sexta-feira, 31 de outubro de 2025

AS MORADAS DO PAI

DIVALDO PEREIRA FRANCO(✝︎)
JONNA DE ÂNGELIS(espírito)
Você já se surpreendeu olhando o firmamento à noite e se encantando com as estrelas? 
Já parou para pensar para que existem tantos pontos luminosos no espaço? 
Povos antigos, intrigados com a beleza e o brilho desses sóis, criaram lendas. 
Falavam que as estrelas eram gotículas do suor do grande Criador. 
Após realizar o labor da Criação, Ele passara a mão na testa, retirara o suor e o lançara no espaço. 
Por acreditarem que a Terra era revestida por uma abóbada fechada, muitos cogitaram de que os pontos luminosos fossem buraquinhos no céu, por onde se coasse a luz. Igualzinho a um tecido esgarçado, colocado contra o sol. 
Hoje, sabemos que as estrelas são sóis e não estão colocadas no firmamento para nosso exclusivo deleite.
Afirmam que são duas mil e quinhentas as que podem ser vistas a olho nu. 
E devem ter um objetivo sério, racional para existirem. 
Por que criaria Deus algo improdutivo? 
Além das estrelas, existem disseminados no espaço mundos e sistemas. 
A Terra longe está de ser um planeta dos mais importantes na economia universal. 
O nosso sol é uma estrela de quinta grandeza. 
Existem muitos sóis mais poderosos do que o nosso. 
São tantos que, se considerarmos dois planetas para cada um deles, poderemos contar duzentos bilhões em nossa galáxia.
No concerto das probabilidades, se somente um por cento deles tiver as mesmas condições e idades da Terra, teremos dois bilhões de planetas com as mesmas condições daquele em que vivemos. 
É de se perguntar – Por que não serem habitados?
Considerando-se que existem planetas muito mais antigos do que a Terra, podemos cogitar de mundos mais avançados.
Possuidores de maiores conhecimentos, de mais conquistas.
Afirmar que a vida inteligente não é patrimônio exclusivo do nosso pequeno planeta não é extraordinário, nem temerário.
Não repugna nem à inteligência, nem à cultura. 
A pluralidade dos mundos habitados foi ensinada por Jesus:
-As muitas moradas do pai. Se não fosse assim – afirmou - Eu vos teria dito. 
Contemplando esses ninhos luminosos no céu, a alma sonha com a evolução e se enche de esperança. 
Quantos deles conheceremos um dia? 
Lares em que vivemos. Lares em que viveremos. 
Oceanos de saber e de arte, por enquanto, impenetráveis. 
A doutrina da pluralidade dos mundos habitados é de fraternidade. 
Compreende-se melhor a Sabedoria Divina, entende-se como a imensa Humanidade se encontra espalhada em muitos mundos. 
Pensa-se na fraternidade universal. 
Você sabia? Você sabia que, se tomássemos um veículo que se movimentasse com a velocidade da luz, que partisse da Terra para alcançar a extremidade da nossa galáxia, gastaríamos a bagatela de cinquenta mil anos-luz? 
E não esqueça: a velocidade da luz é de trezentos mil quilômetros por segundo. 
Já imaginou que imenso Universo temos a conhecer e a percorrer? 
Quantas vidas demoraremos para adentrarmos mundos melhores? 
Não importa. 
Um dia, essas resplandecentes moradas do Pai nos servirão de lar, como hoje a nossa Terra nos recebe e sustenta.
Redação do Mundo Espírita, com base no cap. 2, do livro No limiar do Infinito, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 03.02.2014.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

UMA MORADA DIFERENTE

Eu desejo ter uma casa com janelas enormes por onde o sol possa penetrar sempre, até sumir na linha do horizonte. 
De portas bem largas e escancaradas para que a lua brilhe intensamente nas noites prateadas. 
Sem grades que me impeçam de tocar as flores, e sem muros para fazer barreira aos ventos que trazem sementes de alegria. 
Com folhagens na varanda oferecendo beleza e perfume a quem mora na vizinhança. 
Uma casa que ninguém ouse invadir, porque estará sempre de portas abertas para quem quiser entrar. 
Que tenha paredes invisíveis feitas de abraços, carinho e afeição. 
Onde os sonhos brinquem sem medo, e de onde a fantasia não fuja. 
Uma casa onde habite a paz e os raios de luz estejam por todos os cantos. 
Com amores-perfeitos, gerânios e bromélias plantados ao redor, acariciando as pedras dos seus alicerces. 
Roseiras, girassóis e margaridas são indispensáveis, no jardim. 
Uma casa que tenha bancos de madeira, para um breve descanso ao final do dia... 
E, junto ao banco, uma árvore com galhos fortes e seguros, onde os pássaros possam fazer seus ninhos. 
O entardecer requer gorjeios melodiosos e as manhãs exigem as sinfonias sonoras de aves variadas. 
E o mais importante é que a casa tenha, por dentro e por fora, a chama do amor sempre crepitante. 
Uma casa que tenha risos de crianças e onde os sonhos da infância ainda estejam vivos, guardados na lembrança para aquecer a alma. 
Por fim, uma casa onde exista sempre a figura do amor. 
Amor de mãe, de pai, de irmão ou de marido. 
Amor de esposa ou de irmã, de tia ou de avó. 
Ou, pelo menos, a companhia de um gato ou de um cão, ou qualquer bicho de estimação. 
Essa casa não precisa necessariamente ser como as casas comuns. 
Ela pode se tornar realidade, portas adentro da alma. 
Pode adquirir vida em nossa intimidade.
* * * 
Você já pensou em construir uma casa assim? 
Com janelas amplas, portas largas, sem grades, e com jardins floridos? 
Para isso não serão necessários engenheiros, arquitetos, tijolos, cimento nem areia... 
É uma construção que demanda apenas a vontade de ser livre, sem grades de preconceito, de sectarismo, de insulamento infeliz. 
E o mais importante é que está ao alcance de ricos e pobres, instruídos e iletrados, jovens ou velhos... 
É só uma questão de acionar a vontade e construir uma morada diferente, apesar de tudo. 
Você é muito maior do que sua casa física, você é do tamanho da sua imaginação. 
É o que vamos encontrar nos versos do ilustre poeta português Fernando Pessoa: 
Da minha aldeia vejo quanto da Terra se pode ver do Universo... 
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura... 
Pense nisso, e abra as portas e janelas da alma que lhe dão acesso ao infinito... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.07.2009.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

