quarta-feira, 31 de agosto de 2022

INCAPAZ

Andy Foster tem quarenta e cinco anos. É autista e garçom num restaurante da Inglaterra. Quando alguns clientes se sentiram incomodados com sua presença, como se tivessem algum problema em serem atendidos por ele, o dono do estabelecimento tomou uma atitude radical. Escreveu uma carta e postou numa rede social: 
"Hoje passamos o dia reconstruindo a autoestima de um dos membros da nossa equipe, depois dele ter sido desrespeitado e discriminado ao servir uma mesa, no jantar de ontem à noite.
-Qual é o problema dele? e “por que você deu este trabalho para ele? - Os clientes perguntaram... 
Aqui em nosso restaurante, nós contratamos nossos funcionários com base na experiência e paixão pelo trabalho... Não contratamos pela cor da pele, pela aparência, pela quantidade de tatuagens, pelo tamanho das roupas, pelas crenças religiosas ou por doenças. Nós não discriminamos! Mas se você faz isso... Então, por favor, não reserve uma mesa conosco. Você não merece nosso tempo, esforço, nem respeito!"  
* * * 
Ainda trazemos vícios antigos na alma. 
Por que homens e mulheres recebem remunerações diferentes ao realizarem o mesmo trabalho, ao ocuparem o mesmo cargo? 
Por que pessoas idosas não podem trabalhar? 
Por que nos utilizamos do termo incapaz, referindo-nos à pessoa com deficiência? 
Incapaz do quê? 
De realizar certas tarefas? 
Reflitamos: será que todos nós não somos ainda incapazes de muitas coisas? 
Como Espíritos em desenvolvimento na Terra não temos muitas lacunas intelecto-morais? 
Alguns de nós, vendo alguém tocando alguns acordes de uma música num instrumento qualquer, afirmamos: Não sou capaz de tocar nem uma campainha! 
Outros não temos jeito algum para trabalhos manuais. 
Outros, ainda, não entendemos uma vírgula das notícias sobre economia, bolsa de valores, câmbio, etc. 
E somos chamados de incapazes por isso? 
Seria uma grande ofensa, no mínimo. 
Assim, debruçando nosso olhar para esses que são considerados especiais, perceberemos que eles podem ter muita dificuldade em certas áreas; que aprendem com mais vagar. 
Entretanto, ao mesmo tempo, fazem muitas outras coisas com maestria, até com virtuosismo. 
São capazes de atender uma mesa num restaurante com mais simpatia e alegria do que muitos dos chamados normais; são capazes de realizar tarefas com extrema atenção, com capricho – algo muito difícil de se encontrar em funcionários, no geral; são capazes de cozinhar, de ministrar uma aula, de atuar e de tudo que possamos imaginar. 
Mais ainda, são capazes de nos fazer acreditar no poder da persistência, do esforço e da resignação. 
Eles nos ensinam muitas coisas. 
Pensemos bem. 
Reflitamos um pouco mais da próxima vez que ouvirmos o termo incapaz ou quando percebermos qualquer tipo de discriminação com quem quer que seja. 
Por fim, sejamos nós aqueles que abramos portas para eles, para que deixem de ser excluídos em nossa sociedade e possam ter uma vida plena. 
Não permitamos que nosso preconceito nos transforme em verdadeiros incapazes. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 30.05.2016.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O AVENTAL DA NONNA

Quando se fala em conservação das florestas, nos damos conta do quanto isso nos é valioso. 
São as florestas que regulam o clima e estocam o carbono.
Elas são a casa de grande parte da biodiversidade do planeta.
Diga-se, algumas espécies ainda desconhecidas para a ciência. 
São uma imensa biblioteca de medicamentos naturais. 
Ali podem ser encontrados princípios ativos para grande parte dos medicamentos. 
Até mesmo para a cura de certas doenças. 
Na Amazônia, nos anos mais recentes, foram catalogadas nada menos de seiscentas novas espécies. 
O que nos demonstra a riqueza, que nos merece cuidado e preservação. 
Quando deixamos de as preservar, o resultado é a extinção de preciosidades vegetais e animais. 
Também em nossas vidas existe uma imensa biodiversidade.
São detalhes, pequenos, mas de importância capital para nossa equação como pessoa. 
Referimo-nos a coisas quase ínfimas, mas que não podem merecer o descuido do nosso esquecimento. 
Podemos alinhavar na colcha das nossas memórias, alguém que teve um grande papel em nossa formação como criatura humana. 
Ela pode ter se chamado Ângela, Giovana, Maria, Anna, Rosa. 
Não importa. 
Os que crescemos habituados à sua presença, simplesmente diremos que o nome dela é nonna.
Mãe de nossa mãe ou de nosso pai. 
Com ela aprendemos muitas coisas: amassar o pão, assar no forno de tijolos, mexer pacientemente as frutas para as geleias, no enorme tacho de cobre. 
Na indumentária dessa personalidade marcante, com certeza, lembraremos de um item: o avental. 
Nossas nonnas o colocavam, mal se levantavam da cama. 
O avental protegia a roupa de qualquer sujeira, nas horas trabalhosas, entre o tanque, as refeições, as compotas, a limpeza primorosa da casa e do terreiro. 
Também servia como luva de proteção para retirar as panelas do fogão. 
Ou as tortas e bolos deliciosos do forno. 
E as mãos da nonna nunca se queimavam nesses processos.
Era um avental insuperável. 
Mais de uma vez, serviu para secar as nossas lágrimas, pelo joelho ralado na corrida ou na queda da bicicleta. 
Também limpou nossas caras sujas pelas traquinagens no quintal. 
Ou lambuzadas pelo doce devorado às pressas, na ânsia de querer mais. 
O avental da nonna era sempre um ninho de surpresas. 
Se ela vinha do galinheiro, poderíamos encontrar nele, os ovos ainda quentes. 
Na época das frutas, era um imenso tesouro, em que podíamos encontrar laranjas, ameixas, maçãs, morangos vermelhos, recém-colhidos. 
Ele se transformava num cesto de pano, trazendo da horta generosa, os legumes, as verduras, os temperos. 
Nos dias frios, quando o víamos, suspenso pelas duas mãos poderosas da nonna, sabíamos: ele continha mais algumas achas de lenha para alimentar o fogo, aquecendo a cozinha.
O avental da nonna. 
Como o poderemos esquecer? 
Ele está intimamente ligado àquela personalidade que gerou nosso pai ou nossa mãe. 
Àquelas mãos que nos acariciaram vezes sem conta. 
As mesmas mãos que tratavam a terra, as flores, os frutos.
Mãos que ajeitavam o avental centenas de vezes ao dia.
Lembranças que nos compete acalentar: o avental. 
Nossa avó. 
Redação do Momento Espírita, inspirado pelo texto O avental da nonna, de autoria ignorada. 
Em 30.8.2022.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

