terça-feira, 31 de maio de 2022

IDEIAS INATAS

Washington Luiz Nogueira Fernandes
Ivan Márcio Gomes Barbosa nasceu em Surubim, Pernambuco, em 1977. Filho de pedreiro e de uma doméstica. Aos cinco anos começou a montar carrinhos de madeira. Aos doze anos começou a fazer os carrinhos com sucatas de latas de óleo de cozinha, pois não tinha condições financeiras para comprar material. Foi engraxate, vendedor de algodão doce e picolé, catador de lixo, pipoqueiro e verdureiro. Sempre juntando sucatas para seus inventos. Aos vinte anos começou a fazer robôs com sucatas eletrônicas: materiais de vitrolas, de aparelhos de som, de rádio, de televisores etc., que conseguia no ferro velho. Sua facilidade para manipular esses materiais fez com que ele procurasse uma escola técnica em mecânica industrial. Assim o fez, começou a estudar e, em 1998, obteve o primeiro lugar na Feira de Conhecimentos. Foi primeiro colocado numa Feira de Ciências em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Em 1999, em Recife, Pernambuco, concorreu com 54 colégios noutra Feira, onde, da mesma forma, obteve a primeira premiação. Atualmente, é membro do Espaço Ciência, em Pernambuco e já fez 15 robôs de sucata. Entre eles um robô cartesiano, manipulador com garras, vários eixos e seis movimentos variados. Também um robô antibomba e anti-incêndio, com manipulador de materiais, para proteger a vida de bombeiros, por exemplo. Seu dom atraiu o Fantástico, da TV Globo, em meados de 2005. Por ter sido premiado várias vezes ao vencer concursos de inventos, mesmo em outros Estados e querendo desenvolver seus dons e tendências de criança, Ivan quer estudar Mecatrônica e Robótica. Ele reconheceu que tem sonhos quando está trabalhando em algum robô.
Essa facilidade de Ivan para criar robôs, desde pequeno, primeiro com madeiras e depois com sucatas, até eletronicamente, são indícios que nos fazem pensar. 
De onde Ivan trouxe esses conhecimentos? 
Não os adquiriu nesta vida, porque nasceu e cresceu num meio totalmente diverso a isso. 
O Codificador da Doutrina Espírita, analisando casos dessa ordem, teve oportunidade de interrogar os Imortais a respeito. 
Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo, etc? 
E recebeu a sábia resposta: 
Lembrança do passado. 
Progresso anterior da alma. 
O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem.
Vemos assim que a Lei da multiplicidade das existências para o Espírito é imprescindível à Lei de progresso. 
Os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem. O Espírito até pode esquecê-los, de forma momentânea, em uma vida. 
Mas a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. 
Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. 
O ponto de partida, pois, para o Espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou. 
Pensemos nisso. 
E nunca deixemos de investir em nós mesmos, porque nada que se aprenda ou assimile se perderá. 
Tudo constitui crescimento, progresso, ascensão. 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo de Washington Fernandes, publicado na Revista Internacional de Espiritismo, de março de 2006 e nos itens 218 e 219 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 27.09.2010.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

O COMEÇO DAS DORES DO PARTO

Jesus, do alto da perfeição de um Espírito que havia alcançado todas as excelências da alma, visualizava igualmente o futuro. 
Como um peregrino experiente, falou aos que ensaiavam os primeiros passos do caminho. O caminho, no caso, a evolução humana, a construção intelecto-moral do Espírito através das tantas eras. 
Ele, como um Ser Perfeito, já havia trilhado toda a senda desde a Sua criação, como Espírito simples e ignorante, alcançando a perfeição. 
Estado de Espírito Puro. 
Quem melhor para instruir? 
Quem melhor para guiar? 
Quem melhor para dizer: A estrada será desse jeito se vocês agirem desta forma. Será desse outro se tomarem tais decisões. E assim por diante? 
Quem melhor para relatar as paisagens que seriam vistas durante todo esse processo? 
E quem melhor para descrever toda marcha? 
O que muitos chamamos de profecia, nada mais era do que a narrativa de Alguém que enxerga os caminhos do alto de um monte. 
E Jesus fez algumas. 
Naquele que ficou conhecido como o sermão profético, narrado pelo Evangelista Mateus, ele afirmou: 
-Vede que ninguém vos engane! Pois muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o Cristo. E enganarão a muitos. E estareis na iminência de ouvir de guerra e relatos de guerras; olhai, não vos alarmeis, pois é necessário que essas coisas aconteçam, mas ainda não será o fim. Pois se levantará nação contra nação, reino contra reino; haverá fomes e terremotos em todos os lugares. Todas essas coisas são o começo das dores de parto. Neste tempo, muitos se escandalizarão, entregarão uns aos outros e odiarão uns aos outros. Muitos falsos profetas serão levantados e enganarão a muitos. E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará, mas, quem perseverar até ao fim, esse será salvo. Este evangelho do reino será proclamado em toda terra habitada, para testemunho a todas as nações. E então virá o fim. 
Analisando o espírito além da letra, encontramos tesouros nas palavras de Jesus. 
Vejamos que Ele narra a transição do planeta, uma grande mudança moral. 
Muitos se oporiam a ela, muitos falariam em Seu nome. 
Ele se utiliza então de um termo belíssimo que poderia resumir toda essência da transformação humana: 
-O começo das dores do parto. 
É exatamente o que estamos vendo. 
As dores do parto. 
Duras, fortes, assustadoras. 
Por vezes, querendo nos fazer desistir. 
Contudo, são dores que nos levarão a um parto, isto é, a uma nova vida. 
É necessário que venham essas dores. 
É necessário que o parto seja dolorido, pois toda transformação exige sacrifício, renúncia, esforço. 
Exige que deixemos para trás uma parte de nós. A Terra vive as dores do parto, mas não são as dores do fim. Perseveremos todos. 
Doemos nossa contribuição de esforço, igualmente. 
Fiquemos todos unidos para contemplar a vida nova nascendo, dando seus primeiros sinais de beleza. 
Um novo mundo nos espera, um mundo feito com cuidado e zelo, construído com o trabalho de cada um de nós. 
Redação do Momento Espírita, com transcrição do Evangelho de Mateus, cap. 24, vers. 4 a 8 e 10 a 14. 
Em 30.5.2022.

