quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ARREPENDIMENTO TARDIO

Fazia pouco que Jesus havia chegado à Jerusalém. Tiago, filho de Zebedeu, e Judas Iscariotes conversavam, em um final de tarde. Judas, embora amasse Jesus, entendia que Ele não tinha pulso suficientemente firme para quebrar o jugo tirânico que pesava sobre Israel, e não seria capaz de abolir a escravidão que oprimia o povo eleito. Em sua limitada visão, acreditava que o Nazareno não aproveitava as oportunidades que surgiam, e que Suas pregações evangélicas eram inúteis, pois atraíam apenas pessoas ignorantes e desclassificadas. Para ele, Jesus deveria ser mais enérgico e altivo. Precisaria chamar a atenção dos poderosos, das autoridades de Jerusalém e dos prepostos de César para, então, alcançar o reconhecimento devido. Ante essas equivocadas ideias, Tiago esclareceu que Jesus não tinha a disposição de um guerreiro e que a verdadeira revolução que se buscava era a da edificação do reino de Deus nos corações dos homens. Lembrou de que Jesus os havia informado de que Seu reino não era deste mundo e que o maior sempre seria aquele que se fizesse menor diante de todos. As colocações de Tiago apenas irritaram Judas. Discordando, ele confessou que faria esforços para estabelecer acordos com altos funcionários e homens de importância para imprimir maior movimento às ideias de Jesus. De nada adiantou Tiago alertá-lo para que percebesse que tal conduta representaria desrespeito à autoridade de Jesus e que as conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito. Antes do anoitecer eles se separaram. Judas acreditava que poderia entregar Jesus aos poderosos em troca de sua nomeação oficial para dirigir as atividades dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos que lhe permitiriam organizar a mensagem do Cristo perante o povo, e assim, logo após, teria poder suficiente para libertar Jesus. Pensava que o Mestre era humilde e generoso demais para vencer sozinho. Acreditava que ele, somente ele, poderia auxiliá-lO no meio de tanta maldade e violência. Ao amanhecer, foi ao Sinédrio onde lhe foram feitas as mais variadas promessas. Dentro de suas limitadas possibilidades, Judas amava Jesus e esperava ansioso o instante do triunfo para oferecer-lhe a alegria da vitória. Nada, porém, aconteceu como ele supunha. Jesus foi humilhado, supliciado e conduzido à cruz, sem queixas e sem nenhuma resistência. Desesperado, o apóstolo invigilante voltou ao Sinédrio admitindo ter se equivocado. Foi motivo de gargalhadas e de ácidas zombarias. O que nos importa? Isso é lá contigo. – Responderam com indiferença. Ele atirou ao chão as trintas moedas de prata que anteriormente havia recebido e saiu correndo. Pretendia fugir, escapar da própria consciência. Nesse afã abandonou a vida, mergulhando nas trevas densas, onde permaneceu por longo e doloroso período. 
* * * 
Nas mais variadas ocasiões são oferecidas à frágil criatura humana moedas de prata e de ouro, poder e prazer. Esses tesouros do mundo, no entanto, após recebidos, deixam transparecer seu desvalor, amargando com o fel do arrependimento a existência daquele que se iludiu. Nesse momento, quando nem sempre o mal pode ser reparado, fugir parece ser a saída mais fácil. Mas de que se foge, de quem e para onde? Não há como ludibriar a própria consciência, tampouco a justiça de Deus. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap.24, do livro Boa Nova, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e no cap. 12, do livro Trigo de Deus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.LEAL. Em 10.12.2014.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

ARREPENDIMENTO E AÇÃO

Dentre as emoções mais amargas sentidas pelos seres humanos está o arrependimento. Ele chega tardiamente, embrulhado em sombras, trazendo o amargo do fel. Insinua-se como tóxico penetrante, quando não irrompe desgovernado, produzindo desastre... Nunca antecipa sua presença mas, quando chega, mata a esperança, subjuga a coragem e vence a resistência. É útil para despertar a consciência e desastroso para a convivência demorada, porque destrói a vida. Assim, o arrependimento deve ser aproveitado, pela alma que o sente, para elevar-se acima da sua influência perniciosa. Quando a luz do arrependimento se acende na consciência culpada, esta visualiza, com nitidez, os desatinos cometidos e se julga irremissivelmente perdida. Mas o arrependimento, ao contrário do que se pensa, é bênção que enseja ao arrependido maturidade e convite à reparação. É a porta que se abre para que a alma equivocada busque o acerto e se renove para Deus. Assim, se o arrependimento nos visita, não façamos dele motivo para o desalento. O agricultor desavisado, que semeia espinhos ao invés de boas sementes, ou desleixado, que permite o alastramento das ervas daninhas, quando se dá conta de que sua lavoura corre perigo, não pode ficar se lamentando, de braços cruzados. Ao contrário, deve agir rapidamente para recuperar o tempo perdido. Começa por arrancar os espinheiros e limpar o eito. Depois é tempo de preparar o solo e lançar sementes que produzam bons frutos. Jesus, profundo conhecedor dos mapas que norteiam a intimidade dos seres, ensinou-nos como proceder quando visitados pelo arrependimento: Tomar do arado, e não olhar para trás. Um exemplo célebre na História do Cristianismo é o de Maria de Magdala. Mulher jovem e bonita, se comprazia nos prazeres efêmeros e vazios. Mas, quando vislumbrou uma proposta de felicidade efetiva, refez as metas, fortaleceu os ânimos e seguiu com coragem. Não ficou isenta das consequências dos atos pretéritos, mas não vacilou ante o campo que o Mestre lhe ofereceu para ser joeirado. O profeta Ezequiel escreve, no Antigo Testamento, que o desejo do Criador não é a morte do ímpio, mas a eliminação da impiedade. Mas para que haja a eliminação da impiedade é preciso que o ímpio caia em si, qual filho pródigo e volte-se para o Pai. Assim, se o arrependimento bater nas portas da nossa consciência, acolhamo-lo com a tranquilidade de quem reconhece que se equivocou, mas que deseja, sinceramente, refazer a lição com acerto. 
* * * 
Para evitar arrependimentos futuros convém que façamos, no momento presente, o melhor que estiver ao nosso alcance. A consciência é guia seguro para nortear nossas atitudes, uma vez que nela estão inscritas as Leis Divinas. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Arrependimento, do livro Heranças de amor, pelo Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no livro Momento Espírita, v. 3 ed. Fep. Em 02.05.2011. http://momento.com.br/

