segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O CADERNO INFINITO

Você já encontrou um caderno antigo com anotações suas? É sempre um acontecimento curioso, pois nos remete a um determinado momento em nossa história que ficou ali, gravado. O que estávamos sentindo, ou o que estávamos aprendendo, ou simplesmente anotações importantes naquele contexto temporal. Porém, o mais comum é que, depois de preenchermos todas as folhas de um caderno, e aqueles escritos não nos interessarem mais, simplesmente o descartemos. Em resumo: um caderno só pode ser utilizado uma vez. Como se ele só tivesse uma vida. Isso, porém, não é mais verdade, graças à tecnologia que a cada dia nos traz novas surpresas. Uma empresa norte-americana criou um caderno inteligente. Um caderno que não tem fim. O rocketbook, como é chamado, utiliza uma tinta sensível ao calor e é controlado por um aplicativo. Basta colocá-lo por trinta segundos no microondas para que as anotações sejam apagadas do dispositivo. Mas, podemos perguntar, de que adianta? Perde-se tudo? Não, de forma alguma. Antes de apagá-las, ele as converte em documento digital e as armazena em sistema de nuvem no aplicativo. Genial. O caderno volta a ser novo, em branco, porém, tudo o que ele já recebeu de anotações está lá com ele. 
 * * * 
Assim ocorre conosco, Espíritos imortais e com nossas diversas encarnações. Cada vez que nascemos, nascemos caderno em branco. Temos chance de reescrever nossas histórias, de reescrever nossos caminhos, nos são dadas novas oportunidades. Quanto mais belo for o conteúdo escrito nas folhas de nosso caderno, mais belo será o que levaremos para a nuvem, ao final da vida. Nada que vivemos se perde. Todas as experiências, os aprendizados, as lembranças, os amores, os ódios, as dificuldades, ficam ali, armazenados. Ao retornar para nova encarnação, o caderno estará em branco novamente, mas tudo que temos na nuvem nos influenciará sempre e, por vezes, nos fará lembrar das razões de estarmos aqui. Algumas vezes teremos impressão desse caderno ser o primeiro, principalmente na infância, mas, quando algumas tendências começarem a surgir, sem explicação, nos diferenciando significativamente dos demais, perceberemos que já fizemos e guardamos anotações, em muitos cadernos antes deste. 
 * * * 
Somos infinitos. Tivemos um início que vai longe no tempo. Hoje, estamos iniciando um despertar que nos elevará para um novo patamar de consciência. Estamos começando a ter condições de saber quem somos. Estamos começando a ter condições de saber aonde devemos chegar e por quê. Só uma vida espiritualizada nos leva nesta direção. Só uma vida amorosa nos eleva acima dos problemas do mundo. Mergulhados na matéria em que estamos, precisamos aprender a utilizá-la como instrumento, e não mais nos deixarmos ser dominados por ela. O materialismo é invenção nossa, de nossos vícios. Ele nunca precisou existir. Então, agora que acordamos e entendemos, pensemos e atuemos como seres inteligentes e amorosos que somos. Inteligência e amor sempre estiveram escritos na contracapa de nosso caderno infinito, como objetivos maiores de nossa vida. Nós é que nem sempre tivemos a curiosidade de olhar. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. Em 9.9.2015.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A CADEIRA VAZIA

Era uma singela igreja, frequentada por moradores da região daquele distante bairro de Londres. Os anos se passavam e o pequeno grupo se mantinha constante nas reuniões, ocupando sempre os mesmos lugares. Foi por isso mesmo muito fácil ao pastor descobrir, certo dia, uma cadeira vazia. Estranhou, mas logo esqueceu. Na semana seguinte, a mesma cadeira vazia lá estava e ninguém soube informar o que estava acontecendo. Na terceira ausência, o pastor resolveu visitar o faltoso. No dia frio, foi encontrá-lo sentado, muito confortável, ao lado da lareira de sua casa, a ler. 
-Você está doente, meu filho? Perguntou. 
A resposta foi negativa. Ele estava bem. 
-Talvez esteja atravessando algum problema, ousou falar o pastor, preocupado. 
Mas estava tudo em ordem. E o homem foi explicando que, simplesmente, deixara de comparecer. Afinal, ele frequentava o culto há mais de vinte anos. Sentava na mesma cadeira, pronunciava as mesmas orações, cantava os mesmos hinos, ouvia os mesmos sermões. Não precisava mais comparecer. Ele já sabia tudo de cor. O pastor refletiu por alguns momentos. Depois, se dirigiu até a lareira, atiçou o fogo e de lá retirou uma brasa. Ante o olhar surpreso do dono da casa, colocou a brasa sobre a soleira de mármore, na janela. Longe do braseiro, ela perdeu o brilho e se apagou. Logo, era somente um carvão coberto de cinza. Então, o homem entendeu. Levantou-se de sua cadeira, caminhou até o pastor e falou: 
-Tudo bem, pastor, entendi a mensagem. 
E voltou para a igreja.
 * * * 
Richard Simonetti
Todos somos brasas no braseiro da fé. Se mantemos regular frequência ao templo religioso, estudando e trabalhando, nos conservamos acesos e quentes. Mas, exatamente como fazem as brasas, é preciso estender o calor. Assim, acostumemos a não somente orar, pedir e esperar graças. Iluminados pelo Evangelho de Jesus, nos disponhamos a agir em favor dos nossos irmãos. Como as brasas unidas se transformam em um imenso fogaréu, clareando a escuridão e aquecendo as noites gélidas, unidos aos nossos irmãos de ideal, poderemos estabelecer o calor da esperança em muitas vidas. Abrasados pelo amor a Jesus, poderemos transformar horas monótonas em trabalho no bem. A simples presença na assembleia da nossa fé, em um dinâmico trabalho de promoção social, beneficiando a comunidade. Pensemos nisso e coloquemos mãos à obra. * * * Clarificados pela mensagem do Cristo, espalhemos calor nas planícies gélidas da indiferença, da soledade e da necessidade. Procuremos a dor onde ela se esconda e a envolvamos nos panos aquecidos da nossa dedicação. Estendamos o brilho da esperança nas vidas amarfanhadas dos que nunca conseguiram crer em algo que esteja além do alcance dos seus sentidos físicos. Tornemo-nos brasas vivas, fazendo luz onde estejamos, atuando e servindo em nome de Jesus. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A cadeira vazia, de Richard Simonetti, da revista Reformador, de maio/2000, ed. FEB. Em 8.7.2013.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A CADEIRA NO CAMINHO