domingo, 29 de maio de 2022

UMA IDEIA MELHOR

Em uma pequena cidade, a cena causava espanto e admiração, ao mesmo tempo, talvez porque o protagonista da história fosse um senhor bem idoso. 
Ele costumava passar o dia inteiro plantando árvores. 
Certo dia, algumas pessoas que passavam por ali pararam, admiradas, observando aquele ancião a plantar mudas ao longo da rua. 
Lisonjeado com o interesse, o velho parou seu trabalho e explicou: 
-Meus filhos andam sempre insistindo comigo para mandar fazer uma sepultura. Mas eu tenho uma ideia melhor. Obtive licença para plantar árvores nas ruas ainda não arborizadas, e é assim que estou gastando o dinheiro que poderia ser empregado num mausoléu. Já estou com 80 anos e nunca vi ninguém procurar a sombra de uma sepultura para descansar, nem é num cemitério que a criançada vai brincar. Daqui a 20 anos, meu nome estará completamente esquecido. Mas meus netos e outras tantas crianças estarão aqui para admirar e usufruir destas árvores. Ademais, quem passar por estas calçadas, nos dias de calor, há de achar agradável a sombra delas. 
* * * 
Impressionante a lucidez daquele homem que já vivera quase um século. 
A sua capacidade de discernimento era maior que a dos filhos que, certamente, não queriam se incomodar com a construção de um túmulo para o velho pai, quando ele fechasse os olhos para o mundo dos chamados vivos. Utilizando-se dos próprios recursos, financeiros e de forças físicas, ele tratou de produzir coisas úteis, ao invés de construir o próprio túmulo e esperar a morte chegar. 
Por certo deixara aos mortos, como o recomendara Jesus, o cuidado de enterrar seus mortos. 
Deixara para os filhos, que estavam mortos para os verdadeiros valores da vida, o cuidado de enterrar aquele que pensavam estivesse morto mas que, em realidade, estava mais do que vivo. 
O personagem dessa história, certamente já foi enterrado há muito tempo, considerando-se que o fato ocorreu há mais de 40 anos. 
Mas o seu Espírito imortal e lúcido talvez esteja, neste mesmo instante, revestido de um novo corpo infantil, pela Lei da Reencarnação, brincando de cabra-cega entre as árvores plantadas por ele mesmo há anos atrás. 
Considerando-se sob esse aspecto, entenderemos porque é que quem faz o bem pensando nos outros acaba beneficiando-se a si mesmo. 
E quem faz o mal, igualmente recebe o mal como resposta.
Esse é o efeito bumerangue, ou Lei de Causa e Efeito ou, ainda, o a cada um segundo suas obras, ensinado por Jesus.
* * * 
Quem planta flores, planta beleza e perfumes para alguns dias. 
Quem planta árvores, planta sombra e frutos por anos, talvez séculos. 
Mas quem planta ideias verdadeiras, planta para a Eternidade. 
Redação do Momento Espírita, com base em história publicada em Seleções Reader’s Digest. 
Em 08.03.2010.

sábado, 28 de maio de 2022

A IDEIA DE DEUS

Albert Einstein 
O físico alemão Albert Einstein que, entre seus principais trabalhos desenvolveu a teoria da relatividade, escreveu interessante depoimento, que merece ser lido, ouvido e meditado: 
-A opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu. Creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia ateia. Não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam ideias que datam de 1880. Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que esses cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria. Há, porém, várias maneiras de se representar Deus. Alguns O representam como o Deus mecânico, que intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos acontecimentos. Desejam colocá-lO ao seu serviço, por meio de fórmulas mágicas. É o Deus de certos primitivos, antigos ou modernos. Outros O representam como o Deus jurídico, legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece distâncias. Outros, enfim, o entendem como o Deus interior, que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais íntimo da consciência. A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa sonhar e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto. Saber que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como a mais alta das sabedorias; a mais radiosa das belezas, que as nossas faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas. Esse conhecimento, esse sentimento, está no centro mesmo da verdadeira religiosidade. A experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica. Minha religião consiste em humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos. Essa convicção, profundamente emocional, na presença de um poder racionalmente superior, que se revela no incompreensível, é a ideia que faço de Deus. 
* * * 
Quando o homem se detém a contemplar o fulgor das estrelas no firmamento, constata a grandeza da Criação. 
Sente emocionado a presença da Divindade a se refletir em cada astro, em pleno universo. 
E constata que, sem o amor de Deus que tudo vitaliza, a Criação voltaria ao caos do princípio. 
Redação do Momento Espírita com base no texto A fé de Einstein, do site
http://www.guia.heu.nom.br/fe_de_albert_einstein.htm e no verbete Deus, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 26.4.2017.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

O TRABALHO QUE NÃO CESSA

Toda ocupação útil é trabalho, aprendemos com os mensageiros dos céus. Desde então, contemplando nossas mãos operosas, agradecemos a Deus a bênção do trabalho, que forja o progresso. 
Graças ao trabalho, saímos das cavernas e das choupanas improvisadas para as casas confortáveis; construímos edifícios que escalam os céus, tentando se perder entre as nuvens. 
Graças ao trabalho, unimos abismos, transpomos mares, edificando pontes, que maravilham pela extraordinária engenhosidade e beleza. 
Graças ao trabalho da mente e das mãos concebemos foguetes que vão além da estratosfera, satélites que sondam o espaço, espaçonaves que viajam a velocidades inimagináveis. 
Graças ao trabalho, imergimos a mente na pesquisa, desvendando a existência de seres minúsculos e suas atividades estratégicas. Descobrimos a origem de enfermidades e providenciamos a vacina, o medicamento, os paliativos. 
É o trabalho que enche nossos campos de grãos, que se transformam em alimentos que chegam à nossa mesa e abastecem nossas despensas. 
Graças ao trabalho represamos a água e a transformamos em energia; criamos canais de irrigação, a transportamos para dentro dos nossos lares. 
Graças ao trabalho, registramos os pensamentos e a nossa própria evolução em livros. Do pergaminho, da pele de animais aos e-books, mantemos a nossa história registrada, para que o futuro nos conheça o ontem e o hoje.
Abençoado trabalho, que nos permite o salário digno, conforme os dizeres evangélicos. 
Abençoado trabalho que nos enche as horas, impedindo que a depressão nos abrace e a monotonia nos consuma.
Abençoado trabalho que nos torna felizes a cada quadro elaborado, a cada poema escrito, a cada pequeno artefato concebido. 
Beleza, arte, som, tudo criamos graças ao trabalho da nossa mente que não deseja parar no tempo e no espaço, porque seu desejo é conquistar as estrelas. 
Quantos de nós ainda lamentamos o trabalho. 
Lastimamos as tantas horas que nos são exigidas nas fábricas, nas usinas, nos escritórios ou nos campos.
Esquecemos de olhar para o resultado do nosso trabalho.
Quando atendemos o cliente, lhe oferecendo o de que necessita, estamos colaborando com o mundo. 
Quando ofertamos nosso produto industrializado, manufaturado ou semeado, estamos colaborando com nosso semelhante. 
Quando mantemos em bom estado as ruas e estradas, estamos colaborando com a melhor e mais apropriada movimentação dos veículos. 
Quando providenciamos a limpeza da calçada em frente à nossa residência, quando efetuamos a correta separação do lixo, quando limpamos as praias e as barrancas dos rios; quando providenciamos a poda das árvores, a colheita dos frutos, a disponibilização no mercado; quando ofertamos os produtos das nossas mãos em vestimentas, agasalhos, peças de artesanato de toda sorte, estamos colaborando com o mundo melhor. 
Isso afirma que somos úteis, que somos fomentadores do progresso, que somos criadores de benesses para a Humanidade. 
Aprendamos a realizar o nosso trabalho com alegria, felizes pela oportunidade de servir, de crescer. 
Trabalhar é uma bênção. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 27.5.2022.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

