sábado, 30 de junho de 2018

DÍVIDA E RESGATE

Antonio Baduy Filho
Tudo aconteceu no século XVIII. Ano de 1769. Na grande fazenda, na Casa Grande, uma jovem extremamente bela planejava algo terrível. Ela descobrira que seu noivo começara olhar de forma mais demorada para sua prima, Tereza Cristina. Mas, pensava ela, de modo algum, Tereza Cristina me tirará o noivo, que é meu, só meu. Seus sonhos de moça apaixonada não seriam destruídos pela prima. Maria Amélia pensou muito durante toda a noite. No dia seguinte marcou um passeio a cavalo com Tereza Cristina. Lembrou-se que, às margens do rio, havia abelhas mortíferas que, dias antes, tinham acabado com dois bois desprevenidos. Era só colocar a prima ao alcance delas. Mas como? Surgiu então o plano. Assustar-lhe o cavalo, no local mais próximo às abelhas. A outra nada sabia a respeito da região perigosa. Maria Amélia dispararia a arma entre as patas do animal que, com certeza, a jogaria ao chão. Depois, ela mesma se retiraria do local e pronto... tudo terminaria. No dia seguinte, saíram as duas a passear. Quando se aproximaram da zona perigosa, Maria Amélia disparou a arma. O cavalo de Tereza Cristina empinou. A jovem caiu com um grito de dor. Maria Amélia pôde ouvir o zumbido ameaçador das abelhas chegando. Golpeou seu próprio animal, afugentou a outra montaria e se afastou bem depressa. De longe, pôde ouvir os gritos de Tereza Cristina sendo atacada pelas abelhas terríveis. Mais tarde, o corpo da jovem foi encontrado. Estava deformado. Tudo pareceu um infeliz acidente. O tiro que Maria Amélia disparou ninguém ouvira. Todos acreditaram que ela escapara, por milagre, e sua prima não tivera a mesma sorte. 
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O tempo passou. Duzentos anos depois, no ano de 1969, na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, os jornais traziam uma manchete: Abelhas voltam a atacar. Moça morre em um piquenique. A notícia esclarecia que várias moças, reunidas em um piquenique, às margens de um riacho, tinham sido atacadas por abelhas ferozes. Uma delas, a mais atingida, morrera num dos hospitais da cidade, enquanto era atendida pelos médicos. Era Maria Amélia reencarnada. A Justiça Divina a alcançava agora, para resgatar sua dívida. Sem necessidade de que ninguém servisse de intermediário, nem se tornasse seu algoz ou seu carrasco. O povo diz que a justiça de Deus tarda, mas não falha. Na verdade, ela nunca chega tarde. Chega sempre no tempo exato. No momento em que o Espírito, consciente dos erros que praticou, se dispõe ao resgate. Realmente, nunca falha e jamais atinge pessoas inocentes. Nunca cobra além do que a pessoa deve. Deus, que é justiça, é também misericórdia.
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Se estamos sofrendo dores físicas ou morais, pensemos que chegou o nosso momento do reajuste. Ninguém padece sendo inocente. Ninguém colhe o que não semeou. Ajustemo-nos, assim, à Lei, sofrendo sem reclamar, com dignidade. Sem revolta e sem comodismo, porque as almas vencedoras são as que vencem a luta, por combaterem o bom combate até o fim. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33 do livro Histórias da vida, pelos Espíritos Hilário Silva e Valerium, psicografia de Antonio Baduy Filho, ed. Ide. Em 03.07.2009.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

ATENÇÃO DIVINA

Deus, nosso Pai, tem formas simples e eficazes para nos auxiliar. Em um momento, Se utiliza do vento para levar uma mensagem a quem necessite. Acolá, utiliza uma mente disposta a servir, para ouvir o pedido de um enfermo, e atendê-lo. Envia a chuva a espaços regulares, programa as tempestades para a melhoria da atmosfera, estabelece o ciclo das estações. Serve-Se das asas dos pássaros e dos insetos, bem como da brisa mansa para a fecundação das diversas espécies vegetais. Enquanto dormimos, Deus elabora mais extraordinárias maneiras de nos alcançar, afirmando-nos a Sua Providência Amorosa. Por vezes, um descuido de alguém passa a se constituir no atendimento Divino. Por isso, importante estarmos atentos ao que nos sucede, a cada passo. Conta-se que, certa vez, um viajante, por ser inexperiente, perdeu-se em imenso deserto. Quase a morrer de fome e sede, avistou uma palmeira. À sua sombra encontrou uma fonte de água pura e fresca, com a qual aplacou a sede. Mas a fome ainda o magoava. Descansando o corpo, recostando-se na árvore, encontrou um pequenino saco de couro. Pensando que dentro dele encontraria algo para comer, talvez algumas ervilhas ou alguns pedaços de carne, o homem abriu o saquinho com rapidez. Grande foi seu desapontamento ao lhe examinar o conteúdo: eram pérolas! Que ironia, pensou o infeliz. Estou a sucumbir de fome e só o que encontro são pérolas que de nada me servem. Preciso muito de algo para comer. Preciso readquirir forças para continuar minha viagem e tentar chegar ao meu destino. Por ser um homem de fé, o viajante não se desesperou e orou fervorosamente ao Criador, pedindo ajuda. Mal havia passado alguns minutos, quando ouviu o galope apressado de um cavalo. Logo se viu frente a frente com um cavaleiro nervoso e inquieto. Era o dono das pérolas. Percebendo que o outro encontrara o tesouro, tomou-se de alegria. Como reconhecimento, deu-lhe de comer das provisões que trazia consigo. Na sequência, convidou-o a montar seu próprio animal e o conduziu até o termo da sua viagem, evitando que tornasse a se perder. Quando se despediram, o cavaleiro falou ao viajante: 
-Percebe como a Divina Providência agiu? No primeiro momento, tive como uma grande desgraça a perda das minhas pérolas. Contudo, nada mais oportuno. Retornando para procurá-las, cheguei a tempo de lhe prestar socorro. 
“Por meios aparentemente singelos, Deus nos livra, às vezes, de grandes flagelos.” 
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Em tempo algum as coletividades humanas deixaram de receber a sublime colaboração dos Enviados de Deus, na solução dos grandes problemas do mundo. Os Enviados à Terra, pela Providência Divina, agem nos campos das ciências, da filosofia, da literatura, das artes, das religiões, da política, isto é, em todos os campos. Tudo para nos auxiliar em nossa trajetória de progresso, na face deste planeta, que nos serve de lar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A obra da Providência, do livro Lendas do Céu e da Terra, de Júlio César de Melo e Sousa, ed. Melhoramentos e na questão 280, do livro O Consolador, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em 29.6.2018.
http://momento.com.br

quinta-feira, 28 de junho de 2018

DESAFIO COTIDIANO

J. Raul Teixeira
Cada manhã é um novo desafio. A forma que o encaramos reflete nossa postura perante as Leis Divinas. Alguns despertamos descontentes e contemplamos as horas novas como uma carga, que deve ser transportada a qualquer custo. Outros olhamos o dia que surge e logo alçamos o pensamento em fervorosa prece de gratidão, pela renovação da vida no planeta. Os primeiros somos os pessimistas, que ainda não aprendemos a perceber a vontade de Deus no transcorrer dos acontecimentos. Os segundos somos os que nos alicerçamos na fé, cientes de que a vida deve ser vivida em plenitude. Se nos encontramos entre os primeiros, tudo nos transcorre mal. Se o ônibus atrasa, se a chuva nos surpreende em plena rua, se a fila do caixa do banco está morosa. E tudo é motivo para reclamação e desconforto. Nesse passo, acreditamos que todos têm má vontade para conosco: no trânsito, ninguém nos concede a passagem, quando estamos aguardando para adentrar a via movimentada; a recepcionista agendou nosso atendimento somente para daqui há uma semana... Abrimos os jornais e conseguimos somente destacar as manchetes ruins, desagradáveis, que falam de agressões, de desemprego, baixos salários, fugas ao dever, corrupção. Se somos daqueles que pertencem ao outro grupo, conseguimos vislumbrar em todo transtorno uma oportunidade de servir ou nos ilustrar. Assim, aproveitamos o tempo para ler, enquanto aguardamos na fila do ônibus ou do caixa. Ou então para um sorriso, um gesto de boa vontade. Ante a intempérie, agradecemos a bênção dos ventos, da água, do frio, reconhecendo-lhes o justo valor. Numa dessas manhãs, ouvimos a conversa de um senhor idoso e que demonstrava, pelos trajes, sua condição de dificuldade econômica. Falava do salário que ganhava, aliás, tomara a condução justamente para se dirigir ao banco, a fim de sacar o valor de sua aposentadoria por invalidez. Mostrava-se feliz. Não podia mais trabalhar, pela enfermidade que o incapacitara. Contudo, sentia-se feliz por estar andando com suas próprias pernas. Comentou sobre o atendimento médico e farmacêutico que busca, dizendo-se satisfeito por sempre o atenderem muito bem. Detalhou como conseguia sobreviver com o mísero salário, economizando, pesquisando preços, não se permitindo alguns produtos alimentares. E sorria, dando graças a Deus. Em verdade, observando aquele anônimo, fomos levados a cogitar acerca da forma com que estamos encarando nossos dias, nossos problemas, nossa vida. Quantos possuímos muito mais do que o idoso desconhecido e nada fazemos além de reclamar? Sábios somos se, em meio à adversidade, conseguimos elaborar preciosas lições de vida, modelos que podem ser seguidos pelos que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. 
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A maior tristeza que pode se abater sobre nós, rotulando-a, fomentando desditas para o Espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que nos concede o Criador, para evoluir e brilhar. Meditemos sobre isso e cultivemos as alegrias de que necessitamos, nos nobres serviços do amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. FRÁTER. Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP. Em 28.6.2018.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

