas condições. 
Não somos cópias uns dos outros, obviamente, mas partimos todos do mesmo princípio e estamos destinados ao mesmo fim. 
Isso nos coloca em pé de igualdade. 
Esse conhecimento, por si só, já deveria retirar algumas barreiras, alguns muros que construímos entre nós, por conta própria, e que não fazem sentido algum em existir. 
A convivência possibilita, por exemplo, que nos espelhemos uns nos outros, não para criticar-nos, mas para entender-nos, através da bendita reciprocidade, nos vários cursos de tolerância em que a vida nos situa. 
O conviver é uma escola de virtudes múltiplas com aulas todos os dias. 
Esse nos ensina paciência. 
Aquele nos dá aulas de simpatia. 
Aqueloutro ministra a cadeira de desprendimento. 
Um terceiro, nos é professor de tolerância. 
Dessa forma, ao mesmo tempo que vamos nos encontrando, vamos também encontrando o outro em nosso caminho e percebendo que ele está ali para somar conosco. 
Ele está ali como um irmão e não como adversário. 
Foi por entender essa relação eu-outro que Jesus propôs a prática do como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles. 
Jesus parte do princípio que queremos o melhor para nós mesmos. 
Parte, portanto, de um protótipo de autoamor. 
No entanto, como essa conta fecharia, se apenas estivéssemos todos trabalhando por aquilo que fosse o melhor para nós mesmos? 
Surge a necessidade de uma troca, de uma reciprocidade. 
É aí que entra a proposta de fazer ao outro aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse. 
Dentro dessa proposição, continuamos recebendo o melhor, pois ora somos nós mesmos, ora é o outro cuidando de nossas necessidades. 
Assim se constrói, dentro da lei de amor, uma sociedade civilizada, uns cuidando dos outros, uns provendo o que aquele outro não tem condições de dar conta sozinho. 
É essa lei de amor que faz com que o autoconhecimento gere mais empatia com o próximo. 
É ela que faz com que o amor que se doa, se converta em autoamor. 
Em suma: quando estamos nos conhecendo melhor, também estamos conhecendo nosso irmão de jornada; conhecendo melhor nossos pais, nossos irmãos, nossos filhos e, até mesmo, os nossos desafetos. 
Imaginemos que o coração deles é como o nosso, porém, cada um num momento diferente de caminhada, cada um com uma história distinta, com vitórias na bagagem e vitórias ainda por vir. 
Procuremos, assim, olhar com mais ternura, com mais sentimento de fraternidade para cada um desses que cruza nosso caminho todos os dias. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 52, do livro Ceifa de Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 28.4.2023.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