IDEALISMO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Nos dias em que vivemos têm faltado à nossa adolescência e juventude modelos de heróis verdadeiros. 
À falta deles, elegem-se protótipos comuns e até perniciosos para serem seguidos. 
Mas, o que será um verdadeiro herói? 
Pode ser um anônimo incompreendido, que paga o alto preço de se ver a sós, defendendo ideias que sua consciência cataloga como as corretas. 
O preço, por vezes, é bastante alto. 
Irina Eremia Bragin
Em 1958, um oficial de carreira do exército romeno foi sumariamente julgado e condenado a 25 anos de prisão. 
Seu crime foi permitir-se criticar o sistema. 
Ele era um idealista, que percebera a corrupção e ousara expor a hipocrisia do comunismo na prática, ele, que era general daquele regime. 
Durante 6 anos, foi desconhecido o seu paradeiro, até que, em 1964, com a anistia a prisioneiros políticos, um estranho magro e pálido retornou para casa. 
Foram apenas 8 meses em que filhos e pai buscaram superar a barreira imposta pelos anos de ausência. 
Foi então que faleceu o líder romeno, autor da liberalização política do país. 
Com a subida ao poder de Nicolae Ceausescu, o desastre aconteceu. 
A família conseguiu emigrar para os Estados Unidos, mas ele não. 
Para todos os conhecidos e parentes aquele homem era um fracassado. 
Atirara pela janela a brilhante carreira militar, não pensara na família, tudo porque tivera uma crise de consciência e se recusara a trair os seus princípios. 
Em um diário descreve seus sentimentos na rotina do dia a dia que a prisão lhe impôs. 
Ele tinha 45 anos quando toda sua vida ruiu. 
Diz ele: 
-Tive todos os motivos para ser feliz, uma esposa adorável, dois filhos bonitos, carreira bem sucedida. Mas diariamente passava com minha limusine por ruas cheias de gente desesperada e faminta, aguardando eternamente mantimentos em lojas cujas prateleiras estavam vazias. Minha mulher implorava para que eu ficasse calado e pensasse em minha família. Queria que meus filhos crescessem órfãos? Havia tantos prisioneiros, tantos desaparecidos! Por que flertar com a autodestruição? O que eu esperava obter com isso? Eu poderia ter optado por olhar em outra direção, fechar os olhos. Mas como poderia? 
Mais adiante, ele poetiza, traduzindo seu estado d'alma tranquilo: 
-Não me preocupo com o vento e a nevasca, nem com o frio que entra em meus ossos. Nunca na vida me senti mais livre. Meu Espírito está intacto! Aprendi a cantar sem som e a escrever sem papel. Apesar de tudo, o homem é o ser mais maravilhoso e completo da natureza! Por esse motivo, nunca devemos perder a fé em sua grandeza, em seu direito de ser valorizado e amado. 
O herói ficou livre em 1989 e foi visitar a família nos Estados Unidos. 
Depois, retornou à sua pátria, para procurar nos arquivos da polícia secreta o manuscrito do seu livro, causa de sua prisão.
* * * 
Os valores insignificantes, segundo a experiência de muitos, realizam obras reais na construção da vida. 
Quando o homem se preocupa em adquirir os valores transitórios, desdenha a edificação interior e desconsidera a capacidade de produzir tesouros imperecíveis para o Espírito.
Redação do Momento Espírita com base no texto O que os heróis nos ensinam, de Irina Eremia Bragin, publicado em Seleções Reader´s Digest de fevereiro de 1998 e no verbete Valor, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 01.03.2010.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

OS SAPATOS DOS OUTROS - SOBRE A EMPATIA

ESPÍRITO CAMILO E RAUL TEIXEIRA
Os países de língua inglesa usam um termo muito interessante para explicar a empatia: 
Colocar seus pés nos sapatos dos outros
Trata-se de um exercício difícil, num primeiro momento, mas, que depois de aprendido, torna-se grande aliado para melhorar as nossas relações com o próximo. 
Essa técnica envolve a capacidade de suspender provisoriamente a insistência no próprio ponto de vista, e encarar a situação a partir da perspectiva do outro. 
Significa imaginar qual seria a situação caso se estivesse no seu lugar, como se lidaria com o fato. 
Isso ajuda a desenvolver uma conscientização dos sentimentos do outro e um respeito por eles, o que é um importante fator para a redução de conflitos e problemas nas relações. 
Só vestindo o calçado do outro, saberemos se ele é apertado ou não, se machuca aqui ou ali, e assim poderemos compreender e tomar atitudes mais eficazes para consolar e ajudar. 
Quem tem a habilidade da empatia consegue desenvolver a compaixão e estender as mãos para auxiliar. 
Para que alguém esteja apto a, verdadeiramente, consolar alguém, é indispensável ter a percepção ou mesmo a compreensão do que está sofrendo aquele que busca ou aguarda consolação. 
Quem tem o comportamento empático compreende melhor, e julga menos, ou julga com menos severidade. 
Quem usa a empatia entende as razões do outro e consegue suavizar o ódio, o rancor, o ressentimento, preparando-se melhor para o perdão. 
A empatia ou a falta dela, pode determinar se um lar viverá em constante guerra ou harmonia. 
Os pais precisam da empatia na educação dos filhos, colocando-se em seu lugar constantemente – evitando as broncas desnecessárias, os comportamentos distanciadores e a falta de contato com as emoções das crianças. 
Os filhos devem usar de empatia com os pais, percebendo e entendendo suas preocupações, suas dúvidas, suas inseguranças, e sua vontade de sempre acertar e de fazer o melhor para seus rebentos. 
A esposa precisa colocar-se no lugar do marido, o marido no lugar da esposa. 
Ambos precisam conhecer o mundo do outro, suas angústias, suas dificuldades e o que lhe dá alegria. 
-Puxa... Que dia terrível você teve hoje! Vou tentar ajudá-lo fazendo uma comidinha bem gostosa para nós dois. 
Assim esquecemos um pouco dos problemas. 
Eis o exemplo de um gesto simples, mas precioso, de empatia. 
Ainda outro: 
- Que trabalheira você tem em casa, meu amor... Acho que você precisa sair um pouco para espairecer, não é? Vamos sair só nós dois para jantar? 
A criatividade voltada para o bem nos dará tantas e tantas ideias de como realizar esse processo empático, indispensável para a sobrevivência dos lares.
Se desejamos harmonia e melhoria nas relações, temos que passar pela empatia, indubitavelmente.
* * * 
Experimentemos usar o sapato do outro. 
Experimentemos o mundo a partir do ponto de vista do outro. Saiamos do egocentrismo destruidor ainda hoje. 
Empatia... sempre. 
Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 18, do livro A carta magna da paz, pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 25.5.2022.