DIVERSÕES

A vida é um exercício de disciplina. Desde a infância, a criatura vai sendo condicionada a cumprir determinados papéis. Na escola, há regras a serem obedecidas. Tem-se horário de entrada e de saída, intervalo para recreio e a autoridade dos professores. Mais tarde, no trabalho, também há normas para cumprir. É necessário tratar os colegas com educação, ser gentil com a clientela, prestar deferência ao chefe. Cercado por tantos deveres e limites, o homem molda sua personalidade e apresenta-se agradável perante a sociedade. Alguns resquícios de barbárie surgem por ocasião de atritos e discussões. Mas em dados ambientes eles necessitam ser controlados, sob pena de severas conseqüências. Se um profissional distrata seu cliente, perde-o para a concorrência. Quem se permite ofender os colegas de trabalho corre o sério risco de tornar-se desempregado. O aluno que se rebela contra as regras e tarefas escolares sujeita-se a repetir várias vezes o mesmo ano. Trata-se da dinâmica da vida que impõe aos homens um comportamento melhor do que o que lhes é natural. À força de disciplinar-se, a criatura lentamente domina os próprios impulsos negativos. Contudo, há um espaço da vida no qual as tendências inferiores mostram toda a sua pujança. Trata-se dos momentos de lazer. Neles ninguém se obriga a ser melhor ou diferente do que realmente é. Quem controla a própria alimentação, nos dias úteis, muitas vezes se comporta como um glutão no final de semana. Outros gastam suas folgas bebendo e assistindo bobagens na televisão. Há quem utilize seu tempo livre vendo pornografia na Internet, freqüentando bares e falando mal dos ausentes. Outro comportamento singular é o apresentado em alguns tipos de reuniões de amigos ou conhecidos. Não raro surgem brincadeiras constrangedoras e perigosas, como jogar os outros em rios e piscinas. Nessas situações, habitualmente não se respeita o desejo de quem não quer participar. Afigura-se até mais interessante apropriar-se da pessoa que resiste e forçá-la a fazer o que não deseja. O curioso é que os praticantes dessas estranhas brincadeiras são normalmente cordatos e respeitosos. Apenas nas folgas é que se permitem comportamentos agressivos e vexatórios. Abandonam seu padrão habitual de conduta e tratam o semelhante sem limites ou respeito. Não se desconhece a necessidade dos momentos lúdicos. A vida humana não pode cingir-se a deveres intermináveis. É bom e útil que os homens se congracem, sejam leves e prazenteiros. Mas é interessante perceber o modo como o próprio tempo livre é gasto. Ele conta mais sobre as tendências profundas da criatura do que qualquer outra coisa. Nele se revelam os verdadeiros gostos, as tendências que vêm do passado milenar, cultivados em inúmeras vidas. Assim, preste atenção em seu comportamento nos momentos de folga. Será que você não se aproxima dos brutos em seus instantes de lazer? Acaso se deixa dominar pelo gosto do ócio, da gula, da luxúria ou da brutalidade? Perceba como você é quando não necessita obedecer nenhuma regra. Caso não ache seu comportamento muito nobre, dedique-se a alterá-lo. Não porque outros o forcem a isso, mas porque você quer ser alguém equilibrado e digno em todos os instantes de sua vida. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.04.2008.

terça-feira, 26 de junho de 2018

COMPARANDO-NOS COM OS OUTROS

Comparando-nos com os outros Em um mundo onde a competição toma conta das relações, os modelos são sempre superlativos. Precisamos ser os mais rápidos, desejamos ser os mais belos, lutamos para ser os mais fortes. Comparamo-nos o tempo inteiro, e parece que a perfeição está sempre no outro. No corpo da apresentadora de TV, na grande demonstração de afeto da esposa do vizinho, no extraordinário emprego conseguido pelo ex-colega da Faculdade e assim por diante. O escritor e educador Rubem Alves vê na comparação um exercício dos olhos: 
-Vejo-me - estou feliz. Vejo o outro. Vejo-me nos olhos do outro – ele tem mais do que eu. Vendo-me nos olhos dos outros eu me sinto humilhado. Tenho menos. Sou menos. 
O autor narra que ele mesmo só descobriu que era pobre quando deixou o interior de Minas Gerais para morar no Rio, e foi parar num colégio de cariocas ricos. Então, começou a se sentir diferente, falava com sotaque caipira, não pertencia ao mundo elegante dos colegas, e sentiu vergonha de sua pobreza. Até então, Rubem morava com uma família numa casa velha de pau a pique, emprestada. Diz ele: 
-Eu sou muito ligado a esse passado, foi um período de grande pobreza, mas eu não sabia que era pobre. 
O sentimento da infelicidade nasce da comparação. Foi um momento de grande felicidade, um período sem dor. Só dor de dente, dor de espinho no pé. 
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Baseados nisso podemos questionar: 
-Como não se comparar? Como viver sem referência alguma? 
Não seria possível, obviamente. A não ser que nos ilhássemos definitivamente – uma solução que traria uma centena de outras consequências negativas. 
Como lidar equilibradamente com tudo isso, então? 
Uma primeira ideia seria a de cuidar para que a competição não tome conta das relações, sejam elas afetivas, familiares ou profissionais. Se isso acontecer – e normalmente acontece -, que tal transformar a competição em cooperação? Como? Percebendo que não estamos nas relações apenas para dar e receber, e sim para cooperar, construir um bem comum. Ver os outros como companheiros e não como adversários faz uma grande diferença. Uma segunda resolução seria buscar ver a vida do outro como ela realmente é, e não como julgamos que ela seja. Estamos num mundo de provas e expiações, onde os embates contra nossas imperfeições, ainda insistentes, são constantes. E essas pelejas não poupam ninguém. Todos temos conflitos, inseguranças, cometemos equívocos e sofremos as consequências do que plantamos. As leis maiores do Universo regem a vida de todos igualmente. Não há favorecidos nem esquecidos por Deus. Ver a perfeição, a felicidade, apenas naquilo que não se tem ou no que os outros têm, é um tipo de comportamento que somente gera insatisfação. 
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Na excelente obra de Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, colhemos um esclarecimento especial a respeito do homem de bem. O homem de bem é aquele que estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Você não é perfeito, de autoria de Elisa Correa, publicado na Revista Vida Simples, de julho de 2008 e no cap. XVII, item 3, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. Em 26.6.2018.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

DISTRAÇÕES

A vida da maioria das pessoas é atribulada e cheia de compromissos. Entre reuniões, cursos, deslocamentos e projetos variados, a semana passa. O final de semana é pleno de atividades. Televisão, cinema, shows e passeios são apenas alguns dos programas disponíveis. A Internet também consome um tempo considerável. Além de ser instrumento de trabalho e de estudo, por vezes ela se converte em um vício. Consultar novas mensagens e navegar por diversos sites torna-se uma compulsão. Na verdade, o mundo moderno é rico de distrações. Entre múltiplos programas e compromissos, a criatura não percebe o tempo passando. Envolvida com variados eventos, ela vai de roldão. Não se desconhece a necessidade de atender os compromissos da vida. É preciso trabalhar, estudar e acompanhar as inovações que surgem a todo o momento. Entretanto, urge reconhecer que a finalidade da vida não se cinge a correr atrás de cargos, de coisas ou de distrações. Por vezes é necessário gastar um tempo para se perceber. 
Qual o real significado do que se vive? 
São realmente necessárias tantas atividades? 
Elas não constituem uma forma de escapar da própria realidade íntima?
Lembre que você é um Espírito imortal. Já animou inúmeros corpos. Já foi rico e pobre, homem e mulher, ignorante e ilustrado. Após tantas experiências, ei-lo novamente na Terra. Mas você não é daqui. Nasceu com a finalidade de se recompor perante a própria consciência, de reparar antigas faltas, de romper com velhos hábitos. A reencarnação é uma oportunidade preciosa. Há uma programação muito séria envolvida. Você contou com o auxílio de amigos mais adiantados para elaborar a rota e a finalidade de sua atual existência. Assim, não gaste a vida em futilidades. Asserene o seu coração e procure menos distrações. Distraindo-se em excesso, você corre o risco de desperdiçar uma oportunidade valiosa de elevação e libertação. Trabalhe, estude e divirta-se. Mas não utilize subterfúgios para escapar de si próprio. Gaste um tempo observando seu caráter, seus gostos, suas facilidades e dificuldades. Reflita sobre o contexto em que você está inserido. Repare em seus familiares, em seus colegas de trabalho, em todos que o rodeiam. Medite sobre a vida e descubra como você pode ser melhor. Pense o que em seu temperamento não é agradável e causa embaraços e dores, a você e aos outros. Esforce-se por retificar o que não for agradável. Experimente a ventura de ser útil. Aprenda a auxiliar o próximo, sem esperar nada em troca. Dê atenção aos idosos e doentes de sua família. Cultive virtudes como bondade, paciência e ternura. Adote um patamar nobre de conduta e não se afaste dele. Saiba que as dificuldades que se apresentam em sua vida são desafios. Elas não se destinam a causar-lhe sofrimento, mas a fortalecê-lo no bem. Nunca se permita fazer nada que lhe cause vergonha. Você jamais conseguirá fugir de si próprio. Toda tentativa de se enganar será passageira e representará apenas perda de tempo. Lembre que todas as coisas exteriores ficarão para trás. Mas o coração asserenado pelo cumprimento do dever você levará consigo para sempre. Ele será o seu tesouro colocado fora do alcance dos ladrões e das traças. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita. 

