quinta-feira, 31 de março de 2016

CANSAÇO

RAUL TEIXEIRA
Você se encontra cansado. O dia nem bem despertou e você já sente o corpo todo a reclamar das canseiras que deverão chegar. Sente que as forças físicas devem entrar em pane a qualquer momento. Que as suas energias psíquicas estão em queda. Você se ergue da cama e anda arrastando os pés, como se o corpo pesasse uma tonelada. Vai até o espelho, olha-se e observa. As olheiras estão aí. É como se não tivesse dormido. Incrível. As horas de sono parecem que não lhe bastam. Que você precisa sempre mais e mais. Talvez umas férias mais prolongadas, mais lazer. Contudo, as horas reclamam agilidade. Você se prepara e sai para o trabalho. O estresse do trânsito está terrível. Pior a cada dia. É o engarrafamento, o acidente, as buzinas, a chuva forte que dificulta a visão. Difícil estacionar. Que dia! Finalmente você chega ao local de trabalho e começa a lamentar-se. A mesa está sempre mais atulhada de papéis. A impressão é que quanto mais você faz, mais serviço aparece. E hoje o chefe parece estar mais irritado do que de costume. Você continua a se lamentar. Afinal, você está muito cansado. Aliás, vem dizendo isso há muito tempo.
 * * * 
Pare um momento. Observe como as pessoas reagem às suas queixas. Porque você está se tornando repetitivo, alguns, para não o magoar, concordam com você. Outros silenciam, pensando no tempo que você está jogando fora, reclamando, sem tomar nenhuma providência. Alguns se mostram indiferentes. Pensam que o problema é seu e quem deve resolvê-lo é você mesmo. Talvez alguém até chegue a se irritar com as suas lamentações. Pode ser que alguns se afastem para não mais ouvir você, porque toda vez que você reclama se torna excessivo, aborrecido, cansativo. Pense um pouco. Se o cansaço é físico, tome uma providência. As leis Divinas recomendam o repouso. Se for demasiado o cansaço, talvez você esteja doente e precise de atendimento profissional. Procure um médico, realize exames, trate-se. Se o seu cansaço o preocupa, tome o caminho mais conveniente. Mas, se por qualquer motivo não puder fazer isso, então silencie. Trabalhe e ore, buscando apoio e refazimento nas fontes espirituais. Procure Jesus na intimidade de seu coração e entregue a Ele o seu cansaço e o seu descanso. Ilumine os campos da alma com atividades que o enriqueçam espiritualmente, que o alegrem verdadeiramente. Evite reclamações constantes, porque elas não melhorarão o seu cansaço, nem seu esgotamento. Procure atividades que o refaçam. Escolha um local onde necessitem de braços amigos e se ofereça como voluntário. Mudança de atividade é também repouso. Para o seu lazer escolha o que o possa refazer. Um passeio tranquilo, a observação atenta de um quadro da natureza. Delicie-se com uma música. Desfrute o aconchego familiar. Ore e seja feliz. 
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O sono foi dado ao homem para a reparação das forças físicas e das forças morais. Enquanto o corpo se recupera dos efeitos da atividade do dia, o espírito também se reabastece no mundo espiritual. Por isso mesmo a prece, antes do sono físico, se faz tão importante. Com ela, sintonizamos com as mentes superiores com as quais, logo mais, quando dormirmos, poderemos nos encontrar para os diálogos que alimentam a alma e fortificam a disposição para as lutas. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 38, do cap. XXVIII, de O evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb e no cap. XXIV, do livro Para uso diário, pelo Espírito Joannes psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 9.4.2013.

quarta-feira, 30 de março de 2016

CANSAÇO DO BEM

Conta-se que Teresa D' Ávila, em uma de suas viagens pela Espanha, cujo objetivo era abrir novas casas da Ordem das Carmelitas Descalças, foi surpreendida por uma tempestade. Os ventos e a chuva se fizeram presentes rapidamente, no momento em que ela atravessava uma ponte bastante frágil. Percebendo como a ponte sacudia e também o volume das águas do rio que crescia, ela se apavorou e suplicou a Jesus que a protegesse. O vendaval continuou e ela, com imenso esforço, conseguiu alcançar a outra margem. Molhada, cansada e nervosa, constatando que a chuva prosseguia torrencial, reclamou: 
- É assim que o Senhor trata àqueles que O amam? 
Mas, logo depois, reflexionando um pouquinho, falou baixo: 
- É por isso que são bem poucos aqueles que O amam. 
Provavelmente, as palavras da monja são verdadeiras. Ela conhecia o quanto de esforço se exige daqueles que desejam fazer o bem, semear luzes nas consciências e espalhar consolo. Para ela, naquela época medieval, bem mais difícil, tendo que lutar com a ignorância e o fanatismo dos homens. Contudo, jamais desanimou, não desistiu nem se frustrou. Mesmo quando o corpo doente se dobrava ao cansaço, pelos sacrifícios que se impunha, ia adiante, decidida. O exemplo de Teresa D' Ávila bem nos serve. Reclamamos, quando nos encontramos servindo aos necessitados, das condições e das asperezas das tarefas. Reclamamos que aqueles a quem atendemos, doando do nosso tempo e das nossas horas de lazer, de descanso, se mostram mal agradecidos e sempre exigindo mais. Reclamamos das crianças pobres que se mostram mal educadas e agressivas. Reclamamos dos doentes que, mesmo privando da nossa presença e dos pequenos mimos que lhes levamos, continuam depressivos e desanimados. Apontamos as falhas dos serviços da creche, do velhanato, do asilo ou do hospital em que servimos, de forma voluntária, dizendo de como a administração não colabora em nada para a realização daquilo que nos propomos. Reclamamos e nos desanimamos, chegando a abandonar a tarefa. As tarefas do mundo, sempre que interrompidas, podem ser recomeçadas. No entanto, aquelas que têm por objetivo iluminar vidas, quando abandonadas, deixam marcas nas almas. Importante, pois, seguir no propósito de fazer o bem, recordando Jesus. Por maior fosse a multidão que O seguisse, Ele se preocupava com as suas necessidades e jamais deixou de atender alguém. Compadecido dos que O buscavam, porque os via como crianças espirituais mais preocupados com a saúde do corpo do que com as questões da alma, Ele os atendia. Usava a palavra de esclarecimento e auxiliava os caídos a se reerguerem. Jesus tudo fazia com amor, sem jamais reclamar... 
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O bem que se faz não pode fazer mal a quem o pratica. Seria irracional, sem justificativa. O bem possui uma dinâmica própria que renova as forças e estimula a coragem para a luta. O que pode ocorrer é o cansaço do corpo, que logo se recupera pelo repouso. Mas o desinteresse, o tédio e a fadiga contínua, quando no exercício do bem, são sintomas de enfermidade da alma. O bem, pelo prazer de servir, é fonte constante de bom ânimo e esperança. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Sendas luminosas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 12.08.2010.

terça-feira, 29 de março de 2016

CANÇÕES INFANTIS

Conta um brasileiro que está morando nos Estados Unidos da América que, para ajudar no orçamento, foi prestar serviço de babá. Numa noite, conta ele, cantei Boi da cara preta para uma das meninas de quem cuidava, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que sempre pedia para eu cantar ao colocá-la na cama. Antes de adotarmos o boi, boi, boi como canção de ninar, a canção que cantávamos, em inglês, dizia algo como:
Boa noite, linda menina, durma bem. 
Sonhos doces venham para você, 
sonhos doces por toda noite... 
Que lindo, não é mesmo? Eis que, um dia, Mary Helen me perguntou o que as palavras da música Boi da cara preta queriam dizer em inglês. Foi aí que me dei conta de que não deveria falar a verdade sobre a letra da música. Como dizer que, na verdade, a música Boi da cara preta era uma ameaça, era algo como durma logo, menina, senão o boi vem te comer? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina? Ao mentir para a garota, ele começou a pensar em outras canções infantis, pois não se sentiria bem, ameaçando a menina com um temível boi toda noite... E o moço pensou consigo mesmo: 
-Que tal nana neném que a cuca vai pegar..? 
Outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva, e de uma longa reflexão, o rapaz se deu conta de que a maioria delas é imprópria e pode gerar traumas na criança. Várias letras vieram a sua mente, mas a maioria era imprópria para quem deseja asserenar a alma de uma criança, ao colocá-la para dormir. 
Atirei o pau no gato, por exemplo. Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais e de crueldade. 
Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré. Essa canção coloca a realidade vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces. 
Marcha soldado, cabeça de papel! 
Quem não marchar direito, vai preso pro quartel
Uma ameaça. 
A canoa virou, foi pro fundo do mar, 
foi por causa do Fulano que não soube remar. 
Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras aprendem a condenar o semelhante. 
Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada. 
Samba-lelê precisava é de umas boas palmadas. 
A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas! 
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. 
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou..
Essa canção diz que o amor não vale a pena, pois é falso e frágil. 
O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada; 
o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada. 
O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; 
o cravo teve um desmaio, 
a rosa pôs-se a chorar. 
Desgraça e mais desgraça, e ainda incita a violência conjugal. Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essas passagens anos a fio? Importante pensar com carinho sobre o que queremos passar de informação aos nossos pequenos. Se eles crescem ouvindo palavras amargas, violentas e deprimentes, certamente construirão na intimidade imagens que traduzem essas idéias infelizes. Se, ao contrário, ouvem palavras de afeto, de bem-querer, de confiança, de esperança e harmonia, edificarão na alma um mundo correspondente. 
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As crianças são emprestadas aos pais, pelo Criador, para que esses as ajudem a evoluir no caminho do bem. Sendo assim, faça o melhor pelos seus filhos e educandos, pois chegará o dia em que terá que prestar contas dessa nobre missão que lhe foi confiada. Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em depoimento que circula pela Internet. Em 29.12.2009.