terça-feira, 24 de maio de 2022

IDEAIS E SONHOS

Malala Yousafzai
Como um idealista pode viver sob um regime ditatorial? 
Como administrar sonhos de grandeza em um país onde tudo é proibido?
Será melhor desistir dos próprios anseios e acomodar-se? 
Para Ziauddin, vivendo no Swat, anexado ao Paquistão, a instrução era o ideal da sua vida. 
E ele não estava disposto a abdicar disso. Abriu sua escola e foi de casa em casa, tentando convencer os pais a enviarem seus filhos para estudar. E a inaugurou com três alunos. Perto da entrada do prédio, pintou a frase:
-"Estamos comprometidos a construir para você o chamado da Nova Era".
Ele queria que o povo se unisse contra seu maior inimigo, que não era o Talibã, nem os estrangeiros ou dominadores de qualquer procedência. 
Era a ignorância. 
Ele desejava uma revolução, inspirada em grandes heróis. 
Mas de um modo adequado aos tempos atuais: com canetas, não com espadas, nem com armas sofisticadas ou mísseis de longo alcance. 
Por isso, naquele dia, mesmo com somente três alunos, tudo realizou em grande estilo, cantando o Hino Nacional e hasteando a bandeira. 
Quando foi registrar a escola, conforme as exigências legais, foi ridicularizado. 
Uma escola com somente dois professores? 
Quando lhe sugeriram que ele deveria pagar propina, defendeu, com garra, seu direito de abrir a escola, afirmando que os funcionários daquela repartição deveriam atender ao seu dever. 
E, apesar de todas as adversidades, continuou a pensar grande. 
Criticado por seu sócio, por seus parentes, ele perseverou. 
Na primeira inspeção, ganhou uma enorme multa porque o oficial que lá compareceu, não recebeu a propina que esperava. 
Parecia que o estabelecimento estava destinado a perecer. 
Mas Ziauddin não iria, jamais, abrir mão de seu sonho. 
Buscou ajuda, fez empréstimos. Levou sua família para viver nos cômodos, em cima das salas de aula. 
E fazia tudo. 
Era professor, contador, diretor, varria chão, caiava as paredes, limpava os banheiros, subia nos postes de eletricidade e colocava faixas de propaganda da escola. 
Finalmente, quando o dinheiro começou a entrar, abriu uma segunda escola. 
E contratou propaganda na televisão. 
Pensar grande, sem limites. 
Conseguiu ter oitocentos alunos, divididos em três escolas. 
Meninos e meninas, mesmo com toda a pressão política para as meninas ficarem em casa. 
Naturalmente, os lucros eram poucos pois, preocupado com a educação, ele mantinha mais de cem vagas gratuitas, para aqueles que não dispunham de condições para pagar. 
Para alguns desses, ainda oferecia café da manhã e almoço porque, dizia, com fome é difícil aprender. 
 * * *
Os idealistas são pessoas de fibra. 
Não se atemorizam, nem cedem aos percalços. 
Pensam no objetivo que desejam alcançar, veem os benefícios que seus sonhos podem gerar ao próximo e se mantêm firmes. 
Perseverança é a sua bandeira. 
Como eles, não deixemos de sonhar. 
Não abandonemos nossos ideais de engrandecimento e nobreza.
Mantenhamo-nos firmes na posição de quem sabe e deseja alterar o panorama do mundo para melhor, muito melhor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Eu sou Malala, de Malala Yousafzai com Christina Lamb, ed. Companhia das Letras. 
Em 16.7.2014.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

O SAL DA TERRA

Em várias passagens do Evangelho, Jesus exorta Seus seguidores a que sejam o sal da Terra e a luz do Mundo. 
A mensagem cristã constitui um chamado ao desprendimento das coisas e dos valores mundanos. 
Desprendimento não no sentido de desprezo, mas com o significado de dar a tudo o seu justo valor. 
Sabe-se que as conquistas terrenas são fugazes e transitórias. 
Tudo o que se refere à matéria possui uma grande fragilidade. 
Beleza, poder, influência, fortuna, tudo isso, cedo ou tarde, fenece ou troca de mãos. 
A vida é cheia de revezes e os percalços inerentes à trajetória humana podem amargurar. 
Quem coloca todas as suas alegrias e expectativas nessas conquistas transitórias candidata-se a fortes decepções. 
A proposta evangélica é que se deve viver no Mundo, mas sem ser do Mundo. 
Ocupar-se com dignidade das atividades que garantem a manutenção da vida e da ordem social. 
Estudar, trabalhar, cuidar da saúde e planejar a própria existência com prudência e critério. 
Contudo, perceber que a finalidade do viver terreno não se cinge a tais aspectos.
Por preciosa que seja determinada conquista material, ela um dia ficará para trás. 
Ao mesmo tempo, os revezes da fortuna nem sempre permitem que se atinja o objetivo almejado. 
Nem por isso a criatura humana deve se tornar angustiada ou indiferente.
Para bem aproveitar seu tempo na Terra, ela precisa aprender a dar a cada coisa o seu merecido valor. 
Tendo em vista seu potencial de desenvolvimento da inteligência e da vontade, são positivos os mais comuns sonhos humanos. 
Entretanto, sua realização não pode constituir a meta da existência. 
Ciente de que um dia o corpo físico perecerá, é importante cuidar do que a ele transcende. 
Aí se encontra a possibilidade que a mensagem cristã possui de conferir um novo sabor à vida do homem. 
À semelhança do sal, ela funciona como um tempero, dá um atrativo diferente ao que de outro modo seria insípido. 
Trata-se do convite à vivência de virtudes com o potencial de tornar doce e pacífico o coração. 
Jesus apresentou ao mundo um Deus pleno de amor e sabedoria. 
A fé nesse Deus amoroso e sábio possui o condão de pacificar a alma, entre as lutas do mundo. 
Também o perdão é uma força libertadora, que permite seguir tranquilo mesmo por entre agressões. 
A compaixão faz com que o homem preste atenção no semelhante e sinta vontade de auxiliá-lo. 
Com isso, ajuda-o a não pensar muito em seus próprios problemas e sua vida se simplifica. 
O Evangelho significa Boa Nova e seu objetivo é tornar felizes os homens.
Não promete uma felicidade feita das instáveis e perecíveis conquistas humanas. 
Mas assegura a vivência de doces emoções, com infinito potencial pacificador. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 23.5.2022.