domingo, 24 de junho de 2018

A DISPUTA

Acontece às vezes. Os casais se separam e passam a disputar os filhos como se eles fossem seu patrimônio. Não se preocupam em lhes perguntar como estão se sentindo, com quem desejariam morar. Mesmo porque a resposta certa e fácil deles seria: 
-Com os dois. 
O que causaria para ambos um grande transtorno. E as decisões são, habitualmente, muito frias. São estabelecidos dias para visitas, dias em que os filhos poderão estar com aquele que não ficará com a guarda deles. E os pequeninos, acostumados a terem mamãe e papai em casa, terão que obedecer a uma escala para amar, dia certo para abraçar, para passear, para gozar da companhia de quem tanto querem. Em outras circunstâncias, ocorre, também, que pais, normalmente jovens, precisam trabalhar, estudar. E o bebê fica com a avó, a tia, alguém da família. Por vezes, uma babá de muita confiança. Ocorre, o que é natural, que no transcorrer do tempo, o bebê vai crescendo e ele se sente seguro e feliz com aquela pessoa que ele vê, toda vez que chora por estar com dor, fome ou precisa ter as fraldas trocadas. Aquela pessoa é quem com ele brinca, quem lhe ensina as primeiras palavras. É quem lhe descobre o primeiro sorriso, o primeiro dentinho. É quem lhe estende as mãos quando ele cai, ao tentar dar os seus primeiros passos. É quem o incentiva a subir os degraus, é quem lhe serve a sopa. É também esse alguém que ele beija, abraça e ama. De forma natural vai para a casa dos pais, está com eles pois que eles também lhe dão atenção, nas horas em que não se encontram às voltas com seus afazeres e preocupações. Mas é lógico que a criança sentirá falta daquele alguém a quem se acostumou, em quem confia. É nesse momento, quando os pais percebem que não são exclusividade no coração da criança, que, às vezes, tomam atitudes inesperadas. Resolvem quebrar, de vez, os elos entre seu pequeno e a pessoa que até então cuidava dele. E afastam um do outro. Colocam a criança na escolinha, diminuem de forma repentina os contatos com aquela pessoa: avó, tia ou babá. Dizem que a criança deve aprender a amar os seus pais. E ela ama. Mas o ciúme, o medo de serem preteridos faz com eles ajam assim. Esquecem que com isso causarão no seu pequeno lesões, em nível afetivo, de caráter grave. Esquecem que o amor não se impõe, não se compra. O amor se conquista e a conquista é lenta, trabalhosa e incessante. 
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O amor, quanto mais se divide, mais se multiplica. Não há limites para o amor, nem na sua intensidade, nem nas suas gradações. Por isso mesmo, seu filho pode e amará você, mãe, você, pai, sem que deixe de amar também a avó, o tio, a tia, a babá. O amor não deve ser entendido como uma disputa, como algo que pode ser exigido. Ele necessita do trabalho lento dos dias, do aconchego constante, das demonstrações de carinho, dos pequenos nadas que fazem a nossa vida tão agradável. Ame seu filho, mas não o impeça de amar a quem quer que seja. Se você fizer isso, estará frustrando nele uma grande capacidade que Deus deu a todos nós: amar sem medidas, sem restrições a tudo e a todos.
Redação do Momento Espírita Em 13.4.2017.

sábado, 23 de junho de 2018

DISCUSSÕES ESTÉREIS

A linguagem articulada é um dos grandes dons que felicitam a humanidade, distinguindo-a no concerto da criação. Mediante a linguagem transmitem-se tesouros de pensamento e cultura, tratando-se de um elemento facilitador do progresso. Importa preservar esse valioso recurso, dando-lhe destinação útil. Assim verifique o modo como você utiliza a palavra. Cuide para que esse dom não se converta em instrumento de suplício para seus semelhantes. É natural e mesmo esperado que você busque compartilhar com o próximo seus ideais e experiências. Encontrando-se convencido do acerto do seu modo de ver e perceber a vida, pode experimentar a tentação de converter os demais. Para bem evidenciar a correção de seu pensamento, talvez ache necessário empenhar-se em infindáveis discursos e longas discussões. Contudo, com esse proceder, bem cedo se tornará cansativo aos seus amigos e familiares. Uma coisa é trocar idéias com os semelhantes, com humildade e delicadeza, ouvindo e refletindo sobre o que eles têm a dizer. Outra, bem diferente e antipática, é tentar impor às consciências alheias a sua forma peculiar de entender o mundo. Constitui sinal de vaidade pensar que apenas você foi brindado com a capacidade de perceber a realidade que o cerca. É razoável pretender que todos os que o rodeiam permanecem nas trevas da ignorância? Já imaginou que talvez eles, com mais brilho do que você, compreendam a vida sob prismas mais profundos e lógicos? Nesse caso, o que os mantém em silêncio não será a humildade? Ou talvez seja a generosidade que os impede de tentar convencê-lo, por perceberem que você ainda não possui condições para acompanhar-lhes o raciocínio. É importante pensar nisso antes de assumir o papel de conversor compulsório dos semelhantes. Mas imaginemos que o seu sistema de pensar e sentir realmente seja o melhor. Isso o autoriza, de algum modo, a forçar as consciências dos outros? Se ainda ontem você não havia entendido a lição que hoje quer ensinar, trata-se de um eloqüente sinal de que tudo no mundo tem o seu momento próprio. É natural que você deseje ver seus amores no melhor caminho, mas violentar o modo de sentir do próximo cria apenas resistência. Saber respeitar o nível de entendimento dos outros é sinal de sabedoria e de maturidade. Qualquer corrente filosófica, política ou religiosa que não contenha em suas bases o respeito ao ser humano possui grave falha. Entretanto, sendo impróprio a você impor suas idéias, nada o impede de evidenciá-las diariamente pelo exemplo. Assim, viva com a pureza possível de conformidade com os seus ideais. Torne a sua conduta reta o reflexo de seus pensamentos. Sendo sublimados os seus atos, os outros não tardarão a perceber a beleza da teoria que os embasa. Não se perca, pois, em estéreis discussões. Não enfade seus ouvintes com arengas repetitivas. Respeite o livre-arbítrio dos que o cercam. No mundo, é importante dizer o necessário. Mas também é preciso não perder tempo com quem não tem interesse em suas palavras. Pense nisso. 
Textos da Equipe de Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