segunda-feira, 28 de março de 2016

CÂNCER MORAL

JOANNA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Você se considera uma pessoa mal humorada? Talvez os que tenhamos problemas com variações constantes de humor não reconheçamos, assim, com tanta facilidade. Mas, se você perceber que vez ou outra é atacado por uma crise de mau humor, vale a pena refletir sobre esta mensagem do Espírito Joanna de Ângelis: O mau humor sistemático - vício de comportamento emocional gera a irritabilidade que desencadeia inúmeros males no indivíduo, em particular, e no grupo social onde o mesmo se movimenta, em geral. Desconcertando a razão, provoca tendências negativas que devem ser combatidas, promovendo a maledicência e a indisposição de ânimo. Todos aqueles que o alimentam, transferem-se de um para outro estado de desajuste orgânico e psicológico, dando margem à instalação de doenças psicossomáticas de tratamento complexo. Todas as criaturas têm o dever de trabalhar pelo próprio progresso intelecto-moral, esforçando-se por vencer as más inclinações. O azedume resulta, também, da inveja mal disfarçada quanto do ciúme incontido. Atiça as labaredas destruidoras da desavença, enquanto se compraz na observância da ruína e do desconforto do próximo. Muitas formas de cânceres têm sua gênese no comportamento moral insensato, nas atitudes mentais agressivas, nas rogativas emocionais enfermiças. O mau humor é fator cancerígeno que ora ataca uma larga faixa da sociedade imprudente.
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Revista-se de equilíbrio ante os mal-humorados e violentos, maledicentes e agressivos. Eles se encontram enfermos, sim, em marcha para a loucura que os vence sob a aprovação da vontade acomodada. Vigie as nascentes dos seus sentimentos e lute com destemor, nas paisagens íntimas, contra o mau humor. Não olvide da gratidão, nas suas crises de indisposição... O amanhã é incerto. Aquele a quem hoje você magoa será a porta onde buscará apoio amanhã. Conquiste o título de pacífico ou faça-se pacificador. Todo agressor torna-se antipático e asfixia-se na psicosfera enfermiça que produz. 
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Quando você perceber que o mau humor está batendo à sua porta, pare e reflita. Respire fundo. Se possível, pare tudo o que esteja fazendo, e se permita cinco minutos de silêncio, de descanso, de solidão. Quando essa lente negativista quiser controlar seus atos e pensamentos, lembre-se das razões que tem para estar feliz! Lembre-se de tudo que está dando certo em sua vida. Entre em contato com a natureza. Leia uma mensagem otimista. Faça uma oração. Procure rir um pouco. O segredo pode estar na mudança dos pensamentos, da rotina, da sintonia. Quem cultiva o bom humor tem saúde abundante, tem amigos por perto e está sempre disposto a aprender. Quem cultiva o bom humor já vive a felicidade, mesmo não tendo consciência disso. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 12 da obra Receitas de paz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 06.02.2012.

domingo, 27 de março de 2016

A CANÇÃO DO AMOR

Quando Karen, como qualquer mãe, soube que um bebê estava a caminho, fez todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de idade, a se preparar para a chegada. Os exames mostraram que era uma menina, e todos os dias Michael cantava perto da barriga de sua mãe. Afinal, ele já amava a sua irmãzinha antes mesmo dela nascer. A gravidez se desenvolveu normalmente. No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos; depois a cada três; então, a cada minuto uma contração. Entretanto, surgiram algumas complicações e o trabalho de parto de Karen demorou horas. Enfim, depois de muito tempo de sofrimento, a irmãzinha de Michael nasceu. Só que ela estava muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-nascida para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary. Os dias passaram. A menininha piorava. O médico disse aos pais para se prepararem para o pior. Havia poucas esperanças. Karen e seu marido começaram, com muita tristeza, os preparativos para o funeral. Apenas alguns dias antes estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebê. E agora, os planos eram outros. Enquanto isso, Michael pedia todos os dias aos pais que o levassem para conhecer a sua irmãzinha. Eu quero cantar para ela, dizia. A segunda semana de UTI entrou e não se sabia se o bebê sobreviveria até o fim dela. Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar para sua irmã, mas crianças não podiam entrar na UTI. Então a mãe, Karen, decidiu: levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva. Ela vestiu Michael e rumou para o hospital. A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse dali. Mas Karen insistiu: Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha! Diante da insistência e sofrimento daquela mãe, a enfermeira levou Michael até à incubadora. Ele olhou demoradamente para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha pela vida e, depois de alguns minutos, começou a cantar com sua voz infantil: Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro... Naquele momento, o bebê pareceu reagir. A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen encorajou Michael a continuar cantando. E ele prosseguiu: Você não sabe, querida, o quanto eu a amo. Por favor, não leve o meu sol embora... Enquanto Michael cantava, a respiração difícil do bebê foi se tornando suave. Continue, querido! - pediu Karen, emocionada. E Michael sussurrava baixinho: 
-Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em meus braços... 
O bebê começou a relaxar. Michael cantava. A enfermeira começou a chorar. 
-Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro... Por favor, não leve o meu sol embora... 
No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos dias foi para casa. O Woman's Day Magazine chamou essa história de O milagre da canção de um irmão. Os médicos chamaram simplesmente de milagre. Karen chamou de milagre do amor de Deus.
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O amor é a presença de Deus no coração das criaturas. É força incrivelmente poderosa, capaz de modificar as situações mais difíceis. Quem ama, envolve a pessoa amada em suave bálsamo perfumado que penetra e alivia as dores, os medos, a insegurança. O amor fortalece a confiança, faz florescer a esperança, renascer a alegria, ressurgir a felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Em 27.10.2008

sábado, 26 de março de 2016

A CANÇÃO DE QUALQUER MÃE E PAI

Lya Luft
Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos - algo que só pode nascer entre nós.
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Tais as inspiradas e inspiradoras palavras de Lya Luft, em sua crônica intitulada A canção de qualquer mãe. Quando o mundo elege algumas datas para celebrar o amor de mãe, de pai, de namorados, a escritora prefere escrever a seus filhos, enviando uma mensagem inesquecível de carinho e reconhecimento. Sim, pois sempre será honra inestimável ser pai, ser mãe. Participar da criação de Deus, mesmo que de forma singela, é razão de júbilo intenso no coração. Quando se vivencia o amor de pai, o amor de mãe, tudo passa a ser diferente - nós nos transformamos. Serão tempos diferentes, quando todas as nossas relações forem assim, como a da mãe que diz aos filhos: Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Sim, serão tempos diferentes esses... Tempos do amor que independe da presença e do tempo. Tempos de nova compreensão sobre presença e sobre tempo. O amor de mãe e de pai está mudando o mundo, pois estes estão mais maduros, mais atentos, mais vivos... Nada será como antes, quando finalmente compreendermos e vivenciarmos esse amor com toda sua força. Nada será como antes, quando os pais aprenderem a olhar nos olhos de seu bebê, dizendo: Não sabemos o que nos uniu nesta nova família, se a afinidade intensa ou o compromisso inadiável perante as Leis maiores, mas não importa: tudo o amor irá superar. Este será o dia em que escolheremos amar, antes de tudo. O amor precisa ser uma decisão dentro do lar, dentro da vida. Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: Misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada Terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter. 
Redação do Momento Espírita, com base em artigo de autoria de Lya Luft, publicado na revista Veja, de maio/2010. Em 06.08.2010.
http://momento.com.br/