domingo, 22 de maio de 2022

HUMILDADE

Foi no século dezenove. 
O arcebispo de Viena resolveu fazer uma visita a alguns dos seus fiéis. Preparada sua comitiva aprestou-se para a viagem. 
O primeiro local que deveria visitar seria o castelo de Vivarais. 
Os donos do castelo avisados antecipadamente passaram a aguardar o ilustre visitante, esmerando-se em detalhes, a fim de que tudo transcorresse sem qualquer transtorno. 
Ao cair da tarde daquele mês de março apresentou-se no palácio um pobre sacerdote pedindo pousada. 
Como todos os aposentos já se encontravam reservados para os visitantes, os donos do castelo pediram aos criados que conduzissem o pedinte a um dos alpendres, junto às cavalariças. 
Algum tempo depois chegaram ao solar os vigários que constituíam a comitiva do arcebispo. 
Foram recebidos, regiamente, pelo fidalgo e família, mas logo se admiraram em não ver Sua Excelência. 
Perguntando por ele, receberam dos senhores do castelo a resposta de que ele ainda não aparecera. 
-Não é possível, falou um dos padres. Fomos obrigados a nos retardar um pouco e ele tomou a dianteira. Devia ter chegado à nossa frente. 
Foi então que os anfitriões se recordaram do sacerdote recolhido próximo às cavalariças. Imaginando que ele poderia ter cruzado, em sua jornada, com o arcebispo, resolveram pedir aos criados que lhe fossem indagar a respeito. 
Quando alguns dos integrantes da comitiva ouviram a referência a um outro sacerdote, perguntaram: 
-Quem é o religioso a quem se refere o nobre senhor? 
-Ora, respondeu o senhor de vivarais, é um sacerdote muito pobre que nos bateu à porta, pedindo agasalho por uma noite. 
A um só tempo, falaram os vigários presentes:
-"É ele." 
Verdadeiramente, o pobre recebido, por caridade, no luxuoso castelo não era outro senão o grande Daivan, o arcebispo de Viena. 
Assim portava-se e tão humilde era, que não se apresentava jamais com seus títulos e roupas elegantes. 
Os homens essencialmente grandes não se importam com honrarias, e suntuosidades. 
Delas não necessitam para mostrarem seu valor, porque que este é intrínseco e aflora, onde quer que se encontrem. 
Assim Jesus, o Divino Mestre, escolheu a quietude de uma noite silenciosa para nascer, num estábulo, tendo como teto a abóbada celeste, como primeiras harmonias as vozes celestiais, e como primeiros visitantes os homens simples que pastoreavam no campo. 
Nada que Lhe denunciasse a glória aos olhos humanos. 
E Ele era a luz, O Modelo, O Guia.
*** 
A humildade legítima não se deixa atingir pela vaidade dos elogios, nem se permite humilhar pela zombaria dos que não a entendem. 
Por isso mesmo é inatingível pelo mal, de qualquer forma que este se apresente. 
Redação do Momento Espírita. (Baseado no livro: Lendas do Céu e da Terra, cap. Humildade) 

sábado, 21 de maio de 2022

GUERREIRO DA LUZ


A noite estava chuvosa e fria na pacata cidadezinha do Interior do Sul do Brasil. 
O ruído dos raios e da chuva forte no telhado acordaram o jovem guerreiro, em meio à madrugada. 
Sim, ele é um bravo guerreiro pois, ao se dar conta da intensidade da chuva, lembrou-se de que muita gente poderia estar precisando de ajuda. 
Levantou-se rapidamente e vestiu seu traje de combate.
Afinal, ele é um guerreiro. 
Um guerreiro da luz. 
É um bombeiro voluntário. 
Saiu rapidamente sem se importar com o temporal ameaçador. 
Uma única disposição o animava: ser útil para quem dele necessitasse. 
Ao apresentar-se no quartel, ficou sabendo que sua intuição estava certa. 
Muita gente estava desabrigada. 
Os combatentes eram poucos para a grande e urgente tarefa.
Homens, mulheres e crianças corriam perigo, em meio aos desmoronamentos provocados pela forte enxurrada. 
O guerreiro da luz não mediu esforços. 
Trabalhou até que todos estivessem a salvo. 
Qual é o nome dele? 
Não importa. 
Por que faz isso? 
Não é por dinheiro, certamente, nem para obter reconhecimento. 
Ele faz por prazer porque é um guerreiro da luz. 
É um cidadão consciente da tarefa que lhe cabe na construção de um mundo melhor. 
Durante o dia, ele trabalha para garantir o sustento. 
À noite e nos finais de semana ele é um bombeiro voluntário, sempre pronto para atender a um chamado urgente. 
Se, eventualmente, uma catástrofe precisa de seus braços fortes durante o dia, ele não titubeia. 
Pede à empresa que o libere e desconta o dia do seu próprio salário. 
Sim, porque nem sempre o empresário está disposto a contribuir em casos assim. 
Mesmo sabendo que um familiar seu pode estar necessitando da ajuda desses anjos voluntários. 
É assim que esses jovens guerreiros, de vinte e poucos anos, dão utilidade às horas. 
Mas, isso não é divulgado pela mídia, porque não dá Ibope.
Lamentavelmente, o que dá Ibope são as ações dos guerreiros das trevas. 
Esses poucos jovens que se perdem nos cipoais dos vícios e do crime. 
Por essa razão, vale a pena enaltecer o bem. 
Enaltecer a ação desses jovens de valor, que dedicam a sua juventude construindo um mundo justo, fraterno e solidário. 
E são milhares deles no Brasil. 
* * * 
Se você quer ser um guerreiro da luz mas se sente incapaz, pense que todo guerreiro da luz começou dando o primeiro passo. 
Todo guerreiro da luz já ficou com medo de entrar em combate... 
Todo guerreiro da luz já traiu e mentiu, no passado. Todo guerreiro da luz já perdeu a fé no futuro... 
Já trilhou um caminho que não era o seu. 
Já sofreu por bobagens... 
Já achou que não era um guerreiro da luz. 
Já falhou em suas obrigações espirituais. 
Já disse sim quando queria dizer não. 
Todo guerreiro da luz já se omitiu quando deveria ter falado...
Todo guerreiro da luz já feriu alguém que amava. 
Por isso ele é um guerreiro da luz; porque passou por esses desafios e não perdeu a esperança de ser melhor do que era.
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. 
Em 20.5.2022.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