A MONTANHA E A PLANÍCIE

KALIL GIBRAN
O que devo dizer sobre Seu discurso?
Talvez algo sobre Sua pessoa conferir poder a Suas palavras e embalar aqueles que O ouviram. 
Pois Ele era gracioso, e o brilho do dia encontrava-se em Seu semblante. 
Ele contava uma história ou narrava uma parábola, e o conteúdo de Suas histórias e parábolas nunca fora ouvido na Síria.
Ele parecia tecê-las com o sabor das estações, como o tempo tece os anos e as gerações. 
Ele começava uma história assim: 
“O lavrador encaminhou-se ao campo para plantar suas sementes.” 
Ou: “Havia um homem muito rico que possuía diversos vinhedos.” 
Ou: “Um pastor contou suas ovelhas ao cair da noite e descobriu que faltava uma.” 
E essas palavras conduziam Seus ouvintes ao ser mais simples dentro de si e aos mais remotos de seus dias. 
* * * 
No coração, somos todos lavradores e todos amamos os vinhedos. 
E, nos pastos de nossa memória, há um pastor e um rebanho e a ovelha perdida. 
E há a relha do arado e a prensa do lagar e a eira. 
Ele conhecia a fonte de nosso ser mais remoto e o persistente fio do qual somos tecidos. 
Os oradores gregos e os romanos falavam para seus ouvintes da vida como ela parecia à mente. 
O Nazareno falava de um anseio que se alojava no coração.
Eles viam a vida com olhos apenas um pouco mais claros do que os vossos ou os meus. 
Ele via a vida à luz de Deus. Costumo pensar que Ele falava às multidões como uma montanha falaria à planície. 
* * * 
Jesus é a montanha e todos nós, Espíritos em evolução, somos a imensa planície terrestre. 
Dentre nós, temos aqueles que, ainda de cabeça baixa ao longo das eras, nem vislumbramos a cordilheira exuberante.
Outros, que já a encontramos no horizonte, permanecemos em estado de contemplação constante e distante. 
A montanha não existe apenas para ser contemplada pela gigantesca planície, ela está lá para ensinar a planície a alcançar as nuvens. 
E finalmente, temos aqueles que desejam ser montanha e trabalham para isso. 
Não se queixam por não estarem no Alto como o Mestre, e extraem dEle o estímulo e o exemplo para continuar. 
Fomos criados planície, mas nosso destino final é ser montanha. 
Alguns já somos pequenos montes, serras discretas, seguindo, contudo, o caminho certo rumo ao Alto. 
Não o alto das nuvens ou do céu, simbólicos, mas ao alto da evolução, do amor completo na alma. 
Sigamos a montanha Jesus, não como meros contempladores inertes, mas como imitadores ativos, perguntando:
-O que Ele faria nesta situação? Qual o caminho que Ele apontaria? O que a Montanha tem a me dizer neste momento? 
E tenhamos certeza de que a Montanha, observando a planície, com muito amor e carinho, estenderá Seus braços desvelados para nos ajudar sempre que precisarmos dela. 
* * * 
Costumo pensar que Ele falava às multidões como uma montanha falaria à planície. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Asaf, chamado orador de Tiro, do livro Jesus, o Filho do Homem, de Khalil Gibran, ed. Ediouro. 
Em 20.02.2015.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

A BATALHA DA PAZ

MAURICE DRUON
O panorama do mundo nos assusta.
As imagens de tragédia e desolação, de crianças famintas, mulheres suplicando alimento para os filhos, são angustiantes. 
Idosos contemplam a vida que construíram ser reduzida a pó.
Olhamos para os rostos infantis e nos indagamos se chegarão a conhecer a paz antes de morrerem à fome ou ante a violência dos combates que não os poupam. 
Sentimos na alma a dor do mundo.
Vemos os povos se digladiarem, irmãos se matarem. 
Para quê? Por quê? 
Por disputas de poder, por ambições que não cabem no coração humano. 
Somos uma única família, ocupando os espaços do mesmo lar, a Terra. 
Sonhos e medos em todas as latitudes são bem parecidos. 
Se avaliarmos com profundidade, veremos que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide. 
A dor pela morte do filho é a mesma em nós e em nosso vizinho. 
O descobrir que tudo desaba ao redor, que não temos segurança de vida para o momento seguinte é o mesmo para qualquer um de nós. 
Está na hora de pararmos com essa loucura. 
Deixar de lado ideias tolas, divisões territoriais, bandeiras e hinos que nos separam. 
Assistimos os governantes se sentarem à mesa para conversar, para negociar, sem chegarem a um entendimento.
E nossa memória evoca a figura de um menino que conseguiu acabar com uma terrível guerra. 
Verdade que é somente uma história em um livro. 
Mas como seria bom se aquele menino do dedo verde, pudesse andar pelas estradas dos combates e realizar a sua magia. 
Como seria bom se, em determinado momento, os exércitos fossem surpreendidos com plantas trepadeiras se enraizando nas caixas de armamentos. 
Como seria extraordinário se a hera e a erva-de-passarinho formassem um espesso emaranhado em torno das metralhadoras. 
O que fariam os soldados se desabrochassem flores dos seus fuzis? 
Como seria salutar se, nos reservatórios das bombas, dos drones se alojassem flores. 
À menor pressão para acionar essas ferramentas de morte, elas desabrochariam abundantes. 
Os tanques e os mísseis estariam abastecidos de roseiras bravas, madressilvas e buganvílias. 
Ao simples toque, arrebentariam em raízes, cachos, ramos espinhentos em torno de si. 
Nenhum instrumento de guerra seria poupado dessa invasão.
Imaginemos os lança-mísseis ajustarem a rota para o alvo e explodirem flores. 
Uma chuva de amores-perfeitos, papoulas e miosótis se abateriam sobre os continentes de um e de outro lado. 
Se isso acontecesse, os exércitos finalmente selariam a paz.
Cada qual voltaria para seu país, para sua gente, retomando a vida familiar, profissional. 
Como gostaríamos que muitos dedos verdes pudessem andar pelos campos de batalha e realizar essa magia impressionante. 
Quem continuaria a guerrear com flores? 
Flores falam de amizade, de amor, de bem-querer. 
Flores são dadas para os afetos, os amores. 
Neste dia, em nome do amor, desejamos profundamente que isso aconteça. 
Afinal, se não temos dedo verde, trazemos todos a essência do amor no coração. 
Acionemo-la. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 16, do livro O menino do dedo verde, de Maurice Druon, ed. José Olympio. 
Em 28.10.2025