ENTRE VÊNUS E MARTE

Cláudio Sinoti
Quando olhamos o céu, com suas tantas estrelas, tantas que não conseguimos contar todas, nosso sentimento é de admiração. Um quase êxtase. A chamada Estrela D´Alva, o planeta Vênus, que assim chamamos por seu brilho no céu, entre outras, nos leva a cogitar de quantas outras Humanidades existirão espalhadas por esse imenso Universo de Deus. Exatamente por isso, o homem tem investido na exploração espacial. Em dezembro de 2015, a agência japonesa de exploração aeroespacial, a JAXA, anunciou a chegada da sonda Akatsuki, que significa Aurora, ao planeta Vênus. Vênus é a equivalente romana da deusa que a mitologia grega denominava Afrodite. Deusa do amor, da beleza e da união. Por sua vez, apenas alguns meses antes, o robô Curiosity, da NASA, enviara imagens do planeta Marte. Marte é a denominação romana para o deus da guerra, que os gregos chamavam Ares. Se Vênus é a deusa do amor, Ares é o deus da destruição, sempre representado envolvido com as lutas humanas e os campos de batalha. Sem nos alongarmos em considerações astronômicas ou astrológicas, é de considerarmos como precisamos explorar mais a fundo essas duas expressões tão intensas da alma humana: o amor e a guerra. Parece que a Humanidade tem transitado muito mais pelos campos de Ares, com todo seu poder destrutivo. Somos os seres que ainda vivemos em disputas diárias e batalhas constantes. No trânsito, os que andamos a pé desafiamos o movimento dos carros, atravessando as ruas de qualquer jeito, como bem entendemos. Quando estamos ao volante, utilizamos o nosso veículo como uma máquina de guerra, furando sinal, desrespeitando leis estabelecidas, investindo com quase fúria sobre quem está concluindo a travessia na faixa de pedestres, mal abre o semáforo. Nos relacionamentos de toda sorte, mais nos digladiamos do que nos amamos. É o que apontam as manchetes, todos os dias, apresentando cenas de violência entre aqueles que mais deveríamos nos amar, os seres humanos. Afinal, somos todos filhos do mesmo Pai. Todos tivemos a mesma origem e nosso destino é o mesmo: o retorno à casa paterna. Mesmo quando nos envolvemos com a arte, a música, a literatura, que deveriam se voltar ao engrandecimento dos valores e princípios, exploramos a tendência destrutiva. Tudo porque, de modo geral, estamos mais interessados em retorno financeiro, em audiência, em competição, em poder em sermos alçados ao pódio das glórias mundanas. Como se faz necessário que deixemos de explorar tanto o campo de Marte e nos direcionemos para Vênus. Quanto necessitamos do amor. Desse amor verdadeiro que se preocupa em cuidar das feridas afetivas, da criança abandonada, dos magoados e dos esquecidos. Afinal, quantos de nós não nos encaixamos em uma dessas categorias? Comecemos, então, essa incursão ao planeta da nossa alma, ao planeta Vênus. Amemos. Exemplos não nos faltam: Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi. E foi o Mestre Jesus quem nos conclamou a que nos amássemos uns aos outros como Ele nos amou. E frisou que devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Que tal iniciarmos hoje a viagem ao nosso interior, explorando, em todos os detalhes, o planeta Vênus? 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Explorando Júpiter, Vênus e Marte, de Cláudio Sinoti, da revista Presença Espírita, março/abril de 2018, ed. LEAL. Em 22.6.2018.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O SÁBIO E O PÁSSARO

O sábio e o pássaro Conta-se que, certa vez, um homem muito maldoso resolveu pregar uma peça em um mestre, famoso por sua sabedoria. Preparou uma armadilha infalível, como somente os maus podem conceber. Tomou de um pássaro e o segurou nas mãos, imaginando que iria até o idoso e experiente mestre, formulando-lhe a seguinte pergunta:
-Mestre, o passarinho que trago nas mãos está vivo ou morto? 
Naturalmente, se o mestre respondesse que estava vivo, ele o esmagaria em sua mão, mostrando o pequeno cadáver. Se a resposta fosse que o pássaro estava morto, ele abriria as mãos, libertando-o e permitindo que voasse, ganhando as alturas. Qualquer que fosse a resposta, ele incorreria em erro aos olhos de todos que assistissem a cena. Assim pensou. Assim fez. Quando vários discípulos se encontravam ao redor do venerando senhor, ele se aproximou e formulou a pergunta fatal. O sábio olhou profundamente o homem em seus olhos. Parecia desejar examinar o mais escondido de sua alma, depois respondeu, calmo e seguro: 
-O destino desse pássaro, meu filho, está em suas mãos. 
* * * 
Richard Simonetti
A história pode nos sugerir vários aspectos. Podemos analisar a maldade humana, que não vacila em esmagar inocentes para alcançar os seus objetivos. Podemos meditar na excelência da sabedoria, que se sobrepõe a qualquer ardil dos desonestos. Mas podemos sobretudo falar a respeito da destinação humana, ainda tão mal compreendida. Normalmente, tudo se atribui a Deus, à Sua vontade: as doenças, a miséria, a ignorância, a desgraça... Ora, se Deus é de infinito amor e bondade, conforme nos revelou Jesus, como conceber que Ele seja o promotor do infortúnio? A vida nos é dada por Deus mas a qualidade de vida é fruto das ações humanas. Se o mal impera, é porque os bons se omitem, de forma tímida, permitindo o avanço acintoso daquele. A mão que liberta o homem da desgraça é a do seu semelhante, o mais próximo que se lhe situe. Assim, o destino de nossa sociedade é o somatório de nossas ações. Filhos de Deus, criados à Sua imagem e semelhança, exercitemos a vontade, moldando nossa destinação gloriosa, bem como influenciemos positivamente as vidas dos que nos cercam. Você sabia? Você sabia que é nosso dever fazer algo de bom pelo semelhante? Que para uma sociedade sadia é indispensável a solidariedade? E que solidariedade significa prestar ao semelhante todo o cuidado que gostaríamos de receber dele, caso fôssemos nós os necessitados?
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O sábio e o pássaro, de Richard Simonetti, publicado na revista Reformador, de março/1998, ed. FEB. Em 21.6.2018.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

OS DISCÍPULOS DO TÚMULO VAZIO

Napoleão Bonaparte morreu na ilha de Santa Helena, em maio de 1821. Era seu desejo ser enterrado às margens do rio Sena, em Paris. Assim, seus restos foram transladados em 1840 e se encontram na Cúpula de Os inválidos, na capital francesa, sendo um dos monumentos mais visitados. O túmulo é absurdamente grande. O caixão é feito de pórfiro importado da Rússia. Nas paredes da cripta estão esculpidos os seus feitos, as conquistas, as construções ordenadas por ele, como o Arco do Triunfo. Por sua vez, o túmulo do profeta Maomé se encontra na Mesquita do Profeta, na cidade de Medina, na Arábia Saudita. De acordo com a tradição islâmica, o túmulo em si não é embelezado ou decorado. Mas está marcado por uma cúpula verde de madeira, construída pelos turcos otomanos e isolado por uma malha de ouro e cortinas pretas. Trata-se de um local histórico, visitado por peregrinos muçulmanos. Na Índia, o Taj Mahal, considerado o maior templo ao amor de todos os tempos, atrai turistas do mundo inteiro. Ali se encontra o corpo de Mumtaz Mahal, que se casou, aos dezenove anos, com o príncipe, que se tornou imperador. Era uma mulher de lendária beleza e virtude. A bondade do seu coração a fazia intervir a favor dos menos afortunados. Seu casamento foi marcado pelo profundo amor que nutriam um pelo outro, jamais diminuído pelo passar do tempo ou depois do nascimento dos seus quatorze filhos. Foi a companheira constante do amado marido, acompanhando-o em todas as viagens pelo grande império. Em Paris, o cemitério Père Lachaise congrega túmulos de pessoas famosas, alguns se sobressaindo pela arquitetura, grandeza, originalidade, atraindo turistas das várias partes do mundo. Pessoas famosas. Túmulos grandiosos. Peregrinações. Visitas turísticas. 
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Recordamos de um carpinteiro, que teve como primeiros visitantes pastores que guardavam seus rebanhos no campo. Ele viveu entre os homens um pouco mais de três décadas. Ao morrer, foi-lhe emprestado um túmulo jamais utilizado, e Seu corpo foi ali depositado, às pressas, considerando-se a proximidade do sábado judaico. Guardas armados foram colocados na abertura, que foi lacrada com selos oficiais. Na manhã do terceiro dia, a pedra que fechava a entrada foi removida, por estranha força, uma grande luz se fez e nada, além do lençol, no qual fora envolvido o corpo, foi encontrado no local. Ele foi visto, pleno de luz e vida, por viajantes a caminho de Emaús, pelos apóstolos reunidos no cenáculo, por uma mulher no jardim do sepulcro. Depois de quarenta dias convivendo com os que elegera para Seu colegiado apostólico, amigos e discípulos, desapareceu de suas vistas, parecendo desfazer-se em luz. Jamais alguém lhe encontrou o corpo físico, cujo fim se ignora. Senhor da Imortalidade, Ele somente deixou um túmulo vazio. Nem ossos, nem cinzas. Aquele que ensinara que o Pai deve ser adorado em Espírito e Verdade, nos legou um túmulo vazio. Nada físico para ser venerado. Tudo para dizer, uma vez mais, de que a vida verdadeira é a do Espírito, Imortal e perene. 
Redação do Momento Espírita. Em 10.3.2015.