sexta-feira, 25 de março de 2016

A CANÇÃO DE NATAL

FRANZ XAVER GRUBER
Era a véspera de Natal do ano de 1818. Em Hallein, nos Alpes austríacos, o padre Joseph Mohr lia a Bíblia. Quando se detinha nos versículos que se referiam às palavras do visitante celeste aos pastores de Belém: Eis que vos trago uma boa nova, que será de grande alegria para todo o povo: hoje nasceu o Messias, o Esperado..., bateram à porta. Uma camponesa pedia que fosse abençoar o filho de uns pobres carvoeiros, que acabara de nascer. O padre colocou as botas de neve, vestiu seu abrigo. Atravessou o bosque, subiu a montanha. Em pobre cabana de dois cômodos, cheia de fumaça do fogão, encontrou uma mulher com seu filho nos braços. A criança dormia. O padre Mohr deu sua bênção ao pequeno e à mãe. Uma estranha emoção começou a tomar conta dele. A cabana não era o estábulo de Belém, mas lhe fazia lembrar o nascimento de Jesus. Ao descer a montanha, de retorno à paróquia, as palavras do Evangelho pareciam ecoar em sua alma. Aproximando-se da aldeia, pôde observar os archotes que brilhavam na noite, disputando seu brilho com o das estrelas. Era o povo que seguia para a igreja, a fim de celebrar, ali, em oração, o aniversário do Divino Menino. A milenária promessa de paz vibrava no silêncio do bosque e no brilho das estrelas. Padre Mohr não conseguiu dormir naquela noite. Febricitante, ergueu-se do leito, tomou da pena e escreveu um poema, externando o que lhe ía na alma. Pela manhã procurou o maestro Franz Gruber, seu amigo. Mostrou-lhe os versos. O maestro leu o poema e disse, entusiasmado: Padre, esta é a canção de Natal de que necessitamos! Compôs a música para duas vozes e guitarra, porque o órgão da igreja, o único na localidade, estava estragado. No dia de Natal de 1818, as crianças se reuniram, debaixo da janela da casa paroquial, para ouvir o padre Mohr e o maestro Gruber cantar. Era diferente de tudo quanto haviam escutado. Noite de paz, noite de amor... Dias depois, chegou ao povoado o consertador de órgão. Consertado o instrumento da igreja, o maestro Gruber tocou a nova melodia, acompanhado pela voz do padre. O técnico em consertos de órgão era também um excelente musicista e bem depressa aprendeu letra e música da nova canção. Consertando órgãos por todos os povoados do Tirol, como gostasse de cantar, foi divulgando a nova Canção de Natal. Não sabia quem a tinha composto pois nem o padre Mohr, nem o maestro Gruber lhe tinham dito que eram os autores. Entre muitos que aprenderam a Canção, quatro crianças, os irmãos Strasser passaram a cantá-la. O diretor de música do Reino da Saxônia, em ouvindo-lhes as vozes claras e afinadas, se interessou por eles e os levou a se apresentarem, num concerto. A fama dos pequenos cantores se espalhou por toda a Europa e a Canção apaixonava os corações. Mas ninguém sabia dizer quem era o autor. Foi um maestro de nome Ambrose quem conseguiu chegar até Franz Gruber. Haviam se passado mais de trinta anos. E a história do surgimento da Canção de Natal foi escrita em 30 de dezembro de 1854. Não são conhecidas outras músicas de Franz Gruber. A Noite de paz parece ter sido sua única produção. Não será possível crer que as vozes do céu, que se fizeram ouvir na abençoada noite do nascimento de Jesus, tivessem inspirado os versos e a primorosa melodia para que nós, os homens, pudéssemos cantar com os mensageiros celestes, dizendo da nossa alegria com a comemoração, a cada ano, do aniversário do nosso Mestre e Senhor? 
Redação do Momento Espírita, com dados colhidos no livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim. Disponível no CD Momento Espírita Especial de Natal, v. 15, ed. FEP. Em 24.12.2013.
WALLACE LEAL RODRIGUES

quinta-feira, 24 de março de 2016

A CANÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA

Existem pessoas que reclamam condições para a realização de tarefas. Há as que se desculpam por não mais terem progredido, galgado altos degraus porque lhes faltaram melhores oportunidades. Entretanto, a engenhosidade humana não tem limites e quando o Espírito deseja, concretiza seus anseios, embora os embates de fora, as agressões, as adversidades. Durante a Segunda Guerra Mundial, num imundo campo de concentração em Sumatra, um bando de mulheres magras e desnutridas foram se sentindo sempre mais fracas. Até que idealizaram algo que as pudesse aliviar da tortura do aprisionamento e das péssimas condições de alimentação e higiene. Foi em dezembro de 1943 que as prisioneiras principiaram a serem avisadas que suas colegas promoveriam um concerto. Ao ar livre, em um espaço cercado, a multidão de crianças e mulheres se apinhou. Alguém escreveu no chão sujo: Orquestra. As participantes foram entrando, uma após a outra, cada qual portando um banquinho e algumas folhas de papel. Nenhum instrumento à vista. Estranha orquestra. Seria uma brincadeira engendrada pelos guardas brutais, com o fim único de abater o ânimo, já tão escasso daqueles seres sofridos? Então, uma missionária presbiteriana, magra, com grossas lentes, destacou-se do grupo miserável de vestidos remendados e gastos, de pés descalços, cabeças raspadas e ataduras nas pernas e nos pés, para cobrir as feridas. Sua voz soou clara, como um arauto de boas novas: Esta noite vocês ouvirão um coro de vozes femininas produzindo música, geralmente executada por orquestras. Fechem os olhos, imaginem-se num teatro imponente e ouçam a música imortal. As prisioneiras passaram a imitar o som da orquestra. Num crescendo, as sinfonias invadiram o pavilhão. Pelas mentes cansadas das mulheres que ouviam, as imagens se sucediam como por encanto. A Pastoral do Messias do compositor Handel evocou o Natal, um prelúdio do polonês Chopin reavivou lembranças de um amor que um dia existira na fase do namoro e do casamento de muitas delas. O som de violinos podia ser ouvido. Em certo momento, o guarda de baioneta no rifle, furioso, investiu contra o grupo. No exato momento, o coro atingiu o auge de sua apresentação e ele permaneceu imóvel, como que hipnotizado pelos acordes vocais. Por mais três ou quatro vezes, o coro fez concertos. A música lhes renovava as esperanças e o sentido de dignidade humana. Quando cantavam, esqueciam que se encontravam num campo de concentração, entre ratos e mau cheiro. Suas almas alçavam o voo da liberdade e em suas asas conduziam as companheiras. Além das cercas, dos maus tratos, elas andavam nos campos, aspiravam o perfume das flores, adentravam salões de festa, teatros e participavam do grandioso concerto. Seu canto as levava para muito além dos muros, da miséria e do desamor.
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Você tem na garganta uma flauta mágica, disposta por Deus, para a modulação da canção da paz. Use-a, todos os dias, para executar a sinfonia da esperança aos ouvidos dos aflitos e ciciar doces melodias para os corações em desesperança. Una-se a outras vozes e à orquestra Divina que se chama amor. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Canção da sobrevivência, da Revista Seleções do Reader´s Digest, de fevereiro de 1998. Em 19.7.2013.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Canção das mulheres