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ARREFECENDO O ENTUSIASMO

A depressão, comenta-se, é a doença do século. Ouve-se falar em estresse, desmotivação para a vida, desalento. Qual será o motivo de tanto desânimo? Alguns apontam as tragédias naturais que arrasam populações, as guerras constantes, a inflação, como responsáveis primordiais. Outros falam na esperança que viajou para lugares ignotos, com passagem única. No entanto, é bem verdade que pessoas que sobrevivem a dores acerbas, a problemas graves, não são as que se apresentam mais acabrunhadas. Por que vivemos, então, sem motivação? Quando crianças, somos naturalmente entusiastas. Quem não se recorda que tudo nos encantava? Quando aprendemos a falar, não parávamos de conversar. No ônibus, na rua, no carro, em casa. Um contínuo “tatibitati”. 
-“Olha, mãe! Que lindo!” 
-“Mãe, mãe, olha o cavalinho!” 
-“Hei, pai! Você viu que carrão legal? Você viu, pai?”
Quase sempre, o silêncio era a resposta. Adultos andam sempre pensativos. Têm muitos problemas. E de tanto falar, sem resposta, fomos absorvendo a idéia de que adultos são pessoas sérias, com muitas dificuldades a resolver. Nada mais natural que tenhamos assumido essa postura, ao nos tornarmos adultos. Mas quando crianças, olhávamos o mar imenso, as ondas gigantes, a areia interminável, a bola. Corríamos pela praia, incansáveis.
-“Vem, pai, vamos buscar água com meu baldinho.” 
-“Pai, entra na água comigo?” 
-“Pai, você me carrega?” 
A resposta quase sempre era: 
-“Dá pra dar um tempo? Pode me deixar em paz um momento?” 
-“Dá pra parar?” 
E fomos assimilando a idéia de que pessoas adultas são pessoas cansadas. Quando crescemos, tomamos a postura do cansaço das coisas, do desencanto pela natureza, pelo que nos cerca. Cadê o encanto do mar barulhento? Cadê a graça de mergulhar nas ondas, de fazer esculturas na areia, de jogar bola? Um dia, descobrimos o mundo mágico das letras. Essa bolinha, com um ganchinho para o lado, mais essa outra com três perninhas, mais... Dava amor. Começamos a escrever amor no livro de receitas da mamãe, no bloco de anotações do papai, na agenda telefônica. 
-“Pare de rabiscar, menino!” 
Percebemos então que os adultos não costumam escrever coisas bonitas quando as descobrem. Sentimentos são para serem armazenados. Não expostos. Mergulhamos no mundo da leitura. Viagens fantásticas, aventuras mil. 
-“Compra, pai. Olha! É o livro novo!” 
-“Você está louco, menino? Viu o preço? Vê lá se vou pagar tudo isso por um livro! Há coisas mais importantes.” 
Pois é, ler também não era uma boa coisa. Com tudo isso, não é de admirar que sejamos tão depressivos! Nosso entusiasmo foi sendo bombardeado, a pouco e pouco. Demonstrar alegria, partilhar conquistas, gritar de entusiasmo, escrever bilhetes de amor, viajar nas letras, tudo perdeu a magia. Vivemos num mundo de negócios, trabalho, obrigações. Quem tem tempo para coisas pueris, sem importância? A propósito, você tem filhos? Sobrinhos? Netos? Pense nisso com carinho, porque o amanhã ainda tem jeito. Depende de nós. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

domingo, 27 de setembro de 2015

ARQUIVO MENTAL

MAURÍCIO ROBERTO SILVA
Com que tipo de informações você alimenta o seu arquivo mental? Se ainda não havia pensado nisso, vale a pena meditar sobre o assunto, pois é de sua bagagem mental que depende a sua paz íntima. Quando você abre o jornal, logo cedo, o que você costuma buscar primeiro? As boas notícias, a página policial, os esportes? Se chega a uma sala de espera e percebe sobre a mesa vários tipos de revistas, qual delas você escolhe? Ao ligar a TV, que tipo de programação assiste? Ao navegar pela Internet, quais os assuntos de sua preferência? Dos acontecimentos diários, das cenas que presencia, das paisagens que vê, o que você costuma observar com mais atenção e guardar no seu arquivo mental? Talvez isso lhe pareça sem importância, mas, na verdade, de tudo isso dependem as suas atitudes, as suas emoções, a sua vida. Como você é o que pensa e sente, todas as suas reações dependem das informações que acumula no dia-a-dia. Se costuma guardar sempre a parte boa, positiva, nobre, quando alguma situação lhe toma de assalto, irá agir com lucidez, tranquilidade e nobreza. Mas se, ao contrário, procura alimentar sua mente com as desgraças, os fatos negativos, os desequilíbrios e as desarmonias humanas, terá uma reação correspondente ao seu ambiente mental. Assim, se deseja manter, em qualquer situação, a harmonia íntima, é saudável buscar alimentação condizente com seus propósitos. Quando abrir o jornal, busque alguma coisa que lhe ofereça leitura agradável, sadia. Se pode escolher entre várias revistas, opte por aquela que lhe possibilite reflexões nobres, que lhe enriqueça os conhecimentos acerca da vida. Se tem tempo para navegar pela Internet, não se detenha nas páginas de teor deprimente ou conteúdo duvidoso. Não faça dos seus arquivos mentais uma lixeira. Busque deter-se nas melhores imagens que compõem a paisagem por onde passa. Pense que os problemas existem, que as misérias humanas são uma realidade, que os fatos deprimentes poluem a Terra. Mas considere também que, se você não pode mudar uma situação, não há motivo para carregá-la em seu arquivo mental. Por essa razão, busque sempre a melhor parte. Ao levantar-se pela manhã, olhe a sua volta o que tem de melhor. Observe o amanhecer, as cores que a natureza traz, as paisagens que o dia lhe oferece. Contemple a lua, mesmo sabendo que sob o luar existe a violência, a injustiça, a dor... Admire o pôr do sol, ainda que tema os perigos que surgem com a escuridão. Observe com atenção o inverno, mesmo que a paisagem não lhe pareça agradável, pois é a vida que dorme para ressurgir, ainda mais exuberante, com a primavera. Detenha-se um pouco para observar o sorriso de uma criança, mesmo que o descaso com a infância seja uma realidade. Agindo assim, ao final de cada dia você terá uma boa razão para agradecer pelas oportunidades vividas. 
* * * 
A sua vida íntima é alimentada, basicamente, por tudo aquilo que você mais valoriza. Assim, se deseja nutrir a esperança, alimente a sua intimidade com os valores nobres. Se quer construir a paz, enalteça-a com alimento correspondente, escolhendo sempre a parte boa de tudo o que o rodeia.
Redação do Momento Espírita inspirado em palestra proferida por Maurício Silva, na Sociedade Espírita Renovação, Curitiba/PR. Em 10.03.2011. http://momento.com.br/

sábado, 26 de setembro de 2015

ARMAS INFANTIS

EMMANUEL E CHICO XAVIER
É comum, na vida de alguns casais que, depois de certo tempo, o casamento entre em crise. Os esposos, que antes desfrutavam de prazer, pelo simples fato de estarem juntos, começam a sentir desconforto um com a presença do outro e acabam optando pela separação. É nesses momentos, em que a mágoa extravasa e a amargura se instala, que marido e mulher passam a utilizar os filhos como mísseis teleguiados, objetivando atingir o alvo em cheio. São críticas acerbas feitas em presença dos pequenos e para eles, com o fim único de que as repitam para o outro cônjuge, quando com ele estiverem. Ou, então, um dos cônjuges decide que, já que foi rompido o compromisso matrimonial, não há motivo algum para que o outro prossiga a visitar, a ver, a usufruir da companhia dos filhos. Aquele que assim procede, esquece que as crianças não têm nada a ver com a problemática que envolve os pais. Não são raros os casos em que o pai ou a mãe decide fugir com os pequenos, justamente para evitar a presença do companheiro que agora lhe é nociva. Há os que buscam ocultá-los em casa de amigos, parentes, com a mesma finalidade. Em nenhum momento, pensam que os filhos amam o pai e a mãe, sem se importar com o que tenham feito ou deixado de fazer. Mais do que isso, os filhos se ressentem do rompimento que, habitualmente, ocorre de repente, surpreendendo-os, na fragilidade de seus anos. Grave igualmente quando as crianças são utilizadas como motivos de chantagem, no intuito de tirar vantagens financeiras do outro ou conseguir algumas regalias a mais. Qualquer que seja a situação, qualquer que seja o motivo, transformar os nossos filhos em armas para ferir não é moral e isso refletirá de forma negativa em suas vidas. Os pequenos assim feridos e que se sentem como pontos de disputa, de chantagem ou de agressão, têm lesionados os centros do sentimento. Irão se sentir feridos nas profundezas da alma, cujas cicatrizes só desaparecerão a custo de muitas lágrimas, com consequências desastrosas em seu campo afetivo. Impedir que as crianças amenizem sua saudade com a presença do que se foi em busca de outros rumos para sua vida, por decisão unilateral ou de ambos, é atitude que denota egoísmo. Como pais, responsáveis pelos Espíritos que Deus nos confiou, teremos que responder, perante as Leis Divinas, por essas ações que somente demonstram que não amadurecemos ainda, desde que estamos nos comportando como meninos a quem foi privado um capricho, um desejo e arquitetamos vingança. Se as nossas atitudes impensadas de cônjuges magoados vierem a causar traumas nas almas dos nossos pequerruchos, isso será, hoje e amanhã, de nossa inteira responsabilidade. 
* * * 
Nenhum ser dispõe de regalias para abusar impunemente de outro. Se nos reconhecermos lesados afetivamente, no relacionamento conjugal e optarmos por rescindir o contrato de matrimônio, não renunciemos ao dever de amparar os nossos filhos. E não esqueçamos de que só pelo esquecimento das faltas uns dos outros é que nos credenciaremos à perfeição. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais colhidos no cap. 10 do livro Vida e sexo, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 17.02.2010.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

