segunda-feira, 31 de outubro de 2022

SER PEQUENO

Naquela tarde quente, quando os Apóstolos chegaram à casa de Simão Pedro, o pescador, estavam suados. 
Olhando-os, Jesus perguntou com serenidade: 
-O que é que vocês discutiam pelo caminho? 
A pergunta permaneceu no ar, sem resposta. 
Eles se deram conta da pouca importância da questão do debate. 
Ao mesmo tempo, constatavam, mais uma vez, o poder de penetração do Mestre em seus pensamentos e atos. 
Finalmente, um deles falou: 
-Nós estávamos discutindo em torno de quem de nós era o maior, o mais amado, o mais importante. Todos sabemos que João é distinguido pelo Vosso amor. Pedro é merecedor de Vossa confiança. E os demais? Que papel desempenhamos no grupo? Afinal, qual de nós é o maior? 
Jesus tinha por eles uma grande ternura. 
Sabia das suas dificuldades interiores. 
Chamara-os para o ministério, reconhecendo todos os seus problemas emocionais e suas fraquezas morais. 
Envolveu-os com Seu olhar de compaixão e respondeu: 
-O grão de mostarda, menor que qualquer outra semente, reverdece com o mesmo tom a terra abençoada pelo trigo vigoroso. A bolota de carvalho desenvolve a árvore grandiosa que nela se encerra. O pólen, quase invisível, de todas as flores, se encarrega de transmitir beleza e perpetuar a espécie em outras plantas. Todos são importantes na paisagem terrestre. O grão de areia se anula perante outro grão de areia para construírem a praia imensa que recebe o movimento carinhoso das ondas do mar. Uma gota d’água se une a outras tantas para formar a imensa massa líquida dos rios, lagos e mares. Tudo é importante diante de Deus, não pela grandeza, mas pelo significado que cada coisa tem para a utilidade da vida. Entre os homens, o maior é sempre aquele que se esquece de si mesmo. É aquele que se torna servidor. Aquele que não se cansa de ajudar, que se encontra sempre disposto a cooperar e servir. Quem se apaga para que o outro brilhe, torna-se combustível daquele e sem ele, a luminosidade do outro desaparece. Há uma grande importância em ser pequeno.
E concluiu, estendendo o olhar para todos eles: 
-Aquele que, dentre vós, desejar ser o maior, o mais importante, o mais amado, torne-se o melhor servidor. Seja o mais atento amigo, sempre vigilante para ajudar e desculpar, porque esse, sim, fará falta, será notado quando ausente, se tornará alicerce para a construção do edifício do bem. 
 * * * 
Se você almeja se tornar alicerce do mundo novo, comece hoje mesmo. 
Seja o ombro terno no qual alguém possa chorar suavemente. 
Torne-se um poço de águas cristalinas para matar a sede de quem necessita. 
Seja a mão que retira da escuridão quem nela se encontra. 
Seja amigo, irmão, companheiro, um aliado do bem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 31.10.2022.

domingo, 30 de outubro de 2022

INIMIGAS DA HUMILDADE

Uma virtude muito esquecida e até mesmo desprezada é a humildade.
Infelizmente vivemos numa sociedade que se diz cristã, mas que na realidade é materialista. 
Isso faz com que as pessoas vivam numa competição constante, umas querendo se destacar mais do que as outras. 
Não é, portanto, de se estranhar que a humildade ande tão escassa. 
Há contudo, uma lei universal segundo a qual todos somos iguais perante Deus. 
Ao contrário do pensamento comum, ser humilde não significa ser submisso, subserviente. 
Ser humilde é ser natural, é reconhecer que ninguém é dono da verdade, que ninguém é superior a ninguém. 
Para conquistar essa virtude especial é necessário eliminar do nosso comportamento quatro grandes inimigas da humildade e, por consequência, da paz. 
A primeira grande inimiga é a presunção. 
É terrível conviver com pessoas presunçosas, que acham que sabem tudo e que, via de regra, sabem muito pouco. 
Mas a presunção é muito pior para o presunçoso do que para as pessoas que com ele convivem, pois ele vive enganando-se a si próprio e perde importantes oportunidades de crescer ao julgar que nada tem a aprender.
A segunda inimiga da humildade é a ostentação. 
Existem pessoas que realmente possuem domínio sobre certos assuntos, certas habilidades e que ostentam seus conhecimentos e suas capacidades a fim de deixarem evidente sua superioridade. 
Todavia, a ostentação indica uma falta de amadurecimento psicológico, pois nossas habilidades especiais, se existem, estão para servirmos mais à comunidade e não para que fiquemos a nos vangloriar. 
A terceira grande inimiga da humildade é a teimosia. 
Naturalmente, ela é produto das duas primeiras, a presunção e a ostentação, porque demonstra que o teimoso considera o seu ponto de vista superior ao ponto de vista dos demais. 
A teimosia é responsável por muita confusão. 
Mas ela também traz seus prejuízos para o teimoso, afinal de contas, a nossa opinião sobre as coisas não altera a sua realidade e é muito comum vermos os teimosos terem de morder a própria língua. 
Finalmente, a quarta grande inimiga da humildade é a impiedade. 
A impiedade faz com que nos excedamos na luta pelo que julgamos ser nosso direito. 
É claro que ser humilde não significa ser tolo, mas a grosseria é dispensável na luta pelo que é certo. 
Como podemos ver, a nossa vida seria mais tranquila se buscássemos conquistar essa virtude especial que é a humildade, sem tirar da mente a ideia sublime do Cristo que afirmava: 
-Quem quiser ser o maior no reino dos céus, faça-se o menor, isto é, o servo de todos - ideia, aliás, que Ele exemplificou muito bem. 
* * * 
Em várias mensagens incluídas nas obras de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, os Espíritos superiores nos falam a respeito das duas grandes doenças da Humanidade. 
Porém essas doenças terríveis não são nem a Aids, nem o câncer, nem a hanseníase. 
As duas grandes chagas da Humanidade são o egoísmo e o orgulho.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.10.2012.

sábado, 29 de outubro de 2022

CRIANÇAS DE HOJE, SOCIEDADE DO AMANHÃ!