 Lya Luft
“Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais. 
 Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta. 
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor. 
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso. 
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais. 
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida. 
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ‘Olha que estou tendo muita paciência com você!’ 
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize. 
Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire. 
Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso. 
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha. Mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.” 
Compreender o outro é uma arte. Exige esforço, concentração, desprendimento, disposição. Alguns poderão pensar: “Mas como posso entrar na mente do outro, penetrar seus sentimentos, e descobrir o que se passa lá?” Aí está a razão da analogia com a arte. Exige-nos empatia – colocarmos-nos no lugar do outro. A palavra empatia é derivada do grego “empatheia”, que significa afeto ou paixão, ou ainda “entrar no sentimento”. Os gregos entendiam que para se observar devidamente uma obra de arte era necessário “entrar em seu sentimento”, observá-la de dentro para fora. A quarta edição do novo “World College Dictionary”, da Webster, define empatia como: “a projeção de sua própria personalidade na personalidade de outra pessoa, a fim de entendê-la melhor. É também encontrada como a habilidade de compartilhar as emoções, pensamentos ou sentimentos com outrem.” Alguns terapeutas abraçam uma definição mais ampla. Dizem que somos empáticos quando respondemos à necessidade do paciente, quando lhe oferecemos o que ele precisa para melhorar. Sem empatia nos isolamos em nossos próprios sentimentos, sem troca, sem alimentação. Sem empatia nossas trocas de energia encontram barreiras, linhas imaginárias por onde o sentir não consegue passar. Sem dúvida alguma, a empatia é um novo estágio nos relacionamentos humanos, fundamental para que cresçamos e nos entendamos em níveis mais profundos.
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A proposta do Cristo, de fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam, é a mais bela e completa lição de empatia até hoje existente. 
Redação do Momento Espírita com base em cap. do livro Pensar é transgredir, de Lya Luft, ed. RCB.

terça-feira, 22 de março de 2016

CAMPANHA DO BEM

Quando você assiste ao noticiário televisivo, com frequência se cansa, rapidamente, não é verdade? As notícias são, na grande maioria, as da corrupção, que toma de assalto autoridades, que deveriam dar exemplo de austeridade e honestidade. Ou imagens de tragédias que vão desde a queda de um avião, consumindo mais de uma centena de vítimas, ao naufrágio de navios, com muitos mortos e total descomprometimento dos comandantes, preocupados com a preservação da própria vida. Você troca de canal e ali, as imagens são incêndios, explosões, acidentes rodoviários. Sombras e mais sombras. E você conclui que o mundo anda sempre pior. Onde, então, o mundo renovado do Terceiro Milênio? Utopia? No entanto, se você retirar o olhar da TV, ou do seu celular ou das páginas de jornais e revistas sensacionalistas, descobrirá um panorama bem diverso. Se passar pela frente de uma igreja, em dia de preces especiais ou novenas, verificará que os fiéis são em tal número, que ficam, em pé, do lado de fora, impossibilitados de adentrarem, porque ela está lotada. Isso diz que as pessoas estão em busca de espiritualidade, de alguns momentos de paz e recolhimento. Se você transitar frente a um centro espírita, verá o expressivo número de carros estacionados à porta, demonstrando das dezenas ou centenas de pessoas que ali se encontram. Isso falará de quantos estão à procura de respostas e de consolo: por que se nasce? Por que se morre? Por que nos encontramos sobre a Terra? Se você adentrar uma livraria, verificará o número não pequeno de crianças, jovens e adultos, buscando salutar literatura, ou mídias diversas, com áudio e vídeo. Todos interessados em algo bom, construtivo. Se você comparecer a asilos, hospitais, instituições de caridade, encontrará uma legião de voluntários que se ocupa com o próximo, em desveladas horas de trabalho. Em nome do amor. A lista é interminável: jovens que se debruçam horas a fio sobre livros, no intuito de alcançar ensino superior, a graduação, a especialização. Outros que se esmeram nos treinamentos diários no intuito da primorosa execução musical. E há os que dançam, cantam, no cultivo do belo. Observe e concluirá: há muito maior soma de bem, de coisas positivas do que negativas, sobre a face da Terra. O que estamos precisando é desligar o ruim, para deixar de assinalar grandes índices de audiência, deixar de comprar o jornal, de cujas páginas verte tanto mal. Isso fará com que o foco seja alterado, e que as coisas positivas passem a ter foro de cidadania. Porque estaremos demonstrando que desejamos ler, ver, ouvir, a respeito de quem produz nas ciências, nas artes, para o bem da Humanidade. E hoje é o momento ideal para iniciar esta campanha. Pense nisso! Comece agora! Privilegie os canais televisivos que mostram os avanços da ciência, a beleza das artes, o altruísmo impregnando as pessoas. Ouça o bem, divulgue o bem, invista no bem, no bom, no belo. Comece hoje! Estamos com você! 
Redação do Momento Espírita. Em 8.7.2014.
http://momento.com.br/

segunda-feira, 21 de março de 2016

CAMPANHA DA GENTILEZA

Jack Canfield e Mark Victor Hansen
O executivo estava na capital e entrou em um táxi com um amigo. Quando chegaram ao destino, o amigo disse ao taxista: 
- Agradeço pela corrida. O senhor dirige muito bem. 
E, ante o espanto do motorista, continuou: 
- Fiquei impressionado em observar como o senhor manteve a calma no meio do trânsito difícil. 
 O profissional olhou, um tanto incrédulo, e foi embora. O executivo perguntou ao amigo por que ele dissera aquilo. 
- Muito simples – explicou ele. Estou tentando trazer o amor de volta a esta cidade e iniciei com uma campanha da gentileza. 
- Você sozinho? – Disse o outro. 
- Eu, sozinho, não. Conto que muitos se sintam motivados a participar da minha campanha. 
Tenho certeza de que o taxista ganhou o dia com o que eu disse. Imagine agora que ele faça vinte corridas hoje. Vai ser gentil com todas as 20 pessoas que conduzir, porque alguém foi gentil com ele. Por sua vez, cada uma daquelas pessoas será gentil com seus empregados, com os garçons, com os vendedores, com sua família. Sem muito esforço, posso calcular que a gentileza pode se espalhar pelo menos em mil pessoas, num dia. O executivo não conseguia entender muito bem a questão do contágio que o amigo lhe explicava. 
- Mas, você vai depender de um taxista! 
- Não só de um taxista, respondeu o otimista. Como não tenho certeza de que o método seja infalível, tenho de fazer a mesma coisa com todas as pessoas que eu contatar hoje. Se eu conseguir que, ao menos, três delas fiquem felizes com o que eu lhes disser, indiretamente vou conseguir influenciar as atitudes de um sem número de outras. 
O executivo não estava acreditando naquele método. Afinal, podia ser que não funcionasse, que não desse certo, que a pessoa não se sensibilizasse com as palavras gentis. 
- Não tem importância, foi a resposta pronta do entusiasta. Para mim, não custou nada ser gentil. 
* * * 
Você já pensou como seria bom se agradecêssemos ao carteiro por nos trazer a correspondência em nossa residência? Ao médico que nos atenda, ao balconista, ao caixa do supermercado... E a um professor, então? Quantos se mostram desestimulados porque ninguém lhes reconhece o trabalho! Se receber um elogio, se alguém lhe disser como é bom o trabalho que está realizando com seu filho, como ele influenciará todos os alunos das várias classes em que leciona! E cada aluno levará a mensagem para suas casas, seus amigos, seus vizinhos. Pode não ser fácil, mas se pudermos recrutar alguém para a nossa campanha da gentileza... Diz um provérbio de autoria desconhecida que as pessoas que dizem que não podem fazer, não deviam interromper aquelas que estão fazendo alguma coisa. Pensemos nisso e procuremos nos engajar na campanha da gentileza. Pode não dar certo com uma pessoa muito mal-humorada. Mas também pode ser que ela se surpreenda por ser cumprimentada, e responda. Melhor do que isso: pode ser que ela decida cumprimentar alguém. E, em fazendo isso, se sinta bem. E passe a cumprimentar as pessoas todos os dias. Assim estaremos espalhando o germe da gentileza, que torna as pessoas mais próximas umas das outras. Uma campanha que espalha confiança, tranquilidade... Pensemos nisso e façamos nossa adesão à campanha da gentileza, transformando a nossa cidade num oásis de paz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O amor e o taxista, de autoria de Art Buchwald, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante. Em 06.06.2008.

