quinta-feira, 30 de abril de 2015

AMOR EM FAMÍLIA

Ele nasceu no ano de 1961, durante o governo de Mao Tsé Tung. Sexto filho de um total de sete. A hora das refeições era sempre triste, conta ele. Porque sua mãe, muitas vezes, não tinha o que cozinhar. Inhame seco era a base da alimentação pela maior parte do ano. Ocasionalmente, havia pão de milho e farinha, artigos especiais e, por isso, guardados para oferecer a visitas importantes. À hora das refeições, as sete crianças ficavam esperando que o pai começasse a comer. Comiam inhames secos, cozidos na água ou no vapor, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Depois da primeira mordida do pai é que eles se serviam. Os pais comiam bem devagar, para que sobrasse mais comida para os filhos. A mãe dizia aos filhos que deixassem a melhor porção para o pai, pois era ele quem garantia o sustento. Mas o pai sempre arranjava desculpas e pedia que deixassem a melhor porção para a mãe. Não fosse ela, enfatizava, nada teriam para comer senão “vento noroeste”. Raramente comiam carne. Uma vez por mês, após enfrentar longas filas, podiam comprar um pedaço de porco gordo. E Li Cunxin narra, em suas memórias, que numa tarde, sua mãe o mandou comprar carne no açougue da comuna onde moravam. As filas eram enormes. Três filas. Ele esperou mais de uma hora e finalmente conseguiu comprar um pedaço pequeno de carne gorda de porco. Saiu a correr e a saltar de felicidade por sua conquista. Sua mãe cortou a carne em pedaços pequenos, igualmente feliz pela gordura que iria durar, com certeza, um bom tempo. Naquela noite, quando foi servida a carne com acelga, todos podiam ver o óleo precioso flutuando no molho. Um dos meninos encontrou um pedaço de carne de porco em sua porção. Sem pestanejar, colocou no prato do pai. Este repassou imediatamente a carne para o prato da mãe. Ela devolveu, dizendo: Não seja tolo! Fiz a comida especialmente para você. Você precisa ficar forte para trabalhar! Próximo ao pai, estava o filho mais novo. O pai olhou para ele, chamou-o pelo nome e disse: Deixe-me ver os seus dentes. Antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, ele colocou o pedaço de carne de porco na boca do filho. O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo longo suspiro da mãe. Sempre era assim. Um raro pedacinho de carne em uma tigela de vegetais era passado de um para outro. Os olhos famintos pediam mais. Mas nunca falavam. Todos sabiam que era difícil conseguir comida. Não havia mais, simplesmente. E os pais não sabiam de onde viria a próxima refeição. Assim era a vida naquela família, onde o pai trabalhava da madrugada ao entardecer, por miserável pagamento mensal. Onde a mãe lavava, limpava, cozinhava, costurava e ainda ia trabalhar no campo, para conseguir um pouco mais de recursos. * * * Cuidado uns com os outros – é isso que o fato narrado nos ensina. Será que em nosso lar estamos passando esses valores para nossos filhos: de se preocuparem com o irmão, conosco, seus pais? Lendo a história da miséria vivida por Li Cunxin, podemos pensar que jamais seremos tão pobres, a ponto de disputar o alimento. Não importa. O importante a ressaltar é que cultivemos o amor. Esse amor que se demonstra em pequenos gestos, em preciosas doações. Pode ser ofertar uma flor, um doce, um mimo. Pode, com doçura se resumir em fitar nos olhos o outro e perguntar: Você está muito cansado? Como foi o seu dia? Que posso fazer para você se sentir melhor? Pense nisso.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 1 do livro Adeus, China – o último bailarino de Mao, de Li Cunxin, ed. Fundamento. Em 02.06.2008.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

AMOR EM DESEQUELÍBRIO

Dora Incontri
Hoje em dia os modelos de educação são tantos e tão complexos, que grande parte dos pais já não sabe mais qual a maneira eficaz para se obter um bom resultado na orientação dos seus filhos. Há pais que aderiram ao modelo de uma educação dita liberal, de liberdade sem responsabilidade. Mas esse modelo provou sua ineficiência criando uma geração de pequenos tiranos, causadores de infelicidade e dor para seus genitores. Outros pais resolveram educar os filhos para se prevenir contra tudo e contra todos. E surgiu uma geração violenta e cruel, capaz de esmagar até mesmo os colegas de classe e os professores. Essa demonstração tácita do amor em desequilíbrio tem infelicitado pais e filhos que lhes caem nas armadilhas danosas. Assim, aos pais de boa vontade relacionamos algumas atitudes que devem ser evitadas para que se possa alcançar uma educação eficaz, promovendo o ser e elevando-o moralmente. 
1º - Achar que os filhos têm sempre razão, sem lhes reconhecer as falhas, supondo-os isentos de quaisquer defeitos e com isso incentivá-los à arrogância da falsa superioridade e ao desprezo da virtude. Ou num outro extremo, censurá-los por tudo e a cada instante, deixando neles marcas de insegurança interior e de complexos de inferioridade. 
2º - Manter as crianças e os adolescentes longe de quaisquer problemas por que a família passe, para apenas votá-los à convivência de brinquedos e festas, amolecendo-lhes a capacidade de resistência com a qual terão de enfrentar a dura, mas necessária, realidade da vida. 
3º- Satisfazer cada capricho infantil, jamais negando algo e assim desenvolver a ambição desmedida e a absoluta falta de firmeza e coragem no adulto de amanhã. 
4º - Aconselhar sempre o revide e a intransigência, observando que perdoar e pacificar é próprio dos tolos, afastando, desse modo, a alma infantil de qualquer tendência à compaixão. 
5º - Querer deixar aos descendentes, acima de tudo, o bem-estar amoedado, que pode se esvair, ao sopro de qualquer adversidade, ao invés de lhes transmitir a herança da cultura e da virtude, tesouros que as traças jamais poderão roer... 
6º - Desejar moldar os filhos segundo a própria imagem, numa reprodução de si, não lhes respeitando as inclinações da personalidade. 
7º - Acostumá-los a menosprezar empregados e subordinados que lhes devem obedecer a todos os caprichos e incentivá-los à bajulação e ao servilismo dos socialmente bem colocados, distorcendo assim a escala de valores da criança e do jovem que não saberá ver seres humanos em parte alguma, mas apenas objetos descartáveis da própria ambição. 
A obra da educação exige amor, mas exige também equilíbrio e lucidez. É preciso aliar energia e doçura, verdade e ternura, confiança e dinamismo para que os educandos sintam que seus educadores desejam alçá-los aos altiplanos da vida, da felicidade plena, sem ilusões nem fantasias. 
* * * 
Educar é a melhor maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas do Espírito eterno. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Tempo de refletir, do livro A educação da nova era, de Dora Incontri, ed. Comenius e no verbete Educar, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 30.05.2011

terça-feira, 28 de abril de 2015

AMOR EM AÇÃO

Você sabe definir com exatidão o que é a palavra caridade? Para muitos, ela significa a ajuda material a quem necessita. Sem dúvida este é o modo de aliviar, mesmo que temporariamente, a fome, a sede, as necessidades básicas de inúmeras criaturas. Muitos de nós talvez tenhamos despertado para a caridade através da ajuda material, frequentemente doando o que nos é supérfluo. Mas ela não se restringe a isto. Um dos mais conhecidos dicionários da língua portuguesa define caridade como o amor que move nossa vontade na busca do bem do outro. Inúmeras obras da Doutrina Espírita nos falam da necessidade de se doar, de coração, a outras pessoas. E essa doação se faz em vários níveis. Há, inclusive uma frase que nos diz: Fora da caridade não há salvação. Lembremos da parábola do samaritano, que Jesus contou em resposta ao doutor da lei que lhe perguntou quem era o seu próximo. Um homem fora vítima de assaltantes em uma estrada, e ficara muito ferido, sem sentidos e abandonado. Dois viajantes o viram, mas nada fizeram. Passava, então, pela estrada, um habitante da região da Samaria, que, por tal razão, era desprezado pelo povo judeu, do qual o homem ferido fazia parte. O samaritano, ao se deparar com o ferido, interrompeu sua viagem e o atendeu, movido por profunda compaixão. Limpou suas feridas, lhe fez curativos e, colocando-o no lombo de seu animal, o levou a uma hospedaria. Ali, tratou de cuidar do desconhecido por uma noite. Na manhã seguinte, tendo de seguir viagem, pagou adiantado ao dono da hospedaria para que esse mantivesse o ferido até que se recuperasse. Fez ainda mais: prometeu que, se houvessem gastos além do que adiantara, ele pagaria quando retornasse ao local. E seguiu viagem. Ora, esse homem não doou apenas seu dinheiro. Doou seu tempo, atenção, amor. Sabia que não poderia deixar a ajuda para a volta da viagem, ou seria tarde. Não sabia sequer o nome do homem a quem ajudara. Apenas sabia ser seu irmão. É esta a verdadeira caridade da qual nos fala Jesus. É a forma de autodoação, de anulação do egoísmo, de libertação do próprio ego. A parábola nos fala da ajuda a um desconhecido, em uma situação extrema. Mas, a mensagem que ela nos traz é muito ampla. Muitas vezes as pessoas que precisam de nossa caridade estão muito próximas de nós, por vezes em nosso próprio convívio familiar. O filho com problemas de aprendizado e que precisa tanto de toda a nossa atenção; o irmão que não segue o caminho do bem e que anseia por nosso amparo e perdão para retornar ao seio da família. O pai com dificuldades materiais que necessita de nosso auxílio neste momento difícil, a mãe adoentada que espera por nossos cuidados, e tantos outros que aguardam por um carinho, por uma palavra de compreensão. 
* * * 
Doar-se verdadeiramente sem querer nada em troca, exercitar o amor fraternal, esta sim é a lição mais pura e mais profunda do amor de Jesus. A parábola do samaritano é um maravilhoso chamamento à prática da caridade, e, depois de entendida passa a nos soar como a voz de Jesus que disse àquele doutor da lei: Vai e faze tu o mesmo. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Luz da caridade, do livro Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed Leal e no cap. A parábola do bom samaritano, do livro Parábolas e ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O clarim. Em 12.06.2009.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O AMOR É LEI DA VIDA