JOIAS QUE BRILHAM

Embora haja um grande esforço para se acabar com toda sorte de preconceito, ele não foi de todo escorraçado do mundo. 
Basta que se observe, em qualquer lugar, como as pessoas bem vestidas e de porte altivo são tratadas, em detrimento daquelas mais modestas, de roupas mais simples. 
Se andamos pela rua e alguém bem apessoado se aproxima, jamais cogitamos que ele possa ser um ladrão. 
Mas, se alguém que calce chinelos, use roupas não bem passadas e o cabelo em desalinho se aproxima, ficamos receosos. 
A reação é instintiva. 
Ficamos de sobreaviso. 
Colocamos a mão na bolsa ou na carteira, como querendo protegê-la. 
Tudo isso ocorre porque estamos acostumados a avaliar as pessoas pela aparência.
Em épocas recuadas, no tempo em que no Oriente eram abundantes os sultões, princesas e escravos, vivia uma rainha muito rica. 
Ela gostava de passear pelas ruas da cidade, todas as tardes, com sua escrava.
Percorria os pontos mais movimentados de Bagdá chamando a atenção com o vistoso colar que usava sempre. 
Era uma joia rara e preciosa de nada menos de duzentas e cincoenta e seis enormes e perfeitas pérolas. 
Interessante é que, ao seu lado, a escrava usava um enfeite idêntico ao da soberana.
Todos admiravam as joias da rainha e diziam: 
-É claro que o colar da escrava é falso. Quem não percebe logo? A rainha assim procede para dar maior realce ao seu colar. Observem como as gemas verdadeiras têm mais brilho. Parecem ter luz própria, ter vida! 
E tornavam a olhar, a admirar e invejar as joias da rainha. 
Os comentários eram tantos que o Vizir começou a se preocupar. 
Salteador ousado poderia se aventurar, em algum momento, e roubar a valiosa prenda. 
Por isso, compareceu frente à sua soberana e falou: 
-Majestade, perdoai se ouso vir vos falar. Preocupa-me a vossa segurança e da joia. É um perigo sair à rua com tão grande riqueza. Sua vida corre riscos. 
A rainha sorriu e o sossegou, explicando: 
-Não se preocupe, bom homem. Toda vez que saio, troco o colar com o da minha escrava. Ela leva em seu pescoço o verdadeiro e eu, o falso. Estranhamente, é sempre o meu que é admirado. Acredite, se eu saísse com simples vidrilhos, pedras falsas, todos continuariam a admirar o meu adorno. Isto somente porque eu sou a rainha. 
* * * 
As aparências enganam e devemos nos habituar a valorizar as pessoas por sua condição interior. 
Afinal, temos valor por nós mesmos, pelo nosso proceder e não pelas posses materiais.
Na balança Divina, são iguais todos os homens. 
Só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. 
São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos.
Os verdadeiros títulos de nobreza são as virtudes. 
Tudo o mais em nada contribui para a verdadeira felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base em lenda de autoria ignorada. 
Em 04.03.2011.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

JOIAS DEVOLVIDAS

Richard Simonetti
Narra antiga lenda árabe, que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família. Esposa admirável e dois filhos queridos.

Certa vez, por imperativos da religião, o rabi empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.

No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.

A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.

Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia?

Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção.

Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.

Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos...

Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho, e logo depois ela lhe falaria dos moços.

Alguns minutos depois estavam ambos sentados à mesa. A esposa lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou novamente pelos filhos.

Ela, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido: 

-Deixe os filhosPrimeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado perguntou: 

-O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos, com a ajuda de Deus.

-Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável, para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?

-Ora, mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!... Por que isso agora?

-É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!

-Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.

-Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!

E o rabi respondeu com firmeza: 

-Ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo! Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Iremos juntos devolvê-las, hoje mesmo.

-Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos. Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-los. Eles se foram.

O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.

*   *   *

Os filhos são quais joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que os ajudemos a burilar-se.

Não percamos a oportunidade de auxiliá-los no cultivo das mais nobres virtudes. Assim, quando tivermos que devolvê-los a Deus, que possam estar ainda mais belos e mais valiosos.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Joias devolvidas, do livro Quem tem medo da morte?, de Richard Simonetti, ed. Gráfica São João.Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.

Em 31.01.2010.

http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3732&let=&stat=0

quarta-feira, 26 de abril de 2023

O JOGO DO CONTEÚDO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS

Foi no ano de 1912 que a escritora americana Eleanor Hodman Porter  lançou a novela intitulada Polyanna.  A repercussão, na época,  no mundo inteiro, foi de uma impressionante onda de esperança, entusiasmo e otimismo.

A novela relata a história de uma menina, órfã de mãe, cujo pai encomenda, para o Natal, uma boneca que ela estava pedindo há muito tempo.

Quando chegou a encomenda, contudo, para grande decepção da menina, o embrulho continha um par de muletas.

Quando ela começa a chorar, o pai a consola dizendo que ela deve ficar contente.

-Contente por quê? Desabafa ela. Eu pedi uma boneca e ganhei um par de muletas.

-Pois fique contente por não precisar delas.

A partir daí, o pai, muito sábio, estabelece o que ele chamaria o jogo do contente.

