sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A VOZ QUE ME DIRIGE OS PASSOS

Antônio Gonçalves Dias
Ainda bem que no mundo existem os poetas...
São eles e seus versos encantados que nos ensinam enxergar um fato comum, por vezes banal em aparência, de uma forma nunca antes imaginada por nós.
São eles, principalmente os poetas do bem que, ao tratarem de questões graves da vida, nos ensinam a ter esperança.
Assim, deleitemos-nos com Gonçalves Dias - eminente poeta brasileiro - e sua bela visão sobre Deus e as dores do mundo:
Por que então maldiremos este mundo 
 e a vida que vivemos, 
 se nos tornamos do Senhor mais dignos, 
 quando mais dor sofremos? 
Quantos cabelos temos, Ele o sabe; 
 Ele pode contar as folhas 
que há no bosque, 
os grãos d´areia 
 que sustentam o mar. 
Como pois não será 
Ele conosco no dia da aflição? 
 Como não há de computar 
as dores do nosso coração? 
 Como há de ver-nos, sem piedade, 
o rosto coberto d'amargura;
 Ele, Senhor e Pai, 
conforto e guia da humana criatura?
Se o vento sopra, se se move a Terra, 
 se iroso o mar flutua; se o sol rutila,
 se as estrelas brilham, se gira a branca lua; 
 Deus o quis, Deus que mede
 a intensidade da dor e da alegria, 
 que cada ser comporta – 
num momento d´arroubo ou d´agonia!
Embora pois a nossa vida 
corra alheia da ventura!
 Além da Terra há céus,
 e Deus protege a toda criatura! 
 Viajor perdido na floresta à noite, 
 assim vago na vida; 
 mas sinto a Voz 
que me dirige os passos
 e a Luz que me convida.

* * *
O maior poeta que já esteve na face do orbe terrestre – inspirador de outros tantos poetas do bem que O seguiriam neste planeta – certa feita proclamou:
Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados.
Ora, quem há de oferecer consolo a tantas lágrimas que são vertidas a cada segundo na Terra?
De onde vem tal consolo, senão do Criador, de Suas Leis perfeitas e de Seu Amor maior por Suas criaturas?
É a Voz que nos dirige os passos... Sempre presente.
Redação do Momento Espírita com base na poesia  Espera!, de Gonçalves Dias,do livro Poemas, ed. Ediouro.

Em 3.1.2020.

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