Você já se deu conta de que o amor é a lei maior que rege a vida? Antes de pensar numa resposta negativa, reflita um pouco sobre as seguintes considerações. Da batalha entre a chuva e o sol surge o arco-íris, exibindo suas múltiplas cores, tornando a paisagem mais bela e mais poética. É o amor sugerindo harmonia. Sob o rumor da cascata, que jorra violenta sobre as rochas desalinhadas e pontiagudas, as andorinhas fazem seus ninhos e garantem revoadas em todos os verões. É o amor orientando o instinto. Sob a neve que se estende sobre planícies e montes gelados as sementes dormem, para explodir em flor aos primeiros beijos do sol da primavera. É o amor acordando a vida. O tempo, hábil conselheiro, traz o esquecimento das dores e cicatriza as feridas abertas pelos sofrimentos mais acerbos. É o amor incentivando a vida. Quando a doença corrói o corpo físico, causando desconforto e dor, e os órgãos já não têm forças para manter funcionando a máquina de carne, a morte, como hábil cirurgiã, liberta o Espírito do fardo inútil. É o amor renovando a vida. Junto com a tempestade que rasga os céus com raios e trovões, chega a chuva generosa, fertilizando a terra e garantindo a boa safra. É o amor propiciando a vida. Sob a pesada pedra, a frágil semente germina e rasteja, contorna obstáculos, até encontrar a luz e florescer, vitoriosa. É o amor orientando a vida. Os séculos, quais anciães compassivos, se dobram sobre as memórias dos povos vencidos nas guerras promovidas pelo egoísmo, trazendo o bálsamo do esquecimento. É o amor amenizando o ódio. Na face do solo rachado, crestado pela seca implacável, surge pequeno olho d'água, dando notícias da vida que persiste, submersa, invencível. É o amor alimentando a esperança. Nos conflitos das guerras sangrentas e cruéis o homem transforma o mundo em que vive, criando tecnologia e fomentando o progresso. É o amor promovendo o esclarecimento. As marcas profundas esculpidas nas almas pelos holocaustos de toda ordem, forjam pérolas de luz nos corações sensíveis e os eleva acima das misérias humanas. É o amor gerando o entendimento. Quando um agente externo qualquer penetra o organismo humano, imediatamente um exército de células-soldados entra em combate para eliminar o intruso e garantir a saúde. É o amor defendendo a vida. O amor age em silêncio, trabalha incansavelmente para garantir a harmonia da vida. Nada supera a sua potência. Nada supera a sua ação. O amor é a lei maior da vida, e rege o micro e o macrocosmos, sem alarde, sem exibição. 
* * * 
Cada planeta que se movimenta no espaço é um orbe em evolução, gravitando na lei de amor. Cada estrela que brilha no Infinito, é um astro que conquistou a condição de mundo sublime, e está sustentado pela lei de amor... Cada criança que renasce nos palcos terrenos, traz consigo um plano de felicidade, traçado pelas leis de amor... O ser humano, que age e interage no meio em que vive, fomentando o progresso, está sob o amparo da lei de amor. Cada anjo que habita os mundos sublimes é um Espírito de luz que conquistou o mais alto grau na universidade da vida, e hoje nos convida ao amor... 
Redação do Momento Espírita. Em 14.02.2011.

domingo, 26 de abril de 2015

AMOR E JUSTIÇA

Houve, séculos atrás, uma tribo cujo chefe era tido como superior aos de todas as demais. Naquela época, a superioridade era medida pela força física. A tribo mais poderosa era a que tinha o chefe mais forte. Mas esse chefe não tinha somente força física. Era também conhecido por sua sabedoria. Desejando que o povo vivesse em segurança, criou leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal. Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor. Certa feita, pequenos furtos começaram a acontecer. Ele reuniu o povo e, com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham sido feitas para os proteger, para os ajudar. Como todos tinham o de que necessitavam para viver, não havia necessidade de furtos. Assim, estabeleceu que o responsável teria o castigo habitual aumentado de dez para vinte chibatadas. Os furtos, entretanto, continuaram. Ele voltou a reunir o grupo e aumentou o castigo para trinta chibatadas. Os furtos não cessaram. Por favor, pediu o chefe. Estou suplicando. Para o bem de todos, os furtos precisam parar. Eles estão causando sofrimento entre nós. E aumentou o castigo para quarenta chibatadas. Naquele dia, os que estavam próximos dele, viram que uma lágrima escorreu pela sua face, quando dispersou o grupo. Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado o autor dos furtos. A notícia se espalhou e todos se reuniram para ver quem era. Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do chefe empalideceu de susto e sofrimento. Era sua mãe. Uma senhora idosa e frágil. E agora? O povo começou a questionar se ele seria, ainda assim, imparcial. Será que faria cumprir a lei? Seria o amor por sua mãe capaz de o impedir de cumprir o que ele mesmo estabelecera? Notava-se a luta íntima dele que, por fim, falou: Meu amado povo. Faço isso pela nossa segurança e pela nossa paz. As quarenta chibatadas devem ser aplicadas, porque o sofrimento que esse delito nos causou foi grande demais. Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo à frente. Um deles retirou o manto dela, deixando à mostra as costas ossudas e arqueadas. O carrasco, armado de chicote, se aproximou e começou a desenrolar o seu instrumento de punição. Nesse momento, o chefe retirou o próprio manto e todos puderam ver seus ombros largos, bronzeados e firmes. Com muito carinho, passou os braços ao redor de sua querida mãe, protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo. Encostou o seu rosto ao dela e misturou as suas com as lágrimas dela. Murmurou-lhe algo ao ouvido e então, fez um sinal afirmativo para o encarregado. O homem se aproximou e desferiu, nos ombros fortes e vigorosos uma chibatada após outra, até completar exatamente quarenta. Foi um momento inesquecível para toda a tribo que aprendeu, naquele dia, como se podem harmonizar com perfeição, o amor e a justiça. 
* * * 
O amor é vida, e a compaixão manifesta-lhe a grandeza e o significado. O amor tudo pode e tudo vence, encontrando soluções para as situações mais difíceis e controvertidas. Enfim, o amor existe com a finalidade exclusiva de tornar feliz aquele que o cultiva, enriquecendo aqueloutro a quem se dirige. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Eterna harmonia, de John MacArthur, do livro Histórias para o coração, v. 2, de Alice Gray, ed. United Press e pensamentos finais do cap. 1, do livro Garimpo de amor, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 20.1.2015.

sábado, 25 de abril de 2015

AMOR E INTELIGÊNCIA

A religiosidade é inerente ao homem. Sob as mais diversas formas e em todas as épocas, a Humanidade procurou relacionar-se com a Divindade. Por muito tempo imperou a idéia de que Deus deveria ser temido. O Criador era apresentado, por muitas tradições, como cioso e vingativo. Jesus reformulou esse conceito, ao falar em um Pai amoroso e justo. Convidado a indicar o maior mandamento da Lei Divina, Ele sentenciou: Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o Espírito. E também amar ao próximo como a si mesmo. É interessante anotar que, ao invés de um, o Cristo apresentou, de uma vez, dois mandamentos. Um fala em amor a Deus e o outro em amor ao próximo. Isso prova que tais comandos são entrelaçados. O amor ao próximo complementa o amor a Deus e vice-versa. Segundo o Mestre Nazareno, Deus deve ser amado com todo o coração, toda a alma e todo o Espírito. Percebe-se ser esse amor algo muito intenso e profundo, que reclama a criatura por inteiro. O sentimento por si só não basta. Quando se quer enfatizar o aspecto emocional, fala-se em coração. Mas à Divindade não se deve dar apenas o coração. Todo o Espírito necessita estar empenhado nessa relação. Segundo o dicionário, um dos significados de Espírito é o conjunto das faculdades intelectuais. Cuida-se de uma acepção até certo ponto comum. Muitas vezes se afirma que uma pessoa tem espírito. Essa expressão indica que ela é inteligente, perspicaz, possui raciocínio rápido. Conclui-se que o amor a Deus envolve razão, discernimento, intelecto. O Espiritismo ensina que Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Não se trata de uma personalidade, à semelhança dos homens, mas de uma Consciência Cósmica. O apreço por uma personalidade humana, freqüentemente vaidosa, pode ser demonstrado por gestos exteriores. Em relação à Consciência Cósmica, despida de características humanas, isso não se dá. Como Deus é a Inteligência Suprema do Universo, o amor por Ele implica o esforço por desenvolver a própria inteligência. Assim, a religiosidade é incompatível com o cultivo deliberado da ignorância. Deus brindou Suas criaturas com dons maravilhosos, os quais precisam ser valorizados. O dom que distingue os homens do restante da Criação é a sua intelectualidade desenvolvida, a sua razão. O amor a Deus pressupõe respeitar o Mundo e os seres que Ele criou. E também, logicamente, o esforço para entender esse Mundo e as leis que o regem. Tudo no Universo é progresso e metamorfose. Espécies animais e vegetais, as sociedades e as leis humanas, tudo se altera e aperfeiçoa. O papel de cada homem é colaborar nesse processo de aprimoramento. Para isso, necessita burilar seu intelecto. Ao crescer em entendimento e compreensão, enche-se de admiração pela grandeza e pela sabedoria Divinas. Mas o amor ao próximo complementa o amor a Deus. As faculdades desenvolvidas pelo estudo e a observação devem ser utilizadas em benefício do semelhante. Assim, para bem cumprir o mandamento do amor, procure desenvolver sua inteligência. Estude uma língua, faça um curso, leia um livro, ilustre-se. Encante-se com as maravilhas que o cercam. E utilize seus talentos em favor do próximo.
Redação do Momento Espírita. Em 25.08.2008.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O AMOR É ETERNO