INAUGURAÇÃO DIÁRIA

DULCE MAGALHÃES
Você já participou de alguma inauguração? 
Reparou como tudo é bonito, festivo, em dia de inauguração?
As pessoas usam as suas melhores roupas e seus melhores perfumes. 
Os sorrisos estão por toda parte. 
E todos os detalhes são minuciosamente cuidados. 
As cores das flores devem combinar com o restante da decoração, a música não pode estar tão alta que perturbe o ambiente. 
O cafezinho tem um sabor especial. 
A recepção é impecável. 
Enfim, tudo é maravilhoso em dia de inauguração. 
A mercadoria se apresenta nos balcões, nas vitrines, nas mesas, harmoniosamente disposta. 
Um atrativo para os olhos. 
Entretanto, no dia seguinte, o mesmo local, as mesmas pessoas, a mesma mercadoria não têm o mesmo encanto. 
À medida que os dias se escoam, os funcionários vão se mostrando cansados e já não atendem tão bem a clientela.
O cafezinho nem sempre está gostoso. 
As flores não são trocadas com regularidade e apresentam a tristeza amarelada do ambiente em que se encontram. 
Parece que tudo vai assumindo um ar de mesmice. 
* * * 
Assim é na nossa vida, muitas vezes. 
Chega um momento em que vamos nos permitindo cair na monotonia e nos esquecemos da grandeza da vida que vivemos e da riqueza de tudo que nos cerca. 
Erguemo-nos pela manhã, trabalhamos, estudamos, nos alimentamos, quase que mecanicamente. 
É certo que a vida não é uma eterna festa, mas não pode ser simplesmente um amontoado de dias que se sucedem.
Importante seria que pensássemos em nossa vida em termos de uma constante inauguração. 
Ter, a cada despertar, algo novo em mente. 
Um projeto diferente. 
Criar situações que nos revigorem as disposições para a alegria. 
Lembrar de detalhes: mandar flores para alguém, mesmo que não seja dia de aniversário. 
Pode-se criar o dia de mandar flores. 
Escrever um bilhete de agradecimento. 
Mesmo que seja só para agradecer o fato de ter alguém por amigo, irmão. 
Fazer uma visita inesperada. 
Enriquecer nossas amizades com contatos frequentes e cordiais. 
Promover um encontro com os vizinhos. Colecionar frases positivas. 
Recomeçar estudos interrompidos. Iniciar outras etapas de aprendizado. 
Não desistir nunca de aprender. 
Criar novas ideias. 
Fazer uma meditação diária sobre os objetivos da vida. 
E não esquecer nunca de que para ser dia de inauguração tem que se estar feliz, ter esperança no futuro, sentir que está se fazendo algo novo e desafiador. 
Em síntese: dar sentido à própria vida. 
* * * 
Cada dia que surge, renovado, nos traz as oportunidades de trabalho, aprendizado, enriquecimento do espírito. 
Na forja das horas, amadurecemos nossos conceitos, reformulamos ideias e ideais. 
Enquanto se multiplicam as semanas e se somam os meses na Terra que nos acolheu para as experiências do progresso, invistamos na vida e perseveremos na execução dos nossos planos de felicidade, sem receios infundados, nem desânimo injustificado. 
Inauguremos nossa vida a cada dia, todos os dias. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Inaugure sua vida todo dia, de Dulce Magalhães. 
Em 11.3.2013.

domingo, 28 de agosto de 2022

PREPARANDO NOSSO LEGADO

Ana Claudia
Quintana Arantes
Conta-se que a morte havia trabalhado tanto em tempo de guerra, que sua foice perdeu o fio. Isso a incapacitava de ceifar novas vidas. 
Como ela precisava prosseguir na sua tarefa, procurou um ferreiro e pediu que ele afiasse a sua ferramenta. 
Logo que a viu, o homem levou um grande susto. 
Imaginou que a megera o viera buscar, que chegara a sua hora. 
Aliviado, ouvindo o pedido da morte, concordou em atender o que lhe fora solicitado. 
A foice ficou afiada outra vez e sua dona, muito agradecida. 
O ferreiro aproveitou, então, para formular o seu pedido: queria que a morte o avisasse com antecedência, quando o viesse buscar, para ele poder deixar toda sua vida em ordem, antes de partir. 
Ela concordou e se foi. 
Muitos anos depois ela voltou, disposta a levá-lo. 
O ferreiro ficou indignado, lembrando que haviam feito um trato: ela devia avisá-lo com antecedência. 
Então, a morte, tranquilamente, lhe lembrou que lhe enviara muitos e repetidos avisos: os cabelos embranquecendo, o caminhar mais lento, as rugas. 
Ora, de que mais ele precisava? 
O ferreiro entendeu. 
Como uma gentileza, ele pediu um pequeno prazo, para acertar alguns detalhes. 
A morte lhe concedeu e, no dia agendado, eles foram embora juntos. 
* * * 
O conto deve nos lembrar que de todas as certezas da vida, a maior e que alcançará a poderosos ou anônimos, ricos ou pobres, será a morte. 
Todos nascemos, temos um período de vida, que poderá ser curto, ou mais longo. 
O importante é deixarmos a vida sempre em ordem. 
Jamais transferir o abraço para o dia seguinte, a manifestação de ternura para a semana seguinte. 
O dia é hoje. 
O momento em que nosso coração pulsa e nossos sentimentos dizem que devemos dirigir uma palavra de carinho a quem temos em alta conta. 
Assim, se desejamos manifestar gratidão ao professor que nos honrou com seus ensinos, façamos hoje. 
Enviemos uma mensagem, providenciemos um mimo e o entreguemos. 
Hoje, enquanto o dia nos saúda nesta vida. 
Se desejamos presentear alguém, façamos hoje. 
Amanhã, poderá ser que um de nós não esteja bem ou como já experienciamos, não possamos nos aproximar por uma pandemia terrível, ou qualquer outro evento. 
Hoje é o dia de falar de amor, de pedir perdão, de escrever um poema, de ofertar uma rosa, um perfume. 
Hoje é o dia de reunir a família e compartilhar uma sobremesa deliciosa, um passeio no parque. 
É dia de assistir um desenho animado com os pequenos, comer pipoca, rolar no gramado, andar de bicicleta. 
O que tivermos que fazer, façamos. 
Não adiemos o que nos fale o nosso sentimento. 
Vivamos cada dia intensamente. 
Estudando, aprendendo, doando-nos ao outro, que pode ser o afeto mais próximo, o vizinho ou alguém distante, simplesmente necessitado. 
Façamos hoje o nosso melhor. 
E observemos nossos cabelos embranquecerem e o tempo esculpir caminhos em nossa face. 
Deixemos como nosso legado, mais do que quaisquer bens, a lembrança da nossa generosidade, do nosso sorriso, da nossa alegria de viver e tudo compartilhar. 
Aproveitemos. 
Hoje é o melhor dia para construirmos a fortuna de amor que desejamos deixar aos nossos amores. 
Redação do Momento Espírita, com base nas partes III e IX, do livro Pra vida toda valer a pena viver, de Ana Claudia Quintana Arantes, ed. Sextante.
Em 27.8.2022.