É comum crianças reclamarem por terem que se levantar cedo, tomar o café, vestir o uniforme e irem para a escola. 
Algumas se queixam das lições a fazer, dos trabalhos exigidos pelos professores porque, após as aulas, gostariam de brincar, assistir TV, ficarem ligadas nos seus games. 
No entanto, outras, que estão sem acesso à escola, sonham exatamente com essa rotina. 
Sonham com o dia em que terão uma mochila às costas, com cadernos e livros escolares. 
Alguns, mais ousados, sonham com o acesso ao computador, ao celular, à internet. 
Recentemente, as mídias mostraram o caso de uma dessas sonhadoras.
Ela foi vista nas ruas a vender doces. 
Chamou a atenção por se dirigir aos passantes no idioma espanhol. 
Duas senhoras resolveram dialogar com ela e descobriram que a menina, natural do Equador, fala fluentemente quatro idiomas. 
Além do pátrio, o francês, italiano e russo. 
Contou que seus pais trabalham no circo. 
Por isso, aprendeu, rápida e naturalmente, algumas línguas, durante as viagens pelos demais países. 
Simpática, afirmou que adora animais e seu sonho é ser veterinária. 
As senhoras resolveram pagar por todos os seus doces, sem levá-los, deixando para que os vendesse a outras pessoas. 
Feliz e ingênua, a garota disse que iria juntar aquele dinheiro para comprar uma casa para os seus pais. 
Ela sonha em adentrar à Universidade, mas quando uma pequena soma de dinheiro lhe é depositada em mãos, como filha devotada, lembra de presentear os pais. 
Como ela, muitas crianças andam pelo mundo. 
Algumas, portas adentro dos nossos lares e lhes descobrimos a vontade de aprender, de trabalhar, de produzir, de ser um cidadão contribuindo de forma eficaz com a sociedade. 
Outras, são como essa garota: andam pelas ruas ou vivem em casebres, pendurados em morros ou na periferia das grandes cidades. 
Merecem nosso olhar cuidadoso. 
Cientes de que uma nova geração vai se apresentando, nesta fase de transição planetária, cabe-nos, pais, educadores, pessoas de bem, cuidar desses pequenos. 
Necessário lhes proporcionarmos condições para que suas realidades sejam adequadas ao que se espera no futuro. 
Desejamos uma sociedade com mais equidade, igualdade, solidariedade.
Desejamos uma nação de homens conscientes e cidadãos operosos.
Contribuamos pois, não relegando ao abandono essas almas que apenas desabrocham na carne. 
Alimento para o corpo em desenvolvimento, abrigo das intempéries e dos perigos das ruas, escola para instrução, lar para a educação, moral cristã para o correto crescimento e produção no bem. 
Essa geração especial, que está enriquecendo nossas vidas, com novas formas de agir e de pensar, merece nosso cuidado. 
Sobretudo, não lhe coloquemos maiores obstáculos ao progresso, à concretização dos seus sonhos de trabalho e felicidade. 
O amanhã depende de nós. 
Essas vidas frágeis necessitam de quem as abrigue, acolha, lhes oferecendo condições de ascensão.  
O mundo melhor se constrói com homens melhores. 
Não somente nós. 
Também e especialmente esses que nos parecem, por vezes, filhos de ninguém, transitando pelas vielas do mundo. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.10.2022

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

A INIGUALÃVEL PALAVRA DE JESUS

CHICO XAVIER
Sempre importante lembrarmos das palavras de Jesus. 
A palavra do Cristo é a luz acesa para encontrarmos na sombra terrestre, em cada minuto da vida, o ensejo Divino de nossa construção espiritual.
Erguendo-a, vemos o milagre do pão que, pela fraternidade, em nós se transforma, na boca faminta, em felicidade para nós mesmos. 
Irradiando-a, descobrimos que a tolerância por nós exercida se converte nos semelhantes em simpatia a nosso favor. 
Distribuindo-a, observamos que o consolo e a esperança, o carinho e a bondade, veiculados por nossas atitudes e por nossas mãos, no socorro aos companheiros mais ignorantes e mais fracos, neles se revelam por bênçãos de alegria, felicitando-nos a estrada. 
* * * 
Geme a terra, sob o pedregulho imenso que lhe atapeta os caminhos...
Sofre o homem sob o fardo das provações que lhe aguilhoam a experiência. 
E assim como a fonte nasce para estender-se, desce o dom inefável de Jesus sobre nós para crescer e multiplicar-se. 
Levantemos, cada hora, essa luz sublime para reerguer os que caem, fortalecer os que vacilam, reconfortar os que choram e auxiliar os que padecem. 
O mundo está repleto de braços que agridem e de vozes que amaldiçoam.
Seja a nossa presença junto aos outros algo do Senhor inspirando alegria e segurança. 
Não nos esqueçamos de que o tempo é um empréstimo sagrado, e quem se refere a tempo diz oportunidade de ajudar para ser ajudado; de suportar para ser suportado; de balsamizar as feridas alheias para que as próprias feridas encontrem remédio e de sacrificar-se pela vitória do bem, para que o bem nos conduza à definitiva libertação. 
Assim, pois, caminhemos com Jesus, aprendendo a amar sempre, repetindo com Ele, em nossas proveitosas dificuldades de cada dia: Pai nosso, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus. 
* * * 
Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos lábios dos oradores.
Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos ouvidos dos seguidores. 
Ante a lembrança dEle, pensemos nas nossas escolhas de vida.
Reflitamos se estamos escolhendo o caminho mais cômodo, ou se já optamos pelo caminho mais seguro e certo. 
A palavra de Jesus nos orienta com clareza. 
Ouçamos todos os que tenhamos ouvidos de ouvir. 
Em algum momento todos teremos que despertar para o bem, e nada melhor do que despertar ao som dos ensinos deste Amigo tão querido e zeloso. 
Esqueçamos os fanatismos religiosos. 
Esqueçamos dogmas e mistérios. 
Lembremos apenas das lições do Mestre que nos apontam o amor como solução, como sentido para a vida. 
Toda palavra de Jesus poderá ser resumida em apenas uma: Amor.
Amemos e estaremos no mais seguro dos caminhos para a felicidade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Vozes do Grande Além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 21, ed. FEP. 
Em 17.1.2019.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Os pequenos cavalheiros de Verona

A. J. Cronin
A.J.Cronin, repórter e escritor inglês, entre tantas pérolas, nos deixou relatos de sua experiência, quando em visita à cidade de Verona, na Itália.
Verona se tornou mundialmente conhecida, em especial por ser o palco do drama do infeliz casal Romeu e Julieta, idealizado por Shakespeare. 
Em férias com a esposa, Cronin conheceu dois meninos: Nick, de doze anos e o irmão, de dez anos. No primeiro contato, eles lhe ofereceram morangos. Segundo o menorzinho, eram os mais doces morangos de toda a Itália. Acondicionados em uma cesta de vime, eram convidativos. E o escritor pagou muito mais do que valiam no mercado, porque a fala do garoto o seduziu. No dia seguinte, ao sair do hotel para um passeio turístico, surpreendeu-se. Os irmãos estavam à porta. Um anunciava as manchetes do jornal, o outro vendia os exemplares aos interessados. À tarde, os dois continuavam suas vendas. Agora, eram cartões postais. Cronin se encantou com a maleabilidade com que transitavam de uma para outra tarefa, parecendo experts em cada uma delas. Acabou por contratá-los como cicerones, para o domingo, em que desejava alongar-se nos passeios pelas cercanias da cidade. Quando eles chegaram, quase não os reconheceu. Estavam com roupas impecáveis, o cabelo bem penteado. Pareciam dois cavalheiros saídos da tela de um pintor impressionista. Tomaram o táxi e os meninos foram estabelecendo o roteiro. E foi assim que Cronin descobriu que eram órfãos. Trabalhavam arduamente, todos os dias da semana, para pagar tratamento especializado para a irmã, de quatorze anos, internada em clínica particular. Domingo era o dia em que a visitavam, religiosamente. Por isso, enquanto pararam, por algum tempo, na clínica, Cronin e a esposa foram direcionados para a cafeteria próxima. Filhos de uma cantora e de um maestro, depois do acidente que a ambos vitimara, haviam ficado sem lar. Quando se manifestou a enfermidade na irmã, dispuseram-se a trabalhar até a exaustão para que ela tivesse o adequado tratamento. Quando Cronin deixou Verona, a caminho de casa, endereçou um envelope Aos cavalheiros de Verona. Dentro, havia uma quantia superior ao que eles conseguiriam em dois meses de suas incansáveis jornadas. Dez anos depois, retornando a Verona, Cronin buscou os meninos. Na clínica, soube que a irmã se recuperara e que os três haviam emigrado para Veneza. Seu objetivo: estudar, se ilustrar, crescer. 
Conseguiriam? 
O repórter lembrou a garra de Nick, do irmão e concluiu: 
-Com certeza, terão êxito. 
* * * 
DIVALDO PEREIRA
FRANCO
Alegria de viver, bom ânimo, disposição para vencer todos os percalços, eis a grande lição dos meninos de Verona. 
Poderiam ter se entregue à mendicância ou a furtos. 
Optaram pelo trabalho digno. 
E quando a enfermidade atingiu a irmã, ei-los, mais do que nunca, dispostos a arcar com as despesas. 
Nada lhes constitui obstáculo. 
Um objetivo deve ser alcançado e eles batalham para isso. 
Um extraordinário exemplo para nossas vidas, a fim de que não nos deixemos abraçar pelo desânimo, nem nos acomodemos ante situações adversas. 
Sigamos por este caminho. 
Redação do Momento Espírita, com base em narrativa de Divaldo Pereira Franco, no cenáculo do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador/Bahia, em 27 de agosto de 2022. 
Em 26.10.2022.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