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O LÁ DO OBOÉ

AMÉLIA RODRIGUES(espírito)
DIVALDO PEREIRA FRANCO(✝︎)
Você já reparou naquele momento que antecede o início de qualquer obra apresentada por uma orquestra? 
Os músicos estão no palco, cada qual em seu devido lugar.
Usualmente, o oboé dá uma primeira nota. Aquele é um lá. 
Ele serve para a afinação geral. 
Logo, os demais instrumentos de sopro buscarão imitá-lo, procurando o mesmo lá, procedendo a qualquer ajuste necessário. 
Quase simultaneamente, os outros grupos da orquestra farão o mesmo: irão atrás da mesma nota. 
Uma regulagem fina aqui, outra ali. 
Pronto, estarão todos na mesma afinação. 
O lá é o mesmo para todos, o que significa que as outras notas também estarão afinadas. 
Esse lá, chamado lá 440, é fundamental, pois se cada instrumento tivesse uma afinação distinta, a sonoridade que ouviríamos seria horrível, dissonante, estranha aos ouvidos.
No ano de 1711, o músico inglês John Shore inventou o diapasão metálico, utilizado até hoje, superando os feitos de madeira que eram usados até então, bastante instáveis.
Aquele pequeno dispositivo, com duas hastes, emite o mesmo lá, e serve para referência de cantores e instrumentistas. 
* * * 
Pensando em nossa vida moral, pensando em nosso destino e desejo de fazer boa música na alma, percebemos que esse lá é fundamental. 
Sem essa referência primeira, mesmo que toquemos as mesmas notas de uma partitura, elas soarão diferentes. 
Qual seria, então, em nossa vida moral, essa nota? 
Jesus. Sem dúvida, Jesus. 
Ele foi e ainda é aquele primeiro oboé da orquestra do planeta, que soou a nota perfeita para que todos a imitássemos.
Jesus, Modelo e Guia da Humanidade, é o som fundamental, o afinador das nossas vidas. 
Como bons músicos, o que devemos fazer toda vez que ouvimos o seu lá? 
Primeiro, ouvir com atenção, com presença e humildade.
Todos os sentidos devem estar presentes para que captemos aquela nota. 
Ela precisa estar em nossa mente para que, ao tocarmos o nosso instrumento, possa ser imitada com precisão. 
Em seguida, a ação, tocar e tocar, quanto precisar, até que cheguemos à devida afinação. 
Fazer as regulagens, os ajustes. Se preciso, trocar embocaduras, cordas, peças, até que estejamos prontos, aptos a igualar aquele som perfeito. 
Depois de dois mil anos ouvindo a nota, muitos ainda continuamos desafinados... 
Por vezes, estamos tocando, olhando a mesma pauta, mas tudo sai tão distinto! 
Falta de afinação com o Mestre! 
Dois mil anos e a nota ainda soa! 
Que músico fenomenal! 
Façamos silêncio em nossas almas e ouçamos mais uma vez.
Silenciemos nossas vaidades, nossos desejos efêmeros, e ouçamos como se estivéssemos ouvindo pela primeira vez, como um daqueles homens e mulheres simples que escutaram o discurso eloquente de um Galileu que falava do alto de um monte. 
Todos quantos dEle se acercavam para ouvi-lO ficavam maravilhados ante a melodia do verbo e a profundidade do ensinamento. 
Ouçamos e depois pratiquemos. 
Dia após dia. 
Deixemos que o lá fundamental de Jesus penetre fundo em nosso Espírito e não mais o abandone. 
Perceberemos que a música dos dias se fará cada vez mais agradável e bela. 
Redação do Momento Espírita, com frase do cap. 19, do livro Vivendo com Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 27.10.2025

domingo, 26 de outubro de 2025

A MONTANHA DA VIDA

Waldemar Niclevicz
A vida pode ser comparada à conquista de uma montanha.
Como a vida, ela possui altos e baixos. 
Para ser conquistada, deve merecer detalhada observação, a fim de que a chegada ao topo se dê com sucesso. 
Todo alpinista sabe que deve ter equipamento apropriado.
Quanto mais alta a montanha, maiores os cuidados e mais detalhados os preparativos. 
No momento da escalada, o início parece ser fácil. 
Quanto mais subimos, mais árduo vai se tornando o caminho.
Chegando a uma primeira etapa, necessitamos de toda a força para prosseguir. 
O importante é perseguir o ideal: chegar ao topo. 
À medida que subimos, o panorama que se descortina é maravilhoso. 
As paisagens se desdobram à vista, mostrando-nos o verde intenso das árvores, as rochas pontiagudas desafiando o céu.
Lá embaixo, as casas dos homens tão pequenas... 
É dali, do alto, que percebemos que os nossos problemas, aqueles que já foram superados são do tamanho daquelas casinhas. 
Pode acontecer que um pequeno descuido nos faça perder o equilíbrio e rolamos montanha abaixo. 
Batemos com violência em algum arbusto e podemos ficar presos na frincha de uma pedra. 
É aí que precisamos de um amigo para nos auxiliar. 
Podemos estar machucados, feridos ao ponto de não conseguir, por nós mesmos, sair do lugar. 
O amigo vem e nos cura os ferimentos. 
Estende-nos as mãos, puxa-nos e nos auxilia a recomeçar a escalada. 
Os pés e as mãos vão se firmando, a corda nos prende ao amigo que nos puxa para a subida. 
Na longa jornada, os espaços acima vão sendo conquistados dia a dia. 
Por vezes, o ar parece tão rarefeito que sentimos dificuldade para respirar. 
O que nos salva é o equipamento certo para este momento.
Depois vêm as tempestades de neve, os ventos gélidos que são os problemas e as dificuldades que ainda não superamos.
Se escorregamos numa ladeira de incertezas, podemos usar as nossas habilidades para parar e voltar de novo. 
Se caímos num buraco de falsidade de alguém que estava coberto de neve, sabemos a técnica para nos levantar sem torcer o pé e sem machucar quem esteja por perto. 
Para a escalada da montanha da vida, é preciso aprender a subir e descer, cair e levantar, mas voltar sempre com a mesma coragem. 
Não desistir nunca de uma nova felicidade, uma nova caminhada, uma nova paisagem, até chegar ao topo da montanha. 
* * * 
Para os alpinistas, os mais altos picos são os que mais os atraem. 
Eles desejam alcançar o topo e se esmeram. 
Preparam-se durante meses. 
Selecionam equipe, material e depois se dispõem para a grande conquista. 
Um desses arrojados alpinistas, Waldemar Nicliewicz, o brasileiro que conquistou o Everest, disse: 
-Quem de nós não quer chegar ao alto de sua própria montanha? 
Todos nós temos um desejo, um sonho, um objetivo, um verdadeiro Everest. 
E este Everest não tem 8.848 metros de altitude, nem está entre a China e o Nepal. 
Este Everest está dentro de nós.
É preciso ir em busca deste Everest, de nossa mais profunda realização. 
Redação do Momento Espírita, baseado em texto de Waldemar Nicliewicz, colhido da Internet. Disponível no CD Momento Espírita, v. 6, ed. Fep. 
Em 25.03.2009.