terça-feira, 19 de junho de 2018

O PREÇO DE UMA VIDA

XUE XINRAN
O preço de uma vida Quando, em nosso país, tantas vozes se erguem na defesa da eliminação da vida, uma pausa para reflexão se faz devida. Quanto vale uma vida? Será que, por não ser ainda alguém que contribui para a sociedade, por não ter voz suficientemente alta para se defender, o embrião ou o feto merece a morte? O que pretendemos com tal posicionamento? Recordamos que na China, entre 1979 e 1980, entrou em vigor a lei de um único filho. Isso motivou o crescimento do número de crianças abandonadas ao nascer. Sobretudo meninas. Também o infanticídio e o consequente envelhecimento da nação. Em outubro de 2015, passou a ser permitido o segundo filho. A jornalista Xinran, hoje radicada em Londres, conta uma de suas experiências dolorosas, do ano de 1990. Era uma manhã de inverno. Ao passar por um banheiro público, uma multidão ruidosa estava rodeando uma sacola de roupas, entregue ao vento da estrada. A jornalista se aproximou e recolheu a trouxinha: era uma menina de apenas alguns dias. Estava azul de tão gelada e o pequeno nariz tremia. Ninguém ajudou Xinran. Ninguém moveu um dedo para salvar a criança. Ela a levou ao hospital, pagou pelos primeiros socorros mas ninguém ali estava com pressa de salvar aquela recém-nascida. Somente quando Xinran apanhou seu gravador e começou a relatar o que via, um médico parou e levou o bebê para a emergência. Uma enfermeira disse: Perdoe-nos a frieza. Há bebês abandonados demais. Ajudamos mais de dez, mas depois ninguém queria se responsabilizar pelo futuro deles. A vida se tornou ali tão banal, a sorte das meninas recém-nascidas é tão incerta que se prefere deixá-las morrer. Será que é algo assim que desejamos para nosso país? Que a vida em formação se torne de importância nenhuma, de forma a que possa ser eliminada, em pleno florescer? Pensemos nisso. Em nosso país, se desconhece o número de abortamentos praticados. São milhares de brasileiros que nunca chegarão a ver a luz do sol. Logo mais, poderemos ter leis que dirão quem pode ou não continuar vivo. Um idoso que somente onera a sua família merecerá continuar a viver? E um portador de anomalia grave ou deficiência mental? Quem está desempregado, quem não contribui eficazmente para a sociedade!? Para onde caminharemos? Manifestemo-nos. Digamos aos nossos representantes que somos cristãos e prezamos a vida, que nos é dada por Deus, não competindo ao homem destruí-la, por livre deliberação. Felizmente, para a pequenina chinesa, a voz da jornalista soou forte. Ela transmitiu a história em seu programa de rádio. As linhas telefônicas foram tomadas por chamadas de ouvintes. Alguns muito zangados pela sua atitude de salvar uma vida. Outros, solidários. Três meses depois, a menininha foi entregue à sua nova família: uma professora e um advogado. E ganhou um nome: Better, que, em inglês, significa A melhor. 
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Recordemos que um dia, nós mesmos, frágeis, pequeninos, aconchegamo-nos em um útero, rogando a um coração de mulher por vida e por amor. E se hoje estamos escrevendo, lendo ou ouvindo este texto é porque nos foi permitido nascer. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Os estrangeiros que adotam..., do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das Letras. Em 19.6.2018.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

DISCIPLINA

Muitos de nós, quando ouvimos falar em disciplina, logo imaginamos estruturas militares rigorosas, normas que amedrontam, ou algo assim. No entanto, disciplina é “a ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização”, observação de preceitos ou normas”. Nosso lar é a primeira organização da qual fazemos parte, e é aí, portanto, que deve começar a disciplina. Sem dúvida, alguns de nós damos aos filhos uma comodidade que resulta mais tarde em indisciplina. Talvez não o façamos com essa intenção, mas o resultado nos escapa e nos desagrada. Movidos pelo afeto, tantas vezes nos esquecemos de estabelecer normas que convêm ao bom funcionamento dessa organização chamada de lar. Envolvemos os pequeninos em cuidados e zelos, e às vezes exageramos na dose, prejudicando a sua formação moral. Alguns de nós criamos nossos filhos como se fossem príncipes ou princesas, fazendo tudo por eles. Ensinando-lhes que só têm direitos, e nenhum dever. Em contrapartida, passamos a eles a ideia de que nós, pais, só temos deveres e nenhum direito. Se chegamos em casa e vamos fazer nossa refeição, e o pequeno solicita nossa atenção, imediatamente largamos o prato e vamos atendê-lo. Se estamos ao telefone e ele fala conosco, deixamos de dar atenção ao outro lado da linha para ouvi-lo. Ele tem o direito a falar quando quiser, no volume que achar conveniente. Tem o direito a fazer suas refeições tranquilamente, dormir a hora que desejar, jogar as roupas sujas onde quiser. Deixar seus brinquedos espalhados pela casa inteira. Alguém fará tudo por ele. Nossos filhos crescem. Envolvem-se numa outra organização a que chamamos sociedade, e aí começam os problemas. Aqueles a quem ensinamos que só tinham direitos, agora cobram da sociedade o mesmo tratamento que lhes foi dispensado dentro do lar, ao longo da infância e adolescência. Quando saem no trânsito, querem que todos abram alas. Afinal eles querem passar. Não se importam se irão obstruir os cruzamentos, nos semáforos, impedindo a passagem dos outros, ou se irão atrapalhar em filas duplas. Afinal eles sempre tiveram a preferência. Quando necessitam de algum processo junto aos órgãos competentes, querem ser atendidos primeiro. Seus direitos vêm sempre antes. É importante que reflitamos acerca de como tem sido o nosso comportamento diante dos filhos. É importante estabelecer limites, que devem ser respeitados. Importante dar aos filhos responsabilidades desde a infância, como ajudar a manter a casa em ordem, respeitar os direitos dos demais membros da família, etc. E jamais devemos esquecer que o exemplo é a melhor forma de educação. Se somos daqueles que acreditamos que a disciplina não é necessária, observemos um veículo rodando sem freios, e poderemos ter uma ideia do que seja a falta de limites. Pense nisso! Se queremos ver nossos direitos respeitados, comecemos por respeitar os dos outros. Se queremos um trânsito organizado, sejamos disciplinados, respeitando os direitos de todos os que circulam pelas ruas. Se todos observarmos nossos limites, nossos deveres, nossas obrigações, teremos uma sociedade harmoniosa. Pense nisso, mas pense agora! 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Desafios da educação, ed. Fráter.

domingo, 17 de junho de 2018

DISCIPLINA DO PENSAMENTO

LÉON DENIS
Você consegue imaginar quantos pensamentos temos por dia? Estudiosos informam que temos entre sessenta a noventa e cinco mil pensamentos em vinte e quatro horas. É uma quantidade realmente muito grande... Isso significa, por exemplo, que durante esta mensagem poderemos chegar a ter entre duzentos a trezentos e trinta pensamentos! Trazemos então uma primeira reflexão: 
Quantos desses tantos pensamentos diários são bons, úteis? Quantos são maus, inúteis? 
Infelizmente a maioria deles ainda não pode ser classificada como pensamentos saudáveis e construtivos, porém, existem formas de se disciplinar o pensar, pois bem pensar é a elevada forma de se viver. Aqui vão alguns ensinamentos importantes a respeito da disciplina do pensamento. Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. É por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas, tem tanta virtude. É preciso aprender a fiscalizar os pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno. Cada tipo de pensamento tem que ter a sua hora, o seu lugar. Não devemos estar em casa, com a família, e com os pensamentos em outro lugar, como, por exemplo, no ambiente de trabalho. Cada vez que surja um mau pensamento, essa fiscalização fará com que um alerta se acenda em nós, e tomemos alguma atitude para expulsá-lo o mais rápido possível. É bom também viver em contato, pelo pensamento, com escritores de gênio, com os autores verdadeiramente grandes de todos os tempos e países, lendo, meditando sobre suas obras, impregnando o nosso ser da substância de suas almas. É necessário escolhermos com cuidado nossas leituras, depois amadurecê-las e assimilar-lhes a quintessência. Em geral lê-se demais, lê-se depressa e não se medita. O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes. Há também a prática de meditar. Na meditação o Espírito se concentra, volta-se para o lado grave e solene das coisas. A luz do mundo espiritual banha-o com suas ondas. Evitemos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Sejamos sóbrios de jornais, TV e Internet. O contato com essas mídias, fazendo-nos passar continuamente de um assunto para outro, torna o Espírito ainda mais instável. A alma oculta profundezas onde o pensamento raras vezes desce, porque mil objetos externos ocupam-no incessantemente. Disciplinar os pensamentos significa disciplinar a vida, e escolher caminhos mais seguros. Na nascente de todos os atos, palavras e ideias estão os pensamentos. Mudemos a matriz e teremos uma vida renovada e mais feliz. Lembremo-nos: bem pensar é a elevada forma de viver! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. XXIV, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb. Em 24.05.2011.

sábado, 16 de junho de 2018

DISCIPLINA=FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO!