domingo, 20 de março de 2016

CAMINHOS

AMÉLIA RODRIGUES
São muitos os caminhos... Caminhos tranquilos, plenos de flores, transitados sem problemas nem esforço. Caminhos tortuosos, difíceis, cheios de pedregulhos, de aspereza e dificuldades. Caminhos fáceis que conduzem a abismos profundos, como gargantas abertas no verde da selva. Caminhos desconhecidos, que conduzem a alturas imensuráveis, margeando a montanha. Caminhos de lama, após a chuva torrencial. Caminhos áridos, na terra castigada pelo sol ardente. Caminhos ásperos, cheios de ervas daninhas e espinheiros. Caminhos curtos. Caminhos longos. Em verdade, todos os caminhos têm algo em comum: o de permitirem ao viajante chegar a algum lugar. Assim, o mais importante não é escolhê-lo por sua beleza, facilidade ou comprimento. O mais importante é saber onde se pretende chegar. Na Terra, todos andamos por várias vias: as da comodidade, dos prazeres, das facilidades. São os caminhos curtos, fáceis e que conduzem o ser às bocas escancaradas dos abismos das paixões. Existem aqueles que, de forma egoísta, preferem caminhar solitários e se perturbam após exaustiva marcha. Os maus seguem trilhas suspeitas e se perdem em sombras. Os que se afeiçoam ao bem seguem os caminhos da esperança e se iluminam. São vias de dificuldades, de tormentos e de dissabores. Caminhos espinhosos e difíceis, mas que dão acesso a portos de paz. São eles que permitem ao homem alcançar as paragens superiores do bem que nunca morre e do amor que sempre dura. Os servidores da caridade escolhem roteiros de ação constante pelo bem ao próximo e alcançam lugares de ventura. A opção é individual e cada um a realiza de acordo com os sonhos e ideais acalentados na alma e os valores que carregue em sua intimidade. Alcançar a felicidade breve e fugaz ou conquistar a alegria perene é decisão pessoal. Na diversidade de tantos rumos, os homens se perturbam ou se tornam livres. Contudo, não há ninguém que siga pelos caminhos de Jesus e que não deixe de alcançar o fim que almeja: a felicidade integral. Hoje como ontem, Jesus, o Mestre Incomparável, prossegue convidando o Seu rebanho, desejando atrair todos para Si. O Seu convite perene é para que nos acerquemos dEle usufruindo de paz, alcançando a esperança e trabalhando sempre. 
 * * * 
Ante a falta de tempo de que tanto reclamamos, face aos inúmeros quefazeres do dia a dia, é necessário parar para revisar e repensar Jesus. Retornar aos seus caminhos e percorrê-los com ternura é tarefa inadiável ao ser humano. Assim procedendo, com certeza haveremos de experimentar o calor da Sua presença e a presença do Seu amor. Ninguém há que possa prescindir de Jesus, escolher outros caminhos e ser feliz. 
Redação do Momento Espírita, com base no Prefácio, do livro Pelos caminhos de Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 14.1.2016.

sábado, 19 de março de 2016

CAMINHOS PARA A FELICIDADE

FREDERICO MENEZES
Muitas são as diretrizes que indicam caminhos para se encontrar a felicidade. Muitas sugestões e conselhos já foram dados para os que procuram pela felicidade. Essas iniciativas são positivas, quando nascidas do desejo sincero de ajudar. E são necessárias porque cada pessoa poderá seguir pela rota que mais lhe seja favorável e que esteja de acordo com suas forças e entendimento. Os caminhos para a felicidade são muitos. Uns são mais curtos e mais íngremes e exigem mais esforço e renúncias. Outros são mais longos e mais planos, mas todos conduzem ao mesmo fim. A felicidade é, sem dúvida, uma construção diária, que mais se efetiva quanto mais a ela nos dedicamos. Quanto mais conscientes dos passos que nos levarão ao seu encontro, mais perto dela estaremos. Mas enquanto não conseguimos conquistar a felicidade suprema, podemos ir preparando o caminho com algumas atitudes fáceis e lúcidas, nos passos de cada dia. Eis algumas dicas: Use expressões meigas e cobertas de ternura. As energias afáveis favorecem uma atmosfera de paz no coração que as exercita. Busque a visão otimista sobre as pessoas. Enxergue o lado bom que todos nós possuímos. Pequenos gestos de bondade por dia alicerçam as grandes atitudes do amanhã, sedimentando os nobres e elevados sentimentos. Silencie diante das críticas às atitudes infelizes do próximo. Somos nós mendigos do entendimento alheio ante nossos equívocos repetidos. Aprenda a deixar fluir a compaixão, quando a dor espelhar-se na alma do próximo. Condicionará, dessa forma, as próprias forças no caminho da caridade, irradiando o calor da fraternidade por onde passar. Sorria ainda que esteja atravessando difíceis momentos na Terra. O sorriso gera simpatias e afasta invernos escuros, permitindo o brilho do sol da esperança para você e para tantos que atravessam seu caminho. Mantenha a calma em qualquer situação. Quem confia em Deus e está convicto de Sua Providência infalível, sabe que os recursos necessários chegarão tanto mais rápidos e precisos quanto estivermos em posição positiva na vida. Tolere o mais que possa. Perdoe sempre. Leve paz onde houver dissensões. Quem semeia brisas suaves não enfrentará os tufões da agonia em estradas futuras. Conceda ao irmão do caminho a gentileza de sua sincera alegria pelas conquistas dele. Demonstre desprendimento natural. Prossiga leve com as aspirações elevadas. A cada dia coloque-se como instrumento de construção, ciente que Deus nos favorece com a bênção do serviço, para que Sua presença seja sentida no mundo por nosso intermédio. 
 * * * 
Você, e somente você é responsável pela sua felicidade ou sua desdita. Seu caminho para a felicidade só pode ser construído por você, mais ninguém. Se hoje você encontra em seu caminho pedras e espinhos é porque houve um tempo em que você se descuidou do seu jardim. Por isso, é importante não perder mais tempo. Selecione a boa semente e comece agora a reflorir seu caminho para que possa encontrar, logo mais, o perfume agradável da boa semeadura. Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem extraída do livro Ajuda-te, pelo Espírito Marta, psicografia de Frederico Menezes, ed. DPL. Disponível no cd Momento Espírita, v. 10 e no livro Momento Espírita ,v. 5 ed. Fep. Em 09.03.2012.

sexta-feira, 18 de março de 2016

CAMINHOS DO DESAMOR

Dia desses passamos por uma rua e nos chamou a atenção um grande muro, à frente de uma casa. Com todo capricho, o muro estava pintado com uma cor clara e, pequenos canteiros, com flores miúdas, haviam sido colocados à beira da calçada. Um primor! Infelizmente, bem no meio do muro, havia sido escrito em letras pretas, tortas, grotescas, destoando totalmente da beleza e bom gosto do dono da casa: Jesus te ama! A mensagem é positiva, no entanto, pichar propriedade alheia mostra, em primeira mão, que Jesus ama a todos, com certeza, mas nós ainda não aprendemos a amar nosso irmão. Não respeitar a propriedade alheia, não preservar o que outro gastou em economias, em trabalho, em esforço, para conseguir é falta total de amor. E se proclamamos que Jesus nos ama, devemos recordar que Ele nos recomendou que nos devíamos amar uns aos outros como Ele nos amou. Ele, portanto, prescreveu a forma de amar que deveríamos seguir. Precisamos aprender a seguir-Lhe o exemplo. E oportunidades para isso não faltam. Dizemo-nos um país religioso, no entanto, como escreveu João Ubaldo Ribeiro, em uma de suas crônicas, nossas empresas são verdadeiras papelarias. Os empregados, que ganhamos nosso salário mensal, levamos para casa todos os dias papel, clipes, lápis, canetas, tudo de que precisa nosso filho para fazer o trabalho da escola. Ou para nós mesmos utilizarmos. Quanta desonestidade em nosso proceder. Nem nos lembramos que, com tais ações, não estamos obedecendo ao sétimo mandamento do Decálogo. E nosso desamor ao próximo continua. Basta olharmos para nosso planeta. Aplaudimos os discursos dos que nos conclamam ao mundo sustentável, à reciclagem do lixo, à coleta seletiva e tudo o mais. Comparecemos a caminhadas que objetivam conscientizar a todos a respeito da correta postura ecológica. Contudo, muitos de nós vamos deixando pelo caminho as marcas da nossa passagem: copos e garrafas descartáveis, papéis de bala, etc. E não estaremos amando nosso próximo enquanto nos ônibus as pessoas idosas, gestantes, com crianças ao colo estiverem em pé e nós fingirmos dormir para não lhes dar o lugar. Nem mesmo quando alardeamos que temos TV a cabo em casa, mas nada pagamos por ela, porque puxamos o cabo da casa do vizinho. Enquanto não houver o mínimo respeito pela propriedade do outro, pelos bens públicos, ainda estaremos estacionados no desamor. Enquanto acreditarmos que o bom mesmo é ser esperto e passar o outro para trás e ainda nos vangloriarmos do feito, não estaremos no caminho do amor. Enquanto ensinarmos, por nossos atos, às gerações futuras que o bom é ficar rico, da noite para o dia, não importando os métodos; que o bom é sempre levar vantagem em tudo, ainda estacionamos no desamor. Pensemos nisso: quem ama serve ao semelhante, ajuda a planta e socorre o animal. Quem ama, preserva o mundo em que vive e que o seu irmão também vive. Todos desejamos um mundo melhor, mais justo, sadio e agradável. Lembremos que tudo depende de nós, de cada um de nós. 
Redação do Momento Espírita. Em 25.05.2012.