AQUISIÇÃO DA CONSCIÊNCIA

Allan Kardec
Allan Kardec, o grande responsável pela Codificação do Espiritismo, perguntou aos sábios do espaço onde estão escritas as leis de Deus. E eles responderam: 
-Na consciência. 
Dessa forma, todos os seres humanos trazem consigo, esculpidas na própria consciência, as Leis Divinas. Todavia, embora estejam escritas, nem todos conseguem ler e interpretar essas Leis e praticá-las. Para isso é necessário o desenvolvimento do senso moral. Essa conquista é fruto do esforço pessoal, do estudo, da meditação, dos pensamentos nobres. O despertar da consciência é efeito natural do processo evolutivo, e essa conquista permitirá ao ser avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a irresponsabilidade, a honra e a desonra, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem. Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É força que os impulsiona, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações. Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos. Especialistas em problemas respiratórios, por exemplo, que conhecem os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas, e que, apesar disso, usam, eles próprios, qualquer um desses flagelos, demonstram que ainda não desenvolveram a consciência plena. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma que não dispõem de valor para manter uma conduta saudável. Por outro lado, há indivíduos que não têm conhecimento intelectual mas possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo um comportamento não agressivo e digno, mesmo que a custa de sacrifícios. A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo e, por consequência, o próprio bem. Caso deseje iluminar sua consciência, eis algumas breves regras que vão ajudar você a alcançar esse propósito: Administre os seus conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem. Evite eleger homens-modelo para seguir. Eles também são falíveis e, às vezes, se comprometem, o que, de maneira alguma deve constituir desestímulo. Permita-se maior dose de confiança nos seus valores, esforçando-se para melhorar sempre e sem desânimo. Se errar, repita a ação, se acertar, siga adiante. Não fuja ao enfrentamento de problemas usando desculpas falsas, comprometedoras, que o surpreenderão mais tarde com dependências infelizes. Reaja à depressão, trabalhando sem autopiedade nem acomodação preguiçosa. Tenha em mente que os seus não são os piores problemas. Eles pesam o volume que você lhes dá. Liberte-se da queixa pessimista e medite mais nas fórmulas para perseverar e produzir. Nunca ceda espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação. Lembre-se que você é humano e o processo de conscientização é lento. Você adquirirá segurança e lucidez através da ação contínua e firme. 
* * * 
A existência terrena é toda uma oportunidade para enriquecimento contínuo. Cada instante é ensejo de nova ação propiciadora de crescimento, de conhecimento, de conquista. Saber utilizá-la é desafio para a criatura que aspira por novas realizações. Pense nisso, mas pense agora! 
Redação do Momento Espírita com base nos caps. 1 e 6 do livro Momentos de consciência, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 29.08.2011.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

AQUILO QUE REALMENTE É IMPORTANTE!

Certa manhã, Carl Coleman estava indo de carro para o trabalho e bateu no para-lama de outro veículo. Ambos pararam, e a mulher que dirigia o outro carro desceu para ver o estrago. Ela ficou angustiada. Algumas lágrimas lavavam seus olhos preocupados, discretamente. Assumiu a culpa e disse que seu carro era novinho em folha. Fazia dois dias que havia saído da loja, e ela estava com medo de enfrentar o marido e a reação que ele teria. Coleman agiu com simpatia, mas precisava apresentar seus documentos e ver os dela. Ela, um tanto trêmula, retirou do porta-luvas um envelope contendo os documentos. Na frente dos documentos, escritas com a letra característica de seu marido, estavam as seguintes palavras: Em caso de acidente, lembre-se, querida: é você quem eu amo, e não o carro. 
* * * 
A narrativa nos traz uma reflexão de muita importância para nossas vidas. Qual o valor que atribuímos às coisas? Será que, por vezes, nossas reações perante a ameaça de perda dessas coisas, não mostra que parecemos valorizar mais nossos bens do que nossos amores? Em acidente semelhante ao relatado, quantos escândalos, gritos e repreensões são ouvidos antes da simples pergunta: Você está bem? Ou Aconteceu alguma coisa com você? Será que lembramos daquilo que realmente é importante? É claro que o zelo, o cuidado pelo que temos é necessário, porém, nosso materialismo excessivo leva-nos a colocar os bens em primeiro plano. Acidentes ocorrem e podem acontecer com qualquer um de nós. Podemos ser motoristas hábeis, previdentes e cuidadosos e, mesmo assim, o risco desses incidentes ainda será grande, pois eles fazem parte do mundo em que vivemos. É triste perceber que algumas pessoas chegam a perder suas vidas, defendendo bens, acreditando que a reação a um assalto, por exemplo, evitaria o prejuízo. Ledo engano. O prejuízo é muito maior do que imaginamos, quando se trata de vidas humanas, de nossas vidas. Será que estamos lembrando daquilo que realmente é importante? Será que o pai de família não pensa que, numa pequena discussão de trânsito, num desaforo que ele não deseja levar para casa, está pondo em risco a sua vida, e todo o futuro de seus familiares? Podemos chamar de irresponsável a pessoa que acredita na reação violenta para resolver suas questões. Não nos deixemos enganar, valorizando mais um carro novo do que uma esposa, um marido; valorizando mais um enfeite caro de nossa casa do que um filho, um amigo. Se por hora perdermos os bens, ou se formos atingidos por um prejuízo financeiro, lembremos de que sempre poderemos conquistar tudo novamente, e que não estamos aqui na Terra para acumular bens e fortuna. Estamos aqui para aprender a amar, para crescer como Espíritos. 
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Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Não se esqueça daquilo que realmente é importante, de Paul Harvey, do livro Histórias para aquecer o coração, de Alice Gray, ed. Sextante, com citação do Evangelho de Mateus, cap. 6, versículos 19 a 21. Em 17.1.2015.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AQUECIMENTO GLOBAL