sábado, 27 de agosto de 2022

PERSIGA O QUE DESEJA

Pelos caminhos do nosso planeta é muito fácil achar aqueles que andam desestimulados em face da vida, dispostos a abrir mão dos próprios projetos e sonhos, considerando as dificuldades em alcançá-los. 
Muita gente sonha com determinada profissão, que lhe dará estabilidade econômica, que o fará realizado emocionalmente.
Porém, indispõe-se diante dos exames, dos testes variados ou da competição a enfrentar. 
Muita gente deseja falar diversas línguas para poder se comunicar com mais facilidade nas viagens, ou mesmo para se capacitar melhor para as exigências do trabalho, mas desanima quando sabe que precisará estudar e dedicar-se. Importante saber que as grandes conquistas da vida nunca serão fáceis, e assim não devem ser. Isso é parte do que as faz grandiosas. 
Não podemos nos iludir crendo que sonhos são realizados feito mágica, que, de uma hora para outra, as portas da facilidade se abrirão. 
Acompanhamos de longe as histórias daqueles que realizaram alguns de seus objetivos maiores. 
Recortamos um pedaço da história, normalmente, a fase final da conquista, e assumimos, ingenuamente, que tudo assim deve se dar. 
Alguém entra no palco de um concurso de talentos, um desconhecido da multidão. 
Ao soltar a voz, canta lindamente, impressionando e emocionando a plateia. 
Tem sua vida modificada a partir dali. Passa a ser reconhecido, a ser admirado. 
Curioso como ainda admiramos o talento dos outros como se fosse um presente de Deus, no sentido de que o Criador concedeu a alguns certos dons e a outros não. 
Como somos ingênuos... 
Aquele talento, que se desvela diante de nosso olhar estarrecido, é trabalho de séculos, conquista de uma alma imortal. 
Não há predileções na Criação. 
Não há tratamento distinto. 
Todos receberam as mesmas condições mas, cada um se desenvolveu de forma distinta, utilizando seu livre arbítrio e sua vontade. 
Dessa forma, é natural que, num mundo como o nosso, tenhamos ainda os que realizam e os que apenas admiram; os que produzem e os que invejam; os que caminham e os que se escoram nas pedras do caminho. 
Por isso, um sonho realizado é, muitas vezes, o trabalho de milênios! 
No entanto, esse trabalho enorme um dia teve um começo, um ponto de partida. 
Que tal o nosso ser hoje? 
Sim, agora, numa decisão de nossa vontade, num ímpeto de coragem da alma que finalmente romperá o marasmo, os dias iguais. 
Sigamos adiante! 
Sigamos ao encalço do que desejamos! 
Se as nossas intenções estiverem alicerçadas no bem, no amor, na beleza, o Universo trabalhará conosco, sempre. 
Não será uma jornada solitária. 
Será árdua. 
Precisa ser. 
Haverá momentos que pensaremos em desistir. 
Esses momentos farão parte da beleza e do valor da grande conquista final. 
Corramos ao encontro do que desejamos. 
Comecemos com um primeiro passo, um passo de decisão, de alegria, de quem é dono de seu destino, de quem sabe que está fadado à perfeição. 
Basta trabalharmos dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, por ela, com toda nossa alma, com todo nosso coração. 
As leis de Deus estão ao nosso lado. 
O próprio Criador, estará sempre conosco. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 40, da pt. VIII, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita Fernandes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 26.8.2022.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A INABALÁVEL CERTEZA DE DEUS

Augusto Cury
O jovem acreditava ser uma mente brilhante. Elaborava ideias, imergia o pensamento nos livros buscando maior conhecimento. Orgulhava-se de seu saber. Certo dia, deparou-se com um filósofo que, extasiado ante o espetáculo ímpar da natureza, expressava sua admiração ao Criador:
-Quem é Você que está por trás da cortina das nuvens? Por que silencia a Sua voz e grita através dos fenômenos da natureza? Por que gosta de se ocultar aos olhos humanos? Deixe-me descobri-lO. 
O rapaz, com ar de intelectual, lhe disse:
-Você está totalmente equivocado. Deus não existe. Ele é uma invenção do cérebro humano para suportar as limitações da vida. A ciência é o Deus do ser humano. 
Sem se perturbar, o filósofo respondeu: 
-Se você me disser que é um ateu, que não crê em Deus, sua atitude é respeitável. Ela reflete sua opinião e sua convicção pessoal. Agora, dizer que Deus não existe é uma ofensa à inteligência, pois reflete uma afirmação irracional. Não aja como um menino brincando com a ciência e construindo seu orgulho sobre a areia. Você nunca se indagou quem administra este imenso Universo? O porquê de tanta harmonia? Sua intelectualidade não lhe diz que todo efeito tem uma causa? E que se esse efeito é grandioso, imensurável deve ser a causa? Percebeu alguma vez os detalhes das folhas de uma palmeira? A perfeição do ovo? O potencial de uma minúscula semente que traz em si a árvore gigantesca? Já se perguntou quem deu origem a tantas espécies vegetais e animais? A tanta riqueza que se encontra no seio da terra e na profundeza dos mares? Guarde a certeza de que você pode duvidar de que Deus existe. Mas Deus não duvida de que você existe. Muitos filósofos acreditavam em Deus. Não tinham medo de argumentar e discutir a respeito. Afinal, não sabemos quase nada sobre a caixa de segredos da nossa existência. Milhões de livros são como uma gota no oceano. Somos, em verdade, uma grande pergunta procurando uma resposta. Ou muitas respostas: Quem somos? Para onde vamos? Por que fomos criados? A ciência é um produto do homem. Use-a mas não se deixe contagiar pelo vírus do orgulho. A sabedoria do ser humano não está no quanto ele sabe. Mas no quanto ele tem consciência de que não sabe. A nobreza de um ser humano está na sua capacidade de reconhecer a sua pequenez. 
Silenciou o filósofo. 
O jovem ficou a pensar. 
Olhou o sol que brilhava forte, sentiu a brisa leve no rosto, ouviu o farfalhar das folhas que se perdiam pelo chão. 
E continuou a pensar... 
* * * 
Deus está em toda parte e está dentro de nós. 
Quando tomamos de uma fruta e nos extasiamos com a sua cor, a sua textura, o seu sabor, estamos sentindo a Divindade.
Quando contemplamos as nuvens imitando andarilhos pelo céu, e as vemos destilar lágrimas generosas sobre a terra, estamos contemplando o cuidado de Deus com Suas criaturas. 
No verde das árvores, no vermelho das rosas, nas cores do arco-íris, 
Deus se manifesta. 
No dia abençoado, na noite escura. 
No rosto das pessoas que passam, nas sementes que brotam - em tudo Deus está. 
Permitamo-nos descobri-lO. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10, do livro O futuro da Humanidade – a saga de Marco Polo, de Augusto Cury, ed. Sextante. 
Em 19.4.2017.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

IMPREVISÍVEL, INSUPEITÁVEL, INESPERADO

Adolfo Teixeira da Silva e Antônio
Foram cinquenta anos de angustiosa procura. 
Os irmãos Adolfo e Antônio perderam o contato quando deixaram o Estado de Pernambuco, na década de 1960, e se mudaram para a região sudeste do Brasil, em busca de melhores oportunidades. 
A comunicação à época era difícil e, embora tenham se procurado por anos a fio, não conseguiram se reencontrar.
Quando se aposentou, Adolfo decidiu retornar à região nordeste, instalando-se em Maceió. 
Por conta de um problema de saúde, foi internado em hospital de grande porte da capital alagoense. 
No leito ao lado de Adolfo, outro homem também estava internado. 
As enfermeiras estranharam ao perceber que o sobrenome dos dois pacientes era idêntico e questionaram Adolfo se ele conhecia alguém chamado Antônio. 
Cheio de esperança, ele pediu à sua filha que indagasse ao companheiro de internamento o nome do pai dele. 
-Pedro da Silva, foi a resposta. 
Era o nome do pai de Adolfo. 
No mesmo instante, ele pediu a alguém que fosse à sua casa buscar uma antiga foto de família, na qual seu pai e seus irmãos estavam retratados. 
Quando mostraram a foto a Antônio, copiosas lágrimas rolaram por sua face. 
Não havia mais dúvidas: os irmãos haviam se reencontrado.
Antônio também se mudara para Maceió na ocasião de sua aposentadoria e eles não faziam ideia de que moravam próximos um do outro há quase dez anos. 
Tantos anos passamos separados, tantas foram as tentativas frustradas de nos reencontrarmos para, de repente, sermos internados no mesmo dia, um ao lado do outro. 
Foi um reencontro de emoção indescritível, um verdadeiro mistério de Deus, revela Adolfo, emocionado. 
* * * 
Encontros, desencontros, chegadas, despedidas, alegrias, tristezas. Em nossa existência, nada ocorre por acaso. 
As provações e tribulações pelas quais passamos, os sucessos e os insucessos da vida, o país no qual residimos, a religião que professamos, as condições financeiras de que desfrutamos, para tudo há uma explicação. 
A família na qual fomos acolhidos, as amizades que cultivamos, o companheiro ou a companheira que elegemos, os filhos que nos foram confiados, nada disso deve ser atribuído ao acaso. 
Atentemo-nos às nossas escolhas. 
São elas as responsáveis pelos acontecimentos tanto do passado quanto pelos do presente e futuros, felizes ou infelizes, comumente atribuídos ao acaso, à sorte ou ao azar.
Por assim ser, é preciso responsabilidade ao fazermos uso do livre-arbítrio que o Criador nos concedeu. 
A lei de causa e efeito é universal: para cada escolha, uma consequência. 
Sem dúvida, é certo que podemos contar com a misericórdia Divina, que leva em conta as nossas fraquezas. 
Porém, no devido tempo, quando estivermos preparados, a justiça de Deus permite que reparemos as faltas cometidas, registradas no tribunal da consciência. 
* * * 
O que rege as nossas existências não é o acaso, mas, sim, o livre-arbítrio, uma responsabilidade que o ser conquista por meio do progresso intelecto-moral. 
Afinal, imprevisível é a presença Divina surpreendendo a qualquer falta cometida. 
Insuspeitável é a interferência Divina sempre vigilante. Inesperado é a ocorrência Divina trabalhando pela ordem.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita,com base na biografia de Adolfo Teixeira da Silva e com transcrição de frases do cap. 3, do livro Alerta, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 26.1.2018.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