quinta-feira, 17 de março de 2016

CAMINHOS DIFERENTES

Contam as tradições apostólicas que Simão Pedro, já idoso, deixou a velha cidade de Roma, ante a perseguição desencadeada pelo Imperador. Quando se aproximava da saída da cidade, observou uma grande luz que vinha em sua direção. Colocou a mão sobre os olhos, como a protegê-los, tentando descobrir o que era. Seria uma estrela caída dos céus? Um mensageiro de Deus, talvez, andando pelas estradas do mundo? Quando a luz se aproximou o suficiente, ele pôde observar os contornos de uma figura humana. Bastou uma olhada rápida, para cair de joelhos e exclamar: Mestre! Ele acabara de reconhecer Jesus. Mas o peregrino não parou. Passou por ele e continuou o seu caminho. Então, o velho pescador perguntou, como desejando deter aquela figura querida perto de si: Senhor, aonde vais? Voltou-se Jesus e Pedro pôde lhe registrar o olhar de tristeza que lhe tomava a face. Vou a Roma, Pedro, para estar com o meu rebanho. Foi o suficiente para que Pedro se erguesse, sacudisse o pó da estrada e retornasse a Roma. Ele era o líder e não podia, naquele momento doloroso abandonar os seus irmãos. A atitude de Pedro nos leva a reflexionar a respeito do nosso próprio proceder. Por vezes, quando nos apercebemos da riqueza que são os ensinos de Jesus, desejamos nos isolar do mundo. É como se planejássemos subir a uma grande montanha, buscando a quietude a fim de crescer em sabedoria. Pensamos em como o isolamento nos poderá permitir profundas reflexões a respeito dos ensinos do Mestre. E, contudo, não foi essa a lição que Jesus nos deixou. Enquanto viveu na Terra, esteve com os miseráveis, os enfermos, os necessitados de toda ordem. A Sua recomendação foi a de ir ao encontro da dor para amenizá-la, das feridas para curá-las. É no contato com os homens que aprendemos a dominar os tigres que se agitam dentro de nós. É nas lutas de cada dia que adquirimos o poder de abandonar a casca do homem velho, de uma vez para sempre. No meio das multidões famintas, é que podemos realizar os milagres que só o amor promove. Ali, em contato com as grandezas e misérias do próximo, encontramos forças para as nossas próprias misérias e descobrimos as nossas forças íntimas mais profundas. 
* * * 
Transformemo-nos para o bem o quanto possamos. Vistamo-nos das reais virtudes, que florescem aos poucos. Aprendamos a servir. Esse é o verdadeiro caminho dos que pretendem seguir Jesus. Gandhi, o líder religioso da Índia, serviu a Jesus através de uma vida útil e laboriosa. Lincoln, Presidente dos Estados Unidos, serviu a Jesus através de suas renúncias, coragem e lutas, servindo ao povo. Madre Teresa de Calcutá, dedicada à vida religiosa, transformou a sua vida em holocausto para que outras vidas tivessem vida. Pensemos nisso e sigamos Jesus. Desenvolvamo-nos no amor e espalhemos a luz do Cristo, fazendo-nos felizes. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 12 do livro Para uso diário, pelo Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 06.12.2010.

quarta-feira, 16 de março de 2016

CAMINHO DO CORAÇÃO

Em certa passagem do Evangelho segundo Mateus, Jesus exorta Seus seguidores a que ajuntem tesouros no céu. Diz que as conquistas da Terra sofrem os efeitos do tempo e podem ser roubadas. Enfatiza que os valores do céu são perenes e não correm riscos. Afirma, por fim que, onde estiver o tesouro de um homem, aí estará também o seu coração. Essa observação sinaliza que o coração e o tesouro do homem estão sempre no mesmo lugar. Pode ser entendida no sentido de que o coração determina as conquistas que serão feitas. Habitualmente se imagina que a razão guia o homem em sua jornada. Entretanto, não é a racionalidade que determina a vida que se leva. Esse papel condutor cabe aos sentimentos. O tom da vida é dado pelos desejos profundos do coração. Ele é que confere valor ou desvalor a determinada conquista ou situação. O sentimento define quem o homem é e qual caminho ele trilhará. O coração estabelece os fins, ao passo que a razão fornece os meios para os alcançar. Conforme os anseios da alma, são diferentes os caminhos. Um homem pode desejar ficar rico. Outro almejar viver grandes aventuras. Um terceiro quer deixar bons exemplos para seus filhos. Uma vez definida a meta, o papel da razão é identificar o melhor caminho. Isso funciona em todos os setores da vida. Por exemplo, na escolha da profissão. O jovem, ao escolher entre as várias opções disponíveis, costuma se indagar a respeito de seus gostos e talentos. Alguns querem ser médicos, outros apreciam matemática, outros ainda amam as artes. Os sentimentos têm um papel central na vida humana. Entretanto, de modo paradoxal, o intelecto tem merecido maiores atenções da sociedade. Os pais se preocupam em colocar os filhos nas melhores escolas. Essas se esmeram na elaboração de um currículo o mais vasto possível. Contudo, para além da instrução, é necessário educação. Ou seja, cuidar de retificar hábitos. Mas a conduta somente é aperfeiçoada com sucesso a partir do sentimento. É muito difícil manter uma conduta divorciada dos desejos do coração. Sempre se tem um tom artificial, de coisa forçada. Quando o coração participa, tudo se torna mais fácil. Um bom exemplo é dedicar-se a alguém querido. Os pais são capazes de atos de grande desprendimento em favor de seus filhos. Justamente porque os amam, conseguem persistir em cuidados exaustivos, que duram anos. Desse modo, sem qualquer prejuízo para o cultivo do intelecto, convém cuidar da emoção. Prestar atenção nos próprios gostos e desejos, identificar o que neles demanda correção. Dedicar-se a curar feridas íntimas, a perdoar e a pedir perdão. Enamorar-se da ideia de ser digno e fraterno. Uma vez estabelecido o sincero desejo do bem, vivê-lo será simples e fácil. Pense nisso.
Redação do Momento Espírita. Em 13.8.2012.

terça-feira, 15 de março de 2016

CAMINHO, VERDADE E VIDA!

Na situação em que se acha nossa sociedade, é compreensível a dificuldade na escolha do próprio rumo. Como nos ajustarmos a um mundo hostil, a situações aflitivas e prosseguir mantendo a alegria de viver? São notícias sempre alarmantes de agressões, desemprego, acidentes. É a corrupção que corre à solta e aparece em todo lugar, minando instituições que julgávamos sérias. Ante a discrepância entre o falar e o agir de homens públicos, nos questionamos acerca do correto caminho político. O que nos será melhor: as plataformas da esquerda, da direita, do centro? Pensando nas questões da fé, ante tantos disparates, ilusões e enganos, nos perguntamos se valerá a pena cultivar a fé e reverenciar a Deus. São múltiplas as indagações e parecem carecer de respostas, ao menos de respostas de bom senso. Mas, há mais de dois milênios, um Cantor tomou da lira do amor e teceu sinfonias de esperança, abrindo Sua boca para enunciar: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. O que Ele veio ensinar é resposta para as inúmeras questões da alma humana. A melhor postura política é aquela que visa o bem comum, num processo de ofertar melhores condições para a sociedade se educar, emancipar e fortalecer. A proposta de Jesus para o pensamento político é a da justiça sem mácula, para todos. Por isso prescreveu: A cada um segundo suas obras. Sem privilégios. Sem injustiças. Dai a César o que a César pertence, ensinando ao homem a se tornar o cidadão cônscio dos seus deveres, direcionando ao Estado o que lhe pertence. Amai-vos uns aos outros, estabelecendo que o homem deve se importar com o seu irmão, abandonando os canais da indiferença e do egoísmo. No que diz respeito à fé religiosa, desde o momento em que se encontrou com a samaritana no poço de Jacó, estabeleceu as bases da verdadeira adoração, ensinando-nos que Deus é Espírito e importa que em Espírito e Verdade seja adorado. O que importa mesmo é o amadurecimento interior não as posições exteriores que geram fanatismo, por não entender, a própria criatura, o que está fazendo. Jesus é nosso norte e teve razão em afirmar: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Quem O segue jamais andará em trevas ou se debaterá em dúvidas. 
 * * *
Os seguidores de Jesus são transeuntes solitários da via humana. São conhecidos, porém, incompreendidos. São suportados, mas nem sempre amados. À semelhança do Mestre, permaneçamos fiéis no mundo das aflições, tudo enfrentando com o valor da fé, para não desanimarmos nem nos corrompermos. O cristão não vacila porque tem como Modelo e Guia Jesus, o Divino condutor da Humanidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 27 do livro Quem é o Cristo?,pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter e do verbete Cristão, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis,psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 10.12.2009.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O CAMINHO