A INIGUALÁVEL GENEROSIDADE DE UM CRIADOR

Quando adentramos o conhecimento do que nos rodeia, mais somos convidados a reverenciar a Divindade, que tudo fez, descendo a mínimos detalhes. 
No reino animal, por exemplo, ao observar como cada espécie se reproduz, tem seu ciclo de desenvolvimento, numa perfeita cadeia alimentar. 
O guepardo, entre os animais terrestres, é o maior corredor. Seu corpo esguio, pernas longas, espinha flexível, é perfeitamente desenhado para arrancadas rápidas. Em três segundos, a partir da imobilidade, ele pode alcançar cem quilômetros por hora. O segredo dessa incrível velocidade é a flexão e extensão da sua espinha, que aumentam muito o comprimento de sua passada, ou seja, a distância entre o ponto onde suas patas traseiras deixam o solo e o ponto onde voltam a tocá-lo. A enorme aceleração desse felino é aumentada porque as suas garras, que não se retraem totalmente, funcionam como as travas dos tênis dos corredores, enquanto a cauda, que pode chegar a oitenta centímetros de comprimento, auxilia na estabilidade das curvas. Nesse processo todo, ele mantém a cabeça firme devido à grande flexibilidade de suas espáduas. Uma estreita faixa de células fotossensíveis concentradas em suas retinas permite que ele distinga a presa no meio da paisagem. Sua presa favorita é a gazela. Se ela estiver quieta, ele age furtivamente, escondendo-se na vegetação. Qualquer que seja a forma de aproximação, muita energia será despendida no momento do ataque. O felino corre em linha reta, prevendo a direção da sua presa para interceptá-la. Então, ataca as patas traseiras da sua vítima, joga-se sobre ela e a sufoca, em minutos, com forte mordida na garganta. Quando não consegue alcançar a presa, depois de uns vinte segundos, ele desiste da caça. Isso porque a velocidade que desenvolve exige muito de seu organismo. Embora a corrida seja curta, o guepardo precisa descansar e recuperar o fôlego. Nessa corrida, a temperatura do corpo sobe perigosamente a quarenta graus, um nível que, mantido por mais de um minuto, pode causar lesão cerebral. Por isso, ele se senta e respira fundo por uns quinze minutos. Após o descanso, estará pronto para comer ou, caso não tenha conseguido nada, recomeçar a caçada. 
O que é extraordinário não é observar todos os detalhes desse corpo aerodinâmico, a velocidade incrível que alcança em segundos, mas observar que, para manter o equilíbrio da natureza, sua vítima foi equipada com recursos importantes que determinam a sua sobrevivência.
Por exemplo, ela dispõe de um processo de ventilação, graças às narinas, que refrigera o cérebro e, por isso, pode correr por mais tempo do que seu perseguidor. 
Também, por instinto, ela o confunde, por vezes, na sua fuga, dando saltos verticais de até três metros, saindo, portanto, do campo de visão do guepardo. 
Erro e acerto, fracasso e êxito, determinam, exatamente, o controle predatório, de forma que se mantenha o equilíbrio na natureza. 
Não é extraordinário estudarmos zoologia e descobrirmos a engenhosidade Divina em cada detalhe, milimetricamente pensado, analisado, providenciado? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 5.7.2016.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

INICIATIVAS DE SOLIDARIEDADE

É com alegria que vemos crianças portadoras de bons sentimentos, seja em nossos lares, participando do nosso convívio ou aquelas das quais ficamos sabendo pelas mídias, que noticiam seus atos de amor e generosidade. 
Chegam a emocionar, como a brasileirinha que, aos quatro anos de idade, foi diagnosticada com três linfomas de Burkitt. 
É uma forma rara e agressiva de câncer. 
Após meses de tratamento intensivo, Bia venceu o desafio. 
No entanto, necessita continuar fazendo acompanhamento no Hospital do Câncer onde se tratou, no interior de São Paulo. 
As tantas idas e permanências no hospital, lhe possibilitaram assistir ao padecimento de outros enfermos, de todas as idades. 
Aproximando-se seu aniversário de nove anos, ela disse que gostaria de fazer algo em prol dos pacientes ali internados e que a data seria um momento perfeito para colocar seu plano em prática. 
Com o aval dos pais, Bia mobilizou os convidados da sua festa em uma campanha de arrecadação de leite. 
Em vez de brinquedos e roupas, pediu que trouxessem leite como presente. 
Todos apoiaram a causa e Bia conseguiu arrecadar cinco mil, duzentos e setenta e quatro litros de leite que, com imensa alegria, doou ao hospital. 
* * * 
A vida na face da Terra é sagrada. 
Portanto, merece todo nosso empenho para sua preservação. 
Se compreendermos que sua dinâmica é nos conduzir ao progresso, mesmo sofrendo, encontraremos motivos para agradecer e sermos solidários com os demais. 
Quem passa por sofrimentos com resignação e coragem, acaba percebendo detalhes, muitas vezes simples, que podem fazer grande diferença na vida daqueles que igualmente sofrem. 
Para isso, basta prestar atenção à nossa volta e acionar as próprias atitudes e sentimentos, nos ligando ao que é positivo, elegendo atos simples que beneficiam o próximo e que estão ao alcance de todos nós realizarmos. 
De importância registrar, em nossos corações, gratidão pelos atos de bondade e amor que recebemos. 
A gratidão faz bem à saúde física e mental, porque nos liga aos planos superiores. Isso nos traz tesouros de alegria e paz ao coração! 
Também nos proporciona fortalecimento moral para enfrentarmos quaisquer dificuldades que nos alcancem. 
E nos dispondo a estender benefícios, por menores que sejam, aos que padecem, de igual forma, haveremos, além do mais, de nos sentirmos melhores. 
Afinal, o bem faz bem a quem o pratica. 
Sempre aprendemos assim e é uma verdade da qual nos podemos certificar, bastando que façamos algo a benefício de alguém. 
Ter olhos de ver e ouvidos de ouvir o sofrimento do outro, quando nós mesmos nos encontramos padecendo dificuldades de toda sorte, é ação altruísta. 
Não foram outras as recomendações do Senhor Jesus ao nos convidar a nos amarmos uns aos outros. 
Quem ama, naturalmente aciona a empatia, que lhe permite entender um coração que chora, um corpo que padece a fome, o frio, a enfermidade.
Exercitemo-nos nas ações do bem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.9.2019.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A DAMA DAS VIOLETAS