A Terra nos acolheu quando nascemos. O planeta que viu nascer nossos antepassados deverá ver também a chegada de nossos descendentes. Muito tempo depois que deixarmos o solo desta Terra, o sol vai aquecer os homens do futuro que viverão aqui. E que mundo teremos deixado para a geração do amanhã? Não costumamos pensar na generosidade da Terra que nos recebeu, ofertando frutos e flores, sombra e água. Ao contrário, ao longo dos séculos, encharcamos o solo com substâncias corrosivas, reviramos a terra em busca de riquezas, matamos árvores, contaminamos águas, desperdiçamos recursos, poluímos o ar. Enfim, seguimos esquecidos que os recursos naturais precisam de renovação e cuidado. O descuido de milênios então, afinal, surgiu. Hoje, os resultados estão bem à nossa frente: chuva ácida, rios que se tornaram quase sólidos, montanhas de lixo. Animais e plantas que morrem, que se extinguem como se fossem bolhas que simplesmente estouram no ar. Nosso planeta agoniza, sufocado pela nossa displicência. Podemos de fato fazer algo? Que atitude tomar? Acredite: todos nós podemos, sim, retribuir a generosidade desta Terra que nutre seus filhos. Hoje é dia de um novo começo, dia de amar mais a Terra, a natureza. Olhe por alguns momentos para o céu claro. Pense no ar limpo que entra em seus pulmões. E em homenagem a tudo isso, deixe o carro em casa... por um dia que seja. Por um instante apenas, lembre das flores que brotam em janelas e sacadas. Flores selvagens, urbanas, flores em rosa, vermelho, laranja, branco e amarelo. Recorde desse perfume e beleza. E retribua, evitando o desperdício que se torna a montanha de lixo que soterra as flores. Agora, tenha em mente os regatos claros, as correntes de água, os rios imensos, o oceano formidável. Pense em cada copo de água fresca que sacia a sede e faça um gesto de gratidão: economize água sempre que puder. Nesses pequenos gestos do cotidiano é que conseguiremos reverter o quadro dos dias atuais. Aos poucos, seremos obrigados – pelo próprio instinto de sobrevivência – a cuidar mais do mundo em que vivemos. E, se o homem firmar esse compromisso consigo mesmo, quem sabe um dia, novamente, haverá ar puro, céu azul, água limpa e um lugar adorável para se viver. Mas não se engane. Tudo isso depende – e muito – de você. Dos gestos de responsabilidade ambiental que você tomar, dos exemplos que der, da educação que oferecer aos seus filhos. Esse é um tempo de escolhas, de decisões. Pense nisso. E, um dia, quando seus olhos físicos tiverem se fechado neste mundo – mesmo que os homens não mais se lembrem que você viveu aqui, sua memória estará viva na brisa que agita as folhas, nas correntes de água. Os perfumes e as cores da Terra lembrarão de você e de seus gestos de amor. 
* * *
Depende de cada um de nós a Terra do amanhã. Tanto moral quanto fisicamente. Nós partiremos, em alguns anos. Mas, haveremos de retornar a este mundo, outras vezes, em outras épocas, em novos corpos. Que desejamos encontrar, em nosso retorno? Pensemos nisso, agora! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. Em 9.6.2014.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

AQUARELA DA PAZ

RICARDO RIBEIRO
O homem, criado para habitar as estrelas, se debate nos vales sombrios da Terra, entre dores e sofrimentos...
Feito de luz, se perde nas sombras da própria insapiência...
Criado para a felicidade, caminha a passos largos na direção de abismos gerados pelo egoísmo e o orgulho.
Essência imortal, o homem, esquecido da sua eternidade, se compraz nas sensações que consegue retirar do corpo frágil e finito.
Detentor das cores delicadas para esboçar uma aquarela de paz, cria paisagens deprimentes e desoladoras com as tintas densas da própria ilusão...
O homem, herdeiro das moradas infinitas da casa do pai, se agarra, desesperado, aos bens passageiros que este ínfimo planeta oferece, como meio de evolução.
O homem, extenuado da luta, medita...
Deseja, sinceramente, a paz... Mas como conquistá-la?
Tem sede de amor... E abandona o ninho...
Precisa conhecer a verdade... Mas se confunde nas armadilhas da mentira...
O homem precisa, mais do que nunca, da união fraternal, e vaga solitário e sem rumo...
E, mais uma vez vamos encontrar nas asas libertas do coração do poeta, uma receita de felicidade:
Para você encontrar a paz, 
É preciso ter a paz 
Dentro do seu coração 
Para você encontrar o amor, 
É preciso ter amor 
E amar o seu irmão 
A gente vive como passarinho 
Que precisa ter do seu ninho 
P’rá cantar com o coração 
Precisa destrancar nossa janela 
E dizer que a vida é bela 
Conclamando à união 
Para você encontrar a verdade 
É preciso que a verdade 
Esteja dentro de você 
Ame, tenha paz, seja verdadeiro 
E verá que o mundo inteiro 
Lhe convida a crescer 
A gente vive como passarinho 
Que precisa do seu ninho 
P’rá cantar com o coração 
Precisa destrancar nossa janela 
E pintar com aquarela 
Os acordes da canção

***
Para você encontrar a paz, 
É preciso ter a paz 
Dentro do seu coração 
Para você encontrar o amor, 
É preciso ter amor 
E amar o seu irmão

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em música de Ricardo Ribeiro, faixa 6 do CD Juntos no amor do Cristo, do Grupo Acorde.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

APROVEITAR O DIA

A claridade, que insiste entrar por entre as frestas da janela, anuncia que um novo dia começa. A luz matinal, que faz abrir flores, que modifica o funcionamento de nosso organismo, nos chama, nos convida a acordar. Depois do devido descanso do corpo mais uma oportunidade se apresenta: a de iniciarmos um dia produtivo com o compromisso de seguirmos na direção do bem. Um dia que deve começar com uma oração agradecendo o repouso seguro e confortável. E pedido por horas de trabalho e de estudo. Um dia que comece com um afetuoso Bom dia àqueles com quem moramos, pois sempre é tempo de lhes demonstrar nossa afeição. No contato inicial do dia, com nossos familiares, cada minuto é precioso. Nunca é cedo demais para dizer a eles que os amamos e que, apesar da distância física que os afazeres diários nos impõem, o amor nos mantém ligados. No trajeto ao trabalho ou ao estudo que nossos pensamentos sejam de ânimo e encorajamento. Jamais de indolência. Que cada minuto em nossas atividades seja aproveitado adequadamente. Para tal é preciso que nossa mente esteja em sintonia com a tarefa que realizamos. Não deixemos que nossos pensamentos se distanciem daquilo que fazemos, com a desculpa de cansaço ou falta de concentração. Aquele que assim procede perde, constantemente, oportunidades de se autodisciplinar. Que cada dificuldade enfrentada seja para nós a oportunidade de crescer, de nos superar. Este deve ser o sentimento a nos acompanhar diariamente. Um ditado popular muito conhecido traz em si uma grande verdade quando diz que não devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. Obviamente que este ditado não nos deve compelir a abraçar tarefas demais, de forma que nenhuma delas possa ser terminada, pois desta maneira acabaríamos por desperdiçar nosso tempo. A verdadeira lição é a de tornar os dias produtivos. É a de não desperdiçar tempo útil na falsa ideia de que temos que descansar excessivamente adiando sempre o aprendizado. Não duvidemos do grande ensinamento que são, para nós, o trabalho e o estudo, os quais, quando bem aproveitados, nos permitem colher frutos suaves e doces. Há alguns anos, um filme exibido nos cinemas e que fez muito sucesso, tornou conhecida a expressão Carpe diem, do poeta romano Horácio. Tal expressão foi traduzida por alguns como aproveitar o dia, sem pensar no amanhã. Obviamente esta tradução estimulou apenas aqueles que buscam aproveitar os prazeres do dia, sem nada construir para o amanhã, desperdiçando preciosas oportunidades. Para todos aqueles que buscam o real crescimento espiritual e moral, a expressão Carpe diem será traduzida como aproveitar, de maneira útil e responsável, cada minuto do dia, nos preparando para um amanhã melhor. 
Redação do Momento Espírita. Em 22.01.2010.
http://momento.com.br/