Depois de um dia inteiro passado longe da família, entra em casa o pai, à noite. Sua chegada alvoroça o filho que, esperando algum presente para ele, se precipita de braços abertos. Por descuido, o pequeno estabanado vai de encontro a uma cadeira no caminho, e cai no chão, violentamente. Não se machucou, mas, assustado pela surpresa da queda, põe-se a chorar em altos gritos. Então, o pai só pensa em duas coisas: fazer calar o menino e acalmá-lo. Como conseguirá? Facilmente, associando-se simplesmente aos sentimentos da criança, ajudando-a a soltar a rédea aos maus instintos. Como assim? Liberando maus instintos? Não seria justamente o oposto que deveríamos fazer? Pois bem, vejamos como a reação desse pai mostra que tomamos muitos caminhos absolutamente equivocados na educação de nossos filhos. Reforçamos os maus instintos sem perceber, mais vezes do que imaginamos. O pai precipita-se, levanta a criança, e começa a bater na cadeira ruim, cadeira feia, que fez cair o Carlinhos ou o Joãozinho. Desse modo consegue rapidamente o que se propusera, pois Carlinhos ou Joãozinho, feliz por ver a cadeira castigada, cala-se, bate-lhe também, e fica satisfeitíssimo. Não é verdade que assistimos cenas como essa diversas vezes? Vamos analisar então o alcance real desse ato que tão inocente se supõe. Quem tem culpa da queda da criança? Ela mesma, evidentemente. E quem foi castigada? A cadeira. Lançando a culpa à cadeira, perde-se uma oportunidade de demonstrar praticamente à criança as conseqüências de sua imprudência e da sua atrapalhação. Assim se deforma o seu critério de julgar, apresentando-lhe uma falsa relação entre a causa e o efeito. Toda oportunidade de trabalhar esta temática, a da causa e do efeito, com as crianças, deve ser abraçada com vigor, pois nas pequenas aplicações do dia-a-dia está o desvendar de uma Lei Divina fundamental. Mas, poderíamos ainda ir além e perguntar: por que sempre precisa haver um culpado? Por que não ensinamos as crianças a entenderem que existem muitas coisas que fazem parte da vida, e que sempre nos ensinam alguma coisa? A cadeira no caminho poderia estar ensinando o cuidado, a atenção, ou ainda, poderia ser apenas uma cadeira no caminho. Se fôssemos, na vida, abrir um berreiro, ou buscar culpados, para cada cadeira no caminho, esqueceríamos de viver, certamente, e seríamos só lamentos ambulantes. Não deixemos que nossos filhos cultivem visões distorcidas da realidade desde cedo. Não permitamos que a superproteção, ou nossos próprios medos atrapalhem o bom desenvolvimento de um ser, que precisa aprender a enfrentar os desafios da vida. Punir a cadeira feia nunca será a solução. Nem deixaremos de sentir a dor da queda, nem resolveremos o problema da cadeira no caminho. Entender que a lei de causa e efeito nos rege em todos os campos, inclusive no moral, faz-se importantíssimo, se desejamos ser bons pais e educadores. 
 * * * 
O Espírito Meimei coloca na fala das crianças do mundo palavras de extrema beleza: Peço-te, não me esqueças – pois sou teu filho, teu aluno, teu neto. Sempre teu irmão, pedindo apenas a quota de amor e paciência de que preciso para me fazer homem de bem e companheiro de teu ideal. 
Redação do MomentoEspírita com base no cap. Eduquemos as crianças, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova fronteira e no livro Educação segundo o Espiritismo, de Dora Incontri, ed. Comenius. Em 18.08.2008.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

CADEIAS DA ALMA

Você se considera uma pessoa livre? Mas, afinal de contas, o que é ter liberdade? Se pensamos que somos livres só pelo fato de não estar atrás das grades, podemos até nos dizer livres. Mas, será que realmente somos? Se você diz ter liberdade plena, mas se irrita quando os outros querem; se veste conforme os modistas determinam; sente ódio quando as circunstâncias pedem; usa a marca que a sociedade estabelece como sendo a melhor, e se submete a outras tantas cadeias psicológicas, você pode até dizer-se livre, mas é um encarcerado da alma. O homem verdadeiramente livre é senhor de si, dos seus atos, da sua vontade. Quem é livre não se submete aos vícios, nem às convenções sociais descabidas, nem cai em armadilhas preparadas para os descuidados. A verdadeira liberdade é a liberdade da alma. Gandhi, o homem que soube lutar pela paz, apesar de ficar detido atrás das grades muitas vezes, era um homem livre, pois ninguém conseguia aprisionar-lhe a alma. Paulo, o Apóstolo, mesmo jogado numa cela fétida e úmida, manteve-se sereno e senhor da sua liberdade moral. Os homens podiam impedir que ele andasse livremente, mas jamais conseguiram deter sua liberdade de pensar e sentir. Quando um homem é livre, não se importa com o que pensam dele nem com o que falam a seu respeito, mas sim do que fala sua própria consciência. Os pais e mães modernos nem sempre estão dispostos a educar os filhos para que sejam livres pois estabelecem, desde a infância, uma série de situações que tendem a fazer com que pensem pela cabeça dos outros. Não os deixam ter as experiências de que necessitam para ser livres e por isso os fazem seus dependentes. Dependem da mãe para escolher a roupa e o calçado que irão usar, para arrumar sua cama, para pôr ordem em seus brinquedos e, às vezes, até para fazer as lições da escola. Sim, há pais que fazem pelos filhos as tarefas que os professores lhes solicitam. Pensando em ajudar, negam ao filho a oportunidade de se fazer verdadeiramente livre. Outros pais fazem dos filhos cópias perfeitas dos seus ídolos da TV. Compram roupas, bolsas, calçados e outros adereços dos personagens que a mídia produz, como se fossem modelos saudáveis a serem seguidos. Não se dão conta, esses pais, que estão criando um condicionamento negativo, impedindo que as crianças desenvolvam o senso crítico. Importante que pensemos com seriedade a esse respeito, buscando a nossa liberdade moral e ajudando os filhos a conquistar sua própria libertação. Libertação física pela limitação dos apetites, não se deixando governar pelos instintos. Libertação intelectual pela conquista da verdade, mantendo a mente sempre aberta. E libertação moral pela procura da virtude. Somente quando soubermos governar a nós mesmos com sabedoria é que poderemos nos dizer verdadeiramente livres.
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O limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, ou as asas de luz para a perene harmonia. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita v. 2, ed. Fep. Em 11.10.2010.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A CADA UM SEGUNDO, SUAS OBRAS!