HUMILDADE E ORGULHO

Você já deve ter ouvido muitas vezes a palavra humildade, não é mesmo? 
Essa palavra é muito usada, mas nem todas as pessoas conseguem entender o seu verdadeiro significado. 
O termo humildade vem de húmus, palavra de origem latina que quer dizer terra fértil, rica em nutrientes e preparada para receber a semente. 
 Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma, a boa semente. 
A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia ou com a pieguice. 
A humildade é a mais nobre de todas as virtudes pois somente ela predispõe o seu portador, à sabedoria real. 
O contrário da humildade é o orgulho, porque o orgulhoso nega tudo o que a humildade defende. 
O orgulho é soberbo, julga-se superior e esconde-se por trás da falsa humildade ou da tola vaidade. 
Alguns exemplos talvez tornem mais claras as nossas reflexões. 
Quando, por exemplo, uma pessoa humilde comete um erro, diz: 
-Eu me equivoquei, pois sua intenção é aprender, crescer.
Mas quando uma pessoa orgulhosa comete um erro, diz: 
-Não foi minha culpa, porque se acha acima de qualquer suspeita. 
A pessoa humilde trabalha mais que a orgulhosa e por essa razão tem mais tempo. 
Uma pessoa orgulhosa está sempre muito ocupada para fazer o que é necessário. 
A pessoa humilde enfrenta qualquer dificuldade e sempre vence os problemas. 
A pessoa orgulhosa dá desculpas, mas não dá conta das suas obrigações e pendências. 
Uma pessoa humilde se compromete e realiza. 
Uma pessoa orgulhosa se acha perfeita. 
A pessoa humilde diz: 
-Eu sou bom, porém não tão bom como eu gostaria de ser. 
A pessoa humilde respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. 
A orgulhosa resiste àqueles que lhe são superiores e trata de por-lhes defeitos. 
O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. 
O orgulhoso não colabora, e sempre diz: 
-Eu faço o meu trabalho. 
Uma pessoa humilde diz: 
-Deve haver uma maneira melhor para fazer isto, e eu vou descobrir. 
A pessoa orgulhosa afirma: 
-Sempre fiz assim e não vou mudar meu estilo. 
A pessoa humilde compartilha suas experiências com colegas e amigos, o orgulhoso as guarda para si mesmo, porque teme a concorrência. 
A pessoa orgulhosa não aceita críticas, a humilde está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores. 
Quem é humilde cresce sempre, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade. 
O orgulhoso se diz céptico, por achar que não pode haver nada no Universo que ele desconheça. 
O humilde reverencia ao Criador, todos os dias, porque sabe que há muitas verdades que ainda desconhece. 
Uma pessoa humilde defende as ideias que julga nobres, sem se importar de quem elas venham. 
A pessoa orgulhosa defende sempre suas ideias, não porque acredite nelas, mas porque são suas. 
Enfim, como se pode perceber, o orgulho é grilhão que impede a evolução das criaturas, a humildade é chave que abre as portas da perfeição. 
* * *
Você sabe por quê o mar é tão grande? 
Tão imenso? 
Tão poderoso? 
É porque foi humilde o bastante para colocar-se alguns centímetros abaixo de todos os rios. 
Sabendo receber, tornou-se grande. 
Se quisesse ser o primeiro, se quisesse ficar acima de todos os rios, não seria mar, seria uma ilha. 
E certamente estaria isolado. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 07.02.2011.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

HUMANO E DIVINO

GIORGIO VASARI
Giorgio Vasari, conhecido principalmente por suas biografias de artistas italianos, escreveu: 
De tempos em tempos, o céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também Divino, de modo que, através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o céu.
LEONARDO DA VINCI
Entre esses, com certeza, se inclui Leonardo da Vinci, vindo ao mundo em 15 de abril de 1452, perto de Florença. O extraordinário e diversificado talento de Leonardo manifestou-se nos primeiros anos de vida. Belo e forte, era excelente esportista, ótimo nadador e cavaleiro; engenhoso artesão e mecânico. Logo revelou seus dons inventivos. O desenho e a pintura também atraíram seu interesse, demonstrando seus dotes artísticos. Era tido, por seus contemporâneos, como um arquiteto perigosamente ousado e um louco cientista. Sobre um ponto, no entanto, todos se viam obrigados a concordar: Leonardo era um argumentador fascinante, um polido conversador, um contador de histórias "mágico" e fantástico, um gênio da palavra acompanhada da mímica. Falando da ciência, fazia calar os cientistas. Argumentando sobre filosofia, convencia os filósofos. Inventando fábulas e lendas, conquistava os favores e a admiração das cortes. Sempre, e em qualquer lugar, Leonardo era o centro das atenções. E jamais decepcionava seu auditório porque tinha, todas as vezes, alguma história nova para contar. Possuía uma reserva inesgotável de historietas. Eram ditos espirituosos, fábulas e apólogos de bom gosto literário e conteúdo moral. Suas fábulas passavam rapidamente de boca em boca, com as inevitáveis variações da repetição oral, e os invejosos procuravam em vão as fontes tradicionais de suas histórias. Da sua engenhosidade nasceram as máquinas de nossa civilização, desde a bicicleta até o avião e o submarino. E a ciência tem em Leonardo da Vinci, em termos de observação da natureza, seu pai espiritual. Pois essa criatura admirável, em seu livro Das profecias, escreveu: 
-O homem é o destruidor de todas as coisas criadas.
* * * 
Nunca, como hoje, na longa História de nosso planeta, uma afirmativa foi mais verdadeira e tão tragicamente atual.
Nosso século, que vê o homem voar como os pássaros, e emigrar para outros planetas, também assiste a cenários tristes de destruição. 
Por onde passa, o homem deixa as suas pegadas destrutivas. Vai à praia e a enche de latas, garrafas, lixo de toda espécie.
Polui rios e mares, interferindo na vida aquática. 
Transita pelas estradas, que cortam as florestas ao meio, lançando toda sorte de detritos. 
O homem, tido como o senhor da Criação, estabelece a caça e a pesca como lazeres predatórios, esquecendo-se de que todo abuso redundará em carência, logo mais.
E, se destrói o que está em seu entorno, projeta para si próprio uma vida de muitas dificuldades. 
Isso porque a natureza responde à agressão com temperaturas extremas, com falta d´agua, com terras áridas, onde antes abundavam as searas.
Se Deus envia pessoas especiais para nos apontar coisas Divinas, sinalizando as venturas de que podemos gozar, atentemos para o que nos prescrevem. 
Repensemos nossas atitudes. 
Ainda há tempo de reconstruir, de refazer caminhos, de revigorar uma Terra exaurida e explorada, sem limites.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Leonardo da Vinci. 
Em 22.6.2016.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

PACIFICADORES, QUANTOS SOMOS?