Assim, quando ele morre e Polyanna é entregue aos cuidados de uma tia amarga, carrancuda, exigente, em vez de sofrer com as maldades que ela lhe apronta, Polyanna encontra em tudo um motivo para ser feliz.

O quarto é muito pequeno? Ótimo, assim ela o limpará bem mais depressa.

Não existem quadros na parede, como havia em sua casa? Que bom, assim ela poderá abrir a janela e olhar os quadros da natureza, ao vivo.

Não tem um espelho? Excelente, assim nem verá as sardas do seu rosto.

Mais tarde, ela acabará conquistando para o jogo do contente a empregada e a própria tia, austera e má.

A história, que foi continuada em uma outra obra, chamada Polyanna moça, nos remete aos conceitos exarados em O evangelho segundo o Espiritismo, a respeito do homem de bem, que sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Portanto, nos momentos de graves dificuldades, busquemos os motivos para nos alegrarmos.

Nosso passeio de final de semana não deu certo, por causa da chuva que caiu torrencial? Alegremo-nos por estarmos em nossa casa, abrigados, e aproveitemos esses dias para uma convivência maior com a família.

A viagem de férias, tão planejada, foi por água abaixo porque o salário não chegou e a gratificação foi menor do que o esperado?

Fiquemos contentes e vamos curtir o cantinho doméstico. Aproveitemos o tempo para conviver com os amigos, sair com os filhos. Conhecer os recantos públicos da cidade, conviver com a natureza.

*   *   *

Viver com alegria é uma arte. Por isso mesmo, preservemos a jovialidade em nossa conduta. Porque um cenho carregado sempre reflete aflição, desgosto e contrariedade. E não faz bem a ninguém.

Destilemos alegria e bom ânimo, irradiando o bem-estar que provém de nosso coração.

O tesouro de um comportamento jovial tem o preço da felicidade que oferece a todas as pessoas.

Alegremo-nos e nos sintamos felizes por viver na Terra, especialmente nesta nova era de um novo milênio de tantas esperanças. Colaboremos eficazmente pela concretização do bem nos corações e a paz no mundo, começando pela construção em nós mesmos. 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O jogo do contente, da revista Presença espírita, nº 222; no cap. XXXIV do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no item 3, do cap. XVII, do livro O evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 12.07.2012.

terça-feira, 25 de abril de 2023

SEREI FELIZ?

CHICO, EMMANUEL, ANDRÉ LUIZ
Conta-se que uma jovem buscou um futurólogo e desabafou:

-Tenho sofrido demais. Parece que a má sorte não me perde de vista. O que o senhor me aconselha para ser feliz?

O homem, que dizia ter a capacidade de prever o futuro, indicou o fulgor do sol nas árvores próximas e respondeu, otimista:

-A felicidade mora com o trabalho. Procure servir a conseguirá encontrá-la facilmente...

E, apontando para a luz lá fora, concluiu:

-Lembre-se de que estamos à frente de um dia novo, um dia absolutamente sem igual.

A moça entendeu a advertência formulada com carinho.

Ficou pensativa, por alguns instantes, mas logo voltou a indagar:

-O senhor acredita que serei feliz nesta vida?

O experiente e sábio amigo sorriu e considerou:

-Filha, isso não sei. Posso dizer-lhe apenas que a vida é uma viagem, cujos episódios dependem de nós e não me consta que já estejamos na vizinhança do porto.

*   *   *

Podemos ser felizes? É possível a felicidade aqui na Terra?

Quantas vezes nos teremos feito essa indagação, em meio a tantos desafios, a tantas aflições, e com o coração sedento de um sentimento de plenitude e paz.

O caminho da felicidade está posto: servir.

Sermos peça útil no mundo, sermos instrumentos do bem, da paz, coloca-nos, sem dúvida, nessa senda sem retorno.

Foram muitos os sábios que nos apontaram essa direção segura. Almas experientes que concretizaram a jornada antes de nós e proclamaram: 

-Sigam por aqui. É mais seguro.