domingo, 20 de setembro de 2015

APROVEITAR A VIDA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E JOANA DE ÂNGELIS
Você aproveita a vida? É muito comum ouvir as pessoas e, principalmente os jovens, dizendo que querem aproveitar a vida. E isso geralmente é usado como desculpa para eximir-se de assumir responsabilidades. Mas, afinal de contas, o que é aproveitar a vida? Para uns é matar-se aos poucos com as comilanças, bebidas alcoólicas, fumo e outras drogas. Para outros é arriscar a vida em esportes perigosos, noitadas de orgias, consumir-se nos prazeres carnais. Talvez isso se dê porque muitos de nós não sabemos porque estamos na Terra. E, por essa razão, desperdiçamos a vida em vez de aproveitá-la. Certo dia, um jovem que trabalhava em uma repartição pública, na companhia de outros colegas que costumavam se reunir todos os finais de expediente para beber e fumar à vontade, foi convidado a acompanhá-los. Ele agradeceu e disse que não bebia e que também não lhe agradava a fumaça do cigarro. Os demais riram dele e lhe perguntaram, com ironia, se a religião não lhe permitia, ao que ele respondeu: A minha inteligência é que me impede de fazer isso. E que inteligência é essa que não lhe permite aproveitar a vida? Perguntaram os colegas. O rapaz respondeu com serenidade: E vocês acham que eu gastaria o dinheiro que ganho para me envenenar? Vocês se consideram muito espertos, mas estão pagando para estragar a própria saúde e encurtar a vida que, para mim, é preciosa demais. 
 * * * 
 Observando as coisas sob esse ponto de vista, poderemos considerar que aproveitar a vida é dar-lhe o devido valor. É investir os minutos preciosos que Deus nos concede em atividades úteis e nobres. Quando dedicamos as nossas horas na convivência salutar com os familiares, estamos bem aproveitando a vida. Quando fazemos exercícios, nos distraímos no lazer, na descontração saudável, estamos dando valor à vida. Quando estudamos, trabalhamos, passeamos, sem nos intoxicar com drogas e excessos de toda ordem, estamos aproveitando de forma inteligente as nossas existências. Quando realmente gostamos de alguma coisa, fazemos esforços para preservá-la. Assim também é com relação à vida. E não nos iludamos de que a estaremos aproveitando acabando com ela. Se você é partidário dessa ideia, vale a pena repensar com seriedade em que consiste o aproveitamento da vida. E se você acha que os vícios lhe pouparão a existência, visite alguém que está se despedindo dela graças a um câncer de pulmão, provocado pelo cigarro. Converse com quem entrega as forças físicas a uma cirrose hepática causada pelos alcoólicos. Ouça um guloso inveterado que se encontra no cárcere da dor por causa dos exageros na alimentação. Visite um infeliz que perdeu a liberdade e a saúde para as drogas que o consomem lentamente. Observando a vida através desse prisma, talvez você mude o seu conceito sobre aproveitar a vida. 
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 A vida é um poema de beleza, cujos versos são constituídos de propostas de luz, escritas na partitura da natureza, que lhe exalta a presença em toda parte. Em consequência, a oportunidade da existência física constitui um quadro à parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o Espírito se embeleza e alcança os altos planos da realidade feliz. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais extraídos do item Alegria de viver, do cap. 6, do livro Vida: desafios e soluções, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Disponível no CD Momento Espírita v.6, ed. Fep. Em 29.11.2010.

sábado, 19 de setembro de 2015

À PROCURA DE VIRTUDES

Você acredita que ter virtudes é importante para um bom relacionamento? E você costuma procurar virtudes nas pessoas com as quais convive? Talvez você acredite que ter virtudes é importante e até as procure nas pessoas de sua relação, mas se questione se essas qualidades não são escassas em alguns indivíduos. Bem, se você está com essa problemática, talvez possamos pensar juntos sobre como tentar resolver esse impasse. Já houve algum momento em que você se interessou por algo, e passou a notar esse algo com mais frequência? Por exemplo: se você resolve comprar um veículo de tal marca e tal modelo, começa a notar muitos desses veículos circulando pelas ruas, o que não acontecia antes, não é mesmo? Pois bem, isso é fruto do interesse, da atenção que você presta no objeto que procura. Algo semelhante pode acontecer também com os defeitos, os vícios, as qualidades, os valores, as virtudes dos indivíduos. Se você observa uma pessoa à procura de defeitos, certamente vai perceber só defeitos, pois esse é o foco da sua atenção. Nem sempre isso quer dizer que a pessoa tenha os defeitos que você nota, mas suas lentes estão ajustadas para ver defeitos. Ao contrário, quando você ajusta seu olhar para detectar virtudes perceberá, sem dúvida, muitas delas. Experimente fazer isso com alguém do seu círculo de relacionamento em quem você nunca percebeu nenhuma virtude. Comece a observar com olhos de ver e encontrará virtudes. Isso fará com que seu conceito sobre essa pessoa se modifique para melhor. Esse é um bom exercício para quem deseja tornar sua vida de relação mais harmônica. Não existe uma pessoa no mundo que não tenha pelo menos uma virtude, uma qualidade. Basta procurar. E quando passamos a ver qualidades nas pessoas que convivem conosco, o relacionamento se torna mais agradável. Para ajudar nessa procura por boas qualidades, vamos citar algumas delas: paciência, pontualidade, boa vontade, alegria, otimismo, responsabilidade, organização, respeito, espírito de equipe, discrição, lealdade, honestidade, senso de justiça, disposição, sinceridade, tolerância. Às vezes, implicamos com uma pessoa apenas porque ela pensa diferente de nós e por isso a rotulamos e a excluímos do nosso círculo de amizades. Outras vezes, o simples fato de não simpatizarmos com alguém já basta para nos afastar e evitar aproximações. E se viver em sociedade é condição natural dos seres humanos, importante que procuremos viver bem com as demais pessoas. Façamos esse importante exercício de procurar virtudes. E o mérito será maior quanto mais difícil for para encontrá-las e lhes dar o devido valor. Afinal, virtudes são como jóias valiosas, é preciso descobri-las e saber apreciá-las. Que tal essa proposta? Pense nisso, afinal, você não tem nada a perder. Pelo contrário, tem muito a ganhar. Como? Ora, tornando sua vida de relação mais agradável e contribuindo com seu tijolo de otimismo nessa construção chamada sociedade. 
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Um dia, um Sábio de Nazaré disse: Quem tem olhos de ver, veja. Pense nisso, ajuste suas lentes, e seja um garimpeiro de virtudes! 
Redação do Momento Espírita. Em 22.12.2009.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

À PROCURA DE DEUS!!!!

Léon Denis
Uma velha narrativa indígena fala de um homem que, certo dia, sentiu uma grande necessidade de Deus. Então, dentro de sua alma, sussurrou: Deus, fale comigo. Preciso imensamente ouvir Sua voz. No mesmo instante, no galho próximo, o canto de um rouxinol encheu a natureza. O homem não se apercebeu da beleza do canto, nem da mensagem que vinha na musicalidade e repetiu: Deus, fale comigo! Nesse instante, a natureza modificou sua feição e um trovão ecoou nos céus. Ainda assim, o homem foi incapaz de ouvir. Olhou em volta e disse: Deus, deixe-me vê-lO. E uma estrela brilhou no céu. Logo mais, milhões de pequenas lanternas brilharam por todo o manto da noite. A lua se desfez em luz de prata e se espelhou nas águas do lago. Mas o homem não notou. Agora, quase desesperado, começou a falar mais alto: Deus, mostre-me um milagre. E uma criança nasceu. Contudo, o homem não sentiu o pulsar da vida no novo ser que surgia, esperançoso. O homem começou a chorar e disse: Deus, sinto-me tão só. Toque-me e deixe-me sentir que Você está aqui comigo... E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro, abrindo e fechando as asas multicoloridas. O homem levantou o ombro e a espantou. 
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O estudo da natureza nos mostra, em todos os lugares, a ação de uma vontade oculta. Por toda parte, a matéria obedece a uma força que a domina, organiza e dirige. O espetáculo da natureza, o aspecto dos céus, das montanhas, dos mares, apresentam ao nosso Espírito a ideia de uma Inteligência oculta no Universo. Em cada um de nós existem fontes de onde podem brotar ondas de vida e de amor, virtudes, potências inumeráveis. É aí, nesse santuário íntimo, que se pode procurar Deus. Deus está em nós. As almas refletem Deus como as gotas do orvalho da manhã refletem os raios do sol, cada um deles segundo o seu próprio brilho e grau de pureza. É dentro de si mesmos que todos os homens de gênio, os grandes missionários e os profetas, conheceram Deus e Suas leis e as revelaram aos povos da Terra. 
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É consolador poder caminhar na vida com a fronte levantada para os céus, sabendo que, mesmo nas tempestades, no meio das mais cruéis provas, no fundo dos cárceres, como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei Divina, paira sobre nós. Um Pai que observa os nossos atos e que, de nossas lutas, de nossas lágrimas, faz sair a nossa própria glória e a nossa felicidade. Redação do Momento Espírita, com base em Prece indígena, de autoria ignorada e no cap. IX, pt. 2, do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. Feb. Em 8.1.2013.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

APRESSADA AVALIAÇÃO...