Nessa sentença de Jesus estão sintetizadas todas as leis que regem as questões ético-morais. Mas de que maneira essa justiça se estabelece? Que mecanismo coordena essa distribuição, com justiça? Primeiro é importante lembrar que a justiça dos homens está calcada na legislação humana, com base em códigos legais criados pelos próprios homens. Quando há um litígio qualquer, um grupo de pessoas especializadas nesses códigos analisa o processo, julga e define as penalidades aplicáveis ao réu. A duração das penas também é estabelecida pelo juiz. Então podemos concluir que a justiça dos homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos magistrados. Mas com a justiça divina é diferente. As conseqüências dos atos se dão de forma direta e natural, sem intermediários. Em caso de uma falta qualquer, a penalidade se estabelece de maneira natural, e cessa também naturalmente, com o arrependimento efetivo e a reparação da falta. Importante destacar que na justiça divina não há dois pesos e duas medidas. As leis são imutáveis e imparciais, e não podem ser burladas. Um exemplo talvez torne mais fácil o entendimento. Se alguém resolve beber uma dose considerável de veneno, as conseqüências logo surgirão no organismo, de maneira direta e natural. Não é preciso que alguém julgue o ato e decida o que vai acontecer com o organismo do indivíduo. Simplesmente o resultado aparece. Castigo? Não. Conseqüência natural derivada do seu ato, da sua livre escolha. Os efeitos produzidos no corpo físico não fazem distinção entre o pobre ou o rico, o religioso ou o ateu, a criança ou o adulto. As leis divinas não contemplam exceções, nem concessões. São justas e equânimes. E essas conseqüências duram tanto quanto a causa que as produziu. Uma vez passado o efeito do veneno, resta consertar o estrago e seguir em frente. Por isso a necessidade da reparação. Nesse caso devemos considerar que a lei da reencarnação se torna uma necessidade, para que cada um receba conforme suas obras, segundo a justiça divina. Se a pessoa bebe veneno e morre, as conseqüências do seu ato a seguirão no mundo espiritual, pois ela sai do corpo mas não sai da vida. Por vezes, é necessário renascer num novo corpo marcado pelos estragos que o veneno produziu. Castigo? Certamente não. Conseqüência direta e natural. No campo moral a justiça divina se dá da mesma maneira, distribuindo a cada um segundo suas obras, sem intermediários. Mas como conhecer essas leis? Ouvindo a própria consciência, que é onde se encontra esse código divino. Não é outro o motivo que leva a pessoa corrupta, injusta, violenta, hipócrita, a tentar anestesiar a consciência usando drogas, embriagando-se para aplacar o clamor que vem da sua intimidade. Uma vez mais podemos considerar que Jesus realmente é o maior de todos os sábios. Numa sentença sintética ele ensinou tudo o que precisamos saber para conquistar a nossa felicidade. Sim, porque se as conseqüências dos nossos atos são diretas e naturais, podemos promover, desde agora, conseqüências felizes para logo mais. E se hoje sofremos as conseqüências de atos infelizes já praticados, basta colher os resultados, sem se queixar da sorte, e agir com uma conduta ético-moral condizente com o resultado que desejamos obter logo mais. Pense nisso! Nas leis divinas não existem penas eternas. As conseqüências infelizes duram tanto quanto a causa que as produziu. Assim, como depende de cada um o seu aperfeiçoamento, todos podem, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou abreviar seus sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto não lhes põe termo. Dessa forma, se você deseja um futuro mais feliz, busque ajustar seus atos a sua consciência, que é sempre um guia infalível onde estão escritas as leis de Deus. E, se em algum momento surgir a dúvida de como agir corretamente: faça aos outros o que gostaria que os outros lhe fizessem, e não haverá equívoco. TC 27/11/2006 
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em A Gênese, de Allan Kardec, item 32, cap. I.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A CADA MIL LÁGRIMAS

ITAMAR ASSUMPÇÃO
Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema. Dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo

Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre...
A cada mil lágrimas sai um milagre...

ALICE RUIZ
A letra da belíssima canção de Itamar Asumpção e Alice Ruiz é inspiradora.
Fala-nos de como encarar as dores do mundo com inteligência, com coragem e com estilo.
Inteligência de quem vê na dor oportunidade de mudança e aprendizado.
Coragem de quem aceita mudar.
Estilo de quem sofre e ainda consegue sorrir, chorar, sem perder a linha, sem perder o passo.
A dor chega sem aviso, de cara cruel, como um monstro invencível e desproporcional ao nosso tamanho.
Chega destruindo tudo... E tudo parece o fim.
Mas não... Descobrimos que ela ensina, orienta, cuida.
É o cinzel que esculpe, que talha, que faz o bloco amorfo de mármore se transformar em estátua, em obra de arte.
A dor é o convite à mudança de hábitos, de pensamento, de rumo, talvez.
Trocar o vestido da alma é renová-la. Mudar o padrão de seus tecidos é não permanecer preso às mesmas ideias, aos mesmos vícios.
É necessário deixar a vida fazer sentido.
Uma vida sem sentido é quase como uma escuridão. Nada se vê, nem a si próprio. Nada se encontra, pois não se sabe onde está e onde se deve chegar.
E o milagre após as lágrimas é tantas coisas!...
O milagre de se encontrar, de ver a si mesmo com suas forças e fraquezas, mas sem máscaras, sem ilusões.
O milagre de perceber que se está melhor, que as feridas cicatrizam sempre, e que ali a pele se torna mais resistente.
O milagre do recomeço, de nascer de novo, de se dar nova chance.
O milagre de descobrir os amores ao redor, e quanto prezam por nós; de descobrir aqueles que nunca nos abandonam, não importa o que aconteça.
O milagre de saber que a vida procura nos levar sempre para cima, para diante, e nunca para trás, e a dor é lei de equilíbrio e educação.
A cada mil lágrimas sai um milagre.
*   *   *
O sofrimento, muitas vezes, não é mais do que a repercussão das violações da ordem eterna cometidas.
Mas, sendo partilha de todos, deve ser considerado como necessidade de ordem geral, como agente de desenvolvimento, condição do progresso.
Todos os seres têm de, por sua vez, passar por ele. Sua ação é benfazeja para quem sabe compreendê-lo.
Mas, somente podem compreendê-lo aqueles que lhe sentiram os poderosos efeitos. 
Redação do Momento Espírita, com base na letra da música Milágrimas
de Itamar Assumpção e Alice Ruiz e pensamentos finais extraídos
do cap XXVI  do livro 
O problema do ser, do destino e da dor,
de Léon Denis, ed. Feb.
Em 8.4.2015.
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