Quando se fala em delinquência, muitos pais sofrem só em pensar no que esse termo representa. Alguns de nós pensamos e repensamos em como pode uma criança cordata, amável durante a infância, tornar-se um delinquente na adolescência e juventude. Nós não nos damos conta, mas somos, enquanto educadores, os maiores responsáveis pela delinquência que vige no mundo. O Departamento de Polícia de Houston, Texas, elaborou uma lista enumerando 9 MANEIRAS FÁCEIS DE COMO CRIAR UM DELINQUENTE. 
A lista é a seguinte: 
1 - Comece, na infância, a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja. 
2 - Quando ele disser palavrões, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante. 
3 - Nunca lhe dê orientação religiosa. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e “decida por si mesmo”. 
4 - Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade. 
5 - Discuta com frequência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde. 
6 - Dê-lhe todo o dinheiro que quiser. Nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro. Por que terá ele de passar pelas mesmas dificuldades por que você passou? 
7 - Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. (Negar pode acarretar frustrações prejudiciais). 
8 - Tome o partido dele contra vizinhos e policiais. (Todos têm má vontade para com o seu filho). 
9 - Quando se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: “nunca consegui dominá-lo.” 
Aja assim, e prepare-se para uma vida de desgosto. É o seu merecido destino. Quando nos queixamos do desgosto por que nos fazem passar os filhos, normalmente esquecemos todos esses detalhes enumerados pela polícia de Houston. Enquanto ainda são crianças imaginamos que jamais venham a delinquir. Em verdade é esse o nosso mais profundo desejo. No entanto, é bem possível que nos equivoquemos procurando acertar. Procurando fazer o melhor para os rebentos tão queridos aos nossos corações. Se temos a intenção de fazer de nossos filhos cidadãos responsáveis e dignos, comecemos a prestar mais atenção na forma de educação que lhes damos. Ensinar-lhes a tolerar frustrações, estabelecer regras a serem respeitadas, limites a serem observados, é sempre de bom alvitre. Consideremos sempre que nossos filhos são Espíritos reencarnados, e como tal, trazem consigo a bagagem de erros e acertos conquistados ao longo das existências. Consideremos ainda, que todos renascemos para galgar degraus na escala evolutiva, e sejamos os impulsionadores daqueles a quem Deus nos confiou a educação. Dessa forma, de nada teremos que nos arrepender mais tarde, quando tivermos que prestar contas às Leis divinas. 
 *** 
Você sabia que é na adolescência que o espírito retoma a bagagem de experiências acumuladas ao longo da sua caminhada evolutiva? É que na adolescência o corpo e o psiquismo já estão preparados para receber essas informações. Não é outro o motivo pelo qual muitos pais desconhecem os filhos, que passam a ser outra pessoa, dizem, quando chegam à adolescência. E você sabia que até aos 7 anos de idade a criança é mais suscetível aos ensinamentos? Por isso devemos nos esmerar para dar-lhes uma educação efetiva, de forma que esta possa suplantar as informações equivocadas que por ventura traga o nosso filho, de existências anteriores.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

DIREITOS E DEVERES

RAUL TEIXEIRA
Muito se ouve falar a respeito dos direitos do cidadão. Nunca os direitos foram tão exaltados como nos últimos tempos. Criam-se códigos e códigos, estabelecendo os mais variados direitos das criaturas. Tanto o consumidor quanto a criança e o adolescente têm seus direitos assegurados por lei. A imprensa nunca teve tanta liberdade de expressão como na atualidade. Isso demonstra um grande progresso, não há dúvida. Todavia, não podemos esquecer que, ao lado de qualquer direito, há também um dever. Ambos devem andar sempre juntos para serem legítimos. Mas o que, infelizmente, vem ocorrendo, é que cada um só reclama seus direitos, relegando os deveres ao esquecimento. O fornecedor que é também, sem dúvida, consumidor, será que pensa como tal nos direitos dos outros quando elabora seus produtos? Ou será que só se lembra dos direitos do consumidor na hora de reclamar os seus direitos? A criança e o adolescente, será que são alertados de que também têm deveres para com a sociedade em que vivem? Há cidadãos que gritam alto pelos direitos de protestar, de fazer greve. Alegam que a greve é um instrumento legítimo para quem quer ver seus direitos respeitados. Todavia, o que não levam em conta tais cidadãos, é o direito das outras pessoas. A greve será um instrumento legítimo sempre que, com esse ato, não se esteja desrespeitando o direito dos outros. Se desrespeitar, por mais justa que seja a discussão, a greve já não será legítima. Poderá até ser legal, mas não será honesta. Não podemos desejar, como pessoas lúcidas que pretendemos ser, que o nosso direito afronte o direito do nosso semelhante. Quando estamos discutindo com o patrão por causa do salário, por exemplo, é um direito que temos, e é um dever do patrão pagar-nos o que nos seja devido, mas a comunidade à qual servimos não tem que pagar o preço da nossa contenda. Se o médico deixa de atender aos doentes, não é o patrão que ele está afrontando. Passa a dever à comunidade, porque fez juramento de salvar vidas, e não de salvar vidas quando ganhasse bem. Se o professor deixa centenas de crianças analfabetas, está faltando com o sentimento de fraternidade e com o dever assumido perante a própria consciência. O chofer ou o cobrador não devem, em nome do seu direito, deixar toda uma comunidade sem condução, quando sabem que os trabalhadores que dela dependem terão descontados os dias faltados, porque, em tese, o patrão não vai querer saber se há greve ou não. As pessoas comuns precisam poder ir e vir, já que os mais abastados não viajam nos coletivos. Assim, se estamos nos sentindo acossados pelos baixos salários, violentados pelos maus tratos profissionais, ou se temos qualquer outra dificuldade a acertar em termos funcionais, a nossa pendência será com o patrão, seja ele o Governo, seja o empresário da iniciativa privada. Jamais o povo, já demasiadamente desrespeitado, humilhado, desconsiderado. 
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O dever principia sempre, para cada um de nós, do ponto em que ameaçamos a felicidade ou a tranquilidade do nosso próximo e acaba no limite que não desejamos que ninguém transponha com relação a nós. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo. 
Redação do Momento Espírita com base na pergunta 111 do livro Ante o vigor do espiritismo, por Espíritos diversos, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter, e no item 7 do cap. XVII do livro O Evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 28.11.2011.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

A CADEIRA NO CAMINHO

Depois de um dia inteiro passado longe da família, entra em casa o pai, à noite. Sua chegada alvoroça o filho que, esperando algum presente, corre ao seu encontro de braços abertos. Por descuido, o pequeno estabanado vai de encontro a uma cadeira no caminho, e cai no chão, violentamente. Não se machucou, mas, assustado pela surpresa da queda, se pôs a chorar em altos gritos. Então, o pai só pensa em duas coisas: fazer calar o menino e acalmá-lo. Como conseguirá? Facilmente, associando-se aos sentimentos da criança, ajudando-a a soltar a rédea aos maus instintos. Como assim? Liberando maus instintos? Não seria justamente o oposto que deveríamos fazer? Pois bem, vejamos como a reação desse pai mostra que tomamos muitos caminhos absolutamente equivocados na educação de nossos filhos. Reforçamos os maus instintos sem perceber, mais vezes do que imaginamos. O pai se precipita, levanta a criança, e começa a bater na cadeira ruim, cadeira feia, que fez cair o Carlinhos. Desse modo consegue rapidamente o que se propusera, pois o menino, feliz por ver a cadeira castigada, cala-se, bate-lhe também, e fica satisfeitíssimo. Não é verdade que assistimos cenas como essa algumas vezes? Analisemos o alcance real desse ato que parece tão inocente. Quem tem culpa da queda da criança? Ela mesma, evidentemente. E quem foi castigada? A cadeira. Lançando a culpa à cadeira, perde-se uma oportunidade de demonstrar para a criança as consequências de sua imprudência e da sua precipitação. Dessa maneira se deforma o seu critério de julgar, apresentando-lhe uma falsa relação entre a causa e o efeito. Toda oportunidade de trabalhar essa temática, a da causa e do efeito, com as crianças, deve ser abraçada com vigor, pois nas pequenas aplicações do dia a dia está o desvendar de uma Lei Divina fundamental. Poderíamos ainda ir além e perguntar: 
-Por que sempre precisa haver um culpado? Por que não aproveitamos a oportunidade para dizer aos nossos filhos que existem muitas coisas que fazem parte da vida, e que sempre nos ensinam alguma coisa? 
A cadeira no caminho poderia estar ensinando o cuidado, a atenção, ou ainda, poderia ser apenas uma cadeira no caminho. Se na vida, buscarmos culpados para cada cadeira no caminho, esqueceremos de viver. Ao mesmo tempo, nos transformaríamos em lamentos ambulantes. Não deixemos que nossos filhos cultivem visões distorcidas da realidade desde cedo. Não permitamos que a superproteção, ou nossos próprios medos atrapalhem o bom desenvolvimento de um ser, que precisa aprender a enfrentar os desafios da vida. Punir a cadeira feia nunca será a solução. Não deixaremos de sentir a dor da queda, nem resolveremos o problema da cadeira no caminho. Entender que a Lei de causa e efeito nos rege em todos os campos, inclusive no moral, se faz de importância, se desejamos ser bons pais e educadores. 
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A sensibilidade de uma poetisa colocou na boca das crianças do mundo palavras de extrema beleza: 
-Peço-te, não me esqueças – pois sou teu filho, teu aluno, teu neto. 
Sempre teu irmão, pedindo apenas a quota de amor e paciência de que preciso para me fazer homem de bem e companheiro de teu ideal. Redação do Momento Espírita com base no cap. Eduquemos as crianças, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova Fronteira. Em 14.6.2018.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

DIREITO INALIENÁVEL

Dic, hospes, Spartae, nos te hic vidisse iacentes,
Dum sanctis patriae legibus obsequimur.