Conta-se que um açougueiro atendia suas atividades habituais, quando adentrou o estabelecimento um cachorro. Ele se preparou para enxotá-lo, quando percebeu que o animal trazia um saco à boca. Verificou que, dentro do saco, havia um bilhete. Atendeu o que estava ali escrito, devolvendo ao cão o saco, com carne bem acondicionada e troco dos valores que encontrara. O animal, com o saco à boca, saiu tranquilamente do açougue e foi andando pela calçada. O açougueiro ficou intrigado: 
-De quem seria aquele cão tão bem treinado? 
Resolveu segui-lo. O cão chegou na esquina, levantou-se nas patas traseiras e apertou o botão do semáforo para travessia de pedestres, parando o trânsito de veículos. Então, atravessou a rua, na faixa de pedestres. Mais adiante, outro semáforo estava vermelho e o cão parou. Quando o sinal ficou verde, o cão atravessou a rua. Chegou a um ponto de ônibus e esperou. Quando o primeiro ônibus parou, o cão olhou para o letreiro e não entrou. Quando outro ônibus parou, um pouco depois, o animal voltou a olhar o letreiro. Dessa vez, entrou e ficou perto da porta, acompanhando o trajeto com atenção. O homem do açougue estava perplexo. Nunca vira nada igual. Depois de várias quadras, o cão desceu do ônibus e andou um pequeno trecho. Frente a uma casa, abriu o pequeno portão e entrou. Parou frente à porta e começou a bater com a cabeça na madeira. Depois, foi à janela e tornou a bater a cabeça contra o vidro, várias vezes. Finalmente, a porta se abriu. Um homem grande e zangado veio para fora e começou a agredir o cão, chamando-o de bobão, inútil, traste. O açougueiro não aguentou. Deteve a agressão e falou ao dono do cão: 
-Que é isto? Você tem um animal extraordinário, treinado, inteligente e o agride desta maneira? 
-Inteligente? - gritou o dono. Ele é um tonto. Já falei um milhão de vezes e este inútil vive esquecendo de levar a chave da porta. 
* * * 
Naturalmente, o conto é fictício. Pode levar ao riso. Ou podemos parar um momento e reflexionar. Quantas vezes agimos como o dono desse cão? As pessoas nos servem, nos agradam e nós... Só reclamamos. Reclamamos da mãe que não nos preparou a sobremesa que pedimos. E esquecemos de agradecer a roupa limpa, impecável, no armário; os pratos preparados com esmero; as frutas, o suco, o cereal no café da manhã. Reclamamos dos pais que não entendem nossos sonhos, nosso papo, nossa turma legal. E não lembramos dos braços que nos carregaram, depois das brincadeiras, na praia; das horas exaustivas de trabalho deles para nos garantir a escola, o lazer, as viagens. Reclamamos do funcionário que não atendeu uma ordem, em todos os detalhes. Não lembramos das mil coisas que ele faz todos os dias, sem errar, diligente, atento, vendendo sempre muito bem o bom nome da nossa empresa. Reclamamos sempre, numa atitude tola de quem não tem capacidade de avaliar o real valor dos que nos cercam. Pensemos nisso e tomemos ciência, primeiro, de que, por vezes, nos tornamos pessoas um tanto desagradáveis, com esse tipo de atitudes. Segundo, perguntemo-nos se nós mesmos faríamos melhor. É possível que a nossa incapacidade, preguiça ou acomodação nos digam que estamos reclamando, de verdade, por nos darmos conta de como somos dependentes dessas criaturas... Pensemos nisso e foquemos de forma diversa a nossa apressada e tola avaliação. 
Redação do Momento Espírita, com base em conto de autoria desconhecida. Em 24.03.2009.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

APRENDIZES DA EVOLUÇÃO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
e
JOANA DE ÂNGELIS
Os teus são problemas iguais aos de todas as pessoas. Por mais te creias infeliz, há outros que se encontram em leitos de maiores dores ou que estão encurralados em sombras mais espessas. Mesmo que teimes em ignorar, desfilam ao teu lado na passarela da ilusão os campeões do infortúnio. Brilham nas disputas sociais os ases do sofrimento, sob cargas de desespero que não suportarias. Os teus são os problemas do quotidiano, que todos experimentam, mas que se avolumam e agravam por leviandade ou rebeldia da tua parte. Não desconheces que o renascimento é condição inadiável, e que ele é exigido a todos os Espí­ritos endividados para benefício deles mesmos. Não se trata de punição. É precioso auxílio que lhes faculta liberação dos pesados débitos contraídos nos dias da ignorância. Nenhum de nós tem estado isento de ressarcir... Desertores da conduta reta, somos o que merecemos. A exceção única é Jesus, nosso Modelo e Guia. Mesmo assim, Ele enfrentou pro­blemas sobre problemas até o triunfo na res­surreição.
* * * 
A semente que se beneficia e se desdobra no solo fértil enfrenta o problema da terra que a esmaga. O rio cantarolante, que esparze linfa preciosa para a manutenção da vida, experimenta o problema do leito em que corre. A ave, que chilreia e adorna a natureza, padece o problema da subsistência e do agasalho. A flor, que aromatiza, sofre o problema do in­seto que lhe suga a vitalidade e a fecunda com outro pólen. A vida em todas as manifestações é uma suces­são de testes e exames a que são submetidos os aprendizes da evolução. Evitemos, assim, as queixas descabidas, que muitas vezes não consideram a dor profunda do próximo desgraçado, enveredando pelos caminhos egoístas da autocomiseração. A Terra é campo de provas, e não jardim de gozos sem fim. Não estamos aqui para desfrutar simplesmente, como viajante em férias que se aparta momentaneamente de suas obrigações corriqueiras. A Terra é escola bendita e necessária - não esqueçamos disso. 
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Toda vez que uma grande prova se aproximar, lembremo-nos de nos preparar para ela. Respirar fundo, meditar, orar. São recursos que temos para saber agir nesses momentos de dificuldade. É nesses momentos que precisamos recordar de tudo que a religião que abraçamos nos fornece. É nesses instantes que devemos colocar em prática o que aprendemos na teoria das palestras, dos estudos. Evitar o desespero, o pânico - eis o primeiro passo. Evitar a reação direta, impensada, simplesmente emocional eis o segundo. Todo problema apresenta solução. Talvez nós tenhamos dificuldade em enxergá-la, num primeiro momento - o que é compreensível - mas, saibamos que ela existe. Todo problema, toda crise é chance de aprendizado. Sempre temos a chance de sair maiores do que entramos, quando numa experiência grave. Confia em Deus. Confia em Suas Leis. Confia nas forças que teu próprio coração guarda, e decide: Serei vencedor! Recorda de Jesus proclamando: No mundo terei tribulações. Mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo. 
Redação do Momento Espírita, com citações do cap. 22 do livro Florações evangélicas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 23.09.2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

APRENDIZADO...