CADA CONQUISTA

Interessante perceber como tratamos nossos pequeninos, nossas crianças, no que diz respeito às primeiras conquistas. O primeiro sorriso - quanta festa! As primeiras palavrinhas - quanto orgulho dos pais! Depois, ou um pouco antes, os primeiros passos - que conquista importante! Celebramos, contamos aos amigos com brilho nos olhos. Cada nova façanha é celebrada com alegria e novas vitórias vão se somando na vida dos filhos, que vão crescendo, aprendendo e nos surpreendendo. São êxitos singelos, mas muito importantes. São fundamentais para o desenvolvimento da autoestima, da segurança e da autonomia dos petizes. São os primeiros progressos da alma que retorna ao mundo numa nova existência. Alma que vem com planos, promessas e ideais elevados, buscando na escola da Terra aprender o que precisa para ser mais feliz. Infelizmente, perdemos muitos desses costumes sadios quando chegamos à idade adulta. Parece que pouco sobrou para comemorar... O que não é verdade, de forma alguma. Alguns chegam até a ignorar seus aniversários, como se mais um ano de vida na Terra fosse algo do qual deveríamos nos envergonhar. Pequenas vaidades tolas, que acabam inibindo sentimentos e reflexões importantes. Os êxitos da alma necessitam ser celebrados e partilhados com aqueles que estão à nossa volta. Não apenas as conquistas materiais, as conquistas intelectuais, mas principalmente os tesouros do Espírito. Celebremos nossos aniversários com quem amamos. Sem grandes estardalhaços sociais e sem grandes gastos, mas não deixemos passar a data em branco. Fechar mais um ciclo é importante. Fazer uma análise, um balanço. Agradecer pela oportunidade da reencarnação, pelos amores, pelas experiências... A vida precisa estar repleta de vitórias. Vencer a depressão, vencer a dependência química, vencer a obesidade... Vencer a maledicência, vencer algum medo, vencer o ressentimento de anos e poder dormir com a consciência em paz. São alguns exemplos de conquistas da alma guerreira, que luta contra suas imperfeições dia após dia. É fundamental registrar essas glórias, pois são elas que nos darão forças para enfrentar os dias difíceis, os novos desafios. Cada vencer traz forças para os novos enfrentamentos, para novos desbravamentos espirituais, fundamentais para se lograr a felicidade almejada. O alvo supremo, a felicidade, não é apenas uma meta, mas uma construção de pequenas grandes felicidades acumuladas através das vidas. E cada júbilo desses, cada conquista, precisa ser guardada no íntimo de nosso coração com muito carinho e atenção. Cada conquista da alma é importante. Conquistas são como as pequenas rochas que, amontoadas, vão construindo os muros e paredes de nossa edificação felicidade. 
Redação do Momento Espírita. Em 28.02.2012.
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Cabos e luzes em uma caixa

Edward Murrow
Há cerca de cinquenta anos, um discurso tornou-se célebre no ambiente de rádio e telejornalismo americanos. Tratava-se da fala do âncora Edward Murrow sobre rádio e televisão. As transmissões de TV ainda davam seus primeiros passos, e traziam à tona muitas discussões no que dizia respeito à programação, e ao objetivo dessa nova mídia na época. Na ocasião, o jornalista da rede CBS falou a uma grande plateia de membros e diretores das principais empresas do setor, nos Estados Unidos. Afirmou que, se dentro de meio século, historiadores analisassem vídeos das grandes redes americanas, encontrariam provas da decadência, escapismo e alienação das realidades do mundo que vivemos. No discurso, que ficou conhecido como Cabos e luzes em uma caixa, Murrow expressava receio de que o poder do rádio e da TV fosse usado de maneira danosa à sociedade e à cultura. Especialmente sobre a TV, ele foi ainda mais fundo. Disse ele: 
- Este veículo pode ensinar, iluminar. Sim, pode até inspirar. Mas só pode fazê-lo se os seres humanos estiverem determinados a usá-lo para estes fins. De outro modo – acrescentava ele – são meramente cabos e luzes em uma caixa. O âncora ainda acrescentou: Há uma grande batalha e talvez decisiva, a ser travada contra a ignorância, a intolerância e a indiferença. Esta arma, a televisão, poderia ser útil. 
 * * * 
Meio século se passou, e como estamos em relação a essa questão no mundo? A televisão passou a fazer parte da vida diária de bilhões de pessoas. Porém, será que está sendo utilizada com esses fins nobres, idealistas, apontados pelo jornalista? Será que colocamos essas descobertas da ciência, as novas facilidades na obtenção de informação, rapidez de comunicação, a serviço de nossa evolução moral? Ou tudo isso, em grande parte, foi seduzido pelo antigo desejo do homem velho, de ter cada vez mais e mais? É importante que reflitamos. Deus permite que conquistemos as melhorias materiais das ciências, da tecnologia, do conhecimento, com um único fim: o nosso crescimento moral. São instrumentos que facilitam a vida material do homem – ou, deveriam facilitar – para que esse se preocupe mais com a conquista das virtudes da alma. A verdade é que acabamos nos hipnotizando pela caixa com cabos e luzes. De meio, de instrumento, ela virou veículo de alienação, de escapismos. E assim vimos fazendo com tantas outras conquistas da tecnologia, pois a alma humana ainda está vazia, perdida. Vale a pena repensar tudo isso. Vale a pena procurar saber se não estamos alimentando uma indústria de inutilidades mil. A mudança desse panorama virá de cada um de nós, primeiramente como receptores mais exigentes que precisamos ser. Depois, como transmissores, na esfera que nos caiba, dessa ideia de que todos esses meios de comunicação devem ser veículos do bem. É tempo de despertar, mudar de canal ou desligarmo-nos das tomadas do mundo, e nos religarmos a Deus e aos nossos objetivos maiores aqui. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. Fep. Em 18.2.2013.
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domingo, 21 de fevereiro de 2016

A BUSCA POR DEUS

Em todas as épocas da Humanidade, não houve cultura, povo, tradição que não tivesse um sentimento profundo a respeito da Divindade. No início, esse Ser superior era confundido com Suas obras. Por isso, a ideia de que eram muitos. Eram deuses em ação a tempestade, as borrascas do mar, a erupção do vulcão. Ademais, eram concebidos como quase humanos, na sua aparência, nas suas paixões, desejos, anseios. Na dificuldade de transcender o pensamento, a ideia da Divindade não se afastava daquilo que estava ao alcance dos sentidos. Foi a maturidade perante a vida que permitiu um entendimento do monoteísmo, de um Deus Criador de tudo e de todos. No entanto, ainda se tinha a concepção desse Deus como vingativo, capaz de imputar castigos; um Deus que ficava à espreita das minúcias da vida dos homens, condenando uns e outros conforme Seu humor. Como um ser em constante vigilância, a ideia de Deus era de alguém a se temer, considerando que, a qualquer momento, Sua ira poderia despencar sobre a Humanidade, por qualquer infração cometida. 
 * * * 
Então ele chegou. Veio das terras da Galileia, cantando as grandiosidades das obras de Deus, e chamando-O de Pai. Como o Irmão Maior ensinando a lição para os mais pequeninos, trouxe a mensagem de que o Pai é misericórdia e bondade, provendo todas as necessidades dos Seus filhos. A partir de sua mensagem, deixamos de temer a Deus. Passamos a buscá-lO como o Pai sempre pronto a auxiliar e amparar os que criou e sustenta por amor. E é esse Jesus que nos convoca a fazer a nossa parte, a assumir nossa responsabilidade perante o mundo, não nos acomodando em ócio improdutivo. Alerta-nos, a fim de que não caiamos na ilusão de um Deus de milagres infantis, que dispõe de forma favorável, cedendo a leves agrados e oferendas. Contudo, também nos acalma o coração, nos dizendo para que não nos inquietemos com o amanhã, pois a cada dia basta a sua própria preocupação. A partir de então, começamos a compreender a grandiosidade de Deus e Sua Providência. E, mesmo quando imaginamos que algo nos falta, a aparente carência nada mais é do que oferta da Providência Divina a nos oportunizar crescimento. É verdade que prosseguimos entendendo Deus das mais diversas formas, cada qual conforme seus valores e necessidades íntimas. Entretanto, antes do Galileu, ninguém cantara, com tal clareza, as glórias do reino dos céus, os recursos da Providência Divina e Sua bondade inexcedível. Também, ninguém depois dEle conseguiu viver em tal pureza os ensinos do Pai, em exemplo incomparável. Assim, caminhar até Deus é atração inevitável, pois que trazemos Sua essência em nossa intimidade, como filhos dEle. Porém, não chegaremos ao reino dos céus senão através do Celeste Pastor, Jesus. Ao se apresentar como o Caminho, a Verdade e a Vida, estabelece ser o roteiro seguro para que consigamos entender a Deus em plenitude, edificando o Seu reino na intimidade de nosso coração. 
Redação do Momento Espírita. Em 15.10.2015.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