IMPRESSÕES NEGATIVAS

PAPA FRANCISCO
Hoje em dia, grande parte dos pais se preocupa em conduzir seus filhos a um templo religioso, em virtude da situação conflitante por que passa a nossa sociedade. 
Todavia, esses mesmos pais têm encontrado grande resistência por parte dos filhos, principalmente dos jovens e adolescentes.
Isso nos recorda uma experiência vivida por um casal de amigos. Eles tinham um filho de 14 anos que não se interessava em frequentar as reuniões religiosas junto com os pais, apesar de todos os esforços desses por persuadi-lo. Todas as vezes que os pais lhe falavam sobre a necessidade de se buscar a ajuda de Deus para enfrentar, com fé e confiança, as agruras da vida, o filho se mantinha calado, dedilhando sua guitarra, da qual poucas vezes se separava. Um dia, já cansados de tentar convencê-lo, sem lograr êxito, os pais foram um pouco mais veementes. Aproximaram-se do rapaz e começaram a lhe falar da importância de ele os acompanhar ao templo religioso. O garoto, que até então estava calado, segurou as cordas da guitarra com uma das mãos, fitou-os nos olhos, e disse: 
-Meus queridos pais: há quanto tempo vocês professam essa religião? 
O pai, imediatamente, respondeu que já fazia 20 anos, e a mãe disse que a professava desde o berço. O jovem abaixou a cabeça e continuou a acariciar sua guitarra. Mas os pais, inquietos, questionaram com impaciência: 
-Filho, você está surdo? Por que não fala direito com os seus pais? Diga-nos, por favor, os seus motivos. 
O rapaz levantou a cabeça novamente, olhou-os com um certo ar de tristeza e falou: 
-Eu não queria magoá-los, mas, se vocês insistem... Vocês acabaram de me dizer os anos que cada um frequenta o templo religioso e eu, que na verdade já sabia disso, peço que me digam, com toda sinceridade: Prá que serve a religião, se vocês vivem brigando dentro de casa? De que adianta buscar um Deus que não consegue fazer com que vocês se entendam e se perdoem, ao invés de viverem aos gritos um com o outro? Respondam, com sinceridade, de que vale uma religião se, de vez em quando eu vejo o pai dormindo no sofá e a mãe se debulhando em lágrimas, lá no quarto? Será que vocês me acham tão infantil a ponto de me convencer que a sua religião é boa para mim, quando não consegue fazer vocês felizes? Não! Eu realmente não perderei tempo com essas coisas que não são eficientes nem para vocês mesmos.
A história desses amigos vale como motivo de sérias reflexões para todos nós. 
Esquecidos de que nossos filhos são portadores de inteligência e bom senso, queremos que acreditem no que falamos e não no que eles observam no cotidiano, portas adentro do lar. É importante que aprendamos a ensinar pelo exemplo e não tentar convencer com teorias vazias. 
* * * 
Geralmente os responsáveis pelo distanciamento dos jovens do Criador, são os pais, com sua falta de fé ou hipocrisia. 
As religiões trazem, em seus postulados, as diretrizes que conduzem a Deus, mas os religiosos, ou os que se dizem tais, é que não as entendem ou as desvirtuam. 
Assim sendo, se quisermos, sinceramente, aproximar nossos jovens de Deus, aproximemo-nos Dele primeiro. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com história adaptada do cap. Necessidade de exemplo do livro Crepúsculo de um coração, de Jerônimo Mendonça. 
Em 05.09.2008.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

O CASTIÇAL

Malba Tahan 
Pedro era um homem pobre. Jardineiro, ganhava a vida no trabalho diário com flores e plantas. Certo dia, ele se dirigia para casa quando viu, no caminho, um homem prestes a ser assaltado. De imediato, foi em socorro do desconhecido. Graças à sua interferência, os dois ladrões fugiram sem causar danos físicos ou financeiros. Reconhecido, o quase assaltado resolveu premiar o seu salvador. Por ser um rico mercador e possuir muitas e ricas peças, tomou de uma caixa amarela de couro lavrado e a deu ao jardineiro. Pedro foi rápido para casa. Mal podia conter sua curiosidade. O que será que lhe teria dado o rico senhor? Como a caixa pesasse, ele pensou que poderiam ser muitas moedas de prata. Ao abrir a caixa para conhecer as preciosidades que ela devia conter, ficou desiludido. Era somente um castiçal. Um castiçal de metal escuro e pesado. O jardineiro ficou muito aborrecido. O que ele faria com um castiçal? Convencido do desvalor do presente, ele o jogou a um canto. Desprezado, o objeto ficou rolando pela casa. Em certo momento, o objeto serviu de calço para um móvel instável. De outra feita, foi utilizado como martelo pelo seu dono. Descuidadamente, o castiçal caiu no terreiro e ficou ao relento alguns dias. Como as dificuldades de Pedro se avolumassem, ele precisou sair daquela casa e foi morar em outra localidade. Levou consigo quase tudo que possuía. O castiçal ficou abandonado sobre uma mesa. Afinal, era uma coisa imprestável! Ora, aconteceu que tempos depois, a casa foi ocupada por um músico. Olhando para o esquecido castiçal, teve a impressão de que deveria ser uma peça interessante. Tirou-lhe o pó e o livrou das manchas que o recobriam. Viu que, na base da peça, havia várias figuras: um belo navio, que parecia vencer as ondas e uma bailarina graciosa, que dava a impressão de dançar no meio de um lindo jardim. Virando um pouco a peça, descobriu ainda um majestoso templo, com torres apontadas para o céu. Também um corcel negro a galopar sobre uma montanha de nuvens. Quanta beleza! Tratado como uma preciosidade, foi mostrado a várias pessoas. Finalmente, um rico colecionador de antiguidades o adquiriu, por uma fortuna incalculável. O que nas mãos de Pedro fora uma peça inútil e desprezada, se transformou em verdadeira riqueza, aos olhos inteligentes do novo ocupante da casa.
* * * 
Assim como o jardineiro, somos alguns de nós. 
Possuímos tesouros incalculáveis mas nossos olhos não descobrem seu valor, sua beleza. 
De todas as preciosidades, que Deus depositou nas nossas mãos, os maiores tesouros são os do afeto, que abençoam nossa vida, fazendo a grande diferença para nossos dias.
Pode ser um cônjuge dedicado, uma mãe extremosa, um filho, pais amorosos, um amigo sempre pronto a nos socorrer, nos estimular. 
Saibamos dar-lhes o justo valor. 
E sejamos gratos ao Provedor Divino que nos concedeu a ventura de tê-los por perto, como anjos tutelares de nossa existência. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A mulher e o castiçal, do livro Minha vida querida, de Malba Tahan, ed. Record. 
Em 23.8.2022.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O MAIOR ÊXITO