Todos os dias temos aprendizados preciosos. Ter notícias do que outros aprenderam, de suas experiências é também uma forma de aprendizado. Algumas respostas a uma enquete nacional, que encontramos em determinada revista, nos levou a reflexões muito interessantes. Uma delas dizia: Aprendi a nunca me despedir de uma pessoa antes de fazer as pazes. Um dia, em visita aos meus pais, discuti com minha mãe justo na hora de pegar o carro e voltar à minha cidade. Zangado, não telefonei para dizer que cheguei bem, como sempre fazia. No dia seguinte, meu cunhado ligou: Ela tinha falecido. Não tive tempo de me desculpar. Eis um sofrimento enorme, um aperto no coração, que pode sempre ser evitado, se soubermos resolver nossas desavenças logo, sem deixar que o tempo passe e a mágoa crie raízes. Quantos de nós não daríamos tudo por uma despedida decente, por um pedido de desculpas como esse? Outra pessoa inquirida, dizia: Sempre adorei ficar sozinha, desde criança. Não precisava de ninguém para nada. Por isso, nem chorei na despedida da família e dos amigos quando fui morar no Exterior. Porém, bastou um mês longe de casa para eu ver que a certeza de estar rodeada pelos que me amavam é que me tornava tão independente. Solitária de verdade, eu não era nada! Quantos de nós apenas damos valor à presença, quando somos obrigados a conviver com a ausência. Ninguém nasceu para ser só. Somos seres sociais, e precisamos dos outros para crescer, para nos desenvolver. Momentos a sós são necessários, fundamentais. Uma vida de solidão é desnecessária, perigosa. Outro entrevistado, ainda, afirmava: O mais importante da vida é a família, nosso verdadeiro porto seguro. O mundo novo, o da regeneração das almas, aponta com segurança para a célula familiar. É na família que tudo se resolve, que tudo renasce, que tudo recomeça. Não se faz necessário que viajemos para longe, para buscar o sentido da vida. Ele está conosco, sob o mesmo teto, na figura da família. Gostemos ou não da família que temos, saibamos que é a família que necessitamos. Deus não erra. Nascemos onde precisávamos nascer. Com quem precisávamos estar. 
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De tempos em tempos, precisamos nos perguntar: O que de importante aprendi? Ficar muito tempo sem realizar aprendizado algum é preocupante, e nenhum de nós, sem exceção, pode prescindir de aprender. Levar uma vida de aprendizado é fundamental para ser feliz. Viemos para a Terra para sair maiores, maiores que nós mesmos quando entramos na esfera de uma nova existência. Vida e aprendizado precisam ser sinônimos em nossos pensamentos e atos. Quem coleciona aprendizados deixa a si mesmo e ao mundo, melhor. 
Redação do Momento Espírita com base em matéria da revista Sorria, de março/abril 2009, ed. Mol. Em 25.08.2009.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

APRENDIZADOS DA VIDA

As etapas de nossa vida sempre irão apresentar lições importantes para nosso aprendizado. Não há momento da existência onde não haja ensejo de crescimento pessoal, afinal, é esta a finalidade maior da vida. Natural que se apresentem períodos de semeadura e de investimento, marcados pela renúncia de momentos de lazer, das horas de ócio e amenidades. Exigirão de nós dedicação e seriedade. Pedirão de nós constância e firmeza. Esses dias trarão consigo as lições da disciplina, da perseverança, oferecendo oportunidade de maturidade nas escolhas e opções. Também haverá dias de conquista, sucesso e vitória. Esses nos oferecerão o sentimento de realização, de completude, de autorrealização. Mas trarão igualmente oportunidades de aprendizado, nos oferecendo o ensejo de treinar a humildade, ao nos permitir a análise do quanto de orgulho, presunção e arrogância ainda existe em nós. Haverá, em nossa existência, dias de plena saúde, vigor físico e disposição. Dias em que o corpo físico poderá ser exigido em sua plenitude, colocando-se como ferramenta ao nosso dispor. Esses momentos nos darão a chance de desenvolver o hábito do trabalho, o aprendizado da ocupação digna das nossas horas. Sem limitações impostas pela máquina física, teremos a oportunidade de incutir em nós os hábitos saudáveis da labuta honesta, do serviço no bem e para o bem. Naturalmente, outros dias virão, nos quais a doença, as dificuldades orgânicas, os cerceamentos físicos se farão presentes. Nesses dias, outras serão as lições que se apresentarão para o aprendizado. Teremos a oportunidade de vivenciar a paciência, a resignação e a fé. Junto a essas mestras incomparáveis, virá também a oportunidade mais intensa de desenvolver o hábito da oração, da meditação e autoconhecimento. Serão as lições de convivência conosco mesmo, com nosso mundo íntimo, nossos valores e emoções. Vemos assim que a vida é rica em seu suceder de experiências e convites ao aprendizado. 
* * * 
Cada momento traz consigo suas lições, aquelas que a Providência Divina percebe serem as melhores e mais adequadas para nossa experiência existencial. Portanto, de forma alguma reclamemos do que nos sucede. Antes, reflitamos qual a lição que a vida nos convida a soletrar, a experienciar. Jamais maldigamos os acontecimentos que nos alcancem. O que hoje nos surja como grande problema ou empecilho de difícil remoção, em verdade se constitui ferramenta de aprendizado e catapulta para novos patamares de lucidez e entendimento. Deus nos conhece a intimidade e aguarda sempre o momento propício para as lições mais apropriadas. Igualmente, sabe a que, exatamente, nos deve submeter, a fim de que cresçamos em intelecto e moral, no rumo do progresso. Nesse entendimento, agradeçamos à bondade Divina por tudo que nos sucede. Amparados pela fé, busquemos aproveitar todo momento de nossa existência para que as lições sejam apreendidas, pela mente e pelo coração. 
Redação do Momento Espírita. Em 17.12.2014.

domingo, 13 de setembro de 2015

APRENDI

William Shakespeare
Um dia desses, enquanto aguardava a vez na sala de espera, percebi, solta entre as revistas, uma folha de papel. A curiosidade fez com que a tomasse, para ler o que estava escrito. Era uma bela mensagem que alguém havia escrito. O título era interessante e curioso:
Aprendi...
Dizia mais ou menos o seguinte:
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém; posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.
Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim. Tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.
Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos; que posso usar meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.
Eu aprendi... que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida; que, por mais que se corte um pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.
Aprendi... que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência.
Mas aprendi, também, que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.
Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles; que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sentem.
Aprendi que perdoar exige muita prática; que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.
Aprendi... que nos momentos mais difíceis a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.
Aprendi que posso ficar furioso, tenho o direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel; que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.
Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, e que eu tenho que me acostumar com isso; que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.
Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.
Eu aprendi... que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto.
Aprendi que, numa briga, eu preciso escolher de que lado estou, mesmo quando não quero me envolver; que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.
Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.
Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.
Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.
Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério. E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.
Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.
Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito. 
* * * 
A mensagem é significativa, e sua autoria é atribuída a William Shakespeare. Nós poderíamos simplesmente lê-la e guardá-la na memória, mas preferimos dividi-la com você. Porque uma coisa nós também aprendemos: o que é bom deve ser divulgado. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem atribuída a William Shakespeare. Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep. Em 06.07.2009.