Este aqui sempre foi o caminho do trabalho, da doação, do amor ao próximo e a si mesmo.

É mais feliz aquele que ama, aquele que serve. Não pelo que recebe em troca, mas simplesmente pelo que oferece.

Dessa forma, a vida na Terra, mesmo com suas alfinetadas sem fim, pode ser muito mais agradável, muito mais venturosa, se estivermos trabalhando no bem.

Um outro ponto importante diz respeito à ansiedade natural de querer ter a felicidade plena, completa, ainda nesta existência.

Nossa história é uma grande viagem. A existência atual é apenas mais uma etapa. Ainda estamos distantes do porto de chegada.

Compreensível, então, que a felicidade plena, aquela que só se desfruta na chegada, quando se cumpriu toda a jornada, virá mais tarde.

Não desanimemos. Ela é certa e virá quando estivermos prontos. A felicidade plena é uma construção, uma conquista natural para os que nos dedicamos a buscá-la, na essência.

Um pedagogo do século XIX perguntou sabiamente aos luminares espirituais:

-Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?

A resposta, sem subterfúgios, clara, honesta, foi:

-Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.

Busquemos, diariamente, a suavização dos males que causamos a nós mesmosmudando nossos hábitos, servindo e amando em todas as oportunidades.

Adicionemos, diariamente, um tijolo, uma pedra firme, na ponte que nos propomos construir rumo à felicidade plena, que nos aguarda, logo mais.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A entrevista, do livro Joia, dos Espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografia de   Francisco Cândido Xavier, ed. CEU e na pt. 4, cap. 1, questão 920, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 25.4.2023.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

DEUS PRESENTE

 No Evangelho de Marcos, lemos que, saindo Jesus do Templo com Seus discípulos, se pôs a falar dos tempos futuros.

Afirmou que se ouviria falar de guerras e de rumores de guerras, porque se levantaria nação contra nação. E reino contra reino.

Disse também que haveria terremotos em diversos lugares, fome e tribulações, sinalizando o início das grandes dores, na transição pela qual o mundo passaria.

Vivemos esses tempos. Guerras civis, nas quais irmãos combatem entre si.

Assistimos a cenas chocantes de uma nação contra outra, como se a desejasse fazer desaparecer da face da Terra.

E, além das tantas dificuldades criadas pelo homem, em sua ânsia de poder, de ambição desmedida, o próprio planeta grita e geme e se contorce.

Pouco mais de uma semana depois do terremoto, que abalou a região central da Turquia e o norte da Síria, contabilizamos mais de quarenta mil mortes.

A cota dos desastres materiais é semelhante ao de várias bombas atômicas.

Estima-se que quarenta e dois mil prédios desabaram ou precisam de demolição urgente, pelos graves danos sofridos.

O que estarrece é que as equipes de resgate, mesmo após dias, prosseguem incansáveis, em seu propósito.

Passadas duzentas horas do primeiro tremor, ficamos estarrecidos ao ouvir sobre o resgate de um idoso e de dois jovens.

Como pode alguém resistir tanto tempo, sob escombros, sem água, sem alimento?

A frase que nos escapa dos lábios é: Só por Deus!

Uma menina de cinco anos de idade, soterrada há quase cinco dias, foi resgatada.

Um repórter lhe perguntou: Você não sentiu fome durante todo esse tempo, debaixo de tantos escombros?

A garotinha abriu um sorriso e respondeu: De vez em quando, alguém vestido de branco vinha me dar água e me alimentar.

Alucinação, dirão alguns. Devaneios, falarão outros.

No entanto, sonhos de loucura manteriam viva uma criaturinha assim, por tanto tempo?

E a teriam mantido tranquila, por mais de cem horas?

Sem fome, sem sede.

Quem a atendeu senão Deus, Nosso Pai, através de um dos Seus mensageiros?