sábado, 25 de outubro de 2025

MOMENTOS MÁGICOS

Ed Landry
A história é narrada por Ed Landry, recordando cenas dos seus quatorze anos de idade. 
Na época, seu pai trabalhava das oito da noite às quatro da manhã. 
E foi no período de férias do garoto que tudo aconteceu. 
Ele se oferecera para preparar o café da manhã para o pai, depois do trabalho. 
O pai acabava seu turno e, em plena madrugada, telefonava para casa. 
O garoto pulava da cama. 
As irmãs e a mãe se mexiam na cama e dormiam. 
Sabiam que não era para elas a ligação. 
Quando ele atendia, ouvia a voz animada do pai dizendo que concluíra seu trabalho e, em vinte minutos, estaria em casa. 
-O café estará pronto.-Respondia o menino. 
O prato predileto do pai àquela hora da manhã era ovos com bacon. 
A velha frigideira de ferro saía rápido do armário e ficava à espera. 
O garoto preparava o café, as torradas e ficava olhando a rua pela tela da varanda dos fundos. 
Ele podia ver quatro quarteirões de distância. O dia desejava raiar mas as estrelas ainda brilhavam. 
Quando o pai atingia o poste de iluminação, ele colocava o bacon na frigideira. 
Era o momento ideal. 
Quando o pai lançava seu sonoro Bom dia, entrando pela cozinha, o bacon estava no ponto. 
Enquanto ele lavava o rosto e as mãos, os ovos eram preparados. 
Ele se sentava à mesa e dizia: 
-É formidável você preparar meu café da manhã. Eu me sinto realmente agradecido. 
-Não é trabalho nenhum. - Falava Ed.-O difícil é só levantar. Depois tudo é fácil. 
Enquanto comia, o pai contava como fora seu trabalho.
Mecânico de locomotivas, ele tinha um carinho especial por cada uma delas. 
Estranhamente para o filho, o pai, que deveria demonstrar cansaço após exaustivas horas de trabalho, contava suas histórias com entusiasmo. 
Quando um bocejo denunciava que o sono chamava o menino de volta para os seus sonhos inacabados, o pai falava: 
-Eddy, está ficando tarde. Você deve voltar para a cama para não ficar cansado amanhã, quer dizer, hoje, logo mais. Eu vou ler o jornal e relaxar um pouco. 
Agradecia o café e se olhavam profundamente nos olhos. Eddy recorda que aquelas madrugadas eram os momentos mágicos que eles passavam juntos, de uma forma muito especial. 
Uma troca de carinho muito significativa entre um pai que deveria estar cansado e um filho adolescente com as pálpebras pesadas de sono. 
* * * 
A vida nos surpreende todos os dias com momentos especiais. 
Momentos que, em verdade, não se repetem. 
Quem poderá esquecer o abraço espontâneo do pequerrucho que pula no pescoço, se pendura e fala: 
-Eu te amo? 
Quem não se recordará por todos os anos da sua vida do beijo melado, cheio de chocolate, da pequenina sorridente?
Quando a velhice nos alcançar, com certeza ainda teremos na acústica da alma os sons das primeiras canções infantis dos nossos pequenos. 
Cada momento vivido com os filhos, com a família, é de extraordinária riqueza. 
Ao longo da nossa vida, quando a solidão nos abraçar, teremos as lembranças doces e ternas para nos fazerem companhia. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Bom dia, papai!, de Seleções Reader’s Digest, de janeiro de 2000. 
Em 12.07.2017.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

TEMOS O SUFICIENTE

 
Despertamos pela manhã, abrimos o computador, mergulhamos nas redes sociais e nos enchemos de tristeza.
Os amigos parecem donos do mundo, sorrisos e mais sorrisos como se nada de ruim lhes acontecesse. 
Postagens no jardim de casa, na piscina, na sala luxuosa.
Parece que não trabalham. 
Vivem em férias. 
Fotos na praia, na neve, em meio a uma paisagem paradisíaca. 
Todos lindos, sarados, fazendo ioga, pilates. 
Descobrimos que as redes sociais nos forçam a colocar o foco naquilo que falta em nossas vidas. 
Como os comerciais de TV, desejam nos convencer de que somente seremos felizes se adquirirmos o carro do ano, o apartamento em condomínio de luxo, o celular que acabou de chegar ao mercado. 
Isso nos recorda algo que aconteceu ao médium mineiro Francisco Cândido Xavier quando um amigo da capital o visitou em Uberaba. 
Enquanto tomavam o café em canecas comuns, o visitante falou a Chico tudo quanto conquistara nos últimos cinquenta anos.
Tinha apartamentos em mais de uma zona praieira, uma conta polpuda, investimentos de variada ordem. 
Tinha centenas de ternos de grife e sapatos caríssimos, carros, barcos. 
No entanto, Chico continuava do mesmo jeito. 
Uma casa simples, as roupas de sempre. Tudo isso foi penetrando a alma do mineiro. 
O amigo foi embora e Chico se permitiu visitar a praia da depressão. 
Logo estava com os pés na água, adentrando o mar... 
O discurso do amigo lhe fervilhava no cérebro: ele não tinha nada. 
Nem se casara, nem tinha filhos, netos. 
CHICO XAVIER E EMMANUEL
Então, o benfeitor espiritual lhe apareceu, indagando das razões de tanta tristeza. 
Depois de ouvir todas as queixas e a relação enorme de tudo que Chico não tinha, falou: 
-Chico, você só tem um corpo. Você veste uma roupa de cada vez, você não precisa ter centenas de ternos. Para que você quer muitos pares de sapatos? Você só tem dois pés. Você não é uma centopeia. 
Finalmente, quando o médium disse que nem se casara, não tinha filhos, não teria netos, recebeu o esclarecimento: 
-Chico, você se casou. Casou comigo, com o compromisso. Não pode reclamar de não ter filhos. Os livros que juntos escrevemos são nossos filhos. E se os filhos são nossos livros, as suas traduções são nossos netos. 
Chico foi saindo de seu estado de tristeza para se dar conta do quanto tinha, do quanto estava legando para a Humanidade.
Mesmo quando ele se fosse, ficaria seu patrimônio inestimável, que nem requisitava inventário. 
Já havia sido ofertado para o mundo: os livros de sua produção mediúnica. 
Cabe nos perguntarmos: 
-Em nossa vida, o que é essencial? De que mais precisamos além do que temos: comida, água, agasalho, abrigo?
Lembremos: em qualquer ponto da jornada em que nos encontremos, a aceitação e a gratidão para tudo quanto usufruímos é o maior passo na direção da almejada felicidade. Temos muitas vontades e muitos desejos. 
Em verdade, a lista infinita de desejos não será capaz de trazer a felicidade se não pudermos reconhecer, com gratidão, que temos o suficiente. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo O que é essencial, de Paula Abreu, da revista Vida Simples, novembro/2016, nº 177, ed. Caras e no curta As coisas que Chico Xavier não tinha, de Raul Teixeira, disponível no @canalfep 
Em 24.10.2025