Milton Erickson
, notável psiquiatra americano, atendeu, certa feita, uma dama de família muito rica, que vivia uma depressão gravíssima. Ela o recebeu no quarto, com todas aquelas características da depressão: desânimo, desencanto, ambiente mal iluminado e silencioso. Ele lhe afirmou, de imediato, que tinha condições de fazê-la melhorar. De início, pediu lhe fosse permitido visitar a casa, para que pudesse avaliar como era a vida que ela levava. Acompanhado de um dos servidores da senhora, o psiquiatra andou pelos muitos cômodos da residência e percebeu que tudo era cinza. Pintada com cores muito tristes, denotava, exatamente, o estado emocional da paciente. Quando passou pela sala de refeições notou que sobre a mesa estavam muitos telegramas e cartas sem abrir. Ficou intrigado. Foi-lhe dito que eram convites que ela recebia e nem abria. Era convidada para muitos eventos. Sem ânimo, não se interessava. Depois da cozinha, ele viu um pequeno jardim de inverno. Ali estavam muitos vasos com violetas dos Alpes. Ela as colecionava. É a única coisa que ela cuida. 
-Ela somente se levanta, vez ou outra, para aguar ou para fazer uma muda ou transplantar uma violeta daqui para ali. – Disse o servidor. 
O médico voltou ao quarto da paciente, despediu-se sem dar explicações. Ela ficou sem entender e continuou mergulhada em sua depressão. Dias depois, ele retornou à casa e perguntou: 
-Como a senhora está? 
 Um desanimado:
-Estou na mesma – foi a resposta. 
-Pois eu vou lhe dar um conselho. A senhora é uma pessoa de importância em nossa sociedade. Recebe muitos convites. Sinto lhe dizer que é uma indelicadeza não abri-los. A senhora não pode retribuir a gentileza das pessoas sendo descortês. É uma dama. Tem compromissos sociais. Quando receber um convite, importante que o abra. E tenha a gentileza de mandar um vaso de violetas. A senhora os tem em abundância. É um presente delicado. As pessoas vão ficar gratificadas e não lhe custa nada.
Ela pensou um pouco e concordou que era algo que poderia fazer. Ao despedir-se, o médico se dirigiu aos familiares e pediu: 
-Entreguem para ela todos os convites que chegarem. Peçam a amigos, a vizinhos, que mandem convites de aniversários, de bodas, convites simples para uma tarde de chá. 
Ela passou a abrir os convites e foi mandando os vasos de violeta. À medida que sucediam os dias, o jardim quase desapareceu. Ela precisou renovar o cultivo, precisou sair de casa para comprar vasos, adubos, pois a produção de violetas precisava aumentar. Dessa forma, se levantava para fazer novas mudas e suas atividades em casa aumentaram. E, nesse bendito afã, se libertou da depressão. Quando ela morreu, cerca de dez anos depois, o jornal publicou: 
"A dama das violetas deixa um grande legado para todos nós. É possível que na maioria das casas de nossa cidade ela esteja presente através de um dos seus lindos vasos de violetas."
Redação do Momento Espírita, com base em fato, relatado por Divaldo Pereira Franco, em palestra intitulada Transtornos da afetividade – Depressão – Encontro com Divaldo. 
Em 24.10.2022.

domingo, 23 de outubro de 2022

INGREDIENTES PARA O ÊXITO

CHICO XAVIER
E
ANDRÉ LUIZ
Todos desejamos ter êxito em nossas vidas. 
Queremos alcançar os melhores resultados possíveis. 
Todos podemos alcançar o êxito. 
Basta estarmos atentos às oportunidades que nos surgem, no caminho diário, e termos a vontade e a disposição de realizar ações que nos permitam construir a trajetória exitosa. 
Podemos deixar no passado os sentimentos e pensamentos negativos que nos perturbam. 
Se cometemos erros, que nos sirvam como aprendizado para não errarmos de novo. 
Seja o nosso o propósito de não cair nos mesmos equívocos. 
Cada superação se constitui em degrau acima, em nossa ascensão para o Alto. 
Salientemos as qualidades, nossas e do nosso próximo, e esqueçamos os defeitos. 
As qualidades podem nos possibilitar boas ações. 
Os defeitos devem ser analisados para que possamos ir transformando-os em virtudes. 
Mobilizemos nossos pensamentos na construção de uma vida nova.
Busquemos aprender sempre. 
Os novos conhecimentos nos permitirão ampliar nossa compreensão e agir com maior segurança. 
Fortaleçamos o recurso da simpatia. 
Ela nos permitirá viver de forma mais harmoniosa e nos aproximará das pessoas. 
Acostumemo-nos a sorrir. 
Um sorriso alegra o dia. 
Podemos oferecer sorrisos, sem qualquer custo, no transcorrer das horas.
Melhoremos nosso vocabulário. 
As boas palavras podem ser poderosos recursos de auxílio ao próximo.
Uma palavra de incentivo e de esperança pode mudar a vida de alguém.
Saibamos usar nossas palavras para o progresso e a transformação positiva ao nosso redor. 
Criemos a disposição da escutatória. 
Importante é saber ouvir o nosso próximo. 
Quem se encontra em um momento de aflição, muitas vezes, quer apenas compartilhar sua dor. 
Cedamos algum tempo para ouvir quem precisa dizer das suas dores e dos seus desconfortos, criando um vínculo de amorosidade, que aconchega e acalenta. 
Valorizemos a ação das pessoas que estão ao nosso redor. 
Significa gratidão reconhecer as boas iniciativas praticadas por quem nos beneficia. 
Saibamos desenvolver o reconhecimento das potencialidades daqueles que caminham pelas nossas mesmas estradas. 
Abençoemos a vida. 
Saibamos ser gratos, por viver mais um dia, mesmo quando as dificuldades surjam. 
Saibamos também agradecer as bênçãos do sol, da chuva, do ar que respiramos. 
Se conseguirmos desenvolver esses recursos, com certeza, melhoraremos nossas vidas e conseguiremos contribuir para a melhoria daqueles que estão ao nosso redor. O êxito verdadeiro vem das conquistas íntimas. 
O desenvolvimento desses recursos se faz ferramenta de transformação moral. 
O próprio tempo é um grande recurso de que nos devemos servir da melhor forma. 
Viver o presente, sem perder tempo com aflições do passado, que geram mágoas e ressentimentos. 
Pensemos no futuro com proposições de sermos melhores, de desejos de construir o bem. 
Desenvolvamos novos recursos íntimos, potencializemos nossas conquistas. 
Comecemos no hoje, no agora! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Respostas da vida, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. IDEAL. 
Em 11.12.2021.