Foi há poucos dias. 
Aconteceu, entre as conversas da guerra que parece bater à nossa porta, considerando que somos, afinal, uma aldeia global. 
O que ocorre de um lado do mundo afeta todos, das mais variadas formas. 
O comentário era de que os humanos temos limitações para percebermos, sentirmos e nos decidirmos pela paz. 
E concluiu nosso interlocutor: 
-São tão poucos os vultos históricos que podemos considerar pacificadores. 
A afirmativa nos levou a pensar: 
-Seremos mesmo poucos? 
Acudiu-nos à mente o versículo do Sermão da Montanha:
-Bem-aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus. 
E, nas recordações, foram desfilando: 
Mohandas Karamchand Gandhi e sua ação de não violência, através da qual conseguiu libertar seu país do jugo estrangeiro; Martin Luther King Junior, igual adepto da não violência e sua luta pelo fim da segregação racial nos Estados Unidos. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto Hitler, de um lado, coordenava suas tropas para matar milhares de judeus, do outro, estava Irena Sendler, assistente social polonesa, que salvou nada menos que duas mil e quinhentas crianças judias. 
E que se dizer do diplomático arcebispo Ângelo Roncalli que, quando estourou esse segundo conflito mundial, salvou muitos judeus com a permissão de trânsito, fornecida pela delegação apostólica.
Lembramos de Aracy Guimarães Rosa, a paranaense que conseguiu passaportes para judeus virem para o Brasil, mesmo quando o governo brasileiro lhes fechara as portas.
Fazia muito mais. Acompanhava os refugiados até o navio, muitas vezes levando, em sua bolsa, as joias de alguns deles. Por trabalhar no Ministério das Relações Exteriores, em Hamburgo, não era revistada e assim, somente quando eles estavam, a salvo, no navio, ela lhes entregava os bens. 
Na Guerra do Paraguai, lembramos da baiana Ana Néri, que se fez enfermeira voluntária para atender feridos de ambos os lados do conflito. Ficou conhecida como a Mãe dos brasileiros. Um dos seus três filhos morreu na guerra. Quando ela retornou ao Brasil, trouxe consigo três órfãos. Promotores da paz. Esses têm seus nomes registrados na História.
Contudo, temos que considerar quantos pacificadores dispõe o mundo, em todas as épocas.
É pacificador o pai de família que trabalha para manter os seus. E dá aos filhos a lição da honestidade. 
É pacificador todo aquele que não provoca discórdias no seio familiar, entre amigos, no templo religioso que frequenta. 
É pacificador aquele que veicula, nas redes sociais, entre seus grupos de amigos somente notícias que elevem o ânimo e promovam o bem. 
É pacificador aquele que descobre a dor e se propõe a amenizá-la. 
É pacificador aquele que enxuga lágrimas, na calada das horas; aquele que tem a consciência tranquila, pelo dever retamente cumprido. 
Em síntese, somos pacificadores todos os que, descobrindo necessidades ocultas, nos disponhamos a saná-las. 
Todos os que oramos pela paz, que cooperamos com a paz, com nossos pensamentos positivos, altruístas. 
Somos todos nós, os cidadãos honrados. Somos muitos, tenhamos certeza. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.5.2022.

terça-feira, 17 de maio de 2022

HUMANIZAR-SE

O que difere o ser humano dos outros seres? 
Talvez alguns pensem que a pergunta carece de propósito, pois somos tão diferentes dos animais. 
Porém, se perguntarmos a um biólogo, esse diria que, geneticamente, pouco nos diferenciamos de inúmeras espécies animais. 
Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, o que nos distingue dos animais é a capacidade de nos educarmos, de nos tornarmos humanos. Para ele, a nossa condição de humanos é adquirida, é conquistada pela educação. Sem ela, diria Kant, estaríamos muito próximos dos animais.
Percebemos que, biologicamente, fisicamente, guardamos várias semelhanças às espécies animais que habitam o nosso planeta. 
Porém, somos infinitamente diferentes deles, justamente porque não somos apenas um ser biológico. Somos um ser espiritual, com a capacidade de nos educarmos, de alçar voos no rumo da humanização. 
Educar é formar e transformar o homem, para que ele desenvolva todas as suas potencialidades e capacidades. 
É pelo processo de educação que ganhamos sabedoria e angelitude. 
Assim, à medida que investimos em nossa educação, não só intelectual, mas também moral, vamos progredindo, afastando-nos sempre mais da pura condição animal, cada vez mais humanos. 
Não é raro encontrarmos pessoas com atitudes que se igualam, por vezes, a das espécies animais, pelo barbarismo, violência ou grosseria. 
São almas onde o processo de educação ainda engatinha, ensaia os primeiros e vacilantes passos. 
Outros apresentam grandes conquistas intelectuais, porém ainda com valores morais torpes e vis. Esses desenvolveram sua humanidade em apenas um aspecto, esquecendo-se que também somos seres morais. 
E há aqueles sábios em verdade, onde seus profundos conceitos e reflexões ganham coerência com atitudes nobres, pautadas no bem. Esses são os que já deram passos largos rumo às potencialidades maiores da alma. 
Considerando tudo isso, podemos pensar que nossa vida, nossa reencarnação é uma grande oportunidade de nos educarmos, de nos humanizarmos. 
Todo o investimento que fizermos para desenvolver nosso intelecto, os estudos e conquistas acadêmicas, nos apoiam nesse sentido. 
Porém, também são necessários esforços para adquirirmos e desenvolvermos valores morais. Jesus, modelo e guia da Humanidade, tinha desenvoltura intelectual para travar diálogos de profundos significados com os mais sábios doutores. 
E da mesma forma, a doçura de seu coração era capaz de curar as feridas da carne e as dores da alma de todos que o buscavam. 
Por isso Ele é o grande modelo de homem integral para todos nós.
Não somente pleno de conhecimento e sabedoria, mas também sublime nos sentimentos. 
Essas são as conquistas que nos aguardam, que esperam nossos esforços. 
A larga estrada, que nos conduz, da simplicidade e ignorância até a angelitude e sabedoria. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.11.2014.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