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

MOMENTOS DE DECISÃO

A vida é feita de momentos, que surgem e passam. 
E de conformidade com nossa decisão, darão origem aos estados de paz ou de aflição. 
São os momentos de decisão feliz que nos garantem a harmonia íntima, assim como os momentos de decisão infeliz nos conduzem à amargura e à dor. 
Saulo de Tarso, num momento de desequilíbrio, saiu a perseguir os homens do caminho. 
Num momento sublime encontrou Jesus e tomou a mais notável e valiosa resolução, que dele fez o perfeito Apóstolo das gentes... 
Num momento de prece, Maria recebeu a anunciação da chegada do Messias... 
Num momento de paz, na Terra, Jesus nasceu em singular estrebaria para mudar os rumos da História. 
Num momento de confiança, Nicodemos rogou a entrevista que lhe abriu horizontes infinitos sobre "a necessidade de nascer de novo..." 
Num momento feliz, "a mulher samaritana" travou o diálogo que lhe mudou o roteiro da existência... 
Num momento de piedade, "o bom samaritano" tornou-se o símbolo da solidariedade por excelência, constantemente lembrado para nossa edificação... 
Num momento de fé, a portadora de processo hemorrágico libertou-se do grave mal que a martirizava... 
Num momento de irreflexão, "o moço rico" perdeu a oportunidade de ganhar a jornada... 
Num momento de dor, a "mulher adúltera" encontrou a piedade do Mestre e renovou-se para avançar vida afora...
Num momento de inveja, alguns fariseus tentaram embaraçar o Senhor e se confundiram a si mesmos. 
Num momento de amor, Jesus libertou o obsesso de Gadara, que padecia a cruel presença de mentes perturbadoras... 
Num momento de desequilíbrio, Judas traiu o Cristo... 
Num momento de fraqueza moral, Pedro negou o amigo... Em momento de grande fortaleza íntima, entregou-se ao martírio, em nome e por amor da verdade. 
Num momento de covardia, Pilatos lavou as mãos e perdeu a maior bênção da vida... 
Num momento de heroísmo, mulheres piedosas deram testemunho da grandeza do amor, acompanhando o Sublime Condenado... 
Num momento de loucura coletiva, os homens crucificaram Jesus... 
Num momento de luz, o Mestre ressuscitou, e até este momento é "o Caminho, a Verdade e a Vida." 
* * * 
São momentos de decisão! 
Há momentos em nossas vidas, que não aproveitamos.
Momentos que passamos na inutilidade ou nos comprometendo com os erros. 
Momentos que nos produzem aflições e dores sem conta.
Surgem, também, e ressurgem momentos que nos convocam à liberdade, à legítima paz. 
Indispensável saber utilizar as lições do Evangelho em cada momento da existência física, a fim de podermos fruir as bênçãos da vida eterna. 
A vida nos oferece, a cada instante, inúmeros momentos para que tomemos decisões. 
Cada decisão tomada, definirá o nosso próximo momento. 
Se a decisão for feliz, nossos momentos futuros nos trarão felicidade. 
Se houver infelicidade na decisão, as horas seguintes nos reservarão fatos e notícias desagradáveis. 
Assim é a vida: feita de momentos... 
Momentos de decisão... 
Que seja este, portanto, o nosso momento de decisão feliz...
Redação do Momento Espírita, com base na Apresentação do livro Momentos de decisão, pelo Espírito Marco Prisco, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 02.04.2021.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

AMIGOS PARA SEMPRE

Primeiro, ele ganhou um boneco de cabelo castanho e logo o chamou de Billy. 
No Natal, sua tia lhe deu outro boneco: louro, musculoso e vinha com uma balsa salva-vidas de borracha preta e um motor de popa movido à pilha.
Excelente para brincar na banheira. 
Ele o chamou de Leon. 
Os pais acharam o nome um pouco estranho. 
Não conheciam ninguém chamado Leon. 
Nem amigos, nem familiares. 
E o nome parecia não combinar com um boneco de plástico.
Mas o garoto e os bonecos brincavam e tomavam banho juntos. 
Ele os levava para a cama para o sono da noite. 
No Natal seguinte, seu pai o presenteou com um terceiro boneco. 
Era ruivo e vinha com muita bagagem: uma maleta repleta de uniformes e acessórios. 
E, logo, James levou o boneco para ser apresentado aos outros dois. 
-James, como você vai chamar o novo boneco? - Perguntou o pai. 
-Walter. - Respondeu, rápido. 
Os pais se olharam, achando aquilo divertido. 
Eles não conheciam nenhum Walter. 
Riram. 
O pai se mostrou curioso: 
-Ei, por que você chamou os bonecos de Billy, Leon e Walter?
Enquanto continuava a vestir novos uniformes nos bonecos, respondeu o garoto: 
-Porque foram eles que vieram ao meu encontro quando cheguei no céu. 
Não era a primeira vez que o menino falava de coisas que escapavam à compreensão dos pais, como por exemplo, dizer que seu avião fora abatido durante combate na Segunda Guerra Mundial. 
Eles tinham começado a fazer pesquisas. 
Assim, sem alarmar o pequeno, que continuava a brincar com seus amigos de plástico, o casal foi ao escritório e fechou a porta. 
Em meio aos papéis, o marido encontrou a lista dos homens que haviam sido mortos a bordo do porta-aviões Natoma Bay, mencionado por James, em suas narrativas. 
Lá estavam os nomes de Leon Conner, morto em 25 de outubro de 1944; Walter Devlin, morto em 26 de outubro de 1944 e Billie Peeler, morto em 17 de novembro de 1944. 
E James Huston Junior, a personalidade que seu filho afirmara, mais de uma vez, ter sido, fora morto no dia 3 de março de 1945. 
Os amigos o haviam recebido quando ele chegara ao mundo espiritual. 
Todos estavam mortos quando James morrera. 
Eles o haviam aguardado: o companheiro de lutas, o amigo. 
* * * 
A história é comprovadamente verídica. 
O que ressalta e emociona é saber que não se morre, que a vida prossegue. 
Aqueles pilotos e guardas-marinha eram jovens, convocados para lutarem em um conflito mundial. 
Cuidavam uns dos outros nos combates. 
Perderam suas vidas físicas. 
Mas a amizade que os unia, a camaradagem que os fazia companheiros nesta vida não findou. 
Assim, os que haviam partido antes, aguardaram o amigo, recepcionando-o, após a morte trágica, abatido pela artilharia antiaérea inimiga, aos vinte e um anos de idade. 
Bela e confortadora constatação. 
Quando morrermos, os que nos precederam, nossos amores, amigos que cultivamos, estarão lá, nos aguardando. 
Não estaremos sós, perdidos em um mundo diferente.
Pensemos nisso! 
A vida não se encerra no túmulo, nem morrem as afeições cultivadas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 22 do livro A volta, de Bruce e Andréa Leininger, com Ken Gross, ed. Best Seller. 
Em 22.10.2025

