Andy Foster tem quarenta e cinco anos. É autista e garçom num restaurante da Inglaterra.
Quando alguns clientes se sentiram incomodados com sua presença, como se tivessem algum problema em serem atendidos por ele, o dono do estabelecimento tomou uma atitude radical.
Escreveu uma carta e postou numa rede social:
"Hoje passamos o dia reconstruindo a autoestima de um dos membros da nossa equipe, depois dele ter sido desrespeitado e discriminado ao servir uma mesa, no jantar de ontem à noite.
-Qual é o problema dele? e “por que você deu este trabalho para ele? - Os clientes perguntaram...
Aqui em nosso restaurante, nós contratamos nossos funcionários com base na experiência e paixão pelo trabalho...
Não contratamos pela cor da pele, pela aparência, pela quantidade de tatuagens, pelo tamanho das roupas, pelas crenças religiosas ou por doenças. Nós não discriminamos!
Mas se você faz isso... Então, por favor, não reserve uma mesa conosco. Você não merece nosso tempo, esforço, nem respeito!"
* * *
Ainda trazemos vícios antigos na alma.
Por que homens e mulheres recebem remunerações diferentes ao realizarem o mesmo trabalho, ao ocuparem o mesmo cargo?
Por que pessoas idosas não podem trabalhar?
Por que nos utilizamos do termo incapaz, referindo-nos à pessoa com deficiência?
Incapaz do quê?
De realizar certas tarefas?
Reflitamos: será que todos nós não somos ainda incapazes de muitas coisas?
Como Espíritos em desenvolvimento na Terra não temos muitas lacunas intelecto-morais?
Alguns de nós, vendo alguém tocando alguns acordes de uma música num instrumento qualquer, afirmamos: Não sou capaz de tocar nem uma campainha!
Outros não temos jeito algum para trabalhos manuais.
Outros, ainda, não entendemos uma vírgula das notícias sobre economia, bolsa de valores, câmbio, etc.
E somos chamados de incapazes por isso?
Seria uma grande ofensa, no mínimo.
Assim, debruçando nosso olhar para esses que são considerados especiais, perceberemos que eles podem ter muita dificuldade em certas áreas; que aprendem com mais vagar.
Entretanto, ao mesmo tempo, fazem muitas outras coisas com maestria, até com virtuosismo.
São capazes de atender uma mesa num restaurante com mais simpatia e alegria do que muitos dos chamados normais;
são capazes de realizar tarefas com extrema atenção, com capricho – algo muito difícil de se encontrar em funcionários, no geral;
são capazes de cozinhar, de ministrar uma aula, de atuar e de tudo que possamos imaginar.
Mais ainda, são capazes de nos fazer acreditar no poder da persistência, do esforço e da resignação.
Eles nos ensinam muitas coisas.
Pensemos bem.
Reflitamos um pouco mais da próxima vez que ouvirmos o termo incapaz ou quando percebermos qualquer tipo de discriminação com quem quer que seja.
Por fim, sejamos nós aqueles que abramos portas para eles, para que deixem de ser excluídos em nossa sociedade e possam ter uma vida plena.
Não permitamos que nosso preconceito nos transforme em verdadeiros incapazes.
Redação do Momento Espírita,
com base em fato.
Em 30.05.2016.