Aquela senhora estava com muita pressa. Entrou em um Shopping Center para comprar alguns presentes de última hora para o Natal. Havia muita gente ao redor e ela ficou incomodada com a situação. Pensou consigo mesma: Ficarei aqui uma eternidade, e tenho tantas coisas a fazer. Um tanto depressiva, ela pensava em como o Natal estava se transformando em um grande comércio. Andou rápido por entre as pessoas e entrou numa loja de brinquedos. Mais uma vez se surpreendeu reclamando dos preços. Perguntava-se se seus netos realmente brincariam com aquilo. Partiu para a seção de bonecas. Em um dos corredores encontrou um menino, de aproximadamente cinco anos, segurando uma boneca valiosa. Estava tocando seus cabelos e a segurava com muito carinho. A senhora parou e ficou olhando a cena fixamente, perguntando-se para quem seria aquela boneca. Em seguida, se aproximou do menino uma mulher a quem ele perguntou: 
-Não tenho dinheiro suficiente, tia? 
E a mulher lhe falou impaciente: 
-Você já sabe que não tem o dinheiro suficiente para comprá-la. 
Depois, disse ao menino que permanecesse onde estava enquanto ela buscava outras coisas que lhe faltavam. O menino continuou ali, segurando a boneca com muito carinho. Após algum tempo, a senhora se aproximou e perguntou-lhe para quem era a boneca e ele respondeu: 
-Esta é a boneca que minha irmãzinha queria muito ganhar, no Natal. Ela estava certa de que a ganharia neste Natal, disse o garoto com certa tristeza. 
A senhora se compadeceu e disse ao menino que, no Natal, levaria a boneca para sua irmãzinha, mas ele falou: 
-Não, a senhora não pode ir onde minha irmãzinha está. Eu tenho que entregá-la à minha mãe para que ela leve até à minha irmãzinha. 
-E onde está sua irmã? - Perguntou. 
O menino, com um olhar de tristeza, disse: 
-Ela se foi com Jesus. Meu pai me disse que a mamãe irá encontrar-se com ela, em breve. 
A mulher sentiu um grande aperto no coração. E o menino continuou: 
-Pedi ao papai para falar com a mamãe para que ela não se vá ainda. Disse-lhe para pedir a ela que espere até que eu volte do Shopping. 
Em seguida, o garoto tirou do bolso algumas fotografias que tinham sido tiradas em frente ao Shopping e falou: 
-Vou pedir ao papai que leve estas fotos para minha mãe, para que ela nunca se esqueça de mim. Gosto muito da minha mãe, não queria que ela partisse. Mas o papai disse que ela tem que ir encontrar a minha irmãzinha. 
Enquanto o pequeno olhava a foto, a senhora tirou da carteira algumas notas e pediu a ele que contasse o dinheiro novamente. Ele contou e disse satisfeito: Estou certo de que será suficiente. Agora posso comprar a boneca. E disse ainda: 
-Eu acabei de pedir a Jesus para que me desse dinheiro suficiente para comprar esta boneca para a mamãe levar até à minha irmãzinha, e Ele ouviu a minha oração. Eu pedi, ainda, para que o dinheiro fosse suficiente para comprar também uma rosa branca para a minha mãe, e Ele acaba de me dar o bastante para a boneca e para a rosa. Sabe, minha mãe gosta muito de rosas brancas... 
Em alguns minutos, a tia do garoto voltou e a senhora se foi. Enquanto terminava suas compras, agora com uma disposição bem diferente, ela não conseguia deixar de pensar naquele menino. Lembrou-se de uma história que havia lido num jornal, dias antes, a respeito de um acidente causado por um condutor alcoolizado, no qual uma menininha morrera e a mãe ficara em estado grave. Deu-se conta de que aquele menino pertencia àquela família. Dois dias depois, ela leu no jornal a notícia de que a mulher acidentada havia morrido. Não conseguia tirar o menino da mente... Comprou um buquê de rosas brancas e as levou ao funeral... Lá estava o corpo de uma mulher... com uma rosa branca numa das mãos, uma linda boneca na outra, e a foto de seu filho em frente ao Shopping. Grossas lágrimas rolaram do rosto daquela senhora ao perceber a grandeza do amor daquele menino pela mãe e pela irmã... Um amor que a morte não conseguiu apagar... Um amor que vai muito além da existência física... O verdadeiro amor que Jesus, o Mestre tão pouco lembrado, veio ensinar à Humanidade... 
Redação do Momento Espírita,com base em história de autoria ignorada. Disponível no CD Momento Espírita, v. 7 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. Fep. Em 25.04.2011. http://momento.com.br/

quinta-feira, 23 de abril de 2015

AMOR E DISCERNIMENTO

A mensagem de Jesus revela ao mundo um Deus amoroso e cheio de compaixão. O Mestre afirma que toda a lei divina resume-se no ato de amar a Deus, ao próximo e a si mesmo. Conclui-se que a vivência do amor liberta e pacifica as criaturas. Certamente por isso é instintivo no ser humano o desejo de amar e ser amado. Nada é mais prazeroso do que passar algumas horas junto às pessoas que nos falam de perto ao coração. Nossas afeições mais caras, as que cultivamos com mais carinho, constituem consolo nas provações da vida. Proporcionar alegria a alguém querido causa grande deleite. Cada qual desenvolve e demonstra afeto na conformidade de seu entendimento e possibilidades. O cientista que gasta a vida buscando descobrir a cura de doenças evidencia amor à humanidade. Talvez ele não tenha palavras doces e afáveis para os seus auxiliares. Pode ser que a preocupação em bem cumprir sua tarefa o torne desatento às expectativas dos que o rodeiam. Mas nem por isso sua extrema dedicação deixa de ser valiosa demonstração de amor. O professor sinceramente dedicado ao ensino também exemplifica o amor. Quiçá seus pupilos o considerem rígido e preferissem alguém menos exigente. É que identificamos mais facilmente o amor com manifestações de ternura. A mãe que abraça um filho nos parece amorosa. Já um pai com postura de educador não transmite essa impressão de candura. Mas urge reconhecer que a lei do amor não se resume em afagos, sorrisos e pieguices. Nossos companheiros de jornada, amigos e parentes, são, antes de tudo, filhos de Deus. Seria pretensão nossa imaginar que possuímos maior capacidade de amar do que a divindade. E o Pai celestial, embora seu infinito amor, não deixa de permitir que as criaturas cresçam mediante seu próprio esforço e trabalho. Uma análise criteriosa da vida revela que ela está em permanente transformação e aprimoramento. As espécies animais, as plantas, a conformação do próprio planeta terra, tudo reflete movimento e metamorfose. As sociedades terrenas gradualmente vão aperfeiçoando seus códigos e valores. Assim, a lei do amor inclui a necessidade de burilamento dos seres. O amor a Deus deve pairar acima de todos os outros sentimentos, pois ele é a origem e o sustentáculo do universo. Se amamos a Deus, e o mundo que ele criou está em aprimoramento contínuo, devemos nos esforçar para entender as leis que o regem e nos aprimorarmos também. Do mesmo modo, ao manifestar amor por nosso semelhante, não podemos pretender furtá-lo das experiências necessárias ao seu adiantamento. Essa compreensão da vida leva-nos a admitir a necessidade de mesclar nosso afeto com parcelas de racionalidade e discernimento. O amor a um filho, aluno ou amigo, nem sempre implica concordância com suas fantasias e aspirações. Com freqüência é necessário renunciar à alegria imediata de agradar nossos amores, em prol de seu progresso e de sua felicidade vindoura. A mãe que se abstém de educar o filho desobediente demonstra mais tibieza do que amor. Por outro lado, o mestre que exige dedicação é mais precioso para os alunos do que um professor relapso. O exercício do amor às vezes exige sacrifícios, por contrariar os impulsos mais imediatos do coração. Esse sentimento é feito de carinho e ternura, mas também de firmeza e retidão de caráter. Afinal, sendo uma energia sublime, o amor não pode provocar a queda moral do ser amado. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