Sim, somente a Providência Divina pode explicar a resistência de alguns, dias e dias a fio.

A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas.

E essa Providência nos remete à mais emocionante das certezas: nunca estamos sós.

Uma mão se estende, mesmo em meio ao caos. E nos protege.

Uma Providência, que estabeleceu que anjos de guarda, seres abnegados nos assistam.

São eles que nos auxiliam a continuarmos andando mesmo com os joelhos feridos.

Anjo de guarda – terá sido ele que esteve tantas vezes com aquela menina, para que não perecesse à fome, à sede, ao frio, ao desespero de estar sozinha, debaixo das ruínas?

Alguém vestido de branco. Branco da paz. Branco do auxílio.

Creiamos: existem muito mais coisas entre o céu e a Terra do que nós, pobres humanos, possamos perceber.

Um fato é inconteste: Deus está conosco! Seus anjos estão conosco!

Prossigamos.

Redação do Momento Espírita, com base no
 Evangelho de Marcos, cap. 13, versículos
 7 e 8 e no cap.  II, item 20 de A Gênese, de
 Allan Kardec, ed. FEB.
Em 24.4.2023.

domingo, 23 de abril de 2023

JOÃO DE DEUS

João de Deus foi o apelido carinhoso que o papa João Paulo II recebeu dos brasileiros, quando esteve em nosso país pela primeira vez, em 1980.

Um homem valoroso que trazia nos olhos a ternura, e no coração o profundo desejo de ajudar na construção de um mundo melhor.

João Paulo II é, sem dúvida, um homem de Deus.

Todo homem que luta pela paz mundial, pela justiça, pelo bem geral, é um homem de Deus. E o papa o foi.

Sempre disposto, aquele homem jamais se deixou vencer pelo cansaço, pelo frio nem pelo calor, e abraçou pessoas das mais variadas religiões, cores e posições sociais, em muitos países do mundo.

Foi um verdadeiro cristão. Em seus discursos enalteceu sempre a democracia, a liberdade, a dignidade humana.

Foi agredido com palavras, foi atingido por uma bala, mas nem assim se deixou desestimular, pois acreditava que o mal é uma escolha temporária do ser humano...

Desde a infância, o pequeno Karol Wojtyla, teve contato com a dor da separação, causada pela morte.

Despediu-se, com apenas nove anos de idade, de sua querida mãe que retornou à pátria espiritual.

Experimentou a dor da orfandade e, antes dos vinte e dois anos já estava só no mundo. Seu irmão e seu pai haviam falecido.

O jovem Karol experimentou a solidão... Mas não se deixou abater.

Fez o que seu coração lhe pediu: buscou, através da oração, a ajuda da veneranda mãe de Jesus, Maria de Nazaré, em cujo coração encontrou alento e esperança.

Ao receber o título máximo de líder religioso da igreja católica, o cidadão polonês fez muitas renúncias, a começar pelo próprio nome.

E foi assim que João Paulo II ficou conhecido em quase todo o mundo.

O garoto pobre tornou-se o papa estrangeiro, em Roma.

Como papa, teve papel importante na Terra. Com humildade e firmeza de propósitos, sua voz ecoou em vários continentes, clamando por paz.

Sem dúvida, um missionário de Deus, como tantos outros que defendem a paz e a liberdade do ser humano...

Sem dúvida, um homem de princípios, que não hesitou em pedir perdão à Humanidade pelos erros cometidos por seus antecessores, que acenderam as fogueiras da inquisição e dizimaram muitas vidas, em nome de Deus...

Para o povo brasileiro, esse homem é apenas João de Deus...

Mas, de tudo isso o que realmente importa agora, é que sua herança já foi legada em vida. A herança de amor pela Humanidade e sua total doação por um mundo melhor.

Hoje o cetro do poder repousa neste lado da vida...

E o menino Karol repousa, serenamente, aconchegado ao colo da mãezinha, que não via desde os recuados e doces nove anos de idade, na saudosa Polônia, sua terra natal...