terça-feira, 21 de outubro de 2025

O IDIOMA DE DEUS

Rachel Naomi
Somos sementes de luz, ricas de promessas, preparadas para desenvolver e florescer. 
Trazemos em nós riquezas abundantes, verdadeiros tesouros espirituais adormecidos, à espera do despertamento. 
Cabe a cada um determinar a época de brotar, de se tornar flor perfumada em um jardim ou árvore frondosa no horto da vida. 
Renascemos para alçarmos alguns degraus rumo à perfeição, atendendo ao convite do Mestre Galileu: 
-Sede perfeitos! 
Quando olhamos para anos passados, nos surpreendemos como somos diferentes hoje. 
Como amadurecemos, como nos despojamos de muitas ideias tolas. 
A própria vida rega as sementes dentro de nós. 
Nossa capacidade de sabedoria cresce naturalmente no decorrer de nossas vidas. 
Envolve uma mudança em nossa natureza básica, um aprofundamento de nossa capacidade de compaixão, de benevolência, de perdão, de não ferir e de servir. 
A vida é prodigiosa e paciente mestra. 
Não se cansa de repetir as lições, se não as aprendemos de primeira, segunda ou terceira vez. 
Os anos são sábios instrutores. As experiências, professores de perfeita didática. 
Foi assim que Rachel, que conheceu seu avô como um homem velho, costumava falar a seu respeito. 
Dizia que, possivelmente, se o tivesse conhecido jovem, não o teria amado tanto.
Quando ela nasceu, ele já fora lapidado pela vida e alterara em muito a sua maneira de pensar e de agir. 
Ele fora um rabino judeu ortodoxo, respeitado em sua congregação, na Rússia. 
Em sua concepção, hebraico era a língua de Deus. 
Dessa maneira, as pessoas falavam com Ele. 
E era assim que a Yaweh deveriam ser elevadas as preces.
Segundo ele, naquela época, ídiche era a língua dos ignorantes, das mulheres e das crianças.
Ele a entendia muito bem, mas se esquivava de se servir dela.
Fugindo do seu país, no início do século vinte, ao ser desencadeado o movimento contra os judeus, teve sério problema na mesa de imigração. 
O tom de voz com o qual o funcionário lhe perguntou seu nome o ofendeu. 
Pensando que ele não tivesse entendido a pergunta, o servidor a repetiu em ídiche, o que mais ainda ofendeu o imigrante, que lhe voltou as costas. 
O tempo daria lições preciosas àquele homem. 
Quarenta anos depois, mudara totalmente. 
Ele percebera que o sentido literal da lei era muito menos precioso do que seu espírito. 
Também que Deus habita a alma e não a mente. 
E Rachel ouviu-o ensinar que, embora ela não falasse hebraico, poderia conversar diretamente com Deus em seu próprio idioma. 
Ele compreendera que estamos todos aqui para crescer em sabedoria e aprender como amar melhor. 
Somos todos filhos do mesmo Deus.
Ele acolhe as preces em qualquer idioma, em palavras pronunciadas ou somente elaboradas na mente, porque a capacidade de falar se diluiu no tempo. 
Ou porque, onde esteja a criatura, não lhe seja permitido pronunciar-lhe o Nome. 
Deus lê nas entrelinhas da alma, decifra os hinos e os cantares, o balbuciar tímido de quem não se acha digno da Sua misericórdia. 
Ele é o Pai Celeste, todo amor, nosso Pai. 
Redação do Momento Espírita, com frases iniciais do artigo Somos uma semente de luz, de Maria Anita Ribas, do Jornal Mundo Espírita, setembro/2025, ed. FEP e do capítulo inicial da pt. II, do livro As bênçãos do meu avô, de Rachel Naomi Remen, ed. Sextante. 
Em 21.10.2025

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

A TAL LUZ NO FIM DO TÚNEL

FREDERIC AUGUSTIN GOMES
Um tenista escreveu que pensava em terminar com sua própria vida. 
Frederic Gomez, argentino, postou em seu Instagram que estava no fundo do poço, que não sabia se continuaria no esporte e que era rondado, continuamente, por pensamentos suicidas. 
Seu relato foi longo. 
Falava de solidão, pressão e fracasso.
Novak Djokovic
A postagem comovente chegou a um dos maiores tenistas da atualidade, Novak Djokovic, que fez questão de responder ao companheiro de esporte: 
-Força, amigo, sempre há luz no fim do túnel. 
Porém, o esportista sérvio não parou por aí. 
Dias depois, iria participar de um grande campeonato nos Estados Unidos e convidou Frederico para treinar com ele.
Treino pesado, quadra principal, muita conversa entre os dois.
Nenhuma exposição, só presença. 
Algumas semanas depois, Djokovic estava em Paris, preparando-se para o famoso torneio de tênis Roland Garros.
Repetiu o convite. Frederico, discreto, foi acolhido pela equipe do tenista sérvio. 
E foi treinar novamente com ele. 
Djokovic lhe falou sobre saúde mental, que muitas vezes estivera em lugares escuros e que entendia como ele se sentia. 
Semanas após, Frederico entrou na quadra pela chave principal de Roland Garros. 
Foi vencedor. 
A primeira vitória de sua carreira em um Grand Slams. 
Na coletiva de imprensa, após o jogo, ele lembrou o apoio recebido e recomendou: 
-Abram o jogo. Vocês não estão sozinhos. E citou a frase simples e importante do tenista sérvio: Sempre há luz no fim do túnel. Vale destacar o suporte, a importância de alguém estar junto daqueles que pensam em desistir. A importância de enxergar quem esteja em crise e não ignorar, dizendo simplesmente que isso vai passar. O apoio social é um fator decisivo na recuperação de transtornos mentais. Um treino não cura, mas aproxima. Um gesto não resolve, mas sustenta, anima. Uma palavra pode se constituir a grande diferença para quem está à beira do abismo. A ajuda existe para quem sabe pedir. Também para quem sabe oferecer. 
* * *
A expressão beira o pieguismo por ser muito mal utilizada.
Assim fazemos com certas palavras e expressões, quando nos servimos delas para qualquer situação, como nos referirmos à tal luz no fim do túnel. 
No entanto, quando encontramos situações em que ela se mostra verdadeira, poderosa, percebemos o quanto faz sentido.
Quando estamos em dificuldades, sentimo-nos dentro de um lugar escuro, apertado. 
Esse lugar machuca, assusta. 
Alguns pensam em desistir da vida, para escapar da escuridão. 
No entanto, não é por aí o caminho da luz. 
A luz vem de dentro de nós. 
Quando não tivermos forças para acendê-la, peçamos ajuda, pois o auxílio sempre se manifesta, de alguma maneira.
Alguém nos mostrará o caminho para acendê-la novamente. Não fomos feitos para a escuridão. 
Lembremos: somos a luz do mundo, conforme proclamou nosso Amigo Jesus. 
Quando ninguém mais puder nos ajudar, lembremos dEle. 
Ele virá treinar conosco, Ele virá fortalecer nosso ânimo e dizer: 
-Vamos, não falta muito. Vamos, você não está sozinho.
Redação do Momento Espírita, com base em relato do podcaster Luciano Potter, 
Em 20.10.2025