Lendo acerca da História da Grécia, um fato nos chama a atenção: o de que Esparta foi a única cidade grega que nada legou para a Humanidade. Nenhum poeta, nenhum matemático, nem mesmo uma ruína. O espanto, na verdade, não é somente nosso. Também o tiveram pessoas de Ciência e do âmbito das artes. Como é que essa gente que era grega, vivia entre os gregos, o povo mais inteligente da Terra, que criou e desenvolveu a Ciência, que concebeu a democracia, nada tenha legado para a posteridade? Os geneticistas elegem duas hipóteses, tentando responder a questão. A primeira é de que matando os filhos julgados incapazes, os espartanos tenham exterminado ao mesmo tempo os seus futuros poetas, músicos, arquitetos. A segunda hipótese é de que a sabedoria e a inteligência dos espartanos era tão inferior que eles não tiveram a prudência de proteger os seus próprios filhos. A respeito deles, falou o geneticista francês, em discurso realizado no Congresso Nacional em Brasília, em 1991: 
-Uma população que mata seus filhos e mata sua alma não deixa nada para a Humanidade. 
O assunto é importante de ser meditado, reflexionado. Especialmente nos dias que estamos vivendo, em que se cogita a legalização do abortamento em nosso país. Infelizmente, tal cogitação tem encontrado eco em muitos corações. Há os que defendem com ardor o abortamento eugênico. Sem se falar no triste desastre que foi o da tentativa de Hitler da seleção da raça humana, é bom se cogitar se um feto com má formação é ou não um ser humano. Que direito temos de tirar o seu direito de viver? Talvez digamos que ele não será produtivo, nem útil à sociedade. Ao contrário, um peso. Será mesmo? Nesse particular, nos permitimos reproduzir as palavras do escritor holandês Cristhofer Nolan. Ele é deficiente físico. Paralítico de nascimento. Em fevereiro de 1988, ao receber o prêmio por seu livro Sob o olhar do relógio, fez um protesto contra os abortamentos que se fazem com futuros deficientes físicos. Disse ele: Esta noite é o momento mais feliz da minha vida. Imaginem o que teria perdido se os médicos não me tivessem salvo há 22 anos. Por que, em vez de dar a possibilidade de viver a uma criança no ventre materno, se lhe impõe o silêncio, antes que possa respirar um pouco de ar puro neste mundo? E se dissermos que seria desumano impor a pais que anseiam por um filho normal, um que seja anormal, temos a considerar aqueles que têm filhos deficientes e os amam, de forma extremada. O direito de viver é de toda criatura humana, desde a sua concepção. Esse direito de forma alguma pode estar submetido à opinião de quem quer que seja. É um mandamento, uma determinação da própria vontade Divina. Matar, pois, nunca. Nem mesmo o ainda embrião porque na primeira célula, o óvulo fertilizado, existe um ser humano.
Redação do Momento Espírita com base em artigo publicado na revista Presença espírita, edição de maio/junho 1996, ed. Leal. Em 31.07.2009.

terça-feira, 12 de junho de 2018

DIA DOS NAMORADOS

E eis que chega, outra vez. Hoje haverá muitas flores, perfumes, presentes. Jantares à luz de velas, abraços, expectativas. O que será que ele me reserva, neste dia? Será que ela me surpreenderá de alguma forma especial? Sim, embora esse apressar das coisas que vivemos no mundo, de muitos ficares, de conquistas apressadas e descomprometimentos, o amor continua na moda. E basta se anunciar o Dia dos Namorados para que o coração bata diferente. O que será, desta vez? 
-Ano passado, a gente nem estava junto e ele lembrou de me dar um presente. E este ano, como será? 
-O que eu poderia fazer, desta vez, para ser diferente? Já dei flores, já enviei cartão, já comprei perfume. Preciso pensar... 
A origem do Dia dos Namorados remonta ao Século III da nossa era. Conta-se que, durante o governo do imperador Cláudio II, esse proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que se os jovens não tivessem família, se alistariam com maior facilidade. Apesar disso, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta, Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes dizendo que eles ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que deram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Assíria, filha do carcereiro. Com a permissão do pai ela visitou Valentim na prisão. Os dois acabaram se apaixonando. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: 
"De seu Valentim, expressão que passou a significar De seu amor, De seu apaixonado."
Valentim foi decapitado em 14 de fevereiro de 270 d.C. A partir de então, o dia de São Valentim, 14 de fevereiro passou a ser tido como o dia dos namorados. Outra versão afirma que o costume de enviar mensagens amorosas, nesse dia, não tem qualquer ligação com o santo, datando da Idade Média, quando se acreditava que o dia 14 de fevereiro assinalava o princípio da época de acasalamento das aves. De toda forma, o mais importante é a manifestação do amor. É ter um dia, para aqueles de nós que andamos esquecidos de como é importante demonstrar que se ama. Um dia para aqueles que adoram demonstrar que amam. Um dia para todos os casais enamorados, noivos, casados. Um dia especial para lembrar de como é bom amar. Como é bom ter alguém ao seu lado para dar e receber carinho. E, neste dia, é bom recordar os tempos felizes de um início de namoro, de casamento. E, se houverem rusgas, que sejam desfeitas, com um abraço, um beijo, flores e ternura. Porque, afinal, é maravilhoso ter alguém para amar. Você sabia? Você sabia que, no Brasil, a data do dia dos namorados é comemorada a 12 de junho, por ser a véspera do dia 13, dia de Santo Antônio? É que Santo Antônio tem tradição de casamenteiro. Provavelmente, por suas pregações a respeito da importância da união familiar que, na época, era combatida pelos cátaros. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. Em 12.6.2018.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

O GRANDE DOADOR

Ele não tinha o diploma de médico, no entanto, utilizou a medicina do amor para levantar paralíticos, curar cegos e restaurar portadores de hanseníase. Não era advogado diplomado. Contudo, ninguém quanto Ele se elegeu como o supremo defensor de todos os injustiçados do mundo. Ergueu Sua voz para defender a mulher. Esteve em casa de desprezados cobradores de impostos, afirmando com Seus atos, a isenção de preconceito com os excluídos da época. Ele não possuía fazendas, nem herdades de qualquer sorte. Mesmo assim, estabeleceu o novo reino na Terra. O reino do bem, da paz, do amor. E para isso, se serviu da intimidade dos corações. Não improvisou festas, mas compareceu às que lhe foram tributadas, com Sua presença enriquecendo os convivas e anfitriões. Sem deter títulos na área específica, tornou-se o consolo dos tristes e desprezados, acenando-lhes com perspectivas de bom ânimo e esperança. Conhecedor da alma humana, detectava-lhe as dores e a confortava. Por isso, devolveu o filho à pobre viúva de Naim que o acreditava morto. E às irmãs em Betânia, o irmão enterrado há dias. Não era professor consagrado, tendo-se feito, porém, o Mestre da evolução e do aprimoramento da Humanidade. Não recebeu lauréis ou premiação alguma. Apesar disso, foi o maior criador e contador de histórias de que a Humanidade já teve notícias. As suas parábolas revolviam os pensamentos dos que as ouviam e até hoje são recontadas e reflexionadas. Não teve lugar entre os doutores da lei, não ocupou cadeira no Sinédrio. Criou, antes, a universidade sublime do bem para todos os Espíritos de boa vontade. Incompreendido, sofrendo amarguras, desde o lar, reconfortou a todos que O buscaram. Ao desprezado Zaqueu conforta com Sua presença, afirmando assim que le era filho de Deus e credor do Seu amor. À equivocada da Samaria oferta a palavra lúcida e o convite à nova jornada. Ao moço rico diz da pressa de atender à mensagem do reino que Ele apresentava. Tolerando aflições sem conta, semeou a fé e a coragem, apresentando-se como Aquele que cuida de todas as ovelhas que lhe foram confiadas. Ferido embora, pensou as chagas morais das mulheres sofridas, do cireneu que o auxilia no transporte do madeiro, da mão benevolente que lhe enxuga o suor da face. Supliciado, vilipendiado pelos homens, expediu a mensagem do perdão em todas as direções. Esquecido pelos mais amados, ensinou a fraternidade e o reconhecimento, orando ao Pai por todos e entregando mãe e filho, um ao outro. Vencido na cruz, revelou a vitória da vida eterna, em plena e gloriosa ressurreição, renovando os destinos das nações e santificando o caminho dos povos. Ele não tinha posses materiais. Era um carpinteiro. Mesmo assim, engrandeceu os celeiros dos séculos. E até hoje continua a ser despenseiro fiel e prudente, zelando pela Humanidade inteira. De braços abertos, sempre. 
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Seguindo o exemplo de Jesus, mesmo anônimo ou aflito, apagado ou esquecido, atende à santificada colaboração com Deus, a benefício da Humanidade. Oferece o teu coração e, em homenagem ao Divino amor na Terra, serve, com o que tenhas, onde te encontres. Se não és um portentoso luzeiro, sê a lamparina acesa na janela da pousada, como um aceno de esperança ao viajor perdido na estrada. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 59,do livro Antologia mediúnica do Natal, de diversos Espíritos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 15, ed. FEP. Em 11.6.2018.

domingo, 10 de junho de 2018

DIREITO DOS FILHOS?