HOTÉIS DE GELO

Você abre seus olhos e enxerga a luz suave e difusa da fibra ótica e do amanhecer. 
O gelo circunda você. 
Parte dele entalhado em forma de móveis e esculturas, parte na forma de blocos maciços que compõem as paredes, o teto e até mesmo o piso. 
Apesar da beleza do quarto, porém, é hora de levantar. 
Afinal, a temperatura do seu cômodo é de menos cinco a menos oito graus célsius, e você acabou de passar a noite em um saco de dormir sobre uma base de gelo.
Esta é parte da experiência pela qual muitos passam quando se hospedam nos chamados hotéis de gelo. 
São edificações inteiras, com quartos, salas, recepção, salões, restaurantes, construídas apenas com blocos de gelo.
Anualmente, em algumas regiões do planeta, essas obras incomparáveis da engenharia moderna são edificadas para receber hóspedes de todo o mundo. 
São, usualmente, construídas ao lado de grandes rios, onde é possível se obter água, congelá-la e cortar em grandes blocos de gelo, levando-os ao local da construção. 
Além de engenheiros especializados, são convidados sempre escultores, artistas de várias regiões do globo, que trabalham no acabamento de cada quarto. 
Porém, o mais intrigante de tudo, é que esses iglus de luxo permanecem em pé, funcionando, apenas por quatro ou cinco meses cada ano. 
Depois desse tempo, eles, literalmente, viram água, derretem, voltam a ser rio. 
Por mais que os engenheiros e artistas, que participam da construção desejem se apegar à sua obra de arte, não podem, pois sua criação dura pouco tempo. Isso não os desestimula de forma alguma. 
Ano após ano estão lá, construindo um hotel diferente, sempre com o máximo de capricho e beleza possíveis. 
* * * 
Será que a vida na Terra não é como se viver num hotel de gelo? 
Usufruímos das coisas, mas elas não nos pertencem. 
Elas voltam para o rio da vida, quando retornamos ao mundo espiritual. 
Desse modo, o que ganhamos, ao erguer nossos edifícios na Terra, ao fazer conquistas materiais, não são os bens propriamente ditos, mas sim as edificações na alma. 
O prêmio por anos de trabalho honesto, dedicado e sério, não são imóveis, ações, veículos, etc. 
É a disciplina conquistada. 
É a inteligência desenvolvida. 
É a capacidade de gerenciar pessoas, de encontrar soluções para problemas com maior facilidade. 
Esses, sim, são alguns bens do Espírito, que não perdemos, que não derretem após o inverno. 
É importante ter objetivos relacionados à matéria, certamente.
Temos como missão trabalhar pela melhoria material do planeta. 
Contudo, é imprescindível que não nos apeguemos às coisas, perdendo o foco de nossas verdadeiras metas na encarnação.
A escultura de gelo pode derreter, se desfazer, porém, o escultor sai melhor de cada experiência, sai mais maduro e capaz a cada obra esculpida com dedicação. 
Aí está a verdadeira conquista. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep. 
Em 26.7.2012.

domingo, 15 de maio de 2022

O HOSPITAL DO SENHOR

Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração: 
-Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial. O hospital do Senhor. Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem. Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura. Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes. Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de quarenta graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais. Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada. Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio. Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase. Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade. Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências. Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do Senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia a dia. A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do Evangelho de Jesus Cristo. Ao levantar, deverei tomar um chá de Obrigado, Senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de Bom dia, amigo. De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade. Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranquila para que eu tenha um sono reparador. Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade. O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.
 * * * 
O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo. 
O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. 
É Ele mesmo que se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em Seus amorosos braços a fim de os conduzir para a luz gloriosa da verdade. 
Como há mais de dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. 
Em 22.5.2018

sábado, 14 de maio de 2022

O HÓSPEDE

RAUL TEIXEIRA
E
O ESPÍRITO ROSÂNGELA
Quando sabemos que receberemos um hóspede, em casa, alguém de quem gostamos muito, tomamos muitas providências. Organizamos tudo da melhor maneira possível. Afinal, desejamos oferecer tudo de bom, de mais especial. Por isso, limpamos e perfumamos nosso lar. E o enfeitamos com flores delicadas e coloridas. Providenciamos a quem chegará o melhor cômodo da casa. Aquele onde o sol, pela manhã o virá saudar. E se fizer frio, virá aquecê-lo, logo ao despertar. Quando o hóspede chega, fazemos silêncio para não perturbar o seu repouso. Providenciamos para que as crianças não o incomodem. Pensamos em todos os detalhes, nos desdobramos nas atenções quanto aos alimentos. Preparamos o que ele mais aprecia. Desejamos que se sinta bem em nossa casa. Para ele, o melhor. É nosso hóspede. Tudo se torna um envolvimento de carinho para que esteja à vontade em nossa casa. 
* * * 
Poucos de nós nos damos conta de que existe um hóspede ansioso para penetrar a nossa casa interna. 
Alguém que tem caminhado de um para outro lado, nas calçadas e ruas da nossa vida emocional, todos os dias. 
Ele busca se insinuar para que tomemos a iniciativa de convidá-lO a entrar. 
Ele conhece nosso íntimo. 
Sabe dos nossos sentimentos feridos, da alegria que buscamos com ansiedade, da saúde que aguardamos se restabeleça. 
Das esperanças tão embaladas... 
Ele nos segue pelos corredores da solidão ou nos salões da alegria. 
Ele se chama Jesus. 
Quem sabe, ainda hoje, possamos convidá-lO para adentrar o nosso coração. 
E, como o desejamos bem recepcionar, comecemos por realizar a higiene das peças interiores de nossa alma.
Espanemos para longe os pensamentos tristes. 
Coloquemos perfumes em nossa casa íntima. 
Envolvamos em silêncio cada compartimento interno para que Ele se faça o mais suave hóspede da nossa vida, dela jamais se apartando. 
Não esperemos mais. 
Vamos convidá-lO a se hospedar em nós, para sempre! 
Todos os que permitiram que Ele adentrasse a porta dos seus corações, nunca mais foram os mesmos. 
Ele penetrou o coração de Francesco Bernardone e o jovem se transformou em Francisco dos pobres, Francisco de Assis.
Ele visitou uma jovem freira na Índia e ela, deixando-se sensibilizar por Sua mensagem, se transformou na irmã dos pobres mais pobres: Madre Teresa de Calcutá, para quem cada mendigo, doente ou necessitado era o próprio Cristo vivo e amado. 
Se O convidarmos a estar conosco e nos dispusermos a viver a Sua mensagem, Ele, estrela fulgurante, fará sol em nossas vidas, acima e além de todos os problemas que possam colocar nuvens em nossos dias. 
* * * 
Jesus, Mestre, Amigo e Irmão Maior. 
Ele prossegue de braços abertos, aguardando que nos permitamos o aconchego. 
E que atendamos ao Seu convite: 
-Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração. E achareis descanso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e leve o meu fardo. 
Atendamos ao convite e abriguemos o Hóspede Celeste na intimidade de nossa alma. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e transcrição do Evangelho de Mateus, cap. 11, vers. 28 e 29. 
Em 14.6.2017.