AMOR E DIÁLOGO

O casal acordou naquela manhã, sentindo uma emoção diferente. Estavam completando cinquenta anos de matrimônio. Haviam envelhecido juntos. Inúmeras lembranças se somavam em suas mentes. Os primeiros momentos do namoro, os primeiros anos de vida a dois, os filhos, as dificuldades, os acertos e desacertos, os netos. Os pensamentos surgiam-lhes na mente como uma avalanche e, dessa forma, tudo parecia ter começado ontem. Os dois se sentaram à mesa para o café. Ela tomou a fatia de pão e passou a manteiga. Ia colocar no seu prato, quando resolveu diferente. Durante cinquenta anos, todas as manhãs, dei a ele o miolo do pão, a parte macia, mais gostosa. - Ela pensou. Eu sempre quis comer a melhor parte. Mas porque amo meu marido, sempre dei a ele o miolo do pão. Hoje vou satisfazer o meu desejo. Vou me dar um presente. Então, estendeu para o marido a casca do pão. Para sua surpresa, ele a apanhou, sorriu e falou com entusiasmo: Obrigado por este presente. Durante todos esses anos, sempre quis comer a casca do pão. No entanto, como você gostava tanto, eu nunca tive coragem de pedir a você. * * * Num primeiro momento, o que sobressai do episódio narrado é o grande amor que unia aquele casal. Um amor que sempre soube abrir mão de algo que gostava muito, em favor do outro. Contudo, se examinarmos bem o fato, vamos descobrir que, embora o amor recíproco que sentiam, o diálogo andava bem distante. Imagine. Viver cinquenta anos ao lado de uma criatura, sofrer, penar, alegrar-se, fazer tantas escolhas e, no entanto, não conversar das coisas simples do cotidiano? Dialogar significa conversar, trocar ideias. Falar e ouvir. Ouvir e falar. Se você está vivendo a experiência matrimonial, pense quando foi a última vez que vocês estabeleceram um diálogo franco e amigo. Analise se, ao chegarem em casa, cada um tem se isolado em seu mutismo. Se, eventualmente, não tem cada um assistido o seu programa de televisão preferido, a sós. Ou então se, enquanto um se distrai com a programação da televisão, o outro mergulha na leitura interminável dos jornais. A ausência de diálogo caracteriza desinteresse pelos problemas do outro e gera a falta de intercâmbio de opiniões. Antes que as dificuldades abram distâncias e os espinhos do cansaço e do tédio produzam feridas, tomemos providências. Abramos mutuamente o coração e reorganizemos a vida matrimonial. Descubramos, mais uma vez, o gosto pelo diálogo. Interessemo-nos pelos problemas e participemos das conquistas individuais. Restabeleçamos a ponte do diálogo, a fim de que um possa penetrar em profundidade no coração do outro, numa doce descoberta de dons, virtudes, anseios e ideais. * * * O matrimônio é uma experiência de reequilíbrio das almas no orçamento familiar. O diálogo aberto e sincero fortifica os laços do afeto, permitindo o amadurecimento das emoções e a correção das sensações. Enfim, oportuniza que ambos somem esforços, não simplesmente olhando um para o outro, mas olhando ambos para a mesma direção. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Amor em silêncio, de autoria ignorada, e no cap. Responsabilidade no matrimônio, do livro S. O. S. Família, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. USE. Em 16.11.2012.

terça-feira, 21 de abril de 2015

AMOR E ATENÇÃO

Elizabeth Klüber Ross 
O século XX ofereceu à Humanidade inúmeros apóstolos da paz, do bem e do entendimento que auxiliaram, de alguma forma, ao progresso do bem e do belo. Na área da medicina, uma psiquiatra suíça, radicada nos Estados Unidos, dedicou a segunda metade desse século a desenvolver uma nova ciência na área da medicina. Elizabeth Klüber Ross mudou-se para Nova York muito jovem, logo depois de casar-se com um americano e começou a exercer a medicina, em um dos últimos lugares do mundo que desejaria ir. Como médica estrangeira, não conseguiu colocação melhor nos hospitais de Nova York a não ser trabalhar com pacientes esquizofrênicos crônicos, incuráveis. Sentia-se solitária e infeliz. Mas não querendo fazer seu marido infeliz, ela começou a se abrir com seus pacientes. Identificou-se com sua miséria e solidão. A partir disso, conta ela, pacientes que, há mais de 20 anos não pronunciavam uma palavra, começaram a falar, pois que encontravam nela alguém para compartilhar seus sentimentos e sofrimentos. De pronto, a médica percebeu que não estava sozinha em suas misérias e dores. E, por dois anos, partilhou da vida de seus pacientes, conhecendo-lhes os nomes, vontades, gostos. Participava com eles das suas festas, comemorações. Sabia-lhes as manias. Envolveu-se definitivamente com todos eles. Ao cabo desse período, cerca de 94% dos seus pacientes, dados como incuráveis, tinham recebido alta. Concluiu a doutora Elizabeth Klüber Ross que o maior presente que seus pacientes lhe deram, foi ensinar-lhe que há mais coisas, além das terapias e da ciência médica. Ensinaram-lhe que amor e atenção podem ajudar seriamente às pessoas e conseguir que muitas delas se curem. * * * Embora não sejamos médicos, muitos de nós somos desafiados com relacionamentos difíceis. Por vezes é o filho com dificuldades emocionais, físicas ou neurológicas. De outras vezes, o desafio é o companheiro que, antes dócil e compreensível, se torna o tirano doméstico. Ainda pode-se ter que enfrentar o chefe autoritário e desumano a administrar números, esquecendo-se das pessoas. Todos esses são desafios que nos convidam a exercitar as lições de que amor e atenção são remédios eficazes. Não o amor superficial. É necessário o amor incondicional. Amar pela simples possibilidade de amar. 
* * * 
Ao vivenciar esses relacionamentos, utilizemos a terapia da atenção, do olhar nos olhos, de entender as necessidades de quem amamos e que, muitas vezes, temos dificuldade para compreender. Permitamo-nos amar intensamente, profundamente, amando a alma muito além daquilo que os olhos percebem e conseguem ver. Lembremos que os conhecimentos e as técnicas ajudam as pessoas porém, o conhecimento por si só não ajudará a ninguém. Se não forem usadas a cabeça, o coração e a alma, não conseguiremos ajudar a um ser humano sequer. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Morrer é de vital importância, de Elizabeth Klüber Ross. Em 14.05.2010.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

AMOR DOAÇÃO

O amor costuma ser um tema muito presente na sociedade contemporânea. Nos contextos mais inusitados, o amor surge como móvel ou explicação para a conduta humana. Há quem diga que traiu ou matou por amor. Também se nomina a mera ardência sexual como uma manifestação desse sentimento. Não falta quem se acredite muito amoroso, por ter ímpeto de manter relações íntimas com várias pessoas ao mesmo tempo. Bem se vê como é difícil precisar o sentido do amor. Entretanto, Jesus identificou o amor como a essência das Leis que regem a vida. Acima de tudo é preciso amar a Deus. Mas também é necessário amar o próximo como a si mesmo. Certamente esse sentimento tão sublime há de ser estribado no dever e na conduta digna. Não se concebe que justifique promiscuidade ou crimes. Talvez até figure de forma embrionária nesses processos desequilibrados. Mas por certo neles se encontra desvirtuado por vícios e paixões. Então, é difícil precisar o sentido dessa palavra tão enunciada. Muitos dizem sofrer por amor. Amam mas não são correspondidos e por isso padecem. Ou às vezes até se acreditam amados, mas não com a intensidade que desejariam. Ardem de ciúmes do ser querido. Reclamam de descaso, de que não recebem a atenção necessária. Entretanto, em se tratando de amor, convém recordar os exemplos de Jesus. O Mestre Divino não Se ocupou de reclamar de falta de atenção. Não fez chantagens com Seus parentes e amigos, para exigir maiores demonstrações de afeto. Não infernizou a vida de quem não conseguia entender o significado de Sua missão. Por muito amar, Ele Se doou inteiro à Humanidade. Investiu horas infindas na educação dos ignorantes. Confortou os sofredores. Curou enfermos. Amparou os viciados do corpo e da alma. Mas nunca esperou ou exigiu e nem mesmo recebeu nada em troca. Aqueles homens rudes nada tinham mesmo para Lhe dar. Em comparação com o Senhor Jesus, mesmo os mais bem aquinhoados eram simples indigentes morais e intelectuais. Careciam de educação, de luz, de paz... Então, um aspecto importante do amor é a doação. Amar pelo prazer de ver feliz o ser querido. Quem espera ser amado muitas vezes se converte em opressor ou chantagista. Já quem se contenta em amar é sempre um esteio na vida do semelhante. Reflita a respeito do modo pelo qual você encara o amor. Encontra alegria em tornar felizes seus amores? Ou está sempre a lhes fazer exigências, em uma barganha constante de seu afeto? 
Redação do Momento Espírita. Em 10.11.2010.