domingo, 19 de outubro de 2025

MOMENTOS DE APRENDIZADO

Existem momentos em nossa vida em que nos perguntamos porque essa ou aquela situação está ocorrendo. 
O relacionamento harmonioso e tranquilo, repentinamente, se transforma em separação e abandono por um dos pares. 
A vivência serena, na intimidade do lar, é atropelada pela violência social, que nos agride. 
A saúde e alegria de viver nos abandonam, permitindo a visita incômoda da doença grave, minando-nos as resistências físicas. 
O emprego e a estabilidade econômica de ontem são substituídos por graves reveses financeiros. 
São acontecimentos. Imprevisíveis uns, tantos indesejáveis, vários deles jamais imaginados. 
De repente, transformam o percurso de nossa existência, retirando-nos o chão em que pisávamos. 
Se nenhum desses eventos é produto direto da nossa forma equivocada de agir, no agora; se não fomos nós os descuidados, os grosseiros, os desonestos, provocando essas reações, pensemos. 
Tudo tem uma causa de ser. 
Nada é fruto do acaso ou de azares aleatórios.
No mundo e em nossas vidas, existe uma ordem divina que a tudo preside. 
Portanto, se nada do que nos aconteça de mal é o efeito de nossas ações do hoje, entendamos que esses reveses têm origem e explicação em ocorrências anteriores à vida presente. 
Alguns são o reflexo de atitudes impensadas, agressões realizadas. 
De toda forma, devem ser entendidos como lições que nos são necessárias. 
Não raro, tantos deles planificados antes mesmo de nosso nascimento, na Terra. 
Não se trata de castigo ou punição. 
Mas, sim, aprendizado de virtudes e valores que ainda nos faltam. 
Podemos entendê-los como desafios para o fortalecimento do nosso caráter, da nossa maneira de encarar situações e relações. 
Tenhamos a certeza de que os dissabores, as dores mais intensas, os momentos difíceis pelos quais passamos, quaisquer que sejam, têm motivos para se apresentarem.
Natural que tenhamos dificuldades para compreender o porquê dessa ou daquela circunstância, especialmente quando o problema é mais grave, o sofrimento mais profundo.
Podemos até nos questionar se merecemos o abandono, o revés, a enfermidade. 
É compreensível que, na intensidade do processo, no enfrentamento desses desafios, não possamos aquilatar o quão importante se mostrarão os seus resultados, em nossa trajetória. 
Pensemos nisso tudo, portanto, como um enorme convite de aprendizado. 
Guardemos a confiança em Deus, que nunca nos abandona e sempre nos auxilia, quando os problemas mais se avolumam e parecem querer diluir todas as nossas resistências.
Façamos da oração nosso fortalecimento moral, robustecimento da nossa coragem. 
Reflexionemos sobre nossos objetivos na Terra. 
Encontramo-nos aqui para provas e expiações, que significam crescimento, progresso, se bem aproveitarmos cada lance das nossas vidas. 
Assim procedendo, perceberemos, findo o processo, que importantes aprendizados foram concretizados. 
Que Deus jamais nos deixou abandonados e sem recursos para bem enfrentar as lições que nos foram propostas.
Pensemos a respeito e aproveitemos as oportunidades que se nos apresentam a cada dia. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.12.2020.

sábado, 18 de outubro de 2025

MOMENTOS

Ela estava profundamente triste. 
Acabara de saber que seu querido irmão, residente em outra cidade, tivera um infarto e morrera. 
Ainda surpreendida pela notícia, que nem pudera digerir, um telefonema lhe informou que deveria atender, rapidamente, a sua avó, que lhe era dependente. 
A senhora, com mais de noventa anos, passara mal e precisava de internamento imediato. 
Então, Lúcia foi providenciar a ambulância, o hospital. 
Prover tudo que se fazia necessário para confortar a avó.
Engoliu o choro, serviu-se de maquiagem para disfarçar a face transtornada, a fim de que a idosa não lhe descobrisse a dor e pudesse ter seu quadro enfermiço agravado. 
No meio da tarde, dirigindo-se ao lar para apanhar mais alguns pertences da avó, encontrou um amigo.
Ao abraçá-lo, a emoção a tomou por inteiro e grossas lágrimas jorraram de seus olhos. 
Mas, em vez de lhe indagar a causa do choro, ele a afastou de si, olhou-a e falou, duramente: 
-Nada de lágrimas. Nenhum cristão tem o direito de chorar. Deve estar sempre alegre. 
Lúcia tentou dizer o que acontecera. 
Ele desabou num sermão de como ela devia sorrir, sempre, sempre. 
Ela esperava que o amigo a pudesse abraçar, ouvir, oferecer consolo pela morte do irmão, que ela nem poderia ir ver pela derradeira vez, considerando que precisava ficar atendendo a enferma. 
Contava que ele fosse compreensivo. 
Somente recebeu admoestação, longo discurso sobre a obrigação de estar sempre sorrindo. 
* * * 
À semelhança desse amigo incompreensivo, encontramos algumas pessoas, em nossas vidas. 
Pessoas que não admitem que nos entristeçamos um dia, que desanimemos ante as lutas. 
Pessoas que nos exigem somente sorrisos, felicidade. 
Tomam de escritos de cá e de lá, falam da gratidão que devemos ter por estarmos vivos. 
Sem dúvida. 
No entanto, é bom pensarmos que os que nos encontramos em trânsito sobre esta Terra, não somos perfeitos. 
Estamos sujeitos a muitas dores. Algumas maiores, outras menores. 
 A morte de um ser amado, a enfermidade de quem queremos bem, a falta de recursos financeiros para as necessidades cotidianas. 
É de nos indagarmos se não temos o direito de nos entristecer, desanimar, em um momento ou outro. 
Lágrimas? 
São benditas as da dor e as da alegria. 
A doce mãe de Jesus, ao ver seu filho sofrendo na cruz, com certeza, terá derramado lágrimas. 
Amigos que O viram partir, choraram. 
O importante não é mascarar sentimentos. 
Importante é admiti-los e administrá-los. 
Ficar triste hoje, neste momento, pelo punhal da dor cravado no próprio peito. 
Um leve desalento agora, pelo cansaço das lutas constantes.
Depois, erguer a cabeça e continuar a lutar. 
Lembremos: não temos obrigação de sermos felizes cem por cento das horas. 
A dor faz parte da nossa vida. 
Aprendamos a conviver com esses momentos. 
Parafraseando os versículos do livro bíblico Eclesiastes, há tempo de lágrimas, há tempo de sorrisos. 
Então, nos permitamos sorrir. 
Também chorar, desanuviar a alma. 
Nem alegria exagerada. 
Nem tristeza e desalento contínuos. 
Momentos... Vivamo-los. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 06.08.2020.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A GRANDEZA DA HUMILDADE