BUSQUE O HORIZONTE

Conta-se que, certa vez, um homem se aproximou de Deus e pediu para que Ele lhe esclarecesse sobre algo na Criação que, segundo seu ponto de vista, não tinha nenhuma utilidade, nenhum sentido...Deus o atendeu e perguntou qual era a falha que ele havia notado na Criação.
-Senhor Deus, disse o interessado, Sua Criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser...Mas, embora me esforce para compreender sua finalidade, tem algo que me parece não servir para nada.
-E o que é isso que não serve para nada? Perguntou Deus.
-É o horizonte, respondeu o homem.Afinal, para que serve o horizonte?Se eu caminho um passo na direção do horizonte, ele se afasta um passo de mim.Se caminho dez passos, ele se afasta outros dez passos...Se caminho quilômetros na direção do horizonte, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim...Isso não faz sentido!  O horizonte não serve para nada.
Deus olhou para Seu ingênuo filho, sorriu e disse:
-Mas é justamente para isso que serve o horizonte... Para fazê-lo caminhar.
*   *   *
Tantas vezes nos acomodamos em nossos estreitos limites, e nos esquecemos de andar alguns passos na direção do horizonte, que nos convida incessantemente a caminhar.Quando nos esforçamos para ultrapassar nossos próprios limites, novas oportunidades surgem para que avancemos na direção do infinito que Deus nos reserva como meta de perfeição.Assim, se você está paralisado pela falta de perspectivas que o incentivem a ir adiante, em busca do autoaperfeiçoamento, olhe para frente e ouça o chamamento do horizonte.Contemple as estrelas e deseje alcançá-las: isso não é um sonho impossível.Você é filho de Deus, portanto, herdeiro do Universo. Herdeiro das estrelas, dos mundos que gravitam nos espaços infinitos, convidando-nos a seguir em frente, vencendo os obstáculos naturais que se apresentam na caminhada evolutiva.Mas para conseguir esse intento, é preciso esforço e perseverança. É preciso vontade de romper com as amarras que, ao longo dos séculos, nos mantêm presos aos baixos planos da experiência carnal.E lembre-se, sempre, de que cada passo que você der na direção do horizonte, esse mais se afastará para que você continue caminhando.E, quando você conseguir alcançar o horizonte, é porque terá alcançado a linha máxima da perfeição que a escola chamada Terra pode lhe oferecer.Nesse instante, novos horizontes se abrirão, desafiando sempre e sempre aqueles que têm coragem de avançar, de seguir na direção da luz, da perfeição a que o Mestre de Nazaré nos convidou, dizendo: Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai celestial.
*   *   *
Lance seu olhar para o infinito e, mesmo que as nuvens ou as lágrimas não lhe permitam ver as estrelas, diga como quem tem certeza: 
Sou herdeiro das estrelas,
       Eu sou filho do Senhor,
       Cultivo sonhos de beleza,
       Na grandeza do amor.
 
Com as estrelas eu sempre sonho
       E nelas vejo brilhar
       A viva esperança de um dia,
       Junto a elas poder estar.
 
Ver coisas tão sublimes
       Da pátria espiritual,
       Morada verdadeira
       Do Espírito imortal.
 
Não importa o quanto espere
      Eu sei que não vou perdê-las,
      Pois sou filho do Senhor,
      E herdeiro das estrelas.
Redação do Momento Espírita, com versos finais de Edson Agostinho, da cidade de Umuarama, PR.
Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8 e 9 e no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP.
Em 18.11.2013.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

BUSCAI E ACHAREIS!

Há uma passagem no Evangelho na qual Jesus afirma: Buscai e achareis. É interessante notar que a atividade consistente em buscar pressupõe um certo esforço. Quem procura alguma coisa movimenta os recursos de que dispõe para encontrá-la. A promessa do Cristo é que quem procura acha. Assim, resta a cada um analisar qual é a sua busca pessoal. A liberdade rege o Universo e cada alma decide o caminho que deseja trilhar. Caso a criatura se encante pelas ilusões mundanas, terminará por vivê-las, em alguma medida. O resultado varia conforme os meios de que estiver disposta a lançar mão e o esforço que despender. Tudo tem um custo na vida, inclusive a preguiça e a inércia. Quem opta pelo comodismo arca com o elevado preço das oportunidades desperdiçadas. Considerando a efemeridade da vida humana, convém refletir bem a respeito do que se elege por meta. O que realmente compensa buscar com afinco? Alguns gastam suas energias para enriquecer. Contudo, as incertezas do mundo dos negócios por vezes causam dolorosas surpresas. Ainda que um homem logre enriquecer, ele não poderá levar a própria fortuna ao morrer. Fatalmente deixará seus haveres para trás, ao retornar para a pátria espiritual. Assim, conquanto nobres e necessárias, as atividades econômicas não constituem a razão do existir. A vida é triunfante e jamais se acaba, mas a experiência do corpo físico não dura mais do que algumas décadas. Justamente por isso, tudo o que se liga à matéria constitui apenas instrumento para realizações maiores. Não é sensato confundir os meios com os fins, sob pena de preparar amargas surpresas para si próprio. Constitui desatino comprometer a própria dignidade em troca de gozos fugazes. Os valores e os êxitos mundanos ficam no caminho. Entretanto, a consciência o Espírito leva consigo aonde quer que vá. Na carne ou fora dela, não pode se livrar de si próprio. Ciente disso, reflita sobre suas opções. O que você incessantemente busca, com quais objetivos gasta suas energias? Dentro de cem anos, suas metas atuais terão alguma relevância? Sem olvidar suas responsabilidades humanas, não seria mais sensato cuidar de seus interesses imortais? Você achará o que procurar, assevera o Evangelho. Pode ser que o salário de suas buscas sejam roupas caras, passeios e gozos os mais diversos. Nessa hipótese retornará ao plano espiritual na condição de um mendigo. Mas pode optar por ser alguém generoso e de hábitos puros, um autêntico alento para seus irmãos de jornada. Se resolver buscar com afinco sua libertação de vícios e mediocridades, fatalmente atingirá essa meta. O resultado será uma dignidade espiritual que o acompanhará para sempre. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 26.11.2009.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A BUSCA DO AMOR