domingo, 19 de abril de 2015

AMOR DE VERDADE

Martin era um sapateiro em uma vila pequena. Desde que morreu a esposa e os filhos, ele se tornou triste. Um dia, um homem sábio lhe falou que ele deveria ler os Evangelhos porque lá ele descobriria como Deus gostaria que ele vivesse. Martin passou a ler os Evangelhos. Certo dia leu a narrativa do Evangelho de Lucas do banquete em casa do rico fariseu que recebeu Jesus em sua casa, mas não providenciou água para os pés, nem ungiu a cabeça de Jesus, nem O beijou. Naquela noite, Martin foi dormir pensando em como ele receberia Jesus, se Ele viesse a sua casa. De repente, acordou sobressaltado com uma voz que lhe dizia: Martin! Olha para a rua amanhã, pois Eu virei. Logo cedo, o sapateiro acendeu o fogo e preparou sua sopa de repolho e seu mingau. Começou a trabalhar e se sentou junto à janela para melhor ver a rua. Pensando na noite da véspera, mais olhava a rua do que trabalhava. Passou um porteiro de casa, um carregador de água. Depois uma mulher com sapatos de camponesa, com um bebê ao colo. Ela estava vestida com roupas pobres, leves e velhas. Segurando o bebê junto ao corpo, buscava protegê-lo do vento frio que soprava forte. Martin convidou-a a entrar e lhe serviu sopa. Enquanto comia ela contou sua vida. Seu marido era soldado. Estava longe há 8 meses. Ela já vendera tudo o que tinha e acabara de empenhar seu xale. Martin buscou um casaco grosso e pesado e envolveu a mulher e o filho. Depois de alimentados e agasalhados, eles se foram, não sem antes Martin deixar na mão da pobre mãe umas moedas para que ela pudesse tirar o xale do penhor. Quando um velho que trabalhava na rua, limpando a neve da frente das casas, parou para descansar, encostado à parede da sua oficina e lar, Martin o convidou a entrar. Serviu-lhe chá quente e lhe falou da sua espera. Ele aguardava Jesus. O velho homem foi embora, reconfortado no corpo e na alma e Martin voltou a costurar uma botina. O dia acabou. E quando ele não podia mais ver para passar a agulha pelos furos do couro, juntou suas ferramentas, varreu o chão e colocou o lampião sobre a mesa. Buscou o Evangelho e o abriu. Então, ouvindo passos, ele olhou em volta. Uma voz sussurrou: 
-Martin, você não me conhece? 
-Quem é? Perguntou o sapateiro. 
-Sou Eu. Disse a voz. 
E num canto da sala, apareceu a mulher com o bebê ao colo. Ela sorriu, o bebê também e então desapareceram. 
-Sou Eu. Tornou a falar a voz. 
Em outro canto apareceu o velho homem. Sorriu. E desapareceu. A alma de Martin se alegrou. Ele começou a ler o Evangelho onde estava aberto. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era hóspede, e me recolhestes. No fim da página, ele leu: Quantas vezes vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes. E Martin compreendeu que o Cristo tinha ido a ele naquele dia, e que ele O recebera bem. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Amor é isso, da Revista Presença Espírita de nov/dez 1996, ed. Leal. Em 22.03.2010.

sábado, 18 de abril de 2015

O AMOR DE DEUS

O amor Divino se expressa em todo o Universo. Sua presença está na leve brisa que acaricia as pétalas de uma flor, e nos vendavais que agitam ondas imensas nos oceanos. Está no tênue sussurro da criança e também nas estrondosas explosões solares. Está presente na luz singela do vaga-lume, que quebra a escuridão das noites silenciosas do sertão, e nas estrelas de primeira grandeza, engastadas na imensidão dos espaços siderais. O amor Divino está na florzinha singela, que espalha aroma em pequenos canteiros, e nas miríades de mundos que enfeitam galáxias nos jardins dos céus... Os passarinhos que saltitam nos prados, cantam nos ramos e alimentam seus filhotes, dão mostras do amor de Deus. As ondas agitadas que arrebentam nas praias, tanto quanto o filete de água cristalina que canta por entre as rochas, falam do amor de Deus. A fera que ruge na selva e os astros que giram na amplidão enaltecem o amor Divino, enquanto falam dessa cadeia que une os seres e as coisas no Universo infinito. No andar pesado do elefante e no voo leve e gracioso do beija-flor, expressa-se o amor de Deus. Da ferocidade da leoa em busca do alimento à dedicação do pinguim chocando os ovos, percebe-se o amor Divino. Da leviandade do chupim, que bota seus ovos em ninho alheio, à operosidade e engenharia do joão-de-barro, notamos a presença do amor de Deus. Nos insetos nocivos tanto quanto no exemplo de trabalho comunitário das abelhas, cupins e formigas, percebemos o amor Divino. No instinto de sobrevivência de homens, animais e plantas está presente o amor de Deus. Na minúscula semente que traz no íntimo o código genético de sua espécie, está contemplado o amor do Criador. A destreza instintiva do pássaro tecelão, a graciosidade da borboleta, a habilidade inconteste dos reflorestadores alados, falam do amor de Deus. A criança que sorri, inocente e feliz no regaço materno, e a que chora triste, sem rumo e sem lar, são a presença do Criador no mundo, com acenos de esperança. O homem sábio, que emprega seus conhecimentos nos serviços do bem e aquele que se enobrece no trabalho rude da lavoura apresentam o amor de Deus, elevando a vida. Até mesmo nas tempestades que destroem nossas flores de ilusão, vemos o convite do Criador para que plantemos em solo firme de felicidade perene. O ar que respiramos é dádiva do amor Celeste... O amor que trazemos na alma é herança do Criador da vida... A esperança que alimentamos é ânfora de luz nutrindo a vida com a chama do amor de Deus. Por fim, não há espaço algum no Universo, onde não pulse o amor de Deus. 
* * * 
Na inquietude dos delinquentes, o amor Divino se faz atento... 
Na dor dos aflitos, o amor de Deus é afago... 
Na inocência da criança, o amor Divino se mostra... 
Na mansuetude dos sábios, o amor de Deus é quietude.
Na harmonia do Universo, o amor do Criador repousa... 
No coração de quem ama, o amor de Deus se realiza. 

Redação do Momento Espírita Em 25.04.2011.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

AMOR DE AMIGO

Durante um confronto bélico, um orfanato de missionários, numa aldeia vietnamita, foi atingido por várias bombas. Os missionários e duas crianças morreram na hora e muitas ficaram feridas, inclusive uma menina de 8 anos. Através do rádio de uma aldeia vizinha, os habitantes buscaram socorro dos americanos. Um médico da Marinha e uma enfermeira chegaram trazendo apenas maletas de primeiros socorros. Perceberam logo que o caso mais grave era o da menina. Se não fossem tomadas providências imediatas, ela morreria por perda de sangue. Era urgente que se fizesse uma transfusão. Saíram à procura de um doador com o mesmo tipo sanguíneo. Os americanos não tinham aquele tipo de sangue, mas muitos órfãos que não tinham sido feridos poderiam ser doadores. O problema agora, era como pedir às crianças, já que o médico conhecia apenas algumas palavras em vietnamita e a enfermeira tinha poucas noções de francês. Usando uma mistura das duas línguas e muita gesticulação, tentaram explicar aos assustados meninos que, se não recolocassem o sangue perdido, a menina morreria. Então perguntaram se alguém queria doar sangue. A resposta foi um silêncio de olhos arregalados. Finalmente, uma mão levantou-se timidamente, deixou-se cair e levantou de novo. 
-Ah, obrigada. - Disse a enfermeira em francês. - Como é o seu nome? 
O garoto respondeu em voz baixa: 
-Heng. 
Deitaram Heng rapidamente na maca, esfregaram álcool em seu braço e espetaram a agulha na veia. Durante esses procedimentos, Heng ficou calado e imóvel. Passado um momento, deixou escapar um soluço e cobriu depressa o rosto com a mão livre. 
-Está doendo, Heng? 
Perguntou o médico. Heng abanou a cabeça, mas daí a pouco escapou outro soluço e mais uma vez tentou disfarçar. O médico tornou a perguntar se doía, e ele abanou a cabeça outra vez, significando que não. Mas os soluços ocasionais acabaram virando um choro declarado, silencioso, os olhos apertados, o punho na boca para estancar os soluços. O médico e a enfermeira ficaram preocupados. Alguma coisa obviamente estava acontecendo. Nesse instante, chegou uma enfermeira vietnamita, enviada para ajudar. Vendo a aflição do menino, falou com ele, ouviu a resposta, e tornou a falar com voz terna, acalmando-o. Heng parou de chorar e olhou surpreso para a enfermeira vietnamita. Ela confirmou com a cabeça e uma expressão de alívio estampou-se no rosto do menino. Então ela disse aos americanos: 
-Ele achou que estava morrendo. Entendeu que vocês pediram para dar todo o sangue dele para a menina poder viver. 
-E por que ele concordou? 
Perguntou o médico. A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta, e Heng respondeu simplesmente: 
-Ela é minha amiga. 
* * * 
Você já pensou em ser um doador de sangue? Geralmente só o fazemos quando a necessidade é de um familiar ou um ente querido, mas a solidariedade convida-nos a doar para salvar vidas. Tornando-nos um doador voluntário, estaremos contribuindo grandemente com a sociedade. Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base na história Não há amor maior, de John W. Mansur, disponibilizado na Internet (col. John W. Mansur, extraído de The Missileer). Disponível no CD Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. Em 19.10.2009.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

AMOR CRIATIVO-"NEOQEAV"