Diante do turbilhão de problemas e conflitos, aturdidos, receosos e a um passo do desequilíbrio, perguntamos a nós mesmos: Que caminho seguir? Qual a conduta a adotar? Certamente todo empreendimento deve ser precedido de uma planificação, de um roteiro de programa. Sem esses fatores, o comportamento faz-se anárquico, e o trabalho se dirige à desordem. A experiência carnal é uma viagem que o Espírito empreende com objetivos definidos pela Divindade, que a todos reserva a perfeição. Como alcançá-la, e em quanto tempo, depende de cada viajor. Assim, vários são os caminhos e cada indivíduo toma o que eleger, pela sua livre vontade. Há caminhos que conduzem a despenhadeiros, a desertos, a pantanais, a regiões perigosas. Outros são convidativos e repletos de distrações, prazeres, comodidades, armadilhas. Uns levam à ruína demorada, que envilece e infelicita. Vários dão acesso à glória transitória, ao poder arbitrário, às regalias que o túmulo interrompe. A afirmação de Jesus, porém, não deixa dúvidas: Eu sou o caminho. Portanto, a única opção para chegar-se a Deus. Se você se encontra diante de várias opções de caminhos, sem saber qual deles tomar, reflita sobre a proposta de Jesus. Pense que o caminho que eleger agora, será decisivo para a conquista da sua felicidade ou infelicidade. Há caminhos aparentemente fáceis de percorrer, até que nos deparemos com os precipícios a que eles conduzem. E há os caminhos que, em princípio, nos parecem longos e cheios de espinhos, mas que nos levam a um lugar seguro, onde a esperança habita. Se optamos pelo caminho da corrupção, da vileza, do descaso, da indiferença, da injustiça, chegaremos facilmente ao vazio, ao desespero, ao tédio. Mas se tomamos o caminho da honestidade, da dignidade, da honradez, chegaremos, com segurança, ao porto da consciência tranquila. Se elegemos o caminho da discórdia, da intriga, da incompreensão, da infidelidade, aportaremos no cais da solidão. Mas se seguimos o caminho da amizade, da sinceridade, da lealdade, do perdão, conheceremos o oásis de um coração pleno de afeto. Lembremo-nos de que há caminhos e caminhos... E que, nem sempre os que parecem mais curtos nos levam a destinos seguros e promissores, do ponto de vista espiritual. 
Se você elegeu o caminho que conduz à felicidade e se encontra a ponto de desistir da luta, busque forças em Jesus, através da oração. Se há obstáculos no trecho, peça a Deus que o ajude a superá-los. Se os pés estão feridos e as mãos cansadas, rogue o amparo do Alto, que nunca nos falta nas horas difíceis. E antes de pensar em tomar os caminhos aparentemente mais fáceis, lembre-se de que o Mestre falou a respeito da porta estreita, e prossiga sem esmorecimento... Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6 do livro Momentos enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 07.12.2009.

domingo, 13 de março de 2016

CAMINHÃO DE MUDANÇA

Dia desses vi um caminhão de mudança. Não era desses bonitos, carroceria fechada, dos quais somente se sabe que serve para fazer transporte de móveis porque está com uma enorme logomarca da empresa que o identifica. Era um caminhão de carroceria aberta. E estava cheio de armários, cama, mesa, cadeiras, fogão, um sofá vermelho desbotado. Entre os móveis, panos separando uns dos outros, a título de proteção. Não estragar o que já era tão velho, tão antigo, tão usado. Alguns desses panos tremulavam ao vento, imitando bandeiras amarelas, vermelhas, brancas. Feito uma lona, um tapete velho estava jogado sobre parte da mudança, como se pudesse cobri-la. Mas, a carroceria baixa, de madeira, com os flancos descobertos, deixava à mostra toda a intimidade dos objetos de uso. Um colchão estava no topo da carga. À medida que o caminhão avançava pelas ruas asfaltadas, o colchão balançava e permitia ver que estava marcado, demonstrando muito uso. Sol do meio-dia. O caminhão prossegue no seu rumo. Cordas enviesadas amarram aqueles pertences, conteúdo de algumas vidas. A impressão que se tem é de que o dono da mudança pede desculpas, à medida em que o veículo passa, por enfear as ruas elegantes do bairro nobre pelo qual transita, em direção à periferia. Perguntas ficam no ar. O que fez com que o dono dessa mudança esteja trocando de endereço? Terá sido despejado? Terá ocorrido uma separação do casal e os bens estão sendo divididos? Será uma família que se está transferindo para uma nova vizinhança? Será ou não bem aceita nesse novo local para onde se dirige? As crianças estarão deixando amigos? Existe uma família ou o dono da mudança vai morar só? As respostas bailam na imaginação dos passantes. Verdade é que aqueles poucos móveis registram histórias de pessoas comuns, pessoas lutadoras, pessoas que fazem planos, pessoas que tiveram seus planos destroçados, pessoas que acreditam ou talvez pessoas que tenham perdido toda esperança. 
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Noeval de Quadros
Um caminhão de mudanças, alguns móveis... E quantas perguntas... Quanto a nossa imaginação se agita, pensando no que cada uma daquelas peças representa na vida de uma ou de várias pessoas. E, por fim, pensamos que talvez, o dono daqueles objetos possa ter partido para a Espiritualidade e a casa onde morava foi esvaziada. E tudo o que representou o seu tesouro na Terra está ali, na carroceria daquele caminhão. Então, nos acode à mente de como somos frágeis e passageiros. Hoje estamos aqui e amanhã poderemos estar em outra dimensão. E tudo de que nos servimos, o que se constituiu nossa propriedade ficará por aqui, para ser levado para algum lugar, para servir a outras pessoas, ou simplesmente ser descartado. De nós, no mundo, somente restarão as lembranças do que fomos e do que fizemos, do amor que cultivamos nos corações, dos benefícios que produzimos, das vidas que influenciamos. E seremos Espíritos livres, numa outra realidade, empreendendo nova jornada para a continuidade do progresso até a perfeição. Pensemos nisso e utilizemos os bens materiais com a sabedoria de quem tem certeza de que eles são apenas empréstimos temporários. Sirvamo-nos deles mas treinemos desapego porque nós somos passageiros em trânsito, na nave chamada Terra. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, a partir de pensamentos de Noeval de Quadros. Em 25.6.2014.