Em plena juventude, como fruto verde que aguarda a primavera, esperei intensamente pelo amor. Todas as manhãs, abria a janela de minha alma e esperava que o novo dia me trouxesse o amor. E porque ele tardasse a chegar, fechei as portas e janelas, selei os portões e saí pelo mundo. Andei por caminhos inúmeros e estradas solitárias. Por vezes, ouvia o cortejo do amor que passava ao longe. Corria e o que conseguia ver era somente corações em festa, risos de alegria. O amor passara e eu continuava só. Algumas noites, chegando às cidades com suas mil luzes piscando vida, ousava olhar para dentro dos recintos. Via mães acalentando filhos, cantando doces canções de ninar; casais trocando juras; crianças dividindo brincadeiras entre risos e folguedos. Em todos estava o amor. Somente eu prosseguia solitário e triste. Depois de muito vagar, tendo enfrentado dezenas de invernos, resolvi retornar. De longe, pude sentir o perfume dos lírios. Quando me aproximei, pude ver o jardim saudando-me. 
- Você voltou! - Falaram as rosas, dobrando as hastes à minha passagem. 
- Seja bem vindo! - Disseram as margaridas, agitando as corolas brancas. 
- É bom tê-lo de volta. - Saudaram os girassóis, mostrando suas coroas douradas. 
Tanto tempo havia se passado e, de uma forma mágica, os jardins estavam impecáveis. As cores bem distribuídas formavam arabescos na paisagem. Uma emoção me invadiu a alma. Abri as portas e janelas do meu ser. Debruçado à janela da velhice, fitando a ponte que me levará para além desta dimensão, o amor passa por minha porta. Apressadamente, coloco flores de laranjeira na casa do meu coração. Atapeto o chão para que ele entre, iluminando a escuridão da minha soledade. Tremo de ternura. Já não sofro desejo, nem aflição. Os olhos felizes do amor fitam os meus olhos quase apagados, reacendendo neles a luz que volta a brilhar. Há tanta beleza no amor que me emociono. Superado o egoísmo, não lhe peço que entre e domine o meu coração rejuvenescido. Em razão disso, agora que descubro de verdade o que é o amor, não o retenho. Deixo-o seguir porque amando, já não peço nada. Agora posso me doar aos que vêm atrás, em abandono e solidão. Aprendi a amar. 
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Feliz é a criatura que descobriu que o melhor da vida é amar. Feliz o que leu e entendeu o cântico do pobre de Assis: É dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, é melhor amar que ser amado. Por ser de essência Divina, o amor supre na criatura todas as suas necessidades e a torna feliz, mesmo em meio às dificuldades, lutas e tristezas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LVII, do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 25.01.2011.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

BUSCA DA FELICIDADE

Você já se preocupou alguma vez com a felicidade? Já envidou esforços para conquistá-la? Quem de nós não deseja ser feliz? Salvo os casos patológicos, as pessoas estão sempre em busca da felicidade, ainda que não se deem conta disso. Mas, afinal, o que é a felicidade? A felicidade varia de pessoa para pessoa, e em cada momento da nossa vida, ela pode assumir aspectos diferentes. Quando estamos enfermos, a recuperação da saúde seria a nossa felicidade. E envidamos todos os esforços para conquistá-la. Se estamos desempregados, um emprego se constituiria em felicidade, por algum tempo. Se somos solteiros e desejamos unir-nos a alguém, nossa felicidade seria encontrar a pessoa certa, para compartilhar do nosso afeto. No entanto, os que padecem fome e frio, encontrariam a felicidade num agasalho e na alimentação que refaz. Já para o torcedor, a explosão de felicidade se dá quando a bola atinge o fundo da rede do time adversário. Enfim, a felicidade tem tantas faces quanto os anseios de cada criatura, variando de acordo com as circunstâncias. Certa vez, lemos uma história que nos levou a refletir em que consiste a verdadeira felicidade. Foi narrada por uma moça que se sentia momentaneamente infeliz e, andando pela rua viu um homem puxando uma carroça. Ao observar a cena, pensou: Pobre homem! Fazendo o trabalho de um animal irracional.. Isso é que deve ser infelicidade! Pensando em ouvir de seus lábios lamentações e queixas, aproximou-se e lhe perguntou: O senhor é muito infeliz, não é? Afinal, fazendo um trabalho desses... Confessa ela que o homem fê-la mudar a paisagem íntima, ao responder entusiasmado: Não, senhora! Sou uma pessoa muito feliz. Tenho saúde que nem mesmo preciso de um animal para puxar minha carroça. Tenho força, consigo o meu sustento passeando pela cidade e ainda ganho saudações de pessoas bonitas como a senhora. Não sou mais feliz, só porque não vejo todas as pessoas do mundo sorrindo... 
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Como podemos perceber, a felicidade consiste em cada um contentar-se com o que tem e fazer da sua felicidade a alegria dos outros. Quando Jesus afirmou que a felicidade não é deste mundo, referiu-se à felicidade sem mescla, à felicidade plena. Todavia, podemos viver com alegria, valorizando as coisas que temos e as conquistas morais que já logramos, sem infelicitar-nos com o que não possuímos e não está ao nosso alcance. 
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Muitos de nós buscamos a felicidade distante de onde ela se encontra. A cada momento Deus nos oferece mil motivos para nos alegrar. A oportunidade de viver, de ter uma família, amigos, trabalho... A natureza, o sol, a chuva, a noite para o repouso, as chances de aprendizado em cada minuto que passa por nós. Até mesmo os obstáculos do caminho são motivos de alegria, por nos ensinarem a superá-los, preparando-nos para a conquista da felicidade perene, que a todos nos aguarda. 
Redação do Momento Espírita, com base em história publicada no Jornal Caridade, de maio/junho de 1997. Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep.. Em 04.05.2009.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