São muitas as almas que andam sós pela Terra. Corações que, depois de longa convivência amorosa com o cônjuge, o viram partir, rumo à Espiritualidade. Nos primeiros dias, a saudade machuca dolorosamente. Vão-se os dias, e a criatura tenta se recompor. Renova hábitos, estabelece uma nova rotina de vida. Afinal, agora está só. Antes, quando chegava do trabalho, sabia que um cafezinho o esperava. A esposa, sempre atenta, conhecia-lhe todos os horários e desejos. Antes, os domingos eram recheados de alegrias. Saíam os dois, filhos crescidos e casados, a passeio. Andavam pelo parque, iam a um restaurante, ao templo, ao cinema, ao teatro. O retorno para casa era sempre o momento do aconchego. Do perfume da presença amada. Agora, tudo está vazio. Parece que o próprio mobiliário perdeu o significado. A cadeira era importante porque ali sentava o amado. A cama se fazia confortável porque ele estava ali, ao lado. Tudo tinha significado especial. Agora, tudo está frio. As horas se arrastam e não há muita diferença entre os dias da semana, os feriados, a hora de dormir, da refeição. Então, um coração afetuoso se aproxima. Coloca flores na janela do coração ferido. Tem uma conversa agradável. Também está só e sabe o que é isso. Esmera-se em ofertar o ombro para chorar a solidão, a mão para aquecer o sentimento. A pouco e pouco, um sentimento vai brotando e amadurecendo. As duas almas almejam ficar juntas. Desejam compartilhar aqueles momentos de amparo um ao outro, momentos em que cada qual se sente feliz, amparado. É quase um retorno ao antes, embora não haja substituição no sentimento. É uma nova perspectiva de vida. Um amanhecer. Um reinício. Florescem esperanças, o sorriso volta a enfeitar o rosto, as rugas da tristeza cedem espaço. E o casal se prepara para viver junto. Casar-se. Nesse momento, os filhos de um e de outro se revoltam. Ninguém substituirá nossa mãe! Ninguém tomará o lugar de nosso pai! E quem disse que alguém toma o lugar de alguém? É uma outra pessoa, um outro viver. Filhos egoístas os que assim se arvoram a impedir que o pai ou a mãe tenha uma nova oportunidade de viver com alegria. Afinal, nas noites de solidão, eles estão com o velho pai ou se encontram em viagem com sua própria esposa e filhos? Quando as lágrimas brotam abundantes, pela ausência tão sentida, eles estão ali para fazer companhia? Todos os dias? Todas as horas? Antes de ajustarem suas idas ao show, ao passeio, às férias, eles recordam de indagar se o pai ou mãe gostaria de acompanhá-los? Ou mesmo, há lugar para ele ou ela? Sim, eles visitam o pai ou a mãe, pela manhã do domingo, nas noites de sábado, telefonam, lancham juntos vez ou outra. Acreditam que isso baste para quem vive só, depois de anos de aconchego matrimonial? Que direito têm de exigir a solidão, em nome de uma pretensa fidelidade ao que partiu? Acaso, quando eles decidiram se casar, sair do lar, alcançar vitórias na carreira, seus pais os impediram? Não ficaram felizes com sua felicidade? Que direito agora se arvoram os filhos de impedir que pais viúvos se consorciem, no intuito de se sentirem melhor? Quem ama não agrilhoa, não coloca obstáculos à felicidade do outro. Portanto, aquele que partiu, com certeza, está abençoando a alma generosa que se aproxima para auxiliar o amor que ficou na Terra. Por isso tudo, meditemos a respeito e refaçamos nossa forma de pensar, de agir, com esses nossos queridos pais maduros, idosos, velhinhos. Deixemo-los viver. Deixemo-los usufruir outra vez da felicidade conjugal. E veremos, logo mais, o riso voltar à face, a alegria de viver movimentar-se nas veias, enfim, tudo voltar a ser motivo de vida. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 13 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. Em 24.2.2014.

sábado, 9 de junho de 2018

DIREITO DE NASCER

HELLEN KELLER E ANA SULLIVAN
Fala-se abertamente na possibilidade de realizar o abortamento do bebê, desde que seja detectado que ele possa vir a nascer com alguma deficiência física ou mental. E a prática parece que se vai tornando usual. Ouvem-se as pessoas afirmarem que, se fosse com elas, agiriam da mesma forma. Afinal, ninguém deseja colocar no mundo um deficiente mental, um alienado, um peso morto. Mas é de nos indagarmos: 
-E se o filho nascer perfeito e depois vir a se tornar, por enfermidade ou acidente, um deficiente, teríamos a coragem de tirar-lhe a vida? 
Além disso, os que assim pensam atestam o desconhecimento das Leis Divinas que nunca se enganam, bem como as conquistas já realizadas pela medicina para tratar o feto ainda no ventre materno. Possivelmente nunca ouviram falar da extraordinária Hellen Keller. Ela nasceu em 1880, numa pequena cidade do norte do Alabama. Aos dezoito meses de idade, devido a uma doença infecciosa, tornou-se cega e surda. Sua deficiência sensorial lhe impedia qualquer comunicação com o mundo exterior e, por isso, ela foi tida como débil mental. Aos sete anos era extremamente nervosa, agressiva. Foi então que apareceu em sua vida a professora Ana Sullivan. Dali em diante sua vida se modificou radicalmente. Aprendeu que as coisas tinham nome, que os pensamentos e sentimentos podiam ser escritos com sinais. Com o tato, o gosto e o olfato estudou e pesquisou. Escreveu livros e ensaios. Aos 24 anos formou-se no Colégio Universitário de Radcliff. Ouvia a linguagem oral dos outros colocando suas mãos nos lábios ou no pescoço, sobre as cordas vocais dos que falavam. Assim aprendeu a falar e proferiu palestras. Dedicou toda a sua vida ao bem, ajudando os inválidos e os desesperados, através de conferências, trabalhos que promoveu em favor deles e de sua incontável correspondência. Hellen Keller é a clara demonstração de que o Espírito pode superar a matéria. Sua realidade interior venceu todos os obstáculos para transmitir a mensagem da esperança, a lição de confiança e persistência. 
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Hellen Keller costumava assistir a concertos musicais. Adorava solos de corda. Colocava suas mãos sobre o instrumento e ouvia a música. Morreu no dia 2 de junho de 1968, com a idade de 88 anos, em Westport, Connecticut. A respeito da linguagem oral dos surdos afirmou: 
-Havemos de falar e havemos de cantar porque Deus quer nossas palavras e nossos cantos. 
Considere tudo isso e pergunte-se, sinceramente, se é justo matar um ser humano sem lhe dar a mínima chance de tentar... 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4 – 2ª pt. do livro As aves feridas na Terra voam, de Nancy Puhlmann di Girolamo, ed. Instituição Beneficente Nosso Lar. Em 24.01.2008.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

RECOMECEMOS

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontraremos, no abençoado período de uma existência? Conservemos do nosso passado o que for bom e justo, belo e nobre. Mas não guardemos os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento. Não coloquemos em ombros alheios a realização de ações que expressem fraternidade real. Tomemos a iniciativa e façamos o melhor ao nosso alcance. Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento. Se possível, não deixemos para depois os laços de amor e paz que podemos criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto. Não é fácil quebrar antigos princípios do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem. Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário pensa em enriquecer as munições com que nos possa agredir. Se nos apresentamos desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra. Alguém nos magoa? Reiniciemos o esforço da boa compreensão. Alguém não nos entende? Perseveremos em demonstrar as intenções mais nobres. Revivamos, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem. Não olvidemos a orientação do Mestre: Aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. Renasçamos em nossos propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que nos cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre nós mesmos, no tempo... Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.
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Temos a oportunidade de nos recriar a cada momento, de rever atitudes, ideias e sentimentos. Somos obra inacabada em processo de aprimoramento. Sejamos como as células de nosso corpo físico, que se renovam completamente de tempos em tempos. Não nos permitamos a acomodação, a permanência numa mesma posição durante muito tempo. Somos feitos para nos transformar sempre. Com raízes bem firmes, construamos nosso edifício, andar por andar, recriando cômodos, reformando o que precisa ser reformado, sem nos sentirmos embaraçados por isso. Nossa alma é nossa obra em transformação. 
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CORA CAROLINA
Não te deixes destruir… 
Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas, 
Recria tua vida, sempre, sempre. 
Remove pedras. 
Planta roseiras e faz doces. 
Recomeça. 
Faz de tua vida mesquinha, um poema. 
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. 
Esta fonte é para uso de todos os sedentos. 
Toma a tua parte. 
Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed FEP e no poema Aninha e suas pedras, do livro Melhores poemas, de Cora Coralina, ed. Global Pocket. Em 8.6.2018.
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