Conta um jovem rapaz que seus avós já estavam casados há mais de cinquenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar. A regra do jogo era simples: um tinha que escrever a palavra Neoqeav num lugar inesperado para outro encontrar. Assim que alguém encontrasse a palavra, deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente. Eles se revezavam deixando Neoqeav escrita por toda a casa. Escreviam com os dedos, no açúcar, dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar encontrasse. Por vezes, um dos dois se surpreendia com a palavra Neoqeav escrita na janela embaçada pelo sereno; escrita no vapor deixado no espelho depois de uma ducha quente. A palavra iria reaparecer para o próximo a tomar banho. Uma vez, a vovó desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar Neoqeav na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites para o local onde a palavra pudesse surgir. Pedacinhos de papel com Neoqeav apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos ou deixados debaixo dos travesseiros. Neoqeav era escrita com os dedos, na poeira, sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Essa misteriosa palavra tanto fazia parte da casa quanto da mobília. Seu relacionamento era baseado em afeição apaixonada, como pouca gente tem a felicidade de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro cada vez que se esbarravam, naquela cozinha tão pequena. Sua afinidade era tanta, que um era capaz de completar a frase inacabada do outro. Todos os dias resolviam, juntos, as palavras cruzadas do jornal. Antes de cada refeição eles se reverenciavam, davam graças a Deus por terem uma família maravilhosa, rogando bênçãos para continuarem sempre unidos. Mas uma nuvem escura surgiu na vida do casal: a avó tinha câncer de mama. A doença havia aparecido há dez anos. Como sempre, o esposo estava com ela a cada momento. Ele a confortava quando precisava ficar de repouso em seu quarto amarelo, que ele havia pintado dessa cor para que parecesse a luz do sol. O câncer debilitava cada vez mais o corpo da nobre matrona. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do companheiro, eles iam à igreja toda manhã. A fraqueza chegou a tal ponto, que ela não podia mais sair de casa. Por algum tempo, o avô ia à igreja sozinho, rogando a Deus para zelar por sua esposa. Mas, um dia, o que todos temiam aconteceu: a vovó partiu. Neoqeav foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do seu funeral. Quando os amigos se retiraram, as tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram para agradecer a Deus a bênção de ter desfrutado da convivência de alguém tão nobre. O esposo ficou bem junto do caixão e, após um suspiro demorado, começou a cantar para ela. Com os olhos marejados de lágrimas de profunda emoção, a música surgiu como uma canção de ninar, que brotava das profundezas da alma. O neto conta que jamais irá esquecer daquele momento. Porque ele sabia que, mesmo sem poder entender completamente a profundeza daquele amor, tinha tido a ventura de testemunhar a sua grandeza. 
* * * 
A esta altura, você deve estar se perguntando: Mas o que significa Neoqeav? Pois bem, Neoqeav é uma palavra composta pelas iniciais da frase: 
Nunca esqueça o quanto eu amo você. 
E, certamente, onde quer que se encontre hoje, aquele casal continua a jogar esse jogo criativo. Um jogo que nem a morte nem a distância conseguem evitar.
Redação do Momento Espírita, baseado em texto de autoria ignorada. Em 21.1.2013.
http://momento.com.br/

quarta-feira, 15 de abril de 2015

AMOR CONSISTENTE

Mike Stravers
A adolescência é um período de muita contestação. O adolescente tende a rejeitar tudo que não corresponda à sua ideia de mundo. Alguns ficam irritados com qualquer manifestação pública de amor, por parte dos pais. Mike era um desses. A simples menção da palavra amor o deixava irritado. Num dia difícil, ele entrou em seu quarto como um furacão, bateu a porta e se jogou na cama. Ali estirado, escorregou as mãos por baixo do travesseiro, onde encontrou um envelope, com a seguinte recomendação: Para ler quando estiver sozinho. Como ninguém iria saber mesmo se ele lera ou não, ele abriu e leu. Mike, sei que a vida está dura agora. Sei que você se sente frustrado e que, apesar da nossa boa intenção, nem tudo que fazemos é certo. Mas sei principalmente que amo você demais e nada do que você faça ou diga vai mudar isso. Nunca. Estou aqui para conversar, se você precisar. E, se não precisar, tudo bem. Saiba que não importa aonde você vá ou o que você faça na vida, sempre vou amá-lo e sentir orgulho de tê-lo como filho. Estou aqui por você e o amo. Isso não vai mudar nunca. Com amor. Mamãe. Aquela foi a primeira de muitas cartas. Ele nunca falou a respeito delas para a mãe, até se tornar um adulto. Mas, nos dias atribulados da adolescência, as cartas eram a garantia silenciosa de que ele era amado, incondicionalmente, apesar de tudo. Essa gratuidade do amor de sua mãe o ajudou a superar as crises e revoltas da adolescência, fazendo vir à tona o que ele tinha de melhor. O seu agradecimento a Deus se fez presente mais tarde. Agradecimento pela mãe que teve a sabedoria de discernir o que aquele adolescente precisava. Por ela ter persistido, apesar do seu silêncio e da sua aparente indiferença. Ainda hoje, quando os mares da vida se tornam revoltos, Mike lembra que a segurança de um amor consistente, durável, incondicional, é capaz de mudar uma vida. * * * O adolescente que rejeita tudo que se lhe oferta é, quase sempre, o Espírito rebelde que necessita de maior dose de amor e compreensão. Rebela-se ao amor porque teme a ele se entregar. Rebela-se aos bons conselhos porque guarda dentro d'alma a certeza de que deve modificar sua conduta, e não o deseja fazer, agora. O adolescente é alguém que se encontra em um ponto nevrálgico de sua jornada. Necessita abandonar a infância e se defronta com as posturas do homem velho, que na qualidade de Espírito, traz como herança de si mesmo. Assim, ama esse ser e ampara-o. Esclarece-o, mesmo que pareça desdenhar as palavras dignas. Envolve-o na tua oração de pai ou mãe amorosa e dedica-te, guardando a certeza de que Deus, que por ti vela, também haverá de iluminar as veredas do teu filho. Não desistas nunca da sua orientação porque dia virá em que ele te haverá de agradecer a persistência e a dedicação. E então, poderás observar que ele estará ofertando à sociedade o que o teu amor e a tua perseverança nele semearam de melhor. 
* * * 
A melhor herança que os pais podem dar a seus filhos são alguns minutos de seu tempo todos os dias.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Para ler quando estiver sozinho, de autoria de Mike Straver e pensamento de O. A. Batista, do livro Histórias para aquecer o coração das mães, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante. Em 8.1.2015.

terça-feira, 14 de abril de 2015

AMOR CONJUGAL

PROFESSOR MALBA TAHAN
O grande rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o exército da Líbia e aprisionou um príncipe. Levado à presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento da sentença real. O rei persa coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família: Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me oferecer em troca? Rapidamente respondeu o prisioneiro: Metade do meu reino. Ciro continuou, paciente, a interrogar: E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás? Ainda rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino. Calmo, o conquistador lhe lançou a terceira pergunta: E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa? O príncipe sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram. Reconhecia que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus filhos. Foi só um momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria agora o vencido. Após aquele momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que ressoou em todo o salão, disse: Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa. O grande rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para toda a família. De retorno para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia do monarca persa. Não, disse ela. Não observei. Durante todo o tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a sua própria vida pela minha liberdade. * * * Para quem ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas. O amor conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as conquistas de vitórias. Para os que se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas que não possam ser vencidas. * * * Em todos os departamentos do Universo existe a mensagem do amor, que é o estágio mais elevado do sentimento. O homem somente atinge a plenitude quando ama. Enquanto procura ser amado, sofre infância emocional. Por isso, o importante é amar, mesmo que não se receba a recíproca do ser amado. O que é essencial é amar, sem solicitação. 
Redação do Momento Espírita com base no conto Olhando só para ele, do livro Lendas do Céu e da Terra, de Malba Tahan, ed. Record e pensamentos finais do cap. 2 do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 11.06.2010.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

AMOR COM LIBERDADE

J.RAUL TEIXEIRA
Quando duas pessoas se unem pelo matrimônio não formam um todo único. Embora cada um aceite o outro, nenhum deles tem o direito de exigir ou impor seus interesses e os seus conteúdos. A união conjugal é espontânea e nenhum dos elementos do par estará totalmente liberado como antes da união. Cada um deverá à outra parte atenção e respeito, o que motivará a nobreza de dar satisfação dos seus atos, tanto quanto a participação nas realizações individuais. Tudo isso sem que ninguém se sinta forçado, coagido ou constrangido a qualquer atitude. Anne Morrow era tímida e delicada como uma borboleta. Filha do embaixador do México, conheceu um jovem aventureiro em visita à fronteira do Sul, a serviço do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O jovem viajava para promover a aviação. Por onde quer que passasse, atraía o olhar e a atenção de toda a gente. Ninguém esquecia que ele havia ganhado 40 mil dólares por ter sido o primeiro homem a atravessar o Atlântico pelo ar. O valente piloto e a tímida princesa se apaixonaram perdidamente. Quando Anne passou a se chamar Sra. Charles Lindbergh, não foi ofuscada pela sombra do marido. O amor que os uniria nos 47 anos seguintes foi um amor sólido, maduro, posto à prova em meio a triunfos e tragédias. Nunca o casal conseguiu gozar a tranquilidade do anonimato. Lindbergh era sempre notícia, onde quer que fosse. Era um herói nacional, sempre em evidência. Ela, entretanto, em vez de se ressentir, se sobressaiu como uma das autoras mais conhecidas dos Estados Unidos, uma mulher extremamente respeitada por seus próprios méritos. A receita de sucesso de sua carreira ela descreve da seguinte maneira: O amor profundo é a grande força libertadora e o sentimento mais comum que liberta... O ideal é que o homem e a mulher apaixonados deem liberdade um ao outro para que ambos conheçam mundos novos e diferentes. Eu não fui exceção à regra. O simples fato de sentir-me amada foi inacreditável e modificou meu mundo, meus sentimentos em relação à vida e a mim mesma. Adquiri confiança, força e praticamente um novo caráter. O homem com quem eu ia me casar acreditava em mim e no que eu era capaz de fazer e, por conseguinte, descobri que podia fazer mais do que imaginava. Estamos falando do amor de um marido, um amor forte o bastante para transmitir confiança e, ao mesmo tempo, generoso para ceder. Sempre próximo para abraçar e, ao mesmo tempo, solto para se deixar enlevar. Com suficiente magnetismo para prender e, ao mesmo tempo, magnânimo a ponto de dar asas... para permitir o voo da esposa. Nunca teve crises de ciúme quando alguém aplaudia o talento dela e admirava a sua competência. O homem seguro de si guardou a rede de caçar borboletas para que a sua borboleta pudesse bater asas e voar. 
* * * 
Ser homem ou mulher, nas engrenagens da reencarnação, são posições escolhidas ou sugeridas no Mundo dos invisíveis, a fim de que o Espírito possa desempenhar-se bem no conjunto dos seus compromissos do progresso. Um não é mais importante do que o outro e ambos são convocados pelas Leis do Infinito para o avanço moral, o crescimento intelectual, enfim, o desenvolvimento de todas as virtudes potenciais do íntimo. A união deve propiciar o entrelaçamento das mãos, apoiando-se um ao outro na empresa conjugal, para que proliferem as bênçãos de harmonia e ternura que cada um dos consorciados merece viver. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Amor sem repressão, de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para aquecer o coração da mulher, de Alice Gray, ed. United Press e cap. 7, do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 11.06.2010.
http://momento.com.br/