Trinta anos se haviam passado. A turma de ensino médio programou um reencontro. Foi numa tarde quente, na enorme mansão de um deles. Não faltavam elogios ao anfitrião, que recebia os amigos: a arquitetura, a disposição dos móveis, tudo como numa moldura de sonhos. Após o almoço, reunidos na sala ampla, a conversa passou para o relato das conquistas pessoais, o sucesso na carreira. Eram emocionantes. Alguns mais, outros nem tanto, mas todos haviam alcançado sucesso na profissão escolhida. Eram médicos, engenheiros, advogados, professores de ensino superior. Falavam de seu casamento, dos filhos. Quase todos tinham filhos no Exterior: Inglaterra, Suíça, Austrália. Filhos que ali aprimoravam seus estudos ou que exerciam profissão. Era um longo desfile de alegrias. Falavam da empresa multinacional para a qual haviam sido contratados os filhos, dos altos cargos que ocupavam em hospitais, indústrias e por aí afora. Dava gosto constatar a felicidade que sentiam pelo êxito próprio, que incluía o dos filhos. Deram-se conta, depois de muito falar, que uma, dentre eles, se mantinha calada, somente vibrando com a felicidade de cada colega. Voltaram-se para ela e lhe perguntaram: 
-E você, quais os grandes lances da sua vida? 
Ela sorriu e disse: 
-Amigos, nada tão eletrizante como os seus relatos. Vi meus irmãos se formarem, constituírem suas famílias e partirem, buscando seus próprios destinos. A mim, finalizando o ensino médio, sucederam acontecimentos: a morte repentina de meu pai, um irmão menor sob meus cuidados, necessidade de trabalhar para o sustento do lar, dedicação à avó e à mãe, que enfermaram, em anos sucessivos, me exigindo dedicação. Não consegui adentrar a Universidade tal o acúmulo de deveres para manter a família e atender aos problemas, que surgiam, como uma avalanche, a cada ano. Tive ofertas para crescer profissionalmente, transferindo-me para a capital federal, depois para o Rio de Janeiro e São Paulo. A debilidade orgânica de minha avó e de minha mãe não me permitiram atender a nenhum dos convites. Elas tinham somente a mim. Passaram os anos. Não me casei, não tenho filhos senão os da alma, que assumi, por questões muito próprias. Nunca empreendi grandes viagens, porque minhas economias eram e ainda o são direcionadas aos que dependem de mim. Então, acho melhor vocês continuarem a falar de seus progressos, de suas glórias. A mim, tudo isso encanta porque me parecem fenomenais os seus relatos. 
O silêncio se fez na sala. Havia lágrimas em algumas faces. Todos ficaram olhando para a colega que, nos bancos do ensino médio, tinha ousados sonhos. Viajar para o Exterior, aprimorar-se em outro idioma, cursar a faculdade, casar-se, ter filhos. Tudo lhe fora frustrado. No entanto, ali estava ela a se alegrar com o sucesso dos amigos, a se regozijar com as suas conquistas. Olhares se cruzaram. Finalmente, um deles disse: 
-Já sabemos quem alcançou o prêmio de maior vencedor entre todos nós. 
Sim, há os que vencem no mundo e há os que vencem a si próprios, no silêncio da renúncia, servindo ao semelhante.
Redação do Momento Espírita 
Em 22.8.2022.

domingo, 21 de agosto de 2022

IMPRESSÕES DE OTIMISMO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Muito se tem escrito sobre as fórmulas proveitosas dos pensamentos positivos, elaborando resultados eficientes, imediatos. 
A psicologia, ao estudar mais profundamente a psiquê humana, através da psicanálise, constata que todas as impressões, conscientes ou não, se arquivam na inconsciência, em cujos depósitos transitam, retornando à consciência, a seu tempo. 
Ora, enviando-se mensagens constantes e positivas aos arquivos da mente, oportunamente estas aflorarão, realizando o fim a que se destinam. 
Pouco importa que as impressões remetidas sejam acreditadas ou não. 
O essencial é que sejam enviadas ininterruptamente, de tal modo que consigam expulsar aquelas que criaram o clima de pessimismo. 
Preenchendo nossa mente e nosso dia com pensamentos positivos, literalmente não haverá espaço nem tempo para os pensamentos negativos, tristes e perigosos. 
É como se nossa mente fosse um grande vaso repleto de água turva, e fôssemos lentamente substituindo, molécula a molécula, esse líquido sujo, por águas claras e límpidas.
Assim, vale dizer, diariamente e muitas vezes: 
-Sou feliz. Lutarei, pois, contra as minhas imperfeições, consoante os ditames cristãos. 
Criemos o hábito, empolguemo-nos com ele, e conseguiremos a prática das virtudes evangélicas, a princípio por automatismo psicológico, depois por entusiasmo racional.
Comecemos a considerar, por princípio, que todas as pessoas guardam valores positivos nos seus corações, por exemplo.
Que nossos comentários sobre alguém tragam somente referências às suas qualidades superiores, mínimas que sejam, sem azedume, e descobriremos, surpresos, em breve, que todos temos aspectos bons, não havendo ninguém totalmente repleto de maldade. 
Também iremos nos impregnar de bondade e cantaremos, sem que o percebamos, a mesma alegria do Senhor e dos Seus discípulos, começando novos tempos para a própria vida na Terra, serenos e realmente ditosos. 
* * * 
Sabemos que os Espíritos nos influenciam a vida significativamente, então, como aproveitar melhor esta ação inevitável? 
Se desejamos boas influências, faz-se necessário que ouçamos os bons Espíritos, os que desejam nosso bem. 
Se desejamos ouvir os bons, faz-se necessário que estejamos numa mesma sintonia, no mesmo padrão de pensamento que eles. 
É aí que entra uma outra consequência benéfica dos pensamentos positivos: a possibilidade de ser muito bem inspirado em todas as situações da existência. 
Em toda parte e sempre uma vida oculta se mistura à nossa.
Quem decide que tipo de influência será esta, que tipo de companhia teremos junto aos nossos passos, somos nós, através de nossos pensamentos.
Quem deseja ter boas companhias precisa ser um bom companheiro. 
Ninguém aprecia estar ao lado de pessoa negativa e pessimista. 
Por outro lado, as pessoas que irradiam otimismo, alegria, bem-estar, estarão sempre bem acompanhadas. 
Que essas impressões de otimismo possam iluminar nossa estrada, motivar nossa alma e aquecer nosso coração.
Lembremos de dizer a nós mesmos, várias vezes: 
-Sou feliz. Lutarei, pois, contra as minhas imperfeições, consoante os ditames cristãos. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 59, do livro Espírito e vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 31.05.2011.