BRINQUEDO É COISA SÉRIA

Bruno Bettelheim
A brincadeira tem significados importantes para as crianças. Na brincadeira, a espontaneidade da criança se faz muito importante. Não se deve conduzir, portanto, a brincadeira, nem aguardar que a criança utilize os brinquedos que se compre como o fabricante prescreveu. Dar um brinquedo significa dizer a ela que temos plena certeza de que ela o utilizará adequadamente. É atestado de confiança na sua capacidade. Equivocamo-nos quando desejamos que nosso filho brinque do jeito que se espera. Afinal, a sua criatividade é que determinará a melhor maneira de utilizar o que lhe estamos oferecendo. Como nossos filhos têm, muitas vezes, tendências à agressividade, cumpre não cultivá-las ainda mais. A escolha do brinquedo é de suma importância. Brinquedos-armas podem funcionar como agentes indutores de descerramento de valores no plano da memória inconsciente. Se dermos um brinquedo-tanque motivaremos a criança a vivenciar o clima de guerra; o brinquedo-metralhadora é símbolo de morte; brinquedo-cassetete impulsiona à violência; brinquedo-baralho induz ao vício. Mas o brinquedo-trator estimula à produção, ao trabalho. O brinquedo-instrumento cirúrgico motiva à valorização da vida. O brinquedo-ambulância fala da solidariedade. O brinquedo-letras ou números lhe exercitará a inteligência. Na mesma linha de pensamento, interpretar com leviandade a brincadeira dos pequenos é desconsiderar-lhe a importância. Assim, quando o filho atinge o pai com o revólver de brinquedo e o pai toma atitude do atingido, que depois se ergue e prossegue a agir, a criança não está aprendendo o que significa “matar”. Está afirmando o pai que ela não está sendo levada a sério. Atitude correta é o pai, ao receber os tiros, dizer-lhe que se for morto, não poderá mais providenciar o pão à mesa, nem pagar o sorvete, ou levá-la a passear. Esta é atitude coerente. Nem sermões. Nem agressão de volta. Fazer com que a criança perceba que, se o pai levar o tiro, não continuará presente. Aprendizado que se torna positivo. Tornemos a lembrar que Jesus determinou: “Deixai vir a mim as criancinhas, e não as impeçais, porque delas é o Reino dos Céus", e não nos permitamos, por pura invigilância, distrair-lhes as mentes com falsas alegrias, sufocar-lhes as virtudes. Não lhes coloquemos os pés na areia movediça da perturbação. Você sabia? ...que os filhos são programados na esfera espiritual, antes da reencarnação? E que nessa programação são levadas em conta as questões crédito-débito, decorrentes das encarnações anteriores? E que os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na sua consciência? 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17 do livro Uma vida para seu filho, de Bruno Bettelheim, ed. Campus e no texto Dê brinquedos educativos aos seus filhos, da Revista O Espírita, de out/dez. 96.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

BRILHE A VOSSA LUZ

EVANGELISTA LUCAS
Relata o Evangelista Lucas que, em certa ocasião, Jairo, chefe da sinagoga, veio ao encontro de Jesus e, se prostrando aos Seus pés, implorou que Ele fosse a sua casa e curasse sua filha. Atendendo o pedido, o Mestre se levantou e seguiu aquele pai angustiado. Pelo caminho, uma senhora, que há muitos anos estava doente, aproximou-se de Jesus e lhe tocou o manto, pois acreditava que esse fato haveria de curá-la. E assim sucedeu. O Rabi, entretanto, inquiriu quem O houvera tocado. A mulher, prostrou-se diante do Mestre e confessou que fora ela quem O tocara. Jesus, fitando-a, afirmou: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz! 
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Muitos somos os que afirmamos ter fé. Jesus prescreveu que se tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, removeríamos montanhas. A fé, enquanto virtude, tal qual o perdão, a caridade, a paciência, é conquista do Espírito e, portanto, somente se dá através da prática e da vivência. De nada adianta uma fé que não é capaz de consolar nosso coração quando um ente querido retorna à pátria espiritual, morada de todos nós. Uma fé que não é capaz de nos manter de pé diante da mágoa, da ofensa, da dor, da humilhação, da ingratidão. De nada adianta uma fé que não é capaz de dialogar conosco, preenchendo-nos de esperança diante dos problemas-lições que, diariamente, somos convocados a superar e, principalmente, com cada um deles aprender. É na experiência diária e, em especial, nos momentos mais críticos de nossa existência, que somos convidados a dar testemunho de nossa fé. Sendo assim, que cada gesto, cada palavra, cada decisão que tomarmos possa ser regada com os bons eflúvios da fé. Se bebermos, diariamente, nessa fonte que nunca seca, teremos guia seguro para o progresso intelecto-moral e para a conquista da felicidade que almejamos. 
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Olhai as aves do céu e os lírios do campo, recomendou-nos Jesus. Desde os menores animais às mais delicadas plantas, até as grandes esferas que figuram precisas e harmoniosas na imensidão do Universo, em tudo percebemos os traços do Criador. Se o Pai Celeste por tudo zela, certamente também assim o faz por nós, Seus filhos muito amados. Se hoje permite que experimentemos dores diversas, é por saber que delas somos necessitados e essa é a via que nos levará à cura de nossas almas chagadas pelas mazelas morais. Igualmente, como fez a senhora enferma, permitamos que nossa fé nos salve de nosso orgulho, de nossa maledicência, de nosso egoísmo, de nossa falta de caridade.
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Se Jesus é o Mestre e o Evangelho é o caminho, a fé é a candeia que, pouco a pouco, ilumina a escuridão que ainda há em nós. A fé é uma necessidade espiritual, que não podemos desprezar. É lâmpada-bússola que nos aponta rumos seguros, impedindo que nos venhamos a abater ante a noite escura das dificuldades. Passo a passo, atendamos a recomendação do Senhor: Brilhe a vossa luz!/ Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo VIII, versículos 40 a 56, do Evangelho de Lucas e no verbete Fé, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 9.10.2013.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

BRASIL RENOVADO

A respeito do país onde vivemos, têm se ouvido as referências mais diversas. Há os que o consideram simplesmente um país de Terceiro Mundo e buscam, com rapidez, outras paragens. Emigram para a Europa ou América do Norte e afirmam ser felizes. Há os que apontam os erros gritantes, as injustiças sociais, a corrupção todos os dias, em todas as horas. Contudo, nada fazem para melhorar a situação e às vezes até se servem de todas essas condições para seu próprio existir. Há os que pregam a divisão do imenso gigante, os que desejam modificar os símbolos nacionais, os que propõem novos versos e melodia para o Hino Nacional. Com certeza nosso país tem problemas. Mas o que necessita não é de queixas, reclames e críticas. Precisa e com urgência de que cada um de seus filhos principie a trabalhar para a construção do melhor. E o melhor começa na mente, na emissão dos pensamentos. Observa-se que, quando o governo realiza um pronunciamento, estabelece novas leis, apresenta novos projetos, logo surgem os que começam a clamar em coro que aquilo não vai dar certo. Mesmo antes de experimentar, de tentar, exatamente como a criança que olha para o prato de comida e afirma: Não gosto. E não quer provar. A soma de pensamentos negativos, derrotistas têm derrubado bons projetos, impedido ou adiado a sua concretização. Porque se o homem é o que pensa, a nação é a somatória dos pensamentos dos seus filhos. E os pensamentos positivos, idealistas devem se corporificar na responsabilidade, no dever bem cumprido, nas obrigações atendidas. Da mente para as mãos. 
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Será que já paramos para pensar, um dia ao menos, o que é que determinou nosso nascimento neste país? Ou a sua adoção posterior? Ninguém nasce no local errado. Portanto, as condições que a Pátria do Cruzeiro nos oferece são as de que necessitamos para o nosso crescimento. Miséria, fome, desemprego, corrupção são desafios que devemos nos empenhar para vencer. Não foi de outra forma, vencendo desafios, que o homem saiu da Idade da pedra para a moderna tecnologia. Grandes mudanças se operam com a iniciativa individual ou comunitária. Basta se observe a abnegação de uns poucos em prol dos meninos de rua, das crianças carentes, dos idosos desamparados. Eliminar o analfabetismo, ilustrar mentes, libertar as criaturas do comodismo, conscientizando-as do quanto valem, deve ser preocupação prioritária de cada um. O Brasil tem jeito. Basta que nos empenhemos. Brasil, o Coração do Mundo, deve pulsar forte, acenando esperanças porque o organismo terrestre não pode viver sem um coração saudável. Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. Em 7.9.2015.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O BRASIL É DO BEM