Um breve e merecido descanso para logo mais iniciar o trabalho novamente. Afinal, há muita coisa ainda a ser feita antes que a paz mundial seja uma realidade.

E para o bom trabalhador não há tempo a perder, há apenas uma pequena pausa para restabelecer as forças e continuar o nobre trabalho.

Não há porque lamentar a partida de um homem de bem, que foi libertado do corpo físico, enfermo, pelas mãos hábeis dessa cirurgiã chamada morte...

*   *   *

Que em nossas mentes possam ficar gravadas essas palavras do papa João Paulo II, ditas na celebração do Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro de 2005:

O mal não é uma força anônima que age no mundo devido a mecanismos deterministas e impessoais.

O mal passa através da liberdade humana.

No centro do drama do mal e constantemente relacionado com ele está precisamente esta faculdade que distingue o homem dos demais seres vivos sobre a Terra.

O mal tem sempre um rosto e um nome: o rosto e o nome de homens e mulheres que o escolhem livremente.

E se o mal é uma escolha, o bem também pode ser.

Se temos a liberdade de escolher o mal, temos também para escolher o bem.

Basta apenas movimentar a vontade e optar pelo bem.

Pense nisso!

Redação do Momento Espírita, em homenagem ao
 Papa João Paulo II, desencarnado em 2 de abril de 2005.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. FEP.
Em 29.10.2021.

sábado, 22 de abril de 2023

SÃO JOÃO BATISTA

Na véspera do dia 24 de junho, conforme a tradição folclórica, costuma-se acender fogueiras, para a comemoração do Dia de São João.

Dizem as lendas que quando Maria, mãe de Jesus, foi visitar sua prima Isabel, também grávida, acertaram que ao nascer a criança, a fim de que Maria pudesse saber do ocorrido, numa época sem telefone, telegrama ou fax, isabel acenderia uma alta fogueira.

Alguns até afirmam que a fogueira seria acendida, caso o nascimento se desse à noite. Se fosse dia claro ainda, Isabel mandaria erguer um alto mastro. Assim, justificam a brincadeira do pau-de-sebo, que os afoitos tentam subir, conquistando prêmios.

Contudo, a fogueira está vinculada aos rituais do fogo, ao culto aos deuses da fecundidade.

Com as fogueiras, nessa época de colheitas na Europa, se rogavam aos deuses proteção contra a peste, a estiagem, a esterilidade.

No Brasil, os indígenas aceitaram muito bem os festejos juninos, pois a fogueira exercia sobre eles um grande fascínio.

Lendas à parte, o que importa é que João nasceu. Primo de Jesus, iniciou na juventude a sua missão: preparar os caminhos para Aquele que viria após ele.

Alguém tão grande que ele não se considerava digno de lhe desatar as sandálias.

Ele apontou aos homens o Cordeiro de Deus, o Messias esperado. Vestido com pele de animal, alimentando-se frugalmente, Elias reencarnado cumpria a profecia de Malaquias, conhecida dos hebreus: antes do Messias, Elias haveria de vir.

Ele veio. Mas os homens não o reconheceram, conforme disse o próprio Jesus. Antes, fizeram dele o que bem entenderam.

O precursor de Jesus era homem de coragem e fé. Sozinho enfrenta a morte por decapitação. Estava cumprida sua missão. É preciso que ele cresça e que eu desapareça.

Desse servidor informou Jesus ser o maior na face da Terra, à época, embora no Reino dos Céus fosse o menor.

Isso nos diz que ele ainda tinha um largo caminho a percorrer, até a perfeição.

A data que o calendário assinala como a ele consagrada, deve nos servir pois, para a reflexão.

Meditar acerca das responsabilidades perante a mensagem de que somos portadores. Mensagem da verdade e de vida. Mensagem de quem conhece Jesus.

Desvinculemo-nos, dessa forma, de quaisquer práticas exteriores, em nome de pretensa homenagem ao precursor do Cristo.

