RABINDRANATH TAGORE E DIVALDO PEREIRA FRANCO |
Contam as lendas que, quando foi concluída a Criação, as estrelas vieram visitar a Terra.
A estrela amarela, simbolizando as riquezas, visitou todos os recantos e voltou ao veludo escuro da noite, tomando seu lugar no firmamento.
A estrela azul, simbolizando os rios e os mares, igualmente deu um giro em todas as profundezas e retornou.
As demais estrelas, simbolizando o restante da natureza, fizeram o mesmo, e todas se engastaram nos lugares definitivos onde deveriam permanecer para sempre.
Todas voltaram, menos uma, por discreta determinação do Rei do firmamento.
E, quando perceberam a sua ausência, os demais astros buscaram-na aflitos, de longe. Então perceberam, entre os sofredores e necessitados do mundo, a sua luz faiscando em tom verde.
Por isso, é que a esperança nunca abandona a vida.
Através de uma lenda, os poetas encontraram uma maneira de falar da esperança.
Quando a noite escura do desalento invadir a nossa vida, lembremos da suave luz da esperança que não nos deixa a sós e recobremos o passo, no compasso da harmonia.
Quando sentirmos os ferimentos da cruz de espinhos a vergastar nossos ombros, permitamos que o brilho inapagável da esperança nos console.
Se o véu escuro da morte se estender sobre os olhos físicos dos seres amados, lembremos que a Imortalidade, mensageira da esperança, vem lhes descortinar horizontes novos, no além-túmulo.
Ainda que os dias de sofrimento pareçam não ter fim...
Ainda que a enfermidade anuncie que veio para ficar...
Ainda que os amigos abandonem os nossos passos, deixando-nos caminhar a sós...
Ainda que tenhamos a impressão de que o Pai Divino nos esqueceu, lembremos da sublime lâmpada da esperança e permitamos que ela ilumine a nossa alma, plenificando-a com suave claridade, anunciando um novo alvorecer.
Lembremos que, por mais escura e longa seja a noite, o sol sempre volta a brilhar e, com ele, novas oportunidades de construirmos a nossa felicidade.
Para tanto, devemos permitir que a esperança siga conosco, como portadora da chave que abre a aurora e vence o crepúsculo.
* * *
A esperança se apresenta em nossas vidas de várias maneiras.
Pode estar presente num sorriso...
Num olhar de ternura...
Num aperto de mão...
Num afago...
Podemos encontrá-la ainda, na suave brisa da manhã de sol...
Na serenidade das gotas de chuva, caindo devagar...
Ou no cinza escuro da paisagem crestada pela neve, a anunciar que, em breves dias, tudo estará reverdecido novamente, sob os diversos matizes de cores e perfumes, mostrando que a esperança está presente, e jamais nos abandona.
Redação do Momento Espírita com base no cap. IX
do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 04.06.2010.
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