domingo, 12 de abril de 2015

AMOR À TODA PROVA

Quando os filhos nascem são amados, de forma incondicional, pelas mães. Contudo, à medida que o tempo passa, que os dias se somam e as tribulações, as canseiras vão sendo adicionadas, parece que tudo se transforma em rotina. Até o amor. No entanto, basta qualquer coisa acontecer com o filho e eis o amor, de forma incondicional, se apresentando. É um sentimento intenso, gratificante, capaz de coisas inacreditáveis. Mães que atravessam anos à cabeceira do filho doente, que movem céus e terra para os ver, de novo, sadios. Nada é demasiado para aquele ser amado. Recordamos de uma mãe, ainda jovem, com a filha nos braços. A menina era portadora de síndrome incomum e os meses se arrastavam, penosos, com peregrinação materna na ala especializada do hospital. Naquele dia, com a pequena nos braços, Luciana estava ali, outra vez. E aguardava pacientemente, aconchegando ao peito seu tesouro. Chamou-lhe a atenção um senhor, ao seu lado, que de tudo reclamava. De tudo mesmo. Era um resmungo atrás do outro. Em certo momento, ele desabafou: A única alegria que tenho é minha filha. Ela é minha razão de viver. Se não fosse por ela, eu já teria desistido. Então, a mãe corajosa o olhou profundamente e lhe disse: Pois, então, senhor, quando estiver se sentindo mal e tiver vontade de reclamar, de achar que a vida o está castigando, agradeça a Deus por não ser sua filha a sofrer tudo isso. Digo isso porque eu daria tudo para estar no lugar da minha filha. O senhor se calou, assustado. Lágrimas lhe vieram aos olhos ao ver aquela mãe tão sofrida. * * * E é assim em todo lugar. A coragem materna se manifestando. Por vezes, até, um coração materno ao outro socorre. Foi o que aconteceu em outra ala hospitalar. Na recepção, estava a mulher. Magra, lenço à cabeça. Portadora de leucemia, muito jovem, duas filhas pequenas. Havia um certo desencanto no olhar. Esse olhar de quem sabe que tem o passaporte da vida vistado para o Além. Ela fora submetida a um transplante de medula e não resultara exitoso. A leucemia, implacável, lhe determinava pouco tempo de vida física. Ali, ao seu lado, estava Luciana, com a filha nos braços, pequena, magra, doentinha. Trocaram confidências as duas mães. Luciana buscava dizer à outra que continuasse a lutar, que não desistisse. Era possível que o quadro revertesse. Então, a jovem desenganada, com o mais doce dos sorrisos, olhando emocionada para Luciana, disse: Apesar de tudo que sofri e tenho passado, apesar de talvez eu não poder ver minhas filhas crescerem, digo que, de forma alguma, desejaria estar em seu lugar. * * * Ouvindo esses depoimentos, pais e mães, agradeçamos a Deus os filhos sadios que nos exigem tanto; os filhos enfermos que dilaceram nossos corações com suas dores. E quando o dia for de cansaço e rotina, superemos. E fiquemos ao lado dos nossos filhos, intensamente, por quinze, vinte ou trinta minutos. Isso porque é maravilhoso ter um filho para amar! 
Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida de Luciana Costa Macedo. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. Em 30.3.2015.

sábado, 11 de abril de 2015

AMOR A SI MESMO!

DIVALDO PEREIRA FRANCO
A síntese proposta por Jesus, em torno do amor, é das mais belas psicoterapias que se conhece: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ante a impossibilidade de o homem amar a Deus em plenitude, já que tem dificuldade em conceber o absoluto, realiza o mister, invertendo a ordem do ensinamento,amando-se de início, a fim de desenvolver as aptidões que lhe dormem em latência. Esforçando-se para adquirir valores iluminativos a cada momento, cresce na direção do amor ao próximo, decorrência natural do autoamor, já que o outro é extensão dele mesmo. Então, finalmente conquista o amor a Deus, em uma transcendência incomparável, na qual o amor predomina em todas as emoções e é o responsável por todos os atos. O Espírito Joanna de Ângelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, apresenta a necessidade primeira de autoamor, como alavanca fundamental para a conquista de todas as esferas desse sentimento supremo. Mas, de que forma amar a si mesmo? O como a si mesmo, da proposta de Jesus, é um imperativo que não deve ser confundido com o egoísmo, ou o egocentrismo. Amar a si mesmo significa respeito e direito à vida, à felicidade que o indivíduo tem e merece. Trata-se de um amor preservador da paz, do culto aos hábitos sadios e dos cuidados morais, espirituais e intelectuais para consigo mesmo. É sempre estar fazendo as melhores escolhas para si mesmo, vendo-se como Espírito imortal, sem nunca deixar de respeitar, obviamente, o bem comum. Quando escolho amar mais minha família, dedicando-me inteiramente aos relacionamentos, cultivando a paciência e a tolerância, estou amando a mim mesmo. Quando escolho perdoar e deixar de levar comigo o peso de uma mágoa, estou amando a mim mesmo. Quando escolho aprender, buscando aprimoramento intelectual nas áreas do conhecimento de meu interesse, estou me autoamando. Quando me aceito como sou e vejo em minhas imperfeições situações temporárias - uma vez que me esforço para corrigir meus erros - estou amando a mim mesmo. Quando me dedico, diariamente, ao exame de consciência, à meditação, ao autoconhecimento, estou dando provas de amor a mim mesmo. São exemplos de atitudes, de pensamentos e sentimentos que elevam nossa autoestima - que é este julgamento que fazemos de nós mesmos - e nos empurram sempre para frente, para a felicidade. O autoamor proporciona uma visão mais clara de quem se é, do que se deseja e do que não se deseja para si. É através dele que estabelecemos metas para nossa existência: metas educacionais, familiares, sociais, artísticas, econômicas e espirituais, pensando em nós não apenas agora, mas nos cuidados para com o futuro. Somos todos importantes. Criaturas únicas no Universo que buscam a felicidade através do aprender a amar: a si, ao outro e a Deus. Ame a você mesmo... Enquanto é hoje. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13, do livro Amor, imbatível amor, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 15.11.2011

sexta-feira, 10 de abril de 2015

AMOR À PÁTRIA

Tem se tornado comum utilizar a bandeira nacional em momentos de comoção, de torcida por jogos mundiais ou lutas partidárias. Faz-se, então, do símbolo da Pátria um verdadeiro escudo, chegando-se, inclusive, a enrolá-la no próprio corpo, à guisa de vestimenta. Agitam-se o verde e o amarelo em dias de euforia ou de profunda tristeza. Apesar de tais manifestações explosivas, o que se verifica, no dia a dia, é um grande desamor ao solo pátrio. Não é raro se ouvir afirmações pejorativas sobre o País, e as palavras: subdesenvolvido, terra de ignorantes e país de Terceiro Mundo surgem abundantes. Faz-se referências aos problemas do País, comparando-o com o Velho Mundo e sua cultura. Preciso é que não esqueçamos de que o Brasil é ainda um adolescente, com pouco mais de 500 anos. O Velho Mundo conta com milênios de experiência. Natural que o adolescente, pela própria fase de autoafirmação, apresente turbulências e desacertos. O de que carecemos é assumir verdadeira postura patriótica, que não significa simplesmente encher a boca e falar: Sou brasileiro, quando o País se encontre às vésperas de disputar campeonatos internacionais ou se destaca em algum outro campo. Importante que tomemos consciência de que o País melhor somente se construirá a partir das consciências individuais esclarecidas e operantes. Não podemos almejar que a corrupção desapareça do meio público se, em nosso lar, no relacionamento interpessoal, agimos como corruptos. Quem pode, em sã consciência, afirmar que trabalha pelo bem da comunidade brasileira? Que temos feito para melhorar o padrão cultural do povo? Temos nos empenhado em alfabetizar um adulto? Temos nos oferecido para apadrinhar uma criança, permitindo-lhe o livre acesso à escola que a instrua? Temos nos oferecido como voluntários para aprimorar o padrão de urbanismo em nosso bairro? Colocamos o lixo bem acondicionado em sacos, para evitar a exalação do mau cheiro, tanto quanto facilitado a tarefa dos nossos conterrâneos lixeiros? Temos respeitado as leis ou ainda somos discípulos da doutrina do jeitinho brasileiro? O País é sempre o retrato dos que o compõem. Feliz ou infeliz, nobre ou vil, é a soma dos indivíduos que nele se nutrem. Honrados com a chance de habitar um País tropical, Coração do mundo e Pátria do Evangelho, cabe-nos o dever inadiável de realizar o melhor, por mínima parcela de gratidão que seja. Quando assim procedermos teremos aprendido a lição do amor à Pátria, a terra em que renascemos ou que nos adotou. Nesse dia, sem medo, nos será permitido cantar com o compositor popular: Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil... 
* * * 
Pelo processo da reencarnação habitamos países diferentes, em vidas diversas. Isto nos dá a nota da fraternidade que deve reger as relações entre os povos. Também a da gratidão para cada rincão que nos recebe, proporcionando-nos a possibilidade de renascimento que, em síntese, é sinônimo de progresso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. Em 9.1.2014.
http://momento.com.br/