Giuseppe Mussardo
O jovem magro, de rosto ossudo e um penteado de seda de milho assistia à conferência da Sociedade Alemã de Física, em Leipzig. 
Corria o ano de 1930. 
ALBERT EINSTEIN
Depois do ótimo discurso de Albert Einstein, explodiram os aplausos.
Então, o presidente da Associação tomou a palavra, elogiou profundamente a oratória do convidado ilustre e perguntou se alguém teria uma pergunta a fazer.
O silêncio tomou conta do salão. 
Afinal, quem ousaria questionar um dos físicos mais respeitados do mundo? 
Mas o rapaz russo, sentado na última fileira, levantou sua voz juvenil e deixou o público fascinado ao observar: 
Lev Davidovich
 Landau
-O que o professor Einstein disse não é tolice, mas a segunda equação que ele escreveu não decorre da primeira. Na verdade, requer outras suposições que não foram feitas e, o que é pior, não satisfaz um critério de invariância, como deveria ser. 
As cabeças se voltaram para a voz ousada e desafiadora que submergiu todos em descrença. 
Naquele momento, somente imaginavam quem poderia ser o ousado interlocutor. 
Einstein ficou quase paralisado, enquanto sua mão coçava, mecanicamente, seu bigode. 
Imergiu profundamente seu pensamento na dita equação errônea no quadro-negro. 
Depois de uns sessenta segundos ou mais, ele se virou, admitiu o erro e disse: 
-A observação desse jovem está perfeitamente correta. Peço que esqueçam tudo o que eu disse. 
Naquele dia, dessa maneira, Albert Einstein demonstrou o tipo de humildade que o conhecimento genuíno confere a qualquer recipiente de carne que o abrigue. 
Foi a mais extraordinária lição do dia. 
Embora a plateia não soubesse, aquele jovem se chamava Lev Davidovich Landau. 
Tornou-se um físico renomado por suas contribuições em diversas áreas da Física teórica, especialmente na Mecânica Quântica e na Física de baixas temperaturas.
Recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1962 por sua teoria sobre a superfluidez do hélio líquido. 
* * * 
O ocorrido nos remete a duas grandes reflexões. 
A primeira é o respeito que devemos a quem está ao nosso lado. 
Sua aparência, sua maneira de vestir podem não falar da sua grandeza. 
Nunca sabemos se essa criatura é ou se tornará muito importante para o mundo. 
Aprendamos, portanto, a olhar mais a essência e menos a superficialidade que nossos olhos veem. 
A segunda e mais excepcional é a humildade, que nos deve vestir todas as ações, jamais nos acreditando os portadores da verdade, aqueles que tudo sabem e que, de maneira alguma, podem ser analisados, questionados ou corrigidos.
Humildade é palavra de ordem para quem se propõe a crescer, até alcançar as estrelas. 
Ela se identifica pela meiguice. 
Oferece plenitude quando tudo conspira contra a paz. 
Com ela, o homem adquire grandeza interior e se eleva, levando consigo a Humanidade inteira. 
Na humildade, descobrimos que a verdadeira grandeza não está em dominar, mas em servir. 
Não em aparecer, mas em ser. 
Quem se esvazia de si, enche-se do divino. 
Assim, a humildade nos aproxima de Deus, e nos torna mais plenos e serenos, em paz com nosso lugar no Universo.
Redação do Momento Espírita com base em texto do livro The ABC’s of Science, de Giuseppe Mussardo, ed. Springer Nature, e no cap. 28, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 17.10.2025

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

A LÂMPADA QUEIMADA

Era véspera de Natal. 
Em todas as casas havia intensa alegria. 
Nas ruas, era grande o movimento. 
Pessoas transitavam com pacotes, entrando e saindo de lojas cheias de compradores e vendedores ansiosos. 
O homem e a mulher se aproximaram de um restaurante.
A mulher trazia nos olhos o brilho dos que sabem compartilhar alegrias e se sentem felizes com pequenas coisas. Sorria. 
O homem se apresentava carrancudo. 
O rosto marcado por rugas de preocupação. 
No coração, um tanto de revolta. 
Sentaram-se à mesa e, enquanto ela olhava o menu, procurando algo simples e gostoso para o lanche, ele começou a reclamar. 
Reclamou de como as coisas não estavam dando certo. 
Ele tinha investido em um determinado produto em sua loja, contando que as vendas fossem excelentes. 
Mas não foram. 
O produto não era tão atraente assim. 
Ou talvez fosse o preço. 
Enfim, o comerciante reclamava e reclamava. 
De repente, ele parou de falar. 
Observou que sua esposa parecia não estar ouvindo o que ele dizia. 
Em verdade, ela estava mesmo era em outra esfera. 
Olhava fixamente para uma árvore de Natal que enfeitava o balcão do pequeno restaurante. 
Sim, ela não estava interessada na sua conversa. 
Ele também olhou na direção do olhar dela e meio de forma mecânica, comentou: 
-A árvore está bem enfeitada, mas tem uma lâmpada queimada no meio das luzes. 
-É verdade, respondeu a mulher. Há uma lâmpada queimada. E você conseguiu vê-la porque está pessimista, meu amor. Não conseguiu perceber a beleza das dezenas de outras luzes coloridas que acendem e apagam, lançando reflexos no ambiente. Assim também com a nossa vida. Você está reclamando da venda do produto que não deu certo e se mostra triste. Mas está esquecido das dezenas de bênçãos que brilharam durante todo o ano para nós. Você está fixando seu olhar na única lâmpada que não iluminou nada. 
* * *
RAUL TEIXEIRA
Não há dúvida de que acharemos, no balanço das nossas vidas, diversas ocorrências nas quais nos poderemos dizer muito infelizes. 
Podemos chegar a sentir como se o mundo ruísse sob os nossos pés. 
Porém, a maior tristeza que pode se abater sobre a criatura, multiplicando desditas para o Espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que lhe concede o Criador, para evoluir e brilhar. 
Meditemos sobre isso e descubramos as centenas de lâmpadas que brilham em nossos caminhos.
* * * 
Ao lado das dores e problemas que nos atingem as vidas, numerosas são as bênçãos que nos oferece a Divindade.
Apliquemo-nos no dom de ver e ouvir o que é bom, belo e positivo. 
Contemplemos a noite que se estende sobre a Terra e sem nos determos no seu manto escuro, descubramos no brilho das estrelas, as milhares de lâmpadas que Deus posicionou no espaço para encher de luz os nossos olhos. 
Acostumemo-nos a observar e a ver o bem em toda a parte a fim de que a felicidade nos alcance e possamos sentir a presença do Criador, que é amor na sua expressão mais alta, alevantando-nos as vidas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4 do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 16.10.2025