sábado, 20 de agosto de 2022

IMPOSSÍVEL SILENCIAR

AMÉLIA RODRIGUES
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Foi logo após a cura do coxo, à entrada do Templo. 
A notícia do feito se espalhou com rapidez e alcançou os ouvidos das autoridades da governança. 
Receosos com o efeito do fato, resolveram providenciar para logo a prisão dos dois apóstolos responsáveis. 
Enviaram seus soldados e trancafiaram em torpe prisão aos dois galileus: Pedro e João. 
A reação dos que detêm o poder e temem a verdade é sempre a mesma: intimidar, ameaçando ou buscando vencer aqueles que a apresentam. 
Quando não a conseguem vencer, a sua estratégia é a de silenciá-la, inutilizando os seus porta-vozes. 
Porque fosse noite, ambos foram colocados no cárcere para, no dia seguinte, enfrentarem minucioso interrogatório, diante do próprio enfermo recuperado, saudável. Pedro, interpretando as vozes celestes que o inspiravam, não se deixou intimidar. 
Exaltou o Cristo. 
-Não há salvação em nenhum outro, afirmou, porque dentre os homens Ele é o maior. 
Os juízes e as demais autoridades assombraram-se com a coragem de ambos. 
Havia exatidão no verbo do apóstolo Pedro. 
Não detectaram, em verdade, qualquer crime ou erro passível de punição em Pedro e João. 
Além do mais, temiam a reação do povo. 
Resolveram, portanto, libertá-los sob uma condição: de não mais se referirem a Jesus, o Cristo. 
Os interrogados lhes responderam então: 
-Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. 
O silêncio lhes era impossível. 
Podiam perder o corpo mas não poderiam deixar de divulgar a verdade.
A verdade é transparente como a luz do amanhecer. 
Procede de Deus e a conduz o pensamento. 
Por isso, é impossível o seu silêncio. 
Haveriam de chegar as perseguições, os seguidores do Cristo perderiam seus corpos, mas não haveriam de se calar. 
Jesus afirmou que a verdade liberta, porque impõe responsabilidade e dever. 
Em todos os tempos, homens houve que pretenderam possuí-la e a reter. 
No entanto, a verdade procede do amor e se expressa em paz. 
A sua proposta é clara e terminará por impregnar as mentes e acolher-se nos corações de todos os homens. 
Por isso mesmo, é impossível o seu silêncio. 
Abraçá-la significa abdicar da ignorância e se torna possível ser feliz, desde o hoje. 
* * * 
A coragem é consequência natural da fé e não significa desatino, temeridade, irreflexão. 
A coragem é calma, segura, fonte geratriz de equilíbrio que fomenta a vida. 
A coragem é essa energia que sustenta, essa força moral que conduz ao êxito. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Silêncio impossível, do livro Dias venturosos, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no verbete Coragem, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 10.12.2012.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

A ERA DA ANSIEDADE

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Respire fundo. 
Feche os olhos. 
Expire sem pressa. 
Você é capaz de estar aqui, presente por completo, durante estes cinco minutos? 
Poucos de nós conseguimos. 
A mente e o coração andam agitados demais e, se o corpo não respirasse sozinho teríamos dificuldade até para inspirar e expirar. 
Muitos andamos sobrecarregados emocionalmente. Incertezas, preocupações, medos – são tantos os nomes que aprendemos a dar. 
O mundo nos exige muito: competição desenfreada, satisfações a todos, padrões que mudam toda hora. 
Por isso, a raiva surge sem ser convidada e com frequência incômoda. 
A impaciência está presente quase sempre. 
O mau humor parece que veio para ficar. 
Tudo nos incomoda. 
Difícil tolerar as pequenas coisas, as pequenas adversidades, os pequenos tropeços dos outros e também os nossos. Difícil agradar. 
Difícil estar sempre bem. 
Difícil atender as expectativas... 
Alguns pedimos ajuda. 
Resolvemos fazer terapia, tratamentos mais profundos, buscando alguém que nos ensine a nos conhecer e a desacelerar. 
Muitos só estamos toleráveis para nós e para os que vivem ao nosso redor graças à medicação. 
Vivemos a era dos medicamentos, que atuam no reequilíbrio das emoções, que auxiliam a reorganizar a mente, que se perdeu de uma forma preocupante. 
Vivemos a era da ansiedade. 
Então, o que podemos fazer por nós? 
Como conquistar o equilíbrio em meio ao caos de dentro e de fora? 
Somente uma reanálise da existência e seus verdadeiros propósitos é capaz de organizar o Espírito em agonia.
Recordar que somos Espírito numa experiência temporária no corpo. 
Assim, os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física, tranquilizam o homem, fazendo com que considere a transitoriedade do corpo e a perenidade da vida. 
Buscar aplicar o tempo na aquisição de recursos imortais, de tudo aquilo que levaremos conosco, que nos propicie beleza da alma, que nos traga paz e perfeição. 
Guardar, disciplinadamente, intervalos para a meditação diária, mesmo com dificuldade, nos primeiros momentos desse exercício. 
Ter a oração como higiene espiritual indispensável, várias vezes ao dia. 
Alimentar-se de conteúdos enriquecedores na área da cultura, das artes, dos estudos. 
Toda boa palavra ressoando, seguidamente, nas paredes da alma vai lhe alterando os padrões vibratórios. 
Desligar-se dos eletrônicos, desconectar-se de tudo que é fonte de ansiedade, a partir de determinado horário do dia, favorecendo a preparação para uma boa noite de sono. 
Se desejamos aproveitar melhor o momento do desligamento temporário da noite, quando o Espírito estará em atividade no mundo espiritual, preparemo-nos melhor, programando os sonhos com mais seriedade e compromisso renovador. 
Por fim, são válidas ainda, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade fraternal e a compaixão. 
Com elas, mudamos as energias em torno de nós, instalamos o otimismo renovador, sintonizamos com Espíritos que nos renovam as forças e nos resgatam das armadilhas dos pensamentos ansiosos. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, item A ansiedade, do livro O Homem Integral, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 18.8.2022.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