sábado, 12 de março de 2016

CÂMERAS DE VIGILÂNCIA INTERNA

Cada vez mais o mundo externo está sendo vigiado. São sistemas de vigilância nos estabelecimentos comerciais e residenciais; são câmeras que apontam para vários lugares públicos, ruas, estradas. Com a facilidade e popularização da tecnologia, muitos têm acesso fácil a uma filmadora, uma web-cam, uma máquina fotográfica digital. Nunca o mundo exterior foi tão documentado, acompanhado, espreitado de perto. Acompanhamos diariamente todos os acontecimentos no mundo através de imagens reais, cinegrafistas amadores, telefones celulares que registram tudo. Nada mais escapa. Principalmente, é claro, as desgraças, as fofocas, as notícias sensacionalistas, isto é: tudo aquilo que vende. Somos a geração do espiar a vida dos outros, em reality shows que expõem a vida íntima das pessoas – e que, obviamente, são pagos para se expor. A geração que tem as pessoas, o mundo e seus acontecimentos nas mãos, mas que se esqueceu de si mesma. Há plena vigilância externa, e escassez de observação interior. A tecnologia não tem culpa alguma. A mídia, em si, não tem responsabilidade alguma. Quem opera e direciona o uso da tecnologia é o homem. Quem alimenta as mídias é a própria população. Vê-se claramente assim, que tudo isso é apenas uma manifestação moderna, de condutas viciosas antigas do ser humano. Muito mais fácil e confortável observar as janelas do vizinho, do que ter que enfrentar um espelho. Muito mais simples se envolver nos problemas alheios, que não nos dizem respeito, do que facear as tribulações domésticas, as dúvidas íntimas, as procuras e dificuldades da alma. Fuga. Eis mais uma das maneiras que encontramos de fugir de nós mesmos, de escapar de nossos verdadeiros objetivos, de nossos embates prioritários. A natureza e as leis da vida são, porém, implacáveis e respondem imediatamente. Nenhuma ação humana, individual ou coletiva, fica sem resposta ou sem consequências a serem provadas. Assim, já podemos verificar os efeitos disso em diferentes esferas da vida social, mas principalmente na intimidade do Espírito encarnado na Terra. Vazio existencial, depressão, fobias, desestruturação fisiológica, e um sem número de distúrbios outros que convencionamos chamar de psicológicos. É a resposta da natureza para os excessos, de um lado, e para a falta de cuidado consigo mesmo, de outro lado. Ao invés de nos ocuparmos tanto com a vida dos outros, com a vigilância do mundo, deveríamos investir nossas energias na observância interna. Instalar câmeras de vigilância, de observação, de monitoramento interior, cuidando de nossos pensamentos, de nossas ações, de nossos próprios passos. É a proposta antiquíssima de autoconhecer-se, de notar os sentimentos, de onde eles vêm, quando e por que os temos. É a higiene da alma, que nos proporciona acompanhar nosso crescimento de perto, que nos faculta traçar objetivos espirituais e ter condições de monitorá-los, de segui-los com proximidade. Imaginemos que possamos ter câmeras que filmam nossas ações e que nos proporcionam poder voltar a vê-las mais tarde, na posição de espectador atencioso e desejoso de se conhecer melhor. Filmadoras internas da consciência, que registram, sem cortes, todas as cenas vividas em cada dia. E que depois nos mostram o que podemos melhorar, o que fizemos de certo e de errado. Instalemos câmeras de vigilância interna!
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E os homens se vão a contemplar os topos das montanhas, as vastas ondas do mar, as amplas correntes dos rios, a imensidão do oceano, o curso dos astros, e não pensam em si mesmos... 
Redação do Momento Espírita com base no item 8, do cap. X, do livro Confissões, de Santo Agostinho, ed. Vozes. Em 27.7.2013.

sexta-feira, 11 de março de 2016

CAMELOS TAMBÉM CHORAM

Affonso Romano de Sant´anna
Primavera no deserto de Gobi, sul da Mongólia. Uma família de pastores nômades assiste ao nascimento de filhotes de camelo. A rotina é quebrada com o parto difícil de um dos camelinhos albinos. A mãe, então, o rejeita. O filho ali, branquinho, mal se sustentando sobre as pernas, querendo mamar e ela fugindo, dando patadas e indo acariciar outro filhote, enquanto o rejeitado geme e segue inutilmente a mãe na seca paisagem. A família mongol e vizinhos tentam forçar a mãe camela a alimentar o filho. Em vão. Só há uma solução, diz alguém da família. Mandar chamar o músico.E o milagre começou musicalmente a acontecer. Dois meninos montam agilmente seus camelos, numa aventura até uma vila próxima, tentando encontrar o músico. É uma vila pobre, mas já com coisas da modernidade, motos, televisão, e, na escola de música, dentro daquele deserto, jovens tocam instrumentos e dançam, como se a arte brotasse lindamente das pedras. O professor de música, qual um médico de aldeia chamado para uma emergência, viaja com seu instrumento de arco e cordas para tentar resolver a questão da rejeição materna. Chega. E ali no descampado, primeiro coloca o instrumento com uma bela fita azul sobre o dorso da mãe camela. A família mongol assiste à cena. Um vento suave começa a tanger as cordas do instrumento. A natureza por si mesma harpeja sua harmônica sabedoria. A camela percebe. Todos os camelos percebem uma música reordenando suavemente os sentidos. Erguem a cabeça, aguçam os ouvidos e esperam. A seguir, o músico retoma seu instrumento e começa a tocá-lo. A dona da camela afaga o animal e canta. E, enquanto cordas e voz soam, a mãe camela começa a acolher o filhote, empurrando-o docemente para suas tetas. E o filhote, antes rejeitado e infeliz, vem e mama, mama, desesperadamente feliz. Enquanto se alimenta e a música continua, acontece então um fato impressionante. Lágrimas desbordam umas após outras dos olhos da mãe camela, dando sinais de que a natureza se reencontrou a si mesma, a rejeição foi superada, o afeto reuniu num todo amoroso os apartados elementos. 
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Nós, humanos, na plateia, olhamos estarrecidos. Maravilhados. Os mongóis em cena constatam apenas mais um exercício de sua milenar sabedoria. E nós, que perdemos o contato com o micro e o macrocosmos, ficamos pasmos com nossa ignorância de coisas tão simples e essenciais. Os antigos falavam da terapêutica musical. Casos de instrumentos que abrandavam a fúria, curavam a surdez, a hipocondria e saravam até a mania de perseguição. O pensamento místico hindu dizia que a vida se consubstancia no Universo com o primeiro som audível - um ré bemol - e que a palavra só surgiria mais tarde. E nós, da era da tecnologia, da comunicação instantânea, dos avanços científicos jamais sonhados... E nós? O que sabemos dessas coisas? Coisas que os camelos já sabem, que os mongóis já vivem. Coisas dos sentimentos, coisas do coração. O que sabemos nós? Será que sabíamos que os camelos também choram? 
Redação do Momento Espírita com base em crônica de Affonso Romano de Sant´anna, encontrada no
http://acaodopensamento.blogspot.com. Em 25.04.2011.

quinta-feira, 10 de março de 2016

O calor escaldante dos desertos da vida

AUGUSTO CURY
O alimento e a bebida ingeridos por Cristo na última ceia foram importantes para sustentá-Lo. Eles não Lhe dariam pão nem água durante o Seu tormento. Sabia o que O aguardava, por isso nutriu-Se calmamente para suportar o desfecho de Sua história. Após a oração, foi sem medo ao encontro de Seus opositores. Entregou-Se espontaneamente. Procurou um lugar tranquilo, sem o assédio da multidão, pois não desejava qualquer tipo de tumulto ou violência. Não queria que nenhum dos Seus mais próximos corresse perigo. Preocupou-Se até mesmo com a segurança dos homens encarregados de prendê-Lo, pois censurou o ato agressivo de Pedro a um dos soldados. O Mestre era tão dócil que por onde Ele passava florescia a paz, nunca a violência. Os homens podiam ser agressivos com Ele, mas Ele não era agressivo com ninguém. Um odor de tranquilidade invadia os ambientes em que transitava. O amor que Jesus sentia pelo ser humano O protegia do calor escaldante dos desertos da vida. Chegou ao impensável, ao aparentemente absurdo, de amar Seus próprios inimigos... 
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E como estamos nós? Como nos protegemos das altas temperaturas dos desertos da existência? A tranquilidade de Jesus vinha de Sua moral elevada, sustentada por um amor incondicional por todos. A calma do Mestre vinha de Sua fé, em nível tão elevado, que O fazia ser Um com o Pai. Semeando amor, colhemos felicidade nos campos de Deus. Sem a pretensão de receber recompensas na Terra, pelos atos nobres que praticamos, perceberemos que a consciência em paz é fortaleza indestrutível. Amando, passaremos pelos suplícios da existência com mais equilíbrio. Tal amor dá à alma em aprendizado uma certeza íntima imperturbável, segura de estar no caminho certo, e de não estar sozinha nestas paragens. Amando, nunca estamos sós. A Terra poderá nos oferecer solidão temporária, mas o mundo real, o mundo maior, nos dará a companhia dos grandes. Se estamos em momento grave na existência, sofrendo ataque de inimigos do bem... lembremos de Jesus e de Seu exemplo precioso. Quem ama e está nas sendas do bem, não tem porque pensar em vingança, em responder violência com violência. Quem ama tem sempre um refrigério constante no íntimo, ao enfrentar o calor escaldante da crueldade alheia. Quem ama e trilha os caminhos do bem, não precisa temer, assim como Jesus não temeu, em momento algum, o que Lhe aguardava. Sofreu, ao ver a fragilidade da alma humana tomando decisões ainda tão tolas, mas não teve medo, jamais, pois estava sempre acompanhado de um amor sem igual pela Humanidade inteira. Ama e aguarda. Ama e confia. Ama e resiste. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6 do livro O mestre da sensibilidade, de Augusto Cury, ed. Academia de inteligência. Em 30.06.2009.