sábado, 12 de setembro de 2015

APRENDER E REFAZER

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Muitos Espíritos se sentem injustiçados após o fenômeno da morte física. Incontáveis gastam um tempo incomensurável em atitudes de revolta. Contudo, todos acordam um dia. Libertam-se dos pesadelos em que se debatiam e se arrependem. Choram sentidas lágrimas e reconsideram sua situação. Identificam amigos que lhes estendem os braços, após romperem as teias de incompreensão em que se prendiam. Observam, porém, a sombra que ainda carregam no íntimo. Identificam a luz de quem melhor soube viver no mundo e suspiram por merecer situação semelhante. Sentem-se quais pássaros mutilados que sonham com altos voos pelo céu azul. Reconhecem, finalmente, o valor da experiência física na qual lhes cabe refazer as próprias asas. Retornam, então, aos antigos locais em que viveram e se iludiram. No entanto, quase sempre tudo sofreu radical mudança. Paisagens queridas se alteraram, facilidades sumiram e afetos abandonados evoluíram em outros rumos... Personalidades do poder transitório, que abusaram do povo, assistem às privações das classes humildes. Verificam o martírio silencioso de quem se levanta a cada dia, para a contemplação da própria miséria. Avarentos que rolaram no ouro regressam às paredes amoedadas dos descendentes. Aí acompanham os mendigos que lhes recorrem inutilmente à caridade. Anotam quanto dói suplicar migalhas de pão a corações endurecidos no orgulho. Escritores que se faziam especialistas da calúnia e do escândalo tornam à presença de seus próprios leitores. Examinam os entorpecentes e corrosivos mentais que produziram, impunes. Pais e mães displicentes ou desumanos voltam aos redutos domésticos de seus rebentos desorientados. Observam, então, as raízes da crueldade ou da viciação por eles mesmos plantadas. Malfeitores, que caíram na delinquência, socorrem as vítimas de outros criminosos. Com isso, avaliam os processos de sofrimento com que supliciavam a carne de seus semelhantes. Mas isso não basta. Compreender o equívoco cometido é muito pouco. Depois do aprendizado, é preciso retomar o campo de ação. Urge renascer e ressarcir, progredir e aprimorar, solvendo débito por débito perante a Lei. Ciente dessa realidade, convém prestar atenção no modo como vivemos. A reencarnação é uma bendita oportunidade de purificação e conquista de paz. Constitui uma preciosa bolsa de trabalho e estudo, com amplos recursos de pagamento. Assim, qualquer que seja a provação que nos assinale o caminho, evitemos reclamar. Ao contrário, amemos e trabalhemos com ternura e dedicação. Soframos, se necessário. Mas sempre agradeçamos a Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 37, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 21.11.2011.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

APRENDER COM OS ERROS

A perfeição ainda é um estado muito distante da Humanidade. Todos os habitantes da Terra possuem fissuras morais e cometem equívocos. Na verdade, errar não é um escândalo, no contexto das Leis Divinas. Deus não criou as criaturas perfeitas, mas perfectíveis. Os Espíritos encarnam e reencarnam infinitas vezes para desenvolver as virtudes cujo potencial trazem em seu íntimo. A fim de que cresçam em vontade, sabedoria e amor, dispõem de livre-arbítrio. Caso não pudessem fazer opções, seriam simples marionetes. Como podem optar, é natural que nem sempre sejam felizes em seus atos. O outro lado desse processo de aprendizado é a responsabilidade. Ao desenvolver a consciência e a vontade, a influência dos instintos primitivos declina e a liberdade se expande. A criatura torna-se cada vez mais responsável por seus atos e pensamentos. Os equívocos são naturais para quem transita da ignorância para a sabedoria. Apenas é necessário reparar todos os estragos causados. Justamente por isso constitui sinal de imaturidade recusar-se a admitir os próprios erros. A humildade constitui pressuposto do aprendizado. Quem se imagina infalível e superior a todos mantém-se estagnado. Para entrar em sintonia com a vida, impõe-se atentar para a Lei do progresso. O Universo todo é dinâmico. As espécies animais e vegetais aperfeiçoam-se incessantemente. Mesmo a configuração física da Terra não é estática. Da mesma forma que as espécies inferiores, o homem possui um papel a desempenhar no concerto da Criação. Ele está inserido na natureza e deve ser um agente do progresso. Mas para impulsionar o progresso é necessário estar sempre evoluindo. Assim, para não trair a missão de sua existência, proponha-se a ser cada vez melhor. Admita sua imperfeição, mas não se acomode com ela. Por vezes você erra, mas isso é normal. Cuide para aprender com seus erros, a fim de não repeti-los inúmeras vezes. E também assuma as consequências, boas ou más, de seus atos. Repare todos os estragos que eventualmente causar. Pague suas dívidas, peça desculpas, recomponha-se perante seus semelhantes. Sem dúvida é necessário algum esforço para reconhecer um equívoco e retificar o próprio caminho. Mas você viverá para sempre. Certamente deseja, algum dia, ser uma pessoa sábia e pacificada. Como ninguém fará o seu trabalho, esforce-se desde já para ser assim. Ao se recusar a admitir um equívoco, você retarda a realização de seu luminoso destino. Compenetre-se em seu papel de aprendiz e demonstre boa vontade para com a vida. Não se apegue a coisas pequenas, como a vaidade e o orgulho. Tais fissuras morais somente o infelicitam. Aprenda a fazer o bem sem qualquer interesse pessoal ou sentimento oculto. Ame e respeite a vida, seja nobre e solidário. No início pode ser necessária alguma disciplina. Mas com o tempo você incorporará esse modo de viver e será uma pessoa maravilhosa. Eis uma meta pela qual vale a pena lutar. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep. Em 02.03.2009.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

APRENDER A FLORESCER

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Ela era uma jovem das famílias mais ricas de Los Angeles. Prestes a se casar, seu noivo foi convocado para o Vietnã. Antes, deveria passar por um treinamento de um mês. Enamorada, ela optou por antecipar o casamento e partir com ele. Ao menos poderia passar o mês do treinamento próximo dele, antes de sua partida para terras tão longínquas e perigosas. Próximo à base do deserto da Califórnia onde se daria o treinamento, havia uma aldeia abandonada de índios Navajos e uma das cabanas foi especialmente preparada para receber o casal. O primeiro dia foi de felicidade. Ele chegou cansado, queimado pelo sol de até 45 graus. Ela o ajudou a tirar a farda e deitar-se. Foi romântico e maravilhoso. Ao final da semana, ela estava infeliz e ao fim de dez dias estava entrando em desespero. O marido chegava exausto do treinamento, que começava às cinco horas da manhã e terminava às dez horas da noite. Ela era viúva de um homem vivo, sempre exaurido. Escreveu para a mãe, dizendo que não aguentava mais e perguntando se deveria abandoná-lo. Alguns dias depois, recebeu a resposta. A velha senhora, de muito bom senso, lhe enviou uma quadrinha em versos livres que dizia mais ou menos assim: Dois homens viviam em uma cela de imunda prisão. Um deles olhava para o alto e enxergava estrelas. O outro, olhava para baixo e somente via lama. Abraços. Mamãe. A jovem entendeu. Ela e o marido estavam em uma cela, cada um a seu modo. Ver as estrelas ou contemplar a lama era sua opção. Pela primeira vez, em vinte dias de vida no deserto, ela saiu para conhecer os arredores. Logo adiante, surpreendeu-se com a beleza de uma concha de caracol. Ela conhecia conchas da praia, mas aquelas eram diferentes, belíssimas. Quando seu marido chegou naquela noite, quase que ela nem o percebeu, tão aplicada estava em separar e classificar as conchas que recolhera durante todo o dia. Quando terminou o treinamento e ele foi para a guerra, ela decidiu permanecer ali mesmo. Descobrira que o deserto era um mar de belezas. De seus estudos e pesquisas resultou um livro que é considerado a obra mais completa acerca de conchas marinhas, porque o deserto da Califórnia um dia foi fundo de mar e é um imenso depósito de fósseis e riquezas minerais. Mais tarde, com o retorno do esposo do Vietnã, ela voltou a Los Angeles, com a vida enriquecida por experiências salutares. Tudo porque ela aprendera a florescer onde Deus a colocara. 
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Existem flores nos jardins bem cuidados. Existem flores agrestes em pleno coração árduo do deserto. Existem flores perdidas pelas orlas dos caminhos, enfeitando veredas anônimas. Muitas sementes manifestam sua vida florescendo a partir de um pequeno grão de terra, perdido entre pedras brutas, demonstrando que a sabedoria está em florescer onde se é plantado. Florescer, mesmo que o jardineiro sejam os ventos graves ou as águas abundantes. Florescer, ainda que as condições de calor e umidade nem sempre sejam as favoráveis...
Redação do Momento Espírita, com base na palestra Floresça onde for plantado, proferida por Divaldo Pereira Franco. Em 17.07.2009.