quinta-feira, 9 de abril de 2015

AMOR AOS DESAFETOS

O amor resume toda a Doutrina do Mestre Jesus. Em resposta à pergunta dos fariseus, sobre qual era o maior mandamento, ensinou que o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos resumia toda a Lei. Mas quem será o próximo? Será apenas aquele que nos ama? Em outra passagem do Evangelho, o Rabi nos recomenda que amemos nossos inimigos, que façamos o bem a quem nos odeia e que oremos pelos que nos perseguem e caluniam. O Mestre nos fala que nenhum mérito teremos em amar somente quem nos ama ou fazermos o bem somente a quem nos faz o bem. Amar quem nos ama, quem nos trata bem, quem para nós só tem pensamentos bons não nos exige qualquer esforço, é natural de nossa parte. Sorrir a quem nos sorri, ser amável a quem é amável para conosco é fácil. O que ocorre, no entanto, é que costumamos amar somente quem tem atitudes amáveis para conosco. Poucos agimos com amor para com aqueles que não conseguem nos amar. A ideia de amar quem nos prejudica, quem para nós só tem pensamentos negativos, pode nos parecer um tanto absurda. No entanto, é preciso entendamos o que o Mestre nos quis transmitir. Ele não quis nos dizer que tenhamos para com nosso inimigo a ternura que dispensamos aos nossos amigos e irmãos, pois a ternura pressupõe confiança. Não se tem confiança verdadeira em quem nos dirige pensamentos negativos, pois os pensamentos criam uma corrente de fluidos e, se esses são impregnados negativamente, não há como inspirar bons sentimentos. Mas não devemos, em troca, emitir o mesmo padrão de pensamentos. Ou ter o mesmo tipo de atitudes de quem nos prejudica, pois assim nos igualamos a eles. Amar os inimigos não é, portanto, ter para com eles uma afeição que não é compatível com os sentimentos negativos que deles emanam e aos quais não somos indiferentes. Mas é não guardar ódio ou rancor ou desejo de vingança. Amar os inimigos é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem quaisquer condições impostas, o mal que nos tenham causado. É não opor nenhuma restrição à re
conciliação com eles, é desejar-lhes o bem e não o mal, é experimentar alegria com o bem que lhes aconteça, é ajudá-los, se possível. É, por fim, jamais emitir pensamentos ruins e, muito menos ter atitudes negativas para com eles, abstendo-se por palavras ou por atos, de tudo aquilo que os possa prejudicar. Como Jesus nos recomendou, é oferecer a outra face, a face da benevolência e do perdão, frente alguma agressão moral, física ou material. É agir com caridade, pois, se amar o próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação deste princípio, e tal virtude representa uma das maiores vitórias contra o egoísmo e o orgulho. 
Redação do Momento Espírita com base nos cap. XI e XII do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 09.04.2010.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

AMOR AOS ANIMAIS

Nicole Grahan
Em fevereiro de 2012, o jornal Daily Mail noticiou que uma australiana, chamada Nicole Graham, e sua filha passeavam em dois cavalos numa praia em Melbourne, na Austrália, quando caíram em um atoleiro semelhante à areia movediça. Nicole conseguiu se arrastar na lama para ajudar a filha e um dos animais mas, o cavalo chamado Astro, que montava, acabou ficando preso. Sua filha saiu em busca de socorro. Nicole estava segura e poderia se manter fora do atoleiro, mas não o fez. Percebeu que quanto mais seu estimado animal se movimentava, na tentativa de levantar, mais seu corpo submergia. Sentou-se, então, ao lado dele tentando acalmá-lo. Nesse momento quase todo o corpo do animal se encontrava soterrado. Correndo risco de morte e com o corpo parcialmente coberto pela areia, Nicole permaneceu por três horas com os braços ao redor da cabeça do cavalo, tentando mantê-la erguida, de modo que ficasse para fora da lama até o socorro chegar. À medida que o tempo passava, o animal corria também risco de afogamento, pois estava à beira-mar e o nível da água subia rapidamente, ao redor do ponto onde ele estava atolado. Numa cena emocionante de desespero e solidariedade, aquela mulher arriscou a própria vida para salvar a do animal. Demonstrou o quanto o ser humano é capaz de amar a Criação Divina. Ela não abandonou seu cavalo enquanto ele não foi salvo. Minutos antes da água tomar conta do local, as equipes de resgate conseguiram tirar Astro da lama. * * * É dever do ser humano respeitar e proteger todas as formas de vida. Os diversos animais que rodeiam nossa existência, no planeta Terra, são também criaturas de Deus e devem ser considerados como irmãos menores. Podemos nos servir deles sempre que necessário, mas nenhum direito é em si ilimitado. Eles não estão no mundo com a única finalidade de serem úteis aos homens e devemos ter consciência de que o exercício abusivo de qualquer direito é sempre reprovável. Deus colocou os animais sob nossa guarda. Temos, portanto, o dever de protegê-los. As pessoas que amam e cultivam a convivência com os animais, se observarem com atenção, verificarão que várias espécies são portadoras de qualidades que consideramos humanas. São capazes de ter paciência, prudência, vigilância, obediência e disciplina. Demonstram, muitas vezes, sensibilidade, carinho e fidelidade. Têm sua linguagem própria, seus afetos e sua inteligência rudimentar. Dão-nos a ideia de que quanto mais perto se encontram das criaturas humanas, mais se lhes assemelham. Na convivência com esses seres, devemos estabelecer o limite entre o que é realmente necessário e o que é supérfluo. Quando estiverem sob nossos cuidados ofereçamos-lhes alimentação adequada, afeto, condições básicas de higiene e tratamento para a saúde sempre que necessário. Reflitamos sobre como temos agido em relação a esses companheiros de jornada. Redação do Momento Espírita. Em 5.10.2012.

terça-feira, 7 de abril de 2015

AMOR AO PRÓXIMO

A orientação do Cristo para que amemos o próximo como a nós mesmos é fácil de ser repetida, mas ainda está um tanto distante de ser vivida. Quando Jesus faz essa recomendação, não estabelece nenhuma condição, simplesmente recomenda que amemos. Todavia, temos a tendência de consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de vista. Nosso devotamento costuma ser caloroso para com os que concordam com o nosso modo de ver, com nossos hábitos enraizados e princípios sociais. Esquecemo-nos de que nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis. É importante desintegrarmos a concha do nosso egoísmo para dedicarmos o amor ao próximo conforme o recomenda Jesus. Não pela servidão afetiva com que se ligam ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se dedicam em favor do bem comum. Se amamos alguém tão só pela beleza física, provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo. Se estimamos em algum amigo apenas a oratória brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve. Se o móvel da nossa suposta afeição são os bens materiais, lembremos que esses são passageiros como as flores de um dia. É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida superior. É bem verdade que existem pessoas com as quais não trocamos afetividades. Diríamos até que a presença de algumas pessoas nos causam aversão. Todavia, se não as conseguimos amar, é importante que não lhes desejemos o mal. Que quebremos de vez por todas as pesadas algemas do desafeto, não lhes enviando vibrações negativas. Jesus recomenda que amemos os nossos inimigos, mas dedicar amor aos inimigos ainda é muito difícil, no atual estágio evolutivo da Terra. Todavia, não é impossível. Basta que comecemos a ver os nossos supostos inimigos como irmãos que carecem do amor de Deus tanto quanto nós. O primeiro passo é intensificar o afeto aos que nos são simpáticos. Depois, dedicar atenção aos que nos são indiferentes: porteiros, carteiros, frentistas, ascensoristas, entre outros. Em seguida, tolerar os que nos causam aversão. Assim, quando menos esperarmos, o amor ao próximo já será uma constante em nossos corações. É preciso darmos o primeiro passo, e continuarmos firmes. Eis aí o grande desafio! 
* * * 
Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque um dia compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com Ele, na melhoria da vida, dentro e fora de nós. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Pelas obras, do livro Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em 26.6.2013.