sábado, 22 de outubro de 2022

O DESAFIO DE CONVIVER

Viver é um enorme desafio. Mas conviver parece ser bem maior. 
Vivemos um tempo assinalado por desgastantes conjuntos de ideias, nos quais o entrechoque de opiniões, muitas vezes, degenera para conflitos inúteis e embates estéreis. 
Quando nos permitimos esse confronto de natureza ideológica, via de regra, saímos feridos, machucados. 
Igualmente machucando. 
Velhos amigos, ao constatar estarem em polos opostos, se digladiam nesse ou naquele terreno da política de César, permitindo que os desacordos invadam o canteiro fecundo do saudável convívio, escurecendo as águas com o lodo da agressividade. 
Ainda imaturos no jogo das ilusões, nos deixamos arrastar por aparências, como se o veículo orgânico fosse uma morada eterna, que o tempo não pode vencer. 
Em meio a um campeonato de insensatez e delírio emocional, olvidamos os valores essenciais da vida para ofertar sentido àquilo que é passageiro.
As passarelas do mundo exibem os ídolos de barro, brilhando agora e logo após derrubados pelo tempo, implacável dominador de homens e mulheres. 
Sim, viver é um enorme desafio, mas conviver parece ser bem maior. 
Até quando prestaremos tributo à vaidade? 
Até quando nos faremos escravos da própria imagem, ignorando a essência que somos? 
Quando administraremos o controle das próprias emoções? 
* * * 
MARCEL MARIANO
Guardemos estes breves instantes para uma reflexão mais profunda. 
O que está por trás desse desejo de impor nossas opiniões a qualquer custo? 
Por que nos decepcionamos tanto quando percebemos que os outros não pensam exatamente como nós? 
Por que a nossa verdade tem que prevalecer? 
Questionemos e reflitamos. 
Não tenhamos receio de mudar de visão, de alterar os hábitos ou mesmo de dizer que estávamos errados. 
Por que será que encontramos pessoas tão diferentes de nós pelo caminho? 
Por que, mesmo buscando sempre os afins, e muitas vezes querendo a comodidade dos que concordam conosco, ainda trombamos com opositores, adversários, estranhos? 
Sabedoria da vida, sabedoria das leis de Deus que enxergam nisso a possibilidade de aprendizado. 
Conviver é matéria de ensino avançado, ou como se fala popularmente: 
-Saber conviver bem é uma arte. 
Exige dedicação, exige paciência, persistência e autoconhecimento. 
Mas, aprender uma arte traz sempre seus muitos benefícios. 
Quem se dedica com alma à música, por exemplo, será presenteado, depois de algum tempo, com a possibilidade de escutar melodias saindo de si. 
Quem estuda canto, ouve melhor e sabe apreciar mais os encantos dos belos sons. 
Quem aprende a arte de conviver vive um pouco mais em paz do que aqueles que ainda se debatem por aí, lutando contra tudo e contra todos.
Quem entende a arte da convivência pratica a caridade sem saber, pois é capaz de ouvir, capaz de compreender e de perceber que não somos detentores da verdade absoluta. 
Somos meros observadores de uma noite estrelada, num canto qualquer do planeta, crendo que estamos contemplando toda a dimensão do Universo sem fim. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Marta, psicografia do médium Marcel Mariano, em 10.8.2022, em Salvador, Bahia. 
Em 20.10.2022.
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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

APENAS UM SORRISO!

Tudo aconteceu na feira livre da cidade, onde eram disponibilizadas frutas, legumes, especiarias, grãos e produtos coloniais. 
As barracas se alinhavam umas ao lado das outras e o movimento era intenso. 
Algumas pessoas se concentravam naquelas que ofertavam pastéis ou pequenos lanches para consumo local. 
Entre tantas pessoas, de repente, uma senhora se pôs a chorar. 
E o fez em tão altos brados, quase a gritar, que atraiu a atenção de muitos, que a rodearam. 
Sua bolsa estava aberta e o dinheiro para as compras sumira. 
Entre lágrimas, ela explicou que trabalhava em casa de uma família, nas proximidades. 
Viera para as compras, conforme o fazia semanalmente. 
Não sabia se fora roubada ou se fora descuidada e o dinheiro caíra da bolsa, que descobrira aberta. 
Lamentava-se, sem parar, porque dizia que jamais seus patrões acreditariam que ela perdera o que lhe fora dado para adquirir as provisões para a família. 
Então, um garotinho se aproximou e mostrou um rolo de notas. 
-Aqui está o seu dinheiro. Achei no chão, ali atrás. – Falou ele. 
Era um menino, desses que costumamos ver nas ruas. 
E os olhares que se voltaram para ele, variavam da acusação de furto à incredulidade do achado. 
Fosse como fosse, a senhora secou as lágrimas, tomou as notas nas mãos e disse, agradecida: 
-Salvou meu dia e meu emprego, garoto. Sinto muito não poder lhe dar uma gratificação porque nenhum centavo desse valor me pertence. 
-Não precisa, foi a resposta espontânea do menino, nem um pouco incomodado com os olhares desconfiados, que continuavam sobre ele. 
E completou: 
-A senhora já me agradeceu. Está sorrindo. 
Em seguida, rapidamente, da mesma forma que surgira, desapareceu entre as barracas e as pessoas.
* * * 
A preciosidade de um sorriso. 
Para um menino simples, essa gratificação lhe encheu a alma. 
Para cada um de nós, quanto pode significar um sorriso? 
Quando nos encontramos constrangidos ante um equívoco cometido, e percebemos que alguém nos sorri, sentimo-nos amparados.
É como se aquela pessoa, mesmo não estando próxima, esteja a nos dizer: 
-Não se preocupe. Todos nos equivocamos, vez ou outra. 
Ou talvez queira dizer: 
-Tenha calma. Ninguém nem percebeu seu pequeno ato falho. 
Um sorriso. 
Quando desembarcamos no aeroporto ou na rodoviária, é acolhedor descobrirmos um rosto amigo que se destaca na multidão e nos sorria.
Sentimo-nos, de imediato, bem-vindos e seguros.
Um sorriso. 
Quebra o gelo da antipatia, rompe o silêncio do constrangimento. Pode significar um perdão, um acolhimento. 
Uma comemoração, um triunfo. 
Um momento inigualável de alegria. 
Permitamo-nos sorrir mais. 
Ofertemos nosso sorriso, a cada manhã, quando nos despedimos para ir à escola, ao trabalho. 
Ofertemos nosso sorriso a quem retorna ao lar, depois do dia exaustivo. 
A quem está no leito, enfermo. 
A quem nos aguarda a visita, para preencher sua solidão. 
Um sorriso. 
Um pouco mais de uma dúzia de músculos acionados para essa gentileza.
E os benefícios se refletem em nós, para nós e para quem nos esteja próximo. 
Não nos cansemos de sorrir. 
Redação do Momento Espírita 
Em 21.10.2022.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O INGREDIENTE SECRETO