Uma reportagem publicada em revista de grande circulação nacional, chama a atenção pelas primeiras linhas. Diz assim: O Brasil é do bem. Em dois anos o número de pessoas que dedica parte do tempo livre a trabalhos voluntários mais do que dobrou. Continua dizendo: Este batalhão de gente disposta a trocar horas de lazer pelo auxílio ao próximo não para de crescer! Estima-se que hoje, dois, em cada dez brasileiros, são voluntários. Raramente lemos notícias boas assim em nossos jornais e revistas. Infelizmente essas notícias não vendem tão bem quanto as desgraças e as fofocas. Assim, acabamos ficando sem saber de dados importantes como esse. Numa primeira leitura parece uma manchete de um jornal do futuro, de um futuro distante, quando nosso país e nosso mundo estivessem melhores. Porém, descobrimos, com alegria, que isso está acontecendo hoje. As mudanças já estão aí, operando-se nos corações humanos, e fazendo da Terra um lugar melhor para se viver. Certamente que temos diversos problemas ainda, mas por vezes só falamos deles, só lemos a respeito de desgraças e mais desgraças, e isso vai nos deixando desanimados. Há necessidade de saber também de tudo que vai bem, tudo que está melhor, tudo que se transforma positivamente. De nosso interesse pelo bem, pelas boas notícias, nascerá igualmente o interesse das mídias em publicarem e divulgarem tais dados. Enquanto apenas nos interessarmos em saber dos detalhes mórbidos desse ou daquele crime, desse ou daquele escândalo, é o que iremos ler e reler nas notícias. A intenção não é a de nos mantermos ignorantes do que acontece, ou da realidade, como alguns poderiam argumentar, mas apenas a de equilibrar um pouco as coisas. Toda essa enxurrada de notícias horripilantes e tristes tem gerado um efeito colateral nas almas humanas: o de deixá-las amargas, cabisbaixas, depressivas. Ao mesmo tempo em que acontecem muitas coisas terríveis, muitas maravilhas outras estão aparecendo no mundo. Noticiamos mortes violentas, assassinatos, mas, por vezes, esquecemos de noticiar as vidas salvas, as vidas que nascem exuberantes, as vidas que se renovam. Noticiamos roubos, desvios de dinheiro e golpes. Porém, esquecemos de noticiar os gestos de filantropia que se multiplicam pelo mundo, as doações anônimas que promovem o bem-estar humano. Divulgamos as separações conjugais, o casa-descasa das personalidades famosas, mas deixamos de lado as histórias de amor sincero, as uniões duradouras, o verdadeiro amor de família. E tudo isso vai nos dando uma ideia falsa de que o bem não existe, e de que o mundo está cada vez pior. O bem precisa aparecer! O bem precisa fazer alarde e quebrar esse vício humano de cultivar a desgraça. Que possamos dar um basta ao sensacionalismo tolo, à fábrica de notícias ruins da televisão. Sejamos os que fazem o bem, e também os que desejam saber do bem, e não apenas do mal que ainda existe como ferida exposta a ser curada. 
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Notícia de última hora: O mundo está melhor hoje do que estava ontem. As pessoas estão mais dispostas ao bem, e por isso propõem-se a se transformar interiormente, dando um basta a essa onda de infelicidade e desentendimento que assusta o mundo. O mundo está melhor... pois você está melhor. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. Em 15.8.2013.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O BRASIL DE TODOS NÓS

Há de chegar um tempo em que o Brasil de todos nós será um país de paz.
Um país onde não haja a miséria de recursos amoedados, nem a ignorância das letras.
Onde todos trabalhem e haja trabalho para todos. Os que não necessitem dos valores salariais, trabalhem pelo bem geral, em voluntariado de amor.
Há de chegar um tempo em que derrubaremos os muros dos quintais, não mais cultivando o medo. E abraçaremos o vizinho como um irmão.
Um tempo em que as crianças voltem a correr pelos parques, nos dias de sol. Crianças que possam ir e vir das escolas, sozinhas ou em grupos, enchendo as ruas de risos, corridas, alegria.
Ah, Brasil, como te desejo grande! Maior do que teu território. Um Brasil sem fronteiras internas, onde os filhos do Norte e os do Sul falem a mesma linguagem, a do bem.
Onde os sotaques, os regionalismos sejam preservados, como essa diversidade sadia, característica do grande mundo de Deus.
Mas onde o idioma único seja o da fraternidade. Irmãos do Leste e do Oeste trabalhando pela mesma grandeza da nação.
Haverá de chegar um tempo, que pode ser já, se você e eu começarmos hoje a estender a mão ao vizinho e o saudar com um Bom dia, amigo!
Um tempo em que os estádios ficarão lotados com pessoas cujo objetivo é assistir um bom jogo de futebol. Um jogo onde o importante não será quem leve a taça, mas aquele que demonstre a mais apurada técnica, a melhor habilidade e a mais fina ética.
Um tempo em que as salas de teatro se abram para todos, crianças, jovens, adultos, idosos para assistirem o drama e a tragédia em elaboradas peças. Assistir o cômico, rindo com prazer.
Também para ouvir a música dos imortais, o cancioneiro popular, as baladas do coração.
Haverá de chegar um tempo em que música também se ouvirá nas praças, nos parques, nas estações de trem, nos terminais de ônibus.
Então, em vez de ansiedade e preocupação, a alma se extasiará com a harmonia das notas, em escalas crescentes e decrescentes, com as melodias compostas com a mais delicada sensibilidade.
Quisera que esse dia chegasse logo para não mais ver lágrimas de mães pranteando filhos prisioneiros, mas sim deixando escorrer o pranto da emoção pelas conquistas dos seus rebentos.
Quisera que esse dia chegasse logo para ver mais sorrisos e menos dores; mais justiça e menos demagogia.
Quisera que esse dia chegasse logo para, no Dia da Pátria, contemplar com emoção o pavilhão nacional tremular ao vento, mostrando suas cores, com especial destaque para o branco da paz.
E, então, cantar o Hino Pátrio com todo vigor:
Terra adorada, entre outras mil,                            
És tu, Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo, és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!
Redação do Momento Espírita.
Em 20.09.2010.