IMPORTANTE OPÇÃO

Emília pertencia a uma família de classe média, em país europeu que sofria crises e carestias. 
Fome e epidemias ameaçavam toda a população polonesa.
Desde pequena, ela tinha uma saúde frágil, e não melhorava devido às condições em que vivia. 
Muito jovem se casou com um operário têxtil e se estabeleceram em uma cidadezinha nova, Wadovice, a trinta quilômetros de Cracóvia. 
Pouco tempo depois, nasceu Edmundo, um garoto belo, bom aluno, atleta e de personalidade forte. 
Chegaria a se formar em Medicina. 
Em 1915, Emília deu à luz uma menina, que só sobreviveu poucas semanas, por causa das más condições de vida a que a família estava submetida. 
Catorze anos depois do nascimento de Edmundo, e quase dez da morte de sua segunda filha, Emília se encontrava em uma situação particularmente difícil. 
Tinha cerca de quarenta anos e sua saúde não havia melhorado: sofria severos problemas renais e seu sistema cardíaco se debilitava, pouco a pouco, devido a uma doença congênita. 
Além disso, a situação política do seu país era cada vez mais crítica, pois havia sido muito afetado pela recém terminada Primeira Guerra Mundial. 
Viviam com o indispensável e com a incerteza e o medo de que se instalasse uma nova guerra. 
Nessas terríveis circunstâncias, ela percebeu que estava grávida. 
Apesar do acesso ao abortamento não ser fácil nessa época, e no país tão pobre, não faltou quem se oferecesse para praticá-lo. 
Sua idade e sua saúde faziam da gestação um alto risco para sua vida. 
Ela se perguntou: 
-Que mundo posso oferecer a este pequeno? Uma vida miserável? Um povo em guerra? 
Emília desconhecia que só lhe restavam dez anos de vida, por causa de seus problemas de saúde. 
Alguns anos mais tarde, aconteceria a Segunda Guerra Mundial e, no ano de 1941, o pai da criança que estava por nascer também perderia a vida. 
Contudo, entre as dificuldades que a assombravam e a vida que nela palpitava, Emília optou por dar à luz ao filho, que chamou de Karol. 
Ele foi o único sobrevivente da família. 
Aos vinte e um anos, ficou sem os pais e sem os irmãos. 
Esse menino se tornaria um grande homem. 
Nas visitas que realizou a cento e vinte e nove países, em nome da paz e do amor, pelas ruas, milhões de gargantas exaltadas gritavam: 
-João Paulo Segundo, nós te amamos. 
Com vários problemas de saúde, esse Papa confessou que somente se sustentava pela força das orações em seu favor.
* * * 
Emília podia ter decidido não permitir o nascimento daquele terceiro filho. 
Que grande homem teria perdido o mundo. 
Um homem que utilizou do seu prestígio para falar a dirigentes das nações das doenças da sociedade e que, esperançoso, afirmava que há razões para confiar, para esperar, para lutar, para construir. Jamais digamos não à vida.
Não importam as situações adversas, nem as nuvens borrascosas que teimam em se apresentar. 
O ser que bate à porta do coração poderá nascer para grandes feitos ou, simplesmente, para enrolar seus braços em seu pescoço e sussurrar aos seus ouvidos: 
-Eu te amo, mamãe. 
Redação do Momento Espírita, com base em biografias de João Paulo II, nos sites
Em 11.9.2014.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

IMPORTANTE LIGAÇÃO

A tarde era de calor intenso, na pequena cidade. 
Ela se sentira bem até há pouco. De repente, algo mudou. Uma sensação de desânimo a dominou. Parecia perceber que alguma coisa não estava bem. Sentia angústia sem conseguir determinar o motivo. Fechou o livro que estava lendo, sem ânimo para prosseguir na leitura. Olhou para o crochê, sobre a mesa. Apenas olhou para a cesta de linhas, sem vontade alguma. Ligou a televisão, mas seu pensamento estava longe. Pensou em sair um pouco. Entretanto, mal atravessou a porta que dava para o jardim, deu alguns passos, e voltou. Parecia-lhe que alguém a chamava repetidamente, sem conseguir imaginar quem seria. Finalmente, recordou da oração. Recolheu-se ao quarto. Na prece sentida, pediu auxílio ao seu anjo de guarda. Também lembrou de pedir pelos necessitados, pelos que estivessem se despedindo da vida, pelos que estivessem atravessando dores superlativas. Sentiu-se acalmar. Depois de algum tempo, retomou seus afazeres, de forma normal. No dia seguinte, a surpresa. Notícia do exterior lhe informava que uma amiga muito querida morrera na véspera, vítima de um acidente. Lendo os detalhes, Ester constatou que a hora do acidente coincidia com a do momento em que principiara a se sentir incomodada, na tarde anterior. 
* * * 
Importante sabermos que para os pensamentos e sentimentos não existem barreiras. 
No momento em que pensamos, automaticamente nos transportamos ao objeto do nosso interesse, seja pessoa ou local. 
Como nosso pensamento é alimentado e impulsionado pelos sentimentos, a carga de emoções o acompanha. 
Se as emoções são positivas, cheias de energias confortadoras, essas chegarão ao destino, beneficiando sempre. 
Se as emoções forem de tristeza, as energias que despendemos chegam ao ponto que fixamos, contagiando. 
Se forem pensamentos destrutivos, envoltos em nuvens negativas e destruidoras, seguem carregados de ondas que perturbam. 
Pensamento é energia. 
Todos o utilizamos, embora nem todos saibamos da força que através dele movimentamos. 
Força que pode ser positiva, neutra ou negativa, dependendo dos sentimentos que a impulsionam. 
No caso em pauta, a amiga, ao morrer, pensara em Ester, como se a desejasse avisar do ocorrido. 
Ester teve os sentimentos de tristeza, desânimo, sem definir o que ocorrera, quando o pensamento da amiga a alcançara.
A prece, buscada na hora oportuna, teve o condão de acalmar a receptora e, igualmente, alcançar a emissora. 
Por isso, adveio a tranquilidade. 
 * * * 
Foi o Mestre Jesus quem nos ensinou a orar e a orar uns pelos outros. 
Dessa forma, a prece, em momentos de inquietação, é excelente terapêutica. 
Ao orarmos ao Pai, pedindo por nós ou por outrem, a resposta não tarda. 
Orar é revestir o pensamento em muito amor, carinho, e boas intenções. 
A oração nos propicia clima positivo, auxiliando, inclusive, aos que nos estão próximos ou a nós estejam ligados, pelos laços do afeto. 
Dessa forma, para louvar – oremos... 
Para pedir – oremos... 
Para agradecer – oremos... 
Mantenhamo-nos ligados ao Bem Superior. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.5.2016.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

UMA IMPORTANTE LIÇÃO

Numa época em que um sorvete custava muito menos do que hoje, um menino de dez anos entrou numa lanchonete e se sentou a uma mesa. 
Uma garçonete colocou um copo d'água na frente dele.
-Quanto custa um sundae?-Ele perguntou. 
-Cinquenta centavos, respondeu a garçonete. 
O menino puxou as moedas do bolso e começou a contá-las.
-Bem, quanto custa o sorvete simples?-Perguntou outra vez.
A essa altura, mais pessoas estavam esperando por uma mesa. 
A garçonete foi se irritando. 
De maneira brusca, respondeu: 
-Trinta e cinco centavos. 
O menino, mais uma vez, contou as moedas e disse: 
-Eu vou querer, então, o sorvete simples. 
Depressa, a moça trouxe o sorvete simples e a conta, colocou na mesa e saiu. 
O menino acabou o sorvete, pagou a conta no caixa e saiu.
Quando a garçonete voltou e começou a limpar a mesa, não pôde deixar de chorar. 
Ali, do lado do prato, havia duas moedas de cinco centavos e cinco moedas de um centavo. 
Ou seja, o menino não pôde pedir o sundae porque ele queria que sobrasse a gorjeta da garçonete. 
Ser grato aos que nos servem é um dever tanto quanto servir com alegria. 
Quem serve, deve mostrar gratidão pela oportunidade do trabalho. 
Quem é servido deve demonstrar gratidão pelo serviço do outro, de que necessita. 
Afinal, todos somos, na Terra, dependentes uns dos outros. 
Já imaginou em que se transformaria o panorama do mundo sem a contribuição de faxineiros, pedreiros, carpinteiros, jardineiros? 
O que seria do hospital, com médicos, enfermeiras e gente especializada nos laboratórios, se faltasse a faxina para garantir a limpeza? 
Como poderia garantir a qualidade dos seus pães e doces, o padeiro, sem o concurso do produtor que lhe entregasse a farinha de boa qualidade? 
De que valeria o trabalho muito bem pensado e estruturado de engenheiros e arquitetos, se faltasse a preciosa mão de obra de serventes e carpinteiros? 
Em todo lugar, sempre, dependemos uns dos outros. 
O que abre a loja e expõe a mercadoria, necessita do cliente que observe, goste e compre. 
Clientes e vendedores, patrões e empregados, superiores e subordinados, necessitamos e muito uns dos outros. 
Não podemos sobreviver, muito menos viver uns sem os outros. 
Por isso, a melhor técnica é nos unir, dar as mãos, valorizarmo-nos uns aos outros e sermos gratos pela oportunidade de servir e receber serviços. 
* * * 
O comércio é também uma escola de fraternidade.
Realmente, precisamos da atenção do vendedor, mas o vendedor espera de nós a mesma atitude. 
Sempre que nos sintamos no direito de reclamar, não façamos do nosso verbo um instrumento de agressão. 
Por vezes, a pessoa mal-humorada, em seus contatos públicos, carrega um pesado fardo de inquietação e doença.
Acostumemo-nos a pedir por favor aos que trabalham em repartições, armazéns, lojas, lanchonetes e hotéis. 
Antes de serem empregados à disposição de clientes, são seres humanos que sentem alegria, dor, têm seus problemas e esperam compreensão dos demais seres humanos.
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada e no cap. 11 do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec. 
Em 14.08.2012.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