Aquilo incomodava Ben cada vez que passava pela cozinha. 
Era a pequena caixa de metal em cima do fogão de Martha. 
Ela continha uma receita secreta da sua mãe. 
A caixa não tinha nada de especial. 
Era tão velha que a maior parte do vermelho e dourado das suas flores originais havia desbotado. 
Podia-se dizer exatamente onde ela havia sido pega tantas vezes. 
Não eram somente os dedos de Martha que haviam encostado ali.
Também os dedos da sua mãe e da sua avó. 
Martha não tinha certeza, mas achava que talvez até mesmo sua bisavó tivesse usado a caixa e seu ingrediente especial. 
Tudo que Ben sabia era que, pouco depois de ter casado, Martha recebera a caixa da mãe, que lhe dissera para usar o conteúdo da mesma forma que ela o havia usado. 
E ela o usou, fielmente. 
Ben nunca viu Martha preparar um prato sem tirar a caixa da prateleira e colocar uma pitada do ingrediente secreto na receita. 
O que quer que houvesse na caixa, com certeza funcionava, pois Ben achava que Martha era a melhor cozinheira do mundo. 
Não era o único a ter essa opinião. 
Qualquer um que comesse em sua casa elogiava muito a comida de Martha. 
De alguma maneira, Martha tinha conseguido fazer o conteúdo da caixa render durante os trinta anos de casamento. 
Nunca deixara de produzir resultados de dar água na boca. 
Ben ficava cada vez mais tentado a olhar no interior da caixa, mas nunca chegou a fazê-lo. 
Até que um dia, enquanto andava pela cozinha, viu a caixa na prateleira.
Ela atraía seus olhos como um imã. 
Decidiu verificar o que havia lá dentro. 
Tinha certeza que Martha não se incomodaria. 
Colocou a caixa no balcão e tirou cuidadosamente a tampa. 
Estava quase com medo de olhar. 
Quando viu o interior da caixa, seus olhos se arregalaram. 
Encontrou apenas um pedacinho de papel dobrado no fundo. 
Pegou o papel e desdobrou-o cuidadosamente sob a luz da cozinha. 
Um bilhete curto estava rabiscado e Ben imediatamente reconheceu a letra como sendo a da mãe de Martha. 
De maneira simples dizia: 
"Martha, em tudo o que fizer, acrescente uma pitada de amor."
Ben agora entendia porque tudo que Martha fazia tinha um sabor tão especial.
* * * 
Não há como negar ser o amor a realidade mais pujante da vida. Irradia-se de Deus e vitaliza o Universo, mantendo as leis que produzem o equilíbrio.
Todos os homens e mulheres que edificaram os ideais da felicidade humana fundamentaram o seu pensamento no amor pleno e incondicional.
Transcendendo definições, o amor é vida exuberante. 
É a razão básica da manifestação do ser que pensa e sente. 
Jesus sintetizou todo o código da Sua Doutrina no amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. 
Assim, o amor deve ser causa, meio e fim para o comportamento humano feliz, que desperta com anseios de plenitude. 
Amar é o grande desafio. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O ingrediente secreto de Martha, de Dot Abraham, do livro Histórias para aquecer o coração, v. 1, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Heather Mcnamara, ed. Sextante e frases finais do cap. Amorterapia, do livro Desperte e seja feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, ed. Leal. 
Em 11.08.2011.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

MINHA ORAÇÃO

Andrey Cechelero
M
inha oração é onde amanheço. 
Onde me reconheço no que peço a vós. 
Minha oração é feita de asa. 
Por vezes feita em brasa, levanto a voz. 
Minha oração busca o sublime. 
Um pouco de sol que me anime... os passos. 

Orar é ir à essência. 
Do Pai e do filho. 
Feliz experiência. 
Para a alma sem brilho 
Que quer algum luar. 

Orar com paciência. 
Pois quem espera sabe ouvir. 
Conselho, consciência.
Que nos diz para onde ir. 
E que abraça sem julgar. 

Minha oração é onde amanheço. 
E onde me despeço da noite e do breu. 
Minha oração é feita de abraço. 
* * * 
O indivíduo é sempre o resultado dos pensamentos que elabora, que acolhe e que emite. 
O pessimista se autodestrói, enquanto o otimista se autossustenta. 
Aquele que acredita nas próprias possibilidades as desenvolve, aprimora e delas se serve, com segurança. 
Aquele que duvida de si mesmo e dos próprios recursos, envolvendo-se em psicosfera perturbadora, desarranja os centros de força e se exaure, especialmente quando enfermo. 
A mente que se vincula à oração, se ilumina sem desprender vitalidade. 
Ao contrário, mais se fortalece e expande a claridade que possui. 
A alma em oração adquire resistências no campo de suas energias, conquista forças indispensáveis para a manutenção dos equipamentos nervosos funcionais da mente e do corpo. 
A oração revigora, a oração acalma, evitando os pensamentos viciosos e as ações impensadas que quase sempre trazem consequências infelizes. A oração sustenta, abre possibilidades, abre horizontes novos de inspiração, de observação e sensibilidade. 
A oração cura o outro, pois a rogativa sincera se faz bálsamo suave no ser que a recebe. 
Também a nós mesmos, pois quem acende uma candeia se ilumina por inteiro quase sem querer. 
A oração esclarece, pois quando o ser apresenta o que vai no íntimo profundo, se mostra como é, mostra seus valores e assim lança luz, sobre as áreas escuras da personalidade. 
A oração é uma conexão do Espírito com sua essência e, por isso, a mais bela forma de contato com Deus. 
Orar é se perceber frágil, em construção, humilde. 
Ao mesmo tempo, se sentir forte, vivo, pertencente a um Universo grandioso e mergulhado em amor infinito. 
Quem tem o hábito de orar e ora do fundo do coração, permanece mais tempo nas sintonias benfazejas, nos pensamentos elevados que, de muitas formas, vão purificando os hábitos mentais, a própria criatura.
Quem ora está habitando o mundo de dentro e não apenas o de fora.
Quem ora encontra forças para prosseguir na marcha, não importa a gravidade da batalha ou a delonga da guerra. 
Quem ora se prepara melhor para agir, pois entende que tem na prece um manancial de equilíbrio e sabedoria que o faz melhor nas ações. 
* * * 
Andrey Cechelero
M
inha oração é onde amanheço. 
Onde me reconheço e também o meu irmão. 
Em minha oração eu vos agradeço. 
Pelo primeiro parto, 
Pelo diário prato, 
E pela constante consolação. 

Redação do Momento Espírita, com base no poema Minha Oração, de Andrey Cechelero e no cap. 12, do livro Momentos Enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 18.10.2022
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terça-feira, 18 de outubro de 2022

UM INGREDIENTE ESPECIAL

Solidão é algo que nos deixa, habitualmente, entristecidos. 
Quando dizemos que desejamos ficar sós, que precisamos descansar do corre-corre diário, naturalmente desejamos algumas horas de tranquilidade. 
Não estamos cogitando de nos retirarmos do convívio de familiares, amigos, conhecidos, para sempre. 
Histórias de pessoas que ficaram isoladas em determinadas localidades, por um largo tempo, testemunham da necessidade de ouvirem a voz humana, uma outra, que não a sua própria. 
Pessoas confinadas, por períodos largos, em isolamento, passam a sofrer certos distúrbios. 
O homem foi criado para viver em sociedade. 
No livro bíblico de Gênesis, lê-se que Deus verificou que ao homem não seria bom viver só. 
E lhe providencia uma companheira. 
Nasciam ali as normativas de uma Lei Divina, a lei de sociedade. 
Ter relações de vizinhança, de amizade é de suma importância para o ser humano. 
Isso foi plenamente atestado pelo casal José, de oitenta e nove anos e Michele, de noventa e quatro, que mora sozinho, em um apartamento em Roma. Isolados de contatos exteriores, certo dia, ambos tiveram um ataque de pânico. Os seus gritos atraíram a atenção dos vizinhos, que acionaram a polícia. Pensando se tratar de um assalto, quatro oficiais, que estavam em patrulha, nas proximidades, atenderam ao chamado. Quando chegaram ao apartamento, constataram o isolamento e o pânico do casal. Andrea, um dos policiais, se deu conta de que eles estavam desesperados por se sentirem sozinhos, esquecidos de todos. Então, enquanto aguardava a ambulância, num gesto cheio de humanidade, foi para a cozinha e se pôs, simplesmente, a cozinhar espaguete com manteiga e queijo para os vovôs. Enquanto isso, os outros colegas se puseram a conversar com eles. O resultado foi um autêntico jantar em família, sem cerimônias, servido ali mesmo, na cozinha. Os idosos comeram e choraram. Mas, suas lágrimas eram de alegria, por estranhos se importarem com eles. 
Um gesto simples, mas de relevância para aqueles dois idosos, que se sentiam perdidos no mundo.
Para os policiais italianos, nada demais cozinhar o espaguete, conversar, entretê-los enquanto chegava o socorro que os conduziria para um atendimento especializado. 
Nada demais a não ser um ingrediente muito, muito precioso: humanidade. 
* * * 
Dias atuais. 
Época de muita comunicação. 
Sabemos o que ocorre em nossa aldeia global, em tempo real. 
No entanto, são tempos em que também nos isolamos. 
Vivendo em grandes edifícios, muitos desconhecemos os vizinhos do mesmo andar. 
Somos desconhecidos, vivendo lado a lado, parede a parede. 
Entramos e saímos dos elevadores sem erguer os olhos, sem nos cumprimentarmos, sem sabermos os nomes uns dos outros. 
Precisamos tanto uns dos outros. 
Aprendamos a viver com nossos vizinhos. 
Afinal, eles são os mais próximos de nós, para o bom dia, o olho no olho, um sorriso, uma conversa rápida, um saber que não estamos sós. 
Que, logo ali, estão pessoas com as quais podemos contar, um dia, em algum momento. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com informações colhidas no site www.sonoticiaboa.com.br
Em 26.9.2016.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