Se desejamos participar das festas juninas, saibamos que elas nada contêm em si de religiosidade.

É somente folclore, que atende ao anseio do povo de cantar, dançar, divertir-se.

Folclore que tem raízes muitos antigas. Que nos foi legado pelos portugueses e espanhóis, colonizadores primeiros do nosso país.

*   *   *

Você sabia... 

que o casamento simulado nos festejos do mês de junho tem suas origens entre os portugueses? Por ser época de colheita, isto é, de abundância, os pais aproveitavam para casar seus filhos, promovendo grandes festas.

E você sabia que as pessoas acreditavam que, conforme a direção em que o vento soprasse a fumaça das enormes fogueiras comemorativas, se poderia prever se a próxima colheita seria boa ou não?

Redação do Momento Espírita.
Em 19.11.2012.

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sexta-feira, 21 de abril de 2023

JESUS

 

Você já parou para pensar, algum dia, como era o homem Jesus?

Se nos inspirarmos nos Evangelhos podemos esboçar Sua aparência física e espiritual.

Verdadeiramente, Sua aparência física não está descrita nos Evangelhos, mas Ele sempre se mostra simpático e atraente. Causava profunda impressão na multidão, quando se apresentava em público.

Tinha um corpo sadio, resistente ao calor e ao frio, à fome e à sede, aos cansaços das longas jornadas a pé, pelas trilhas das montanhas da Palestina.

Também ao cansaço por Sua atividade ininterrupta junto ao povo, que não lhe deixava tempo nem para se alimentar.

Embora nascido em uma estrebaria, oculto aos olhos dos grandes do mundo, teve Seu nascimento anunciado aos pequenos, que traziam os corações preparados para O receber.

A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais O anunciou a quem tivesse ouvidos de ouvir.

Antes de iniciar o Seu messianato, preparou-lhe os caminhos um homem rude, vestido com uma pele de animal e que a muitos, com certeza, deve ter parecido esquisito ou perturbado.

Principalmente porque, num momento em que o povo aguardava um libertador que fosse maior que o próprio Moisés, ele falava de Alguém que iria ungir as almas com fogo.

Enquanto todos aguardavam um guerreiro, que surgisse com Seu exército numeroso para subjugar o dominador romano, João, o Batista, lhes falava do Cordeiro de Deus. E cordeiro sempre foi símbolo de mansuetude, de delicadeza.

Quando Ele se fez presente, às margens do Jordão, a sensibilidade psíquica de João O percebeu e O apresentou ao mundo.

Este Ser tão especial tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas. Utilizou-se da água pura, jorrada das fontes cristalinas, para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.

Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja e com ele reparte do pouco que tem.

Falou de tesouros ocultos e de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, ele mesmo denominando-se o Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas.

Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz, cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da natureza.

Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjetive, senão sua própria condição.

Conviveu com os pobres, com os deserdados, com os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder.

Jesus, ontem, hoje e sempre prossegue exemplo para o ser humano que caminha no rumo da perfeição.

Você sabia?

Você sabia que, embora visando sempre as coisas do Espírito, Jesus jamais descurou das coisas pequenas e mínimas da Terra?

É assim que Seu coração se alegra pelas flores do campo, as quais toma para exemplo em Sua fala, da mesma forma que as pequeninas aves do céu.

Você sabia que o Seu amor se dirigia sobretudo aos pobres, aos humildes, aos oprimidos, aos desprezados e aos párias?

E, justamente por conhecer a fraqueza e a malícia dos homens, sempre perdoa, enquanto Ele mesmo alimenta a Sua vida pelo cumprimento da vontade e do agrado de Deus, o Pai.

Redação do Momento Espírita, com informações
colhidas no verbete Jesus, do Dicionário enciclopédico
da Bíblia, de A. Van Den Born, ed. Vozes.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 21, ed. FEP.
Em 22.12.2017.