PAIS BRILHANTES

Viktor Frankl
É comum as pessoas justificarem os seus erros, invocando suas precárias condições de vida. 
Dizem que foi o desespero que as levou a tomar atitudes equivocadas ou que circunstâncias negativas as fizeram agredir o seu semelhante ou suas propriedades. 
Viktor Frankl, um judeu vienense, prisioneiro dos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, escreveu: 
"Nós que vivemos em campos de concentração podemos lembrar dos homens que andavam pelos alojamentos confortando os outros, distribuindo seus últimos pedaços de pão. Talvez eles tenham sido poucos. Mas são prova suficiente de que tudo pode ser retirado de um homem. Menos uma coisa, a última das liberdades humanas – escolher que atitude tomar em quaisquer circunstâncias, escolher o seu próprio caminho. Portanto, escolher o bem ou o mal compete a cada um. O que nos falta é uma melhor educação. Aquela que tem a ver com a formação do caráter da criatura. Para isso precisamos de pais conscientes, que ensinem verdadeiros valores a seus filhos. Que lhes digam que é nobre dizer a verdade, mesmo que isso não os credencie a receber algum prêmio ou compensação. Pais que tenham coragem de falar aos seus filhos sobre os dias mais tristes das suas vidas. Que tenham a ousadia de contar sobre as suas dificuldades e como as conseguiram vencer. Pais que não desejem dar o mundo aos seus filhos, mas que queiram lhes abrir o livro da vida. Pais presentes que desenvolvam em seus filhos: autoestima, capacidade de trabalhar perdas e frustrações, filtrar estímulos estressantes, dialogar e ouvir. Pais que tenham tempo, mesmo que seja muito curto. Pais que joguem menos golfe, futebol e se sentem para conversar com os filhos, descobrindo-lhes o mundo íntimo. Pais que não se preocupem somente com festas de aniversário, tênis, roupas, produtos eletrônicos. Também em dialogar. Pais que sabem que não devem atender todos os desejos dos seus filhos, porque isso os tornará fracos, dependentes. Pais que deem o que todo o dinheiro do mundo não pode comprar: o seu amor, as suas experiências, as suas lágrimas e o seu tempo. Em síntese: um autêntico processo de educação, no qual o filho aprende que amar é o maior dos tesouros. E não se tornará infeliz porque não tem a roupa de grife, ou não conseguiu viajar ao Exterior, nas férias. Será alguém que se preocupa com o seu semelhante. Alguém que reconhece a grande diferença entre ter coisas e ser uma pessoa útil à comunidade, um cidadão honrado, um homem de bem."
  * * * 
É possível que digamos que trabalhamos muito e não temos tempo. 
Contudo, façamos, do pouco tempo disponível, grandes momentos de convívio com nossos filhos. 
Rolemos no tapete, façamos poesias. 
Brinquemos. 
Conheçamo-los e permitamos que eles nos conheçam.
Lembremos: nossos filhos não precisam de um super-homem, de um executivo bem sucedido, de um empresário muito rico.
Para eles não importa se somos médico, professor, administrador de empresa, copeiro, enfermeiro. 
Importa, sim, o ser humano que somos e que os ensinará a ser. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes, de Augusto Cury e no cap. Obstáculos, do livro Histórias para Aquecer o Coração – edição de ouro, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ambos da ed. Sextante. 
Em 15.8.2022.

domingo, 14 de agosto de 2022

IMAGEM DE PAI

Mário Ottoboni
Existe um homem que se esmera no cumprimento do dever para dar bom exemplo. 
Quando precisa chorar, o faz à distância, a fim de não ser visto, nem preocupar os que o cercam. Mesmo porque, por vezes, são eles mesmos a causa das suas lágrimas doridas. 
Esse homem quase sempre é chamado de desatualizado, embora esteja sempre pronto para ofertar uma palavra orientadora ou relatar fatos felizes que podem ser imitados. 
Poderia se exaltar muitas vezes, mas não o faz, preferindo a serenidade para melhor ensinar. 
Em certas oportunidades, passa noites maldormidas a pensar na melhor maneira de transmitir ensinamentos aos que são sua responsabilidade.
Fisicamente passa distante o dia inteiro. 
O seu é o objetivo de um futuro melhor para os que tem sob a sua guarda.
Mesmo extremamente cansado, arranja forças para distribuir confiança.
Humano e sensível tem capacidade de chegar às lágrimas de emoção ao perceber o triunfo daqueles que ama.
Emociona-se e se orgulha dos feitos dos seus amados. 
Quando retorna ao lar, ao final da jornada, distribui carinho, dá do seu tempo, mesmo que não receba na mesma intensidade. 
Sem cobranças. 
Sem exigências. 
Quando deixa de existir na Terra, toma dimensões imensuráveis e passa a ter um grande valor. 
Falamos a respeito do melhor amigo, o pai. 
Normalmente, quando crianças, acreditamos que o pai é aquela criatura que tudo sabe. 
Ele é o maioral, tudo pode. 
Quando aportamos à adolescência, nossa opinião se modifica e principiamos a cogitar de que nosso pai se engana em quase tudo o que diz. 
Quando chegamos à juventude e enfrentamos o mercado de trabalho, acreditando-nos semideuses, o nosso conceito é de que nosso pai está bastante atrasado em suas teorias. 
Meio desatualizado, ultrapassado. 
Mais alguns anos e a nossa é a certeza de que ele não sabe nada mesmo. Iludidos pelo sucesso aparente dizemos que, com a nossa experiência, nosso pai poderia se tornar um milionário. 
Basta, contudo, que a madureza nos alcance para principiarmos a pensar um pouco diferente. 
Passamos à posição de que, talvez, ele pudesse nos aconselhar.
Afinal, ele tinha ideias notáveis, nem sempre bem aproveitadas, é certo.
É a hora em que gostaríamos muito de ter nosso pai ao lado para nos falar da sua sabedoria. 
É o momento que lamentamos, muitos de nós, que ele já não esteja na Terra e lastimamos a sua ausência física. 
* * * 
Quase sempre passamos a apreciar o valor das coisas e dos conceitos de tudo quanto nos cerca, na medida dos conhecimentos e valores que tenhamos já sedimentado no íntimo. 
Não há dúvida de que nos pouparemos de muitos dissabores e riscos se soubermos dar mais atenção ao que nos dizem as pessoas mais experientes. 
Será bastante inteligente de nossa parte se soubermos nos servir daqueles que já passaram pelos caminhos que pretendemos trilhar. 
E, em se tratando dos pais, uma certeza a mais podemos guardar: a de que são nossos melhores amigos. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto O que o filho pensa do pai, de autoria desconhecida, do texto Imagem de pai, de Mário Ottoboni e do texto A sabedoria dos mais velhos, de autoria desconhecida 
Em 06.08.2010.