PORTEIROS DO MUNDO

Eliezer Berenstein
Para chegarmos ao mundo, pelas portas da reencarnação, contamos com profissionais que acompanham a gravidez e realizam partos. 
São eles que seguram o bebê antes mesmo do que a própria mãe. 
Há casos belíssimos e emocionantes contados por esses missionários, que poderíamos chamar de porteiros do mundo. 
Conta, por exemplo, o doutor Eliezer Berenstein, que, apenas estudante de Medicina, preparava-se para fazer psiquiatria. Certo dia, entrou na enfermaria e foi atender a uma paciente. Ele se apresentou e ela o surpreendeu com uma pergunta: 
-O senhor nunca sorri? Essa cara amarrada é sinal de algum problema.
A resposta dele foi de quem estava contrariado com a observação recebida: 
-Estou bem, obrigado. A senhora é que deve estar com algum problema. Por isso, vim examiná-la. 
E foi levantando o lençol e o avental que a cobriam. 
-É recém-formado? - Insistiu a paciente. 
-Por quê? Perguntou preocupado. 
-É que estou nua, a porta está aberta e eu sou uma freira. Bem, mas não se preocupe. Já fui parteira neste hospital. Convivi com muitos médicos e sei reconhecer um bom profissional. O senhor será um ótimo obstetra. 
O jovem médico, quase com prazer, a corrigiu, de imediato: 
-Eu não vou fazer partos, serei psiquiatra. E, agora, vou lhe prescrever um remédio. 
-O senhor tem mesmo um remédio para mim? Os médicos já me desenganaram, meu tumor cresceu demais... 
Diz o doutor Berenstein que as palavras e o comportamento daquela freira, Irmã Madalena, o viraram do avesso. No dia seguinte, tirou a barba, que o deixava parecido com Freud, e decidiu que seria obstetra. Quando foi contar a novidade para Irmã Madalena, ouviu dela grandes lições. 
-O senhor tem mãos tanto para dar adeus quanto para dizer olá. Tenha muito carinho com o primeiro parto que fizer, porque serei eu que estarei voltando. 
Encerra sua narrativa o doutor Berenstein, dizendo que algum tempo depois de formado fez seu primeiro parto. Irmã Madalena já havia morrido. Diz ele que chorou mais do que a criança, que era uma menina e acabou recebendo o nome de Madalena. Daquele dia em diante ele não teve mais dúvida de que sua missão era ser obstetra. Um porteiro do mundo, como o denominara a freira. 
* * * 
Todo profissional que desempenha seu trabalho, com seriedade e dedicação, é um colaborador de Deus. 
Seja calejando as mãos na lavoura ou criando sistemas sofisticados de informática; limpando feridas ou construindo edifícios; fazendo a higiene das ruas ou cultivando jardins, todos somos peças importantes dessa grande nave que chamamos Terra, e cujo administrador é Deus. 
E, da mesma forma que devemos ser gratos pelos que nos conceberam e permitiram nascer, gratidão igualmente devemos expressar aos porteiros do mundo. 
Será que sabemos quem foi o obstetra que nos recebeu neste mundo?
Aqueles de nós, mais idosos, possivelmente lembraremos da parteira da nossa cidade natal. 
Aquela que visitava nossas mães grávidas e que, pequeninos, costumávamos dizer: 
-Lá vai ela levando mais um bebê na sua valise. 
Abençoadas mãos dos porteiros do mundo. 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado na revista Crescer, de maio/1999.
Em 17.10.2022.

domingo, 16 de outubro de 2022

INGRATIDÃO

Você já teve o sentimento de que alguém lhe foi ingrato alguma vez? 
Já sentiu a decepção congelando seus sentimentos e tomando-lhe a intimidade de maneira intensa, como que afogando-lhe o coração em fel?
Das dores da alma, talvez a ingratidão seja uma das mais profundas, dando-nos a sensação de ser capaz de dilacerar o coração. 
Ora foi o amigo que nos traiu a confiança, não sendo digno da intimidade que compartilhamos em segredo. 
Outra feita o vizinho, incapaz de aquilatar os esforços que fizemos para lhe amenizar as dificuldades e os problemas. 
Outras tantas, surgem no seio familiar as relações de ingratidão, com filhos tratando aos pais como se esses lhe fossem criados com a obrigação de os servir. 
Ou esposos tratando com indiferença a dedicação e o desvelo da companheira. 
Quando a ingratidão nos atormenta a alma é porque o sentimento da decepção está acompanhando-o, indicando que esperávamos outra atitude do próximo. 
Afinal, só nos decepcionamos quando criamos uma expectativa que não se cumpriu. 
E quando a decepção vinda da ingratidão nos toma de súbito, não é raro pensarmos que não valeu a pena fazer o bem, agir no bem, agir de maneira correta e acertada.
Magoados pela decepção, muitos de nós nos atormentamos, fazendo juras de que nunca mais ajudaremos e alegamos, ainda, que seremos mais felizes não nos incomodando mais com o próximo. 
Fazer o bem nunca pode ser considerado um erro. 
Jamais alguém que esteja pensando no bem do próximo, no bem estar alheio, pode estar errado, desde que agindo desinteressadamente. 
Se o outro é incapaz de reconhecer nossos esforços, se lhe faltam valores morais para entender a bondade alheia, que a sua limitação não seja fonte de nosso desestímulo. 
Só agem assim porque, no egoísmo em que mergulham, ficam impedidos de perceber a bondade no coração do outro, iludidos na sua limitação de que o mundo está para lhes servir. Imaginar que seremos mais felizes não fazendo o bem porque não nos decepcionaríamos, é iludir-se na felicidade do egoísta, de quem se fecha em si mesmo, a fim de não correr o risco da decepção. 
A Providência Divina permite esses embates, apenas nos faz experimentar o amargor das decepções, para testar nossa perseverança no bem. 
Afinal, o bem deve bastar-se por si mesmo, sendo desnecessário vir acompanhado pelo reconhecimento, louvores e dádivas. 
 * * *
No exercício do bem, jamais deixemos que o não reconhecimento do próximo seja motivo para abandonar os propósitos de fazer o bem. 
Ao perceber que os que hoje semeiam ingratidão ainda precisam percorrer longas estradas na vida, a fim de amadurecer suas relações para com o próximo, desperta em nós um sentimento de compaixão por eles, que substitui a decepção, nos dando ânimo e coragem, para continuar no esforço necessário de crescimento pessoal. 
Redação do Momento Espírita, com base nos itens 937 e 938 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec,ed. Feb. 
Em 11.12.2009

sábado, 15 de outubro de 2022

INFLUÊNCIAS NA INFÂNCIA

Victor Hugo
Na França, ele foi um dos mais ardorosos adeptos do romantismo. 
Foi membro da Academia Francesa e chamado de Leão das tulherias, em razão do seu espírito combativo. 
No Brasil, influenciou escritores e poetas como Castro Alves, Gonçalves Dias, José de Alencar e Casimiro de Abreu. 
Idealista, não se atemorizava pelas consequências das suas iniciativas.
Foi defensor dos excluídos e sua obra é farta em demonstrar as injustiças sociais do seu tempo. 
Falamos do poeta, escritor e jornalista Victor Hugo. 
Pois essa figura ímpar, quando tinha onze anos, escreveu estes versos:
-Eu tive em minha loira infância ah, tão efêmera, três mestres: um jardim, um velho padre e minha mãe... 
Tem fundamento semelhante afirmativa. 
O jardim deve ter sido o da casa onde habitou, na capital francesa, quando criança. 
O contato com a natureza lhe moldou a observação minuciosa que o transformaria em um escritor detalhista. 
Olhando a grama crescer no jardim, aprendeu a abençoar a chuva generosa e o sol que assim a fazia brotar viçosa. 
Observando as formigas minúsculas transitando pelas alamedas, transportando seus tesouros para o formigueiro, aprendeu a respeitar os pequenos, dos quais jamais se esqueceria. 
O velho padre, do convento próximo de sua casa, com certeza foi quem lhe ministrou as lições do Evangelho de Jesus. 
Lições que ele aprendeu muito bem: amor ao próximo, compaixão para com a dor alheia, igualdade de direitos, justiça. 
Dos lábios maternos recebeu as primeiras lições de Deus, Pai generoso e bom. 
Victor Hugo passou com sua mãe a maior parte da infância porque o pai, um militar, sempre estava longe, em serviço. 
Ela o instruiu a respeito da vida imortal do Espírito. 
Certeza que ele tinha e que o levou a escrever a um amigo, cuja esposa desencarnara: 
"Caro Lamartine, uma grande desgraça vos fere. Necessito pôr meu coração junto do vosso. Eu venerava aquela que amáveis. Vosso alto Espírito vê além do horizonte. Percebeis distintamente a vida futura. Não é a vós que se precisa dizer: Esperai. Sois daqueles que sabem e esperam. Ela é sempre vossa companheira, invisível, mas presente. Perdestes a esposa, mas não a alma. Esse é o discurso de quem é amigo, de quem crê na Imortalidade e distribui esperanças. Discurso de quem viveu na natureza, foi alimentado pelo Evangelho de Jesus e a doçura de um coração materno."
 * * * 
Todo investimento educativo na infância frutificará positivamente, ofertando às nações homens dignos e cidadãos honrados. 
Se à educação se acrescentar o ensino do Evangelho de Jesus, que é a condução do Espírito imortal para os verdadeiros objetivos da vida, que transcendem a materialidade, então poderemos ficar tranquilos. 
Isso nos permitirá ter a certeza de que o mundo do amanhã se constituirá de governantes corretos, executivos responsáveis, pais e mães de família exemplares, enfim, homens de bem. Invistamos na infância. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Duas naus, um capitão..., da revista Reformador, de fevereiro de 2001, ed. Feb. 
Em 12.12.2012.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

LIÇÃO MATUTINA

Os gritos exacerbados de bem-te-vi nos conduziram à janela do apartamento. 
No topo do edifício em frente, um belo espécime de gavião bebia água, numa pequena poça que a chuva do dia anterior formara. 
Cerca de dois metros do garboso espécime, em uma antena de TV, seis bem-te-vis gritavam. 
O gavião parecia não se incomodar com aquilo e continuou a beber, sossegadamente. 
Então, as pequenas aves, que não pesam mais do que setenta gramas, iniciaram outra estratégia. 
Passaram a executar voos rasantes, bem próximos ao indesejado intruso, enquanto os gritos se tornaram mais estridentes. 
O interessante é que eles se revezavam na tarefa. 
Um saía da antena, cumpria a missão e voltava. 
Outro o sucedia, depois outro. 
Por algum tempo, o gavião suportou aquelas investidas. 
Acabou se rendendo e decidiu voar para outro lugar, onde não fosse perturbado.
Abrindo as asas, alçou voo, mostrando toda a imponência da sua grande envergadura. 
O que vi me deixou ainda mais admirado. 
Dois dos bem-te-vis foram atrás dele, como se fossem uma escolta.
Lembraram-me aviões de caça escoltando um avião civil, se certificando de que ele iria para bem longe dali. 
Enquanto minha vista os pôde alcançar, acompanhei a cena, ao tempo que reflexões me acudiam à mente. 
Os bem-te-vis, apesar do tamanho e da simpatia, são territorialistas.
Podem ser agressivos, no período da reprodução. 
Eles enfrentam gaviões, urubus e até seres humanos que se aproximam do seu território, para que possam acasalar e ter seus filhotes em segurança. 
A cena da manhã me remeteu a pensar na coragem dessas pequenas aves, enfrentando um espécime muito maior e mais pesado. 
Mostraram determinação em seu propósito e não se intimidaram.
Comportamento habitual, conforme registram os apontamentos que as descrevem. 
É o de que precisamos: coragem. 
Coragem para enfrentar as decisões importantes, para viver, para fazer o bem, para evoluir, para alcançar nossa paz interior. 
E, mais do que o bem-te-vi, regido pelo instinto, somos filhos de Deus, dotados de razão e discernimento. 
Se a Providência Divina distribui o alimento no celeiro da natureza para esses heróis alados, tem os olhos sobre nós e jamais nos abandona. 
Isso levou o Apóstolo dos Gentios a assinalar em uma das suas epístolas:
-Tudo posso naquele que me fortalece. 
Contemos com Deus. 
Contemos com Seu apoio.
Não percamos a vontade de lutar e vencer. 
Nós podemos. 
Não importa o tamanho do problema ou quão imponente pode parecer. Podemos vencer! 
E, colhamos ainda outra lição da bela cena matutina. 
Eles trabalharam em equipe e em sistema de revezamento. 
Por que insistimos em sofrer a sós, em não pedir ajuda, quando o fardo nos parece demasiado pesado ou a dificuldade enorme? 
Para que terá Deus disposto ao nosso lado familiares, amigos, colegas, senão para que nos demos as mãos e escalemos juntos as colinas e as montanhas das dificuldades? 
Sempre haveremos de encontrar quem nos poderá auxiliar a descobrir soluções, nos sustentará, quando prestes a cair. 
Prossigamos alçando nossos voos rumo às estrelas. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A coragem do bem-te-vi, de Odair Araújo, da Revista Seareiro, de julho/agosto 2022, publicação da Seara Bendita Instituição Espírita. 
Em 13.10.2022.